A experiência do Colégio Militar de Curitiba (1959- 1988)

July 27, 2017 | Autor: Gilberto Vianna | Categoria: History, Military History, Military and Politics, Educación, Military Education and Training
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O Sabre e o Livro A experiência do Colégio Militar de Curitiba (19591988) Gilberto de Souza Vianna "Não cora o sabre de andar com o livro, nem cora o livro de chamá-lo de irmão." Olavo Bilac

A sentença de Olavo Bilac era comum nas capas dos livros publicados pela Bibliex (Biblioteca do Exército editora), durante o período compreendido entre os anos de 1920 a 1960, era usada como símbolo da atividade intelectual dos militares, especificamente do Exército Brasileiro, representando também a atividade educacional dentro do mesmo. A sentença de Olavo Bilac encaixa também

nos Colégios Militares do Exército1. Através destas instituições de

ensino o Exército mantém um dialogo com a sociedade civil, neles os militares assumem a função de educadores e não só de instrutores ou disciplinadores. Investigar a razão da fundação e manutenção

de Colégios Militares pelo

Exército é um campo pouco estudado no Brasil. - O Imperial Colégio Militar Dentro da mesma corrente de acontecimentos posteriores a Guerra do Paraguai surge o primeiro Colégio Militar, o Imperial Colégio Militar da Corte (Posteriormente Colégio Militar do Rio de Janeiro), foi criado por Decreto Imperial no dia 6 de Maio de 1889. O surgimento do Colégio foi articulado pelo Conselheiro Thomaz José Coelho de Almeida, Ministro da Guerra entre (abril1887 - maio de 1888). O plano de se criar um Colégio Militar na Corte, estruturado por Thomaz Coelho ganha maior clareza quando se tem em mente que o movimento republicano demasiadamente forte entre os militares principalmente os que serviam na Corte, Benjamim Constant entre eles, e da Academia da Praia Vermelha2, duras criticas eram feitas a monarquia pela "juventude militar"3

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"Cientifica e positivista". O Conselheiro assim parece ter tentado acalmar os ânimos dos militares republicanos com uma demonstração de boa vontade do Império cara com os filhos desamparados dos militares. Para tanto o plano envolveu o Ministério da Guerra, a Associação Comercial do Rio de Janeiro e o Asilo Militar Império, em um único objetivo. O Colégio Militar da Corte foi planejado dentro dos moldes do Prytanée Militaire de La Fléche4 , criado por Napoleão Bonaparte, em 28 de Março de 1808 no antigo Colégio dos Jesuítas de La Fleche. Em 1889 o Conselheiro Thomaz Coelho pretendeu chamar o novo colégio de "Pritaneu Militar", aportuguesando o nome grego, assim como fez Napoleão para o francês, o original grego é "Prytaneon", porem Pritaneu recebeu o negativo de D.Pedro II . A semelhança com o Colégio Francês, vai marcar a estrutura do Colégio Militar da Corte e de seus congêneres, assim como o Prytanée os alunos usam a calça garance"garance" 5, e sua divisão é por companhia como em uma unidade militar, tem como medida de qualidade de ensino o reforço nas ciências exatas e uma utilização intensiva de meios

auxiliares de ensino6,

contava já em 1904 de laboratório de química, Laboratório de Física, Museu de História Natural, e um salão de cinema para 300 pessoas, o primeiro montado no Brasil com um fim pedagógico, as aulas de campo também ocorriam,como demonstra o elogio feito ao relatório de uma visita de estudo de mineralogia, da matéria geografia: Do

excelente

relatório

apresentado a este comando pelo coadjunto do ensino teórico 10 Tenente de

Mello

evidencia

o

João Carlos Pereira

modo

cabal

por

que

desempenhou a comissão que lhe foi dada por este comando de fazer uma excursão ao

túnel

do

Leme

,

dirigindo

uma

cientifica turma

de

alunos, com o fim de a estes ministrar ensino pratico de mineralogia e geologia.... o êxito

3

obtido nessa excursão pelo discreto foi

completo,

minuciosamente

pois, aos

seus

elementos

componentes

ilustrou

o

seu

não

do

professor



alunos

explicou os

diferentes

granito,

relatório

com

mas

ainda

fotografias

elucidativas das diversas observações.

(CMRJ.

Ordem do Dia 2258. 1905) . Quando da sua fundação, o princípio explicito era "assistencial", abrigar os órfãos e os filhos dos inválidos da Guerra do Paraguai (1865-1870), fazendo este objetivo parte do discurso oficial do exército em relação ao Colégios Militares, com esse objetivo o ensino deveria ter qualidade7, porque seria talvez a única herança para aquelas crianças, dando a eles as melhores condições para a vida profissional futura, civil ou militar. A passagem de um simples "Colégio assistencial" para a construção de um "sistema educacional' gerador de instituições congêneres em todo o Brasil, ocorreu graças à mística formada no imaginário social, reforçada pelo sucesso profissional de alguns ex-alunos no meio militar e civil". O Colégio Militar do Rio de Janeiro, portanto, formou dentro do imaginário social a idéia de uma instituição séria na disciplina e no ensino, chegando a rivalizar espaços com o tradicional Colégio Pedro II, mais antigo criado no apogeu do Império. Como ilustração do cotidiano do Colégio, é registrado no Superior Tribunal Militar (1927) um recurso feito pelo Major Agrícola Bethlem, professor do Colégio Militar, que se sentiu ofendido na sua honra, após ter feito um pedido revisão da prova de latim de seu filho, Hugo Bethem, aluno do 4 ano, que tirara grau 1 (um), dado pelo professor 1o Tenente Archiminio, e teve de uma junta de professores responsáveis pela revisão o seguinte parecer: Em face do que ficou sucintamente vemos que o tenente Archiminio

exposto, Pereira,

4

professor regente da Turma Única do 4o ano, de latim, dando grau um (1) a aludida prova, procedeu com benevolência, porque nós a julgamos merecedora de grau zero (B.E.379 P.3)

O exército passa a compreender o Colégio Militar como importante veículo de divulgação e de integração com a "sociedade civil". Dentro desta ótica é que são fundados outros Colégios Militares, em grandes capitais do Brasil, em épocas e contextos diferentes, mas seguindo os moldes do Colégio do Rio de Janeiro. -( 1956-1960) Colégios e Ginásios Porém, a política de abertura de Colégios Militares não é unanimidade dentro das forças armadas, existe uma corrente que acredita que o Exército deve somente se dedicar ao ensino bélico e voltar suas atividades para seu objetivo fim que é a defesa nacional, principalmente com a redução dos orçamentos militares em diversos momentos do séc XX, forçando o Exército a uma otimização de suas atividades, como explica o general Negrão : A verdade é que , de há muito, tem-se a impressão que o próprio exército abriga dúvidas sobre se deve ou não ter tais Colégios. Fomos, ao final do ano de 1938, vitímas de uma dessas manifestações de indecisão. Sem maiores explicações ou justificativas o Colégio Militar do Ceará deixou de existir[...] a partir de determinada época, as grandes modificações por que passou nosso país começaram a tornar cada vez mais agudo o questionamento sobre a validade do engajamento do Exército em inúmeras atividades ligadas ao desenvolvimento, cujos ônus foram se tornando cada vez mais pesados nos declinantes orçamentos militares[ . . .] (Negrão,1997, p.71)8

Contrapondo a esta corrente uma outra ligada principalmente ao magistério do Exército9; acredita que a abertura de Colégios Militares é uma atividade salutar "uma boa tradição" (relatório de implantação - 1956) do Exército. Nos anos JK, como ficou conhecido o período de governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), um grupo favorável a criação de Colégios

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Militares estava no poder quando a pasta do Ministério da Guerra era ocupada pelo então general Henrique Teixeira Lott, que ficou conhecido como o "Marechal da legalidade", foi comandante da Escola Militar de Realengo, e em 1960, candidato a presidente pelo PSD-PTB,

tinha fama de rígido e

disciplinador entre os cadetes de seu tempo, Darcy Ribeiro o classifica como: "oficial fiel à constituição, que não se deixa manobrar".(Ribeiro, P112) O ministro da guerra Teixeira Lott, Ex-aluno do Colégio Militar de Barbacena, aproveitando dos recursos advindo do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (indústria de base, educação, energia, transporte e alimentação), e sendo ele favorável a abertura de Colégios Militares, determina em 1956, ao Estado Maior do Exército que estudasse a possibilidade de criar Colégios Militares pelo Brasil, contando com apoio do então Ministro da Educação e Cultura Clóvis Salgado, tendo sido incentivador da criação do Colégio Militar de Belo Horizonte, e ex-aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro. O Estado Maior elaborou um Plano, e o estruturou em três partes, conforme Nota Ministerial 195 de 22 de maio de 1956: [...]1. Com despacho de 12 de maio de 1956, aprovei o plano do Estado maior do Exército no sentido de criar Colégios Militares e Ginásios Militares no Brasil, nas capitais onde não existem escolas Preparatórias. O plano, todavia, mereceu uma alteração: 1ª urgência- Recife; 2ª urgência Curitiba, 3ª Goiás. No mais, tudo ficou de acordo com o ofício 85/c, de 17 de jan de 56, urgente, a saber: a) Cinco Colégios Militares; Rio, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Goiás. b) Três Escolas preparatórias: Porto Alegre, São Paulo e Fortaleza. c) Doze Ginásios Militares: Florianópolis, Vitória, Salvador, Aracajú, Maceió, João Pessoa, Natal, São Luiz, Teresina, Belém, Manaus e Cuiabá.[...] (Relatório de implantação. 1956) - Um Colégio Militar em Curitiba.

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Segundo os Relatórios de Implantação do Colégio Militar de Curitiba muitos ex- alunos de Colégios Militares escreveram um memorial solicitando ao Ministro da Guerra no ano de 1956, um estudo visando a criação de um Colégio Militar em Curitiba, tendo em vista o poder persuasivo no imaginário social população que uma instituição de ensino militar alcança. As solicitações chegaram ao Governo Estadual, Também segundo o boletim de implantação, era governador do Paraná,

Moysés Lupion, que

atendendo ao pedidos pela abertura de um Colégio Militar em Curitiba, solicita ao Ministro da Guerra, com oficio de número 490, de 8 de outubro de 1956, a vinda de uma comissão afim de estudar a possibilidade de instalação de um Colégio Militar no Paraná. Prontificando a apoiar o Ministério da Guerra, porem o governador sabia que o poder político do então ministro Henrique Lott forte no governo de Juscelino, que o então Ministro da Educação e Cultura Clovis Salgado era ex-aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, e favorável também a abertura de Colégios Militares. Em portaria ministerial número 2229, de 30 de novembro de 1956, o Ministro da Guerra nomeou uma comissão para estudar a possibilidade e as condições de criar um Colégio Militar em Curitiba, esta comissão era formada pelo tenente-coronel Alípio Ayres de Carvalho e o major Romeu Martins, ambos do Quartel General da 5ª. Região Militar, somado a eles o tenentecoronel Júlio Moreira de Oliveira, da Diretoria de Obras e Fortifições, o tenente -coronel Antonio Joaquim de Figueiredo, do Gabinete do Ministro da Guerra, e o major Art Omar de Macedo Mazza, do Estado Maior do Exército. A comissão durante três anos (1956-1958), fez um estudo da região de Curitiba, nos relatórios anuais produzidos, traçam uma estratégia de ação cartesiana, típica de uma campanha militar, ávidos por cumprirem bem sua missão, principalmente, porque estava relacionada diretamente a um plano ministerial.

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Primeiro, o que tinha a comissão como idéia de espaço escolar, o que entendia a comissão por um colégio, as respostas podem ser encontradas nos regulamentos militares relativos a Colégios Militares. Na época vigorava o Regulamento de 1943, aprovado por decreto Nº 12.277 e no caso de Curitiba ao Of no 1065/C, era necessária também uma área para prática esportiva (50x100m2), fator primordial na ótica do ensino nos Colégios Militares, tendo em vista que era do Exército a primeira escola de Educação Física do Brasil 1941, e a pratica da mesma é incentivada e exigida nas escolas do exército, 30 deveria ser a quantidade mínima de salas de aula indispensáveis, como pensava a comissão, mínimas somando com as salas administrativas o numero chegaria a 47, iniciaria com 300 alunos e em quatro anos contaria com 1.961, e a área deveria ser maior do que 750.000 m2, abrindo a possibilidade de construções novas, 75 chuveiros como indispensáveis,

alem disso ter uma área para

instrução militar e formaturas e uma Companhia10 de serviço com soldados responsáveis pela limpeza, pela guarda do Colégio e por pequenos serviços administrativos. No campo didático as instalações deveriam constar de laboratórios de Física, Química e História Natural, uma biblioteca e uma sala de literatura, na realidade a sala de literatura era um local de estudo para os alunos internos. Os planos da comissão eram demasiadamente exagerados para a Curitiba de então, tendo em vista que a quantidade de alunos matriculados na Cidade de Curitiba era de 7.077 e que a quantidade de estabelecimentos de ensino eram de 7 (sete)11, a comissão não tinha feito uma análise da Cidade de Curitiba, mas raciocinava com padrão de referência do Colégio Militar do Rio de Janeiro, e no caso do Tenente-Coronel Alípio, o Colégio Militar de Fortaleza, onde foi aluno.

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Os Componentes da comissão vão posteriormente analisar, áreas possíveis para um estabelecimento militar, com um questionário onde eles mesmos traçariam os requisitos de cada terreno. Alguns itens do questionário estavam diretamente relacionados ao ambiente local,

eram atribuídos pontos para algumas situações , os pontos

variavam de -10 a 10, existências de escolas para "anormais" e "desajustados", "prostíbulos",

"'cassinos",

"penitenciárias",

"dancing",

Hospitais

de

tuberculosos, Hospitais de leprosos, Hospitais de "nervosos" recebiam conceito -10 (menos dez) , vilas residenciais de classe média tinham conceito 5 e vilas operárias conceito -5, Clubes de Classe Média conceito 5, Igrejas conceito 10. A nota máxima dada pela comissão foi para área que servira a exposição do Café no ano de 1952, o terreno já contava com as instalações decorrente da mesma exposição, para o tenente-coronel Alípio Aires de Carvalho, era interessante por estar o terreno as margens da estrada Atuba-Paranaguá, não existia ainda a BR-116 construída durante o governo do presidente Juscelino (1956-1960), e acreditava o então tenente-coronel Alípio que seria ali uma área de intenso progresso: No local existia o lar dos meninos, um orfanato de administração estadual, que teria que ser transferido

para a construção do

Colégio Militar. O Estado doaria o terreno mas, o mesmo só seria usado para educação, voltando imediatamente para o Estado, caso o mesmo não acontecesse . A lei de doação é exatamente o que o Ministério da Guerra queria, participação estadual com a doação do terreno e com verba para a os moveis e utensílios, o exército entraria com o seu pessoal , a lei fala por si só: A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná Decretou e Eu sanciono a seguinte Lei: Art 1º - Fica o poder Executivo autorizado a doar à União- ministério da guerra, um terreno e suas benfeitorias, com a área aproximada de 21(vinte e um) hectares situados no Tarumã, nesta Capital, confrontando com a Estrada

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Federal BR-2, com a Estrada do Encanamento, com cerca divisória do ginásio de Esportes da escola de Educação Física do Paraná, avenida Jóquei Clube e Sociedade Hípica paranaense, inclusive a área de 4 (quatro) lotes de metragem de 15x40 cada um, destinada às construções dos servidores auxiliares administrativos e residenciais. Art 2º - Os terrenos e benfeitorias objeto da presente autorização , serão destinados, exclusivamente à construção do Colégio Militar de Curitiba , revertendo ao patrimônio do Estado, na hipótese dado destino diverso ao previsto na presente lei. Art 3º - O crédito especial autorizado pela lei nº 3.663, de 28/5/58, na importância de trinta milhões de cruzeiros poderá ser utilizado como auxílio para aquisição do mobiliário e nas obras de recuperação e adaptação das instalações existentes no terreno, inclusive na aquisição dos lotes referidos no artigo 1º. Art 4º - o crédito especial a que alude a lei nº 3.663, com a destinação dada por esta, terá vigência por três exercícios financeiros. Art 5º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação , revogadas as disposições ao contrário. Palácio do Governo em Curitiba, em 9 de janeiro de 1.959. Moyses Lupion

- Aula inaugural O Colégio Militar de Curitiba foi fundado em 1959,

no auge do

pensamento desenvolvimentista no Brasil, fundado com apoio do governo do Estado, que via no Colégio Militar uma forma de aliança com o Ministério da Guerra e com o Governo Federal, e reforço ao mito em voga nos anos 30, 40 e 50 do século XX , de que Curitiba era a “Cidade dos Estudantes” ou “Cidade Universitária”. A aula inaugural foi proferida em 21 de abril daquele ano. O Primeiro Comandante foi o tenente-coronel Alípio Ayres de Carvalho, um dos membros da comissão de instalação. Naquele mesmo dia foi proferida a aula inaugural, na presença de representantes das Escolas Militares existentes

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no Brasil, o tenente-coronel Alípio utilizou as teorias educacionais de Henry C. Morrisom, (um psicólogo americano da Universidade de Chicago, autor do Plano Morrisom12 ) para servir de parâmetro ao seu discurso. Na aula inaugural ficou bem clara a formação do tenente-coronel Alípio, com um discurso bem articulado, ele explica o que é o ensino nos Colégios Militares, segundo a visão oficial: "Tem por finalidade precípua- o Colégio militar- a formação da personalidade dos alunos com o desenvolvimento de robusta consciência patriótica e humanística. Salienta-se então, a importância da criação ou fortalecimento de hábitos, atividades e ideais, que formam a personalidade do cidadão. O ensino não pode desaurar desses valores de ordem moral, porque, então, falhará dos seus objetivos supremos. O exemplo e a ambiência serão os meios mais convincentes pelos quais se pode obter a valorização e exaltação dos valores educacionais básicos, representados pelos ideais e pelos valores educacionais básicos, representados pelos ideiais e pelas atitudes de sã moralidade, de patriotismo e de civismo. É somente, com personalidade bem formadas, que se pode forjar uma Pátria de homens fortes, de rijo caráter e possuidores de esclarecida e vigilante consciência cívica e patriótica.". (Boletim CMC Nº 34, 1959)

Na aula inaugural perpassaram ainda idéias, relativas ao cotidiano dos Colégios militares, a educação física seria ministrada para fins higiênicos, pensando o tenente-coronel Alípio dentro dos princípios eugenistas pregados durante toda a era Vargas (1930-1945), e integrado ao discurso militar. A educação moral e cívica seria ministrada por todos de forma gradativa e cotidiana, porem não estabelece como conscientizar os instrutores e professores para trabalhar os conceitos cívicos e morais, acreditava que poderiam ser incutidos com as cerimônias e o cotidiano

do próprio Colégio. O interessante

11

que assim como era formada a "mocidade militar", da antiga Academia da Praia Vermelha, o tenente-Coronel Alípio pensava em formar os alunos do Colégio Militar de Curitiba, as atividades extra-classes vão ser já no discurso inaugural incentivadas pelo primeiro comandante: Porque desempenham papel de alta relevância na personalidade dos alunos, pretende-se desenvolver ao maximo as atividade extra-classe, como o grêmio literário, o jornal do colégio, o clube da Ciência, os desportos e outras preconizadas pelos estabelecimentos militares congêneres. (Boletim CMC Nº 34, 1959)

Portanto, para que o aluno do Colégio Militar chegue a afirmar a sua própria personalidade, terá necessariamente de

adquirir algo

que lhe seja

pessoal, ou existencial, mas também algo que seja comum, ou seja, compartilhado com os outros. Notas 1

Existem Colégios das Policias Militares Estaduais (Paraná, Bahia Etc.) Academia Militar da Praia Vermelha, localizada no Rio de Janeiro no local do mesmo nome emtre 1851, reestruturada em 1874 e tendo suas atividades encerradas naquele prédio em 1904, quando a Academia de formação de oficiais se transfere para Ralengo na cidade do Rio de Janeiro. 3 "juventude militar " era uma auto rotulação dada pelos cadetes da Academia Militar da Praia Vermelha. 4 Napoleão usa este nome em referencia ao Prytaneon grego, porem para educar os filhos de Militares e de Funcionários Públicos. 5 No dicionário Lê Petit Larousse 2000- Garance Plante Herbacée des régions chaudes et tempérées, autref.cultivée pour as Racine, qui fourmissait une teinture rouge. Cor também das calças dos infantes franceses durante a guerra Franco-Prussiana. (1975). 6 Meio auxiliares era compreendido como sala ambiente tais como cinema e laboratórios, projetores. 7 Qualidade dentro dos Moldes copiados ao Pritanée francês , e dentro do ensino matemático da Academia militar da Praia vermenlha 8 Segundo o decreto lei n. 637 de 19 de Agosto de 1938, o Colégio Militar de Fortaleza passaria para o Ministério da educação e Saúde, com toda a sua estrutura e pessoal, mantendo a instrução militar com o pessoal do Exército, porem passando a se chamar Colégio Floriano. 9 Quadro de Militares de diversas armas que exercem o magistério dentro do exército. 10 A divisão militar - um pelotão tem em torno de 30 homens, uma companhia 3 pelotões, 4 companhias um Batalhão. 11 Dados informados em oficio do governador do Paraná (1958) aos membros da camisão militar. 12 Na realidade, o plano Morrison baseava o ensino em unidades didáticas, tentadas dentro de cada uma aperfeiçoar a instrução, agrupando questões relacionadas entre si e desenvolvendo técnicas aplicadas a cada setor ou unidade educacional, o objetivo deste plano era levar ao aluno descobrimento sucessivos, desencadeando propositadamente no aluno hábitos de estudo para cumprir um objetivo. 2

FONTES IMPRESSAS - Boletim interno do Colégio Militar de Curitiba- (1958-1988) - Boletim do Exército, (1957-1988) - Brasil-Decreto-lei Nº 77.919, de 25 Jun. 76, e suas alterações - Regulamento da LEE.

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Brasil-Lei Nº 6.265, de 19 Nov. 75, - Lei do Ensino no Exército (LEE). CMC-Relatório de Implantação 1956. CMC-Relatório de Implantação 1957. CMC-Relatório de Implantação 1958. Exército - Port. Mn Nr I.060, de 09 Set. 80, e suas alterações - Regulamento de Preceitos Comuns aos Estabelecimentos de Ensino do Exército (R-126). - Exército- Port. Mn Nr 1791, de 03 Set. 62 - Instruções para o Funcionamento do Conselho de Ensino. - Exército - Port. Nr 72íDEP, de 10 Dez 87 - Normas para Planejamento e Montagem dos Instrumentos de Medida da Aprendizagem - CMRJ- Ordem do dia - 1894, Colégio Militar do Rio de Janeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPLE. Michael W. Educação e Poder, Porto Alegre. Artes médicas.1989. AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. 50 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1971. CARVALHO, JOSÉ MURILO DE. A construção da Ordem. Rio de Janeiro, Campus,1980. CARDOSO, Silva Helena Barbi. Discurso e ensino. Belo Horizonte, ed. Autentica,2000. CASTRO, CELSO. Os militares e a República. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,1995 COSTA,J.C. O positivismo na República ,- São Paulo. Cia. Ed. Nacional, SP,1956. COSTA, Wilma Peres. A espada de Dâmocles: O exército, a Guerra do Paraguai e a crise do Império. Campinas. Editora da unicamp. 1986. ENGUITA, M. F. A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. FIGUEIREDO, E. de L. - Os militares e a democracia: análise estrutural de uma ideologia, Rio de Janeiro, IUPERJ, 1977. GAY, Peter. Feud para historiadores. Rio de janeiro, Paz e Terra, 1989. GODINHO, Eunice Maria. Educação e Disciplina. Juiz de Fora. Ed. UFJF.1995 HORTA,José Silvério Baía, O Hino, O sermão e a ordem do Dia: A educação no Brasil ( 19301945). Rio de Janeiro, Ed UFRJ,1994. MELLO, Waldyr Jansen de Mello. O exército e sua contribuição no Campo da educação, Curitiba,Mec,1972. MOTTA, Jehovah. Formação do oficial do exército, , Rio de Janeiro, Bibliex, 1999. MORRISON, Henry C. The practice of teaching in the Secondary schools, Chicago, Univ. Of Chicago Press, 1931. SCHWARTZMAN, S. - Bases do autoritarismo no Brasil - Campus,RJ 1982. SODRÉ, N.W. - História militar do Brasil - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1965. VIAL, J. Histoire abrégée de capagnes modernes. Paris, Librairie Militaire, 1894.

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