A Escolha do Instrumento e os Estereótipos de Género - Relação com a Perspetiva Ecológica de Brofenbrenner

Share Embed


Descrição do Produto

- Mestrado em Ensino da Música Unidade Curricular de Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Ano Letivo de 2012/2013

Docente: Prof. Cristina Pereira Discente: Diana Dias

Castelo Branco, Janeiro de 2013

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Índice

Introdução

2

O Que Influencia as Escolhas Musicais das Crianças e Jovens?

3

Uma Questão de Género Metodologia

5 7

Participantes

7

Procedimento

7

Resultados

8

A Relação Com a Perspetiva Ecológica de Brofenbrenner

15

Microsistema

16

Mesosistema

16

Exosistema

17

Macrosistema

17

Transição Ecológica

18

Conclusão

19

Referências Bibliográficas

21

Anexos

22

1

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Introdução

Esta tarefa foi elaborada no âmbito da Unidade Curricular de Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social, do Mestrado em Ensino de Música da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Foi-me proposta esta tarefa tendo em vista a elaboração de um trabalho teóricoprático, com uma componente de pesquisa teórica e outra prática, num estudo de caso. Como a minha área de formação é a música, procurei um tema que fosse um elo de ligação entre esta e os conteúdos programáticos da unidade curricular. Após bastante pesquisa e leitura, fui eliminando os assuntos que pensava serem menos interessantes até que, vi a “luz ao fundo do túnel” ao ler um artigo relacionado com um estudo efetuado a duas escolas de música, que nem sequer tinha a ver com psicologia nem com desenvolvimento. Num dos pontos focava a escolha do instrumento pelos alunos, e as razões apontadas para a escolha. Por ver respostas tipicamente estereotipadas, aguçou-me a curiosidade e, fui pesquisar se haveria artigos relacionados com esta questão. Sim, havia. E muitos! Após a escolha do tema – A Escolha do Instrumento e os Estereótipos de Género, não sabia como relacioná-lo com a unidade curricular. Neste ponto tenho a agradecer à professora Cristina Pereira, que me elucidou, indicando-me a Perspetiva Ecológica de Brofenbrenner. O trabalho está então dividido em quatro partes. Numa primeira parte são elucidadas quais as influências nas escolhas musicais das crianças e jovens; na segunda parte são explicadas as metodologias usadas no estudo, que incluem a descrição dos participantes e dos procedimentos usados para a recolha de dados, bem como a apresentação e análise dos resultados; a explicação e relação com a Perspetiva Ecológica de Brofenbrenner é apresentada na terceira parte; e por fim, é elaborada uma conclusão.

2

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

O que Influencia as Escolhas Musicais das Crianças e Jovens?

Há uma multitude de fatores que influenciam as escolhas e os caminhos do Homem, desde que nasce até ao fim dos seus dias. Para fazer um estudo de todas essas influências e qual a ligação entre elas, seriam necessários muitos anos de observação e pesquisa. Como tal, neste estudo foco-me apenas na influência da sociedade, da cultura e das características individuais nos caminhos percorridos pelos jovens no mundo da música. Falar sobre o género na música é uma questão pertinente, pois até há bem pouco tempo o acesso ao ensino e à aprendizagem musical não era igual para homens e para mulheres. Até há umas décadas atrás, o papel socialmente esperado da mulher era o de dona de casa. Em pleno séc. XIX, as mulheres eram consideradas incapazes de tocar instrumentos de percussão ou de sopro, quer devido à sua estrutura feminina mais frágil, quer por questões de imagem. A presença da mulher na música restringia-se à performance de instrumentos como a harpa e o piano, pelo facto de poderem acompanhar o canto, para entretenimento da família e amigos. Como se pode ver, a mulher tinha lugar na música apenas como amadora, não se podendo tornar profissional. Havia inclusive orquestras que se recusavam a admitir mulheres por considerarem que o simples facto de atuarem em público era inapropriado. Aos poucos, a sociedade tem mudado. Fatores demográficos, económicos e políticos têm um grande impacto nas oportunidades disponíveis para o compromisso com a música. Com o passar dos tempos, a valorização da música pode mudar, e, numa cultura particular, podem ser valorizados diferentes tipos de música por subgrupos específicos. Segundo Gaunt e Hallam (2009: 335) “In the Western world some individuals learn to play an instrument because it is expected by their family or school. Others start by chance because tuition is on offer in school or their friends have decided to play”. Assim, pode-se dizer que a aprendizagem musical é determinada pelo contexto social e cultural em que ocorre, acontecendo muitas vezes fora do contexto escolar, em grupos de amigos ou em bandas de música locais.

3

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

O contexto cultural em que crescemos determina o tipo de tradições musicais com a qual nos identificamos e comprometemos através de esquemas musicais que se desenvolvem e reforçam ao longo do tempo. O impacto da etnia na participação musical é determinado pelas complexas interações entre o grupo étnico a que o indivíduo pertence e as dimensões das suas tradições culturais que permaneceram intactas, que se adaptaram, ou que foram substituídas pelas de uma cultura mais global. Nas etnias em que a participação musical é parte integrante da sociedade através do canto, da dança ou de tocar algum instrumento, o suporte para a aprendizagem musical é feito diariamente, inserido na comunidade, onde os mais idosos partilham o seu saber com os mais novos, que assim podem adquirir um vasto repertório e a capacidade para tocarem diversos instrumentos. Como antítese, na tradição clássica (na qual a europa está inserida), onde um indivíduo despende de muito tempo isolado para a prática do instrumento, o apoio para a aprendizagem musical depende mais de determinados membros da família (pai, mãe,…), dos professores e dos contextos musicais. Nesta perspetiva, podemos já notar uma diferença, uma vez que no primeiro exemplo, a perfeição técnica não é exigida, mas no segundo exemplo, o estudo individual e a prática levam à expetativa da “perfeição”. Como diz Gaunt e Hallam (2009: 324): “Different genres of music are associated with different expectations of performance. (…) In classical Western music the ultimate goal of learning to play an instrument has been viewed as being able to perform in public, although this can be interpreted in many ways from playing in a school concert to performing as an international soloist. (…) Within this tradition technical competence is highly prized, whereas in folk cultures, musicians can regard themselves as competent to play within their chosen musical and social context with relatively little technical expertise (…)”. Um outro aspeto que não posso deixar de referir e que é muito importante para o compromisso com a aprendizagem musical é o estatuto socioeconómico em que o indivíduo está inserido. É preciso ter em conta o suporte financeiro da família, uma vez que comprar um instrumento é dispendioso, assim como o são as aulas, o apoio para os concertos e o facto de criar as condições propícias para o estudo e prática do

4

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

instrumento. Desta forma, as crianças da classe média têm mais facilidade de acesso à educação musical do que as crianças de classes mais baixas. . Uma Questão de Género Há dois conceitos que são facilmente confundidos – sexo e género – que, segundo Härkönen (2006: 3) se definem da seguinte forma “Sex means biological and gender social meanings. On the social level gender means the sum of the norms and expectations that are focused on an individual on the base of his/her (supposed) biological sex.” De um modo resumido, pode-se então definir o género como sendo os traços e comportamentos socialmente designados como ‘masculinos’ ou ‘femininos’ numa cultura particular. Devido a esta condição socialmente adquirida, os valores de uma cultura, as normas, as relações estabelecidas nos anos escolares, a família e os processos de socialização influenciam muito mais o comportamento das crianças e jovens, segundo o género, do que o próprio aspeto biológico relativo ao sexo. Os papéis associados ao género sugerem alguma indicação sobre a sua própria identidade, não passando a maior parte das vezes de uma questão cultural, pois não existe nada inerente ao homem e à mulher que determine que um seja piloto ou músico e que o outro seja professor ou bibliotecário, por exemplo. É verídico que a música dá ao indivíduo uma identificação segura com grupos no qual se partilham as mesmas opiniões e valores. Assim, o compromisso com a música depende das características individuais de cada sujeito, do contexto social, físico, cultural e educativo. A motivação para esse compromisso é que pode surgir de fatores extrínsecos tais como a imposição ou sugestão parental, a influência do grupo de amigos - com conhecimentos musicais ou não, ou mesmo até por vontade própria – gosto pela música, por um instrumento em particular ou pelo desejo de imitar um artista de que goste. A partir destes pressupostos, surgiu-me então uma questão: “Como é que uma criança/jovem escolhe o instrumento musical que quer tocar, se as suas escolhas musicais estão restringidas à partida, pelo seu contexto familiar, social e cultural?”

5

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Citando O’Neill (1996: 181) “(…) children’s perceptions of instruments is influenced by their perceptions of gender differences in musical participation they observe in the adult world. (…) boys and girls construct a social understanding of gender differentiation from the social interactions of everyday life. In music, for example, children are far more likely to be exposed (primarily through television) to male rock/pop musicians playing guitars and drums, than to male orchestral musicians playing flutes or violins”. Pode-se então afirmar que os rapazes e as raparigas não exibem as mesmas preferências relativamente aos instrumentos musicais, tendendo as suas escolhas a corresponder à forma como os instrumentos são estereotipados segundo o género pelos adultos. Já foram realizados alguns estudos em torno desta temática, que foram muito úteis para a construção e desenvolvimento deste trabalho, de onde fui tirando algumas ideias para a construção do questionário e, de onde surgiram algumas “luzes ao fundo do túnel” para algumas das minhas questões.

6

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Metodologia

. Participantes Neste trabalho teórico-prático participaram vinte crianças/jovens, entre os 11 e os 18 anos de idade, que frequentam a Escola de Música da Sociedade Filarmónica Artística Pombalense. Os alunos foram selecionados ao acaso, no corredor da escola, constando de 9 raparigas e 11 rapazes. As crianças/jovens aceitaram participar no estudo quando questionados se poderiam ajudar num trabalho académico através da resposta a um inquérito. . Procedimento Para a recolha de dados, elaborei um inquérito por questionário composto por quinze perguntas, idealizadas e organizadas por mim. A escolha do inquérito deve-se ao facto de este ser um instrumento útil na contextualização social das práticas culturais e das representações simbólicas, pois permite averiguar atitudes, opiniões e crenças e relacioná-las com as variáveis que traduzem relações e condições objetivas no espaço social que um indivíduo integra. No Anexo I encontra-se uma cópia do questionário. Cada criança/jovem respondeu individualmente ao inquérito, sem sofrer influência dos colegas, de modo a que as suas respostas fossem honestas e não forjadas pelas opiniões dos outros. Após aceitarem responder ao inquérito, foi-lhes explicado que este não era um teste e não havia respostas certas ou erradas, que tinham que dar simplesmente a sua opinião. Também foram informados que o inquérito era confidencial e qual o objetivo deste e, que em lado algum deveria aparecer identificação pessoal. Relativamente às perguntas, eram questionados em primeiro lugar a idade e o sexo do participante. A primeira pergunta serve para saber qual o instrumento tocado pelo inquirido, bem como para verificar se existe algum “desvio” entre o instrumento que

7

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

toca e o socialmente esperado para o seu género. Para ajudar a esclarecer esta questão, a segunda pergunta indaga diretamente qual a influência na escolha do instrumento e, na terceira pergunta averigua-se se realmente gostam do instrumento que estão a aprender ou se desejavam aprender outro. Para verificar a existência de estereótipos em relação aos instrumentos musicais e à aprendizagem musical em geral, foram elaboradas algumas questões que não foram colocadas seguidamente, de propósito, para que não houvesse uma certa ligação entre elas. Assim, na pergunta quatro foi questionado qual o instrumento de que menos gostam e o porquê. Posteriormente, nas perguntas onze e doze, foi-lhes pedido que enumerassem três instrumentos adequados para raparigas e três instrumentos adequados para rapazes, respetivamente. Para a análise inversa, nas questões treze e catorze foi-lhes pedido que enumerassem os instrumentos que menos se adequavam a raparigas e a rapazes, bem como o porquê dessa inadequação. Já nas questões sete, oito e nove, quis verificar qual a opinião das crianças/jovens relativamente às oportunidades de estudo e do mercado de trabalho na música, para ambos os géneros (masculino e feminino). As restantes perguntas do inquérito permitem-me averiguar qual a influência e a motivação para o estudo da música, quer social, quer cultural. De seguida apresento os resultados do inquérito, sendo que algumas questões foram analisadas de forma estatística, enquanto outras foram analisadas relativamente ao seu conteúdo. . Resultados Relativamente aos instrumentos que tocam, verificou-se que os inquiridos, na generalidade, estudam os instrumentos “socialmente estereotipados para o seu género”, como se pode ver na Tabela I. Já foram realizados vários estudos neste âmbito, e como refere O’Neill (1996: 171) “Participants were more likely to choose a ‘feminine’ instrument (i.e., clarinet, flute and violin) for a daughter and a ‘masculine’ (i.e., drum, trombone and trumpet) for a son”. Verifica-se apenas a existência de dois

8

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

rapazes a estudar clarinete e, quando inquiridos sobre a influência na escolha do instrumento, responderam: “Foi o que mais gostei por causa do seu timbre” e “Era o mais fixe e não é grande”. Tabela I Registo dos instrumentos tocados por género e na totalidade da amostra em estudo. Instrumento

Raparigas

%

Rapazes

%

TOTAL

%

Clarinete

4

44,44

2

18,18

6

30

Oboé

1

11,11

-

-

1

5

Flauta Transversal

2

22,22

-

-

2

10

Saxofone

2

22,22

1

9,09

3

15

-

-

2

18,18

2

10

Percussão

-

-

5

45,45

5

25

Trompete

-

-

1

9,09

1

5

TOTAL

9

100

11

100

20

100

Trombone de Varas

Quanto à influência na escolha do instrumento, a maioria das respostas tem a ver com o gosto pessoal, do som ou do próprio instrumento: “Eu toco saxofone alto porque gostei muito do seu som”; “Dos instrumentos que eu conhecia, era o som que eu mais gostava”; “Fiz uns testes e foi o que gostei mais (…) ”. Outras razões apontadas são a influência da família, do professor ou da escola/conservatório, o interesse e curiosidade pela música em geral, razões físicas – certas características que são mais adequadas a determinados instrumentos e, curiosamente, pelo desconhecimento de outros instrumentos – “Perguntaram-me se queria tocar e como não conhecia outros instrumentos, aceitei”. Apesar de alguns dos inquiridos ter sido influenciado na escolha do instrumento, quando questionados se gostavam do seu instrumento, todos eles disseram que sim. Mas, alguns responderam que gostariam de experimentar também outros instrumentos – “Sim, porém também gostaria de experimentar outros instrumentos como barítono e fagote”; “Mais ou menos. Gostaria de tocar oboé baixo” (a aluna não sabe o nome do instrumento, que se designa Heckelfone).

9

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Quando questionados sobre qual o instrumento que menos gostavam e após a análise dos inquéritos, pude verificar que o instrumento menos popular no seio das raparigas é o trompete e o menos popular entre os rapazes é a flauta transversal/flautim. Os resultados estão apresentados na Tabela II. Em resposta ao porquê desta escolha, as razões mais apontadas por ambos os géneros têm a ver com questões sonoras – “Não gosto do som”; “Demasiado agudo para mim”; “Porque o som nunca sai certo”. Outras razões foram dadas – por questões físicas (tamanho grande do instrumento ou embocadura pouco natural), por questões culturais (o aluno diz que lhe faz lembrar “música pimba”), por questões estéticas e, curiosamente, só um aluno indicou que o instrumento é muito “afeminado”. Os resultados estão apresentados na Tabela III. Tabela II Relação dos instrumentos menos preferidos pelas raparigas e pelos rapazes. Instrumento

Raparigas

Rapazes

Trombone

1

-

Trompete

3

-

Tuba

1

1

Flauta Transversal/Flautim

1

3

Oboé

-

1

Fagote

-

1

Violoncelo

-

1

Percussão

1

1

Acordeão

-

1

Não tem/Não respondeu

2

2

1 0

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Tabela III Relação das razões apontadas para a escolha do instrumento que menos gostam, segundo o género. Razões

Raparigas

Rapazes

Instrumento feminino

-

1

Questões culturais

-

1

Questões sonoras

6

5

Questões físicas

2

1

Questões estéticas

-

2

Curiosamente, apesar de apenas um dos alunos apresentar um estereótipo de género na escolha do instrumento menos preferido, o mesmo não acontece nas questões em que lhes é pedido para enumerarem os instrumentos mais adequados para raparigas e para rapazes, bem como os instrumentos menos adequados e o porquê. Aqui, tanto os rapazes como as raparigas, apontaram como instrumentos mais adequados para cada um dos géneros os esperados, segundo o estereótipo social de género: percussão, tuba e trombone para os rapazes, e flauta transversal, oboé e clarinete para as raparigas, como se pode verificar na Tabela IV. O mesmo resultado se verificou quanto aos instrumentos apontados como menos adequados: percussão, tuba e trombone para as raparigas, e flauta transversal e oboé para os rapazes, como mostrado na Tabela V. Quanto às razões apontadas para os instrumentos menos adequados, as que têm maior expressão prendem-se com razões físicas, tendo também alguma expressão as razões sonoras e os esperados estereótipos de género, como se pode verificar na tabela VI.

1 1

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Tabela IV Contagem dos instrumentos mais adequados para cada um dos géneros. Raparigas

Rapazes

Instrumentos

Raparigas

Rapazes

Raparigas

Rapazes

Fl. transversal

8

-

11

-

Oboé

7

-

3

-

Clarinete

5

1

5

1

Trombone

-

7

-

4

Percussão

-

5

-

10

Tuba

-

8

-

10

Trompa

3

2

1

-

Saxofone

1

1

-

-

Violino

1

-

7

1

Trompete

-

2

-

2

Bombardino

-

1

-

-

Piano

1

-

3

-

Fagote

1

-

1

-

Guitarra

-

-

-

5

Tabela V Contagem dos instrumentos menos adequados para cada um dos géneros. Raparigas

Rapazes

Instrumentos

Raparigas

Rapazes

Raparigas

Rapazes

Percussão

5

-

7

-

Trompete

1

-

2

-

Tuba

5

-

9

-

Trombone

3

-

6

-

Trompa

1

-

3

-

Fl. Transversal

-

5

-

7

Oboé

-

4

-

1

Clarinete

-

-

-

1

Bombardino

-

-

2

-

Sax. Barítono

-

-

2

-

Violino

-

-

-

1

1 2

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Tabela VI Relação das razões apontadas para a escolha dos instrumentos menos adequados para cada género. Razões

Raparigas

Instrumentos menos adequados para raparigas Razões físicas 6 Som muito grave/forte 2 Instrumento para rapazes 2 Não sei/Não respondeu Instrumentos menos adequados para rapazes Razões físicas 4 Som muito agudo 3 Instrumento para raparigas 1 Não sei/Não respondeu 2

Rapazes 8 1 2 2 1 3 5

Quando questionados sobre a predominância do género no ensino da música, as raparigas responderam que existiam mais raparigas a estudar (5 repostas para raparigas e 4 para rapazes) e, ao invés, os rapazes responderam que havia rapazes a estudar (8 respostas para rapazes, 2 para raparigas e 1 para igual frequência). Mas, curiosamente, as respostas à questão da igualdade das práticas musicais para ambos os géneros apresentam algumas divergências, sendo ainda mais intrigantes as razões apontadas para justificar a resposta. Dos rapazes inquiridos, cinco disseram que as práticas musicais eram iguais, justificando-se com a igualdade de direitos, de capacidades e de intenções. Seis rapazes responderam negativamente a esta questão, referindo que os instrumentos não são iguais para todos, que os professores mudam as suas práticas consoante o sexo dos alunos, tendo dois alunos uma opinião estereotipada – “(…) acho que dão mais importância aos rapazes” e “Os rapazes sempre têm mais oportunidades”. Quanto às raparigas, todas referiram que as práticas musicais são iguais para ambos os géneros, justificando-se com a igualdade de direitos e de motivações, bem como “Porque o sexo não tem nada a ver com o instrumento que cada um toca”. Ainda mais curioso é a resposta à pergunta seguinte, na qual é questionado se a profissão de músico é adequada a ambos os géneros. Pelas respostas à pergunta

1 3

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

anterior, seria de esperar (pelo menos por parte dos rapazes) algumas respostas negativas. Mas, todos os inquiridos responderam positivamente a esta questão. Já foram feitos alguns estudos nesta área, da dominância de género e do seu papel na música. Como referem Gaunt e Hallam (2009: 320) “Paradoxically, despite the dominance of men in the music professions music is regarded as a ‘feminine’ subject, although boys are more interested in and confident about music when it is linked to technology or when musical instruments depend on technology. Girls are perceived to be interested and successful in singing, playing classical music and in dealing with notation while boys are perceived to have greater confidence in improvisation and composition. Girls are also perceived to be more persistent and more successful with instrumental study, have a broader listening repertoire, and are open to a wider range of musical styles”. Relativamente à questão da motivação para a iniciação da aprendizagem musical, a maioria dos inquiridos referiu o interesse e o gosto pela música e pela aprendizagem de um instrumento musical, e o sentido de pertença a um grupo, neste caso musical, onde se partilham gostos e opiniões. Há três respostas bastante interessantes, uma relacionada com a expressão pessoal - “Achei que seria uma forma interessante de me expressar” – e outras duas relacionadas com a projeção do futuro. Relacionado com estas expetativas futuras, o inquérito inclui uma questão, para averiguar se a carreira profissional de músico passa pelas suas aspirações. Dos alunos inquiridos, quinze desejam ser músicos profissionais (7 raparigas e 8 rapazes), dois não têm na música a sua profissão futura (1 rapaz e 1 rapariga) e, por fim, três põem a hipótese de, talvez vir a seguir a via profissional (1 rapariga e 2 rapazes). Como a música é uma arte omnipresente e relacionada com outras artes, quis saber se após o início da aprendizagem musical, surgiram outros interesses. Quanto aos rapazes, a maioria respondeu que gostariam de formar um grupo ou uma banda, que gostariam de entrar para a banda (neste caso, para a filarmónica), compor música e o interesse na música clássica. As raparigas apresentaram respostas mais variadas, desde

1 4

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

começar a gostar de pintura e dança, o interesse em frequentar uma orquestra e cursos de música, até experimentar outros instrumentos. Finalmente, com a última questão do inquérito pretendia verificar se os alunos frequentavam eventos culturais, uma vez que, estando a estudar música e sendo esta parte integrante da cultura, é importante para a sua evolução enquanto músicos. Curiosamente, onze dos inquiridos (6 raparigas e 5 rapazes) afirmam que não frequentam eventos culturais, ao passo que nove (3 raparigas e 6 rapazes) frequentam, sobretudo concerto, festas ou eventos. Infelizmente, no nosso país a cultura não é assim tão valorizada, sendo uma luta constante para a mudança das mentalidades, para o entendimento de que investir na cultura compensa.

A Relação com a Perspetiva Ecológica de Brofenbrenner

Até à data, as pesquisas efetuadas em relação ao compromisso com a aprendizagem musical abordam fatores de forma isolada, tendendo a descurar as complexas interações existentes entre o indivíduo e o ambiente no qual está inserido. Brofenbrenner, em 1979, propôs um modelo ecológico do desenvolvimento humano no qual as situações ou ambientes são conceptualizados como uma série de estruturas concêntricas inseridas umas nas outras, sendo que cada uma é um sistema interatuante com outros sistemas. Fazendo referencia a Brofenbrenner, citado em Portugal (1992: 36) “The understanding of human development demands more than the direct observation of behavior on the part of one or two persons in the same place, it requires examination of multiperson systems of interaction not limited to a single setting and must take into account aspects of the environment beyond the immediate situation containing the subject.” Desta forma, a ecologia do desenvolvimento humano envolve o estudo científico da interação mútua e progressiva entre um sujeito em desenvolvimento e as propriedades em constante mudança dos meios imediatos onde vive o indivíduo,

1 5

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

sendo este processo influenciado também pelas relações estabelecidas entre os contextos mais imediatos e os mais vastos em que se integram. Nesta perspetiva, coloca-se então uma questão – O que é afinal o desenvolvimento humano? Pelas palavras do próprio Brofenbrenner em Portugal (1992: 42), é “The evolving nature and scope of perceived reality as it emerges and expands in the child’s awareness and in his active involvement with the physical and social environment”. Quer isto dizer que o desenvolvimento humano é um processo através do qual o indivíduo adquire uma conceção mais amplificada, diferenciada e válida do ambiente ecológico, tornando-se apto para o desenvolvimento de atividades que permitem explorar, manter ou alterar as propriedades desse mesmo ambiente. Para identificar os diferentes contextos e as suas relações, Brofenbrenner estabeleceu níveis estruturais que compõem o ambiente ecológico, nomeadamente o microsistema, o mesosistema, o exosistema e o macrosistema. . Microsistema Diz respeito ao indivíduo e o seu conjunto de atividades, papéis e relações com o seu ambiente, vivenciados num contexto imediato. Pode-se dizer que é o local onde o indivíduo interatua diretamente, face a face (ex.: a escola, o lar, o local de trabalho), estabelecendo relações interpessoais e onde desempenha certas atividades e papéis num determinado período de tempo (ex.: aluno, filho, funcionário). . Mesosistema Tem a ver com as inter-relações estabelecidas entre os contextos nos quais o indivíduo tem uma participação mais ativa, podendo mesmo ser visto como um sistema de microsistemas. No caso da música, um exemplo de mesosistema pode envolver as interações entre o indivíduo, a família, a escola, o professor de música e o grupo de amigos.

1 6

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

. Exosistema É relativo aos contextos nos quais o indivíduo não participa ativamente mas, onde sucedem situações que são afetadas ou que podem afetar o contexto imediato onde se movimenta o indivíduo. Relacionado com a música, pode-se dar o exemplo do trabalho dos pais. Se tiverem um horário de trabalho extenso, pode ser um estímulo para que o jovem se comprometa mais com o estudo da música, para se inserir num grupo tendo, ao mesmo tempo, uma atividade que o ocupa na ausência dos pais. . Macrosistema Ao contrário do exosistema, o macrosistema não se refere a contextos específicos, mas sim a padrões gerais patentes na cultura ou subcultura em que o indivíduo se insere, e que afetam o complexo de estruturas e atividades que ocorrem nos contextos mais concretos. Está relacionado com as crenças, valores e ideologias característicos de uma determinada cultura ou subcultura, transmitidos ao nível dos exo, meso e microssistemas. Por exemplo, a nível musical, Portugal está inserido na tradição clássica (faz parte da cultura musical ocidental). De forma esquemática e resumida, apresento os sistemas ecológicos de Brofenbrenner acima explicados.

Microsistema

Mesosistema

Exosistema

Macrosistema

Escola Criança/

Família

Jovem Professor de música Amigos

Trabalho dos pais Sistema de transportes

Tradição clássica

Cultura musical ocidental

Fig. 1 – Representação esquemática dos sistemas ecológicos de Brofenbrenner.

1 7

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

. Transição ecológica Conhecidos os fundamentos da Teoria Ecológica de Brofenbrenner, os sistemas e quais as suas interações, é importante perceber como é que realmente um indivíduo evolui. Para haver desenvolvimento é preciso que quer o indivíduo, quer os sistemas onde participa não sejam estáticos. Assim, a transição ecológica, segundo Brofenbrenner é um elemento base no processo de desenvolvimento: é ao mesmo tempo uma consequência e um instigador do processo de desenvolvimento, podendo ocorrer em qualquer um dos quatro níveis da estrutura ecológica. Pode-se então afirmar que a transição ecológica ocorre sempre que a posição do indivíduo se altera face a uma modificação do meio ou nos papéis e atividades desenvolvidas pelo sujeito, ao longo de toda a sua vida. É importante notar que a maioria das transições ecológicas afeta mais do que um contexto, devido aos processos recíprocos de interação entre os diferentes sistemas. Por exemplo, a entrada na escola de música vai modificar o conceito de aluno da criança, vai implicar mudança de horários dos pais, alterações a nível dos transportes, entre outras implicações.

1 8

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Conclusão

Após a pesquisa bibliográfica e a análise dos dados obtidos através do inquérito, verificou-se que existem diferenças nos instrumentos preferidos por rapazes e por raparigas e que os estereótipos de género associados aos instrumentos musicais, são um fator crítico nas preferências de determinados instrumentos. A perceção que as crianças têm dos instrumentos é influenciada pela perceção das diferenças de género na participação musical, que observam nos adultos. Desta forma, pode-se afirmar que os rapazes e as raparigas estão limitados à partida na escolha do instrumento musical. Em vez de escolherem um instrumento com o qual se identifiquem, quer a nível sonoro, quer a nível físico, muitas vezes determinados instrumentos são “postos de lado” pela categorização de ser “um instrumento feminino” ou “um instrumento masculino”. Conheço várias pessoas, amigos e colegas, que estudam instrumentos considerados inadequados para o seu género e são exímios executantes. É preciso começar a mudar as mentalidades, porque um instrumento não tem sexo nem género. O facto de o trombone ser um instrumento mais pesado e que tem o som mais grave, não significa que uma rapariga não o possa tocar. As raparigas têm uma compleição mais frágil por natureza, mas também há raparigas mais robustas. O mesmo se passa com os rapazes. Há rapazes mais frágeis e franzinos que também não conseguiriam suportar o peso de uma tuba. E então? Vão deixar de estudar um instrumento por causa disso? Não. Tocam um instrumento mais pequeno, como por exemplo a flauta ou o clarinete. A escola, os pais e familiares mais diretos, entre outras pessoas e instituições que influenciam os percursos das crianças e jovens têm que implementar o desafio às visões estereotipadas dos instrumentos para que estes possam ter uma maior variedade de escolha. Também não se podem negligenciar as interações dinâmicas entre os indivíduos e o ambiente envolvente, pois determinam a natureza de determinados comportamentos. Para aumentar a compreensão dos processos de aprendizagem musical é necessário

1 9

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

ter em conta as interações entre os elementos atuantes na aprendizagem, identificar as relações entre micro, meso, exo e macrosistemas e, explorar a forma como os indivíduos se relacionam nos ambientes musicais a que tem acesso. Já foram feitos muitos avanços no âmbito musical, especialmente no reconhecimento do seu valor como arte e cultura. Atualmente, o compromisso com a música é valorizado devido às suas influências no desenvolvimento intelectual e no bem-estar pessoal. Devido a esta valorização, nos países desenvolvidos a sociedade criou iniciativas para que todos tenham acesso à música, ao invés do anterior acesso elitizado.

2 0

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Referências Bibliográficas

- COSTA, E. (2003). Gestão de Conflitos na Escola. Lisboa: Universidade Aberta, 109 – 112; - GAUNT, H. e HALLAM, S. (2009). “Individuality in the Learning of Musical Skills”. The Oxford Hand Book of Music Psychology. Nova Iorque: Oxford University Press Inc., 320 – 330; - HALLAM, S. (2009). “Motivation to Learn”. The Oxford Hand Book of Music Psychology. Nova Iorque: Oxford University Press Inc., 331 – 341; - HÄRKÖNEN, U. (2006). “Work Education and Gender Equality Education in Early Childhood Education”. Symposium Early Childhood Oriented Educational Methods Applied Throughout The World. Diyarbakir, Turquia; - IVERSON, B. (2011). “Music and Gender. A Qualitative Study of Motivational Differences at the Upper – Elementary Level”. Visions of Research in Music Education, 18; - O’NEILL, S. e BOULTONA, M. (1996). “Boys’ and Girls’ Preferences for Musical Instruments: A Function of Gender?”. Psychology of Music, 24, 171 – 183; - PORTUGAL, G. (1992). Ecologia e Desenvolvimento Humano em Brofenbrenner. Aveiro: CIDINE; - RAUSCHER, F. (2009). “The Impact of Music Instruction on Other Skills”. The Oxford Handbook of Music Psychology. Nova Iorque: Oxford University Press Inc., 331 – 341; - VALA, J. e MONTEIRO, M. (1997). Psicologia Social, 3ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 387 – 389.

2 1

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

Anexos

2 2

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART

ANEXO I Este inquérito foi elaborado para um trabalho de pesquisa no âmbito da Unidade Curricular de Teoria do Desenvolvimento Pessoal e Social do Mestrado em Ensino de Música, da Escola de Artes Aplicadas do Instituto de Politécnico de Castelo Branco. O inquérito é anónimo, sem identificação, e os dados são confidenciais, sendo apenas usados para fins de investigação.

Idade:_______________ Sexo:________________ 1. Qual o instrumento que tocas?_______________________________________________________ 2. O que te levou ou o que te influenciou a escolher o teu instrumento?_____________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3. Gostas do teu instrumento? Se não qual instrumento gostarias de tocar?_____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 4. Qual o instrumento que menos gostas?__________________________________ Porquê?___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 5. Qual a tua motivação para a iniciação de uma aprendizagem musical?________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 6. Que outros interesses surgiram após o início das aulas de música?_________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

7. Para ti há mais raparigas ou rapazes a estudar musica?___________________________________ 8. Achas que as práticas musicais são iguais para rapazes e raparigas?________________ Porquê?___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

2 3

Teorias do Desenvolvimento Pessoal e Social Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco - ESART 9. A profissão de músico é adequada a ambos os géneros (masculino e feminino)?______ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 10.Gostavas de seguir a área de música, a nível profissional?_________________________________ 11.Diz três instrumentos que aches adequados para raparigas. 1-__________________________________________________________________________ 2-__________________________________________________________________________ 3-__________________________________________________________________________ 12.Diz três instrumentos que aches adequados para rapazes. 1-__________________________________________________________________________ 2-__________________________________________________________________________ 3-__________________________________________________________________________ 13.Diz quais os instrumentos que achas menos adequados para raparigas e porquê.______________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 14.Diz quais os instrumentos que achas menos adequados para rapazes e porquê._______________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 15.Costumas frequentar eventos culturais? Se sim, Quais.__________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

Muito obrigada pela colaboração! Diana Dias

2 4

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.