A ESCOLA CONTEMPORÂNEA E A VIOLÊNCIA ESCOLAR: um paradigma obsoleto aos alunos com altas habilidades / superdotação

Share Embed


Descrição do Produto

A ESCOLA CONTEMPORÂNEA E A VIOLÊNCIA ESCOLAR: um paradigma obsoleto aos alunos com altas habilidades / superdotação. Alberto Padrón Abad1 Thaís Marluce Marques2 Resumo O paradigma cartesiano, em termos gerais, acredita que os fenômenos físicos podem ser reduzidos em partes mais simples, sua prática pedagógica está baseada em ações mecânicas e autoritárias que provocam que o aluno escute, leia, decore e repita. Paradigma que inclui mitos, crenças e atitudes que podem influir na percepção docente e, portanto, na aceitação inconsciente da violência escolar. Para analisar este tema usaremos o conceito de cognição social que se refere a processos mentais mediante os quais os sujeitos selecionam, interpretam e usam a informação para fazer julgamentos e tomar decisões. Assim, a partir dessa temática e da conclusão do “Curso de Altas Habilidades / Superdotação numa Perspectiva Inclusiva”, organizado pelo Centro de Atividades de Altas Habilidades / Superdotação (CAAH/S) na cidade de Macapá, que se cogitou a construção deste artigo com o objetivo de revisar o paradigma educativo cartesiano e sua prática nas salas de aula com intuito de analisar se o mesmo é um empecilho para detectar oportunamente as AH/SD em crianças, levando-as assim a um envolvimento com a violência escolar. A metodologia do artigo está embasada numa pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva que inclui livros e publicações periódicas que abordam as temáticas anteriormente comentadas e as teorias de Howard Gardner e de Joseph Renzulli. Para concluir: a violência pode ser observada tanto por ação quanto por omissão, assim negar as necessidades dos alunos AH/SD por inabilidade na sua identificação ou por desinteresse é um ato violento que pode chegar a ser considerado como violência paradigmática. Palavras chave: Altas Habilidades / Superdotação. Violência escolar. Bullying Paradigma educativo. Violência Paradigmática.

1

Formado em Psicologia e Administração, com pós-graduação em Hipnoterapia Ericksoniana e Programação Neurolinguística. Atualmente fazendo graduação do curso de Letras na Universidade UNOPAR. Professor de Psicologia nas Universidades Universidad CUT (México) E Universidad del Desarrollo Profesional (México). Professor de Inglês e espanhol no Cultural Norte Americano (Macapá). 2 Mestranda em Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (Goiás), especialista em Novas Linguagens e Novas Abordagens para o Ensino da Língua Portuguesa pela Faculdade Atual (Macapá), graduada em Licenciatura Plena em Letras e Literaturas Vernáculas com Habilitação em Língua Portuguesa, Funcionária Pública da Secretaria de Educação do Estado do Amapá, professora orientadora e de atendimento a alunos com Altas Habilidades/Superdotação no Centro de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades / Superdotação (CAAHS/AP).

V.8, nº2, ago./dez. 2015

16

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X Resumen El paradigma cartesiano, en términos generales, establece que los fenómenos físicos pueden ser reducidos en partes más simples, su práctica pedagógica está basada en acciones mecánicas y autoritarias que provocan que el alumno escuche, lea, memorice y repita. Paradigma que incluye mitos, creencias y actitudes que pueden influir en la percepción docente y, por lo tanto, en la aceptación inconsciente de la violencia escolar. Para analizar este tema se recurrirá al concepto de cognición social que se refiere a los procesos mentales con que los sujetos seleccionan, interpretan y utilizan la información para hacer juicios y tomar decisiones. Así, a partir de esta temática y de la conclusión del “Curso de Altas Habilidades / Superdotación en una Perspectiva Inclusiva”, organizado por el Centro de Actividades de Altas Habilidades / Superdotación (CAAH/S) en la ciudad de Macapá, se pensó en la construcción de este trabajo con el objetivo de revisar el paradigma educativo cartesiano y su práctica en el salón de clases, con la intención de analizar si el mismo representa es un obstáculo para detectar oportunamente las AH/SD en alumnos, llevándolos inclusive a involucrarse con la violencia escolar. La metodología empleada se basa en una investigación bibliográfica, exploratoria y descriptiva con libros y publicaciones periódicas que abordan las temáticas anteriormente comentadas y las teorías de Howard Gardner y de Joseph Renzulli. Finalmente: la violencia puede ser observada tanto por acción como por omisión, así, negar las necesidades de los alumnos AH/SD por incapacidad o por desinterés en su identificación es un acto violento que puede llegar a ser considerado como violencia paradigmática. Palabras clave: Altas Habilidades / Superdotación. Violencia escolar. Bullying. Paradigma educativo. Violencia Paradigmática.

1

INTRODUÇÃO Todos os seres humanos têm direito a uma educação de acordo com suas necessidades,

características e diferenças individuais, que encoraje seus talentos e que respeite sua integridade como pessoas. Uma educação inclusiva que abranja não somente aos alunos com deficiências, mas também aos alunos com Altas Habilidades / Superdotação (AH/SD) que se sobressaem “por ter duas características marcantes que são a rapidez de aprendizagem e a facilidade com que esses indivíduos se engajam na sua área de interesse” (VIRGOLIM, 2003, p.28). Segundo a Doutora em Educação, Marcília de Morais Dalosto, na sua tese “O aluno com Altas Habilidades / Superdotação e o Bullying: Manifestações, prevalência e impactos”, o indivíduo AH/SD é definido: [...] segundo a Resolução nº 4 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica do Ministério da Educação (art. 4º, inciso III), como “aquele que apresenta um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas ou seja: habilidades na área intelectual, de liderança, psicomotora, nas artes e na criatividade” (DE MORAIS, 2011, p.16).

No intuito de contribuir para uma educação de qualidade em todo Brasil, e não somente em algumas escolas ou regiões, o objetivo do presente artigo é revisar o paradigma educativo

17

cartesiano e sua prática nas salas de aula para analisar se o mesmo é um empecilho na detecção oportuna das AH/SD em alunos, levando-os assim a um envolvimento com a violência escolar. O paradigma cartesiano propôs a fragmentação do conhecimento em áreas específicas de cursos nas quais os professores explicam o conteúdo no quadro e a classe acompanha em silêncio, com o papel de expectadores passivos, para assimilar, memorizar e reproduzir esse conteúdo. Deste modo, a prática pedagógica é baseada em ações mecânicas e autoritárias que provocam que o aluno escute, leia, decore e repita. Quando as escolas baseiam suas práticas educativas no paradigma cartesiano contribuem com o descompasso entre a obsolescência dos conteúdos escolares e as mudanças sociais. Transformações que vêm manifestando-se nos últimos anos e que precisam de uma educação inclusiva, voltada ao convívio da democracia, ao exercício da cidadania e ao surgimento do homem global com centros educativos que propiciem a criação do conhecimento. Mas infelizmente, a maioria das escolas ainda baseiam seus projetos políticos pedagógicos no paradigma cartesiano que inclui ideias, mitos e crenças que compartilhados pelos professores, criam cognições, atitudes e condutas que influem na sua prática educativa e no uso de conteúdos obsoletos. Para analisar essas cognições compartilhadas pelos professores utilizaremos o conceito de Cognição Social, na perspectiva da Psicologia Social, que se refere a processos mediante os quais os sujeitos selecionam, interpretam e usam a informação para fazer julgamentos e tomar decisões. Deste modo, existe a possibilidade de que alguns professores ainda compartilhem crenças e atitudes que os levem a considerar a violência como um exagero, uma exceção ou como um fato isolado, a tal ponto, que essas crenças influam na sua inabilidade para identificar as condutas agressivas vivenciadas por eles no âmbito escolar. O tema da violência nas escolas é muito sério na atualidade; tem impacto na formação da personalidade das crianças; é um empecilho no desenvolvimento de alunos AH/SD; é um fenômeno de crescente relevância na educação atual brasileira3; é um fato de importância para a segurança nas escolas; e é fator na etiologia das neuroses em adultos. De tal modo, uma análise deste tipo e posteriormente uma pesquisa que tente entender a gênese da violência nas salas de aula sob a perspectiva sócio-psicológica para sua prevenção, terão benefícios tanto para as crianças que sofrem e praticam a agressão, quanto para a sociedade em geral. Reconhecendo assim, que uma pessoa com saúde mental será uma pessoa que procure o bem-estar pessoal e

3

“Três documentos legais formam a base de entendimento com relação ao desenvolvimento e educação de crianças e adolescentes: a constituição da República Federativa do Brasil; o Estatuto da Criança e do Adolescente; e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Em todos esses documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um meio de prover pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania” (LÓPEZ NETO, 2005, p.165).

V.8, nº2, ago./dez. 2015

18

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X social. Nesse aspecto o Brasil vem se comprometendo no desafio de melhorar sua educação quando: Em um país como o Brasil, onde o incentivo à melhoria da educação de seu povo se tornou um instrumento socializador e de desenvolvimento, onde grande parte das políticas sociais é voltada para a inclusão escolar, as escolas passaram a ser o espaço próprio e mais adequado para a construção coletiva e permanente das condições favoráveis para o pleno exercício da cidadania, pois grande parte das políticas sociais é voltada para a inclusão escolar, passando a escola a ser o espaço propício da construção coletiva e permanente para o exercício da cidadania (LÓPEZ NETO, 2005, p.170).

Os alunos e alunas atingidos pela violência na escola tendem a sofrer uma “série de consequências em detrimento de sua saúde mental, tais como ansiedade, depressão, medo a assistir à escola, nas relações sociais, ideias suicidas e até suicídios reais” (VARELA, 2009, p.4). Do mesmo modo, “as crianças e adolescentes que sofrem ou praticam bullying podem vir a necessitar de múltiplos serviços como os de saúde mental, justiça da infância e adolescência, educação especial e programas sociais” (LÓPEZ NETO, 2005, p.168), o que aumenta os custos orçamentários do Governo Federal para atingir a toda essa demanda. Desta forma, a pesquisa põe ênfase na prevenção do fenômeno da violência escolar, devido ao fato de que é sempre melhor prevenir as causas do que tentar compreender as consequências o que redundará num benefício para a sociedade. Estudos mostram que as pessoas que vivem a violência escolar têm dificuldades diante de situações de conflito, assim, “são pessoas carentes de ferramentas para a adequada gestão do conflito (autocontrole, capacidade de diálogo, capacidade de empatia), podem afrontá-lo com agressão ou violência” (SEVILLA, 2006, p.2), portanto, seria possível reduzir significativamente a incidência desses transtornos com uma adequada facilitação de ferramentas aos discentes. O bullying pode ser entendido como um balizador para o nível de tolerância da sociedade com relação à violência. Portanto, enquanto a sociedade não estiver preparada para lidar com o bullying, serão mínimas as chances de reduzir as outras formas de comportamentos agressivos e destrutivos (LÓPEZ NETO, 2005, p.170).

Verificou-se que os primeiros estudos sobre a violência escolar encetados na Europa Escandinava tinham o intuito de conhecer a sua incidência nas escolas elementares e secundárias. “Os dados obtidos na Noruega destacam que 15% dos alunos participavam em situações de agressão como vítimas ou agressores com certa regularidade, representando 7% aos agressores e 9% das vítimas” (PIÑERO, 2010, p.35). Estudos realizados em outros países (GrãBretanha, Portugal) mostram informações muito semelhantes que atingem até um 20.5% de agressores e um 24% de vítimas4.

4

Confronte-se PIÑERO, 2010, p.39.

19

No Brasil, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) desenvolveu o Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre estudantes onde encontraram que dos cinco mil quinhentos alunos pesquisados de quinta a oitava série do Ensino Fundamental 40.5% admitiram estar diretamente envolvidos em atos de bullying, 60.2% afirmaram que o bullying ocorre mais frequentemente dentro das salas de aula, e entre os alunos autores de bullying, 51.8% disseram que não receberam nenhum tipo de orientação ou advertência quanto à incorreção de seus atos (LÓPEZ NETO, 2005, p.166).

Portanto, devido à incidência de violência no Brasil, aos problemas para identificar alunos AH/SD, às consequências da não identificação desses alunos e a possível ligação entre bullying e AH/SD, foi elaborado este artigo com base numa pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva que inclui a Teoria das Múltiplas Inteligências de Howard Gardner e a Teoria dos Três anéis de Joseph Renzulli. O presente artigo está organizado da seguinte maneira: inicia com uma breve análise estimativa da quantidade de alunos AH/SD que existem na rede educativa brasileira, a problemática e as consequências da não identificação desses alunos. Posteriormente se abordará a matéria da violência nas escolas ou bullying e sua ligação com o paradigma educativo cartesiano. A seguir, ponderar-se-á sobre o descompasso entre a obsolescência dos conteúdos escolares e as mudanças sociais que vêm manifestando-se nos últimos anos, a fim de apresentar o conceito de Cognição Social na perspectiva da Psicologia Social. No decorrer do texto serão apresentados exemplos em outros países, relacionados aos temas aqui referidos, que sedimentarão os conceitos propostos e possibilitarão uma visão mais global da problemática e de possíveis soluções.

2

DESENVOLVIMENTO Configura-se na atualidade, em muitos países, a presença de alunos com AH/SD na rede

escolar pública e privada, porém os alunos corretamente identificados como AH/SD ainda são poucos em comparação com as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS): A OMS indica em torno de 3,5 a 5% da população escolar como sendo de pessoas com referências de AH/SD, contudo existem estudos que advertem uma porcentagem maior, como o da Associação Brasileira para superdotados do Rio Grande do Sul (ABSD-RS), realizados no ano de 2001, no qual evidencia um índice de 7,78% de alunos AH/SD (NEGRINI, 2008, p.278).

Há várias referências teóricas que sugerem porcentagens maiores quanto à expectativa da presença dos alunos AH/SD na rede educativa brasileira, “esta percentagem pode atingir de 15 a

V.8, nº2, ago./dez. 2015

20

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X 30% da população quando são incluídos aspectos como: liderança, criatividade, competências psicomotoras e artísticas” (VIRGOLIM, 2007, p.58). A porcentagem de alunos AH/SD pode incrementar-se se consideramos a teoria do psicólogo Joseph Renzulli que se interessou por pessoas que haviam se destacado por suas realizações e contribuições criativas, e propôs a sua concepção de superdotação que engloba os seguintes temas: habilidades acima da média que é o aspecto que engloba habilidades gerais e habilidades específicas5; envolvimento com a tarefa que se constitui no componente motivacional e representa a energia que o indivíduo canaliza para resolver um dado problema ou tarefa (inclui traços como perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e a crença na própria habilidade de desenvolver um importante trabalho); e criatividade. Nesse sentido, o artigo de Universia publicado na revista da Universidade Federal de Campina Grande esclarece o porquê dessa variação nas porcentagens de alunos AH/SD: Um levantamento feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que há oito milhões de superdotados no Brasil. Mas o indicador da organização utiliza apenas o Q.I. (Coeficiente de Inteligência) como medidor de altas habilidades. Quem entende do assunto e considera o teste ultrapassado, avalia que o número pode ser muito maior se considerarmos as inteligências múltiplas do psicólogo Howard Gardner para medir a capacidade de um indivíduo (BURGARDT, 2008, s/p).

Assim sendo, a quantidade de alunos com AH/SD aumenta quando se toma em conta a Teoria das Múltiplas Inteligências do psicólogo Howard Gardner que define a inteligência como a “capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais” (GARDNER, 1994, p.7). Gardner entendeu que o conceito da inteligência Q.I. não era suficiente para descrever a grande quantidade de habilidades cognitivas humanas, deste modo definiu diferentes tipos de inteligência: lógica-matemática, linguística, espacial, musical, corporal sinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista e existencial6. Assim, Howard Gardner afirma no seu livro “Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências” que: [...] existem evidências persuasivas para a existência de diversas competências intelectuais humanas relativamente autônomas abreviadas daqui em diante como 'inteligências humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A exata natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é até o momento satisfatoriamente determinada, nem o número preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas. (GARDNER, 1994, p.7). 5

As primeiras consistiriam na capacidade de processar informações, integrar experiências e se engajar em pensamento abstrato. As habilidades específicas consistiriam na capacidade de adquirir conhecimento, destreza ou habilidade para realizar uma ou mais atividades do tipo especializado.

6

O conceito de inteligência existencial está ainda em estudo.

21

O Censo escolar da Educação Básica 2012 informa a existência de 10.902 alunos com AH/SD em classes regulares (INEP BRASIL, 2014). Sabendo-se que, o total de alunos matriculados nas escolas brasileiras soma mais de 50 milhões, é curioso perceber que os alunos com AH/SD representam apenas 0,02% deste total. Portanto, partindo da hipótese mais conservadora no referente à estimativa total de alunos AH/SD na rede educacional brasileira e tomando em conta o total de alunos matriculados com o cálculo da OMS (3 a 5%), podemos deduzir que ainda faltam mais de dois milhões de alunos AH/SD a serem identificados nas escolas brasileiras. Deste modo, é importante analisar as consequências da falta de identificação desses alunos para entender essa discrepância de números. Com relação a esses dados, Virgolim menciona: Seja como for procedida a identificação dos alunos com altas habilidades, é de especial importância compreender que o fracasso em identificar corretamente e atender as necessidades especiais desta população pode colocar o aluno em risco de fracasso escolar e comprometer seriamente seu desenvolvimento sócio emocional, impedindo-o de realizar plenamente o seu potencial (VIRGOLIM, 2007, p.58).

Diante da variabilidade de porcentagens na estimativa de alunos AH/SD na rede escolar brasileira e do número reduzido de identificações destes, em relação ao universo de alunos em idade escolar no Brasil, pode-se deparar com a existência dos seguintes empecilhos e dificuldades em reconhecer as AH/SD, tais como: a carência de conteúdos sobre o tema na formação de professores em cursos superiores de licenciaturas; a falta de formação continuada acerca das teorias em AH/SD para professores em atividades em sala de aula; em algumas ocasiões, a indiferença em aplicar o conhecimento sobre o tema em sala de aula e na falta de estrutura nas redes escolares. Tal como ocorre em muitas escolas particulares, que não investem na implementação de salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) com uma equipe multidisciplinar formada por: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e professores da educação especial capacitados no tema das AH/SD, e em algumas escolas da rede pública cujas salas são inadequadas tanto em infraestrutura e equipamentos quanto em carência de profissionais especializados no tema. Deixando com isso, de lado suas obrigações institucionais em relação às leis vigentes, conforme preceitua o artigo 1°, da Resolução N° 4, de 02 de Outubro de 2009 do Conselho Nacional de Educação (CNE) / Ministério da Educação (MEC): [...] os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação nas classes comuns do ensino regular e no atendimento educacional especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de atendimento especializado na rede pública (BRASIL, 2009, p.17).

Além disso, alguns especialistas na educação brasileira mencionam que: V.8, nº2, ago./dez. 2015

22

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X É muito comum que desrespeitando todos os dispositivos legais federais vigentes, a escola transfira a sua responsabilidade pela identificação e atendimento educacional especializado AEE desses alunos para à saúde, exigindo um “laudo médico” ou um “parecer técnico” para garantir-lhes esse direito subjetivo e inalienável do aluno com necessidades educacionais especiais (PÉREZ, 2013, p.1).

Ainda relacionado às dificuldades concernentes à identificação, pode se observar a existência de situações em que os alunos são ignorados ou erroneamente rotulados com transtornos globais do desenvolvimento. E por isso encaminhados para a área da saúde, atendimentos psicológicos ou psiquiátricos desnecessários. A dificuldade de identificar essas pessoas vem de longa data e está fundamentalmente atrelada à falta de informações e de formação dos professores que deveriam atender esses alunos na educação regular e em sala de recursos multifuncional e aos mitos e crenças populares que a sociedade foi criando para as Pessoas com Altas Habilidades / Superdotação (PAH/SD). Além dessa representação cultural equivocada que temos como sociedade, ainda existe um problema maior devido à frequente confusão das AH/SD com a precocidade, a prodigalidade, a genialidade ou o bom desempenho acadêmico e, em um nível ainda mais grave, devido à confusão com transtornos como os do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno de Asperger, dentre os mais comuns (CONBRASD, 2013).

Os alunos AH/SD apresentam características sócio emocionais, psicológicas e educativas diferenciadas de outros indivíduos. Assim, a ausência de identificação de crianças AH/SD repercute no seu futuro, conduzindo-os a ter um baixo desempenho escolar por não saberem como lidar com suas habilidades. Se o AH/SD não encontra um atendimento especializado e baseado nas suas necessidades: [...] dificilmente terá, em sala de aula, a profundidade e abrangência de informação que necessita nas matérias escolares que domina ou tem vontade de aprender [...] gera, em muitos casos, frustrações, dando origem a diversas dificuldades sociais e emocionais (VIRGOLIM, 2003, p.15).

Tomando em conta os relatos comuns entre professores sobre o fracasso escolar e os problemas de desenvolvimento sócio emocional de alguns alunos, surge a pergunta: será que a violência escolar está relacionada com a não identificação e/ou a falta de reconhecimento dos potenciais dos alunos AH/SD? O sujeito AH/SD, por conta de suas características diferenciadas dos demais indivíduos, torna-se mais vulnerável à violência escolar pelo fato dos alunos alvos dessas agressões serem usualmente escolhidos pelas suas diferenças individuais. Aliás, o AH/SD pode apresentar certa dissincronia: uma disparidade entre o seu desenvolvimento cognitivo e maturidade física ou emocional, o que será percebido pelos seus colegas como uma diferença que pode torna-los alvos preferenciais de violência7. 7

É importante mencionar que nem todos os alunos AH/SD são violentados, contudo, infelizmente existe também a possibilidade que alguns deles se tornem agressores.

23

Um aspecto importante na violência escolar contra alunos AH/SD refere-se ao fato de existirem mitos com respeito ao conceito das AH/SD, tais como: a superdotação é sinônimo de genialidade; a criança superdotada necessariamente terá um bom rendimento na escola8; o superdotado é um fenômeno muito raro, sendo poucas as crianças e jovens de nossas escolas que podem ser de fato considerados superdotados ou para alunos com AH/SD tudo é fácil e não precisam esforçar-se. [...] com base nas leituras sobre os mitos acerca das AH/SD, bem como a temática da Inclusão, questionei a possível relação entre os apelidos clássicos: NERDs, CDFs, “puxa-saco”, entre outros com o Bullying que vitimiza (sic) o aluno com AH/SD (OLIVEIRA, 2012, p.18).

Mas, para entender como esses mitos repercutem na prática educativa inicialmente se analisará, em forma geral, o conceito de violência escolar, sua relevância atual e suas consequências. Posteriormente se considerará o paradigma cartesiano e sua prática existente em algumas escolas na atualidade e finalmente se aferirá em como esse paradigma influi na percepção dos principais atores educativos, sob a perspectiva da cognição social. A violência escolar ou bullying9 é um dos conceitos mais difundidos na atualidade pela mídia e é objeto de análise em diferentes âmbitos. Só entre os anos 1996 e 2012 pode-se conhecer tragédias como a de Moses Lake (Washington), onde dois estudantes e uma professora foram feridos, mantidos reféns durante dez minutos e mortos pelo aluno Barry Loukaitis de catorze anos em fevereiro de 1996; ou a de Littleton (Colorado) quando catorze estudantes e um professor foram mortos e vinte e três alunos foram feridos na escola Columbine, por Eric Harris e Dylan Klebold, no dia 20 de abril de 1999; e mais recentemente em Newtown (Connecticut) onde Adam Lanza, de 20 anos, assassinou vinte crianças e seis adultos num tiroteio na escola primária de Sandy Hook em 14 de dezembro de 2012. Poderíamos nomear múltiplas tragédias pelo mundo afora que variam em número de mortos, feridos e danos psicológicos para as vítimas e a sociedade em geral. No Brasil, tragédias como a vivida na Escola Municipal do Rio de Janeiro Tasso da Silveira no 7 de abril de 2011, ou mais recentemente a notícia de que a professora Rosileide Queiros de Oliveira da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão em São Paulo foi baleada por um aluno de dez anos que depois cometeu suicídio, mostram a urgência de abordar o tema da 8

“O professor de música de Beethoven uma vez disse que, como compositor, ele era ‘sem esperança’. Isaac Newton tirava notas baixas na escola e Albert Einstein tinha dificuldades de ler e soletrar e foi reprovado em matemática”. (VIRGOLIM, 2007, p.39). 9 Para efeitos do artigo, os termos bullying e “violência na escola” vão ser sinônimos. O termo o bullying desde a perspectiva do presente estudo é inadequado porque tende a estigmatizar aos envolvidos no fenômeno. A palavra bullying é proveniente do anglicismo que significa “uma pessoa cruel e brutal” (a cruel and brutal fellow) (PRINCETON, 2011) ou a pessoa que usa sua força ou poder para assustar ou machucar gente mais fraca (A person who uses their strength or power to frighten or hurt weaker people). Assim este não é só um tema semântico, já que a terminologia se deriva de um conceito que influi na cognição social.

V.8, nº2, ago./dez. 2015

24

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X violência escolar a partir de uma perspectiva abrangente e profunda, compreendendo a dinâmica inconsciente envolvida na sua gênese e a importância social do seu conteúdo, uma vez que, quando tragédias dessas proporções acontecem, todos são afetados: as pessoas que estão diretamente e indiretamente envolvidas na tragédia e a sociedade em geral. Desta forma, pode-se pontuar para violência escolar as seguintes características: é um conjunto de atitudes agressivas com vários tipos de manifestações; é de caráter intencional e repetitivo; é praticado por um ou vários agressores contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de defender-se e reflete um desequilíbrio de poder. Este Fenômeno pode ser expresso de diversas maneiras, visto que o agressor se utiliza de muitos meios e diversas formas de atingir suas vítimas. Entre as principais formas de manifestação da agressão de um bully, destaquei as agressões físicas, verbais, morais, intelectuais, virtuais, psicológicas, materiais e sexuais (OLIVEIRA, 2012, p.61).

Nesse sentido, e para fins desse artigo, consideraremos a violência escolar de tipo intelectual como a mais significativa para elucidar como o bullying pode estar relacionado com as AH/SD: O Bullying Intelectual pode estar caracterizado por ser aquele tipo de violência ocasionada por agressores que apelidam suas vítimas de NERDs e CDFs em função do desempenho acima da média da turma que a vítima apresenta, ou a apelidam de burra, ignorante, retardada, entre outros apelidos, por seu baixo rendimento em alguma disciplina escolar (OLIVEIRA, 2012, p.62).

Com alicerces na ideia de que vítimas da violência escolar são escolhidas pelas suas diferenças individuais, o estudo “Perfil del niño superdotado en México”, realizado pelo Centro de atenção ao talento (Centro de Atención al Talento CEDAT), detectou que as crianças com Superdotação são as que mais sofrem o acosso escolar. De fato 82%, sofreram violência escolar nos seus entornos educativos10. Tomando em conta a não identificação dos potenciais de alunos AH/SD e o crescimento da violência escolar se estabelece a premissa de que esses potenciais não identificados podem em várias situações serem canalizados para fins destrutivos: desde jovens envolvidos em crimes tecnológicos conhecidos como hackers, ou casos extremos de atiradores em escolas que possuíam um grau alto de inteligência, como exemplo Barry Loukaitis (tragédia de Moses Lake) que foi um estudante com honrarias, com um Q.I. de 116, tal como o Doutor Langman se refere a seguir: Um dos aspectos fascinantes dos atiradores em escolas é que geralmente são bons estudantes, Contrário ao que possa ser esperado, eles não são estudantes da faixa baixa do espectro académico. Os atiradores não são fracassos acadêmicos, eles são brilhantes, e inclusive superdotados. Dylan Klebold esteve vários anos num programa de crianças 10

Centro de Atención al Talento (CEDAT) (EL UNIVERSAL, 2012).

25

superdotadas. Michael Carneal” tinha um Q.I. na faixa superior. Eric Harris era um excelente estudante que participava ativamente na sala de aula e que recebia elogios constantes de seus professores (LANGMAN, 2009, p.1, grifo do autor).11

Seguindo essa sucessão ideias, a mestre Miriam de Oliveira Maciel na sua dissertação de mestrado “Alunos com Altas Habilidades / Superdotação e o Fenômeno Bullying” menciona: [...] formulei a hipótese de que a ausência de reconhecimento de potenciais poderia estar relacionada ao Fenômeno Bullying, pois muitos potenciais podem ser canalizados para grandes obras, bem como para fins destrutivos. Muitos traficantes e chefes de favelas possuem várias inteligências em destaque. No entanto, se utilizam delas para chefiar gangues e cometer a violência (OLIVEIRA, 2012, p.19).

A violência escolar é influenciada pela percepção do indivíduo à violência que o cerca (na mídia, nas ruas, no lar) e / ou no processo de aculturação sofrido pelas crianças (métodos didáticos, capacitação dos professores e conteúdos curriculares). Assim sendo, podem-se fazer as seguintes perguntas: Em que medida a violência escolar é um transtorno psicossocial? Será que a cognição dos professores, a banalização da violência, as falsas crenças sobre a adolescência e os mitos sobre as AH/SD influem na propagação de ações violentas? Será que a educação tradicional no paradigma cartesiano, comum em muitos universos escolares, tem influência na formação da violência na escola? Entendemos que a escola tem uma importância transcendental para melhorar nossa sociedade, sempre que sua metodologia, didática, conteúdos e paradigmas sejam compatíveis com as necessidades atuais, e dentre estas, pode-se incluir o atendimento a alunos AH/SD. Precisamos de centros educativos que acompanhem o desenvolvimento social, psicológico, cultural e tecnológico. Portanto é importante ter uma escola cujo paradigma12 seja atual. Infelizmente muitas de elas lidam com paradigmas anacrónicos, com estilos de ensino obsoletos e com professores pouco hábeis para lidar com as crescentes mudanças na sociedade e com alunos AH/SD13. O paradigma que frequentemente orienta a educação brasileira é o conservador, baseado no proposto Newtoniano-Cartesiano14.

11

Tradução livre pelos autores. Um paradigma é uma palavra de origem grega (parádeigma) e significa “algo que serve de exemplo geral ou de modelo; conjunto das formas que servem de modelo de derivação ou de flexão; conjunto de termos ou elementos que podem ocorrer na mesma posição ou contexto” (PRIBERAM, 2008). É um modelo ou representação de um padrão a ser seguido. E, portanto, inclui teorias e conhecimentos que originam um estudo posterior; é uma referência inicial, como base de modelo para estudos e pesquisas. 13 Afortunadamente existem boas experiências no Brasil referente à superação do paradigma educacional cartesiano 14 “O paradigma cartesiano teve sua origem histórica em Galileu Galilei, que introduziu a descrição matemática da natureza reconhecendo a relevância das propriedades quantificáveis da matéria. Contaminado por esses estudos, Descartes (1596-1650) propôs o ‘Discurso do Método’ com os pressupostos: jamais acolher alguma coisa como verdade sem evidência concreta; dividir cada um dos conceitos em tantas parcelas quanto possível para resolvê-las; partir da ordem dos conceitos mais simples para os mais complexos para conduzir o conhecimento; e buscar em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que provocasse a certeza de nada omitir” (BEHRENS, 2005, p.18-19). 12

V.8, nº2, ago./dez. 2015

26

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X O paradigma cartesiano, em termos gerais, acredita que os fenômenos físicos podem ser reduzidos em partes mais simples. Este conceito tem influído na educação, quando ela é estereotipada como uma fábrica: o aluno entra numa esteira de produção, é processado e resulta num produto final, sem observar a suas necessidades especificas. Sendo, portanto oposto à premissa da inclusão escolar, levando muitos professores a um pensamento dicotômico, onde inconscientemente veem os alunos com necessidades de atendimento especializado, incluindo os AH/SD, diferentes dos demais. Sem empreender suas especificidades como um enriquecimento para sua prática pedagógica e para as relações interpessoais de seus alunos. “No paradigma cartesiano para que um aluno adquira o conhecimento é preciso que se possa medir, quantificar, dividir e repetir” (BEHRENS, 2005, p.21). Assim, propõe a fragmentação do conhecimento em áreas específicas de cursos, eles são divididos em disciplinas e estas em especialidades. O paradigma influi na ação docente e no modo de apresentação do conhecimento aos alunos, tornando a prática pedagógica baseada em ações mecânicas e autoritárias que promovam que o aluno escute, leia, decore e repita. Que de diferentes modos, se denomina metodologia. Em sua grande maioria, os professores explicam o conteúdo no quadro e a classe acompanha em silêncio, no papel de expectadores passivos para assimilar, memorizar e reproduzir. “No pensamento cartesiano-newtoniano o professor é quem domina o conhecimento, deixando o aluno refém dele; tanto que o aluno é induzido a não ter criticidade alguma” (BERTOTTI, 2011, p.11568). O professor limita os alunos: Ao espaço reduzido de suas carteiras, imobilizados em seus movimentos, silenciados em suas falas, impedidos de pensar. Reduzidos em sua criatividade e em suas possibilidades de expressão, os alunos também ficam limitados na sociabilidade, presos à mente racional, impossibilitados de experimentar novos voos e de conquistar novos espaços (MORAIS, 1998, p.7).

Nesse contexto o professor é o responsável pela transmissão do conhecimento usando métodos expositivos que posteriormente serão repetidos pelos alunos para responder as provas e assim tirar boas notas15. Assim, o aluno é condicionado, e por tanto se torna num estudante responsivo e acrítico. Existem diferentes metodologias que infelizmente se fundamentam em atividades que trazem de volta a reprodução do conhecimento, a memorização dos conteúdos, a valorização de aulas expositivas e os exercícios repetitivos. Mas, é possível que alguns professores ao utilizar a tecnologia pensem que estão oferecendo uma ação pedagógica inovadora, no entanto, simplesmente podem estar trocando o quadro de giz pelo computador. O importante não é que o 15

Se privilegia o fim, o resultado, enquanto se esquece do processo. Nesse sentido, se a educação implica um processo, as práticas são contrarias ao método ideal.

27

professor use ou não a tecnologia, o relevante é que essa tecnologia seja o instrumento para influenciar a formação de alunos reflexivos, críticos e investigadores contínuos. Na atualidade, o que se observa é um descompasso da educação com o avanço paradigmático que a sociedade vem desenvolvendo, que pode ser observado na disjuntiva entre o que o aluno aprende na escola e o que dele se requer no mundo do trabalho. Muitas empresas reclamam que os alunos que chegam a trabalhar pela primeira vez, não possuem os conhecimentos básicos requeridos para o desenvolvimento de sua atividade laboral: A escola, de modo geral, prima pela competitividade entre os alunos, o que enfatiza a cultura da violência em seu espaço. Prima também, por métodos de ensino que estão, muitas vezes, dissociados da realidade que os alunos enfrentam na sociedade, o que torna os conteúdos escolares desinteressantes e inúteis, na concepção desses alunos (OLIVEIRA, 2012, p.121).

Tomando um exemplo que mostre esse descompasso, entre o avanço da sociedade e os conteúdos escolares e que se assemelhe à realidade brasileira, pode-se citar o livro “El pais de uno: reflexiones para entender y cambiar a México” da doutora em política pela Universidade de Princeton, Dennise Dresser, quando se refere à educação no México: Vítimas de uma educação que não permite o México competir, falar e relacionar-se com o mundo. Vítimas de uma escola pública que cria cidadãos apáticos, treinados para obedecer no lugar de atuar. Educados para memorizar em vez de questionar. Treinados para aceitar os problemas no lugar de perguntar-se como encontrar uma solução. Educados para ajoelhar-se diante da autoridade em vez de pedir-lhe resultados. E diante da catástrofe conhecida, o que mais surpreende é a complacência, a resignação, a 16 justificação governamental e a tolerância social. (DRESSER, 2011, p.33-34) .

A doutora também menciona os resultados da prova Pisa17: […] onde 56 por cento dos mexicanos avaliados pela prova PISA estão entre os níveis 0 e 1, isto é, sem as habilidades mínimas para afrontar as demandas dum mundo globalizado e competitivo. Dados duma catástrofe; números que enfatizam aquilo que o escritor James Baldwin advertiu: os países não são destruídos pela maldade más pela 18 fraqueza, pela preguiça. (DRESSER, 2011, p.34-35) .

E finalmente exemplifica a prática educativa que a maior parte das escolas no México oferecem aos alunos: […] milhões de crianças mexicanas copiando parágrafos, memorizando datas, acumulando ignorância na forma de dados inertes [...] aprendem todo sobre os heróis que construíram a pátria, mas não são educados para serem cidadãos ativos nela [...] México, o país que produz pessoas orgulhosamente nacionalistas, mas, educativamente atrasadas [...] o país que ensina a seus habitantes a lidar com um contexto que não existe mais [...] onde na escola pública aprendem pouco de ciência, mas aprendem muito de obediência; aprendem pouco de tecnologia, mas aprendem muito de simulação; 16

Tradução livre pelos autores. Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês Programme for International Sudent Assessment PISA). O programa é coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 18 Tradução livre pelos autores. 17

V.8, nº2, ago./dez. 2015

28

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X aprendem pouco de álgebra, mas aprendem muito de resultados medíocres, negociações injustas e benefícios extralegais. México o país onde, na escola pública, não se trabalha o sentido crítico, a autonomia ética ou a mudança social, mas, se trabalha uma grande propensão à conformidade. (DRESSER, 2011, p.37)19.

A Doutora Dennise Dresser aponta a um grave problema educativo no México que mostra a obsolescência do paradigma cartesiano na educação, o que também pode observar-se no Brasil e em outros países da América Latina. De tal modo, que reflete a necessidade de mudança de um paradigma por outro que possua uma visão holística, uma visão da totalidade, de conexão e de interdependência. Os países se encontram imbuídos num sistema global, por isso é preciso formar cidadãos que sejam competentes e que tenham as ferramentas para um mundo com esta característica. Urge repensar o papel da escola como geradora do saber num enfoque colaborativo e não simplesmente como um espaço físico, isolado e obsoleto. Todavia, mesmo sendo os professores cônscios dessa necessidade, o que faz com que só pouquíssimas escolas tenham mudado numa educação de visão global? Para responder a esta pergunta é imperioso beber na fonte da Psicologia Social e no conceito denominado Cognição Social, o qual é um campo que investiga a forma como as pessoas compreendem-se mutuamente e a si mesmas. A cognição social pode ser entendida como o conhecimento acerca de qualquer “objeto humano”, seja indivíduo, si próprio, grupos, papéis ou instituições [...] são estruturas e processos mediante os quais os sujeitos selecionam, interpretam, recordam e usam a informação social para fazer julgamentos e tomar decisões (PEREIRA, 2014, p.197).

Se analisamos esse conceito no campo dos paradigmas, poderíamos dizer que cada revolução cientifica ou paradigmática20 se apresenta com uma cognição social específica que, para efeitos desse artigo, denominaremos cognição paradigmática. Esta sugere um exercício de compartilhar enfoques e ideias, chegando inclusive à normalização de práticas preestabelecidas. Por conseguinte, implica que os professores podem possuir uma cognição que se enquadra ao paradigma vigente e que se transforma em valores, princípios éticos, estereótipos, prejuízos, crenças e mitos.

19

Tradução livre pelos autores. Para Kuhn, no seu livro “A estrutura das revoluções científicas”, um paradigma é: “aquilo que os membros de uma comunidade científica partilham e, inversamente, uma comunidade cientifica consiste em homens que partilham um paradigma” (KUHN, 1970, p.219). Kuhn sugere no seu livro que existem teorias que ao longo do tempo vão modificando-se em movimentos transformadores, adaptando-se as novas questões da ciência; os paradigmas atingem níveis críticos quando existem um grande número de questões que não podem ser resolvidas, e, portanto, o paradigma entra num período de crise, dividindo à comunidade cientifica entre o paradigma tradicional e um novo paradigma. Isso é o que Kuhn denomina “revolução cientifica”. É bem sabido que essa mudança de paradigmas gera múltiplas discussões, trata-se de um processo lento que se estende por um período consideravelmente longo de tempo.

20

29

Assim, ao estudar os mitos relacionados a AH/SD, estes “podem influenciar nas relações interpessoais, causando, muitas vezes, reações agressivas nas pessoas que não apresentam AH/SD” (OLIVEIRA, 2012, p.72). Além dessa normalização, outro fator que influi na cognição paradigmática é o conceito de necessidade21 social, isto é, as observações devem ser consistentes com as normas e costumes sociais. O ser humano tem a tendência de compartilhá-las para aderir-se ao ponto de vista coletivo o que se torna um empecilho para a prática profissional dos professores e para o aprendizado dos alunos. Isso pode ser exemplificado no campo da violência escolar22 em relação ao termo bullying, bem como, aos mitos relacionados aos alunos AH/SD. Pelo fato de ainda não existir um consenso do termo bullying, é importante analisar a cognição que tanto os professores como a sociedade têm sobre a violência escolar e assim mostrar a importância do conceito de cognição social que está sendo analisando: Durante séculos a cognição social da violência tem sido normalizada como uma ocorrência cotidiana, o que Nilia Viscardi, no informe sobre “Violência na escola: América Latina e caribe” (UNESCO) denomina de naturalização, que acontece em situações que se percebem como normais e que fazem parte do desenvolvimento das crianças: A naturalização do fenômeno pode constituir-se numa ‘saída’ ao problema. Estigmatizando aos ‘alunos violentos’ aos centros que sofrem essa problemática no lugar de mostra-la como resultado dum complexo conjunto de determinantes e 23 problemáticas sociais (VISCARDI, 2003, p.199).

A violência nas escolas vem sendo considerada como uma exceção ou como um fato isolado que só acontece em outros países ou regiões, mas os efeitos que provoca são tão sérios que obrigam às escolas, às famílias e à sociedade em geral a assumir a responsabilidade ética para enfrentá-los e solucioná-los. Nesse sentido, quando a psicologia desenvolve uma perspectiva de naturalização: Deixa de contribuir para leituras críticas da sociedade e para a construção de políticas adequadas para a juventude, responsabilizando, com sua leitura o próprio adolescente e seus pais pelas questões sociais que envolvem jovens, como a violência e o abuso de drogas (BAHÍA, 2007, p.66).

21

Desirability em inglês. É importante definir o conceito de violência escolar para evitar equívocos. Todo mundo fala do bullying de um jeito corriqueiro e com repercussões muito importantes para o estudo do tema. Aliás, é um dos assuntos mais relevantes de nossa época. Mas as diferentes manifestações da violência na escola e a pouca claridade dos termos relativos a ela, tornam o seu estudo insuficientemente claro e, portanto, pouco inteligível. Como as palavras que disse o senador Roberto Requião o dia 26 de abril de 2011: "Temos que acabar com o abuso, o bullying que sofremos nas mãos de uma imprensa às vezes provocadora e muitas vezes irresponsável" (GUERREIRO, 2011). O que ocasiona confusão no termo. 23 Tradução livre pelos autores. 22

V.8, nº2, ago./dez. 2015

30

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X Para muitos professores a violência escolar só ocorre quando é de tipo físico, consideram outras manifestações da violência como atitudes corriqueiras entre os estudantes, e acham que se exagera no tema. Assim, num estudo comparativo feito pela Universidade de Huelva, Espanha nos anos 2005 / 2007 mostra que: Os resultados apontam que a percentagem dos futuros professores que creem que se exagera ao falar do fenômeno da violência nas escolas aumentou a 15% e os futuros professores que consideram que é normal que ocorram esses atos acresceu a 12% (ALONSO, 2009, p.132).

“A ideia prévia que se tem sobre qualquer situação ou circunstância dá lugar a certas crenças, e como consequência formam atitudes; por isso é importante conhecer a opinião que o professor tem sobre os alunos” (CABEZAS, 2006, p.3). Por exemplo, a ideia de que a agressão é uma fase normal no desenvolvimento das crianças e que as condutas agressivas ajudam a endurecer aos alunos prejudicam o entendimento do problema; aliás, as falsas crenças também têm relação ao gênero dos professores, enquanto “os homens tendem a enxergar o fenômeno como uma coisa normal e como consequência não atuam tão oportunamente como as professoras, que mostram maiores níveis de empatia em relação aos alunos” (CABEZAS, 2006, p.3). Deste modo, “a aparente aceitação dos adultos e a consequente sensação de impunidade favorecem a perpetuação do comportamento agressivo” (LÓPEZ NETO, 2005, p.166). Ideias, mitos e crenças que compartilhados pela sociedade e pelos professores, criam cognições, atitudes e condutas que influem na prática educativa. Se a realidade destes alunos não se encaixa na cognição paradigmática, então essa realidade simplesmente será apagada, ignorada ou mal-entendida. Quase quarenta por cento das crianças superdotadas a nível intelectual não consegue finalizar o ensino médio por não se sentirem estimulados no sistema educativo atual, assegura MENSA, uma organização dirigida a pessoas com elevado coeficiente 24 intelectual (EL PAIS, 2008).

Desta forma, entende-se ser correto definir como violência paradigmática aquela que é feita pelas escolas e pelos professores aos alunos AH/SD (tanto por inabilidade na sua identificação quanto por desinteresse), quando baseiam suas ações educativas no paradigma cartesiano. Assim, a violência paradigmática: é um conjunto de omissões e atitudes agressivas que transgridem e violam25 os direitos dos alunos AH/SD, quando não respeitam suas diferenças e têm suas necessidades individuais ignoradas; segue uma cognição que alude ao exercício de compartilhar e normalizar ideias, enfoques e práticas de caráter intencional e repetitivo com base

24

Tradução livre pelos autores. No sentido de “desrespeito de norma, lei, acordo. Desrespeitar, infringir, quebrantar, quebrar, transgredir” (PRIBERAM, 2008).

25

31

na metodologia usada na sala de aula; é praticada por um ou vários agressores contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de defender-se e se configura como um desequilíbrio de poder entre escola e aluno. A doutora Virgolim, no artigo “A criança superdotada e a questão da diferença: um olhar sobre suas necessidades emocionais, sociais e cognitivas”, menciona: Às vezes, a falta de sincronicidade no desenvolvimento da criança superdotada não apenas se dá dentro da própria criança, mas pode ser observada em relação a seu ambiente externo [...] dissincronia externa [...] quando há uma falta de adequação entre as necessidades da criança e o currículo escolar, que na grande maioria das escolas brasileiras, não é diferenciado para atender essa população (VIRGOLIM, 2003, p.15).

A violência escolar pode ser influenciada: pelas cognições atreladas ao paradigma cartesiano; pelos mitos sobre as AH/SD; pelo desconhecimento de alguns professores sobre o tema; pela falta de adequação entre as necessidades do estudante e do currículo escolar; pela percepção inadequada que muitos docentes compartilham sobre as AH/SD e a violência escolar; e pelo desinteresse de alguns professores e redes de ensino. Por esse fato é imperativo sopesar o quantitativo de crianças AH/SD que atualmente vivenciam violência física, psicológica, intelectual, sexual ou inclusive cibernética26. Desta forma devem-se analisar as estatísticas da violência com mais rigor científico, desprovidos das paixões provenientes da cognição paradigmática já existente.

3

CONCLUSÕES Com alicerces no quantitativo de alunos AH/SD ainda não identificados e nas

consequências que estão vivenciando na atualidade em escolas brasileiras (violência física, psicológica, intelectual, sexual, cibernética). É imperativo realizar pesquisas com mais rigor científico que propiciem o desenvolvimento de atividades que sirvam para identificar aos alunos AH/SD na rede escolar, tanto pública quanto privada, com o fim de desenvolver suas habilidades mediante estratégias de enriquecimento diferenciadas. Igualmente é imprescindível analisar quais são os fatores que atuam como obstáculos para identificar alunos AH/SD, devido possuírem características diferenciadas de tipo intelectuais, sócio emocionais e comportamentais dos demais indivíduos por isso tornam-se mais vulneráveis à violência escolar. Infelizmente as crianças AH/SD, com frequência, são

26

Referre-se ao cyber-bullying como uma conduta violenta e repetitiva que se leva a cabo mediante o uso de mídia eletrônica.

V.8, nº2, ago./dez. 2015

32

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X erroneamente identificadas como alunos com transtornos globais do desenvolvimento ou com outras deficiências por não terem suas habilidades detectadas oportunamente. Deste modo, para lograr uma verdadeira transformação, uma revolução paradigmática que acabe com o descompasso que existe entre as mudanças da sociedade e a obsolescência dos conteúdos escolares será importante que todas as escolas no Brasil, públicas e privadas, tenham em funcionamento uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) com uma equipe multidisciplinar formada por: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e professores da educação especial capacitados no tema das AH/SD. Para promover nas escolas identificação e atendimento de alunos AH/SD; para fazer acompanhamentos psicossociais com suas famílias; como também atuar na formação continuada de professores para que todos conheçam as características cognitivas, emocionais e comportamentais desses alunos, evitando que as suas Altas Habilidades sejam ignoradas e desperdiçadas. Somente com uma capacitação abrangente sobre AH/SD entre todos os evolvidos no processo educativo pode-se mudar a cognição paradigmática cartesiana, e desse modo evitar mitos, crenças, estereótipos e prejuízos que ainda são compartilhados e que influem na conduta e no estilo de ensino dos professores em sala de aula. A violência escolar pode também ser influenciada pelas cognições atreladas ao paradigma cartesiano: percepção inadequada e mitos que muitos docentes compartilham sobre a violência escolar e as AH/SD; desconhecimento de alguns professores sobre os temas das AH/SD e da violência escolar; falta de adequação entre as necessidades do estudante e do currículo escolar; e desinteresse sobre esses temas por alguns professores e instituições educacionais. Desta forma, se falamos de violência escolar é justo ampliar o conceito de violência para aquela que é feita pela escola tradicional e pelos professores aos alunos AH/SD que não são identificados. A violência pode ser observada tanto por ação quanto por omissão, assim, negar as necessidades dos alunos AH/SD por inabilidade na sua identificação ou pior ainda por desinteresse, é um ato violento por definição.27 Deste modo, este artigo propõe investigar, sob a perspectiva sócio-psicológica, a gênese da violência nas salas de aula a alunos AH/SD com o intuito de entendê-la num plano mais amplo, o que traria benefícios para essas crianças que sofrem e praticam a agressão, a fim de proporcionar uma educação inclusiva construindo espaços educativos mais adequados, adaptados as suas necessidades e diferenças individuais.

27

Outro exemplo de violência por omissão se refere aos idosos, quando se não se proporcionam as condições necessárias para seu bem-estar (comida, roupas, medicamentos).

33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALONSO, Pilar Alonso Martin. La visión del fenómeno bullying en alumnos del curso de Aptitud Pedagógica en los años 2005/06 y 2006/07: Semejanzas y diferencias. Estudios sobre Educación. 17, 125-144. Facultad de CC.EE. Facultad de Psicologia Evolutiva y de la Educación. Universidad de Huelva. 2009. BAHÍA, Bock Ana Mercês. A adolescencia como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e educadores. Adolescencia como uma construção social. Revista semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) Volume II. Número 1 Janeiro/Julho, 63-76. 2007. BRASIL. Resolução N° 4, de 2 de outubro de 2009. Diário Oficial da União, Brasilia, 5 out. 2009, seção 1. p.17. Disponível em: . Acesso em: 08 nov. 2015 BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Ed. Vozes. 2010. BERTOTTI, Rudimar Gomes, et al. Mudança de paradigma: Desafio para o professor de educação superior. X Congresso Nacional de Educação EDUCERE. I Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação SIRSSE. Pontificia Universidade Católica do Paraná. Curituba. 11562 - 11575. 2011. BEZERRA, de Andrade Fernando Cézar. Ser uma lição permanente: Psicodinâmica da competência inte-relacional do (a) educador (a) na gestão de conflitos e na prevenção da violência na escola. Tese (Doutorado em Educação) 2007. Universidade Federal de Paraiba. BOND, Lyndal. et al. Does bullying cause emotional problems? A prospective study of young teenagers. BMJ Centre of Adolescent Health, Set. 480-484. 2001. BRASIL. Censo Nacional da Educação Básica 2014. INEP Brasil. Disponível em Acesso em 30 de Setembro de 2015. BURGARDT, Lilian. Brasil não conhece seus superdotados. Universia. 04 junho 2008. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro 2015. CABEZAS, Maria Fernández. et al. Estudio de la percepción que el profesorado en activo posee sobre el maltrato entre iguales. Revista de Currículum y formación del Profesorado 10, 2, 2006. CABEZAS, Pizarro Hannia. Detección de conductas agresivas "Bullyings" en escolares de sexto a octavo año, en una muestra costarricense. Revista Educación 31 (1), 123-133. 2007 CEREZO, Fuensanta. Bullying: análisis de la situación en las aulas españolas. International Journal of Psychology and Psychological Therapy. Universidad de Murcia. España. 9, 3, 367378. 2009. CONBRASD. Revista Brasileira de Altas Habilidades / Superdotação. Conselho Brasileiro para superdotação. 1, 1, 2013. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro. 2015. V.8, nº2, ago./dez. 2015

34

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X De MORAIS, Dalosto, Marcília. O aluno com Altas Habilidades e o Bullying: Manifestações, prevalência e impactos. Tese (Doutorado em Educação). 2011. Universidade Católica de Brasilia. DRESSER, Denisse. El país de uno: reflexiones para entender y cambiar a México. Ciudad de México: Aguilar Ediciones. 2011. EL PAIS. El 40% de los superdotados no supera la ESO por falta de estímulo. 10 Dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. EL UNIVERSAL. Sufren Bullying mayoría de niños superdotados. 23 de Agosto de 2012. Disponível em: . Acesso em: 30 de setembro de 2015. GARDNER, Howard. Estructuras de la mente: La Teoría de las Múltiples Inteligencias. Madrid: Fondo de Cultura Económica de España. 1994. GUERREIRO, Gabriela. Requião afirma que tomou gravador porque sofreu 'bullying' Folha de S. Paulo. 26 de abril de 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. KUHN, Thomas Samuel. The Structure of Scientific Revolutions. 2 ed. Chicago and London: University of Chicago Press. 1970. LANGMAN, Peter. Shakespeare and school shooters. Can we learn from school shooters´ references to Shakespeare? Psychology Today. 01 Out. 2009. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. LÓPEZ NETO, Aramis A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria. Rio de Janeiro. Vol 81 No 5, 18. 2005. MORAIS, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. 1998. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. NEGRINI, Tatiane, et al. A identificação e a inclusão de alunos com características de altas habilidades/superdotação: discussões pertinentes. Revista Educação Especial n. 32, 273-284. 2008. OLIVEIRA, Miriam. Alunos com Altas Habilidades/Superdotação e o fenômeno Bullying. Tese (Mestrado em Educação). 2012. Universidade Federal de Santa Maria. ORTEGA, Rosario, et al. Emociones de agresores y víctimas de cyberbullying: Un estudio preeliminar en estudiantes de secundaria. Revista Ansiedad y estrés. Universidad de Córdoba, 15 (2-3), 151-165. Janeiro 2009. PEREIRA, Anderson, et al. Representações sociais e cognição social. Revista Psicologia e Saber Social. 3(2), 191-206. 2014. PÉREZ, Susana Graciela. Altas habilidades / Superdotação: mais vale prevenir. Pediatria Moderna. Jan 14 V 50 N 1, 40-48. 2013 Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015.

35

PIÑERO Ruiz Eugenia. Características e las relaciones familiares y escolares y roles en la dinámica bullying en estudiantes de educación secundaria obligatoria. Tese (Doutorado em Psicologia). 2010. Universidad de Murcia. España. PRIBERAM. (2008). Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. PRINCETON. (2011). Wordnetweb. Disponível em: . Acesso em: 30 de Setembro de 2015. SEVILLA, Carmen María Sevilla Romero. El Perfil del alumno agresor en la escuela. (2006). VI Congreso Internacional Virtual en Educación. Universidad de Murcia. Fevereiro 2006. Disponível em: . Acesso em: 30 de setembro de 2015. VARELA, Torres Jorge, et al. Violencia escolar (bullying): ¿Qué es y cómo intervenir? Centro de Estudios Evolutivos e Intervención en el Niño (CEEIN). 2009. Facultad de PsicologíaUniversidad del Desarrollo. Disponível em: . Acesso em: 30 de setembro de 2015. VIRGOLIM, Angela Mágda Rodrigues. (2003). A criança superdotada e a questão da diferença: um olhar sobre suas necessidades emocionais, sociais e cognitivas. Disponível em: . Acesso em: 30 de setembro de 2015. VIRGOLIM, Angela Mágda Rodrigues. Altas Habilidades/Superdotação: encorajando potenciais. Ministério de Educação MEC Secretaria de Educação Especial SEESP. Brasilia, Brasil. 2007. VISCARDI, Nilia. Enfrentando la Violencia en las escuelas: Un informe de Uruguay. 2003. Disponível em: . Acesso em: 30 de setembro de 2015.

 

V.8, nº2, ago./dez. 2015

36

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.