A contribuição do PIBID à formação docente

July 8, 2017 | Autor: Luan Vitor | Categoria: N/A
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A contribuição do PIBID à formação docente Lucélia Carla da Silva dos Anjos Ideuvaneide Gonçalves Costa UNIFAL-MG Temática: As primeiras impressões sobre a docência

A história dos cursos de licenciatura, inclusive o curso de Pedagogia nos mostra uma concentração de conteúdos teóricos no inicio do curso e deixam geralmente para o final as ações práticas. Ações por meio de estágios quase sempre fragmentados, com o intuito de colocar em prática os conhecimentos obtidos no curso. Segundo Tardif (2000), os cursos são “idealizados segundo um modelo aplicacionista do conhecimento” (p.18), que é justamente esta concentração de conteúdos nos primeiros anos da formação, constituídos de “conhecimentos proposicionais” (ibid, p.18), e só depois de adquirirem tais conhecimentos, os alunos vão estagiar para aplicarem seus conhecimentos. Infelizmente estes conteúdos e a pouca prática não conseguem suprir as necessidades do discente e este acaba saindo da universidade sem uma noção da vivência escolar, sentindo-se despreparado para assumir sua profissão. Dessa forma, no momento em que os recém formados se deparam com o ambiente escolar, se deparam também com um “choque com realidade” em seus diferentes espaços, principalmente no exercício da docência; isso por que esse docente recém formado (dotado de “altas expectativas”) considera-se o solucionador de todos os desafios educacionais. Portanto concordando com Gonçalves e Gonçalves (1998), ao defenderem “a necessidade de uma prática de ensino mais efetiva, proporcionada ao longo do curso de formação e não apenas no final dele, como ocorre no modelo vigente predominante” (p.107); acreditamos que nesse sentido, o PIBID abre novas possibilidades no que se refere à formação inicial, já que cria oportunidades da vivência da prática docente, fazendo com que a partir dessas práticas os bolsistas comecem a fazer o exercício de uma reflexão crítica das suas próprias ações.

II Seminário de Socialização do PIBID - UNIFAL-MG 16 a 18 de maio de 2012.

Dessa forma esse texto buscará mostrar um pouco das primeiras impressões e desafios encontrados para o exercício da prática docente, bem como as contribuições oferecidas pelo PIBID a partir do estudo da realidade escolar realizado durante o segundo semestre de 2011. As atividades do PIBID/Pedagogia tiveram seu inicio em Julho de 2011. Neste primeiro momento, como previsto no subprojeto, nós bolsistas fizemos um estudo de observação das práticas docentes, dentro e fora da sala de aula. Os dados foram sendo coletados e registrados em diários de campo individuais e deram suporte para a construção de memoriais, os quais explicitaram os principais aspectos observados por cada bolsista, apresentando um diagnóstico da realidade escolar, identificando virtudes e desafios para realização das futuras intervenções, além de fazer uma reflexão referente às reações, dificuldades e facilidades apresentadas pelas discentes. Durante o período de observação notamos que a atuação docente é destituída de autonomia em função de algumas barreiras existentes nos diferentes espaços do âmbito escolar (impasses burocráticos, gestão autoritária, planejamentos prontos, o qual o objetivo resulte em alunos “treinados” para as mais diversas avaliações externas e internas, dentre outros). Tal destituição é interpretada aqui como elemento importante na manutenção de uma cultura escolar secular, a qual a tecnocracia é exercida através das relações hierárquicas. Isto é, uma cultura baseada na técnica e focada somente a um resultado final, ou seja, pensando no aluno como um produto sendo preparado para atender as necessidades do mercado de trabalho. Mediante ao descaso de um sistema hierárquico que não concede ao docente uma autonomia, conforme identificado durante o estudo da realidade escolar, nossa hipótese é a de que à medida que os anos de trabalho se acumulam, gradativamente o docente também vai se desencantando e acaba aderindo ás regras impostas pelo sistema/instituição, perdendo a vontade de buscar práticas diferenciadas. De acordo com Teixeira (2001), a escola brasileira se organizou segundo um modelo burocrático e além de estar inserida num sistema organizado e regulado por normas legais e rígidas, ainda possui o traço da burocratização que estão presentes na escola de forma marcante, tais traços podem ser identificados em várias instancias da escola como, por exemplo, na sua estrutura hierárquica. No entanto, embora o sistema burocrático tente II Seminário de Socialização do PIBID - UNIFAL-MG 16 a 18 de maio de 2012.

“engolir” a todos, ainda vêem-se docentes dotados de “altas expectativas” que mesmo sendo constantemente encurralados por essa burocracia que é burocrática, vivenciada no contexto escolar ainda se mantém resistentes e buscam práticas inovadoras. Para este outro tipo de docência identificada entendemos que os professores que a ele pertencem conhecem verdadeiramente seu papel e sua importância como mediadores e não apenas como transmissores de conhecimentos, proporcionando assim à relação ensino/aprendizagem uma via de mão dupla, ou seja, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 2011, p.25). Nesse sentido o PIBID torna-se fundamental para a reflexão e formação de uma identidade profissional, pois nos proporciona uma conscientização sobre o verdadeiro papel do professor, já que vivenciamos as experiências da docência, ainda que em menor proporção. Compreendemos então, que o PIBID contribui para uma análise reflexiva da prática docente que resulta na formação de uma identidade profissional, a qual permita que como futuros docentes, possamos ultrapassar as barreiras da gestão autoritária, dos planejamentos préelaborados, da hierarquização existente numa cultura tecnocrática e assim garantir uma docência compartilhada, uma aprendizagem significativa que resulte em indivíduos educados para o saber e não unicamente para o saber fazer. Referências Bibliográficas FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 2011. GONÇALVES, Tadeu Oliver, GONÇALVES, Terezinha Valim Oliver. Reflexões sobre uma prática docente situada: buscando novas perspectivas para a formação de professores. In: GERALDI, Corinta Maria Grisolia, FIORENTINI, Dario, PEREIRA, Elisabete Monteiro de A. (orgs.) Cartografias do Trabalho docente: Professor (a)- pesquisador(a)

. Campinas,

SP: Mercado de Letras, 1998. TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas

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conseqüências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação. Jan/Fev/Mar/Abr 2000 Nº 13. TEIXEIRA, Lucia Helena G. A Gestão da Escola Básica na Constituição Histórica do Modelo Vigente. In: V Congresso de Ciências Humanas, Letras e Artes. 2001. Disponível em: Acessado em Abril 2012.

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