A Destreza das Armas: da Espanha a Portugal no século XVII

July 18, 2017 | Autor: Vivi Kawata | Categoria: Modern History, History Portuguese and Spanish, Modern Weapons
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A Destreza das Armas: da Espanha a Portugal no século XVII Viviane da Cruz Kawata Mestranda em História Social pela Universidade de São Paulo Bolsista FAPESP

Entre os anos de 1630 e 1632 o jovem soldado Diogo Gomes de Figueiredo redigiu um manual de manejo de armas brancas segundo uma técnica mais ou menos recente surgida na Espanha e conhecida como Destreza. Demonstrando sua erudição (própria dos homens cultos do século XVII), ele criou uma palavra para batizar seu livro: Oplosophia. Segundo o autor, me pareceo chamarlhe Oplosophia, valendome para melhor authorisar a composição desta palavra, da união, e forsa destes dous nomes Gregos, Oplon que quer dizer armas, e Sophos que senifica sabio, ou sapiente, que conjuntos formão o de Oplosophia e valem o mesmo, que sapiencia, ou sabeduria das armas; immitando desta sorte o modo dos nomes que os Philosophos antigos accommodarão com tam propria energia às melhores, e mais selectas sciencias1.

A obra final deveria ser publicada, finalmente, com o título de Oplosophia e Verdadeyra Destreza das armas, e foi dedicada a Gonçalo Barbosa (um dos Mestres de Armas de moços fidalgos de Portugal2). Mas, embora o manual tenha sido aprovado por todas as instâncias do Reino e do Santo Ofício, não foi de fato impresso: a versão que temos disponível é manuscrita, e o exemplar está em muito bom estado, e faz parte do acervo da Academia de Ciências de Lisboa; desconhecemos a existência de outros exemplares em outros arquivos3. A Oplosophia é lembrado por Diogo Barbosa Machado como uma obra que estava pronta para ser impressa, mas não o foi4. A Oplosophia é uma obra inédita, que foi dada com perdida por Sousa Viterbo em 1899; Barbosa Machado,

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FIGUEIREDO, Diogo Gomes. Oplosophia e Verdadeyra Destreza das armas. Lisboa, 1632, fl. 07. Cf. VITERBO, Sousa. A Esgrima em Portugal Subsídios para sua história. Lisboa: Manoel Gomes Editor – Livreiro de suas Magestades e Altezas, 1899, IAN/TT 1417, p. 18. 3 A transcrição da Oplosophia foi realizada por nós, como parte da pesquisa desenvolvida como Iniciação Científica sob a orientação da prof. Drª. Ana Paula Megiani entre 2005 e 2008. A cópia microfilmada com a qual trabalhamos faz parte do acervo pessoal da professora. 4 MACHADO, Diogo Barbosa. Bibliotheca Lusitana, Coimbra, Atlântida Editora, versão fac-símile de 1967, p. 665. 2

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citado por Viterbo, diz que “Gomes de Figueiredo tinha prompta para impressão uma obra intitulada – Destreza das Armas, que não chegou a publicar-se”5. A Destreza era um técnica de duelo de armas brancas (prioritariamente, espadas) que privilegiava os movimentos de defesa dos combatentes – ou seja, trata-se de um modo criativo de contornar as regras estabelecidas pelo Concílio de Trento, que proibiam duelos de ataque direto entre os homens6. Tal técnica foi desenvolvida por D. Jerónimo de Carranza, que em 1582 publicou um livro no qual não só apresentava e ensinava a Destreza como a defendia contra seus críticos. Redigida na corte de D. Alonzo Perez de Guzman, duque de Medina Sidónia, a obra foi intitulada Libro de Hieronimo de Carranca, natvral de Sevilla, que trata de la philosophia de las armas y de su destreza y de la agressiõ y defension christiana, sendo mais conhecida – inclusive entre seus contemporâneos – simplesmente como Diálogos, por ter sido escrita na forma de um diálogo entre cinco personagens. Um dos discípulos de Carranza foi o responsável pela disseminação da Destreza no reino espanhol: D. Luis Pacheco de Narváez. Cortesão de criação, militar por obrigação nobiliárquica e escritor prolífico, D. Luis é um personagem que continua gerando polêmicas e intrigas: foi bastante conhecido não só por seus escritos, mas também por ter sido Mestre Maior de Armas de Filipe IV; ao longo de sua carreira na corte deste monarca colecionou admiradores importantes e inimigos poderosos. Sua mais famosa contenda foi com Francisco de Quevedo, poeta e escritor coevo. Juan Luis Alborg, em sua Historia de la literatura española, conta-nos sobre esse episódio no capítulo dedicado a Quevedo: Por aquellos años de su estancia en Madrid [década de 1620] tuvo lugar el famoso incidente con el maestro de armas Luis Pacheco de Narváez. Quevedo, que era consumado esgrimador, discutió con el “maestro” – estando ambos en casa del conde de Miranda – sobre un género de acometimiento explicado por aquél en uno de sus libros, y Quevedo la demonstró su error quitándole el sombrero de un botonazo. Desde entonces fueron enemigos irreconciliables7.

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Viterbo, Op. Cit., p. 24. Os duelos foram proibidos pois, entre outras razões, considerava-se não-natural que um cristão atacasse outro cristão. O direito de defesa, no entanto, foi resguardado, e é nessa brecha da decisão tridentina que técnicas como a Destreza encontraram sua legitimidade. 7 ALBORG, Juan Luis. Historia de la literatura española. Madrid, Editorial Gredos, 1999, 2ª ed., vol II: época barroca, p. 593. 6

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A propagação e continuação do episódio por parte de estudiosos quevedistas – ou seja, aqueles que são ou eram partidários de Quevedo, desde o século XVII – fez com que a imagem que restou de D. Luis não fosse das mais prestigiosas8. De qualquer forma, D. Luis publicou exaustivamente até sua morte, e sua bibliografia inclui poemas e narrativas, além de escritos sobre a Destreza; seu mais famoso livro é também seu primeiro trabalho impresso, o Libro de las grandezas de la espada, de 16009. Diz-se que Pacheco de Narváez tinha intenção de dirigir-se a Portugal no ano de 1622, embora não tenham sido encontradas muitas evidências a respeito da mesma 10; se Diogo Gomes o teria conhecido nesta ocasião é algo que não há como saber. Mas é bem claro que o português havia estudado profundamente seu Libro de las grandezas de la espada – além do manual de Carranza, os Diálogos11. Ao longo de toda a Oplosophia Diogo Gomes se apóia nestes textos tanto como base para seus próprios ensinamentos quanto para criticar os outros autores e corrigi-los no que acredita que tenham cometidos erros e enganos. Por sua vez, a Oplosophia constitui a base de nossa pesquisa. A partir de sua leitura realizamos reflexões e discussões acerca dos mais variados tópicos, sendo que o contexto de vida destes autores nos serviram de guia para orientar os rumos que foram perseguidos durante o curso da investigação. Ao longo desta comunicação trataremos não só do manual de Diogo Gomes, mas também dos de Carranza e Narváez; nosso objetivo é apresentar nossas fontes, nossa investigação, que atualmente desenvolvemos junto ao Programa de Pós-Graduação para obtenção do título de Mestre em História, e as conclusões às quais chegamos até o presente momento, além outras possibilidades de reflexão que este tipo de material – os manuais de corte – nos propõe. 8

É curioso notar como a querela se estende até os dias atuais: estudiosos de Francisco Quevedo creditam a rixa entre Quevedo e Narváez ao desentendimento descrito anteriormente, enquanto os estudiosos de Narváez, como Aurelio Valladares Reguero atribuem-na a críticas trocadas no campo literário. 9 VALLADARES REGUERO, Aurelio. “Luis Pacheco de Narváez: apuntes bio-bibliográficos” In: Boletín del Instituto de Estudios Giennenses, nº 173, 1999, pp. 517 e 521. Ao fim do artigo o autor aponta em quais obras e autores D. Luis Narváez é citado, desde o século XVII até o XIX. Neste artigo também há uma lista de todas as obras que o autor conseguiu encontrar em fundos ao redor do mundo e que podem seguramente ser atribuídos a D. Luis Pacheco de Narváez. Nela o Libro... figura não só como a primeira obra impressa, mas também como o primeiro grande escrito de D. Luis em geral. 10 Idem, p. 516. 11 Sabemos que ao menos um exemplar do Libro... de Pacheco de Narváez fazia parte da Biblioteca Real. Hoje tal livro faz parte do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, junto com outros livros que não retornaram a Portugal quando da volta da Família Real em 1821. Sua condição precária e diversas notas manuscritas indicam que, ao menos uma vez, o Libro... foi intensamente manuseado.

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Comecemos, pois, pelos manuais. Tanto os Diálogos quanto o Libro... e a Oplosophia foram escritos seguindo uma configuração semelhante: antes da apresentação dos

movimentos de combatentes e armas que caracteriza a Destreza há todo um

desenvolvimento filosófico acerca daquilo que cada autor considerou adequado para sua obra; como veremos adiante, os tópicos escolhidos pelos autores foram diferentes uns dos outros – sendo o mais original o de Diogo Gomes. Por esta razão consideramos que aqui será mais interessantes manter nossa discussão direcionada a estas partes dos manuais, e não sobre a técnica em si. Tendo dito isto, cabe aqui fazer uma breve descrição de como ela é ensinada. O manual de Carranza é uma narrativa no qual ele expõe o que são ângulos, linhas, a importância da matemática e da geometria para os movimentos, os valores que devem ter o Destro, como o engenho, o ânimo e a indisposição para a inveja. Mais ao final, entremeado ao texto, vemos algumas ilustrações de movimentos: esquemas que mostram ao leitor-aprendiz como posicionar o corpo, onde deve fincar os pés, os círculos nos quais movimentar a espada. Aliás, os círculos são a base da teoria da Destreza: as partes do corpo do praticante descrevem círculos que devem ser formados quando movidas as armas – que por sua vez formam outros círculos. O que muda dos Diáologos para o Libro... e a Oplosophia não é conteúdo dos movimentos e suas demonstrações, mas sua organização: escritos em forma de narrativa, tanto Pacheco de Narváez quanto Diogo Gomes escreveram capítulos especiais para discorrer sobre o que são linhas, ângulos, a presteza do Destro, seu ânimo e engenho ao praticar a Destreza. Neste ponto, aliás, ambos os manuais são muitíssimo semelhantes – inclusive na redação. A demonstração é composta de uma figura simbolizando o praticante da Destreza e o modo como ele deve mover seu corpo para executar os golpes propostos e um texto que explica a ação a ser desenvolvida naquele passo. A diferença é o fato de que, estando a Oplosophia manuscrita, não há tais ilustrações, que no Libro... antecedem o texto – mas podemos presumir que, se houvessem, não seriam muito diversas daquelas do manual espanhol. A Oplosophia é livro curto, de cerca de cem fólios manuscritos, que ensina aos fidalgos portugueses já conhecedores dos jogos de espada a ciência da Destreza. Dividido em cinco partes, sua primeira lição é a Demonstração Universal: uma ilustração que

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ocupa todo um fólio e que mostra como devem ser os movimentos circulares executados tanto pelo corpo do combatente quanto por sua arma. Temos aí uma figura esquemática, só com as linhas e legendas; mesmo a posição do lutador é assinalada por um símbolo, e não uma representação humana, como aparece em muitos outros manuais. É para esta Demonstração que as instruções de movimentos se voltam. Como já dissemos, a primeira parte do manual de Diogo Gomes consiste numa discussão diversa da dos manuais espanhóis: na Oplosophia o português versa sobre a história da arte militar – a história dos exércitos, suas qualidades, a excelência de cada arma e de cada povo que a utilizava na Antiguidade, a importância dos exercícios bélicos regulares. A proposta de Diogo Gomes ao ensinar a Destreza a seus pares portugueses é mantê-los preparados para uma ocasião em que seja necessário entrar em combate. Em um dado momento o autor sugere que se estabeleção jogos publicos e solemnes de todas as armas com dedicados premios aos que nella se aventajarem, correndo isto, ou por conta da generosidade de algũ senhor curioso desta ciencia, ou pella do proveyto dos mesmos mestres, pois nestes jogos publicos se ostenta melhor o como ensinão, quando de todos os ministros mais obrigados os não disponhão com solemnes apparatos nas festas particulares, como na sua perfeyta Republica diz Platão, que estavão constituidos dandosse não só premios sinalados aos moços que na arte militar, ou em outra algũa couza Virtuosa se aventajão mas ao que procedia agregiamente, e com mais ciencia, e valor que os outros, nas expedições dos mancebos era coroado de todos hũ por hũ; 12

(...)

Fica aí claro o desejo de que os exercícios militares – ou ao menos da espada – se tornassem uma prática comum entre os jovens fidalgos do reino de Portugal – como acontecia em outros reinos, inclusive Castela, de acordo com Figueiredo. A idéia de estabelecerem-se embates públicos entre as academias, mestres e pupilos não é nova: D. Duarte considerava que o bem montar a cavalo fosse uma obrigação da nobreza, e os nobres aproveitavam-se de ocasiões como as justas e os torneios para exibirem sua perícia, disputando um prêmio estabelecido13. Há, inclusive, um livro na Oplosophia dedicado ao exame dos Destros e de Mestres – Diogo Gomes elaborou perguntas que deveriam ser feitas aos desejosos em obter o título de Mestre Destro de modo a testar12

Oplosophia, fl. 73v. MARQUES, A. H. De Oliveira. Sociedade medieval portuguesa: aspectos da vida quotidiana. Lisboa, Sá da Costa, 1981, p. 203. 13

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lhes o conhecimento, assim como suas respostas, que deveriam ser estudadas pelos aprendizes e apresentadas a uma banca julgadora quando dos tais exames. Só então o leitor-aprendiz tem acesso aos movimentos que caracterizam a Destreza e o ser Destro. O manual de D. Luis Pacheco de Narváez, Libro de la grandeza de la espada, também é dividido em cinco livros, cujo teor é o mesmo da Oplosophia – o manual português também apresenta idêntica divisão; Diogo Gomes apenas alterou a ordem em que são tratados. Por exemplo, Pacheco de Narváez deixa por último as lições sobre como conhecer o adversário e a classificação dos movimentos; Diogo Gomes inicia o ensino da Destreza com tais matérias. Aliás, durante a redação de seu manual Diogo Gomes deixa claro que foi a obra de Pacheco de Narváez que lhe impulsionou a escrita. De fato, a Oplosophia... foi gestada como uma resposta à Destreza falha e incorreta ensinada pelo espanhol, que deturpa os ensinamentos da Verdadeira Destreza do mestre D. Jerónimo de Carranza14. Por sua vez, o Libro... foi escrito justamente para criticar e corrigir as falhas que Narváez havia encontrado nos Diálogos. Já nos primeiros fólios Pacheco de Narváez faz sua crítica ao manual de D. Jerónimo de Carranza, que “escriuio tan profundamente el ella [Destreza Verdadeira], como sus escritos lo manifiestan: pero fue en teorica, y no en pratica demonstratiua”15. Quanto ao Libro..., escreveu Valladares Reguero, las novedades teóricas que presentaba, especialmente com respecto a la doctrina del hasta entonces indiscutible maestro Jerónimo de Carranza, debieron de causar impacto en los ambientes culturales madrileños. A partir de aquí empezó a gozar de la estima de muchos e importantes autores, aunque también de la enemistad de algún otro16.

O Libro... foi um valioso meio de difusão da Destreza na Espanha; nele não só os movimentos são ensinados, mas encontramos também todo um discurso atestando sua eficácia e a necessidade que o reino tem de sua prática. Para Valladares Reguero, sobre a relação entre Pacheco de Narváez e a esgrima “sí hay que afima que en esta materia (muy en boga entonces) fue durante mucho tiempo referente inexcusable, extremo que avalan las sucesivas ediciones de sus obras”17. 14

Oplosophia, fls. 35v e ss. Pacheco de Narváez, Libro..., fl 03 da “Epistola a un amigo”. 16 Valladares Reguero, Op. Cit., p. 517. 17 Idem, p. 510. 15

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O que lhe garantia ser o melhor e mais fiel método de estudo da Destreza era o fato de que o que estava descrito em sua páginas era a Verdadeira Destreza, pois de la verdad dize Marco Tulio, que es tan grande su fuerça, que ella por si, sin ayuda de nadie, se defiende de las affechanças de los que maliciosamente la quieren encubrir. La destreza, por lo q‟ tiene de verdad, haze el mismo efecto, y siempre sale vitoriosa. La verdad es la que rige los cielos, alumbra la tierra, sustenta la justicia, govierna la Republica, confirma lo que es cierto, y aclara lo que es dudoso 18.

A outra parte sobre a qual se apóia a Destreza é tão excelente quanto a verdade: a ciência lhe garante jamais ser consumida ou enegrecida pelo tempo19, “pues, segundo alega Geronimo de Carrança, sciencia no es otra coisa sino vn exercicio scientifico del que sabe”20. Continua Pacheco de Narváez defendendo que esta Destreza es sciencia, y se prueua muy claro por el lugar de Dialectica, y Retorica, que es prouando por difinicion, lo que es definido. (...) Esto supuesto, prueuase, que esta difinicion quadra a esta arte: porque procede por tales demonstraciones, assi claras y manifiestas en Filosofia, como en Geometria: porque trata de mouimientos naturales, tardos y velozes, y de los efectos, y de las complexiones naturales de los hombres, y de sus fuerças y miembros, que es necessario para el conocimiento de herir e defender 21.

Mas mais do que a ciência, a Destreza que nos apresenta Narváez possui algo que lhe garante, sem dúvidas, o valor: se trata de uma técnica enviada por Deus para que se refrenassen los animos dañados de los hombres desconcertados y temerarios: y para que los quietos, pacificos, amadores de la gloriosa paz no padeciessen a manos de los primeros, por falta de defensa, dar lugar, permitiendo q‟ por su estabilidad y certeza, no faltasse, y permaneciesse siempre como las demas sciencias y no dudo en esto, antes lo tengo por muy cierto, que quiso que esto fuesse en este rincon de España, donde su santa Fé se professa y guarda, y su santissimo nombre es adorado y reverenciado22.

Pois bem, podemos identificar neste trecho duas questões caras a Pacheco de Narváez que elucidam o valor que o autor via na Destreza: a necessidade de defesa que têm os homens “quietos, pacíficos e amadores da paz” contra os “desconcertados e temerários” e o fato de que a técnica foi dada aos sevilhanos – o “rincón de España” a 18

PACHECO DE NARVÁEZ, D. Luis. Libro de las grandezas de la espada, Madrid, 1600, fls, 01v. e 02. Idem, fl. 02v. 20 Ibidem, “Prologo al lector” 21 Idem, ibidem. 22 Pacheco de Narváez, Libro..., “Prologo al lector”. 19

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que refere D. Luis é Sevilha, onde morava D. Jerónimo de Carranza, inventor da Destreza – por Deus para suprir tal necessidade. Porque não faz parte da natureza humana que os homens ataquem uns aos outros, ainda mais católicos atacando uns aos outros, pues en los animales ya es muy conocido la diligencia que cada vno, por flaco que sea, para defenderse de quien le quiere ofender, y ofenderlo por su defensa: y como el hombre, por ser mas noble que todos ellos juntos, tuuiesse nas necessidad de conseruarse y muchas vezes (que es harto dolor y lastima) fuesse ofendido de sus semejantes, pues como dixe el adagio: El hombre es el lobo del hombre, fuese necessario ua arte que le enseñase como auia de hacer esta defensa 23.

A ameaça à Igreja também o é aos seus fiéis, e o embate, embora não-natural e contra inimigos não nomeados, se torna necessário. Mas, veja bem, o ponto da argumentação de D. Luis é a defesa: pois, “la guerra q‟ el hombre tiene apregoada cõtra el hombre, no procede de la naturaleza, sino de la malicia y embidia”24; há que se proteger contra a malícia e a inveja alheias que ameaçam o mundo. O manual de Carranza também constitui uma leitura interessantíssima, a começar por seu formato: diferente dos estudos que surgiram a partir deste, o Libro (...) que trata de la Philosophía de las armas y de su destreza y de la agressiõ y defension christiana é escrito em forma de diálogo: as lições são dadas através de uma conversa que alguns personagens tem sobre o tema da Destreza. Por esta razão as partes em que se divide o manual são conhecidos como Diálogos; no total são quatro, cada um correspondente a um dia de conversação e um tema ligado à Destreza.

Já nos primeiros fólios D. Jerónimo conta o que o levou a escrever uma obra sobre sua Verdadeira Destreza das armas: a convite de D. Alonso Perez de Guzman, duque de Medina Sidonia “tuuo por bien, que dexasse mi Patria y viniesse a su seruicio: al qual yo fui no tanto por librarme de la Arrogancia odiosa de algunos que con mal animo inuidiauan, y adulterauan mis cosas, como por seruirle, para que de su mano recompensasse el fructo de mi humilde ingenio”25. Neste momento, como o autor relata 23

Idem, ibidem. Idem, ibidem. 25 CARRANZA, D. Jerónimo. Libro de Hieronimo de Carranca, natvral de Sevilla, que trata de la philosophia de las armas y de su destreza y de la agressiõ y defension christiana, 1582, fl. 9. 24

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nesta pequena introdução, ele resolveu afastar-se da prática da Destreza para concentrarse em sua teoria – daí a escrita deste manual. Como já dissemos, o manual é escrito em diálogos, e são os personagens que ensinam a Destreza conforme a conversa avança. Assim como no manual de comportamento de Baldassare Castiglione, O Cortesão, impresso algumas décadas antes (1528), no qual as lições de etiqueta são dadas pelos nobres presentes na corte do duque Guido Ubaldo. Se n‟O Cortesão as instruções são dadas por todos os nobres durante um jogo, no qual as qualidades do bom cortesão são elencadas, nos Diálogos de Carranza a Destreza vai sendo ensinada, e seus mal-entendidos desfeitos, no decorrer da conversa de um pequeno grupo de amigos. Em ambos os casos, o diálogo é direto entre os personagens que não se sucede, como no teatro, e sem a rigidez dos jogos de catequese de perguntas e respostas; a interrupção da fala por outros personagens, expondo dúvidas e exemplos, somente torna mais rico o texto, fazendo com que o leitor sinta-se parte da conversa, identificando suas dúvidas nas falas. Apesar disso, o narrador está sempre presente – exceto pelo segundo diálogo, como veremos adiante –, controlando o que se passa, de algum modo26. Passemos, então, ao diálogo propriamente dito. Ele ocorre num lugar de Espanha vizinho ao mar, “con vna Barra que sirue de garganta a ambos Mundos”27, “donde el grande y nauegable rio Guadalquiuir coronado con sus oliuas llega hermosissimo”28 – uma das praias de Sanlúcar de Barrameda. Lá encontram-se cinco homens “doctos que por la grandeza de sus ingenios, eran entre todos esclarecidos”29: Eudemio, “noble y bien instruydo en las letras humanas cõ razones graues: y palabras elegantes”; Polemarcho, “doctissimo en el derecho canonico y ciuil”; Philandro, “dado cõ gran cuydado al estudio de la Philosophia y Medicina”; Meliso, “maestro de todas las disciplinas, doctissimo en las Mathematicas” e, finalmente, Charilao, que “auiendose exercitado en la Destreza, con el vso que della tenia auia alcançado entre los suyos algun nombre”30. 26

CHAUCHADIS, Claude. “Didáctica de las armas y literatura: Libro que trata de la Philosophía de las armas y de su destreza de Jerónimo de Carranza”, In: Criticón, nº 58, 1993pp. 77-79, 81. 27 Carrança, Diálogos, fl. 09v. 28 Idem, fl. 10 29 Idem, ibidem. 30 Idem, fls. 10 e 10v.

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Pois bem, como podemos perceber, D. Jerónimo não compõe um grupo qualquer para debater os méritos da Destreza: são todos indivíduos doutos em diversas áreas de conhecimento e que se encontram servindo ao mesmo sernhor, na mesma corte. Desde as apresentações fica claro que o personagem de Charilao se refere ao próprio D. Jerónimo de Carranza; não é surpreendente, pois, que será ele quem esclarecerá seus companheiros na matéria, defendendo a Destreza por quase toda a narrativa31. O primeiro Diálogo é sobre as qualidades da Destreza, e as virtudes que imputa àqueles que praticam a Verdadeira – pois aqueles que se fiam da Destreza vulgar, ou até mesmo da falsa Destreza demonstram nada além de sua ignorância. Defende-a Charilao justamente “pues es tan generosa y llena de virtud”32, e o faz porque “por la ignorancia del Artifice la arte no es digna de culpa”33: Carranza deixa claro que o motivo pelo qual a Destreza estava tão mal afamada eram os praticantes de esgrima que ousavam proferir serem destros na matéria quando, na visão do mestre, não o eram. Provocado por Polemarcho, que, baseando-se em Platão, afirma que em todas as artes encontram-se “muchos hombres baxos y de ningum momento, y pocos buenos y dignos de estimacion”, Charilao lhe responde que a Destreza se achava como a Poesia, “que por auer tantos y tan malos Poetas esta en grande menosprecio”34. A diferenciação entre as Destrezas vulgar e verdadeira é, justamente, a ignorância daquele que a pratica; melhor nos explica Charilao-Carranza: si quereys que de todo pu[n]to se descubra el engaño de la Destreza, mirà quan poco se funda en razon, sin la qual no puede auer cosa razonal, y que la mayor fuerza della es la ignorancia del contrario, pues todo su fundamento está en ventura, finalmente los que mas le tratan y de mas valientes se precian: los que menos sabe y los que mas cobardes son, porque auiendo gastado en ella la mayor parte de su vida:

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D. Luis Pacheco de Narváez, em seu Compendio de la filosofia y destreza de las armas de Gerónimo de Carranza expõe a identidade real dos personagens que participam da conversa dos Diálogos; segundo Chauchadis “los personajes introducidos en su diálogo por Carranza son famosos letrados sevillanos que le ayudaron en la redacción de su tratado: Así Meliso sería el famoso humanista Mal Lara, Philandro el poeta Fernando de Herrera, y Polemarcho el médico Peramato. Cabe notar que el carácter plausible de tales atribuciones se ve reforzado por la comunidad de iniciales y cierta paronomasia entre el personaje clave y su correspondiente real: Charilao-Carranza, Meliso-Mal Lara, Polemarcho-Peramato, Filandro-Fernando”. O personagem Eudemio não é identificado por Pacheco de Narváez, e Chauchadis tem como possibilidade que seja Christóval de Mosquera de Figueroa, que dedicou um poema a Carranza publicado com os prólogos de seu livro. In: Chauchadis, Op. Cit., p. 78. 32 Diálogos, fl. 11. 33 Idem, fl. 11v. 34 Idem, ibidem.

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no saben dar razon de lo que aprendieron, ni la tuuo el que los enseñó, conosciendose entonces; vna cosa perfectamente quando se sabe la causa della, aunque la naturaleza nos enseña muchas cosas sin Arte, que va descubriendo la experiencia con el discurso del tie[m]po, y por esso no es saber seguyrse por la opinion agena, y dar fee a la beheteria del vulgo sin prouar el ingenio, a considerar las razones de los effectos35.

Carranza insiste, neste primeiro Diálogo no status de arte e ciência da Destreza; ela é diferente das outras técnicas porque está embasada em todo um arsenal teórico que acompanha a prática das armas. Neste momento inicial, os ensinamentos são mais filosóficos que teóricos uma vez que é necessário combater a má imagem que circula da Destreza, para depois ensinar a técnica propriamente dita; além, Carranza disponibiliza todo um acervo de argumentos que seus discípulos poderiam utilizar para defender a prática. O segundo livro é, para Chauchadis, o mais interessante dos quatro Diálogos: Charilao sai do centro da conversa, que passa a ser ocupado por um mestre de esgrima valentão, que de tão genérico permanece um personagem anônimo. A intenção do capítulo é mostrar como a ignorância está longe da Verdadeira Destreza: embora saiba esgrimir e seja corajoso, o tal mestre não passa de um néscio que mal sabe pronunciar os termos que Carranza-Charilao utiliza na teoria da Destreza36. Descreve Chauchadis: el bravo, imbuido de su saber y de sus prejuicios, apenas se da cuenta de la hilaridad que sus demostraciones excitan. Sola su cobardía le impide reaccionar a la falta de respeto que su auditorio le manifiesta. Centrado en la denuncia moral de las hipocresías de los valentones, el segundo diálogo presenta sin embargo un contenido técnico por su exposición minuciosa de las falsas tretas de los bravos. Prepara a contrario la demostración del diálogo siguiente 37.

O Diálogo 3, que Diogo Gomes cita na Oplosophia, constitui o livro no qual as instruções dos movimentos são apresentadas. É aqui que finalmente o aprendiz vê a parte prática da Destreza, e, para auxiliar seu entendimento, os ensinamentos são acompanhados de ilustrações esquemáticas dos movimentos do duelista e de sua espada.

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Idem, fl. 12. Por exemplo, Chauchadis diz que o mestre valentão diz Gormetria, invés de Geometria (fl. 70v), astrolophia invés de philosophia (fl. 72) e utiliza retrónica por retórica (fl. 76v). Apud Chauchadis, Op. Cit, pp. 78-79. 37 Chauchadis, Op. Cit., p. 74. 36

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Aqui todos os personagens contribuem com seu conhecimentos de outras áreas das ciências para formar a doutrina de modo que esta constitua, por si mesma, uma ciência. Finalmente, o quarto livro trata, como coloca Carranza na Suma, “de la Defensa Natural”; Chauchadis nos traz que este último Diálogo é intitulado “de la destreza cristiana”38. Nele é discutido o modo de aliar a Destreza à doutrina cristã: como ser destro sem ofender a Deus ou ao próximo, questão que também é abordada por Pacheco de Narváez – a guerra entre cristãos não é natural, e, portanto, não pode ocorrer 39. O Libro que trata da Philosophia das armas... termina com relatos coevos e com o convencimento de todos aqueles homens que participaram do debate de que a Destreza é uma ciência que deve ser estudada e adotada por todos que querem saber manejar as armas do melhor modo. Bem, temos então três autores de gerações diferentes e de cortes diferentes, mas que escrevem sobre a mesma matéria – a Verdadeira Destreza das Armas. Quanto ao ambiente em que viveram, tanto Luís Pacheco de Narváez quanto Diogo Gomes de Figueiredo freqüentaram as cortes reais: Narváez ocupou o cargo de Maestro Mayor de las Armas de Filipe IV de Espanha, o qual assumiu em 162440, que lhe garantia o direito de examinar todas as armas e mestres do reino, enquanto Diogo Gomes já fazia parte da corte de D. João IV quando da aclamação deste em 1640, ocupando, entre outros, o cargo de Mestre de Armas do então herdeiro do trono, D. Teodósio. D. Jerónimo de Carranza, como já vimos, seguiu em direção contrária: o mestre, cansado de ser alvo de tantas críticas, se retirou da corte de Madrid e buscou refúgio na corte do duque de Medina Sidónia a convite deste. Para esses homens a Destreza é muito mais do que uma técnica marcial, é um modo de conduzir a vida. Porque a Destreza não ensina somente a dar golpes e defenderse deles: ser um verdadeiro destro é ser, automaticamente, virtuoso, honrado, experiente, corajoso, conhecedor das ciências e das artes; é o oposto da inveja e da ignorância. A Verdadeira Destreza molda o caráter daqueles que estão predispostos a ela, e mantém os homens que a praticam na retidão. Não é à toa que no manual de Pacheco de Narváez há uma ilustração de como o destro deve levar seu corpo e sua espada estando nu e vestindo 38

Idem, p. 76. Pacheco de Narváez, Libro..., “Prologo al lector” 40 Valladares Reguero, Op. Cit., p. 519. 39

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o traje cortesão completo: porque o destro deve portar-se corretamente sempre, quer esteja em batalha ou exibindo-se nas cortes. A Verdadeira Destreza é filosofia moral que guia a vida daqueles que escolhem praticá-la – e esses homens que a defenderam e disseminaram acreditavam que este era o melhor way of life. Por isso aparece como resposta a preocupações tão diversas quanto às que tiveram Diogo Gomes, Pacheco de Narváez e D. Jerónimo de Carrança em suas respectivas épocas. A preocupação do mestre Carrança em mostrá-la como um modo de defesa natural dos cristãos, de defender sua Destreza enquanto uma arte legítima cujo conhecimento deveria ser buscado por todos; a intenção de Narváez de transformá-la em ciência, insistindo no uso das matemáticas em sua teoria, e validando seu uso contra o maior inimigo da Igreja: os reformistas que ameaçavam o conjunto católico que era o reino de Espanha. E, finalmente, um então jovem soldado que viu na prática da técnica um bom meio de manter a fidalguia bem treinada nas artes bélicas. Quisemos com esta comunicação demonstrar de onde o jovem Diogo Gomes achou sua inspiração para compor um manual de Destreza das Armas; para além, quisemos apresentar um manual de combate de armas português, já que estes podem ser considerados raros por diversos motivos, entre os quais cito a circulação manuscrita, que preservou poucos exemplares até o momento presente e a provável pouca escrita sobre o assunto, dado o interdito aos duelos. É difícil também nosso acesso a eles, dado sua localização incerta nos fundos de Arquivos e Bibliotecas e, conseqüentemente, sua pouco difusão na Rede Mundial de Computadores. Pois bem, em nossa investigação tratamos dos mais variados temas a partir da leitura destes manuais de Destreza e dos seus contextos de produção e de vida de seus autores. Começamos pela sociedade de corte, matéria já bastante trabalhada pelas historiografias, partindo das obras clássicas de Norbert Elias. A data de elaboração da Oplosophia e a carreira militar de Diogo Gomes nos permitiram analisar a formação de uma nova corte real em Portugal, já que ele não só galgou altos postos no exército devido à guerra da Restauração como fez parte desse novo grupo que se aglutinou em torno do novo rei, D. João IV. Também por conta da trajetória de Diogo Gomes no exército nos propusemos a analisar a constituição dos exércitos modernos – quer dizer, cujo comando pertence ao monarca e não mais a particulares, grosseiramente falando. Trabalhamos

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também com a simbologia da espada e da esgrima para o ethos nobiliárquico, que a esta altura é tão-somente isso: um símbolo, já que nem a nobreza nem as espadas participam mais das guerras. Mas o estudo de manuais é um campo vastíssimo, e muitos outros são possíveis a partir deles. A partir deles podemos investigar a importância e as mudanças de tal tipo de informação nos meios cortesãos, ou a produção livreira, ou ainda a formação de bibliotecas particulares. Ou, seguindo a linha de trabalho de Fernando Bouza, a circulação manuscrita de normas de etiqueta. Outro foco de pesquisa seriam as ilustrações que acompanham os manuais, que ganham complexidade e detalhamento ao longo do tempo e de manual para manual; ou, ainda, uma reflexão sobre o conhecimento e controle sobre o próprio corpo para o desenvolvimento de atividades como as artes marciais e as danças – que poderiam, então, ser aprendidos através de textos e gravuras. Concluímos finalmente dando notícia de mais dois manuais citados por Sousa Viterbo que também tratam da Destreza, embora não de forma tão ostensiva quanto Diogo Gomes em sua Oplosophia e posteriores a ela: o Tratado das liçoens da espada preta, e destreza, que hão de usar os jogadores della. Por Thomas Luiz, Rey de Armas, natural desta cidade de Lisboa, impresso em 1685, e o Compendio dos fundamentos da verdadeira destreza e filosofia das armas. Dedicado á sacra e augusta magestade de ElRey Fidelissimo Nosso Senhor D. Jozé 1º, escrito por José de Barros Paiva e Moraes Pona em 1768, cuja publicação foi suprimida pela Mesa Censória41. O Tratado de Thomas Luiz foi reproduzido por Sousa Viterbo em seu A Esgrima em Portugal, onde dá conta da existência de um exemplar, embora incompleto, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, que ainda o mantém. Já do Compendio de José de Barros diz Sousa Viterbo que estava alocado na Torre do Tombo; deste não temos notícias.

BIBLIOGRAFIA FONTES: FIGUEIREDO, Diogo Gomes. Oplosophia e Verdadeira Destreza das Armas, Lisboa, 1630 – Academia das Ciências de Lisboa, Ms. vermelho, no 91. 41

Viterbo, Op. Cit., pp. 34-36 e p. 76.

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