A escrita da história impressa - Resumos de técnicas de registro na história da humanidade

July 19, 2017 | Autor: Lula Borges | Categoria: Human Evolution, Manuscripts and Early Printed Books, Historiography, Writing
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Número 1 Volume 1 Dezembro de 2014 Natal/RN

Festim Revista

Experiências educacionais

Org.: Ligia Mychelle e Lula Borges

Festim Revista

Experiências educacionais

Organização: Ligia Mychelle Lula Borges

Natal/RN/Brasil Novembro de 2014

Festim Revista

Experiências educacionais

Número 1 - Volume 1 Organização: Ligia Mychelle de Melo Silva Lula Borges

Arte, Editoração e distribuição digital Lula Borges - Imagem e Som [email protected] Ficha catalográfica SILVA, Lígia Mychelle de Melo. BORGES, Lula (org.) Revista Festim - Experiências educacionais. Periódico anual. V1., N. 1. Natal: SEEC/RN-LULA BORGES, 2014. ISSN - 15268587

Sumário Apresentação.......................................................................................................................

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Artigos..................................................................................................................................

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Leitura e produção textual: um exercício de prazer............................................

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A escrita da história impressa - Resumos de técnicas de registro na história da humanidade........................................................................................................

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Ensino por investigação: uma proposta de leitura e escrita no ensino de biologia......................................................................................................................

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Memória e aprendizagem: indissociabilidades......................................................

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Emergência de plântulas de anacardium occidentale l. (cajueiro) com a utilização de adubo oergânico de origem animal (esterco) para arborização de praças públicas.....................................................................................................................

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Ensaio..................................................................................................................................

55

Vivenciando uma pedagogia - humanescente através do lúdico.......................

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Poemas.................................................................................................................................

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Pra que nasce a poesia?...........................................................................................

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Lucrar é melhor que viver.......................................................................................

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Último Carnaval......................................................................................................

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Relatórios.............................................................................................................................

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Relatório de ampliação do Laboratório de Informática da Escola Estadal Profª. Ana Júlia de Carvalho Mousinho................................................................

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Relatório de atividades 2014..................................................................................

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Proposta de mudança na grade de artes e espanhol - na Escola Ana Júlia de Carvalho Mousinho................................................................................................

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Apresentação

Festim (ISSN-15268587) é uma revista acadêmica idealizada e fundada no ano de 2014, em Natal-RN, editada por Lígia Mychelle de Melo Silva e por Luiz Antonio Dias Borges, com o intuito principal de compartilhar experiências educacionais. Deste modo, nossa revista, preocupada com o registro das práticas de ensino-aprendizagem que vêm ocorrendo no ensino básico, especialmente na rede pública de ensino, e visando o esforço coletivo de se pensar a educação, surge com a missão de promover e socializar o debate de temas vinculados a essas práticas, propondo a valorização, a reflexão e o aperfeiçoamento das atividades educacionais na contemporaneidade. Sendo assim, serão bem-vindos textos que relatem as práticas tradicionais ou libertadoras, bem ou mal sucedidas, de experiências vivenciadas no contexto da sala de aula, bem como os que abordem questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem, seja na área da linguagem, das ciências naturais, das artes, da filosofia, da história etc, desde que, de algum modo, problematizem o desafio de ser educador na nossa era.

Lígia Myhelle de Melo Silva

ISSN 15268587 Número 1 Novembro de 2014 - Natal/RN

A escrita da história impressa Resumos de técnicas de registro na história da humanidade Writing history of printed - Summary of technical registration in the history of humanity Lula Borges1

Resumo O presente artigo trata da compreensão da história da escrita na história da humanidade e as tecnologias utilizadas nesse processo de evolução da mesma. O mesmo foi desenvolvido durante a aplicação da disciplina de artes ministrada para os alunos da primeira série do ensino médio no ano de 2013, na Escola Estadual Professora Ana Júlia de Carvalho Mousinho, zona norte de Natal/RN, quando foi desenvolvido um curso de design junto a essas turmas. Aqui foi produzido um resumo dos grandes inventos para a impressão, o registro da (re)produção humana, desde a pré-história à contemporaneidade, mostrando alguns pormenores de uma das maiores invenções da humanidade: a escrita. O texto ao invés de ser teórico, insere alguns dados de cada técnica em suas respectivas eras, independente dessas produções serem social, científica, religiosa, deixando esses dados para historiadores, que se dedicam a este tipo de estudo, afinal, conforme Freud, na ultima parte de “A escrita da história” (Certeau, 1982), não sou historiador, sou um artista, que conhece parte da história da arte, assim como outros produtores artísticos e tenta a representar neste texto. PALAVRAS CHAVE: Escrita. Impressão. Comunicação. Evolução.

Abstract This article deals with the understanding of the history of writing in the history 1 Luiz Antonio Dias Borges - Professor de artes no estado do Rio Grande do Norte, graduado em artes plásticas pela UFRN e mestrando em ciências da educação e multidisciplinaridade pela FACNORTE -E-mail: [email protected].

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of humanity and the technology used in the same process of evolution. The text was developed during the course of arts to students of the first grade of secondary school in 2013, on School Ana Júlia de Carvalho Mousinho, Natal/RN/Brazil, when was made a design course to this classes. Here was produced a summary of the great inventions for printing, recording the human (re)production, from prehistory to contemporary times, showing some details of one of the greatest inventions of humanity: the writing . The text rather than theoretical, inserts some data from each technique in their respective eras, whether these be social, scientific, religious productions, leaving these data for historians that engage in this type of study, after all, like Freud, in last part of “The writing of history”, I’m not a historian (Certeau, 1982), I am an artist that knows part of the history of art as other artistic producers and tries to represent that in this text. KEY WORDS: Writing. Print. Communication. Evolution. 1. Introdução

A

cada dia vemos que nossos alunos ficam mais e mais tempo junto aos seus celulare s, tablets, computadores enfim, digitam, teclam, tocam os aparelhos em suas conversas, vídeos, fotos. Pensando nessas vivências junto a cada um deles e eu também, pois sou adepto ao uso cada vez mais democrático da tecnologia, desenvolvi um programa de aulas sobre design dentro da escola que ensino, a escola Ana Júlia, na zona norte de Natal/RN. O curso explanava sobre o design desde a pré-história e o seu desenvolvimento até os dias atuais. Dentro do curso, as letras, fontes, tipos, me chamaram atenção. O suficiente para desenvolver o texto abaixo, onde faço um achado do desenvolvimento dos tipos. Tipos que fazem os textos que lemos a todo instante. Enquanto vou digitando esse terceiro parágrafo me vejo obrigado, ou, com a liberdade de “escolher” o que me é oferecido pelo software de escrita e deste o que foi determinado por leis e normas técnicas o qual preveem facilitar a vida de quem escreve, em uma sociedade, cada dia mais complexa (Gidens, 2003). Como padrão, ou norma, inclusive para a produção de material acadêmico, predeterminado. Devo “escolher” a fonte 12, espaçamento de uma linha e meia e fazer o texto com alinhamento justificado, tudo conforme o padrão já determinado, social, técnica e academicamente. Além disso, a tipografia é Arial, o qual escrevo em uma folha de papel virtual, com margens de 2 e 3 centímetros (Severino, 2007) dentro de uma tela e armazenado em um disco rígido para poder ficar registrado o que se é digitado em um teclado, que segundo as normas técnicas do país, é produzido em um modelo ABNT2, teclado voltado especificamente para o Brasil e determinado a partir de novas normas técnicas brasileiras e estrangeiras. Mas, por que todas essas especificações, hoje, do que se é feito nas palavras e na escrita do nosso dia a dia? Se este texto fosse criado a 20, 30 anos, como seria iniciado? E como poderia ser, também, iniciado este mesmo texto daqui a 20 ou 30 anos? Essa determinação do corpo da fonte, do estilo da fonte e o espaçamento horizontal e

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vertical foi desenvolvida a partir de que? Como foi iniciada a estrutura da escrita desde a muito tempo atrás? Estas são algumas das perguntas que vamos tentar responder no decorrer desta leitura, desde o início dos rabiscos e estruturas para as várias variáveis hoje existentes, passando de um entendimento pesado, complicado, pouco definível até a multicultura e multientendimento (Giddens, 2003), que hoje se passa em redes sociais nos vários pontos do planeta (e até fora). Essa passagem é definida por Michel de Certeau como a “passagem de estado de corpo opaco e resistente a um estado de transparência e de movimento” e “acreditamos” que de hoje ao futuro, a transparência e o movimento seja cada vez maior e mais veloz, mas isso vamos deixar a história decidir, ou a “morte escrita” em novas mídias, como defende Certeau (1982; p.43). Hoje vemos os computadores fazendo aparecer letras e outras imagens em suas telas, onde qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento em gramática e eletrônica fazer qualquer texto, contando seu dia a dia em blogs, tweeters, sites, diários eletrônicos, impressos afins multifacetado e multitarefado, com um tipo de comunicação “de muitos para muitos” (Levy; 2009). Antes desse desenvolvimento nem se imagina que há algum tempo isso era privilégio de poucos, apenas para empresas [como gráficas, jornais e empresas que trocavam dados (dados do tipo registro de pessoas, endereços, telefones, etc.)] e antes disso, apenas grandes empresas de setores de turismo, aviação, industria. E antes disso? como eram lidos e escritos as palavras, as cartas, os livros? maquinas de escrever? penas e canetas tinteiro? Mas, e antes disso? Para podermos continuar lendo este texto, é interessante começarmos do início, desde o homem pré-histórico e mostrar os vários modos que a escrita passou na história da humanidade; aliás, uma história escrita, pois se fosse de outra forma, não seria história. Ou seria? 2. Abstração A primeira informação a se dar neste estudo, historicamente falando é que as letras provêm da abstração dos movimentos do próprio homem. Assim, quando vemos inscrições rupestres em cavernas, acabamos, algumas vezes, por vislumbrar letras que provieram dos desenhos. Necessidade humana de deixar sua marca em algum lugar, seja em suas caças, em seus rituais, necessidade de mostrar o que houve (fazer história), em certo momento em seu passado. Da mesma forma que qualquer pessoa hoje, ao ver uma calçada, ainda com o cimento fresco, sente a necessidade de riscar seu nome ou de alguém, ou mesmo um desenho, marcar uma data. Na areia da praia, usa-se o próprio dedo para o fazer (que ironia, os mesmos dedos que manipulam telefones e computadores de ultima geração). Talvez pessoas de nível mais alto na sociedade (que não riscam calçadas) vejam esse ato como um retorno ao primitivismo, um retrocesso da escrita; mesmo assim, festejam as inaugurações em estatuas memoráveis e suas “inscrições” nas placas

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da sua cidade, ou mesmo têm o desejo de “pisar” na calçada da fama, comparando seus pés ao de pessoas que desejam, ou desejariam, conhecer/ser. Mas não estamos aqui para filosofar sobre o que inscrever em certos locais, mas, notamos que o ser humano tem a necessidade de deixar seu registro onde passa. Aos poucos esses desenhos, primeiramente de forma mais realista, transformam-se aos poucos em símbolos que, não só ele entende, mas também seus conterrâneos e até pessoas de fora de sua sociedade, símbolos que o criador, pode modificar e simplificar mais para chegar mais rapidamente aos olhos e entendimento do expectador. Os símbolos e ícones estão por ai, em todos os locais, desde computadores, à estradas, comércio, escola, nossa vida social. Alguns desses símbolos criados por nossos ancestrais acabaram por se tornar o que entendemos hoje de letras, palavras, frases e toda uma gama de regras para poder entendê-las. Segundo Will Eisner (1985; p. 14), As palavras são feitas de letras. Letras são símbolos elaborados (produtor) a partir de imagens que tem origem em formas comuns, objetos, posturas e outros fenômenos reconhecíveis (pelo receptor). Portanto, à medida que o seu emprego se torna mais refinado, ela se torna mais simplificada e abstrata (...). As letras de um alfabeto, quando executada num estilo particular, contribuem para o sentido. Nesse aspecto, não diferem da palavra falada, que é afetada pelas mudanças de inflexão e nível sonoro (parênteses meus).

Um exemplo simples que podemos mostrar, desta forma, é uma expressão isolada e seu refinamento desde o uso antigo até sua estilização caligráfica. O exemplo é o de devoção.

Figura 1 - Ilustração de Will Eisner

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As figuras A e B, mostram a forma mais pictórica, partindo de um cidadão normal ou um padre. Na figuras C, percebemos que houve uma estilização da postura do representado e na D uma abstração, feita em letra chinesa, onde, mesmo nesta letra totalmente estilizada, continuamos vendo a figura de joelhos em prece. Poderíamos nos aprofundar um pouco mais nesses moldes de simplificação, mas não cabe aqui em um simples estudo preliminar sobre a escrita impressa, fazer tantos mais exemplos, basta, por enquanto, perceber a necessidade de o ser humano registrar seus sentimentos e pensamentos em algum suporte sobre o que queria dizer, simplesmente mostrar-se, como o fazemos sempre. 3. Onde mesmo? Os suportes, para mostrar esses rabiscos são os mais variados desde o início da história humana. Paredes pintadas com sangue de animal, vegetal, minerais de cores diversas, riscando ou cortando as pedras nos vários pontos do planeta. O metal também foi utilizado para inscrições, mas antes deste, o barro, onde, mole ainda, podia-se fazer as inscrições, com o auxílio de Cálamos “ancestrais de nossas canetas-tinteiro e de nossas esferográficas” (Jean, 2002) ou estiletes e depois, em algumas culturas, queimados, ficavam por muito mais tempo inscritos. Ossos de Animais também eram feitos de suporte e de lápis. Com uma complexidade maior nas sociedades antigas, novas técnicas se mostraram mais eficientes, inclusive com a criação de leis para que houvesse um convívio melhor entre os cidadãos, precisavam dessas mesmas leis “por escrito” aqui no ocidente, em tábuas de barro e pele de animal, utilizado em populações mesopotâmicas cerca de 4000 aC. O Egito inventa o papiro onde faziam seus documentos com um pincel de caniço, onde um filete de tinta, que era uma mistura de pó de foligem, água e fixador (goma arábica), escorria até a ponta e registrava nos suportes. O pergaminho também era utilizado para fazer textos nos reinos para documentos diversos. O mesmo era muito mais simples de utilizar que o papiro, podia ser escrito dos dois lados (pois era de couro) e se escrevia com pena de ganso. O couro que era utilizado na forma de pergaminho, também podia ser cortado em forma quadrangular, dando a estruturação sobre os quais os futuros livros impressos iriam surgir. Algo interessante a se notar é que essas técnicas conviviam nos vários países que se desenvolviam sem afetar tanto umas ou outras, pelo menos não houve guerra por causa dessa peculiaridade, além da comercial, mas aos poucos, os pergaminhos ganharam bastante espaço junto às sociedades antigas (Briggs e Burke, 2006). Outros suportes que podemos descrever nesse pequeno estudo sobre a escrita na história da humanidade são os jarros gregos e a escrita no mármore, tanto na Grécia quanto em Roma, que como mostrado acima, eram inscrições em pedras, mas a essa época, com uma fineza e nível de abstração infinitamente maior que os inscritos nas cavernas por seus ancestrais. Temos também madeira, cera, Óstraco (resto de azulejos).

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suporte:

Dessa forma, podemos fazer uma simplificação histórica com os materiais de

• Tabletes de Argila, ou tabuinhas de barro, que eram usadas na antiga Suméria, já em 3.500 aC.; • Pedras foram usadas na Mesopotâmia, no Egito e na Palestina, como exemplo, o código de Hamurabi e as pedras de Roseta. • Metal, em lâminas de ouro, ferro, bonze, etc. • Cera; • Madeira, tábuas; • Óstracos, pedaços de restos de azulejos e cascas de crustáceos; • Linho foi usado no Egito, Grécia e Itália; • Papiro ou Biblos (Grécia) foi usado na antiga Gebal e no Egito por volta de 2100 a.C. Era obtido através da prensa de cascas coladas. Desse material faziam-se rolos. • Pergaminho, surgiu pela primeira vez em Pérgamo, cidade grega da Mísia, daí a origem do seu nome. O uso desse material se expandiu devido ao monopólio imposto pelos exportadores de Papiro. Havia dois tipos: o pergaminho e o velino, o primeiro era feito com o couro de animais menores, como as ovelhas e cabras, e o segundo com bois e antílopes, o que encarecia o produto, diminuindo a sua utilização; • Palimpsesto, pergaminho reutilizado. 4. Papel Conforme Certeau escreve (1982; p46) “Supõe sempre o ato que propõe uma novidade, desligando-se de uma tradição, para considerá-la como um objeto de conhecimento”. De técnica em técnica, uma passando pela outra, convivendo com a outra, sobrepondo-se a outra, surge, para substituir os anteriormente citados suportes para a escrita, o papel. Historicamente é datado de pouco antes de Cristo, cerca de 120 anos, feito a partir de fibras de bambu ou seda, cozinhadas e espalhadas de forma a secar uniformemente, criando o produto, inventado inicialmente na China e, aos poucos, espalhando-se pelo mundo, inicialmente na Coréia, depois Japão, Índia, Turquia. Neste último local foi construída a primeira fábrica de papel conhecida, onde trocavam as fibras da madeira por trapos, aumentando a resistência e a qualidade do papel, além da quantidade crescente, pela demanda. A produção continuou a se espalhar por volta do mar mediterrâneo, na costa

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da África, chegando a Península Ibérica por volta de 1150, pelos árabes. Naquela época, o papel era feito de algodão cru, que por ser muito frágil, se estragando rapidamente pela ação do tempo, volta a ser feito com trapos. As fábricas continuaram a se espalhar pela Europa, passando da Espanha, para Itália, França e Alemanha. Até o século treze, havia ainda muita produção de pergaminho, mas com a industrialização e expansão das fábricas de papel pela Europa, este passa a ser usado em maior quantidade, generalizando seu uso. No entanto, por volta do século quatorze havia preocupação na produção tanto do papel, quanto no seu uso, para livros e jornais, pois a produção não conseguia acompanhar a demanda. Países produtores, proibiam a exportação de trapos para não haver falta do mesmo, especialmente depois da invenção da imprensa, onde era preciso maior quantidade de papel, mas a fabricação até meados do século dezoito, mesmo com a industrialização, era totalmente artesanal e, mesmo com uma grande quantidade de fábricas nos vários países europeus, a procura era sempre maior que a produção. No entanto, com o passar do tempo, a mecanização começa a ajudar na produção. Hoje temos vários tipos de papel, inclusive este, eletrônico, onde se simula o que se escreve e em muitos casos, se desenha, cria-se planilhas, prepara-se livros; mas vamos ver isso com detalhes mais a frente. 5. Escrever Até agora vimos alguns elementos da escrita, para se escrever e alguns dos suportes mais conhecidos, tendo o papel se sobrepondo, literalmente, sobre os outros suportes. Não que os outros tenham deixado de existir, temos até hoje, escritas em couro, pedra, barro (hoje com o nome chique de argila, onde a indústria utiliza na fabricação de cerâmica), no entanto, quando se fala em escrita, temos, como suporte mais usado: o papel. Vamos nesta parte do texto ver a junção dos tipos de lápis com os tipos de suporte. Para o barro tínhamos o cinzel, o estilete; para os papiros e pergaminhos, pincéis, caniços. Para o papel, temos uma infinidade de elementos que podem riscar o mesmo, registrar em seu corpo o que o ser humano (às vezes outros animais) deseja criar. É um desejo natural do homem deixar sua marca. Da mesma forma que ao ver uma calçada lisinha, com cimento fresco, nos dá aquela vontade de escrever o nosso nome, datas, pessoas amadas, o mesmo ocorre com um papel em branco. Mesmo quando não se tem o que escrever, pode-se fazer desenhos, rabiscos. Isso pode ser criado a partir de alguns tipos de lápis2. Apesar de se falar do cinzel e do pincel como primeiros lápis da história, acredita-se ser o carvão (depois da descoberta do fogo) e galhos de árvore, os primeiros 2 Segundo dicionário online Priberam: lápis - instrumento com cuja ponta, em forma de lápis, se faz alguma operação de escrita ou riscado.

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riscadores e antes disso o próprio dedo ou outras partes do corpo do indivíduo. O carvão por sua propriedade de sujar o que toca, sejam pedras, paredes, papéis e a própria pele humana (e de animais), serve posteriormente para registro em outros suportes. No site Portal São Francisco diz “Antes de pintar as paredes da caverna, o homem fazia pinturas e ornamentos corporais, como colares, e, depois magníficas estatuetas, como as famosas ‘Vênus’.” Estas pinturas eram feitas com os próprios dedos dos nossos ancestrais, passando, depois para pincéis. É fato que os registro não eram escritos, levando em conta terem sido feitos antes da história, mas, a partir desses primeiros registros “o seu poder de observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais e figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres.” (Jean, 2002) Figuras estas que acabaram por se tornarem comuns a outros da comunidade que moravam e, tendo a comunicação feita, foram as simplificando mais e mais até chegar ao que temos hoje, as letras, palavras, orações, livros. Os galhos de árvore mencionados acima eram registros temporários que podiam ser feitos na areia, por onde passavam. Temporários, pois, um passo por cima, um vento mais forte, fazia o registro apagar, como hoje, na praia, uma pessoa escreve um nome ou faz um desenho, vem uma onda e apaga tudo. Substituindo os galhos, os estilos (ou estiletes) cinzéis e picaretas, deixavam nas pedras um registro mais demorado (Jean, 2002), podendo serem vistos até hoje. Com os registros em barro, foi necessário a redução dos cortadores. Ainda hoje, pode ser visto esta técnica, não mais com barro ou pedras, mas em acetatos ou vinil, que são usados em serigrafias, recortes de letras, mídias em carro. mudou o suporte, o material, as técnicas, mas os cinzéis e estiletes servem para a mesma coisa: cortar uma mídia para ser vista. Nas cavernas, vemos as pinturas, normalmente feitas com pigmentos vermelhos a partir de animais (seu sangue). Estudiosos falam que era usado material mineral e vegetal, sendo fixados com pincel, que com o passar do tempo e a chegada do papiro e pergaminho, o mesmo passa a ter mais importância, ficando mais finos e delicados, utilizados para diferentes funções nos registros. Ao mesmo tempo é inventado o caniço, ou junco, um bambu fino que era talhado e colocado a solução de sami, acima explicada, de tisna, água e goma arábica, que descia pela canaleta do bambu até chegar na folha, onde a mesma era riscada. Esta solução era normalmente de cor negra, mas, haviam outros pigmentos que surgiam nas escritas. Substituindo o caniço, a pena de ganso, imersa em um pote com a solução de tisna, e, quando lambrecava a ponta da pena, a mesma era levada ao suporte (normalmente o pergaminho) para se escrever, ou fazer os desenhos. A pena de ganso foi substituída pelo bico-de-pena, usando penas de outros pássaros no início e, na junção das duas técnicas a pena de ganso e o junco lascado, cria-se uma nova técnica, com ponta de metal, onde a tinta descia com mais definição na produção das letras.

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No século dezenove, o americano Lewis Waterman inventou a caneta-tinteiro que armazenava tinta em um reservatório na parte de cima da caneta e, pela força da gravidade, a tinta caia aos poucos, dando ainda mais precisão na escrita e deixava o usuário mais livre para escrever muitas linhas sem se preocupara em parar de vez em quando para molhar o bico da pena. Esse invento foi muito utilizado até bem pouco tempo, anos 1970. No final do século dezoito, Nicolas Conté, a pedido de Napoleâo Bonaparte aperfeiçoou o lápis, instrumento formado por uma ponta de grafite envolvida por madeira dura, o que antes, desde sua descoberta por volta de 1400, era utilizado carvão ou grafite puro, sujando as mãos dos usuários e normalmente envolvido em trapos ou pele de animal. A partir daquele momento, ficava mais simples, para qualquer pessoa utilizar o lápis grafite, que começara a ser produzido em escala industrial, sendo fabricado da mesma forma até hoje. Apesar de ser falado aqui que uma técnica ultrapassava a outra; enquanto a anterior era utilizada, criava-se muito material escrito, impressos nos suportes acima falado, milhares de rolos de papiro e pergaminho foram criados enquanto as técnicas estavam sendo utilizadas, ou a pena e caneta tinteiro, que, ao pensarmos em escrever cartas, muitas vezes lembramos de filmes históricos com reis ou clero, escrevendo com penas ou canetas tinteiro. Assim, estamos aqui demonstrando essa evolução, apenas a nível de informação para o leitor. 6. Escrita mecânica Conforme fala Mário Carramillo (1997), por volta do ano 1450, O alemão Gutemberg, inventou a primeira oficina impressora com “tipos” móveis, cobertos de tinta. A prensa de Gutenberg revolucionou a impressão, tornando-a mais ágil. Algum tempo depois, Gutemberg aprimorou seu invento, modificando seus “tipos” móveis para metal, usado pela tipografia moderna. Essa informação é conhecida por muitos que se dedicam ao estudo da comunicação e se torna até monótona em repetir, mais uma vez o que todos já sabem, mas vamos nos ater ao processo da escrita da forma mecânica. O texto fala de “tipos móveis”. O que poderia ser tipo móvel para as novas tecnologias, com PC’s, tablets, notebook onde se sabe o que é “tipo”, o qual esse nome está sendo mudado para “fonte”? Como começou esta história? Como falado acima, o papel já existia nessa época na Europa, vários tipos de tinta eram criadas e utilizadas de vários modos (paredes das igrejas, vestimentas, etc), naquele tempo as cartas eram escritas e seladas com cera derretida (de velas) e os remetentes utilizavam anéis (em alto relevo, com brasão da família) para confirmar a autenticidade de suas missivas e impedir que outro lesse a mesma a não ser seu destinatário final. Gutemberg utilizou essas peculiaridades e criou, no lugar de brasões em anéis, letras, em pedaços retangulares de madeira e a inscrição das letras em baixo relevo.

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Assim, ele podia escrever inúmeras vezes aquela letra em um pedaço de papel. as letras, assim como os desenhos eram feitos espelhados, para quando fossem impressos poderem sair de forma visualmente correta para o leitor.

Figura 2 - imagem de tipos móveis3

Assim, pode ser criado vários “tipos” de letras e, móveis, pois com a mesma quantidade de letras poderia ser criado uma ou outra palavra, como as letras “M”, “O”, “R” e “A” . Dependendo da localização das letras numa palavra, ela poderia ser ROMA, AMOR, MOAR, MORA. Tudo utilizando as mesmas letras, bastando “mover” o “tipo” ou a “fonte” na mesma linha. Terminando a impressão, guardava-se as letras separadamente para depois escrever novamente em outro impresso.. Para Michel de Certeau “geralmente, toda sociedade é nascida e surgida de um universo religioso (existem outros tipos de sociedade?)”, dessa forma não só a sociedade, como esta invenção da imprensa em particular, foi altamente utilizada por clientes religiosos, tanto a igreja Católica, (primeira bíblia), quanto para os reformistas; os burgueses e acadêmicos que começavam a despontar na história (Brigs e Burke, 2002). Os tipos começaram a ser chamados a partir dos nomes das fontes, que iniciaram com formatos mais próximo ao manuscrito, como “Garamond”, “Caslon”, “Bodoni”, fontes com serifas (perninhas alongadas nos terminais das letras) bastante acentuadas no corpo forte. Aos poucos, as fontes foram afinando o corpo e deixando as serifas menos visíveis, como a “Times”, a “Excelcior”, a “Lucida”, todos esses tipos, muito antigos. Os tipos foram renovados ou feito uma releitura a partir do início do século vinte, com a escola Bauhaus, que inventou as fontes sem serifas, como a própria “Bauhaus” e a mais conhecida do público a “Heveltica”, que hoje é conhecida com a fonte “Arial”, o qual estou escrevendo este texto agora.

3 http://osmaioresdahumanidade.blogspot.com.br/2013/05/os-descobridores-de-coisasgutenberg.html

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No decorrer do século vinte foram criados milhares, milhões de tipos diferentes, como podemos ver hoje em qualquer site de busca de fontes. Voltando a impressão, os tipos de madeira passaram a ser feitos em metal (chumbo, normalmente), depois disso, a litografia, a xilogravura, a máquina de escrever, a linografia. Todas utilizando a mesma técnica criada por Gutemberg, onde os tipos eram prensados sobre um papel. A partir do século dezenove, outras técnicas fora utilizadas, como a flexografia, a rotografia, ainda utilizando as técnicas da prensa, mas, com novos materiais, como ferro, bronze, plástico. A impressão offset, revolucionou o mundo dos impressos, onde não se faziam os tipos móveis nas chapas, eram feitos a partir de produtos químicos, em chapas muito finas de alumínio, bronze, papel e se imprimia muito mais cópias em muito menos tempo, criando um nicho de produção de jornais e revistas nunca antes imaginado. Algo interessante sobre a impressão offset é a possibilidade de se imprimir em cores, não que as outras técnicas não usassem cores diferentes, mas, a partir de estudos de ótica e química, também desenvolvidos no século dezenove, a impressão agora podia imprimir próximo ao que vemos da realidade, em fotos coloridas. Hoje é o método de impressão mais utilizada, porém agora, existe outros tipos de impressão mecânica, na verdade, digital, com letras e desenhos feitos em jatos de tinta, raios lasers, impressoras de cera, impressos em três dimensões, mostrando que a evolução humana não para (Feurstein, 1994). O registro em tecidos é antigo, mais ou menos 3000 a.C., onde, na Ásia se colocavam os brasões dos regentes em bandeiras ou roupas dos vassalos, sendo ocidentalizada com a mesma função para os reis e suas cortes. durante o século vinte a serigrafia foi desenvolvida, especialmente na Suíça (de onde foi criada) e na Inglaterra (onde se deu o nome comercial Silk-screen). Esta técnica foi revolucionária no mundo das vestimentas. Hoje temos, a partir das telas de seda (atualmente, nylon), verdadeiras obras artísticas em tecidos diversos, papel, plástico, metais, etc, estampados com os mais variáveis modelos de design gráfico. 7. Enquanto isso, no oriente... O papel foi inventado na China, cerca de 120 anos a.C., os mesmos chineses inventaram uma tinta, por volta do ano zero, chamada Nanquim, que, diferentemente da sami, acima citada, tinha micropartículas de carvão, no lugar da tisna utilizada pelos egípcios, dando uma consistência mais aquosa a tinta, o qual podia ser utilizada para desenhar, pintar aquarelas (chamadas de aguada) e escrever. Para riscar utilizava-se também o caniço ou pena ou o pincel, todos, podendo criar pinturas em aguada muito bonitas, como podemos ver em pinturas orientais.

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Figura 3: Pintura chinesa do século dezenove, feita por Wu Guan-dai (1862-1929)

Com a popularização dos produtos orientais, a partir das grandes viagens e, principalmente no final do século dezenove, a tinta nanquim acaba por tornar-se o padrão de uso, fazendo a sami desaparecer. 8. Havia uma esfera no meio do caminho Pouco antes de se iniciar a Segunda Guerra Mundial, o húngaro Laszlo Biró e seu irmão George, patentearam uma caneta que era totalmente diferente do que se havia feito até então. Segundo o site Wikipédia, Biró, percebendo que as tintas gráfica secavam rapidamente e não borravam depois de secas, imaginou criar uma caneta com essas características de tinta, o que não funcionou, pois a tinta, por ser muito pastosa, não descia pelo tubo. Ele resolveu então, colocar uma esfera abaixo do tubo, fazendo assim, surgir a primeira caneta esferográfica, vendendo a patente para Eversharp-Faber, nos Estados Unidos e para Marcel Bich, na França. A Eversharp fabricou a caneta Reynolds, com ampla divulgação na mídia, por ser melhor que as canetas tinteiro e inclusive, “escrever na chuva”, Bich industrializou o modelo comprado da caneta e criou um nome simples, para poder ser pronunciado em várias línguas: “BIC”, que se espalhou pelo mundo, por um preço bem baixo. Hoje, Apesar de algumas pessoas mais tradicionais, que continuam usando as canetas tinteiro, artistas que continuam utilizando bicos de pena e, indo mais ao oriente, muitas produções escritas continuarem sendo feitas com pincel, podemos nos ater uma passagem na Escrita da História:

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ISSN 15268587 Número 1 Novembro de 2014 - Natal/RN a saber, a que tem a consciência de faltar (a tradição perdida), a que rejeita, para criar uma “lenda” ou para “esquecê-la”, a que fala dela mesma, reinterpretando seu passado, quer dizer, seu outro (o que não é mais) (Certeau, 1982).

As canetas esferográficas estão em todos os lares do mundo e possivelmente, vão substituir e criar lendas com os modelos anteriores, até a própria caneta sumir, deixando os computadores em seus lugares (vide este texto). 9. Impressão em movimento Além da escrita, as obras artísticas contavam a história em quadros, esculturas, murais; tudo feito pela mão do homem em seus vários estilos desde a pré-história até meados do século dezenove, quando foi desenvolvida a técnica da fotografia. Daquele momento em diante, a história não precisaria mais de estudos e produções de pessoas específicas, mas de qualquer pessoa que pudesse clicar na máquina fotográfica. Com a evolução da técnica, foi feito o cinema, onde os quadros, passados rapidamente por um mecanismo cíclico, onde passa-se uma fita de acetato, tem-se a sensação de movimento e, com som. Essa foi uma grande evolução para os registros históricos e, apesar de muitos acharem que essa não é uma escrita, o que ocorre com o cinema e a TV, é uma comunicação, assim como a produção de um livro, apenas as duas primeiras linguagens, passam a informação de forma muito mais rápida. Poderíamos no ater aqui nas várias fases de filmagens, quem inventou o cinema ou a fotografia, qual o primeiro filme, etc, mas, como estamos elucidando a impressão, o registro, do que pode ser captado pela máquina e sua evolução, tanto o cinema, quanto a fotografia não tiveram muitas mudanças, além de lentes mais potentes, mais nitidez, entre outros incrementos, até meados dos anos 1960, com a chegada do vídeo cassete e anos 1990, com a chegada das câmeras digitais, onde não era mais necessário filmes, mas Discos magnéticos para gravar as imagens. 10. Digital Para Certeau (p.41) “A distância do tempo, e, sem dúvida, uma reflexão mais epistemológica permitem hoje revelar os preconceitos que limitaram a historiografia mais recente”. Esta é uma frase que manifesta com força a entrada dos computadores na vida das pessoas no mundo inteiro, onde, se utilizando de tecnologias já criadas anteriormente, virtualizam o uso das mesmas e divulgam os formatos eletrônicos por todo o globo terrestre. Depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, surgiu o primeiro computador. Um modelo que pesava trinta toneladas, lento e com uma linguagem bem complicada, nada parecida com a atual. Em 1961, a IBM lançou o primeiro mini computador, bem menor e mais rápido do que os ultrapassados computadores, só que ainda não tão acessíveis financeiramente, assim como a Apple em meados dos anos 1970. Poucos entusiastas compreendiam o que poderia ser criado com aquelas máquinas. Em 1982, foi lançado também pela IBM o primeiro computador pessoal, o conhecido PC, que se

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tornou bem popular, muito utilizado até mesmo pelas crianças, começando assim a era dos microcomputadores. O início dos registros de letras nos computadores se fez a partir de 1977, com um computador da empresa Apple. Antes disso, a única forma de compreender a linguagem da máquina era matematicamente na forma binária, ou “zero” ou “um”. A produção de letras naquele tempo era feita, de forma parecida com o ponto de cruz, que as nossas avós faziam.

Figura 3 - Ponto de Cruz

Figura 4 - Letras no sistema DOS

Inicialmente As fontes tinham apenas os formatos, conforme acima mostrados, de pequenos quadrados, chamados pixels (picture and element), que são distribuídos matematicamente em um monitor, TV, camera digital e impressoras. Até hoje essa tecnologia é utilizada, mesmo não empregando mais o pixel para o uso na produção de peças gráficas. Com a invenção do Macintoch (computador da empresa Apple), as fontes deixaram de ser tão quadradas e começam a ter estilos próprios, tipos próprios, conforme os modelos tipográficos acima citados no capítulo Escrita mecânica. No entanto, continuaram a ser criados em pixels, com os moldes quadrados, até a entrada do vetor na linguagem dos computadores. Os cálculos matemáticos do vetor são diferentes dos pixels, pois nos mesmos usa-se a própria interface gráfica da imagem para ser mostrada ao usuário, enquanto o vetor utiliza cálculos virtuais, dentro dos programas utilizados, Dessa forma o vetor chega a uma nitidez muito mais definida, mesmo utilizando a tecnologia anterior para

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as “saídas” do computador, como os monitores ou impressoras, mas isso só se faz depois da finalização do cálculo do vetor, que precisa estar no tamanho “real” do produto finalizado para poder ser impresso em boa qualidade.

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Figura 5 - Diferença de pixel para vetor - Lula Borges

11. Considerações Com a entrada dos computadores em nossas vidas, podemos visualizar, mais e melhores informações a cada minuto ou segundo, em pc’s, tablets, note e netbooks, com uma qualidade visual surpreendente, letras, som, imagem, vídeo, dados, que são passados velozmente para qualquer parte do mundo. Onde são guardados esses dados? Não mais pedras, não mais papel, agora tudo é armazenado em discos rígidos, pendrivers, DVD’s, Blurays, nuvens, virtualizando mais e mais o registro de tudo que é criado, tornando-se mais “leve”, como falado no início deste texto. No entanto, quando o usuário toca as telas dos seus i-phones e smartphones, vendo aquela informação que tanto deseja, no seu mundinho altamente tecnológico, não percebe que está fazendo os mesmos gestos que os primeiros habitantes da terra faziam quando começaram a riscar o chão com seus dedos. A história se repete, em um ciclo, que, por mais que vejamos e sintamos o “novo”, na verdade fazemos o mesmo que os nossos ancestrais.

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