\" Palestina: Território Livre \" . Análise e apresentação dos movimentos em defesa da causa Palestina em São Paulo 1

June 9, 2017 | Autor: Ruam Oliveira | Categoria: Social Movements, Israel/Palestine
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXII Prêmio Expocom 2015 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação

“Palestina: Território Livre”. Análise e apresentação dos movimentos em defesa da causa Palestina em São Paulo1 Ruam de Oliveira SILVA 2 Anna Beatriz Gunther TACOLA 3 André Cioli Taborda SANTORO4 Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP

RESUMO Este artigo traz considerações a respeito do desenvolvimento de uma reportagem sobre os movimentos sociais e militantes pró-Palestina na cidade de São Paulo. O produto jornalístico, elaborado nos moldes do jornalismo literário, é parte integrante da revista “Narrativa”, publicação de circulação interna do curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O assunto foi apresentado por meio de depoimentos descritivos de duas mulheres militantes da causa. O texto visa a ampliar o conhecimento a respeito desses movimentos e também informar sobre a presença desse tipo de articulação e defesa na capital paulista. PALAVRAS-CHAVE: Palestina; Israel; Grande Reportagem; Jornalismo Literário

1 INTRODUÇÃO Os últimos grandes conflitos ocorridos entre Palestina e Israel em 2014 acarretaram na morte de cerca de 2.000 civis, sendo 75% dos atingidos de origem Palestina. O motivo exposto destes confrontos se baseia na luta por territórios. Foram cerca de 50 dias de guerra até que o Hamas – maior organização islâmica fundamentalista da atualidade – e Israel aceitassem um acordo de trégua. O montante de mortos, de ambos os lados do conflito, é enorme. No entanto, devido ao poderio bélico de Israel ser maior, os palestinos, com menos recursos, acabam sofrendo mais baixas que seu antagonista. A Faixa de Gaza é uma região habitada por palestinos que corresponde a um fragmento de território, bem pequeno, mas que conta com a quinta maior densidade demográfica do planeta, com mais de 1 milhão e 700 mil habitantes.

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Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria JO 08 Jornalismo Reportagem Impresso, modalidade: avulso. 2 Aluno líder do grupo e estudante do 7º. Semestre do Curso Jornalismo, email: [email protected] 3 Estudante do 7º. Semestre do Curso Jornalismo, email: [email protected] 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo – Mackenzie. Email: [email protected]

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A luta territorial é tão antiga quanto as próprias civilizações árabes e judaicas. Inicialmente firmada em um contexto religioso, a briga pela posse de terra encontra sua origem em tempos bíblicos. Segundo o historiador Toufic Elias (1948), a história revela uma Palestina habitada por diversos povos de origem semita e, dentre estes povos, o patriarca bíblico Abrão: “Entre todos os imigrantes que armaram tendas naquelas plagas, destacou-se o vulto venerável de um patriarca monoteísta que, abandonou seu torrão natal, Ur da Caledônia e instalou-se com sua mulher na terra dos filisteus. Chamava-se Abrão” (ELIAS, 1948, p. 11). De acordo com a Bíblia, Abrão – posteriormente chamado Abraão - seria, mediante promessa de Deus, pai de um grande nação (Gênesis, 12.1-7). Sara, esposa de Abraão, era estéril, e por este motivo sugeriu que Abraão tivesse um filho com sua serva Agar, este filho se chamaria Ismael (de onde viria o povo árabe). Ao completar cem anos Abraão geraria outro filho, desta vez com sua mulher Sara, e o chamou Isaque (braço judeu). A promessa de uma grande nação foi dada a ambos: "Você está grávida e terá um filho, e lhe dará o nome de Ismael, porque o Senhor a ouviu em seu sofrimento. Ele será como jumento selvagem; sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele, e ele viverá em hostilidade contra todos os seus irmãos". (Gênesis 16: 1112). Disse o anjo em visão à Agar, quando ela foi expulsa para o deserto juntamente com seu filho. “É importante salientar que para os mulçumanos, o filho da promessa é Ismael e não Isaque, e que, portanto, as terras prometidas a Abraão e à sua descendência pertenceriam aos descendentes de Ismael e não aos de Isaque, como afirmam os judeus” (MARCONDES, TEIXEIRA, 2012, p.4). Crenças à parte, esta disputa ideológico-religiosa passou a ocupar um espaço menor ao longo da história, sendo considerada atualmente apenas um dos muitos argumentos incitadores do conflito, que hoje incluem fatores estratégicos, políticos – principalmente pelo envolvimento de outras nações como EUA, Grã-Bretanha e França, figuras importantes na criação do Estado de Israel no ano pós-guerra – e econômicos. Há mais de três mil anos, esta região era ponto estratégico de passagem para antigas civilizações no Mediterrâneo e foi dominada pelo Império Otomano até a Primeira Guerra Mundial.

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Os conflitos se intensificaram após a criação do Estado de Israel em 1948, o que ocasionou um grande êxodo dos povos palestinos, que se retiraram da área demarcada pela ONU para a criação deste novo Estado. Baseado em ideais sionistas, muitas terras do território palestino foram vendidas e ocupadas por judeus e associações sionistas. “Em seus 10 primeiros anos de criação, o Estado de Israel admitiu a entrada de mais de um milhão de judeus, que se constituíram no primeiro grupo migratório a ultrapassar numericamente a sociedade ocupada”. (MARGULIES, apud. MARCONDES, TEIXEIRA, 2012, online) O movimento sionista aumentou o poder de voz dos judeus, e segundo Elias (1948), “de acordo com seus adeptos e simpatizantes, o sionismo tem por objetivo ‘restringir a assimilação dos judeus nos países ocidentais e criar na Terra Santa um lar nacional para os judeus’” (ELIAS, 1948, p.43). O desejo de um “lar nacional” combinado com o sentimento de perseguição que os judeus enfrentavam – reforçado pelo holocausto ocorrido na Alemanha nazista, onde mais de 6 milhões de judeus europeus foram mortos – impulsionou, ou foi usado como combustível, para o avanço das negociações na criação do novo Estado. O estabelecimento desse novo território foi fortificado pela criação de leis que incentivavam judeus de todo o mundo a ocupar um espaço na nova nação judaica, como explica Denise Jardim: Depois da guerra de 1948-49, o primeiro parlamento do Estado de Israel (Knesset) define duas leis que irão atuar de modo complementar, redefinindo a ocupação territorial da Palestina. A primeira lei, formulada em março de 1950, visava negar, às massas palestinas que haviam evadido na guerra, a permanência em Israel. A "Absentees Property Law" era o mecanismo para a apropriação de vastas áreas rurais e urbanas dentro de um novo Estado. Também em julho de 1950 é promulgada a Lei de Retorno, que garantia a todo e qualquer judeu do mundo o direito de imigrar e povoar de forma desimpedida, tornando-se automaticamente um cidadão de Israel. As duas leis agiram de forma combinada no sentido de classificar os refugiados palestinos como ausentes, como nãopessoas, sem direitos às suas propriedades, à residência e à cidadania em Israel. (JARDIM, 2003, online)

Posteriormente, em 1967, com o conflito conhecido como “Guerra dos Seis Dias”, envolvendo Israel contra os Estados Árabes – quais sejam: Egito, Jordânia e Síria, todos apoiados pelo Iraque, Kuwait, Argélia, Sudão e Arábia Saudita – a nação judaica

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quadruplicou seu território em relação ao ano de 1949, incluindo as regiões do monte Sinai, Muro das Lamentações, e o túmulo de José. A resolução do Colóquio dos Juristas Árabes (1967), em um de seus tópicos, aponta “que a criação de Israel é um fenômeno colonial de agressão, resultando da aliança do movimento sionista mundial com o imperialismo; que essa criação acarretou a expulsão dos árabes de sua pátria, onde eram majoritários, e a implantação de imigrantes estrangeiros sem liame histórico, político ou cultural com aquela terra (...)” (Resolução adotada pelo Colóquio de Juristas Árabes em 27 de Julho de 1967 apud. LACERDA, 1970, p.11) De acordo com Aurélio de Lacerda no livro “A questão Palestina” (1970), se algum povo tinha que recorrer aos “direitos históricos”, este povo deveria ser o povo árabe. Segundo ele, “a usurpação é acompanhada da espoliação forçada de seus habitantes, de suas terras, casas e outros bens, e sua expulsão para fora das fronteiras do país” (LACERDA, 1970, p.115). De acordo com o autor são mais de um milhão e meio de pessoas, incluindo mulheres e crianças – cristãos e mulçumanos – lançados “às estradas, à aventura, sem recursos e privados de seu lar nacional”. (LACERDA, 1970, p. 115) Para abordar as questões atuais sobre o conflito Israel-Palestina, a temática deste trabalho dá-se através do olhar de pessoas que são favoráveis ao povo palestino aqui no Brasil, especificamente na cidade de São Paulo. Essas pessoas atuam em manifestações de apoio pró-Palestina através de passeatas, vigílias e outros tipos de discussões, incluindo o âmbito online. A intenção é apresentar uma grande reportagem que chame a atenção da população a respeito da situação dos palestinos. Movimentos nas redes sociais também foram observados. Para melhor compreender o conflito pelo viés dos pró-palestina, é preciso inserir suas falas. A página “Palestina Livre” apoia a criação de um estado Palestino oficial – fato defendido por todos os apoiadores desta causa – e aponta que “A história da Resistência Palestina deve ser olhada e avaliada do ponto de vista do direito internacional, da moralidade, da experiência e do aspecto político, tendo em conta acontecimentos cronológicos e contextuais (...)” (Palestina Livre, online). Considerar, portanto, movimentos sociais em rede é uma via importante. Devido a atual configuração social, as redes são palco – e campo – de discussões importantes que são

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decididas no espectro online e transportadas para o “mundo real”. Por ter a possibilidade de reunir diferentes vozes, pessoas e locais, o ambiente digital torna possível que fronteiras geográficas sejam minimizadas e o diálogo mais ativo, como é o caso dos movimentos PróPalestina aqui analisados.

“As redes, por serem multiformes, aproximam atores sociais diversificados – dos níveis locais aos mais globais, de diferentes tipos de organizações –, e possibilitam o diálogo da diversidade de interesses e valores. (SCHERER-WARREN, 2001, p. 7). Atualmente uma das formas de articulação entre os movimentos é por meio da internet – forma que tem se mostrado eficaz na busca dos direitos defendidos por diferentes causas. Este ativismo social não se concentra unicamente na rede, mas ela é de extrema importância para a junção de indivíduos e para o fortalecimento dele no âmbito “real”. As “frentes de luta” são bem específicas e na reportagem, duas mulheres são colocadas como exemplos daqueles que tiveram a chance de falar como sentem a respeito de um conflito que não participam diretamente. As vigílias e passeatas são feitas de forma pacífica e apenas com o intuito de dar voz aos milhares de palestinos. 2 OBJETIVO A principal finalidade deste trabalho está em mostrar quem são essas pessoas que articulam e fazem questão de engajar-se em causas que não são suas, como defender a questão da Palestina aqui no Brasil, que vive um conflito de décadas com Israel. O desenvolvimento da matéria narrativa não ficou engessado apenas na construção de perfis de cidadãos que são pró-Palestina, mas sim em trazer uma visão geral do movimento e de como essas pessoas pensam. Portanto, o foco da reportagem é mostrar o lado humanizado e a empatia de brasileiros por aqueles que vivem estes conflitos e que, apesar dos efeitos dessas mobilizações serem pequenos, há a preocupação - independente da geografia - na luta pela igualdade, respeito e proteção aos povos palestinos. Salientando que a intenção desta reportagem não é a defesa de um dos lados do conflito, e nem sequer tem ambições de ser algum tipo de texto panfletário. Trata-se puramente da apresentação de uma visão com voz ativa reduzida em nossa sociedade, e este texto visa, portanto, a ampliação do debate.

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3 JUSTIFICATIVA

Após grande comoção internacional a respeito de um dos conflitos mais sangrentos da história envolvendo Israel e Palestina, viu-se necessário investigar e apresentar a relação dos brasileiros, mais especificamente dos que vivem em São Paulo, com a causa palestina. Amparado pelo número muito maior de civis palestinos mortos, do que de judeus, este trabalho pretende analisar e dar voz ao lado palestino da discussão, tendo por justificativa o escasso número de informações provenientes desta perspectiva.

Uma grande reportagem sobre este tema, proporcionaria certa pluralidade nas discussões em relação a ele. Como disse Nilson Lage, “é através do jornalismo que a informação circula, transporta para uma língua comum e simplificada, menos precisa, mas com potencial bastante para permitir julgamentos e indicar caminhos de investigação a quem estiver interessado” (LAGE, 2002, p. 22).

O jornalismo deve também cumprir seu papel educativo e, informativo em essência, deve estar preparado para apresentar, mais do que julgamentos pré-estabelecidos e firmados como certos, a um número maior de pessoas a possibilidade de envolvimento nas discussões e na ciência de assuntos pouco discutidos, como é o caso do conflito entre israelenses e palestinos.

O gênero reportagem ainda tem forte impacto social, mesmo com a mudança na interação com os leitores devido a tecnologia. “As reportagens são gêneros multimodais, ou seja, são riquíssimos na utilização de diferentes formas de interação textual, possibilitando o desenvolvimento de habilidades de leitura de outras linguagens, além da linguagem verbal tradicionalmente considerada na escola. Com as inovações tecnológicas, as reportagens apresentam a escrita de uma forma ousada. E sua forte presença na vida cotidiana está alterando a forma de leitura e de apreensão do conhecimento, pois, as informações são apresentadas de forma sucinta, concisa, associando recursos visuais a textos explicativos. Por esse redimensionamento da leitura na sociedade, a reportagem torna-se um gênero muito interessante para o trabalho em sala de aula porque é um texto sofisticado.” (GAYDECZKA, 2007, p. 108)

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Reiterando assim a ideia de jornalismo com função ativa na educação e informação, fundamentais para a disseminação de conhecimentos e a difusão de ideias. Segundo Ricardo Kotscho, a grande reportagem “rompe todos os organogramas, todas as regras sagradas da burocracia – e, por isso mesmo, é o mais fascinante reduto do Jornalismo, aquele em que sobrevive o espírito de aventura, de romantismo, de entrega, de amor pelo ofício. ” (KOTSCHO, 1986, p. 71). Este gênero textual encontra-se cada vez mais raro no jornalismo diário, principalmente devido às reestruturações feitas nos veículos de comunicação. Uma “grande reportagem” necessita de espaço e investimentos que os jornais estão cada vez menos dispostos – ou hábeis – a pagar.

Quanto mais complexas forem as histórias, mais espaço elas necessitarão para serem contadas, e além dos investimentos financeiros, há também um investimento humano, do profissional envolvido, que durante a produção das reportagens deve estar imerso nos acontecimentos. “É um momento em que você não pode errar, não tem o direito de fracasso”, aponta Kotscho (1986, p. 72), repórter experiente e escritor de diversas reportagens de “grande fôlego”.

Os conflitos entre Israel e Palestina são, na maioria das vezes, veiculados em forma de notícias e números, e estas notícias, assim como todo o conflito em si, podem ser ampliadas e aprofundadas com a atuação de um texto jornalístico mais longo, com mais espaço para os detalhes e a humanização. O aspecto humano em alguns casos necessita de maiores impulsos e apresentações mais imersivas.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS A condução desta reportagem se deu por meio de entrevistas. Além das duas personagens principais, que dão voz aos defensores paulistanos do movimento, houve uma pesquisa sobre os movimentos, quem os coordena, quem são eles etc. incluindo pesquisa bibliográfica a respeito do tema Israel x Palestina e levantamento de informações básicas para o desenvolvimento do texto. Um dos títulos pincipais para a metodologia aqui desenvolvida foi a dissertação de Mestrado de Aura Rejane Gomes, intitulada “A questão Palestina e a Fundação de Israel” (2001), que colaborou com a explicação do tema aqui

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sugerido. Assim como todas as falas e suporte dos entrevistados, e a disposição deles em demonstrar seu ponto de vista.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO A elaboração da grande reportagem teve sua gênese no estopim do conflito entre as forças armadas de Israel e o Hamas e o crescente percentual no número de vítimas deste conflito, incluindo ainda os ataques a instituições não relacionadas a nenhum espectro do conflito, como o caso das escolas administradas pela ONU e localizadas em Gaza, que foram atingidas por bombas.

Este tipo de situação fomentou o aumento em manifestações e vigílias em apoio ao povo palestino, todas as iniciativas encabeçadas por movimentos sociais bem estruturados, desenvolvidos por profissionais de diversas áreas e pessoas ligadas à Palestina.

O início dos trabalhos se deu no contato com o Movimento Palestina para Todos (MOPAT), primeiro grupo ligado a defesa da causa palestina em São Paulo, sendo representado por uma das que posteriormente seriam apresentadas como personagem na narrativa, Talita Alessandra, e que proporcionou um relato detalhado e intenso sobre o movimento.

Todos os Movimentos são bastante interligados e muitos militantes fazem parte de mais de um grupo que luta pela mesma causa, o que possibilitou uma gama variada de pessoas que pudessem contribuir com o entendimento da questão Palestina. Ao todo foram contatados seis militantes – Hasan Zarif, líder do Movimento Palestina para Todos; Soraia Misleh, militante da causa e descendente de Palestinos; Sérgio Koei, fotógrafo, apoiador do movimento; Sâmia Gabriela Teixeira, jornalista e militante. E dentre estes, duas mulheres seriam as utilizadas como voz dos movimentos, Talita Alessandra, jornalista e também militante, e Márcia Camargos, jornalista e militante, que teve experiências em Israel que a fizeram mudar a perspectiva em relação aos conflitos.

O resultado do produto é uma grande reportagem mostrando a visão de quem, mesmo não tendo uma ligação direta com a Palestina ou com os palestinos, sente-se comovido e

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disposto a defender a causa. Torna-se mais clara a perspectiva de quem defende os palestinos e o porquê de o fazerem.

6 CONSIDERAÇÕES Além de proporcionar o debate a respeito do tema, a grande reportagem permitiu que a informação sobre a existência destes movimentos circule. Exercendo um dos propósitos do jornalismo, que é informar e engajar a sociedade com relação a temas que parecem distantes, mas que podem ser aproximados por meio da informação, o produto final dispôs – e se propôs – a lançar luzes quanto a questões relacionadas ao direito internacional, o histórico de ambos os povos – tanto palestinos, quanto judeus – e a presença de brasileiros aptos a conduzir marchas, passeatas e vigílias em favor de uma “nação” situada no Oriente Médio. Através das entrevistas realizadas com duas ativistas da causa pró-Palestina, foi possível estabelecer outro olhar acerca do tema e mostrar que apesar da distância geográfica, a identificação ocorre em níveis mais profundos. Nos depoimentos, é exposto o ponto de vista de quem defende a causa mesmo sem fazer parte do conflito em si. Em outros termos, é possível definir o produto final como uma tentativa de conectar assuntos e interesses tidos como distintos, gerando identificação com quem o consome. Como dito anteriormente, a proposta da reportagem era de apenas levar informação sobre ambos os lados do conflito, sem privilegiar nenhuma das partes, para quem pouco ou nada conhece sobre o assunto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELIAS, T. Palestina, terra de quem? Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti Editores, 1948. GAYDECZKA, B. A multimodalidade na reportagem impressa. In. Estudos Linguísticos, vol 35, Paraná, 2007. Disponível em: < http://gel.locaweb.com.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos2007/sistema06/87.PDF>

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JARDIM, D. F. Palestinos: as redefinições de fronteiras e cidadania. Horizontes antropológicos. vol.9 no.19 Porto Alegre, 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0104-71832003000100010&script=sci_arttext > LACERDA, A. A questão Palestina – Colóquio de Juristas Árabes. Coleção Monografias, Delegação da Liga dos Estados Árabes, Rio de Janeiro, 1970. LAGE, N. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2002 MARCONDES, A. P. ; TEIXEIRA J. E. O Papel da Diplomacia Internacional para a obtenção da paz entre Israel e Palestina: Análise do acordo de Camp David de 1979. Encontro de Iniciação Científica, vol 8, n 8. 2012. Disponível em: < http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/view/3668/3426 >

SCHERER-WARREN, I. Das Mobilizações Às Redes De Movimentos Sociais. Sociedade e Estado, v. 21, n.1. Brasília, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/se/v21n1/v21n1a07.pdf > PALESTINA LIVRE. Página da web. Disponível https://www.facebook.com/palestina.livre.98/info?tab=page_info >

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