A História (re)descoberta nos fragmentos poéticos de \"Visitação\" em António Franco Alexandre

July 9, 2017 | Autor: Manuela Moreira | Categoria: Portuguese and Brazilian Literature, Postcolonial Studies, Postmodernism
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Manuela Moreira Junho de 2014

A História (re)descoberta nos fragmentos poéticos de Visitação em António Franco Alexandre

Ruturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea II

2013/2014 Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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Real art has the capacity to make us nervous Susan Sontag

Da coletânea Poemas, editada em 1996, reunindo a obra poética de António Franco Alexandre de Sem palavras nem Coisas até Oásis, elegi o poema Visitação, de 1983. Tendo a obra de A.F.A.1sido lida por ensaístas de renome, quer nacionais, quer estrangeiros, com particular destaque por estudiosos brasileiros e, sobre a sua obra, se terem escrito artigos académicos e teses de mestrado, poucos se debruçaram sobre o poema Visitação. Acresce, que não consegui encontrar um único artigo que tivesse analisado e estudado exclusivamente este poema, o que parece um pouco estranho, dada a asserção de Óscar Lopes, ao referir que: “A. F. A é, pelo menos desde 1983 (Visitação e A Pequena Face), uma das melhores revelações deste último quartel de século.” (Lopes, 1990:328). Assim, esta falha na crítica alexandrina, no que se refere ao poema da minha eleição, oferece-se-me como um desafio para este trabalho. Antes de chegar aos críticos, tinha lido o poema e tinha gostado dele. Fizera uma leitura da qual sobressaíam a poeticidade e a sonoridade do texto e em que o(s) sentido(s) se apresentavam suspenso(s). Depois, ao ler “O Sopro do Sentido na Poesia Muda de António Franco Alexandre”, de David Antunes, verifico que o autor deste ensaio refere que em Visitação:“ a questão da perceção e conceção musical do espaço (…) surge de forma mais evidente” (Antunes, s/d: 16), ao mesmo tempo que caracteriza a poesia alexandrina, incluída em Poemas: “como

espaços de uma viagem errática, sem destino definido nem protagonistas identificáveis, por imagens aparentemente aleatórias e convocadas por estímulos vários e imponderáveis.” (Antunes, s/d: 4/5). Paulo Ricardo Braz de Souza refere que Visitação, no conjunto da obra reunida de A.F.A., edição de 1996, é um poema constituído por “cacos imagéticos”( Sousa, 2013:4). Se o poema é constituído por “cacos imagéticos”, será tarefa do leitor apanhar os cacos e juntá-los num todo, por forma a encontrar um fio narrativo, que caracterize o tema central do poema a que dá o título. Ora, o fio narrativo que aqui quero apresentar é uma forma de esquisso da História do Brasil desde o seu achamento, passando pela colonização portuguesa e pelo século XX, encontrando-se o

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(A partir deste momento, passarei a referir o poeta António Franco Alexandre pelas iniciais do nome: A.F.A)

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autor da diegese como que diluído por entre os lugares e os tempos visitados, ao mesmo tempo que se vai desenrolando a (re)descoberta deste país. Na verdade, o poema Visitação aborda uma visita ao Brasil por parte do sujeito poético, sendo a III parte do poema, como refere Óscar Lopes: “(...) até linguisticamente, quase descritivamente brasileira” (Lopes, 1990: 327 ). Pedro Serra afirma perentoriamente que o poema: “ (…) responde por uma viagem efetuada entre 1978 e 1979” (Serra, 2012: 102) e o próprio A.F.A., em entrevista concedida a Diogo e Serra, o assegura ao declarar: “Visitação é mesmo um diário de viagem (…).”(Alexandre, 2001: 51). Pensemos então na aceção de “visitação” que dá título ao poema. Para Pedro Serra : “Visitar é procurar uma situação –e não um sítio– (…);” (Serra,2012: 102). O sujeito poético de Visitação afirma: “(...) viajar / é ser penetrado pelo sempre presente / sentimento de coisas / precocemente duradouras.” (Alexandre, 1996: 134 ). Viajar, direi eu, é a errância no espaço e no tempo que formam a III parte de Visitação, constituída por vinte e sete poemas e que será doravante o cerne da análise poética a que me proponho. Assim, sobretudo nesta parte, por forma a tecer o fio narrativo, cabe ao leitor a demanda de sentido (s), num poema em que o sentido parece elidir-se em função de uma poética em que a palavra se impõe pelo lado audível e melódico. Se, como diz David Antunes, o espaço que iremos percorrer é percecionado de forma musical e, do mesmo modo, assim terá sido concebido2, e dado que o espaço se não pode dissociar do tempo, a viagem é-o também no tempo que não nos é apresentado de forma linear, mas de modo fragmentado, fundindo-se no tempo sincrónico da viagem do sujeito poético pelo espaço do Brasil. Segundo Frederic Jameson: “we now inhabit the synchronic rather than the diachronic(…).” (Jameson, 1991: 15), ao mesmo tempo que o poema é habitado por um espaço que parece sobrepor-se ao tempo, pois como diz o mesmo Jameson : “ (…)I think it is at least empirically arguable that our daily life, our psychic experience, our cultural languages, are today dominated by categories of space rather than by categories of time.”(idem:15). O poema em análise pode ser lido como uma viagem espácio-temporal, em que a mundialização, termo de origem francesa, ou globalização, se inicia com a “descoberta” da América por Cristóvão Colombo em 1492 (Krishna, 2009:1) e com o achamento da

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Vide a asserção proferida por A.F.A. em entrevista ao Expresso, em que poeta declara “(…)a música é de todas as artes aquela que me toca mais, mesmo mais do que a literatura.” (Alexandre, 1993:54-R).

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Terra Brasilis em 1500, fazendo com que o movimento global de pessoas, bens e ideias se expandisse significativamente nos séculos seguintes. Com a globalização, abre-se um novo tempo em que o poder eurocêntrico enceta a colonização dos espaços “descobertos” e onde o colonizado começa a desenvolver formas de resistência, face ao poder colonizador. Assim, em Visitação, o sujeito poético é simultaneamente o visitador do tempo e do espaço, enquanto dá a conhecer ao leitor o colonialismo português e seus horrores, bem como o visitador do povo, da língua e da cultura do país outrora colonizado. A este respeito, é digno de registo o que diz Ida Alves sobre a posição de Portugal no que se refere à questão do colonialismo português, quando declara que o nosso país se encontra numa fase: “(…) com uma história colonialista ainda em revisão, em confronto permanente com outras literaturas de língua portuguesa: a brasileira e as africanas.” (Alves, 2008). Pedro Serra, num artigo intitulado “Sodré sem Cais: António Franco Alexandre e a cidade sobre-exposta”, refere que o sujeito poético é também o “visitador” da língua literária que sustenta a Visitação, (Serra, 2009:1). Por outro lado, o sujeito poético, ao dizer que: “viajar / é ser penetrado pelo sempre presente / sentimento de coisas / precocemente duradouras.”, é essencialmente visitado “(…) pelas coisas/ precocemente duradoras” , que lhe despertam “o sempre presente sentimento” das mesmas (itálico meu). Assim, poder-se-á então falar do eu em A.F.A. como um eu que se apouca e se funde com os espaços/ objetos que visita e o visitam, os quais, por sua vez, nos são dados aleatoriamente através de fragmentos imagéticos, às vezes indecifráveis, outras vezes capazes de oferecer constelações de sentidos. Mais, o sujeito poético parece traduzir o eu enquanto categoria em devir, ou seja, um eu infixo e fluido. Aliás, é o próprio A.F.A. que o afirma, na entrevista supracitada, ao referir que: “A individualidade é excêntrica, às vezes só serve para andar às voltas.” (Alexandre, 2001: 49). Por conseguinte, o eu poético de Visitação surge-nos como um eu fragmentado e diluído na linguagem poética, um eu que é o reflexo do mundo exterior, enquanto mundo fragmentado, feito de cacos e caos, refletindo-se estes “cacos” num poema “caos”, em que ao recetor não resta senão “andar às voltas” no espaço do poema, a fim de encontrar a narrativa que este encerra. Viajemos então pelo texto, tentando identificar os fragmentos e ilustrá-los enquanto momentos da Visitação à Terra Brasilis. Comecemos com o poema 4 da I parte: eden vejo as mãos que escurecem eram doces os olhos a música das margens

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a força caminhava junto às fontes as douradas silenciosas romãs

disposto o corpo à sua breve altura vejo a terra quase incendiada de águas barcos e (…)

Este poema, como o título indica, remete-nos aparentemente para a criação do mundo, para o Génesis e para a criação do homem no jardim do Éden. No entanto, lendoo mais atentamente, detetamos, em alguns estilhaços imagéticos, o momento do achamento do Brasil. Na primeira estância, o sujeito poético descreve um ambiente harmonioso, em que o eu lírico nos dá a ver as coisas em devir, tal como as maçãs que nos aparecem metamorfoseadas de “romãs”. As “romãs” surgem-nos aqui como símbolo de fecundidade e de fertilidade, prenúncio de que a terra vista “a música das margens” é terra abençoada e rica, bem como imensa, como nos é apresentado na segunda estância: “(…) terra quase/ incendiada de águas”, sendo que o oxímoro “incendiada de águas” reforça essa mesma imensidade . Os “barcos”, naus e caravelas quinhentistas, chegam ao “Éden ”, ou seja, ao: “ Paraíso Terrestre (…) que assediava desde a Antiguidade a imaginação dos Ocidentais.” (Azevedo, 2000: 43). Ao viajar, o sujeito poético é penetrado pelas coisas que lhe evocam memórias da História do Império, da História contada pelo colonizador. Por outro lado, nos versos que abrem o poema: “ vejo as mãos que escurecem eram/ doces os olhos (…) ”, poderemos ler “as mãos que escurecem”, como metonímia da população autóctone do Brasil, isto é, os “ameríndios”, designação dada por Jorge Couto, num artigo intitulado “O Achamento da Terra de Vera Cruz “(Couto, 2000: 29). Do mesmo modo, se poderá entender a expressão “(…) eram/ doces os olhos” como o encontro com o Outro, enquanto povo inocente, terno e afetuoso e em que esse mesmo Outro é próximo de Adão, no retrato paternalista e condescendente, que nos é dado por Pêro Vaz de Caminha: “(…) Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal, que a Adão não seria maior, (…)”. (Caminha, apud, Azevedo, 2000: 42). Com este poema, o sujeito poético serve-se do hipotexto da História de Portugal, narrada do ponto de vista do colonizador, e mostra-nos a reflexão que sobre ela faz, nos anos 80 do século XX, momento em que se verifica uma tendência revisionista do colonialismo, característica da pós-modernidade e que dá ensejo ao desenvolvimento dos estudos póscoloniais. Segundo Sankaran Krishna: “(…) postcolonialism articulates a politics of 5

resistance to the inequalities, exploitation of humans and the environment, and the diminution of political and ethical choices that come in the wake of globalization”. É óbvio que o emprego do termo “globalization” significa aqui a gobalização neo-liberal, conforme refere o mesmo autor. (Krishna, 2009:2). A meu ver, o sujeito poético/ narrador, embora se encontre do outro lado da barricada, apropria-se da noção de que o pós-colonialismo é lato sensu um discurso que se opõe a qualquer forma de eurocentrismo. (Cf. Krishna, 2009: 4). Continuemos a nossa jornada por Visitação, com uma paragem reflexiva no poema 10 da II parte, e logo outra novamente, no poema 11, desta mesma parte.

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meus companheiros dormem no segredo de algumas palavras justas. são certeiras amarras, no rigor do vento. viver é impreciso. navegar necessário.

Neste poema, com os versos “viver é impreciso. navegar/ necessário.”, o sujeito poético estabelece várias relações intertextuais, que remontam ao século I a.c., quando o general romano Pompeu encorajava marinheiros receosos, inaugurando a frase: “Navigare necesse, vivere non est necesse.”. No século XIV, o poeta italiano Petrarca transformava a expressão para: “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Depois, Fernando Pessoa cita a frase de Petrarca no poema Os Argonautas, e mais tarde, Caetano Veloso compôs e cantou Os Argonautas, onde se lê/ ouve: “Navegar é preciso, viver não é preciso…”, refrão da canção, em que as reticências remetem para um texto inacabado, convidando o leitor/ ouvinte a interpretar o poema. Deste modo, o eu poético, em Visitação, homenageia a cultura erudita, remontando à cultura latina, passando pelo precursor do renascimento, pelo modernismo português e pela cultura de massas, não hierarquizando a cultura erudita, mas colocando estes dois tipos de cultura em pé de igualdade, o que se apresenta como traço característico do pós-modernismo. (Cf. Jameson,1991:1). Ao estabelecer um diálogo entre a língua originária do Português, o latim, o português luso e o português brasileiro, através de Pessoa e Caetano, o sujeito poético presta homenagem às variantes da língua portuguesa dos dois lados do Atlântico, recorrendo ao verso, citado por Pessoa e usado 6

por Caetano, mas alterando-lhe o sentido. No tempo da escrita do poema, “viver é impreciso”, ou seja, num “mundo de caos e fluxo” (Bleiker, Roland, :100), e num tempo pós-moderno em que: “(…)nothing is based on logical reasoning. Nothing is framed within a presupposed universal truth (…).The world is a place where things happen randomly. You live or you die by chance (…). (Torkamaneh, 2011: 41) e onde, segundo o mesmo autor, não se podem encontrar certezas porque tudo é questionável (Cf. Torkamaneh, 2011: 41). Ao dizer apenas: “viver é impreciso”, o sujeito poético caracteriza o ato de “viver”, em tempos de pós-modernismo, de forma magistral, sintética e elítica, por meio do predicativo “impreciso”. Por conseguinte, “navegar” torna-se “necessário” num mundo em que “viver” é feito de incertezas. O sentido de “navegar” no poema de A.F.A oferece-se como parónimo de viajar e até de deambular no sentido baudelairiano, já que o “viver” é “impreciso”. Agora, o espaço do “flâneur” é o do espaço globalizado, no espaço do poema, sem destino, sendo que a viagem nos é dada através de estilhaços que ocorrem na errância feita poema. O “navegar” do eu poético, num poema produzido em tempos de capitalismo avançado, vai contrapor-se ao do início da era moderna, enquanto período histórico. Com efeito, “navegar”, tal como o fizeram os navegadores quinhentistas, que o autor convoca para a atualidade e a quem chama “companheiros”, na demanda de um mundo quiçá por descobrir “no rigor do vento”, isto é, na aspereza da viagem, equacionase com “viver”, já que no tempo das descobertas, “navegar” visava um destino, correndo todos os riscos, onde “viver não era preciso”, mas sim “navegar”, almejando o sonho de chegada ao paraíso, quer se tratasse do paraíso terrestre, quer do paraíso celestial. Daí que neste contexto, o “viver”, caminha lado a lado com o “morrer”, como se poderá ilustrar na estância seguinte: 11 uma herança de mastros de navios partindo com a água dos muitos mortos deixados a tormento (…)

Neste poema, o eu poético visita a história das descobertas portuguesas, feita de “muitos mortos deixados/ a tormento”, da qual restou “uma herança de mastros de navios”. Este tom elegíaco contrasta com o tom laudatório da abertura do I canto de Os

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Lusíadas de Luís de Camões, como se comprova com os últimos quatro versos da primeira oitava : (…) Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;

Se, em Camões, os argonautas passaram por “perigos e guerras esforçados (…) E entre gente remota edificaram/Novo Reino, que tanto sublimaram; ”, no poema alexandrino, a edificação do Novo Reino é obliterada, em favor de uma herança feita de sangue, o que remete o leitor para a revisão da História de Portugal e para um reflexão sobre a História contada pelos vencedores, onde se não narram os feitos “dos muitos mortos deixados/ a tormento”. Assim, o sujeito da enunciação apela ao leitor, ainda que subliminarmente, para refletir sobre os horrores da História contada pelos vencedores. Por outro lado, poder-se-á ler “uma herança (…) dos muitos mortos deixados a tormento”, como a História dos oprimidos que não se situando nem do lado dos vencedores, nem dos vencidos, representam aqueles que permaneceram silenciados e, a quem, paradoxalmente, a voz é restituída por deferimento, por via da morte. Deste modo, o sujeito poético, na persona do narrador, experimenta /encena uma reescrita da História do seu país. Entremos agora na III parte de Visitação, com o poema que a abre: ó neste autocarro, um continente, amar-te eternamente. quero dizer: viajar é ser penetrado pelo sempre presente sentimento das coisas precocemente duradouras. assim o teu nome, e os teus olhos de precário vidro, e os botões de camisa esvoaçando. logo a cidade nos alcança …. (…)

Tendo já analisado o símbolo que finaliza o segundo verso e os terceiro, quarto e quinto versos, interessa fixar-me agora no verso que inicia o poema “ó neste autocarro, um continente”, em que o “autocarro”, objeto do quotidiano, no qual o sujeito poético enceta a Visitação ao Brasil, se funde/ confunde com um “continente”. A Visitação não é apenas a viagem pelo continente mas a viagem erótica, que se pretende “eterna” e onde os amantes se encontram à mercê da “cidade” que “logo” os “alcança”. Uma vez mais, estamos perante a subasserção do eu poético e da categoria de “sujeito”, subsumindo-se 8

ao “espaço/objeto”, que parece agora sobrepor-se à agencialidade característica do sujeito, por via do emprego da personalização da “cidade”, dotando-a deste modo de agencialidade. Nesta linha de pensamento, a cidade ao ser dotada de agencialidade é elevada à categoria de algo equivalente ao humano. Dito de outro modo, o Homem é igualado àquilo que Charles Olson chama objetivismo. Segundo este poeta Americano: “(…) Objectivism is the getting rid of the lyrical interference of the individual as ego, of the “subject” and his soul, that peculiar presumption by which western man has interposed himself between what he is as a creature of nature (with certain instructions to carry out) and those other creations of nature which we may, with no derogation, call objects.”(Olson, apud, Serra, 2001: 53). Ou ainda sob outro prisma, a mundividência dualista, herdeira de Descartes, é questionada e o sujeito poemático, propõe uma posição monista, na esteira da fenomenologia de Merleau-Ponty em que: “The classical subjectobject dichotomy is loosened up (…).”( Bullington, 2013: 24). Continuando a viagem pelo país continente, o viajante recorda o país outrora colonizado e dá-nos testemunho das atrocidades cometidas pelos colonizadores, seus antepassados. Transcrevo do poema 3 da III parte, versos que ilustram o lado negro do passado colonial: (…) só mulheres habitam as douradas casas que os colonos rapidamente desejaram, e depois com precisão e método queimaram (…)

Neste excerto, podemos ver a ganância dos colonos na caça aos recursos naturais da terra colonizada. Deste modo, “as douradas casas” poderão ser uma alusão à casa-grande, tal como é representada na obra de Gilberto Freyre, “Casa-Grande & Senzala”(1933) , habitação do colonizador e senhor da terra e dos escravos. Os versos “só mulheres habitam/ as douradas casas que os colonos/ rapidamente desejaram (…)” poderão, por um lado, representar o desejo do homem europeu pela mulher negra, que fora violentada e violada. Por outro lado, o desejo de construção dessas casas, pólos de uma economia dependente da cultura da cana do açúcar, passava pela violação da terra indígena, a que os colonos ateavam fogo, queimando e devastando florestas. Assim, a destruição do solo da Terra Brasilis era realizada “com precisão e método”. É Gilberto Freire quem afirma na obra Nordeste, editada em 1937: “o canavial desvirginou todo esse mato grosso de modo mais cru pela queimada. A cultura da cana valorizou o canavial e tornou desprezível a mata.” (Freire, apud, Marcondes:44). No poema 11, do núcleo da 9

obra em análise, que é transcrito na íntegra, há também a visitação de outra “grande façanha” do império colonial português:

«tem pecado no mundo, demais». Adélia Prado cristã escreveu: não há destino/ lapso, relapso, aqui espreito as visitaçoems do Reyno junto a palmares maconheiro trinta e tais

Em tom irónico, o sujeito poético entra em diálogo intertextual com a poeta católica Adélia Prado, servindo o texto citado da poeta de pretexto para mostrar ao leitor os excessos cometidos pelo colonizador em nome da propagação da fé cristã. Do mesmo modo que se destrói a terra, para benefício próprio, se viola a cosmovisão do Outro. Assim, o verso “as visitaçoems do Reyno” remete de imediato para o período da Inquisição, na colónia sob o domínio português, e para a permanência desta em solo brasileiro. A este respeito, é bastante elucidativa a leitura do artigo de Ana Margarida Santos Pereira, intitulado: “Terceira Visitação do santo ofício às partes do Brasil. capitanias do sul, 1627-1628” (Pereira, 2011). Na verdade, Pereira refere-se ao:

“envio

periódico de visitadores, por parte do Santo Ofício, cuja função consistia em ouvir os habitantes que a eles se dirigissem para depor, punindo os faltosos, de modo a garantir o respeito pela moral vigente e a integridade da Fé, sob o domínio do Catolicismo.” (Pereira, 2011: 38/39). Ainda, segundo este mesmo artigo, os pecadores eram presos, sendo-lhes confiscados os bens. Entre estes encontravam-se cristãos-novos, calvinistas, praticantes de sodomia. Quando os casos pareciam mais complexos, como a prática do judaísmo ou de luteranismo, cabia ao visitador denunciá-las ao inquisidor e enviar os acusados para o Tribunal de Lisboa para aí serem julgados (Cf. Pereira, 2011:50). Também Aldair Carlos Rodrigues, na sua tese de doutoramento, Poder Eclesiástico e Inquisição no Mecanismos de

Século

XVIII Luso-Brasileiro: Agentes, Carreiras e

Promoção Social, esclarece que: “(…) o Santo Ofício português,

diferente de seu congênere espanhol, não instalou nenhum tribunal na América, fato que não impediu a presença da instituição inquisitorial nessas terras, seja através do envio de visitadores nos séculos XVI e XVII, da construção de ampla rede de agentes inquisitoriais, formada sobretudo no Setecentos, e por meio da colaboração dos bispos.”(Rodrigues, 2012: 224).

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Também no poema 26, durante uma passagem por Salvador da Baía, poder-se-á, ainda que obliquamente, interpretar a empatia do sujeito poemático com as vítimas da Inquisição, nomeadamente no que diz respeito aos perseguidos e condenados por causa da religião. De facto, em presença do Senhor do Bonfim, o sujeito da enunciação diz “no brilho de entrescamas de bomfim/ sinto-me pobre cristo a tarde/ toda. (…)” e critica a prática da idolatria do Catolicismo através dos versos “(…) aquele/ que pacientes retratos apresentam/ no vidro das gavetas (…). Se é notória, por um lado, a crítica à Igreja Católica, há no entanto uma identificação com Cristo e com a figura que ele representa, para logo de imediato concluir o poema com o verso “pois nos querem cristãos, sejamos novos”, o que se apresenta como uma espécie de manifesto, em que o cristão se quer novo, liberto e não escravo de um culto idólatra. Porém, este mesmo verso também nos convida à revisão da História, enquanto homenagem prestada ao “cristão novo”, ou seja, ao judeu ou muçulmano “conversos forçados” ao cristianismo, uma vez que muitas das cerca de 1.500 vítimas mortais da Inquisição portuguesa eram cristãos-novos, assim como boa parte dos seus 25.000 processos. A referência ao “cristão novo” apresenta-se também como uma espécie de tributo ao povo judaico, que fora obrigada a procurar asilo noutras partes da Europa, nomeadamente nos Países Baixos, levando consigo a riqueza (conhecimento) não apreciada pelo Reino de Portugal. A título de exemplo, destaca-se aqui a família do filósofo Benedito de Espinosa, que, em Amesterdão, se fixou, sendo de reclamar este filósofo para a filosofia portuguesa. De par com a Inquisição, o outro lado sombrio da História de Portugal no Brasil é o da escravatura. O sujeito lírico começa o poema 2, da III parte, com os versos: “uma manhã de sol acordo escravo acordei/ no seu suor sonhei um pesadelo” e mais adiante dános a ler: “acordo escravo com um lenço em pó/ cobrindo a cara”, para concluir o poema com o verso: “acordo escravo e durmo, acordo escravo.”. Embora Américo Lindeza Diogo afirme que se trata de um “discurso de servidão voluntária”, no que diz respeito à conclusão do poema, o mesmo ensaísta refere que o sujeito da enunciação do poema: “segue pelo pesadelo da história por identificação intropática com o escravo justamente registado pelo ‘suor’.” (Diogo, 1995:180). A meu ver, a mesma identificação intropática também se apresenta no verso “acordo escravo com um lenço em pó/ cobrindo a cara”, já que o sintagma “um lenço em pó” se nos apresenta como metáfora do trabalho árduo e das condições de vida do escravo africano, que vivia em condições deploráveis na senzala e desta ia para a labuta nos canaviais. Ainda no que respeita à finalização do poema, a minha leitura difere da de Diogo, uma vez que “acordo escravo e durmo, acordo escravo.” 11

poderá apresentar-se como metáfora da situação do sujeito na era da globalização neoliberal, numa época em que não é permitido o ócio ao ser humano, tempo indispensável para pensar e criar e em que o mesmo ser humano é reificado, “escravizado”, por forma a manter o funcionamento da sociedade pós-industrial. De acordo com Dumazedier (1979), há que distinguir “lazer” de “ócio” na contemporaneidade. Segundo este autor: “O lazer encontra-se submetido a um lugar de destaque, com funções de descanso, desenvolvimento da personalidade e diversão”;

tornando-se necessário para que o

trabalho seja mais produtivo e para a manutenção do statu quo. Por outro lado, diz Dumazedier, “o ócio (…) está no âmbito do liberatório, do gratuito, do hedonismo e do pessoal (…).” (Dumazedier, apud, Aquino e Martins, 2007). A questão da escravatura é retomada no poema 23, como se pode verificar neste excerto:

caminho entre as areias, desaprendo o monótono invento do açúcar, são engenhosos dias. a mão do negro está pousada na tábua e o cutelo (…)

Aqui, o sujeito poético serve-se da polissemia do vocábulo “engenho”, nos três primeiros versos, por meio do adjetivo qualificativo “engenhosos”, derivado de “engenho”, apontando para a desaprendizagem do trabalho realizado no “engenho”, cujo objetivo era o “invento do açúcar”, qualificado de “monótono”, o que poderá remeter para o fim da escravatura e para os “engenhosos dias”, que se lhe seguem, ou seja, a liberdade em que se irá usufruir do “engenho”, enquanto talento criativo. Aliás, o sujeito poético já aludira à liberdade do escravo no poema 11, ao utilizar o vocábulo “palmares”, nome de um dos mais conhecidos quilombos, ou seja, locais de refúgio dos escravos fugidos de engenhos e fazendas durante o período colonial e imperial. Nesses locais, os escravos passavam a viver em liberdade, criando novas relações sociais . O verso “a mão do negro está pousada na tábua” representa, segundo Lindeza Diogo, a tábua da nossa história catastrófica. (Cf. Diogo, 1995:181) e eu direi do mapeamento da escravatura do Outro, provindo do espaço periférico (Angola) e permanecendo face ao centro (Portugal colonizador), num outro espaço periférico (Brasil Colonial), espaço de poder escravocrata, espaço não só de catástrofe da História de Portugal, mas das atrocidades

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exercidas sobre o povo escravizado, em que este não usufruía da categoria sujeito, mas servia apenas de objeto no espaço colonial. Por entre a viagem pela História do colonizador e pelos crimes pelo mesmo perpretados, encontramos um poema na variante da língua do povo brasileiro, cujo conteúdo remete para os estereótipos culturais dos povos representados. A este respeito, Ida Alves diz que na parte III do poema: “ o olhar do viajante português é atento às diferenças e problematiza a cultura plural de língua portuguesa a partir do contacto com um certo Brasil (…).” (Alves, 2007: 68). Ora, este certo Brasil é-o da hibridez dos povos e culturas portugueses, brasileiros e japoneses, como se poderá verificar: português quando chega compra garrafa, compra e vende garrafa, logo abre um barzinho no Rio. o Brasil é uma coisa genital. só há aviador por aqui. conhece mundo, sabe avaliar plantação de pimenta, seu merecimento é grande. japonês todo tem carro. português quando chega, já sabe de comércio e de navio.

O poema não representa a etnicidade múltipla que caracteriza o país visitado. No entanto, no que respeita à língua, há por parte do sujeito poético uma necessidade de experimentação da língua do outro, ou então como diz Pedro Serra: “um exercício de assimilação da língua do Outro” (Serra, 2009), o que é feito como o próprio sujeito da escrita diz, no poema 14: “estrangeiro a esta terra paciente/ a imito: formo as vogais, visto a palavra ‘colonial’ sobre o pêlo molhado/ (…)”. Ao imitar a língua do outro, o sujeito alexandrino desconstrói a norma da sua língua, para construir a variante brasileira, e ao escrever essoutra língua, escreve-se e inscreve-se na cultura do Outro. Se a homenagem à língua, ao povo e à cultura do Brasil, no sentido antropológico do termo, é visível neste poema, não é menos verdade que as referências à literatura brasileira abundam, mostrando-se por deferimento, um outro lado étnico do Brasil. Assim, no verso “quem era macunaíma?” do poema 9, o sujeito poético faz obliquamente referência ao romance Macunaíma de Mário de Andrade e os versos do mesmo poema “amigo, meu quem quer ser herói desajeitado?” ao personagem Macunaíma, um índio brasileiro, espécie de anti-herói. No poema 21, intitulado iracema, o sujeito poético 13

estabelece relações intertextuais com o romance homónimo de José de Alencar, publicado em 1865 e com a personagem Iracema, uma índia brasileira, que o narrador representa como: “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.”, (Alencar, 1865: 5). Ao transportar para o poema referências a obras literárias, em que o povo nativo americano serve de temática para tais obras, o sujeito da enunciação percorre um outro lado obscuro da História do colonizador, ou seja, de uma América, anagrama de Iracema, que foi chacinada e pouco miscigenada. Ora, este Brasil de povos nativos, não é obliterado da História passada e presente, mas é-nos dado a conhecer como intertexto que permeia o hipotexto e o hipertexto e que completa “um certo Brasil” de que fala Ida Alves. As referências à literatura brasileira prosseguem no poema 15, que aqui se transcreve: drummond/ helder

um homem tem um toco de corpo à entrada do jardim e uma cabeça que fala azul perfeitamente esta pedra encontrei

Ao convocar Carlos Drummond de Andrade e Herberto Helder para a sua poesia, A.F.A. homenageia dois dos maiores poetas do século XX, da língua de Camões. O facto de a eles aludir num simples poema significa que, para o poeta, o Brasil e Portugal caminham agora lado a lado no que concerne à criação de poesia da maior qualidade. Ao mesmo tempo, ao justapor Drummond e Helder, o sujeito poético, já não veste a pele ‘colonial’, mas alude ao encontro dos dois povos e nações de língua portuguesa. O último verso do poema entra em diálogo intertextual com poemas de Drummond e Helder. Assim, o poema de Drummond No meio do caminho e o poema “Lugar” do livro com o mesmo nome de Helder, constituído por oito estrofes servem de hipotexto de que resulta o hipertexto de A.F.A. Na verdade, a primeira estrofe de Helder, do poema acabado de citar, inicia-se com o verso “Uma noite encontrei uma pedra” e na quarta estrofe, no verso que inicia o poema, lê-se “Encontrei uma pedra pedra”. Se o vocábulo “pedra” despoleta uma associação semântica com “violência”, o que, por sua vez, remete para a História feita de sangue do período colonial, “esta pedra encontrei”, em tempos de póscolonialismo, aponta para o encontro de povos e de culturas dos dois lados do Atlântico, o qual se tornou num encontro sólido ao longo do século XX. 14

À guisa de conclusão, a análise de Visitação, representa o retrato de uma viagem ao Brasil, onde o espaço e o tempo se confundem, e em que o passado é convocado para o presente, tendo por finalidade a revisitação da História do Império, bem como a sua reescrita e, na contemporaneidade, o reconhecimento da língua, cultura e literatura do Outro, como forma de tributo à nação brasileira. A interpretação dos fragmentos do poema que acabo de analisar e a constituição de um fio narrativo encontram-se como uma leitura possível, entre tantas outras. Como diz Umberto Eco em Interpretation and Overinterpretation:

“(…)interpretation is

infinite.” (Eco, 1990: 151) e este é o caso da poesia de A.F.A., em que o subtexto se escuda na forma melódica da poesia, negando-se à interpretação, daí que seja preciso escavar/ cavar por detrás do texto, por forma a encontrar o subtexto, como diz Susan Sontag no ensaio intitulado “Against interpretation” (1966). Embora esteja ciente da diferença entre autor textual e autor empírico, e o poema tenha sido lido à luz do primeiro, servir-me-ei agora do autor empírico, num tempo pós-barthesiano, em que a convocação do poeta nos poderá ajudar a confirmar o que apresentei neste trabalho. Destarte, em entrevista concedida ao jornal “Expresso”, A.F.A. responde que as “narrativas aparecem mais como fragmentos de memória ou de experiência.” e, para o amante da música que é Alexandre, a escrita se improvisa, à maneira do jazz. Cito da mesma entrevista: “Interessou-me a ideia de escrever não como quem compõe, mas como quem improvisa, isto é, compõe e interpreta simultaneamente, em tempo real.” (Alexandre, 1993:54-R). Ao escavar o texto alexandrino, encontrei um texto reflexivo e crítico sobre a História do Brasil e de Portugal, durante a colonização lusa. O fio narrativo que construí não narra uma história diacrónica, mas a História encontrada nos fragmentos do tempo, feitos poema.

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