A descriminalização da maconha e o impacto na saúde pública
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A descriminalização da maconha e o impacto na saúde pública Bruno Oliveira, Cecília Queiroz, Milena Prado
Números e Dados 80% dos usuários de entorpecentes no mundo consomem maconha. = combate à cannabis, a planta da maconha. (BURGIERMAN, 2011)
“na Europa o debate sobre a cannabis continua a estar largamente centrado nos potenciais custos para a saúde associados a esta droga”.
a cannabis é citada como a droga ilícita mais experimentada em todas as faixas etárias
80 milhões de pessoas = quase 1/4 da população adulta da União Europeia já experimentou (OEDT - Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, 30 países, 2015)
População do Brasil (204 milhões) + Canadá (36 milhões) + Paraguai (7 milhões) = número de usuários de drogas no mundo.
Relatório Europeu sobre Drogas
UNODC = 246 milhões - entre 15 e 64 - drogas ilícitas no mundo em 2013
Dados da UNODC 2015
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime de cada 10 consumidores, mais de um sofre transtornos
= população da Malásia
OU = população de Goiás e Minas juntas
O impacto na saúde pública vista pelo UNODC de cada 10 consumidores, mais de um sofre transtornos ocasionados pelo uso de drogas
= metade usa drogas injetáveis = 5% está infectado pelo HIV = apenas 1 de cada 6 consegue tratamento
consumidores e mortes = estável
mundo x tráfico = guerra “A proibição agrega valor na cadeia produtiva clandestina.
Se existe uma demanda na sociedade e você tenta reprimir essa demanda por meios coercitivos, você aumenta a renda.
A máfia nasceu da proibição. Nós não aprendemos com isso?” (Henrique CARNEIRO, prof USP, 2014)
A discussão sobre políticas de enfrentamento às drogas é mundial.
De 19 a 21 de abril de 2016 foi realizada, em Nova Iorque, uma sessão extraordinária da UNGASS - Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Drogas.
O impacto na saúde pública visto pelo ungass 2016 O que é o Ungass? Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Drogas
= 193 estados membros da ONU - Organização das Nações Unidas = fez Declaração política sobre o controle mundial das drogas (1998) = fez nova Declaração Política e um Plano de Ação (2009)
META: conseguir, até 2019, reduzir ou eliminar completamente a oferta e a demanda das drogas!!!!!
SESSÃO ESPECIAL EM ABRIL 2016, EUA: ❖ ❖
FRACASSO:
redução da demanda;
redução do fornecimento; ❖
a meta de reduzir em 50% os novos casos de HIV por drogas injetáveis. ❖ ❖
direitos humanos;
novas ameaças e desafios;
desenvolvimento de alternativas.
decisões IMPORTANTES UNGASS 2016 para SAÚDE pública ●
dar atenção especial a grupos particularmente vulneráveis:
-
mulheres, crianças, jovens,
-
doentes mentais,
-
pessoas co-mórbidas e em
-
ambientes prisionais;
●
proporcionar saúde e assistência social, tratamento e reintegração aos usuários
●
recuperar usuários de drogas como uma alternativa para sanções penais
●
dar atenção aos problemas gerados a partir do uso de medicamentos não prescritos
●
desenvolver opções de tratamento
●
reduzir danos para os usuários de estimulantes.
decisões IMPORTANTES UNGASS 2016 para SAÚDE pública ●
fortalecer a responsabilidade comum e compartilhada ao lidar com o problema mundial das drogas;
●
ampliar serviços de reabilitação tendo em vista a recuperação;
●
ampliar ações que estão sendo implementadas com SUCESSO tais como
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educação
-
tratamento psicossocial
-
farmacológico;
-
prevenção:
a)
do uso de drogas,
b)
do HIV,
c)
da Hepatite C e
d)
de outras doenças transmitidas pelo sangue,
decisões UNGASS 2016 para SAÚDE pública lidar com o problema mundial da droga focado em uma abordagem de saúde pública centrada nas pessoas.
MEMBROS ENTENDEM:
●
uso e os distúrbios causados pelo uso das drogas são complexos
●
os problemas de saúde -
são crônicos
-
podem e devem ser tratados através de
-
intervenções e serviços baseados em
-
direitos humanos e evidências científicas.
RECOMENDAÇÕES UNGASS 2016 para SAÚDE pública A mesa também considerou: -
a ampliação urgente dos serviços de redução de danos,
-
maior uso da terapia de substituição de opiáceos,
-
o programa de agulhas de seringa,
-
a comunidade nas prisões e a
-
terapia anti-retroviral (contra o vírus HIV)
-
fazer previsão (doméstica e internacional) dos recursos.
RECOMENDAÇÕES UNGASS 2016 para SAÚDE pública -
atuar sob as três convenções internacionais sobre controle de drogas
-
assegurar a disponibilidade de substâncias controladas para uso médico e científico
-
fundamentar as políticas nacionais de medicamentos e estratégias na ciência, na saúde pública, nos direitos humanos
-
combater o estigma e a discriminação contra as pessoas que usam drogas
-
desenvolver alternativas:
a)
à criminalização para uso de drogas
b)
à posse para uso pessoal
USO NO MUNDO Portugal, desde 2001 não permite que ninguém seja preso por usar droga;
Uruguai, foi o primeiro país do mundo a legalizar a produção, a distribuição e venda de maconha sob controle do Estado em 2013 como estratégia de tirar o poder do narcotráfico e também o de reduzir a dependência dos uruguaios às drogas;
Estados Unidos, que dos seus 50 estados federados, tem 24 que já legarizaram a maconha, sendo 20 só para uso medicinal e quatro que liberaram totalmente o seu uso, tanto medicinal quanto recreacional: Oregon, Washington, Colorado e Alasca (GOVERNING, 2016).
Holanda, desde a década de 70 foi descriminalizada com o objetivo de evitar que os consumidores usassem drogas mais pesadas. “É evidente que temos níveis de consumo menores em comparação a outros países”. Margriet van Laar, Instituto Holandês contra Drogas (LAAR, 2010 apud BUGARIN,2010),
Brasil ministro Luís Roberto Barroso: descriminalizar a maconha é "um primeiro passo a uma política de legalização e eliminação do poder do tráfico" (SCHREIBER, 2015).
ministro Gilmar Mendes: voto pela descriminalização de todos os entorpecentes (relator do assunto no STF)
lei 11.343/06: punição usuário é a advertência, podendo a pena chegar a uma medida educativa.
O artigo 28 - discussão no Supremo Tribunal Federal por meio de um Recurso Extraordinário (RE 635659) movido pela Defensoria Pública de São Paulo, que questiona sua inconstitucionalidade. Gilmar Mendes e Barroso: a favor da inconstitucionalidade Teori Zavascki pediu vistas e parou processo
Porque seria inconstitucional - Constituição protege a dignidade da pessoa humana entendendo que cada pessoa é autônoma e tem capacidade de autodeterminação; protege a intimidade das pessoas, permitindo que dentro de casa, sem ofender ninguém, qualquer um pode consumir o que quiser. Aceita a pluralidade, respeitando diferentes modos de vida, estilo e ideologia.
Nossas Perguntas: A quem interessa a manutenção da proibição? corrupção mantêm a falta -
de vontade
-
de iniciativa estatal para enfrentar o tráfico e a dependência química da população.
Quem lucra com a proibição? muita gente que vive dessa proibição Ex.: indústria farmacêutica, a de bebidas alcoólicas e a de tabaco lucram bastante, pois as pessoas consomem as drogas lícitas (legais) e os remédios, principalmente as anfetaminas e também os que trabalham ou são fornecedores do Estado para: -
reprimir e manter os presos,
-
fazer frente ao aparelhamento armamentista dos traficantes em relação à polícia,
-
informatizar a inteligência policial
-
realizar todas as licitações para atender a todas as demandas = uniforme, alimentação, construção civil (presídios e hospitais), compra de equipamentos, tecnologia, contratação de funcionários públicos e terceirizados, etc).
impacto dos usuários no sistema de saúde Os USUÁRIOS de maconha: -
apresentam transtornos psiquiátricos
-
tendem a usar outras drogas
-
frequentemente apresentam HIV, tuberculose, hepatite C
-
são vulneráveis à contrair vírus transmitidos pelo sangue
-
quase nenhum acesso ao sistema público de saúde.
Nossa Conclusão Legalizar, descriminalizar e regulamentar o uso da maconha no Brasil pode aliviar, mas NÃO irá -
resolver o problema social
-
reduzir ou ampliar o número de pacientes que utilizam a rede de saúde pública
Se em algum momento houve a descriminalização, -
o sistema de saúde NÃO vai conseguir atender à demanda.
-
o governo já deveria ter realizado - de maneira mais eficiente - diversos investimentos na área da saúde para acudir aos dependentes e seus familiares.
concluindo... “a ideia de que o problema é a droga e não a sociedade da qual a droga faz parte (...) a manutenção do status quo tem a ver com a mídia e com aquilo que a mídia diz para as pessoas, como informação.” - Prof. Dr. Sidarta Ribeiro, neurocientista, UF - RN
“É o preço da proibição e a guerra aos entorpecentes que causam o lucro: o tráfico, a violência urbana e as indústrias construídas ao seu redor como a de segurança privada, a do armamento, a da corrupção, a do medicamento...“ - Prof. Dr. Henrique Carneiro, historiador social, USP
“Não há interesse em parar, não há vontade política de enfrentar o lobby, os traficantes ou a de trazer alento ao usuário ou à sua família e, infelizmente, não há nenhuma disposição estatal para educar a população para que mude seus hábitos e interrompa o consumo de entorpecentes.” - Prof. Dr. Marco Antônio Lima, Procurador de Justiça do Ministério Público SP
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