A Arte e a Ciência de Contar Histórias: como a noção de performance pode provocar diálogos entre a pesquisa e a prática

September 22, 2017 | Autor: Luciana Hartmann | Categoria: Storytelling
Share Embed


Descrição do Produto

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS: como a noção de performance pode provocar diálogos entre a pesquisa e a prática The “Art” and “Science” of Storytelling: how the notion of performance can lead to dialogues between research and practice

Luciana Hartmann Docente do Departamento de Artes Cênicas e do Programa de Pós-Graduação em Arte Universidade de Brasília – UnB

Resumo: Este artigo, baseado em levantamento da produção bibliográfica brasileira sobre a narração de histórias e no escopo teórico-metodológico fornecido pelos estudos da performance, pretende promover uma análise dos diálogos possíveis entre a pesquisa e a prática do contar histórias. Palavras-chave: Contadores de histórias; performance; narrativas orais.

Abstract: This paper, based on research of Brazilian storytelling bibliography, and with its scope provided by performance studies, aims to analyze the possible dialogues between research and practice of storytelling. Keywords: storytellers, performance, oral narratives.

Magda recorta palavras dos jornais,

tristes. E, em caixa transparente, guarda as

palavras de todos os tamanhos e as guarda em

palavras que tem magia.

caixas. Em caixas vermelhas, guarda as palavras

Às vezes, ela abre as caixas e as vira sobre a

furiosas. Em caixa verde, as palavras amantes.

mesa, para que as palavras se misturem como

Em caixa azul, as neutras. Em caixa amarela, as

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

queiram. Então, as palavras lhe contam o que

Escrevi uma dissertação, depois uma

ocorre e anunciam o que ocorrerá.

tese, e, de tanto ouvir histórias, acabei

(Eduardo Galeano - Janela sobre a Palavra)

Palavras ditas, palavras escritas. O mistério das palavras – e das gentes – que contam. Costumo começar meus textos, cada vez mais, procurando contar um pouco

de

minha

própria

história,

localizando meu interesse pelas palavras e pelos mestres na arte de misturá-las. Isso porque, quanto mais o tempo passa, mais

entendo

a

importância

das

histórias pessoais no encaminhamento de nossas trajetórias profissionais. E mais respeito e cuidado procuro ter com as palavras. Da menina que ouvia histórias do avô (aquele de quem todos os netos fugiam quando ensejava repetir pela enésima vez o mesmo “causo”), torneime a jovem que queria contar histórias através do teatro. Quando concluía o Bacharelado em Artes Cênicas, resolvi transformar-me no próprio contador gaúcho ou gaucho, transfronteiriço, procurando recuperar tradições de um passado

regional

que

eu

pouco

conhecia. Meu encantamento por este universo foi tamanho que saí da estrada do teatro para me embrenhar nas trilhas da antropologia. Para tanto, tornei-me

sentindo

vontade

de

compartilhar

algumas delas com colegas, professores, alunos. Assim, aos poucos, sem pressa, fui me tornando contadora. Mas toda professora não é também contadora? Pois bem, tornei-me professora de Artes Cênicas e, após muitos anos de docência e de pesquisa com contadores de histórias de diferentes regiões do Brasil, comecei a perceber que havia uma espécie de lacuna ou de silêncio – para usar um recurso característico da –

oralidade

entre

aqueles

que

pesquisavam e analisavam as narrativas orais e aqueles que as contavam de forma profissional. Ou seja, constatei que esses diferentes campos de atuação, embora trabalhassem com “objetos” de interesse comuns (as narrativas orais), quase não dialogavam. Este artigo, portanto,

visa

estabelecer

algumas

“pontes” entre um campo e outro. Retomemos o fio da história: eu, como

pesquisadora

(ainda

não

contadora), encontrava-me de um lado do rio. Para estabelecer os diálogos pretendidos,

eu precisava conhecer

melhor o outro lado do rio, ou seja, como se dá, na atualidade, a prática profissional da contação de histórias.

“pesquisadora” de causos e contadores.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

Como não encontrava a ponte para

abordar

atravessá-lo, resolvi nadar. Pode parecer

“atravessamentos”,

estranho, mas nadei, nadei, e acabei

transbordamentos que podem permitir o

caindo num lugar chamado “Boca do

contato entre a ciência antropológica e a

Céu”. Será que voei? Pois bem, foi no

arte da narração de histórias. Ou seria

Boca

Céu1,

do

Internacional

de

um

Encontro

Contadores

justamente

estes estes

entre a arte da antropologia e a ciência

de

da narração? Por que não? E como

Histórias, que tem a curadoria e

tenho me dedicado aos estudos das

coordenação geral de Regina Machado

performances narrativas de contadores

– professora da USP, e ela própria

de histórias, a partir de um campo

contadora de histórias – que comecei

conhecido

desenvolver,

mais

performance”, procuro estabelecer essas

sistematizada, minha formação como

conexões justamente através da noção

contadora e a me sentir instigada pelo

de “performance”.

de

maneira

como

“antropologia

da

trabalho direto com a contação. Isso tem me

permitido

vivenciar

(e

*

compreender), de forma mais concreta,

*

*

as duas margens do rio. É importante ressaltar que a

Quando comecei minha pesquisa

oposição entre a pesquisa e a prática da

com os contadores de “causos”, da

contação

região

de

histórias

(que

estou

da

fronteira

entre

Brasil,

elaborando figurativamente como as

Argentina e Uruguai, constatei que

“duas margens do rio”) é usada aqui

havia uma forte produção local de livros

apenas como estratégia analítica, de

com coletâneas de contos e descrições

forma a propiciar uma reflexão sobre o

de rodas de causos, muitas delas

tema,

da

redigidas pelos próprios contadores.

experiência, elas não operam de forma

Nenhuma delas, no entanto, dialogava

oposta. Meu objetivo neste artigo é

com a produção acadêmica na área. Isso

1

me causava estranhamento: por que, por



que,

na

concretude

Em sua sexta edição, em maio de 2014, o Boca do Céu completa treze anos. Realizado em São Paulo, esse encontro configura-se, junto com o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias, do Rio de Janeiro, como um dos mais importantes encontros brasileiros relacionados à prática e à reflexão sobre a contação de histórias. Maiores informações disponíveis em: http://bocadoceu.com.br/bocado-ceu-2014/ e http://www.simposiodecontadores.com.br/default.aspx?code =126 – acesso em 03/07/2014.

um lado, não reconhecíamos essas obras em nossas pesquisas universitárias e, por outro lado, por que esses autores autodidatas

desconheciam

a

nossa

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

existência?

De

procurei

alguma

estabelecer

analíticos

entre

maneira,

os leitores a conhecerem melhor esse

cruzamentos

fértil campo de estudo, e fazerem suas

distintas

próprias leituras. Vejo esta como outra

literaturas, numa relação de igualdade

dimensão de diálogo: a contextualização

de valores, em meus trabalhos de

e análise crítica de obras escritas por

mestrado e de doutorado, e, embora

contadores profissionais2, enfatizando o

saiba

cruzamento

que

estas

existem

iniciativas

semelhantes, tenho clareza de que essas

possível

de

oportunizar

debates

contadores

tradicionais

diálogo:

diretos

diferentes

campos

disciplinares. Começo com o livro “A Arte de

ainda são ações reduzidas. Esta é uma dimensão

de

Ler e Contar Histórias”, de Júlio César

entre

de

suas

heterônimo Malba Tahan (1961). No

respectivas obras, independentemente

Brasil, este talvez seja o maior clássico

de sua natureza – coletâneas de contos,

sobre a contação de histórias. Nesta

reflexões

poemas,

obra, o autor – um professor de

pesquisadores

matemática apaixonado pelas tradições

históricas,

descrições)

e

(e

universitários.

orientais

Mais recentemente, no primeiro semestre

de

Mello,

2013,

ministrei

uma

que

(daí

assinava

a

escolha

com

de

o

seu

pseudônimo) e reconhecido como um grande contador de histórias – propõe

disciplina optativa sobre Contação de

um

panorama

Histórias, no Departamento de Artes

relacionados às histórias infantis e às

Cênicas da Universidade de Brasília,

técnicas para contá-las. Voltado para

onde atuo como professora. Naquele

um público formado principalmente por

momento, resolvi abordar com maior

professoras primárias, o texto é redigido

profundidade a bibliografia produzida

em

pelos (e não sobre) contadores de

episódios vividos ou ouvidos pelo autor

histórias brasileiros, debatendo os textos

e fazendo uso de citações de diversas

com os alunos e refletindo sobre sua

obras de outras professoras, da primeira

operacionalidade e relevância para o

metade do século XX, sobre o tema. A

linguagem

dos

coloquial,

conceitos

relatando

estudo e a prática da contação. Comento 2

abaixo algumas dessas obras, não no sentido

de

fornecer

interpretações

fechadas, mas na perspectiva de instigar

Considero contadores tradicionais aqueles sujeitos que são reconhecidos em suas comunidades (tradicionais - urbanas ou rurais) como contadores, porém, não exercem essa função profissionalmente. Já os contadores profissionais são aqueles que passaram por algum tipo de formação (cursos, oficinas, graduações e pós-graduações) e especializaram-se na função, exercendo-a profissionalmente em diferentes espaços.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

obra aborda desde a importância, os

desenvolva uma reflexão específica a

objetivos e a finalidade de contar

respeito desta. Seu livro, um dos

histórias, a escolha do repertório,

pioneiros

estratégias de início e conclusão de

constitui-se, fundamentalmente, como

histórias, até questões como a leitura de

um guia para aqueles que pretendam se

histórias em sala de aula, os gêneros das

instrumentalizar nas técnicas do contar

histórias e o uso da música. Embora

histórias, orientando desde a escolha e

traga uma rica seleção de referências

análise das histórias até sugestões de

literárias, o autor não dialoga com

uso de audiovisual e dramatização.

nenhuma pesquisa específica sobre

Embora não discuta esse último aspecto,

tradições orais e a narração de histórias

podemos enxergá-lo como um primeiro

de cunho antropológico ou linguístico,

aceno em relação à importância da

permanecendo mais voltado ao universo

“performance”

na

da sala de aula e da educação infantil.

contadores

histórias.

Obviamente, o livro traz suas marcas de

bibliografia citada pela autora, grande

época, mas pode-se verificar que as

parte é constituída de obras norte-

interessantes

narração

americanas, com foco no uso da

propostas ao longo do texto aparecem

contação de histórias como ferramenta

adaptadas ou sistematizadas, de forma

na educação e, mais especificamente, na

diferente,

educação religiosa.

técnicas

em

de

muitas

obras

na

no

de

assunto

no

Brasil,

atuação Dentre

dos a

atualidade, que ainda adotam Malba

Parece ter havido um intervalo

Tahan como inspiração – revelada ou

de duas ou três décadas até que a

não.

contação de histórias voltasse a figurar Alguns anos antes, a educadora

de forma mais efetiva no mercado

evangélica Otília Chaves lança o livro

editorial brasileiro. Nesta retomada,

“A Arte de Contar Histórias” (1952),

uma das principais obras foi “Contar

voltado também para o público formado

histórias – uma arte sem idade”, na qual

por

Betty

professoras

“obreiros

aos

Coelho

(1991)

oferece

um

pequeno manual, repleto de exemplos

Considero importante ressaltar que,

práticos, também baseados em sua

assim

vivência como professora e contadora

como

educação

e

religiosa”.

Chaves

da

primárias

Malba

caracteriza

Tahan, a

Otília

contação

de

de histórias. O livro é dividido em cinco

histórias como uma “arte”, embora não

capítulos que englobam: 1. A escolha da

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

história; 2. Estudo da história infantil; 3.

Giordano, autora de “Contar histórias,

Formas de apresentação das histórias; 4.

um recurso arteterapêutico” (2004),

A narração da história; e 5. Atividades a

resultante de seu Mestrado em Ciências

partir da história; possibilitando, através

das Religiões, pela PUC-SP; Celso

de uma narrativa que se assemelha a

Sisto, que é mestre e, recentemente,

uma “conversa” com o leitor, um

concluiu o doutorado em Teoria da

contato deste com diversas histórias e as

Literatura, na PUC-RS, com o livro

respectivas técnicas para contá-las. A

“Texto e pretextos sobre a arte de contar

maior parte da bibliografia utilizada

histórias” (2005); Ângela Barcellos

pela autora diz respeito a obras de

Café que, a partir de seu mestrado em

literatura infantil, não dialogando com

Educação

outras obras sobre o mesmo tema.

publicou “Dos Contadores de Histórias

A virada do milênio é marcada, acredito,

por

uma

virada

Física

na

UNICAMP,

e das Histórias de Contadores” (2005); Bia Bedran, com a obra “A Arte de

a

Cantar e Contar Histórias – narrativas

“arte” e a “ciência” do contar histórias

orais e processos criativos” (2012),

passam a figurar nas mesmas obras,

oriunda de seu Mestrado em Ciência da

redigidas pelos próprios contadores de

Arte pela UFF; entre tantos outros.

histórias brasileiros, a partir de suas

Todos estes autores, para além de

pesquisas de mestrado ou doutorado.

manuais de técnicas, têm procurado, em

Estes

seus

epistemológica.

são

Neste

alguns

momento,

exemplos:

Cléo

textos,

problematizar

Busatto, que fez mestrado em Teoria

contextualizar

Literária, na UFSC, e publicou os livros

sobretudo, refletir sobre o papel do

“A Arte de Contar Histórias no Século

contador

XXI – tradição e ciberespaço”, de 2003;

contemporaneidade. Considero que este

e “Contar e Encantar – pequenos

movimento dinâmico entre prática e

segredos da narrativa”, de 2011; Regina

teoria, que alia a atuação como contador

Machado (já citada), com seu belo

de histórias à produção escrita, criativa

“Acordais

teórico-

e reflexiva, esteja causando um impacto

poéticos da arte de contar histórias”

muito positivo, pois amplia e qualifica

(2004), derivado de sua tese de Livre

os campos de atuação destes contadores

Docência, apresentada ao Departamento

no país.



fundamentos

estas

de

técnicas

e

histórias

e,

na

de Artes Plásticas da USP; Alessandra

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

primeiras

seus olhares” (2013), organizado por

décadas dos anos 2000, têm sido

Fabiano Moraes e Lenice Gomes,

lançadas

ambos

Também

nestas

diversas

coletâneas

com

escritores

e

contadores

de

artigos de diferentes contadores, que

histórias. Estes são apenas alguns

relatam suas experiências, refletem

exemplos da fértil produção na área, nos

sobre suas trajetórias e propõem novos

últimos anos, todos, de diferentes

olhares (e gestos, e palavras) sobre a

maneiras, com maior ou menor ênfase,

contação, não apenas nas salas de aula,

realizando uma aproximação entre o

mas

grande

universo acadêmico, a prática e a

multiplicidade de outros espaços como

divulgação da contação de histórias para

bibliotecas, hospitais, livrarias, ONGs,

um público mais amplo.

contemplando

uma

presídios, centros de acolhimento a menores,

aldeias

entre

agora, um pouquinho mais, em uma

outros. Dentre as principais obras com

obra, também redigida por reconhecida

essas características pode-se encontrar:

contadora de histórias brasileira, para

“Baús de Chaves da narração de

adentrarmos com maior ênfase no

Histórias”

pela

debate sobre a relação entre os estudos

contadora e professora da UFSC, Gilka

da performance e a narração de

Girardello; “A Arte de Contar Histórias

histórias. A obra é “A Palavra do



e

Contador de Histórias”, de Gislayne

performática” (2010), organizada por

Avelar3. Esta propõe, por um lado, de

Giuliano Tierno, que é ator e arte-

forma semelhante às obras de Malba

educador; “Contadores de Histórias –

Tahan

um exercício para muitas vozes” (2011),

investigação teórica sobre a dimensão

organizado por Benita Prietto que, além

educativa

de atuar como contadora de histórias no

contadores) na contemporaneidade (...)”

Grupo Morandubetá, junto com Celso

(2005,

Sisto,

pela

diferentemente dos autores citados,

organização do Simpósio Internacional

nela, se pode adentrar, com maior

(2004),

abordagens

tem

indígenas,

Proponho que nos detenhamos

organizada

poética,

se

literários

notabilizado

e

p.

Betty

de

Coelho,

sua

XXI).

Por

palavra

outro

“uma

(dos

lado,

de Contadores de Histórias, promovido 3

pelo SESC Rio, desde 2002; e o recémlançado “A Arte de Encantar – o contador de histórias contemporâneo e

A autora publicou outro livro, no mesmo período, redigido em co-autoria com a também contadora Inno Sorsy, intitulado “O Ofício do Contador de Histórias – perguntas e respostas, exercícios práticos e um repertório para encantar” (2005), no qual são oferecidos ao leitor exercícios práticos, enriquecidos de um belo repertório de histórias, como informa o subtítulo, para o treinamento e aperfeiçoamento no exercício da contação.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

profundidade, no universo da poética

posteriormente, voltarem à oralidade

dos contadores de histórias. Avelar

(HARTMANN, 2011).

demonstra interesse concreto sobre a

Avelar também propõe uma

revitalização da arte da narração oral no

diferenciação entre atores e contadores

Brasil, em espaços que extrapolam as

de histórias. Da mesma forma que no

instituições escolares, e dialoga com

exemplo anterior, creio que dicotomizar

diversos pesquisadores e/ou contadores,

essas categorias pode enfraquecer a

sobretudo, franceses.

discussão e limitar os possíveis campos

Embora reconheça a importância

de formação e atuação dos contadores

desta obra, gostaria de problematizar

de histórias. A oposição estabelecida

algumas colocações feitas, neste caso,

pela autora está baseada em uma

por Avelar, mas que também podem ser

definição de ator que, se for revista,

encontradas em trabalhos de outros

pode

contadores.

a

competitiva) do contador de histórias.

diferenciação que a autora faz entre

Segundo ela: “o ator deve decorar o

contos populares e contos literários,

texto, palavra por palavra, desenvolver

afirmando

“são

e incorporar o personagem e interagir

próprios da cultura oral, enquanto os

com outros atores a fim de comunicar a

literários

cultura

peça segundo a ótica do diretor.” (2005,

escrita.” (2005, p. 2). Penso que essa

p. 36) Atualmente, no Teatro, e nas

classificação

entre

Artes Cênicas de uma forma geral,

populares e literários, não seja muito

temos trabalhado com a perspectiva do

operativa nem para pensar, nem para

ator-performer,

atuar no campo. Contos orais e escritos

confunde-se com o próprio personagem.

participam

que

Frequentemente, não há mais um texto a

ocasiona influências mútuas, não sendo

ser decorado, já que o ator pode também

possível afirmar categoricamente quem

ser

deu origem a quem. Em minha própria

construção dramatúrgica, e a figura do

pesquisa

percebi,

diretor está longe de ser aquela que

frequentemente, que histórias contadas

determina sob qual ótica a peça será

oralmente poderiam ter sido registradas

comunicada, pois toda a equipe pode

por um autor, publicadas em livros,

participar de um mesmo “processo

lidas

colaborativo”. Neste sentido, penso que

em

Cito,

que

são

por

os

de

primeiros

próprios

dos

de

exemplo,

da

contos,

uma

dinâmica

campo,

ocasiões

coletivas

e,

aproximá-lo

responsável

(de

que

pelo

forma

muitas

não

vezes

processo

de

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

um ator pode ser, sim, contador de

de 20 ou 30 anos, não apenas em países

histórias, e um contador de histórias

do Hemisfério Norte, mas também nos

pode também ser considerado, se assim

vizinhos Argentina, Chile e Venezuela

o

acredito

(entre outros), encontrou acolhida no

minha

Brasil há pouco mais de uma década. Os

experiência de pesquisa com contadores

estudos das performances culturais, que

tradicionais

englobam,

desejar,

ator.

sinceramente,

contadores

E,

baseada

e

na

em

observação

profissionais,

que

de não

entre

outras

formas

expressivas, a contação de histórias,

existem regras absolutas para aprender

permitem

uma

ou definir a contação de histórias.

interdisciplinar, agregadora e bastante

Escolhi esta obra de Avelar, dentre

produtiva analiticamente. Exemplos de

tantas outras obras sobre as quais venho

contadoras-pesquisadoras, que adotam

me dedicando, apenas para exemplificar

essa perspectiva, são as já mencionadas

o risco que corremos com a falta de

Gilka

diálogo entre os diferentes campos de

Diversos outros pesquisadores também

saber que estão se debruçando sobre

estão trabalhando sob essa perspectiva,

esse tema.

como Frederico Fernandes, professor de

Girardello

e

perspectiva

Cléo

Busatto.

Estou propondo aqui, portanto,

Letras da Universidade Estadual de

uma “conversa” entre essas áreas. Como

Londrina (UEL), em sua pesquisa sobre

vimos,

as

os

especializando

contadores em

estão

performances

de

narradores

Teatro,

pantaneiros; e Esther Jean Langdon,

Educação, Literatura, Educação Física,

antropóloga, que vem orientando muitas

Psicologia, História Oral, Antropologia,

pesquisas na área e tem produzido

Comunicação. Por que, então, não nos

artigos sobre o tema. Estes são apenas

aproximarmos,

alguns exemplos da profícua produção

nos

Artes,

se

conhecermos

e

começarmos a trocar nossas histórias e

atual de pesquisas que se entrelaçam ao

nossos saberes?

tratar da narração de histórias orais.

E chegamos, finalmente, à noção de

performance:

possibilidade de

vejo-a

como

“ponte” entre

Neste

momento,

faz-se

necessário adentrar um pouco no campo

os

dos Estudos da Performance, no sentido

distintos campos de abordagem do

de esclarecer para os leitores o que

contador, tido aqui como “performer”.

estou querendo dizer quando considero

Esta abordagem, que já tem uma estrada

que o contador é um performer.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

Como coloquei anteriormente, a

possibilidades de interpretação desta)

inserção, no Brasil, dos estudos da

passa a ser considerada a partir do quê,

performance – entendida aqui como

e, sobretudo, como seus agentes a

performances

não

imaginam, a sonham, a comemoram, a

performance arte4 - deu-se há menos de

contam, com todo o seu corpo e voz, em

duas décadas. Na antropologia, este

contexto.

culturais

e

campo se intitula Antropologia da

Particularmente,

em

meu

Performance. Derivada do campo mais

trabalho, embora compreenda que o

amplo da Antropologia Simbólica e

conceito

pautada em grande parte pelas pesquisas

diversas acepções, opto por utilizá-lo de

geradas na associação frutífera entre um

acordo com a definição desenvolvida

antropólogo, Victor Turner, e um

pela antropóloga Deborah Kapchan

diretor de teatro, Richard Schechner, a

(1995). Para a autora, performance está

Antropologia da Performance permite a

relacionada às práticas estéticas que

análise

dinâmicos,

envolvem padrões de comportamento,

ambíguos, multivocais, multissensoriais

maneiras de falar, maneiras de se

e efêmeros, cuja ênfase, em alguma

comportar

medida, esteja posta em suas qualidades

repetições situam os atores sociais no

estéticas. Nesta perspectiva, o teatro, os

tempo

jogos,

identidades individuais e de grupo.

de

as

fenômenos

festas,

os

rituais,

as

de

e

performance

corporalmente

no

espaço,

possua



cujas

estruturando

manifestações políticas, cantos, danças

Considero esta definição especialmente

e

ser

operativa, por envolver os aspectos

contemplados de uma maneira mais

comportamentais, de fala e corpo, e por

holística e integradora, já que “a

relacioná-los à organização das

cultura”

identidades pessoais e sociais. Enxergar

4

narrativas

(ou

orais

uma

podem

das

múltiplas

A performance arte (ou performance art) está ligada a um movimento artístico surgido na década de 60, mais diretamente relacionado às artes visuais, embora de fortes tendências interdisciplinares, que continua com bastante impacto na produção artística contemporânea. Já a noção de performance cultural foi desenvolvida pelo antropólogo Milton Singer, na década de 50, e tem auxiliado pesquisadores das áreas de artes e ciências humanas na compreensão e análise de eventos expressivos tais como festas, espetáculos teatrais, rituais e, como não poderia deixar de ser, narrações de histórias. Para maior aprofundamento sobre o tema, ver o recente artigo de Robson Camargo “Milton Singer e as Performances Culturais”. Karpa 6 – Revista de Teatralidades e Cultura Visual. Summer, 2013.

as

performances

narrativas

na

combinação destes aspectos auxilioume,

sobremaneira,

a

analisar

as

performances dos contadores gaúchos/ gauchos. Baseada

na

abordagem

de

Langdon (1999), apresento abaixo uma breve

revisão

das

três

principais

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

vertentes dos estudos de performance na

veículos dos dramas sociais, assim

antropologia – Victor Turner/ Richard

como instrumentos para comprometer

Schechner, Erving Goffman e Richard

os valores e objetivos que motivam a

Bauman –, considerando que todos

conduta humana, especialmente quando

dialogam direta ou indiretamente com

homens e mulheres tornam-se atores no

as artes cênicas. Em sua teoria dos

drama social.

dramas sociais, Turner (1974) parte da análise

do

processo

comparando

a

e,

estrutura dos dramas sociais à estrutura

sua

dos rituais, foi a partir da parceria com

familiaridade com o universo teatral, faz

Richard Schechner, diretor de teatro,

uma

professor e pesquisador da New York

provavelmente

clara

ritual

Inicialmente

devido

alusão

a

à

estrutura

dramatúrgica de peças trágicas. A noção

University,

que

de drama social é desenvolvida como

aproximar

mais

uma história com início, meio e fim, e,

estruturas

daquelas

de forma semelhante à estrutura básica

culturais

expressivos

de “nó e desenlace” das tragédias

estéticos (performances teatrais, etc.):

clássicas,

destas

“há um interdependente, talvez dialético

situações desarmônicas que ocorrem no

relacionamento entre os dramas sociais

processo social, quatro fases distintas:

e os gêneros de performances culturais,

quebra, crise, reparação e reintegração

em todas as sociedades. A vida, assim, é

ou

A

tanto uma imitação da arte quanto o

preocupação do autor, acima de tudo,

reverso.” (1981: 149). Em seus últimos

será

anos de vida, Turner direcionou sua

Turner

destaca,

reconhecimento

com

a

da

cisão.

possibilidade

de

passou

claramente

estas

dos

gêneros

ou

dramas

atenção

performances

nestes

culturais” e, buscando alternativas para

momentos5. Neste sentido, para Turner

inserir a prática da performance na

(1992: 86, 87), as narrativas seriam

prática

5

Estas transformações seriam possíveis nas fases de liminaridade, encontradas tanto no rito quanto nos dramas sociais. Conceito fundamental na obra de Turner (1974), a liminaridade prevê a inversão da estrutura normal da sociedade, trazendo à tona o que não é revelado no cotidiano (daí também o fato da arte ser associada à liminaridade). Nos dramas sociais, a fase liminal é representada pelo momento de reparação da ordem. Ainda segundo Turner (1992: 79), a performance também transforma a si mesma, pois as regras podem enquadrá-la, mas o fluxo de ação e interação com este enquadramento (frame) pode conduzir a insights e gerar novos símbolos e significados, que podem ser incorporados em subsequentes performances.

da

as

a

transformação da sociedade, através das ocorridas

para

Turner

“performances

antropologia,

propôs,

inclusive, que as próprias etnografias fossem

performatizadas

pelos

antropólogos (1992: 90). Finalmente, Turner também aponta para uma nova ênfase

na

análise

da

sociedade,

considerada agora como um processo,

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

pontuado por performances de vários

de quem está atuando e de quem está

tipos (rituais, cerimônias, carnavais,

sendo representado6. Mas, segundo o

jogos, espetáculos, narrativas). Através

próprio Schechner, sua taxonomia é

dessa análise, tem se desenvolvido a

falha,

visão de que tais gêneros constituem,

performance mistura ou exclui algumas

em vários níveis e com variados códigos

destas categorias. O debate intenso

verbais e não verbais, um conjunto de

sobre o conceito de performance, em

metalinguagens

grande

interligadas.

Nestas

pois

frequentemente

parte

uma

impulsionado

por

performances, o grupo ou comunidade

Schechner ao longo dos últimos trinta

não meramente “flui” em uníssono,

anos, é explicitado pelo próprio autor:

mas, mais ativamente, tenta entender-se

Performance não é fácil de definir ou

no sentido de transformar a si mesmo. O

trabalho

Richard

espalhado para todos os lugares. É

Schechner encontra-se na confluência

étnico e intercultural, histórico e a-

entre

histórico, estético e ritual, sociológico

as

de

localizar: conceito e estrutura tem se

pesquisas

antropológicas,

sendo

teatrais

e

e político. Performance é um modo de

possivelmente

comportamento, uma abordagem da

quem melhor (ou primeiro) fez uma

experiência; é um jogo, um esporte,

adequada

entretenimento

ligação

entre

ambas

as

popular,

teatro

perspectivas de análise. Para ele, a

experimental, e mais. Mas como uma

performance está enraizada na prática e

ampla perspectiva a desenvolver, a performance precisa ser descrita com

é fundamentalmente interdisciplinar e intercultural.

Considerando

performances

studies

diversas

artes,

que

organiza

atividades

as

(SCHECHNER, 1992, prefácio)

envolvem Grande parte das pesquisas de

e

comportamentos, Schechner (1992, p. 273)

precisão e em total detalhamento.

os

atividades

performativas da seguinte maneira: de acordo com a relativa “artificialidade” da atividade ou gênero, de acordo com a necessidade de treinamento formal, de acordo com o relacionamento entre “espaço teatral” e “evento teatral”, e de acordo com o status social e ontológico

Schechner, no entanto, vai guardar sua proximidade

com

aqueles

estudos

desenvolvidos por Turner, relacionando influência

genética

e

cultural

na

definição de ritual e de comportamento performativo.

Para

Schechner,

a

6

Para a análise de performances narrativas, o artigo de Schechner, recentemente traduzido para o português “Traçando pontos de contato entre antropologia e teatro” (Cadernos de Campo, USP, v. 20, n. 20, 2011), mostra-se bastante operativo.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

performance é um conceito central no

metáfora, como uma alternativa para a

pensamento

análise da vida no seu cotidiano.

de

Turner,

justamente

porque os gêneros performativos seriam

Finalmente,

Bauman

(1977)

exemplos vivos do ritual em/ como

desenvolveu pesquisas no campo da

ação. Neste sentido, conclui o autor, a

etnografia da fala, no qual as narrativas

performance, não apenas quando é

orais passaram a ser o foco especial de

abertamente ritualística, mas, sempre,

atenção, não somente em seus aspectos

terá seu cerne de ação ritual, onde há

verbais, mas através da análise de todos

um “comportamento restaurado” (ações

os meios comunicativos que compõem

de cunho simbólico/ estético que podem

o evento narrativo. O uso da noção de

ser repetidas da mesma maneira).

performance, para Bauman, possibilitou

Já as pesquisas de Goffman (1999)

estão

nas

comumente segregados, a outras esferas

performances cotidianas. Através da

do comportamento verbal. Fora das

analogia dramatúrgica, o autor analisa

análises puramente teatrais, a etnografia

os diferentes papéis interpretados pelos

da fala passou a representar mais uma

“atores sociais” em seu dia-a-dia.

alternativa para que a performance

Segundo ele, há dois tipos de performer:

passasse a ser abordada por ela mesma,

aquele que oculta a própria performance

ainda que a consideração do seu

e aquele que não sabe que está

contexto cultural tenha permanecido. A

performatizando. Em seu comentário

definição já clássica de Bauman

sobre a obra de Goffman, Schechner

compreende a performance como um

questiona se a performance gera seu

modo de comunicação verbal que

próprio frame (enquadramento) – é

consiste na tomada de responsabilidade

reflexiva e todos são conscientes da sua

de um performer para uma audiência,

participação

através

na

centradas

a união de gêneros estéticos distintos, e

ação

ou

se

um

da

manifestação

sua

determinado frame gera determinadas

competência

performances. Ao contrário de Turner,

competência apoia-se no conhecimento

que analisava a sociedade a partir de

e na habilidade que ele possua para falar

suas

do

nas vias socialmente apropriadas. Do

a

ponto de vista da audiência, o ato de

performance serviu antes como uma

expressão do performer é sujeito à

performances,

processo

social,

destacadas

para

Goffman,

comunicativa.

de

Esta

avaliação, de acordo com sua eficiência.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

Quanto mais hábil, mais intensificará a

sirvam mais como “inspiração” do que

experiência,

prazer

como modelos para que desenvolvamos

qualidades

nossas próprias teorias acerca dos

intrínsecas ao ato de expressão. Bauman

complexos processos que envolvem a

salienta ainda que nem todas as formas

aprendizagem, a criação e a transmissão

de comunicação oral serão suscetíveis à

de narrativas orais. A ideia de que o

performance, daí a importância de se

contador de histórias é um performer é

considerar quais os tipos de fala

apenas uma dessas possibilidades, que

convencionalmente

pelos

pode ser operativa a despeito de todos

como

os conflitos linguístico-ideológicos que

através

proporcionado

membros

pelas

da

dependentes

do

esperados

comunidade de

performances.

A

possamos encontrar nos usos da palavra

perspectiva de Bauman está voltada

“performance”

para a “arte verbal” e apesar de propor

contador-performer como aquele que é

vários dispositivos para a análise da

apreciado enquanto artista da palavra

performance, estes se restringem à

incorporada,

questão da comunicação oral, e ainda

enfeitiçar, conquistar, desafiar, divertir

que considerem contexto de horário,

e emocionar plateias. O contador-

local e audiência, não incluem a

performer acredita no poder da palavra

manifestação corporal do contador,

e no poder da troca, da comunhão de

como a sua postura, gestual, posição e

palavras.

movimentação no espaço.

são

no

Brasil.

mestre

na

Vejo

arte

o

de

Acredito que o desenvolvimento dessas

fundamentais

chamadas pelo sociólogo português

para

que

se

novas

compreendam essas que são algumas

Boaventura

das principais vertentes de estudos que

“epistemologias do sul”7, em alusão ao

embasam as pesquisas atuais sobre as

hemisfério

performances

Vale

historicamente excluídos – já esteja em

considerar, entretanto, que todas são

curso e que a contação de histórias, os

teorias desenvolvidas no Hemisfério

contadores tradicionais e profissionais,

Norte e que não são necessariamente

e os pesquisadores da oralidade tenham

“aplicáveis” às nossas tão diversificadas

grandes

narrativas.

realidades brasileiras. A perspectiva que adoto aqui, neste sentido, é de que estas

de

epistemologias



Os quatro autores mencionados

que

Souza

teve

colaborações

Santos,

seus

a

de

saberes

dar.

Os

7

Para um aprofundamento sobre o impacto das epistemologias do sul no teatro, ver o instigante artigo de Verônica Fabrini, “Sul da Cena, sul do saber”, publicado na Revista Moringa, UFPB, v. 4, n. 1, 2013.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

conhecimentos adquiridos na prática da

processos criativos. Rio de Janeiro:

contação, no contato com a audiência,

Nova Fronteira, 2012.

no aperfeiçoamento da memória, na

BUSATTO, Cléo. A Arte de Contar

valorização das diferentes tradições

Histórias no Século XXI – tradição e

orais e no trabalho que integra corpo,

ciberespaço. Rio de Janeiro: Vozes,

voz e boas doses de imaginação,

2005.

posicionam os contadores de histórias em um lugar privilegiado nesses novos processos

de

produção

de

conhecimento, tanto dentro quando fora

BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar – pequenos segredos da narrativa. 6ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

das instituições formais de ensino. A

CAFÉ, Ângela B. Dos Contadores de

produção bibliográfica brasileira neste

Histórias

campo, tanto por parte dos contadores

Contadores. Goiânia: Ed. UFG, 2005.

quanto dos pesquisadores (e daqueles

CHAVES, Otília. A Arte de Contar

que conjugam os dois papéis), tem dado

Histórias. São Paulo: Confederação

demonstrações

Evangélica do Brasil, 1952.

de

vitalidade,

competência e disposição para trocas interdisciplinares. Esses diálogos abrem “janelas sobre a palavra”, que permitem

e

COELHO,

das

Betty.

Histórias

Contadores

de

de

Histórias – uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1995.

o nascimento de novos saberes e novas formas de contá-los.

GIORDANO,

Alessandra.

Contar

Histórias – um recurso arteterapêutico Recebido em: 07/04/2014

de transformação e cura. São Paulo:

Aprovado em: 04/07/2014

Artes Médicas, 2007. GIRARDELLO, Gilka (org.). Baús e

Referências Bibliográficas:

Chaves da Narração de Histórias. 2ª. ed. Florianópolis: SESC/SC, 2004.

BAUMAN, Richard. Verbal Art as

GOFFMAN, Erving. A Representação

Performance. Rowley, Mass: Newbury

do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis,

House Publishers, 1977.

Vozes, 8ª edição, 1999.

BEDRAN, Bia. A Arte de Cantar e

HARTMANN, Luciana. Gesto, Palavra

Contar Histórias – narrativas orais e

e

Memória:

performances

de

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Luciana Hartmann

contadores de causos. Florianópolis:

TAHAN, Malba. A Arte de ler e contar

Ed. da UFSC, 2011.

histórias. 2ª ed. Rio de Janeiro:

KAPCHAN,

Deborah

A.

Common

Conquista, 1961.

Ground: keywords for the study of

TIERNO, G. (org.) A Arte de Contar

expressive

Histórias

culture

-

Performance.



abordagens

poética,

Journal of American Folklore. v. 108, n.

literária e performática. São Paulo:

430, 1995.

Ícone, 2010.

LANGDON,

E.

J. A

Fixação

da

TURNER, Victor. Dramas, fields, and

Narrativa: Do Mito para a Poética de

metaphors: simbolic action in human

Literatura

society. New York: Cornell University

Oral.

Horizontes

Antropológicos, Porto Alegre, v. 5,

Press, 1974.

n.12, 1999, p. 45-68.

TURNER, Victor. The Anthropology of

MACHADO,

Regina.

Acordais



fundamentos teórico-poéticos da arte de

Performance. 2a. ed. New York: PAJ Publications, 1992.

contar histórias. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2004. MATOS, Gislayne. A. A Palavra do Contador de Histórias. São Paulo: Martins Fontes, 2005. PRIETTO, Benita (org.). Contadores de Histórias – um exercício para muitas vozes. Rio de Janeiro: Prieto Produções Artísticas, 2011. SCHECHNER,

Richard.

Victor

Turner’s Last Adventure. In: TURNER, Victor.

The

Anthropology

of

Performance. 2a. ed. New York: P. A. J. Publications, 1992. SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Curitiba: Positivo, 2005.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.