A expressão fonética da terceira pessoa do plural numa variedade urbana (Funchal) do Português Europeu insular

Share Embed


Descrição do Produto

A expressão fonética da GALLÆCIA III Congresso Internacional terceira pessoa do de Linguística Histórica plural numa variedade urbana (Funchal) do português europeu insular Homenagem aos Professores

Ramón Lorenzo e Antón Santamarina

Aline  Bazenga    

Universidade  da  Madeira  

PROGRAMA

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

INTRODUÇÃO ¡ Analisar as variantes flexionais   em contexto sintático de 3PP na amostra do PE-Funchal (Proj. Concordância, cf. Vieira e Bazenga, 2013, Bazenga, 2015, e Tabela 1) de acordo com o Modelo de Concordância Implícita (CI) proposto por Mota, Miguel & Mendes (2012) e Mota (2013) para as variedades do português. 2

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Third person verbal agreement in Portuguese varieties

O tratamento dos dados demonstrou que a expressão da concordância ocorre segundo p

INTRODUÇÃO

erentes nas variedades do Português. A tabela a seguir confirma essas diferenças. Tabela II Tabela 1: Concordância verbal variedades do português no Projeto Distribuição dos dados comdee 3PP semem marca de concordância verbal de 3ª pessoa plural Concordância (Vieira & Bazenga, 2013)

SVs de 3ª pessoa plural Amostra

Com marca de número

Sem marca(s) de número

Nºde OCOs

%

Nº de OCOs

%

Oeiras

1454/1467

99,1

13/1467

0.9

Cacém

1176/1185

99,2

9/1185

0,8

Funchal

866/914

94,7

48/914

5,3

São Tomé

679/737

92,1

58/737

7,9

Copacabana

1229/1395

88,1

166/1395

11,9

Nova Iguaçu

1067/1365

78,2

298/1365

21,8

Os índices gerais permitem afirmar que as amostras do Português Europeu, grosso

resentam uma regra semicategórica de concordância de 3ª pessoa, embora Funchal dem Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de 3

Compostela,27-30 de julho de 2015

INTRODUÇÃO §  Dados vão ao encontro de Galves (2012: 134) “a saliência fónica em si não parece desempenhar nenhum papel no [PE] dialectal”, hipótese que tem vindo a ser desenvolvida em trabalhos como os de Mota & Vieira (2008), Mota, Miguel & Mendes (2012) e Mota (2013), no âmbito do Projeto Concordância. §  Aprofundar a questão do comportamento dos fatores fonéticos que supostamente afetariam a concordância verbal em PE, através de uma descrição mais detalhada das construções da amostra insular do PE (Funchal). 4

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

INTRODUÇÃO

Tabela IV Atuação da variável Posição do Sujeito para a implementação da marca verbal de 3 p. pl. no PE Tabela 2: Atuação da variável posição do sujeito em sintático de concordância verbal de 3PP na variedade PE-Funchal (Vieira & Bazenga, 2013)

Variedade/ Amostra OEI P E

5

CAC FNC

Sujeito anteposto 777/782 99,4% 731/735 99,5% 550/573 96,0%

Sujeito posposto 36/40 90,0% 40/44 90,9% 18/34 47,2%

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

e que atraem o acento para o final de sílaba (pão) e que admitem, como único segmento em

icativa /S/ (pães). Nos ditongos pós-lexicais, a semivogal é epentética, atendendo à sua

INTRODUÇÃO

ia a nível lexical, e surge após o processo de ditongação, os dois segmentos ocupando uma

sição no núcleo. O autossegmento flutuante /N/ projeta-se sobre o núcleo silábico,

do os dois segmentos em simultâneo. O facto de este autossegmento nasal apenas se

4 o núcleo impede que qualquer segmento em posição cancelamento de coda possa ser . de nasalizado marca de plural e também por maiores valores de produção de varian

o que diz respeito às variáveis extralinguísticas, tanto (Tabela VI) de a3ªvariável pessoaescolaridade do plural, em 4:contextos estruturais porno enunciados Tabela Efeito da variávelcaracterizados Escolaridade cancelamento de marca e produção de marcas riável sexo (Tabela VII) têm maior incidência na variedade insular. antepostos e sujeitos não expressos (Tabela VIII). não-padrão em contexto de sujeitos antepostos e Tabela VIII Tabela VI Tabela 3: Atuação da variável Escolaridade para a sujeitos não expressos no PE-Funchal (Vieira & Efeito da variável escolaridade no cancelamento de marca e Atuação da variável Escolaridade para a implementação da marca verbal de 3 p. pl. implementação da marca verbal de 3 p. pl. no PE Bazenga, 2013) produção de marcas não padrão em contexto de sujeitos antepostos e no Português Europeu (Vieira & Bazenga, 2013) sujeitos não expressos Variedade/ Amostra OEI P E

CAC FNC

Nível fundamental (5 a 8 anos) 411/417 98,6% 374/377 99,2% 212/236 89,8%

Nível médio (9 a 11 anos) 386/388 99,5% 390/391 99,7% 257/268 95,9%

Nível superior (12 a 15 anos) 657/662 99,2% 412/417 98,8% 397/410 96,8%

Com marca não padrão Nº Ocor. % Nível fundamental (5 a 8 anos) Nível médio (9 a 11 anos) Nível superior (12 a 15 anos)

Sem marca Nº Ocor.

%

51/82

62,2

20/30

66,6

31/82

37,8

5/30

16,7

5/30

16,7

-

Quando considerados os valores totais da produção de variantes flexionais de

Tabela VII pluralverbal não–padrão Atuação da variável Sexo para a implementação da marca de 3 p. pl.e de variantes homófonas de 3ª pessoa do singular (resultantes de ca no Português Europeu marca de concordância verbal), a atuação do fator sexo é bastante evidente. As Variedade/ Amostra

6

OEI P

Masculino 757/760 99,6% 523/525

responsáveis por estratégias não conformes ao PE padrão (Tabela IX). Feminino

697/707 Gallæcia III CILH 98,6% 653/660



Tabela IX Efeito da variável sexo no cancelamento de marca de plural e Faculdade de Filoloxía de eSantiago de na produção de variantesUniversidade com não padrão (–EM –U) Com marca Compostela,27-30 julho de 2015 Semde marca

INTRODUÇÃO §  O condicionamento morfofonológico em contexto de sândi externo, que se traduz pela redução do ditongo nasal decrescente da desinência de 3ª pessoa do plural, motivada pelo contexto fonético à direita do verbo que atua na maioria dos dados das duas variedades continentais do PE, também ocorre na variedade insular em 68,7% dos casos em que se observa a ausência de marca do plural, para os contextos em que estão presentes verbos com saliência fónica de nível 1, independentemente de outras configurações sintáticas.

7

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

INTRODUÇÃO

¡  Variantes flexionais não-padrão em contexto sintático de Concordância verbal de 3PP na amostra do PE-Funchal (Tabela 5). (i) variante em vogal oral isomórfica de marcador de P3 no verbo (elas à que chegava à escola; os outros tinha as costas quentes; as laranjas caía no chão); (ii)variante unifor mizadora de paradigmas verbais, representada por -EM (eles não usavem nada disso; quando elas vinhem à nossa casa; eles mandarem fazer uns sapatos); (iii) variante representada por –U, com realização oral [u] ou nasal [u!] (eles estavo a saltar à corda e à pilhagem; que eles lá curtio para cabedal).   8

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

zação canónica da concordância verbal (85,7%), a variante mais expressiva, em

tativos é a que corresponde à forma verbal com uma terminação em ditongo

Variantes flexionais riante em vogal oral, isomórfica de P3, analisada do referido trabalho como não-padrão –EM e –U

cada” do seu paradigma e estendida a outros, representada por -EM (8,2%), logo s

ção da concordância verbal de 3PP.

Tabela 5: flexional –EM não-padrão na variedade PE- Funchal (Vieira & Bazenga, Tabela 2:Variante Variantes flexionais em contexto de do concordância verbal 3PP 2013) (Vieira & Bazenga,

Variantes não-padrão em vogal oral = isomórfica de P3

Variante não-padrão em -EM

Variante não-padrão em -U

Variantes padrão

Nº de oc.

%

Nº de oc.

Nº de oc.

%

Nº de oc.

%

48 /914

5,3 %

75/914

0,9%

783/914

85,7%

%

8,2% 8/914

No entanto, de acordo com a análise proposta por Mota (2013) para os padr

rdância nas variedades do português, esta variante poderá corresponder, no âmb

III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de 9 ades do PE, a uma formaGallæcia de concordância “implícita” (covert agreement), da Compostela,27-30 de julho de 2015

tituindo a variante [

tados, em (1) - (3)..

] padrão nestes paradigmas (Tabela 3), ilustrados pelos exem

Variante -EM

Tabela flexional –EM não-padrão nado variedade Funchal (Vieira Tabela3: 6: Variante Variante flexional –EM não-padrão na variedade PE- Funchaldo (Vieira & Bazenga, 2013)& Bazenga, 2013 Variante PN6 não-padrão

-EM [ ]

Presente Ind.

10

Pretérito Perfeito Ind.

VT /a/

VT /a/

VT /e/

VT /i/

VT /a/ VT /e/

VT /i/

19 oc. .

24 oc.

16 oc.

9 oc

4 oc.

3 oc.

Totais 19 (1)

Pretérito Imperfeito Ind.

49

-

Totais

75 oc.

7

Presente do indicativo a. aqueles carres [carros] que andem [andam] de noite (C1h) Gallæcia III CILH – massacrem Faculdade de Filoloxía Universidade de(C2m) Santiago de b. os próprios portugueses [massacram] os outros Compostela,27-30 de julho de 2015

Variante -EM (1)

11

Presente do indicativo a. aqueles carres [carros] que andem de noite (C1h) b. os próprios portugueses massacrem os outros (C2m)

(2)

Pretérito Imperfeito do Indicativo a. tanto é qu’as minhas primas elas diziem (B1M) b. eles me chamavem madeirense de segunda (C2m)

(3)

Pretérito Perfeito do Indicativo a. as casas caírem (C1m) b. depois eles mandarem-me reformar (C1h)

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

m sujeito nominal; 20%, com sujeito pronominal”.

uando considerados os contextos fonéticos adjacentes (forma verbal segui

niciada por vogal, consoante nasal, consoante não nasal e de pausa), observ

Variante -EM

distribuição das ocorrências (Tabela 4):

abela Tabela 4: Variante flexional –EM e contextos fonéticos adjacentes 7: Contextos fonéticos à direitanão-padrão da variante flexional –EM não-padrão na variedade do PE- Funchal ) Variante PN6 não-padrão

+ vogal

+ C nasal

+ C não nasal

Pausa #

-EM [ ]

30 oc.

8 oc.

25 oc.

12 oc.

sta variante não parece ser sensível ao contexto fonético à sua direita. Também

nenhuma das representações típicas de variantes flexionais (Mota, Miguel e M

73), correspondentes às diferentes fases do processo morfofonológico padrão de

– Faculdade Filoloxía de Santiago ício ou no seu termo, emGallæcia (i), ou IIIàCILH situação em de que esteUniversidade não se inicia, pelodefa 12 Compostela,27-30 de julho de 2015

Variante -U §  As variantes com final verbal em -U atestadas (8, no total), apenas no Pretérito Imper feito e maioritariamente em contexto de sujeito expresso (5/8 dos dados); todas de um informante de faixa etária intermºedia (36-55 anos), do sexo feminino e com escolaridade básica (cf. Tabela 8, exemplos, em ( 5)).

13

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Variante -U c. alevantavo-se durante a noite cede Tabela8: 6: Variante flexional –U não-padrão e paradigmas verbais Tabela Variante flexional –U não-padrão na variedade do PE- Funchal (Vieira & Bazenga, 2013) Variante PN6 não-padrão

-U [u] ou [ ]

Presente Ind.

-

Pretérito Imperfeito Ind.

Pretérito Perfeito Ind.

VT /a/

VT /e/

VT /i/

VT /a/ VT /e/

VT /i/

5oc.

1 oc.

2 oc.

-

-

-

Totais

8 oc.

Tal como a variante -EM, a variante em -U realiza-se maioritariamente em contexto de suj

resso (5/8 dos dados), situação que não parece corresponder ao observado por Mota, Migue

ndes (2012: 172), em dados de variedades centro-meridionais, nos quais existem “indícios de q Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de 14 de vogal nasal está relacionada ização com a presença de sujeito nulo, o que indica a necessidad Compostela,27-30 de julho de 2015

Variante -U

(4)

a. quando os meus pais moravo na casa b. eles vinho brincare c. alevantavo-se durante a noite cede

15

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Variantes flexionais nãopadrão em vogal oral isomórfica de PN3 §  Correspondem a 5,3% dos dados atestados na variedade do Funchal (Vieira & Bazenga, 2013), ou seja a 49/914 ocorrências.

16

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

ca (anteposição) parece ser aquele que mais favorece a realização desta variante, Considerando o efeito do contexto fonético à direita (Tabela 9), observa-se

Variantes flexionais não-padrão to queem mais favorece a realização da variante flexional em vogalde oral é aquele em vogal oral isomórfica a seguinte se inicia por vogal (Tabela 10). PN3 Tabela 10: Variantes não-padrão em oral de (isomórficas de fonéticos P3) e contextos à Tabela 9: Variantes não-padrão em vogal oralvogal (isomórficas PN3) e contextos à direita da fonéticos forma verbal direita da forma verbal + vogal

+ C nasal

+ C não nasal

Pausa #

29/48 oc. 60,4%

8/48 oc. 16,6%

8/48 oc. 16, 6%

3/48 oc. 6,25%

Atendendo a que “o contexto precedendo pausa (…) é o que mais favorece a at

drão com ditongo nasal” Mota, Miguel e Mendes (2012: 171) e que, no âmb 17

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Variantes flexionais não-padrão em vogal oral isomórfica de PN3

Tabela 11: Realização de variantes não-padrão em vogal oral (isomórficas de P paradigmas verbais Variante em vogal oral

Presente do Indicativo

Pretérito Imperfeito do Indicativo

Pretérito Imperfeit do Conjuntivo

vogal -A

2/21

11/21

-

vogal -E

5/21

-

2/21

Nestes paradigmas, a distinção entre P3 e P6 na morfologia verbal pad apenas da ancoragem ou não do autossegmento /N/.

Por outro lado, o contexto [+vogal](isomórficas corresponde, na sua maioria (15 das 21 o §  As variantes em vogal oral não-padrão de PN6 de P3) de variantes –A ea –E, realizadas ] e [- ]), às correspondem maioritariamente verbosfoneticamente com pelas VT vogais /a/ átonas e [-/e/, representadas por –A e –Efonéticas (15/21) de palavra [ ] e [ em ]. Estecontexto encontro intervocálico na fronteira deseguinte palavra (sândi externo iniciada por vogal (21/29 registando-se ainda umem conta elisão ocorrências), das finais verbais átonas e a ressilabificação das duas sílabas exemplo com o verbo ir exemplificado, (quandoa vai seguir:aqueles pa agarrar o coisa – C1m) (6) a. as mercearias na altura fechava às onze (B1m) [f v + ] [f v ] b. os outros tinha as costas quentes (c2m) [ti + ] [ ti ] c. das consequências que daí pode advir (C2h) [p d 12 + dvir] [p d dvir]

§  Neste contexto, o encontro intervocálico na fronteira de palavra (sândi externo) resulta na elisão das finais verbais átonas e ressilabificação das duas sílabas em contacto (c. exemplos em (5))

Observa-se, ainda, que muitas das ocorrências com vogal oral -E correspond

verbal inacusativo existir. Atendendo unicamente ao contexto de sujeitos pospostos

um total de 20 ocorrências de existir em 34, ou seja 58, 8% (11 dados com ditongo

18

PN6 e 9 dados não-padrão com vogal oral -E), no Presente do Indicativo (

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de registando-se apenas uma ocorrência no Imperfeito do indicativo a se p Compostela,27-30 de julho(voltou de 2015

es –A e –E, realizadas foneticamente pelas vogais átonas [- ] e [- ]

] e [ ]. Este encontro intervocálico na fronteira de palavra (sândi ex

Variantes flexionais não-padrão finais verbais átonas e a isomórfica ressilabificação das sílabas em vogal oral deduas PN3

em

ado, a seguir: (6)

(5) a. as mercearias na altura fechava às onze (B1m) [f v + ] [f v ] b. os outros tinha as costas quentes (c2m) [ti + ] [ ti ] c. das consequências que daí pode advir (C2h) [p d 12 + dvir] [p d dvir]

serva-se, ainda, que muitas das ocorrências com vogal oral -E corres

cusativo existir. Atendendo unicamente ao contexto de sujeitos posp 19

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

e 20 ocorrências de existir em 34, ou seja 58, 8% (11 dados com di

Modelos de Concordância Verbal de 3PP (Mota, 2013) §  Modelo com “Concordância Implícita” (Covert agreement), ou CI, caracterizado pela realização fonética variável de distintas formas fonológicas. O processo morfofonológico de PN6 gera (cf. Esquema1); §  Este modelo daria conta da aplicação da regra de concordância verbal em variedades do PE e de falantes cultos de outras variedades nacionais do português. 20

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelos de Concordância Verbal exemplo: de 3PP (Mota, 2013)

Esquema 1, a seguir apresentado e no qual a vogal corresponde à VT /a/ e /e/,

(i)

/vogal N/ VT /a/ VT /e/

vogal nasal eles cheg[ ]) eles ped[ ]

ditongação da vogal eles cheg[ ]) eles ped [ ]

/ N/ (ii) vogal oral eles cheg[ ]) eles ped [ ] Esquema 1: Concordância Implícita (CI) de acordo com Mota (2013)

Esquema 1: Processo morfofonológico padrão de PN6 (Mota, Miguel e Mendes, 2012: 1

21

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelos de Concordância Verbal de 3PP (Mota, 2013) §  CI

§  estruturas morfológicas e formas fonológicas canónicas diferenciadas de P6 e de P3, com ancoragem do autossegmento nasal /N/ na forma fonológica de P6; variantes flexionais de P6 em ditongo nasal (levam, dão, comem, falem) e em vogal nasal ( levã, dã) §  estruturas morfológicas associadas a formas fonológicas sem o autossegmento nasal /N/, marcadas por sincretismo entre PN3-PN6; as realizações fonéticas seriam caracterizadas por terminarem em vogal oral (leva, dá, come)

22

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelos de Concordância Verbal de 3PP (Mota, 2013) §  Modelo de “Concordância Reduzida”ou CR

§  PN6 e PN3 são ambos morfemas nulos e em que o autossegmento /N/ nunca está presente na forma fonológica. §  Neste padrão, não existe co-variacão em PN entre o verbo e o controlador pro/nominal, e as realizações fonéticas em contexto de concordância verbal de 3PP, idênticas às requeridas em 3PS (PN6=PN3); §  produções de falantes iletrados ou pouco escolarizados (com menor contacto com a regra canónica da concordância verbal de 3PP) de variedades nãoeuropeias do português (PB e variedades africanas).

23

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelo CI e variantes flexionais de 3PP na amostra PE-Funchal Tabela emcontexto contexto 3PP (Vieira&&Bazenga, Bazenga, Tabela10: 12:Variantes Variantesflexionais flexionaisverbais verbaisnão-padrão não-padrão em dede 3PP (Vieira 2013) 2013) de acordo com o Modelo CI de Mota (2013) de acordo com o Modelo “Concordância Implícita” (CI) de Mota (2013) Tipos de variantes 1 2 3 4 5 flexionais não-padrão

Paradigmas verbais Presente Ind. Pretérito Imperfeito Ind. Pretérito Perfeito Ind.

ditongo nasal não-padrão

vogal nasal

[ ]

[ ]

vogal oral ≠ P3

VT /a/ =19 VT /a/, /e/, /i/ = 49

=2

[u] =6

VT/a/ /i/ =7

24

75/914 8,2%

2/914 0,2%

6/914 0,65%

= P3 NC =8

[ ] = 19

=7

[o] acabou as aulas =1

=1

[ ] ouvisse= 1

outros Totais Percentagens

isomórfica de P3 CI [ ]=5 []=6

32/914 3,5%

[ ] (enquanto elas fosse pequenas)= 1 17/914 1,85%

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Nesta adaptação, o conjunto de variantes flexionais com vogal oral é reanalisado, tendo Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelo CI e variantes flexionais de 3PP na amostra PE-Funchal §  Conjunto de variantes flexionais com vogal oral reanalisado, tendo por referência o contexto fonético à direita do verbo, conduz a dois subconjuntos:

a.  formas verbais fonéticas em contexto de sândi vocálico ou seguidas de consoante nasal, consideradas ambíguas do ponto de vista da aplicabilidade ou não da concordância verbal, ou Variante CI, Isomórfica de PN3 (cf. coluna 4) b.  formas fonéticas que não resultam da influência do contexto fonético à sua direita, podendo ser consideradas como formas verbais de de PN3 e ocorrências de não aplicação da regra de concordância exigida pelo contexto sintático (cf. coluna 5)

25

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Modelo CI e variantes flexionais de 3PP na amostra PE-Funchal §  Se tivermos em conta outros fatores, tais como a presença de “que” entre o sujeito e a forma do verbo (4 ocorrências) e a presença de um sujeito posposto (7 ocorrências), os dados de não concordância verbal de 3PP ficam reduzidos a 7, o que representa 0,75%, percentagem ligeiramente superior à encontrada em variedades semirrurais do PE (0,2%), apesar de se tratar de uma variedade urbana e insular. 26

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Considerações Finais ¡ A consideração do Modelo de CI (Mota, 2013) permitiu uma reavaliação da aplicabilidade da regra de concordância verbal de 3PP estudada em trabalhos anteriores (Bazenga, 2012; Vieira & Bazenga, 2013) •  Os índices de não concordância verbal de 3PP inferiores a 1%, na sua forma extrema, quando combinados fatores fonéticos e fatores sintáticos/discursivos supostamente de tipo universal (posição e animacidade do sujeito, presença de material linguístico entre o sujeito e o verbo).

27

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Considerações Finais ¡ Do conjunto de variantes flexionais atestadas em contexto sintático de 3PP no PE-Funchal, a variante em -EM surge, não só em termos quantitativos mas também atendendo à extensão da sua distribuição (Presente do Indicativo, Imperfeito do Indicativo e Perfeito do Indicativo), como a característica de maior saliência.

28

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bazenga, Aline (2012), “Variation in subject-verb agreement in an insular dialect of European Portuguese”, In R. Muhr (Ed), Non-dominating Varieties of pluricentric Languages. Getting the Picture. In memory of Prof. Michael Clyne , Wien et. al: Peter Lang Verlag, pp. 327-348. Galves, Charlotte (2012), Concordância e origens do português brasileiro. In: SEDRINS, A.P. et al. (Orgs). Por amor à linguística: miscelânia de estudos linguísticos dedicados a Maria Denilde Moura. Maceió: UEDUFAL, pp. 123-150 Mota, Maria Antónia (2013), “Variant patterns of Subject-Verb agreement in Portuguese: morphological and phonological issues”, Journal of Portuguese Linguistics, 12 (2): 211-236 Mota, Maria Antónia, Miguel, Matilde & Mendes, Amália (2012), “A concordância de P6 em português falado. Os traços pronominais e os traços de concordância“, Papia, 22.1, 161-188. Vieira, Silvia Rodrigues & Bazenga, Aline (2013), “Patterns of third person verbal agreement”, Journal of Portuguese Linguistics, 12 (2): 7-50.

29

Gallæcia III CILH – Faculdade de Filoloxía Universidade de Santiago de Compostela,27-30 de julho de 2015

Muito Obrigada!

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.