A Crónica da Terceira – o 1º jornal dos Açores

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Jornal da Praia

HISTÓRIA

22 Abril 2016

03

A Crónica da Terceira – o 1º jornal dos Açores

- Francisco Miguel Nogueira*

Neste dia 22 de abril de 2016, em que o Jornal da Praia comemora o seu 34º aniversário, vamos relembrar o 1º jornal em prelo dos Açores, publicado na Terceira, o Chronica da Terceira. O jornal Chronica da Terceira nasceu a 17 de abril de 1830, passaram recentemente 186 anos. O periódico foi criado pela Regência Liberal na Terceira, tendo, assim, uma clara vertente constitucionalista e um objetivo de divulgar a política dos

liberais. A Crónica da Terceira era o órgão oficial da Regência da Terceira, que pretendia divulgar os atos da Regência e primeiras autoridades que em nome da Rainha nos governam. A Crónica era dirigida por Simão José da Luz Soriano,  jornalista, historiador e político liberal, que nos deixou bibliografia extensa. Colaborava, ainda, com o jornal, José Estevão Coelho de Magalhães, que ainda jovem em 1830, viria a tornar-se um notável jornalista, político e orador parlamentar, sendo a figura dominante da oposição de esquerda na Câmara dos Deputados a partir de 1836, por quase 25 anos. A experiência na Chronica da Terceira deu-lhe conhecimentos para, em 1841, criar o periódico a Revolução de Setembro, o mais influente jornal liberal. Tanto Luz Soriano, como José Estevão fizeram parte do grupo dos Bravos do Mindelo. O 1º número do periódico iniciava-se com o Decreto de 3 de março  de 1830, onde D. Pedro, Imperador do Brasil (D. Pedro IV de Portugal), abdicava solenemente do trono português em nome de sua filha, D. Maria II e criava, em Angra, a Regência Liberal, composta pelo Marquês de Palmela, pelo futuro Duque da Terceira e por José António Guerra. Mouzinho da Silveira era nomeado Secretário de Estado da Regência, com intervenção em todas as áreas governativas, situação que se manteve até 28 de março de 1832, quando D. Pedro, já como Duque de Bragança, assumiu a regência. A Crónica da Terceira era um jornal semanal, que circulou até março de 1831, tendo sido publicados 44 números. Era impresso em um prelo de madeira e bronze e com material tipográfico trazido de Londres pelos liberais que, exilados em Inglaterra, vieram para a Terceira para preparar a luta contra o Absolutismo. A Chronica da Terceira teve as suas primeiras instalações na antiga casa de um miguelista e tenente-coronel das milícias de Angra, José Teodósio de Bettencourt Lemos, na rua da Sé. Em 1831, a Crónica da Terceira deu lugar, a partir de 3 de abril, ao semanário Chronica, também de índole liberal. Foram publicados 41 números e 1 suplemento. A 29 de maio de 1832, o jornal cessou atividades, estava a preparar-se o desembarque no continente português. Com as vitórias liberais, era criada a Crónica Constitucional, com sede no Porto, que procurava divulgar as diretrizes, atos e decretos liberais. Contudo, a experiência terceirense marcou indelevelmente o futuro do jornalismo liberal. Além disso, em recompensa ao apoio dado à causa liberal, D. Maria II atribuiu, a 12 de janeiro de 1837, a Angra, o cognome de “mui nobre leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo” e o de “Muito Notável” à Praia da Vitória. A imprensa liberal foi necessária, não só na divulgação, mas também na preservação dos ideais de liberdade que o Liberalismo tanto defendia. A Crónica da Terceira foi o primeiro periódico regular dos Açores e teve um papel forte e importante no seu tempo, sendo, atualmente, uma excelente fonte histórica para o estudo do Liberalismo e da profí-

cua legislação que Mouzinho da Silveira promulgou, e que foi responsável pelo novo mapa concelhio nascido no século XIX.



Em dia comemorativo do 34º aniversário do Jornal da Praia, é importante relembrar que é essencial o respeito pelos direitos e deveres dos jornalistas em informar, em fazer uma imprensa mais verdadeira, realista e isenta possível. Contudo, infelizmente, há várias entidades que fazem pressão e que tentam camuflar a realidade dos factos. Se é verdade que estamos em Democracia, também é bem real que a crise tem sido utilizada para restringir as liberdades. A classe jornalística também necessita de procurar fazer mais investigações e não apenas suposições, sem ir ao fundo dos factos. Não se podem criar notícias, é dever dos jornalistas analisar a realidade para serem o mais isento possíveis e não terem tendências partidárias. Nota: A maioria dos historiadores aponta a data de 17 de abril de 1830 para a publicação do 1º número da Crónica, mas no fac-simile do 1º número, publicado numa Edição comemorativa do 175º aniversário da Chronica da Terceira da DRAC vê-se a data de 14 de abril. * Doutorando em História Moderna e Contemporânea, Especialidade em Defesa e Relações Internacionais Historiador/Investigador

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