A construção da linha como um espaço aristocrático

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Seminário Do Mar para Terra: o domínio do visível
Forte de S. Julião da Barra, 29 de Setembro de 2015
Apresentação
A Historiografia pode considerar as paisagens como fontes de informação sobre contextos culturais no espaço e no tempo e como contribuições para identificar as transformações do território no decurso da História. De facto, a natureza condiciona formas de ocupação humana, animal e vegetal, podendo determinar planeamento geoestratégico e político-militar, como é o caso do sistema flúvio-marítimo do rio Tejo.
Neste encontro propomos estabelecer um diálogo entre os documentos escritos e a paisagem, ver como esta informação se inter-relaciona e identificar marcas do tempo quando lemos e interpretamos os fragmentos naturais e materiais, pedaços de território que compõem o mosaico da paisagem.
A partir dum olhar do mar para terra, sugerimos refletir sobre o complexo da paisagem transformada como espelho de contextos temporais e espaciais na História. Na sua atividade de interpretação, os historiadores tendem a privilegiar os documentos textuais e visuais como fonte histórica e frequentemente esquecem-se de considerar o território como testemunho válido com valor probatório. Parecem não equacionar, por exemplo, em que medida é que as paisagens aquáticas e terrestres podem explicar, condicionar e determinar comportamentos humanos. As paisagens permitem-nos estabelecer diálogos e recuperar interações do homem com o meio ambiente, no espaço e no tempo. Na medida em que é transformada por fenómenos naturais e pela ação humana, apresenta sinais concretos do processo de transformação do território, que há que saber ler e interpretar.
9h30 Abertura
Cristina Joanaz de Melo (IHC-FCSH/UNL)
Luísa Mellid Monteiro (Direção de Serviços de Comunicação, Ministério da Defesa)

1ª Sessão
Moderador: Ângela Domingues (CH/FLUL)

10h00 Do mar para terra: a conquista militar do território
Cristina Joanaz de Melo (IHC-FCSH/UNL)

10h30 Roteiro da costa brasileira no roteiro de Gabriel Soares de Sousa
Amélia Polonia (FLUP) e Fabiano Bracht (bolseiro CAPES, FLUP)

11h00 Café

11h.30 O processo de transformação da natureza ocasionado pela expansão da fronteira colonizadora portuguesa e as nações indígenas na Capitania de Goiás (1725-1804)
Ângela Domingues (CH/FLUL) e Thiago Cancelier Dias (Bolseiro CAPES; UFGO)

12h.00 Das vistas e prospectos fluviais na viagem ao Brasil de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792)
Margarita Eva Rodríguez García (CHAM/FCSH/UNL) e Ana Maria Costa (ARTIS/FLUL)

12h.30 debate

2ª Sessão
Moderador: Luís Silveira (IHC/FCSH/NOVA)

14.30 O interface mar-terra: a arqueologia náutica como ponte entre dois mundos
Alexandre Monteiro (IAP-FCSH/UNL)

15.00 A construção da linha como um espaço aristocrático
Pedro Urbano (IHC-FCSH/UNL)

15.30 Linha de Cascais: da periferia a um resort cosmopolita (1850-1950)
Joana Paulino

16h00 Paisagem da cidade através dos seus narradores – Da enseada amena à capital da terceira república
Ana Isabel Queiroz (IHC-FCSH/UNL)

16.30 A defesa dos portos como vetor de expansão económica
Nuno Miguel Teixeira Esteves (IHC-FCSH/UNL)

17h00 debate

17h30 Café

18h00 Visita guiada ao forte de S. Julião pelo Sargento-Mor Víctor Pereira (Ministério da Defesa)



RESUMOS:
Alexandre Monteiro (Instituto de Arqueologia Portuguesa - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa)
O interface mar-terra: a arqueologia náutica como ponte entre dois mundos
Se para muitos, a água é uma barreira, para outros ela mais não é do que caminho e passagem. Contudo, nem sempre o que já foi ainda hoje é - ou aparenta ser: estradas que misteriosamente terminam na margem de um rio - mas às quais falta apenas uma já há muito desaparecida barca de passagem. Ilhas separadas por canais - mas com povoações que se encaram, se vigiam e se acompanham. Cidades romanas incompreensivelmente perdidas no interior - tão-só por há séculos terem secado as lagoas que as ligavam a um mundo mediterrânico que também ele já não existe. Presenças e ausências, mais as últimas que as primeiras, umas verificáveis através da materialidade do registo arqueológico, outras intuídas apenas pelo estudo comparado do palimpsesto da cartografia histórica. De todas se falará, fazendo a ponte entre o nosso presente e os nossos mais variados passados. Sempre com água de permeio - ou não fosse esta um meio de comunicação por excelência.
Amélia Polónia (Departamento de História e Estudos Políticos e Internacionais (DHEPI) da Universidade do Porto) e Fabiano Bracht (bolseiro CAPES; doutorando da FLUP)

Roteiro da costa brasileira: a descrição da costa do Brasil por Gabriel Soares de Sousa

Após ter vivido durante dezassete anos na Baía, Gabriel Soares de Sousa encontrava-se em Madrid, à busca de mercês e meios para o financiamento de uma expedição aos confins da América do Sul. No ano de 1587, escreveu, e ofereceu a um dignitário da corte de Filipe II (Filipe I de Portugal) uma vasta obra, composta de duas partes. A primeira, um detalhado roteiro de toda a costa existente entre a foz do Rio Amazonas e a do Rio da Prata. A segunda, uma descrição das grandezas da Baía. A primeira parte, a que mais interessa aos nossos propósitos, contém descrições detalhadas, não apenas da geomorfologia e dos ecossistemas, mas também de diversos aspectos relacionados com as intervenções humanas sobre a paisagem . A despeito da intenção propagandística e auto promocional do autor, o "Roteiro Geral da Costa Brasílica" é um precioso documento histórico para uma análise da forma como a terra era vista do mar, na segunda metade do século XVI.

Ângela Domingues (Centro de História da Universidade de Lisboa) e Thiago Cancelier Dias (bolseiro CAPES; doutorando da Universidade Federal de Goiás)
O processo de transformação da natureza ocasionado pela expansão da fronteira colonizadora portuguesa e as nações indígenas na Capitania de Goiás (1725-1804)
A comunicação versa sobre diferentes territorialidades na Capitania de Goiás (1725-1804) a partir de relatos e mapas que apresentam as estradas, rios, arraias, Vila Boa de Goiás, sertões dominados pelos gentios e aldeamentos indígenas. A partir desses é possível delinear a expansão portuguesa pelo bioma do Cerrado no tempo e entender objetivos e estratagemas quanto à conquista e ocupação dos espaços dominados por nações indígenas. Inferem-se as diferenças e imbricações entre concepções de natureza e recursos naturais entre ocidentais e nativos e os impactos que a expansão da fronteira colonizadora ocasionou na paisagem.

Margarita Eva Rodríguez García (Centro de História d'Aquém e d'Além-Mar da FCSH/UNL) e Ana Maria Costa (bolseira FCT, doutoranda no ARTIS, Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

Das vistas e prospectos fluviais na viagem ao Brasil de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792)

Pretendemos com a presente comunicação estudar a percepção da natureza ripícola e do território fluvial amazónico produzido na viagem filosófica às capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá (1783-1792), chefiada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815). De que forma conseguiram compreender os elementos naturais que estruturavam a paisagem humana e os habitats naturais? Nesta análise, utilizaremos como fontes históricas: as participações que compuseram os "diários" do naturalista e o material iconográfico constituído pelas vistas e prospectos sobre a paisagem e/ou habitats amazónicos, elaborados pelos dois desenhadores que o acompanharam.

Nuno Miguel Teixeira Esteves (Ministério da Defesa e IHC/FCSH/UNL)

A defesa dos portos como vetor de expansão económica

São Julião da Barra, ponto fulcral da defesa do estuário do Tejo, constitui um exemplo da necessidade de garantir a segurança das linhas de comunicação marítimas. O comércio internacional, mais valia da potência das potências dominantes, dependeu sempre da segurança das suas rotas. Quem assegura a segurança domina o comércio.

Pedro Urbano (IHC-FCSH/UNL)

A construção da linha como um espaço aristocrático

A ocupação territorial da linha costeira entre Lisboa e Cascais foi em muito ditada pelos ritmos próprios da vida da corte portuguesa. De facto, e sobretudo a partir do século XIX a costa marítima começou a ser uma alternativa viável às propriedades régias campestres, como sejam Queluz, Mafra e Sintra. Assim, e durante a época de veraneio, a Família Real foi ocupando diversos palácios ao longo da costa, de Caxias a Cascais e, com ela, a aristocracia, que também construiu ou arrendou palácios para a acompanhar. O objectivo desta comunicação é o de compreender melhor a ocupação territorial da linha costeira por parte da elite aristocrática portuguesa, inserindo-a no contexto preciso das suas sociabilidades marcadas pelo ritmo próprio da Casa Real Portuguesa.
Entidades Organizadoras:
Centro de História da Faculdade de Letras / Universidade de Lisboa
Instituto de Historia Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas /Universidade Nova de Lisboa
Entidades Patrocinadoras:
Ministério da Defesa
Central de Cervejas
Casa da Praia






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