A Copa e o campo: antropologia, jornalismo e manifestações na cidade do Rio de Janeiro

June 13, 2017 | Autor: Evandro Medeiros | Categoria: Anthropology, Communication, Actor Network Theory
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O campo e a Copa: Antropologia, Jornalismo e manifestações na cidade do Rio
de Janeiro

The field and the Cup: Anthropology, journalism and protests in the city of
Rio de Janeiro


El campo y la Copa: Antropologia, periodismo y manifestaciones en la ciudad
de Rio de Janeiro


EVANDRO JOSÉ MEDEIROS LAIA[1]




Resumo: A Copa do Mundo do Brasil, realizada em 2014, teve o Rio de Janeiro
como um das sedes, onde foram disputados sete jogos, entre eles a grande
final. Tudo isso exatamente um ano depois das manifestações de junho de
2013, marcadas pela ocupação das ruas do centro da cidade e também pela
violência usada pela Polícia Militar na repressão aos atos. E ainda pela
multiplicidade de vozes em transmissões, ao vivo, pela internet,
simultâneas às transmissões feitas pelos grandes veículos de comunicação.
Considerei então este um ambiente produtivo para realização de um trabalho
de campo, com o objetivo de observar como as tecnologias móveis, com
destaque para o telefone celular, estão transformando a maneira de se fazer
jornalismo na televisão, inspirado nas propostas de Bruno Latour, Roy
Wagner e Eduardo Viveiros de Castro.

Palavras-chave: redes, telefone celular, Copa do Mundo, jornalismo,
manifestações.



Abstract: The Brazil`s World Cup, realized en 2014, have the city of Rio de
Janeiro as one of the venues, where were played seven games, including the
final. All this happened exactly one year after the june/2013 protests,
remembered for the central streets occupation and the Military Police`s
violence used to repress the movement. And, even, for the multiplicity of
voices in alive transmissions, through the internet, simultaneously with
the great media`s transmissions. Because of it, I have considered this as a
productive environment to realize a field work, to observe how mobile
technologies, principally the cell phones, are changing the way to do
television journalism, inspired by Bruno Latour, Roy Wagner e Eduardo
Viveiros de Castro.

Key-words: networks, cell phones, World Cup, journalism, protests.



Resumen: La Copa do Mundo del Brasil, que tuvo lugar em 2014, tenía el Rio
de Janeiro como una de las sedes, donde jugaron siete partidos, incluindo
el gran finale. Tudo esto sucedió exatamente un año después de las
manifestaciones de junho de 2013, marcadas por la ocupación de las calles
del cientro d ela ciudad e también por la violencia utilizada por la
Policia Militar en la represión de los actos. Y también por la
multiplicidad de voces en transmissiones, en vivo, por la internet,
simultáneas a las transmissiones hechas por los principales medios de
comunicación. Consideré este un ambiente productivo para la realización de
un trabajo de campo, con el objectivo de observar como las tecnologías
moviles están cambiando la forma de hacer periodismo en la televisión,
inspirado en las propuestas de Bruno Latour, Roy Wagner e Eduardo Viveiros
de Castro.

Palabras-clave: redes, teléfono celular, Copa del Mundo, periodismo,
manifestaciones.





A ENTRADA NO CAMPO
A Copa do Mundo do Brasil, realizada entre os dias 12 de junho e 13
de julho de 2014, teve o Rio de Janeiro como um das 12 sedes, onde foram
disputados sete jogos, entre eles a grande final. Considerei então este um
ambiente produtivo para realização de um trabalho de campo, com o objetivo
de observar como as tecnologias móveis, com destaque para o telefone
celular, estão transformando a maneira de se fazer jornalismo na televisão,
a partir da produção de imagens. Ou seja: mapear a rede em que estariam a
princípio, incluídos repórteres, cidadãos que usam os smartphones para
enviar imagens para as redações e ainda midiativistas, participantes ou não
de coletivos.
A viabilização do trabalho começou com o contato com redes de TV que
me permitissem a entrada nas redações de telejornalismo para observação e
entrevista. O contato com a TV Globo foi feito a partir do Programa Globo
Universidade, única maneira de, institucionalmente, encaminhar uma proposta
de estudo para a emissora. Conforme solicitado no site do programa, enviei
um resumo do meu projeto, acompanhado de uma ficha padrão com informações
sobre a pesquisa e ainda uma carta do meu orientador acadêmico, cerca de
três meses antes do período da pesquisa. A resposta só veio duas semanas
antes da Copa do Mundo. De acordo com a coordenação do programa, não seria
possível atender a minha solicitação porque os profissionais estavam com as
agendas sobrecarregadas "em função da cobertura de grandes eventos como a
Copa do Mundo e as Eleições Presidenciais".
Fiz contato com a chefia de reportagem da TV Alterosa, afiliada do SBT
em Minas Gerais, onde trabalhei por oito anos, para tentar chegar ao SBT
Rio. O chefe de jornalismo do SBT Rio, Diego Sangermano, acenou
positivamente, alguns dias depois. Os detalhes foram combinados por
telefone, na semana em que cheguei ao Rio de Janeiro para o trabalho de
campo. Ao menos três vezes por semana, durante este período, fui até a sede
da emissora, no Bairro de São Cristóvão, na Zona Norte da cidade, para
acompanhar o trabalho na redação e na rua. Na TV Record Rio, a entrada foi
feita por intermédio da chefe de produção, Rita de Cássia Barreto. Fiz
contato com ela pelo Facebook, durante o trabalho de campo, e ela me
recebeu na redação, onde me apresentou repórteres, produtores e
cinegrafistas, com quem conversei. Estive uma única vez no prédio da TV
Record, no bairro de Benfica, também na Zona Norte do Rio.
Também foram feitos contatos anteriores com a equipe do Mídia
Ninja[2]. Já havia estado uma vez na base de trabalho deles, num
apartamento na Urca, zona Sul do Rio, em abril de 2014. Desta vez tentei
marcar entrevistas na casa, antes de acompanhar o trabalho deles na rua,
mas não foi possível. As observações referentes a este grupo aconteceram,
por vezes, por acaso, em manifestações, e outras vezes, porque eu
acompanhei a pesquisadora Lara Linhalis[3]. Além das entrevistas com
membros do grupo, também tive a oportunidade de fazer contato com outros
coletivos, que conheci durante manifestações, como o Coletivo Carranca e o
grupo Nova Democracia. Também tive acesso ao trabalho de freelancers,
jornalistas com formação superior ou não, midiativistas ou não, que
acompanham manifestações na cidade do Rio de Janeiro. O Facebook e o
Whatsapp foram aplicativos importantes no contato e na observação das
fontes. O que reforçou ainda mais o papel do telefone celular não só como
objeto de pesquisa, como poderia ser numa proposta científica positivista,
mas também como agente não humano em pé de igualdade nesta imensa rede de
relações.
Esta proposta de pesquisa tem relação com a minha experiência
profissional. Bacharel em Comunicação com habilitação em jornalismo,
trabalhei por oito anos como repórter na TV Alterosa, afiliada do SBT em
Minas Gerais. Nos idos anos de 2006, quando fiz minhas primeiras
reportagens, o uso de imagens de câmeras de segurança na edição final de um
videoteipe, pro exemplo, era exceção, tanto pela pouca qualidade técnica e
uma carga de dados de um tamanho que impossibilitava a leitura pelas
máquinas de edição. De lá para cá, aos poucos, as imagens produzidas fora
do controle da redação ganharam as telas e competem, com relativa vantagem,
com as imagens dos cinegrafistas, quando o assunto é imediatismo. Neste
contexto, o telefone celular tem chamado a atenção de pesquisadores, no
processo de reconfiguração do jornalismo. É o caso de Fernando Firmino da
Silva (2008), para quem o aparelho tem funcionado como potencializador da
prática do imediatismo, um dos valores mais caros à pratica do jornalismo.


Neste sentido, além da difusão de conteúdo para celulares, a
produção de conteúdo por meio de dispositivos móveis é a outra
ponta desta perspectiva. Estas duas modalidades complementares –
difusão e produção – fazem parte do jornalismo móvel o conceito
mais apropriado para operacionalizar ou descrever, de forma mais
próxima, este fenômeno por se constituir em uma prática
jornalística que se utiliza de web móvel e de aparelhos como
celular em condições de mobilidade (SILVA, 2008, p.21).


Há relatos também de empresas que apostam no telefone celular e na
transmissão via tecnologia 3G, como alternativa aos gastos com a estrutura
de transmissão broadcast ao vivo.


Nos moldes atuais o jornalismo pode se estruturar em outras
dimensões através da utilização de um ambiente móvel de produção
formatado por ferramentas portáteis online como smartphones para
processar as informações (áudio, vídeo, texto, imagem) de forma
digital e transmitir em caráter instantâneo. Advém daí uma
potencialização da produção jornalística baseada na capacidade
de desenvolvimento de atividades como apuração, edição e
publicação utilizando-se de tecnologias móveis como plataforma
(SILVA, 2008, p.23).


O fato, categoria nobre do jornalismo, passa a ser registrado não mais
pelo repórter, que agora parece estar readequando seu papel na produção da
notícia. Uma readequação, que, de acordo com Jenkins (2009), constitui não
um processo de adequação, mas a própria condição da produção de informações
no contexto midiático contemporâneo. "Num futuro próximo, a convergência
será uma espécie de gambiarra – uma amarração improvisada entre as
diferentes tecnologias midiáticas – em vez de um sistema completamente
integrado" (JENKINS, 2009, p.45). Vemos nisso uma aproximação da mídia
massiva com as ferramentas de mídia pós-massiva, no sentido estabelecer
diálogos com as modalidades emergentes de jornalismo digital. O telefone
celular aparece como ferramenta-chave neste processo, como um dispositivo
híbrido, que pelo fato de oferecer mobilidade, cumpre bem a função de
acoplamento.
Os experimentos com o jornalismo cidadão têm sido comuns não só no
Brasil, mas em todo o mundo. Dan Gilmor (2005), jornalista e professora na
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, chama a atenção para o fato de
que o embate entre jornalismo e tecnologia não deve ser pensado em si
mesmo, já que aponta para muita coisa mais importantes, que deve ser
pensada com urgência, já que estamos entrando numa era e que as mensagens
midiáticas deixam de ser transmitidas de um para muitos, e agora vão de
muitos para muitos. Gilmor nos alerta ainda para o fato de que as
transformações que presenciamos aparecem desta forma no jornalismo, mas são
muito maiores, e perpassam todas as relações do coletivo em que vivemos.


Inspiring grass-roots activities are happening not just in
journalism, but all across society. In business, for example,
the Web and open-source concepts are transforming not just
software development but the relationship companies have with
their customersers and other constituencies. Walter Lippmann, in
his 1914 book, "Drift and Mastery," warned that civilization was
becoming so complex that "the purchaser can't pit himself
against the producer, for he lacks knowledge and power to make
the bargain a fair one." Knowledge is shifting back towards the
purchaser, and the power is following (GILMOR, 2005, s/n).


É como se o jornalista estivesse perdendo o controle sobre as coisas,
de maneira que uma fotografia, um depoimento, um pequeno vídeo possa trazer
novas informações, um ângulo inédito, uma abordagem que transforme o
entendimento do fato. Ninguém sabe ainda como e se isso vai tomar uma forma
comercial, garantindo a continuidade da informação como negócio. Por isso
mesmo, tudo parece ter ficado mais arriscado, neste sentido. As observações
em campo mostraram que minha hipótese fazia sentido, logo de início. Na
primeira entrada no SBT Rio, no dia 16 de junho, acompanhei a exibição do
principal telejornal da casa, que vai ao ar na hora do almoço. A
apresentadora Isabele Benito, começou mostrando um flagrante, feito com
telefone celular, do regate, pelo Corpo de Bombeiros, de cachorrinhos recém-
nascidos, abandonados em sacolas plásticas, na rua. Em seguida vieram as
imagens de protesto no Maracanã, no dia anterior, quando um policial civil
à paisana que puxou a arma e depois de discutir atirou para baixo. Ele foi
identificado e o nome foi dito. Havia uma nota da Polícia Civil do Rio
dizendo que vai investigar. Não havia crédito para a imagem. Também foram
mostrados torcedores argentinos na Praia de Copacabana e em várias partes
do Rio de Janeiro, com imagens de telefone celular, enviadas por
telespectadores. Foram cerca de 20 minutos do jornal sem videoteipe, apenas
com imagens feitas com telefone celular.
Durante todo o tempo da exibição havia um repórter sentado numa
poltrona ao meu lado, dando palpite. Ao final, Diego me apresentou para
ele: é o Eduardo Oliveira, "o cara das imagens de celular", porque tem
muitos contatos. Eduardo pegou o Iphone dele e já começou a me mostrar a
quantidade de contatos que tem no Whatsapp. Me mostrou vídeos enviados por
Policiais Militares, que formam boa parte da rede de contatos dele.
Descemos para a redação e ele me mostrou uma reportagem feita por ele
naquela semana. Eduardo foi agente de uma série de observações importantes
durante este período em campo. Inclusive por ter me apresentado os
repórteres cinematográficos com quem trabalha. Um deles, o Pedro Motta, que
está no SBT há seis anos, me disse que não é pouco comum fazer reportagens
inteiras com imagens de telespectadores. "Direto a gente faz matéria que é
só a passagem. O resto, com imagens de telefone celular". Mas ele não gosta
disso. "Acho que desvaloriza a gente. Mas a tendência é essa, sem volta".
Na fala dele aparece uma postura que acabei adotando inicialmente na
pesquisa: a do embate. Toda esta mudança parecia, a princípio, ter feito
surgir uma polarização entre estes novos atores, inicialmente tímidos, mas
agora já participantes do processo ativamente, no papel de blogueiros,
midiativistas, streamers, e os jornalistas de redação, formados e
consagrados pelo lugar que ocupam e pelo significado da profissão como
pilar da democracia.
Foi a partir desta premissas que preparei o meu trabalho de campo e
apresentei esta hipótese para uma banca de professores, em junho de 2014,
como projeto de qualificação no Doutorado em Comunicação da UFRJ. A ideia
era receber ajuda da banca para orientação do meu trabalho de campo durante
a Copa do Mundo. E foi o que aconteceu. A equipe que ouviu e discutiu meu
projeto acabou me chamando a atenção para o quanto eu estava tentando
polarizar uma rede de relações que parecia, para eles, bem mais complexa do
que um cabo de guerra com duas pontas, como eu fazia parecer. Eles estavam
certos.


A COPA E OS ECOS DE JUNHO
A entrada em campo, de fato, aconteceu no dia 12 de junho. O clima de
Copa do Mundo surgiu com força na primeira sida para um almoço, nos
arredores da Lapa, onde fiquei hospedado, na casa de uma amiga, nos
primeiros dias. Bandeiras coloridas, pessoas com camisa da seleção, o verde
e amarelo por todo lado, tomando as vitrines das lojas e as bancas de
artigos nos camelôs, no comércio de rua. Tendo chegado naquele dia bem cedo
ao Rio de Janeiro, segui com a pesquisadora Lara Linhalis para uma
manifestação nos arcos da Lapa, no centro do Rio. Lá estavam alguns
ativistas, com faixas, panfletos, rostos pintados, andavam, ao lado de
torcedores. E um quantidade enorme de policiais nas imediações. Abordamos
os ativistas e eles nos disseram que a manifestação já havia acabado. Um
professor teria sido detido pela PM e levado para a delegacia. Resolvemos
ficar um pouco ali, já que eu achei que poderia encontrar alguma coisa
interessante. Na verdade, eu estava impressionado, nesta primeira incursão,
com a quantidade de pessoas usando capacetes, com micro-câmeras, e
carregando máscaras de gás. Comecei a abordar algumas delas, principalmente
os que gravavam e fotografavam. Difícil saber, neste contexto, quem era
repórter, quem era midiativista, quem estava ali só observando.
Segui para uma outra manifestação, em Copacabana, Zona Sul da cidade,
na saída a da estação Cardeal Arcoverde do metrô. Ali foi a oportunidade de
fazer contato com jornalistas que estavam na cobertura. Na verdade, foi
nesse momento que começou a se mostrar porá mim a diversidade de atores
neste processo. Até escrever a qualificação, eu pensava num embate entre
jornalistas profissionais X não-profissionais. Na rua, no protesto, não dá
pra saber muito quem é quem. Na situação que presenciei, penso que isto não
é possível por dois motivos: 1) se os repórteres não tiverem microfone com
logomarca ou qualquer identificação, não dá para saber, já que muita gente
usa máscaras de gás e capacete; 2) porque ali havia muita imprensa
internacional e de agências de notícias. A coisa só ficaria mais complicada
depois.
Numa manifestação do dia 15, que seguiu da Praça Saens Peña, na
Tijuca, em direção ao Maracanã, encontrei um rapaz de capacete azul,
escrito Imprensa. Ele fazia algumas anotações. Lara se aproximou e
perguntou de onde ele era, sem se apresentar. Assustado, ele respondeu "que
estava fazendo algumas imagens", de forma independente, "não é para veículo
nenhum". Seguimos conversando e ele me disse que ficou com medo, por isso
não disse que é repórter do jornal O Globo. "Sabe o que acontece, os
manifestantes não gostam muito do grupo onde eu trabalho e a gente sofre na
rua por isso. Nem manifestante, nem a polícia gostam da gente. Eu já
apanhei da polícia, tive um dedo quebrado. Depois disso, venho para as
manifestações sem me identificar". O nome dele é Bruno. Procurando na
internet, vi que ele foi agredido e preso meses antes. Depois disso,
comecei a prestar atenção nas pessoas que faziam imagens e anotações. Eram
raros os casos em que se ostentava um capacete com logo da empresa, um
crachá ou mesmo um adesivo na câmera, no caso dos repórteres de televisão.
Se havia mais jornalistas da "grande imprensa" ali, eles disfarçados
também. E parece que tinha sim, já que encontramos, minutos depois,
notícias da manifestação na internet, no site do G1. A hipótese é que
cheguei em campo num momento em que uma série de estratégias já estavam
sedimentadas a partir da experiência de um ano de manifestações. Os
capacetes, os disfarces, o cuidado excessivo com a própria identificação
aparecem nestes dois exemplos citados, mas são bem mais abundantes durante
o mês em campo.
O trabalho de jornalismo sendo desempenhado por "não-jornalistas"
também chama a atenção. É o caso do que vi quando segui para a Favela Nova
Brasília, no Complexo do Alemão, junto com uma equipe do SBT. Uma mulher
foi presa depois de ter sido sido responsabilizada por deixar um filho
morrer queimado dentro do seu barraco, no Largo da Vivi, local conhecido
como muito perigoso na região, mesmo depois da pacificação. Quem me levou
para esta reportagem foi o repóreter Eduardo Oliveira. A equipe levou o
equipamento para fazer uma entrada ao vivo com a tecnologia LiveU[4],
chamada por eles de mochilink. Neste meio tempo chegou um "motoca", da TV
Record, com uma mochila também com o LiveU. Ele usava colete à prova de
balas, com logomarca da emissora, com a identificação de imprensa. Ele
preparou o material e esperava ser chamado para entrar com imagens ao vivo
da delegacia dentro do Complexo do Alemão. Ele estava ali sozinho, sem
repórter, sem auxiliar e sem ninguém que pudesse passar para ele
informações no caso de qualquer mudança no "clima"da favela enquanto ele
fazia as imagens.
É assim nas manifestações também. O chefe de jornalismo do SBT Rio,
Diego Sangermano, me disse que não manda "repórter para a manifestação,
pode ser posição conservadora, mas não coloco equipe minha em risco. Só
trabalho com imagens de colaboradores". Justificou este posicionamento
dizendo que teve um carro queimado, no ano passado, durante as
manifestações. E que teve cinco carros quebrados na mesma situação. Um
destes colaboradores é o Tiago. "O Tiago é conhecido aqui como Tiago Black
Bloc". O nome dele apareceu várias outras vezes em conversas com
profissionais do SBT Rio. Isabela Masi, chefe de reportagem da emissora,
disse que ele é "como um infiltrado, que se passa por manifestante", para
fazer imagens que depois vende. Ela me disse ainda que ele vende imagens
também para outras TVs e até para a CNN. Fiquei pensando na relação de uma
figura desta com a empresa. Sem garantia trabalhista nenhuma, se colocando
num lugar de risco.
Isabela me informou o telefone do Tiago e liguei para ele. Marcamos um
encontro durante uma manifestação, em Copacabana, no dia 23 de junho. Tiago
foi desde o início muito direto e claro nas falas dele. Talvez tenha sido o
entrevistado mais impactante até este momento da pesquisa. Ele disse que
começou a cobrir as manifestações desde o início, quando fazia imagens para
a CNN. Naquele momento estava vendendo imagens, preferencialmente, para o
SBT, mas também para a Bandeirantes e durante a Copa do Mundo para o El
País. Ou seja, é um freelancer. Perguntei como ele consegue ter entrada nas
manifestações. "O pessoal conhece o meu trabalho, sabe que eu não vou fazer
merda. Uma vez pedi a um Black Bloc para colocar a máscara enquanto ele
tava quebrando tudo, para não mostrar o rosto dele". "Mas em alguns lugares
não dá para se identificar. Eu estou com este colete aqui (com a logomarca
do SBT), mas já vou tirar quando começar a manifestação". Tiago me disse
que tem uma rede de contatos que permite a ele trabalhar. "Como eu são
apenas três no Rio todo. Sendo que apenas eu entro na favela sem PM". Tiago
me contou também que já apanhou da polícia enquanto fazia cobertura. "Era
uma manifestação. O policial ia me bater, eu vi. Coloquei a mão esquerda na
frente para proteger a câmera e o meu rosto. Ele quebrou o meu braço".
A conversa com este profissional me deixou mais embaralhado do que já
estava. Situação que foi piorada quando confrontei estas informações com os
relatos anteriores de manifestações. No dia 26, na Candelária, no centro do
Rio, fotografei Policias Militares usando óculos com uma microcâmera que
lembra o Google Glass. Para que seriam usadas aquelas imagens? E para que
seriam usadas as imagens transmitidas ao vivo durante a manifestação do dia
15 de junho, na Praça Saens Peña? Foi lá que fotografei dois PMS, juntos:
um usava uma câmera pequena e gravava o protesto, o outro carregava uma
mochila LiveU. Por que a polícia está usando uma tecnologia de transmissão
de som e imagem ao vivo? Mais atores entravam então na minha pesquisa. A
Polícia Militar tornou-se produtora de imagens, com tecnologia de
transmissão via antena de telefone celular. Assim como os coletivos e as
emissoras. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. Com duas pulgas: a Polícia
Militar e o Tiago Ramos, que acabavam de colocar por terra a minha hipótese
simplista de um embate dualista entre jornalistas e não-jornalistas. Neste
sentido, o modelo das redes parece fazer mais sentido.

JORNALISMO EM EQUÍVOCO
Quando o pesquisador começa o seu trabalho de campo, ele mesmo vem
marcado por um modo de funcionamento proveniente de seu contexto, no qual
faz sentido produzir uma pesquisa, que deve ser comunicada, de alguma
forma, à sua tribo, posteriormente. É assim, para Roy Wagner (2010), no
contato com a diferença, por contraste, que "nasce" para o antropólogo a
cultura, abstração que só faz sentido no seu próprio contexto de origem,
uma invenção do pesquisador usada como forma de marcar seu lugar em relação
ao outro. A cultura não passaria então de uma estratégia, da qual o
antropólogo lança mão, como forma de entender esta experiência. E mais: só
aparece quando ele coloca-se em confronto com o outro: seria então um tipo
de precipitação, o que surge da relação, não sendo possível defini-la
claramente, objetivamente, nem antes, nem depois do contato. Daí o termo
invenção.


De fato, poderíamos dizer que um antropólogo "inventa" a cultura
que ele acredita estar estudando, que a relação – por consistir
em seus próprios atos e experiências – é mais "real" do que as
coisas que ela "relaciona". No entanto, essa explicação somente
se justifica se compreendemos a invenção como um processo que
ocorre de forma objetiva, por meio de observação e aprendizado,
e não como uma espécie de livre fantasia (WAGNER, 2010, p.30).


Para Wagner, esta tentativa de repete do outro lado: o nativo também
tenta entender o pesquisador. Por isso ele considera a possibilidade de uma
Antropologia Reversa, um pensamento, não sistematizável, como na
antropologia, mas similar, do ponto de vista intencional, por parte do
nativo. O importante é pensar que esta invenção não é exclusividade do
antropólogo. O nativo também formula hipótese a partir deste encontro, e
mesmo que não expresse este pensamento pelos meios acadêmicos, também
inventa o outro de alguma maneira.
A noção ganha fôlego a partir da visão de Bruno Latour, para quem a
Antropologia precisa de uma profunda transformação. "Ela mesma evita
estudar objetos da natureza e limita a extensão de suas pesquisas apenas às
culturas. Permanece assimétrica. Para que se torne comparativa e possa ir e
vir entre os modernos e os não-modernos, é preciso torná-la simétrica"
(LATOUR, 1994, p.94). Latour propõe que a barreira que separa ideologia e
ciência seja derrubada, desconstruindo a posição do objeto como fora do
problema. Daí a proposta de uma Antropologia Simétrica, na qual existe a
consciência de que a definição do que é científico ou não é construída, e
não uma emanação. Portanto, os objetos pelos quais chegarmos às conclusões
científicas também fazem parte do processo, e por vezes, cumprem papel
fundamental.
O próprio fato de ser, eu mesmo, um jornalista, repórter de
televisão, me coloca no lugar da Reversibilidade e da Simetria: não só eu
quero conhecer meus "nativos", colegas de profissão, e estabelecer
parâmetros, etnografar as vivências e as mudanças nas rotinas produtivas a
partir dos dispositivos móveis, mas eles também querem saber de mim, da
minha produção acadêmica, do meu interesse em tudo isso. Por isso mesmo não
foram poucas as explicações sobre o meu processo de pesquisa, sobre a
conciliação entre vida acadêmica e mercado, uma questão que é bem típica do
mundo dos jornalistas, e ainda sobre o que eu penso sobre o trabalho de
midiativistas. Mas talvez o processo de reversibilidade mais importante
tenha aparecido na fala da presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais da Cidade de Rio de Janeiro, Paula Máiran. Conheci Paula pelo
telefone e ela me recebeu na sede do Sindicato, no centro do Rio de
Janeiro, para uma conversa de mais de duas horas. Quando questionada sobre,
se o que os midiativistas fazem é jornalismo ou não, ela me respondeu: "Não
acho que é esta questão. O problema não é esse". Para ela, o importante,
nestes tempos de mudanças no jornalismo, é entender que toda atividade que
fomente o jornalismo, e a liberdade de expressão, em última análise, deve
ganhara atenção do Sindicato. Uma mudança de direção, se pensarmos o
Sindicato como defensor dos interesses de uma determinada classe de
trabalhadores.
Felipe Peçanha, do Mídia Ninja, também não penou duas vezes quando
fiz essa pergunta. Para ele, "pouco importa se as pessoas concordam ou não.
Não estamos preocupados em chamar o que fazermos de jornalismo". Ele disse
que a disputa do sentido da palavra Jornalismo não é o foco do Mídia Ninja.
Ele gastou boa parte da uma hora e meia de entrevista com ele para me fazer
perguntas e tentar entender a minha proposta de estudo. O que parece ser um
comportamento do grupo, já que, no dia do jogo do Brasil contra o Chile, 28
de junho, também respondi a uma série de perguntas do Grupo do Mídia Ninja
que acompanhei na cobertura da exibição da partida, na Praia de Copacabana.
Paulo Gianini, um deles, me perguntou, em determinado momento, se eu achava
que o movimento Não vai ter Copa conseguiu alguma coisa com as
manifestações. Eu disse que sim que ao menos não estava sendo realizada uma
Copa sem crítica, sem incômodos. E então ele me apresentou uma teoria, que,
de acordo com ele, foi pensando coletivamente, em reuniões do Mídia Ninja,
sobre a confluência de movimentos sociais pós junho de 2013. E que, neste
contexto, um fato marcante foi a morte do cinegrafista de Rede
Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, quando estava
cobrindo os protestos do dia 6 de fevereiro de 2014 no Rio de Janeiro.
Santiago, que não usava equipamento de proteção, foi atingido por um rojão
que, a princípio partiu das mãos dos ativistas Caio Silva e Souza e Fábio
Raposo, indiciados por homicídio doloso, quando existe a intenção de
matar[5], numa investigação baseadas em imagens de câmeras de segurança e
de canais de televisão, além de fotografias. Para Gianini, "foi a mídia que
conseguiu ganhar a guerra ideológica, conseguiu uma versão definitiva de
toda esta história. Parece que foi aí que a coisa se acirrou entre
jornalistas e midiativistas. As brigas na porta da delegacia foram grandes.
Os midiativistas não acompanharam isso, os jornalistas sim." Gian, como é
conhecido no grupo, acha que foi um "exagero" a condenação dos indiciados
por homicídio doloso, já que, de acordo com ele, não houve intenção de
matar "Foi um acidente que aconteceu por irresponsabilidade deles". Para o
midiativista, há um antes e um depois do acontecido, que foi um marco na
relação dos diversos atores que ocupam o espaço na cobertura midiática das
manifestações.
Fala que é corroborada por jornalistas que eu ouvi durante a
pesquisa. O chefe de jornalismo do SBT, Diego Sangermano, disse que, na
época dos protestos, em junho de 2013, "ficava ligado aqui no Mídia Ninja,
aqui no computador, o tempo todo, acompanhando o que estava acontecendo.
Foi lindo no ano passado, de arrepiar mesmo as manifestações. Mas agora já
foi, me decepcionei. A gente sabe agora que tem muitas outras coisas, muita
coisa de política envolvida nisso. Não tem mais a mesma força". Para a
chefe de produção do SBT, Isabela Masi, "eles se acham jornalistas. Se
acham, mas não são. (...). Eu odeio esse tipo de coisa. Nem posso falar
muito". Ela acha que eles não gostam da imprensa. Nem o Ninja, nem outros
coletivos porque dizem que a mídia deturpa o que eles fazem. "Deturpar quer
dizer, ouvir os dois lados, fazer jornalismo". As discordâncias, mesmo que
negadas ou evitadas, existem. E nos colocam no que acreditamos ser uma
disputa de sentido em torno da palavra jornalismo. Do que estão falando
midiativistas, repórteres, editores, policiais militares, freelancers,
quando usam esta palavra?
Eduardo Viveiros de Castro (2002) reúne as propostas de Bruno Latour
(1994) e Roy Wagner (2004), considerando também a possibilidade, mesmo como
um tipo de ficção, da existência de uma antropologia nativa. Wagner vai
além, nos dizendo que não é só o antropólogo que pensa o nativo, mas que o
nativo também pensa o pesquisador. Mas como pertencem a mundos diferentes,
a cosmos distintos, nem sempre conseguem se entender. A simetrização da
relação entre jornalistas da grande mídia e os outros atores deste processo
parece aumentar (não apenas metaforicamente) os riscos da atividade
profissional do repórter. Daí precipita-se o equívoco, conceito tomado de
empréstimo na obra de Eduardo Viveiros de Castro, e também de grande
importância no nosso trabalho de campo.
Viveiros de Castro propõe trazer as contribuições do pensamento
ameríndio para a teoria antropológica, lembrando que a comparação é a base
do trabalho de um etnógrafo, que faz paralelos entre sua própria vivência
social e a observação da sociedade do outro, para fazer analogias, numa
tentativa de tradução. Supondo a separação clássica entre natureza e
cultura, esta tradução permite que este etnógrafo descubra caminhos
culturais diferentes para acessar uma mesma realidade. O problema é que,
segundo Viveiros, quase nunca, numa relação etnográfica, os dois entes
deste processo comunicativo dividem a mesma posição, o mesmo ponto de
vista, ou seja, a mesma realidade. Nesta visão, não seriam as culturas
acessos diferentes à mesma natureza. Mas sim a cultura como um a priori, e
as naturezas como dependentes deste ponto de vista ocupado pelo indivíduo.
Ele oferece exemplos.


Here I have in mind the type of myth where, for example, the
human protagonist becomes lost deep in the forest and arrives at
a strange village. There the inhabitants invite him to drink and
refreshing gourd of "manioc beer", which he accepts
enthusiastically and, to his horrified surprise, his host place
in front of him a gourd brimming with human blood. (VIVEIROS DE
CASTRO, 2004, p.9)


Este tipo de história, comum na bibliografia de Viveiros de Castro,
resume toda a teoria do perspectivismo, e por consequência, a ideia de
equívoco. Depois de ser capturado por outro ponto de vista, o humano passa
a ver os animais como pares, como humanos também. É no momento de tomar a
bebida que ele percebe o erro. O que o interlocutor chama de cerveja de
mandioca, na verdade, para ele, é sangue humano. O mesmo nome, em
realidades distintas, serve para designar coisas completamente diferentes.
Aí está o equívoco, fundamento da comunicação, na visão deste autor. Ou
seja, não é o entendimento, o consenso e a ordem, mas sim a incompreensão
que marca o processo comunicativo.
Acreditamos ser possível tomar este pensamento como um tipo de teoria
da Comunicação, apostando no equívoco como base para o trabalho de campo.
Viveiros de Castro propõe que a antropologia se transforme pela
antropologia nativa: se ela quer pensar como o índio, precisa assumir o
corpo dele, deixar-se afetar e transformar-se. Na nossa pesquisa, podemos
colocar a questão: se queremos entender e pensar o lugar do jornalista é
preciso nos deixar impregnar pela vivência do repórter no dia-a-dia. Mas,
ao mesmo tempo, acessar o outro lado (ou os inúmeros outros lados...), como
um xamã, capaz de atravessar as fronteiras e traduzir um lado para o outro.
Por isso a proposta de um trabalho de campo compartilhado, que me permitirá
o acesso a outros modos de organização, outros jornalismos. Desta maneira,
deslocamos o equívoco da relação entre antropólogos e nativos para a
relação na qual se disputa o domínio do sentido da palavra jornalismo.


CONCLUSÃO
As primeiras observações dão conta de uma relação que não parece ser
amistosa no ambiente do meu trabalho de campo. Jornalistas com formação
superior, trabalhadores de empresas de comunicação do Rio de Janeiro, em
geral, durante a pesquisa, apresentaram profundos questionamentos com
relação aos procedimentos e à conduta ética de midiativistas e produtores
independentes de notícias. A situação parece ter sido agravada depois da
morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido por um
rojão lançado por manifestantes durante um ato na Cinelândia, no centro do
Rio de Janeiro, em fevereiro de 2014. Também é preciso levar em conta o
número cada vez maior de jornalistas e midiativistas feridos neste tipo de
protesto. De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas do
município do Rio de Janeiro, Paula Máiran, foram mais de 90 agressões,
registradas em boletins de ocorrência por 77 jornalistas da cidade, entre
maio de 2013 e junho de 2014. Passado algum tempo, é hora de retomar os
dados recolhidos em campo e me debruçar sobre eles para a reflexão.
A imersão no campo durante a Copa do Mundo foi o início de um
trabalho que teve como continuidade um segundo trabalho de campo, desta vez
em Nova Iorque com uma bolsa de estudos da Capes, para acompanhar o
trabalho de repórtres e midiativistas durante as manifestações do movimento
Black Lives Matter, entre dezembro de 2014 e março de 2015. Os embates, a
princípio, dão a sensação de que, guardadas as devidas diferenças
regionais, a difusão de tecnologias concomitantes em quase todo o mundo
colocam os produtores de narrativas audiovisuais em situações bem
parecidas. O objetivo agora é retornar a campo, no Rio de Janeiro, para
novas entrevistas e vivências que foram necessárias, até a conclusão da
minha tese, no Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFRJ, que tem
como titulo provisório: "O jornalismo em equívoco: as redes, o telefone
celular e a (re)invenção do repórter".


REFERÊNCIAS

GILMOR, Dan. Where Citizens and Journalists Intersect. Nieman Reports,
Cambridge: Nieman Foundation for Journalism at Harvard, 2005. Disponível
em: . Acesso em:
17 abr. 2012.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.

SILVA, Fernando Firmino da. Jornalismo livre streaming: tempo real,
mobilidade e espaço urbano. Anais do VI Encontro Nacional de Pesquisadores
em Jornalismo: São Paulo, 2008.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectival Anthropology and the Method of
Controlled Equivocation. In: Tipití, Journal of the Society for the
Anthropology of Lowland South America, vol. 2, 2004. Disponível em:
http://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol2/iss1/1. Acesso em: 20 maio
2013.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectivismo e Multinaturalismo na América
Indígena. In: A Inconstância de Alma Selvagem. São Paulo: Cosac & Naify,
2002, pp. 345-399.

WAGNER, Roy. A invenção da Cultura. São Paulo. Cosac Naify. 2010.
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[1] Doutorando em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Jornalista, trabalhou como repórter
na TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais. E-mail:
[email protected].
[2] O grupo nasceu há cerca de três anos, ligado ao movimento nacional
Circuito Fora do Eixo. Nas manifestações que se formaram nas ruas das
principais cidades do Brasil, a partir de junho de 2013, o canal do grupo,
na internet, teve picos de audiência de 120 mil espectadores nas
transmissões, ao vivo, via streaming, coma ajuda de voluntários, que usaram
telefones celulares conectados à rede mundial de computadores com
tecnologia sem fio 3G ou wi-fi.
[3] Lara Linhalis Guimarães é doutoranda da Escola de Comunicação da UFRJ e
realiza uma pesquisa etnográfica com o grupo Mídia Ninja desde as
manifestações de junho de 2013, como parte integrante de sua tese.
[4] A tecnologia alemã, vendida para redes de televisão no mundo todo em
formato de uma mochila, conta com entrada para oito chips de telefone
celular e transmite imagens e sons para uma central, usando um rede 3G ou
4G, com atraso que varia entre 15 e 40 segundos, dependendo da velocidade
da conexão.
[5] Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/acusados-de-lan%C3%A7ar-roj%C3%A3o-
em-cinegrafista-ser%C3%A3o-indiciados-no-rio-de-janeiro-181733895.html.
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