A DÊIXIS SOCIAL E A EMERGÊNCIA DE IDENTIDADES EM CARTAS DE EVANGÉLICOS

May 31, 2017 | Autor: Rosângela Nogueira | Categoria: Pragmatics, Deixis
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A DÊIXIS SOCIAL E A EMERGÊNCIA DE IDENTIDADES EM CARTAS DE EVANGÉLICOS Francisco Jardes Nobre de Araújo Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa1

RESUMO: O artigo trata da dêixis social, ou seja, a forma pela qual aspectos sociais são codificados na língua, tomando como exemplo a identidade evangélica na língua portuguesa falada no Brasil. Parte da análise de três cartas escritas por evangélicos em três décadas diferentes do século XX, a saber, em 1940,1958 e 1978, tendo como destinatário um pastor da Assembleia de Deus no Ceará. A análise baseia-se, sobretudo, em Levinson (2007) e Lyons (1987), que realizaram trabalhos acerca de fenômenos da Pragmática, como a dêixis e o uso dos pronomes pessoais como forma de expressar poder e/ou solidariedade. Tem como objetivo verificar como a dêixis social se manifesta em nossa língua, partindo da hipótese de que, por ser um grupo minoritário no país, os evangélicos, sobretudo os pentecostais, acabam por deixar transparecer em sua forma de comunicação elementos que codificam sua orientação religiosa. Conclui que, em português, a dêixis social se dá tanto por meio de elementos gramaticais, como os pronomes pessoais, quanto pelo uso de honoríficos, os quais podem ser termos que são preferidos por determinados grupos sociais minoritários em detrimento de outros usados pela maioria. Palavras-chave: Pragmática. Dêixis social. Identidade social.

1 DÊIXIS: UM ELO ENTRE LÍNGUA E CONTEXTO Dentro dos estudos linguísticos, a dêixis tem se mostrado fonte inesgotável de discussões. Em sua essência, o fenômeno é pragmaticamente orientado, apontando para as relações entre a enunciação e contexto, de modo que as dimensões de pessoa, tempo e lugar que envolvem a enunciação aparecem codificadas na língua. Levinson (2007, p. 65), ao tratar do fenômeno, esclarece a etimologia da palavra dêixis, apontando que o termo é tomado de empréstimo “...da palavra grega que significa apontar ou indicar...”. “Dêixis”, portanto, vem do grego antigo δείξις (“ato de mostrar, indicar”, “referência”), do verbo δείκνυμι (“mostrar”). Se aponta ou indica, a codificação na língua se dá, por excelência, a partir dos demonstrativos (este, esse, aquele), dos pronomes de primeira e segunda pessoas (eu/nós, tu/vós, você(s)), do tempo verbal e dos advérbios temporais (ontem, hoje, amanhã, agora etc.) e espaciais (aqui, aí, ali etc.), além dos traços gramaticais ligados diretamente às circunstâncias enunciativas (Levinson, 2007). 1

Respectivamente,Mestrando e Doutoranda em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará.

Sobre essa relação direta entre enunciação e contexto, é possível afirmar que a completa interpretação dos dêiticos só é possível a partir das coordenadas da enunciação. Ligadas, então, ao ato enunciativo, mais especificamente à Enunciação, pode-se apontar como categorias dêiticas tradicionais a marcação de pessoa, lugar e tempo. A dêixis de pessoa remete aos parceiros da enunciação, a dêixis de lugar remete à codificação espacial que envolve a enunciação e a dêixis de tempo remete as demarcações temporais que envolvem a enunciação. A essas categorias tradicionais, duas outras foram acrescentadas por Fillmore: a dêixis de discurso e a dêixis social. A primeira está relacionada à referência feita a porções do discurso em construção e a segunda diz respeito à referência aos papéis sociais dos envolvidos na enunciação. Para este trabalho, interessa especificamente a dêixis social, objeto da próxima seção.

2 A DÊIXIS SOCIAL Quando se trata de estabelecer os papéis sociais na comunicação, a língua dispõe de recursos que dão indicativos de que tipo de relação se mantém entre os interlocutores ou entre eles e outro referente no discurso. Segundo Fernández (2003): Una parte esencial de cualquier intercambio lingüístico tiene que ver con el modo en que los participantes se interpretan a sí mismos y a los demás, haciendo explícitas una serie de relaciones complejas, bien asimétricas (como la de respeto y su contrapartida, la condescendencia, o la adulación y sus contrapartidas, el paternalismo y el descontento), o bien simétricas, cuando ambas partes convergen en el mismo grado de formalidad, de cortesía o de intimidad (Muhlhäusler & Harré 1990).

Essas relações sociais codificadas na língua são abarcadas pelo que se conhece como dêixis social. Levinson (2007) aponta o fato de que a dêixis social, com base em Fillmore (1975, p. 76), está relacionada à codificação feita na língua da realidade da situação social em que o ato de fala ocorre, de modo que aparecem codificadas as identidades sociais dos falantes, na relação entre si ou com outras entidades a que se faça referência durante a enunciação. Como exemplos da gramaticalização dessas relações, têm-se os pronomes e formas de tratamento baseadas na (im)polidez. De acordo com Vazquez (s/d), a dêixis social diz respeito ao modo como os falantes explicitam, na interação, a relação social existente entre eles, a partir do uso de

determinadas palavras, expressões, gestos etc. De acordo com o autor, “...when two people address or refer to each other, they select from the repertoire offered by their language, the appropriate word, expression, gesture, etc. to make explicit their relationship; this means, they reveal their relationship with their choice.” (p. 58). Levinson (1979) aponta, ainda, dois tipos básicos de informações socialmente dêiticas codificados na língua: a relacional e a absolutiva. Segundo Levinson (2007, p.111), A variedade relacional é a mais importante e as relações que geralmente são expressas são aquelas entre: (i) falante e referência por exemplo, honoríficos que se aplicam ao referente) (ii) falante e destinatário (por exemplo, honoríficos que se aplicam ao destinatário) (iii) falante e espectador (por exemplo, honoríficos que se aplicam ao espectador ou ao público) (iv) falante e ambiente (por exemplo, níveis de formalidade)

Nos casos (i) e (iii), salienta o autor, pode-se falar em honoríficos apenas quando essa relação apontar para o nível hierárquico ou para o respeito relativos. Os tipos de relações sociais codificadas na língua dependem das relações disponíveis no sistema social de uma determinada comunidade, podendo, portanto, variar conforme a comunidade. No caso da relação absolutiva, os dêiticos apontam para a codificação de um aspecto advindo de autorização social, considerando o que Levinson (1979, 2007) chama de falantes autorizados, aqueles a quem cabe o uso de formas específicas de honoríficos, e, ainda, os receptores autorizados, aqueles a quem cabem restrições quanto aos pronomes de tratamento direcionados a eles. Assim, em tailandês, mulheres não podem usar o morfema khráb, que é de uso exclusivo dos homens. No tupi falado pelos índios da costa brasileira à época do Descobrimento, havia uma interjeição de vocativo usada por homens (gûé! ou gûy!) e outra por mulheres (îu! ou îó!). Vazquez (s/d) afirma que as relações sociais entre interlocutores podem se manifestar de duas formas: pronominalmente ou nominalmente. No primeiro caso, as gramáticas das línguas oferecem pronomes específicos que codificam as diferenças das relações sociais. É o caso da maioria das línguas indo-europeias, que fazem uma distinção entre as formas T (usadas para indicar uma relação simétrica entre os interlocutores) – tu (e flexões) nas línguas românicas; du (e flexões) nas línguas germânicas (o thou inglês ainda se mantém em textos antigos e religiosos); ty (e flexões) nas línguas eslavas; etc. – e as formas V (usadas para indicar uma relação assimétrica entre os

interlocutores ou para denotar distanciamento e respeito) – vous (fr.), Usted (esp.), dumneata (rom.), Sie (al.), Lei (ital.), Państwo (pol.) etc. Nas línguas do Extremo Oriente e do Sudeste Asiático, como o coreano, o japonês, o balinês etc., há pronomes pessoais específicos para o sexo, o grau de parentesco ou idade dos interlocutores. Para Lyons (2011 [1987]), o uso das formas T e V, na maioria das línguas em que há essa distinção, está relacionado aos conceitos de poder e solidariedade, sendo o uso não-recíproco dessas formas um indicador de uma diferença de status reconhecida: alguém que ocupa posição social superior usará T para os seus inferiores, mas será tratado por estes como V. No segundo caso, não há codificações específicas por meio de pronomes disponíveis para os falantes, impondo-lhes o uso de nominalizações, como ocorre em inglês, que, com a perda da forma thou (2ª p. sing.), estendeu a forma you (2ª p. pl.) tanto para as relações simétricas quanto assimétricas, mas recorre a expressões como Your Highness (Vossa Alteza), Sir (Senhor) para manifestar a natureza das relações sociais no discurso. Para Cavalcante (2011, p. 96), os pronomes pessoais são os dêiticos por excelência, pois apontam diretamente aos sujeitos da enunciação servindo, muitas vezes, para marcar também as relações entre esses sujeitos. Porém, a existência de um sistema pronominal, de acordo com Vazquez, para codificar as relações, não anula a possibilidade de uso de nominalizações para codificá-las. Cada sistema linguístico pode ou não comportar as duas possibilidades, sendo da competência dos falantes escolher o que lhe parecer pertinente em cada interação, se o sistema comporta as duas. Manning (2001) parece entender a dêixis social por uma perspectiva qualitativamente diferente, afirmando existirem casos de dêixis em que a interpretação não está relacionada ao contexto situacional, mas ao contexto sociocultural, sendo a esses casos que reserva a expressão dêixis social. Diz o autor: I argue that there exists a set of indexical relations relevant to some forms of deixis that cannot be so characterized, for example, perduring indexical relations of kinship, coresidence, religious affiliation, work or property ownership, to name a few. Such relations can only be grasped as perduring if they transcend any single situation. (…) I call this form of deixis, whose relationality is less contingent that that of situational deixis, ‘”social deixis” (MANNING, 2001, p. 57).2

2

Defendo que existe um conjunto de relações indexicais relevantes para algumas formas de dêixis que não pode ser assim caracterizado, por exemplo, relações indexicais perenes de parentesco, convivência, filiação religiosa, trabalho ou propriedade, para citar alguns. Tais relações só podem ser compreendidas como perenes se transcenderem qualquer situação isolada. (...) Eu chamo este tipo de dêixis, cuja relação é menos contingente do que a da dêixis situacional, de “dêixis sociais”. (Tradução nossa)

O autor também defende que os dêiticos sociais assemelham-se aos índices de Pierce, pois são signos que apontam para uma referência associativa, e não convencional (como os símbolos) ou imitativa (como os ícones), propondo, inclusive, que a designação “dêiticos sociais” deveria ser “índices sociais”. Observando a diferença estabelecida por Levinson entre o aspecto relacional e o aspecto absolutivo da dêixis social, a definição de Manning parece se restringir ao que Levinson denomina absolutivo, desconsiderando os casos em que a significação social da dêixis emerge do próprio discurso. No entanto, ao relacionar discurso e contexto, pode-se observar que mesmo os pronomes que não estão tradicionalmente ligados aos honoríficos que representam a dêixis social podem ser (re)significados. Lima (2011), ao tratar da relação entre dêixis, identidade social e discurso, aponta para o fato de que “... este tipo de dêixis [social] exerce um papel importante na cadeia enunciativa, pois encapsula identidades sociais construídas discursivamente acerca dos sujeitos envolvidos na enunciação.” (p. 3). Assim, a dêixis social significa não apenas em função da situação extralinguística, mas aponta linguisticamente para o modo como interlocutores constroem as referências no discurso, fazendo emergir representações sociais de si e dos outros referenciados. Ao referir o estudo de Fina (1995), Lima observa que a completa interpretação de um dêitico depende de outros elementos presentes no discurso, de modo que a diversidade de formas pronominais usadas no discurso, a frequências dessas formas, a consistência de referência e o ambiente textual são “alças” que permitem alcançar os 'significados implícitos' presentes nos pronomes usados (Lima, 2007). 3 A DÊIXIS SOCIAL EM CARTAS DE EVANGÉLICOS Para um estudo de como as relações e as identidades sociais podem ser codificadas na língua, no caso, a língua portuguesa utilizada no Brasil, analisaremos três cartas escritas por evangélicos de diversos pontos do país para o pastor José Alencar de Macedo (1899-1991), um dos mais atuantes membros da Assembleia de Deus no estado do Ceará. A primeira carta (ANEXO I), datada de 1940 e enviada de Porto Velho, tem como remetente um pastor cunhado do destinatário e de mesma faixa etária deste. A segunda carta (ANEXO II), datada de 1958 e enviada do Rio de Janeiro, foi escrita por uma senhora amiga do pastor e também de mesma faixa etária deste. A última carta (ANEXO III), de 1978 e

enviada de São Paulo, é de uma irmã germana (ou de sangue) do pastor, treze anos mais nova que este. A amostra servirá para ilustrar como as condições extralinguísticas do falante (sexo, idade, relações de parentesco, solidariedade, religião etc.) podem ser codificadas na língua e como esta marca a identidade dos interlocutores, assunto de interesse tanto da Pragmática, como aponta Levinson (2007, p. 8) ao dizer que esta “é o estudo da linguagem a partir de uma perspectiva funcional (grifo no original) considerando-se o contexto, quanto da Sociolinguística, conforme a definição de Mollica (2008, p. 9) de que esta “estuda a língua em uso no seio das comunidades de fala, voltando a atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos linguísticos e sociais.” Como a dêixis social situa-se na fronteira das duas disciplinas, é oportuna aqui a discussão traçada por Levinson: O linguista interessado em delimitar o âmbito de uma teoria linguística geral pode recear que a descrição da dêixis social simplesmente confunda com a Sociolinguística e, com base nesse fundamento, poderia ser levado a excluir totalmente o estudo da dêixis social das descrições formais da língua. (...) A dêixis social, portanto, está interessada no significado e na gramática de certas expressões linguísticas (por exemplo, os problemas de concordância com os honoríficos), enquanto a Sociolinguística também está interessada, inter alia, em como estes itens são efetivamente usados em contextos sociais concretos, classificados por referência aos parâmetros do sistema social relevante. (LEVINSON, 2007, p. 115)

Cavalcante (2011), tratando da dêixis social, afirma que esta codifica relacionamentos sociais mantidos pelos participantes da conversação e que não é a interação linguística em si mesma, mas, sim, as relações sociais que determinam a seleção de títulos honoríficos e de outras expressões de intimidade ou de polidez ao condicionar a escolha dos níveis de maior ou menor formalidade no ato comunicativo. A escolha de cartas como corpus deste trabalho justifica-se por ser este um tipo de correspondência entre duas pessoas, sendo inegável, portanto, sua importância como instrumento para o estudo da linguagem, a qual reflete as relações sociais entre remetente e destinatário, reveladas, entre outros aspectos, na escolha das formas linguísticas para se dirigir ao leitor. As cartas usadas para a produção deste artigo foram cedidas por uma filha do destinatário, a qual nos forneceu informações adicionais que não poderiam ser depreendidas da leitura das correspondências, como idade dos remetentes, ocupação, relação com o destinatário. Por normalmente ser uma comunicação íntima, a carta pessoal aproxima bastante a fala da escrita, pois o remetente quer ser reconhecido em seu texto e, através dele, romper a

distância, aplacar a saudade e marcar sua presença. Deste modo, muitos aspectos da fala podem ser verificados na escrita em cartas pessoais, gênero textual que favorece a ocorrência de muitos fenômenos pragmáticos observáveis na fala. Quanto à escolha por cartas trocadas entre evangélicos, deu-se por ser este um grupo de usuários da língua que, sendo minoria (22, 2%) em nosso país – o maior país católico do mundo, com 64, 4% de sua população seguidora do Catolicismo, segundo dados do IBGE (Censo 2010) – procuram, em geral, se destacar da maioria católica, utilizando algumas expressões linguísticas que os identificam como correligionários, como a palavra irmã(o), que pode ser considerada, neste caso, um dêitico social.

3.1 Expressões e nominalizações dêiticas Segundo Fairclough (2001, p. 90), o discurso constitui o “uso de linguagem como forma de prática social e não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveis situacionais”, Sendo assim, ao escrever uma carta, o emissor (remetente) deixa transparecer em seu texto marcas de sua relação com o destinatário, o que se dá, por exemplo, com o uso de honoríficos ou de pronomes ou, ainda, de expressões que identificam tanto o emissor quanto o receptor como pertencentes a determinado grupo social (religião, sexualidade, estado civil, profissão, status etc.). Analisando uma carta escrita em outubro de 1940 (ANEXO I) por um pastor evangélico ao cunhado, também pastor, notamos, na saudação, a expressão “Saudações no Senhor”. Embora tal expressão não seja, em si, privativa de evangélicos, pode ser considerada um indicativo deste grupo social. De um total de 300 cartas usadas que coletamos (95 de evangélicos e 205 de não evangélicos), expressões de saudação com as palavras “Senhor”, “Cristo” e “paz” aparecem em 84,2 % (80 cartas) das cartas de evangélicos e em apenas 10,2 % (21 cartas) das escritas por não evangélicos, sendo que 66,6% (14 das 21) destas cartas foram escritas por padres ou seminaristas. Na referida carta, o primeiro parágrafo inicia com a expressão “A paz do Senhor”. Usada como forma de saudação em 66 das 95 cartas escritas por e para evangélicos, como na carta de 1958 (ANEXO II), esta forma de cumprimento foi criada, segundo Almeida (1982), pela igreja Assembleia de Deus, em 1911, em Belém do Pará, passando a ser usadas por outras designações evangélicas pentecostais. Assim, através desta saudação, o indivíduo afirma-se como evangélico perante os demais. A expressão não deve ou não costuma ser dirigida a alguém que não seja correligionário, sendo, neste caso, substituída pelas formas

comuns de cumprimento (“Como vai?”, “Tudo bem?” etc.). O uso dessa expressão ilustra bem a afirmação de Fillmore (1975, apud LEVINSON, 2007), quando diz que existem formas reservadas para certos falantes, os “falantes autorizados” (LEVINSON, 2007, p. 113), o que constitui um tipo de informação socialmente dêitica. Nas palavras de Reisigl e Wodak (2001, p. 45), expressões assim mostram “como os atores sociais podem ser representados em termos, por exemplo, dos in-groups e dos out-groups”. Em outras palavras, as identidades sociais podem ser construídas sob a ótica do pertencimento e não-pertencimento a determinado grupo, comunidade, etc. Além do cumprimento com “Paz do Senhor!”, que constitui um dêitico social para identificar o indivíduo como evangélico, outras saudações com a palavra “paz” podem ser consideradas dêiticas por apontarem para um pertencimento do emissor a um grupo social ainda maior, que é o Cristianismo. Das 300 cartas, 23 foram escritas por um padre, que utiliza “Saudações e paz” em 20 delas, e 3 por seminaristas, nas quais ocorrem as expressões “Paz em Cristo” (1 carta) e “Paz e bem” (2 cartas). O costume de cumprimentar o outro lhe desejando a paz tem base na Bíblia, o livro sagrado do Cristianismo. Em algumas passagens bíblicas, Jesus saúda os discípulos com “Paz seja convosco” (Lc 24:36; Jo 20:26); e mais a série de saudações de “Graça e Paz” anotadas pelo apóstolo Paulo em suas diversas cartas. No livro de Lucas 10:5-6, Jesus ordena: “Na casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, a paz voltará para vós”. É interessante notar que a saudação “A paz do Senhor”, que não é usada como cumprimento na carta comentada, também não o é na carta de 1978 (ANEXO III), escrita para o mesmo destinatário, o pastor José Alencar de Macedo, por uma de suas irmãs de sangue. Nesta carta, a expressão surge no primeiro parágrafo (“aqui tudo na paz do Senhor”) como forte indicativo da identidade evangélica da remetente. Isso nos leva a deduzir que a expressão é dispensada entre os evangélicos membros de uma mesma família ou que mantenham entre si uma relação de intimidade. O remetente da carta de 1940 é cunhado do destinatário. Ambos os remetentes encontravam-se, quando escreveram ao pastor, em estados muito distantes daquele no qual se achava o destinatário. O da de 1940 estava em Rondônia e a carta de 1978 é oriunda de São Paulo. Em ambas as ocasiões, o pastor encontrava-se em Quixadá, no Ceará, o que nos leva a concluir que remetente e destinatário não se viam havia algum tempo, como também sugerem o segundo e o terceiro parágrafos da carta de 1940 e o trecho “estou te escrevendo para matar um pouco as saudes (sic) que sinto de vocês.” da carta de 1978.

Ainda nesta carta, a remetente pede ao destinatário a cópia de um hino do qual ela diz gostar muito. A palavra “hino” (na carta, “ino”) é típica do vocabulário evangélico – os católicos preferem “cântico” – e pode ser considerada, neste caso, uma marca socialmente dêitica. Seguindo com a análise da referida carta de 1940, o pastor remetente comenta com o pastor destinatário sobre a experiência que está tendo com a evangelização em Muanense, localidade do município de Humaitá, na fronteira do Amazonas com Rondônia, às margens do rio Madeira. No terceiro parágrafo, através das expressões “anuciando o evagelho” (sic), “30 pessôas tem crido no Senhor” (sic) e “já fiz 16 batisados (sic)”, o autor da carta firma-se como pastor evangelista, ou seja, que está em missão de difundir sua doutrina conquistando novos fiéis para sua igreja. São palavras que apontam para um indivíduo identificando-o com sua religião e com a prática social. Com maior valor de dêitico social é a exclamação “Gloria aDeus Aleluia” (sic) com que o pastor encerra sua descrição dos êxitos obtidos nas tentativas de evangelização. A expressão usada na carta consiste de duas locuções interjectivas sinônimas: “Glória a Deus!” e “Aleluia!”. Esta, do hebraico ‫ּהָ לּו לְל ַה‬, transliterada como halleluya, que significa “louvemos a Deus”. É um vocábulo composto de hallelu e Yah. Literalmente, significa “Louvai Yah”. Yah é uma forma breve de YHWH, considerado pelos cristãos como o nome divino, o tetragrama sagrado, em torno do qual gira certa polêmica se a esta palavra equivaleria Jeová (YEHOWAH) ou Javé (YAWEH), uma vez que, em hebraico, não se usam letras para representar as vogais. Na Bíblia, aparece 28 vezes, entre as quais 4 no Apocalipse. No Antigo Testamento, aparece, sobretudo, nos Salmos 113-118. Exclamar “Aleluia!” quando algo dá certo é próprio dos cristãos, mas exclamar “Glória a Deus! Aleluia!” é tipicamente evangélico. Os não evangélicos dizem “Aleluia!” como uma forma equivalente de “Viva!” (LUFT, 1996, p. 161). Continuando seu relato da experiência com a evangelização na Amazônia, o pastor cita as dificuldades enfrentadas, mencionando um subdelegado que, segundo ele, estaria fazendo mal às pessoas do lugar. O pastor refere-se a ele como “coronel de barranco”, “o tal” e “rapozo”, evidenciando, assim, sua visão pejorativa do homem. Ao introduzir o assunto, o remetente escreveu: “Os homens de Bélial (sic) tem se levantado contra Cristo e seu povo nesse logar (sic)”. Belial (do hebraico ‫ )בללעל‬é um dos nomes para se referir a Satanás e significa “imprestável”, “sem proveito”. É mencionado no Novo Testamento como o oposto da luz, do bem e de Jesus Cristo (2 Cor 6:15). Seria o mais importante demônio na Terra, que comandava as forças da escuridão contra os “filhos da luz” que serviam Satã.

Criado junto com Lúcifer, de Belial foi dito “Rei do inferno” e comandante de 80 legiões (WEOR, 1985, p.15). Ao referir-se a alguém resistente à conversão ao Protestantismo desta forma, o pastor deixa transparecer sua relação com o referente, evidenciando-o como este é visto por aquele na sociedade. Já para se referir ao correligionário que o auxilia na pregação do evangelho na Amazônia, o pastor remetente utiliza o termo “companheiro”, deixando clara a noção de apoio e solidariedade, uma vez que a palavra (que vem do latim companio, de com- [pref. que denota “auxílio”, “união”] e panis [“pão”]) originalmente significava “o que come do mesmo pão”. Para Levinson (2007, p.113), existem palavras que trazem uma informação dêitica social que se localizam no eixo falante-referente e que, “por boas razões sociológicas, esses honoríficos do referente são encontrados para os indivíduos que têm participação na ação, seu grupo social, suas ações e pertences”. É o caso de “companheiro”, na carta de 1940, e de “hino”, na de 1978. Também se pode comentar o caráter de dêitico social do verbo “orar”, preferido pelos evangélicos, que rejeitam o verbo “rezar”, mais usados por católicos. O verbo aparece na carta de 1958 (“Ore por mim”) e na de 1978 (“ore muito por mim para o Senhor me dar forças”). O verbo origina-se da palavra latina os, oris (“boca”) e significa, etimologicamente, “falar” (cf. causam alicuius orare, “falar em defesa de alguém”). Já “rezar” vem de recitare, “citar de novo”, “fazer leitura pública” (DICIONÁRIO, 2001). Os evangélicos defendem que eles oram, e não rezam, reservando “rezar” para o ato de repetir as orações que já se sabem de cor, coisa que eles não fazem. Em vez disso, proferem suas orações de improviso. Entretanto, a dêixis social encontra mais expressão na palavra “irmão”, amplamente usada pelos evangélicos de todo o país. A palavra “irmão” vem do adjetivo latino germanus, derivado de germen, “broto” (de planta), “descendência” (cf. REZENDE e BIANCHET, 2005). Usado em frater germanus, significava “irmão de pai e mãe” (CUNHA, 2010), mas hoje tem seu significado estendido a “correligionário”, “membro de uma irmandade” (FERREIRA, 2009). Nesta acepção, trata-se de um honorífico, que, para Levinson (2007, p.76), é uma forma linguística que codifica “o grau hierárquico relativo do falante e do destinatário” e consiste “nas escolhas dos pronomes, das formas de interpelação ou vocativos e expressões de tratamento.” É sabido que os evangélicos tratam-se uns aos outros antepondo ao nome a palavra “irmão”, conforme mostram os trechos “de seu irmão e conhado (sic) Juvenal Roque de Andrade” (carta de 1940, ANEXO I), “Prezado irmão Zequinha” (carta de 1958, ANEXO II) e “teve notícias do irmão Artur?” (carta de 1978, ANEXO III) ou usando-a como vocativo,

como no trecho “Sim, irmão, eu para trabalhar tenho que...” (ibid.).

O honorífico é

dispensado nos casos de intimidade, como no trecho “Prezado Zeca” (carta de 1978, ANEXO III), em que a remetente se dirige ao próprio irmão de sangue – o que nos faz perceber o afastamento do significado original da palavra: ao irmão de pai e mãe (sentido original de “irmão”) não se trata por “irmão”, mas apenas ao correligionário, com o qual não se tem parentesco. Pode-se concluir, então, que “irmão”, tal como é usado pelos evangélicos, além de indicar o pertencimento à mesma igreja, indica também o não pertencimento à mesma família e, por conseguinte, marca um distanciamento social entre os interlocutores.

3.2 Os pronomes pessoais como dêiticos sociais

A língua é um instrumento de interação social entre seres humanos, usada com o fim primário de estabelecer relações comunicativas entre falantes e endereçados (DIK, 1978 apud GIVÓN, 1995). Sendo assim, as relações que os interlocutores estabelecem entre si acabam, naturalmente, sendo codificadas na língua. Sobre isso, Fernández (2003, p. 2-3) assegura que, Cuando las lenguas codifican gramaticalmente el tipo de relación social que se establece en el acto de interlocución, con mucha frecuencia lo hacen a través de los pronombres personales, pues su propiedad de puntos de anclaje conversacional, en cuanto deixis de persona, los convierte en la parte más adecuada de la gramática para incorporar los aspectos más rutinarios de la deixis social.3

Os estudiosos da linguagem (cf. LYONS, 2011 [1987]; LEVINSON, 2007) têm feito uma distinção entre as formas pronominais de uso familiar (a que se convencionou chamar formas T) e as de uso polido (formas V). No português, as formas T são representadas por tu, te, ti, contigo e teu, enquanto as formas V são você, o/a, lhe, se, si, consigo, seu e as formas de tratamento o(a) senhor(a), Vossa Senhoria, etc. Conforme Luft (1995, p. 56), “(a língua portuguesa) emprega também o plural pelo singular a um só ouvinte, em linguagem poética ou respeitosa: Vós fostes eleito(a)...” Câmara Jr. e Lima (1959, p. 40-2) chamam as formas polidas de “Segunda pessoa indireta” e encontram em Said Ali (1964, p. 93) apoio, quando este diz que, com o correr do tempo, criou-se um tratamento indireto que “consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria.” 3

Quando as línguas codificam gramaticalmente o tipo de relação social que é estabelecido no ato de diálogo, muitas vezes o fazem através dos pronomes pessoais, pois sua propriedade como pontos de ancoragem conversacional, enquanto dêixis de pessoa, converte-os na parte mais adequada da gramática para incorporar aspectos mais rotineiros da dêixis sociais.(Tradução nossa)

O uso das formas T/V constitui, portanto, um caso de dêixis social. No início da carta de 1940, lê-se “Apas do senhor seja com todos vós, que amáes, o Senhor e sua vinda, e o seu reino, e que agraça do Senhor seja multiplicada em vossos corações.” (sic – grifo nosso). Já na de 1958, lê-se: “É com o coração partido de saudades que estou escrevendo esta cartinha para dar-vos as minhas notícias e obter as suas” (grifo nosso). Nota-se, nestes trechos, o tom respeitoso e polido com que os remetentes se dirigem ao destinatário, fazendo uso de formas V (vós, vos, vossos) que, na língua portuguesa do século XX, já haviam caído em desuso na linguagem cotidiana e sido suplantadas pelas formas vocês, seus etc. O uso de vós (e flexões) persiste ainda na linguagem religiosa. Seu uso nas cartas dos evangélicos adviria, portanto, da influência da linguagem bíblica a que estão acostumados e constitui, por isso, mais uma forma de instaurar a identidade evangélica no discurso. Nota-se, ainda, o fenômeno que os sociolinguistas chamam de variação (cf. MOLLICA e BRAGA, 2008, p. 10) nesse trecho da carta de 1958, que é o uso de suas correlacionado ao de vos, quando, pelas normas de concordância da língua culta, deveria ser vossas. O remetente da carta de 1940, que era cunhado do destinatário, trata este ora por uma forma V (“e todos lhe pedem a bençãm”), ora por uma forma T (“sequiosa em ver-te”). A alternância T/V também se verifica na carta de 1978, trocada entre dois irmãos de sangue. A remetente, que era treze anos mais nova que o irmão, trata-o predominantemente por T (“estou te escrevendo”, “quero te pedir”, “eu choro muito com tuas saudades”, “aceite de tua irmã um forte abraço”), mas usa o verbo na 3ª pessoa (“teve notícias do irmão Artur?”, “diga a Mariinha que..”, “recomende-me a todos os irmãos”, “aceite de tua irmã”) a 2ª pessoa indireta (forma V) após preposição (“queria ficar junto de você”, “para você e Mariinha”). Isso revela as mudanças nos usos das formas T/V discutidas por Lyons (2011 [1987], p. 235): O uso não-recíproco [das formas T/V] tem declinado na maioria das línguas europeias desde o século XIX. (...) Isto se explica historicamente em parte pela propalação de atitudes mais igualitárias ou democráticas nas sociedades ocidentais e em parte pela importância crescente do fator solidariedade, marcada não simplesmente pelo uso recíproco como tal, mas mais particularmente pelo uso recíproco de T. (...) o uso recíproco de T entre colegas e conhecidos aumentou bastante nos últimos anos, em todos os níveis sociais (...)

Essa alternância não se verifica na carta de 1958, em que a remetente, amiga do destinatário e de sua família, utiliza-se apenas de formas V (“o mesmo lhe desejo juntamente aos seus entes queridos”, “sempre lhe vendo”, “daqueles dias que passei aí em vossa casa”, “Aqui fica sua velha irmã e amiga de sempre”), o que aponta para a relação social existente entre ambos, que era a de respeito e formalidade. Sendo uma senhora casada que se dirigia a

um homem de 59 anos, pastor e também casado, a remetente deixa claro o distanciamento que a sociedade dos anos 1950 esperava que houvesse entre uma mulher casada e outro homem que não fosse seu cônjuge nem seu parente próximo quando escreve “Abrace Mariinha [esposa do destinatário] e Mariinha dê um abraço em si por mim.” O uso deste si, contrariando o que recomendam as gramáticas normativas do português, não é reflexivo – não se refere à “Mariinha”, como pode parecer (a remetente não está sugerindo que Mariinha abrace a si própria) – mas refere-se ao pastor destinatário e sugere que não ficaria bem a ela, remetente, mandar um abraço diretamente para o pastor; melhor sugerir que a esposa deste o faça por ela.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dêixis social, como ficou claro, é a codificação, na língua, dos papéis e relações sociais que os interlocutores desempenham. Essa codificação pode se dar, em algumas línguas, de forma mais gramatical, no sistema pronominal e no sistema de flexão verbal, por exemplo; em outras, de forma mais lexical, como com o uso de determinados honoríficos, termos e expressões que apontam para status ou uma identidade social do falante, do destinatário ou do referente. Neste artigo, procuramos analisar esse tipo de dêixis na referência à identidade evangélica pentecostal em cartas escritas em três períodos diferentes do século XX. Tais documentos nos forneceram subsídios para a análise de como a dêixis social se dá na língua portuguesa, tomando como ponto de partida um grupo que, na sociedade brasileira, representa uma parcela considerável da diversidade religiosa do país e que, de modo geral, procura diferenciar-se da maioria católica. As cartas, além de evidenciarem o pertencimento dos remetentes ao segmento social citado, dão pistas de outros aspectos não linguísticos que os envolvem no ato comunicativo, como o tempo (eram cartas com, no mínimo, 18 anos de diferença entre elas), sua relação com o destinatário, o sexo e a idade dos interlocutores, o que poderia aprofundar a análise. Não o fizemos, porém, para não nos afastar muito dos limites da Pragmática e adentrarmos no campo da Sociolinguística. Esperamos que nosso objetivo tenha sido alcançado e que o trabalho possa ser aproveitado em artigos posteriores, que possam ampliar a discussão e assim contribuir com os estudos de Pragmática em língua portuguesa.

REFERÊNCIAS

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LIMA, Gustavo Henrique. A Dêixis Social e a Emergência de Identidades no Discurso Docente. Uberlândia: EDUFU, 2011 (Anais do SILEL, volume 2, número 2). LUFT, Celso Pedro. Novo manual de português. São Paulo: Globo, 1995. ______. O romance das palavras. São Paulo: Ática, 1996. LYONS, John. Lingua(gem) e Linguística. Rio de Janeiro: LTC, 2011. REISIGL, M. e WODAK, R. Discourse and discrimination : rhetorics of racism and antisemitism. London, New York: Routledge. 2001. REZENDE, Antonio Martinez e BIANCHET, Sandra B. Dicionário do latim essencial. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. VAZQUEZ, Ariel. The use of Tú and Usted in Mexican Compadrazgo Relationships. Estro: Essex Student Research Online Vol 1 (1): 58 – 68 . S/d WEOR, Samael Aun. Glossário gnóstico. Trad. Paulo Ricardo Saldanha. Porto Alegre: Gnose, 1985. Sites consultados: http://en.wiktionary.org http://pt.wikipedia.org http://www.etymonline.com

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