\"A autenticidade no turismo\"

June 3, 2017 | Autor: Rui Carvalho | Categoria: Autenticidade, Turismo Cultural, Turismo E Eventos
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Carvalho, R. 2014. “A autenticidade no turismo”. Palestra Sexta conversa – meia hora de exposição, uma de discussão, Realizada no espaço 0 Artes Comunicantes - Associação de Cultura a 25 de julho de 2014 em Tomar.

A autenticidade no turismo Rui Carvalho 25 de julho 2014 Tomar

Rui Carvalho, 2014

• O turismo é uma forma de consumo multinível… • Na análise ao setor do turismo, é enfatizado a vertente económica, menosprezando os seus impactes ambientais e socioculturais muito importantes em matéria de autenticidade… • O turista é um agente reflexivo que ao viajar, sofre transformações e modifica os destinos das gentes visitadas, influenciando as estratégias dos “organizadores” da oferta turística… Rui Carvalho, 2014

• Definição de autenticidade • “Ontologia da autenticidade” – contributos teóricos • Contextualização do consumo turístico na “pós modernidade” • Implicações da autenticidade no consumo turístico • Exemplos práticos de turismo (in)autêntico • Discussão Rui Carvalho, 2014

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Autenticidade provém do léxico Greco-romano e refere-se a: “Sentido de verdade”; “Sinceridade”; “Elemento original num contexto histórico particular”; “Genuíno”; “Coisa não adulterada”.

• O Dicionário de Oxford refere que autenticidade pode ser entendida como algo “genuíno”; “algo que é conhecido por ser verdadeiro” Rui Carvalho, 2014

• A autenticidade tem sido estudada do ponto de vista da: • História de arte (original vs cópia); materiais e técnicas utilizados; (função vs forma) do objeto de arte, o artista/autor; Ausência do “Hic et nunc” produção do bem original cultural vs. produção industrial cultural (Benjamin, 1936) citado por (Assoun, 1989) como garante da autenticidade do original; • Antropologia (rituais, simbolismo, performance, relação visitados e visitantes, estado liminal…); • Sociologia (Ambientes e relações entre agentes e grupos sociais, formas de consumo, ambiente negocial, relações entre agentes turísticos, turistas e locais; estruturas de poder…); • E na área científica do Turismo a autenticidade refere-se ao ato de viajar em busca do espirito do lugar; do passado; relações objetoturista, experiência-turista, viajante-turista, simulações, pseudoeventos, autenticidade emergente, autenticidade existencial, Rui Carvalho, 2014 negociação autentica, entre muitas outras.

• Tem sido estudada na relação Sujeito – Objeto • A ontologia refere-se à relação entre o sujeito (investigador) e o objeto investigado (fenómeno a investigar). Trata das influências que o pesquisador pode exercer sobre o objeto investigado e vice versa.

Sujeito

• Turista

Objeto

• Objeto ou atividade turística Rui Carvalho, 2014

Mais tarde o construtivismo e o existencialismo vêm modificar a forma de medir e descrever o que é autentico, colocando em discussão quem pode definir o que é autentico ou não.

Sujeito

• Turista vs Viajante como agentes reflexivos

Objeto

• Experiência autêntica transformadora

Rui Carvalho, 2014

• Os debates, com as suas diversas abordagens passando pelo objetivismo, construtivismo ao existencialismo, formaram duas trajetórias de ligação para compreender a autenticidade: o objeto (como o outro) e o eu (como o centro, turista) (Wang, 2007). • The modern emphasis on form and function has been replaced by a postmodern concern for the aesthetic and the development of the self (Richards, 2002). • A autenticidade é vista como o Santo Graal dos turistas onde estes querem reviver o passado… Rui Carvalho, 2014

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Contextualização do consumo turístico na pós modernidade • Nostalgia Contextualização • Busca de • Simulação e Simulacros narrativas Rápido consumo (Baudrillard, 1991; (Giddens, 1991) Prosumption • Turismo como • Sentido de (Tofler, 1980), peregrinação; pertença, Sentido Comoditização • Modos de vida, do lugar (Cohen, 1979); • Incerteza dos tempos • Relação com o Não lugares • Desintermediação dos passado (Augé, 1995), serviços turísticos “empty meeting • Hiper-real (Eco, • Criatividade, 1984) grounds” • Neoliberalismo

Rui Carvalho, 2014

Elaboração própria baseada em (Wang, 1999, 2007); (Heitmann, 2011).

• Turista (passivo)VS Visitante (ativo) • Cria o conceito de “Pseudo-Events” onde o turista não experiencia a realidade mas pseudo-eventos; mostram satisfação por estas experiências; • O turista viaja em grupo, está isolado do ambiente natural dos destinos; • Exigem que todo o espaço turístico se torne um espetáculo para seu deleite;

• Perspetiva sociológica – tudo o que é oferecido ao turista é forçado – logo não existe autenticidade. Rui Carvalho, 2014

• “Staged autheticity” – definição de cariz sociológico • Os turistas têm acesso apenas a “front regions” e não lhes é possível visitar as “back regions”.

Front Regions

• Locais onde as performances são efetuadas à frente dos turistas.

Back regions

• Locais onde os “performers” se retiram, recuperam e preparam para futuras atuações.

• No caso de monumentos, mesquitas, teatro, performances onde a entrada a turistas é negada a certas áreas. Rui Carvalho, 2014

• A vida moderna já não satisfaz, a prática turística é outra forma de consumo que permite a distinção de um agente social em relação a outro; • A procura turística é motivada pela autenticidade; • Exemplo do homem ocidental que visita um país subdesenvolvido ainda intocado pela modernidade (poucos hotéis, casinos e demais infraestruturas turísticas), exigindo as mesmas regalias que possui em casa;

• Comoditização – atividades turísticas são avaliadas em termos do seu valor de troca, tornam-se bens. Assim qualquer performance, evento, dança (…) torna-se vendável e turístico. Rui Carvalho, 2014

Rui Carvalho, 2014

• “Cria o conceito de “emergent authenticity” – a autenticidade muda com o tempo e uma introdução/modificação cultural num evento cultural pode passar a permanente e assim aceite como “autêntico” • A autenticidade é “negociada” por cada agente social (locais, agentes turísticos e os próprios turistas). • O seu conceito não é estático sendo negociado, dependo do capital cultural (Bourdieu, 1984) do turista e da sua perceção de autenticidade (Cohen, 1988). Rui Carvalho, 2014

O Cortejo dos Rapazes consiste numa réplica do desfile dos tabuleiros, mas feito por crianças vestidas a rigor. Fonte: http://www.infopedia.pt/$festa-dostabuleiros-em-tomar Com o aproximar da Festa dos Tabuleiros de 1991 rapidamente se passou, com o apoio dos elementos da Comissão de então, dos pais e das crianças, para uma ideia mais arrojada: porque não participar e reviver o «Cortejo dos Rapazes» que se tinha realizado a última vez em 1892? Fonte:http://www.tabuleiros.org/histor Rui Carvalho, 2014 ial/p_2/

• “Objective authenticity” – refere-se à autenticidade de objetos originais para tours e a certificação sem questionamento da sua autenticidade (Ex: objetos num museu); • “Constructive authenticity” – é o resultado de uma construção social onde o contexto do sujeito e o objeto se encontram. Aqui contam-se como influencia por um lado, as relações entre visitantes e visitados, por outro o background cultural dos visitantes (Ex: peça de teatro); • “Existential authenticity” – refere-se à autenticidade pessoal e inclui os sentimentos subjetivos e intersubjetivos ativados pelo processo liminal das atividades turísticas. Estes últimos referem-se a sentimentos como prazer, relaxamento, controlo, sentido de pertença a um grupo social... • Neste sentido o sentimento de autenticidade não está dependente de nenhum objeto mas da busca em nós mesmos (Wang, 1999). Rui Carvalho, 2014

• Identificamos dois conceitos ligados à ideia de pós-modernidade: • A simulação (Baudrilliard, 1991) e o Hyperreal (Eco, 1987). • A experiência turística é simulada e repetida vezes sem conta em parques temáticos, museus da cera (Madame Tussauds), shoppings, Las Vegas… • A Disneylândia pode ser considerada o resumo da pósmodernidade onde vários estilos e símbolos de diferentes lugares e épocas (ambos ficcionais e reais) são misturados num pastiche e empacotados numa atração que requer que o turista suspenda a realidade e se divirta com o hiper-real – algo melhor que a própria realidade (Heitmann, 2011). Rui Carvalho, 2014

Eventos Medievais É uma forma de produto turístico commoditizado onde a formula é seguida por vários municípios. Por vezes podem ocorrer erros de casting onde produtos de artesanato (não medievais ou renascenças) são vendidos; roupagem renascença em eventos medievais; Apenas em 2011 realizara-se 51 eventos medievais e quinhentistas em Portugal de Abril a Setembro, segundo o site www.feirasmedievais.com Podemos encontrar à venda produtos regionais, crepes “medievais”…

São vendidos como sendo autênticos… Rui Carvalho, 2014

De acordo com (Kim & Jamal, 2007) o Texas Renaissance Festival foi criado em 1972. É um parque temático periódico onde podemos participar em vários eventos históricos. Tornou-se numa atração significativa e conta com cerca de 300 mil participantes pagantes anualmente. O parque replica atividades selecionadas da europa quinhentista com castelos, cavaleiros, mágicos e justas. Existem aproximadamente 330 lojas/bancas de artesanato vendem olaria, peças em metal esculpido, fatos medievais. (…) Em 21 teatros, 200 performances acontecem diariamente a maioria do período renascença ou medieval. O festival ocorre apenas em fins de semana de outubro e novembro. Os promotores afirmam que é o maior festival dos EUA em 158 que existem (Kim & Jamal, 2007).

Rui Carvalho, 2014

Rui Carvalho, 2014

• Foamhenge, Natural Bridge, Virginia

Rui Carvalho, 2014

• Taj Mahal, Bangladesh

Rui Carvalho, 2014

• The Venetian, Las Vegas

Rui Carvalho, 2014

• London Thames Town, Shanghai

Rui Carvalho, 2014

Rui Carvalho, 2014

• Quando vais de férias pensas de alguma forma na autenticidade das experiências/serviços turísticos que te vão oferecer? • Quem é que deve julgar o que é autêntico (de acordo com o destino), os fornecedores da experiência turística, os locais, os turistas, todos, ou reconhecemos que nada é mais autentico? • Como é que julgamos o que é autêntico ou não em termos de rituais religiosos; espetáculos de musica popular; performances; produtos imateriais? • De que forma é que as réplicas/cópias de recursos patrimoniais aqui demonstrados têm implicações para o turismo em geral? Rui Carvalho, 2014

Assoun, P.L. (1989). A Escola de Frankfurt, Editora Dom Quixote. Baudrillard, J. (1991). Simulacros e Simulação, Antropos, Relógio d´Água, Lisboa Bourdieu, P. (1984). Distinction: A Social Critique of the Judgment of Taste. London: Routledge. Cohen, (1988). Authenticity and Comoditisation in tourism, Annals of Tourism Research, 15, 371-38 Heitmann, S. (2011). Authenticity in Tourism. In P. Robinson, S. Heitmann and P.U.C. Dieke (eds.), Research Themes for Tourism. (pp 45-58). CAB International Kim, H. and Jamal, T. (2007) Touristic Quest for Existential Authenticity Annals of Tourism Research, Vol. 34, No. 1, pp. 181–201, 2007 Olsen , K. (2002). Authenticity as a concept in tourism research. The social organization of the experience of authenticity. Tourism Sage Publications, vol2(2) pp159-192) Richards, G. (2002). Postmodernity and Cultural Tourism. Paper presented at the Conference Cultural Tourism: Future Trends, Valladolid, Spain, June 2002. Uriely, N. (1997). Theory of modern and post-modern tourism. Annals of Tourism Research 24, 982-984. Urry, J. (2002). The tourist gaze, 2nd edn. Sage, London, UK Wang, N. (1999). Rethinking authenticity in tourism experience. Annals of Tourism Research, Vol. 26, n2, pp. 349 – 370 Wang, Y. (2007). Customized authenticity begins at home. Annals of Tourism Research, Vol 34, n3, pp789-804. Rui Carvalho, 2014

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