“A ilha de Tenerife como enclave estratégico nos interesses portugueses no final do século XVI”

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Descrição do Produto

Anuário 2011 Centro de Estudos de História do Atlântico ISSN: 1647-3949, Funchal, Madeira (2011)

Centro de Estudos de História do Atlântico

Região Autónoma da Madeira

ANUÁRIO DO CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO N.º 3 2011   

 

SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO FUNCHAL

2



TÍTULO: Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico



N.º: 3



ANO: 2011

EDIÇÃO:



Centro de Estudos de História do Atlântico Rua das Mercês, n.º 8, 9000-224 Funchal Telef.: 291 214970 / FAX: 291 223002 Email: [email protected] Webpage: http://www.madeira-edu.pt/ceha

TIRAGEM: 1000 exemplares IMPRESSÃO: Ogami - Impressão Digital, João Duarte, Unipessoal, Ldª

DEPÓSITO LEGAL:



ISSN: 1647-3949

O conteúdo dos Artigos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

3

Direcção •

Alberto Vieira.



Alberto Vieira;



Ana Madalena Trigo de Sousa;



Filipe dos Santos;



Nélio Pão.

Conselho Redactorial

Conselho Consultivo •

Ana Viña Brito, Universidad de La Laguna (Canárias);



Antonio Abreu Xavier, Universidad Central de Venezuela;



António Barros Cardoso, Universidade do Porto;



Antonio Macías Hernández, Universidad de La Laguna (Canárias);



Antonio Malpica Cuello, Universidad de Granada (Espanha);



Augusto Nascimento, Instituto de Investigação Científica e Tropical;



Avelino de Freitas de Meneses, Universidade dos Açores;



Daniel Campi, Universidad de Tucuman (Argentina);



David J. Hancock, University of Michigan (EUA);



Eddy Stols, Katholieke Universiteit Leuven (Bélgica);



Fátima Sequeira Dias, Universidade dos Açores;



Gaspar Manuel Martins Pereira, Universidade do Porto;



Genaro Rodriguez Morel, Real Academia de la Historia de Santo Domingo;



Inês Amorim, Universidade do Porto;



Iordan Avramov, Center for Science Studies and History of Science (Bulgária);



Javier Maldonado Rosso, Universidad de Cádiz (Espanha);



Joám Evans Pim, Instituto Galego de Estudos de Seguranza Internacional e da Paz (Galiza);



Joaquim Romero de Magalhães, Universidade de Coimbra;

4



João José Reis, Universidade Federal da Bahia (Brasil);



John G. Everaert, Universiteit Gent (Bélgica);



Jorge Freitas Branco, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa;



Jorge Nascimento Rodrigues, Editor, Tradutor e Revisor;



José Ángel Rodríguez, Universidad Central de Venezuela;



José Curto, York University (Canadá);



José Eduardo Franco, Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes;



José Viriato Eiras Capela, Universidade do Minho;



Luís Filipe Barreto, Universidade de Lisboa;



Manuel Lobo Cabrera, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria (Canárias);



Maria Beatriz Rocha-Trindade, Universidade Aberta;



Maria Helena da Cruz Coelho, Universidade de Coimbra;



Maria Isabel Rodrigues dos Santos, Universidade Católica Portuguesa;



Miguel Angel de Puig Samper, Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Madrid);



Miguel Real, Centro de Literatura de Expressão Portuguesa da Universidade de Lisboa;



Mónica Teixeira, doutorada em Literatura Moderna Portuguesa, Madeira;



Naidea Nunes Nunes, Universidade da Madeira;



Óscar Zanetti Lecuona, Academia de Ciencias de Cuba;



Ottmar Ette, Universität Potsdam (Alemanha);



Paulo Esteireiro, Gabinete Coordenador de Educação Artística, SREC – RAM (Madeira);



Pedro Luís Puntoni, Universidade de São Paulo (Brasil);



Timothy Joel Coates, The College of Charleston, South Carolina (EUA);



Vera Lúcia Amaral Ferlini, Universidade de São Paulo (Brasil);



Victor Pereira da Rosa, University of Ottawa (Canadá).

5

SUMÁRIO

10 APRESENTAÇÃO 12

1. TEMA PRINCIPAL: Instituições, relações de poder e finanças públicas.

13 Alberto Vieira: Madeira e a Metrópole — Uma História de Contrastes 29

1.1. ILHAS E METRÓPOLES: Discursos, textos e contextos das relações financeiras e institucionais

30

Alberto VIEIRA/ CEHA: Madeira. Escritas e testemunhos com História

39

Odeta PEREIRA/ CEHA: As Finanças do Arquipélago da Madeira nos Debates Parlamentares: 1821-1828

135

Graça ALVES/ CEHA: Escritas(s) Sobre a Madeira: Vozes da Ilha na Literatura Portuguesa

174 Cláudia FARIA/ Sandra GOMES/ CEHA: Madeira. Um olhar de fora 184

Ana Salgueiro RODRIGUES/ CEHA: Os imaginários culturais na construção identitária madeirense (implicações cultura/ economia/relações de poder)

6

205

1.2. ILHAS E CONTINENTES: RELAÇÕES DE CONTINUIDADE E DEPENDÊNCIA

1.2.1. Economias Insulares 206 António Alves-Caetano: As Ilhas Atlânticas dos Açores e da Madeira no contexto da Economia Imperial(1796-1803) 229

Inês AMORIM/ UP/Porto: Dar e haver na época moderna: entre a filantropia e a dependência creditícia – especificidades insulares?

244 Concepción PÉREZ HERNÁNDEZ/ ULL/Tenerife: Canarias, 1850-1936. Modernización Económica y Cambio Social 265

Jean Baptiste Mario SAMEDY, Victor Pereira da ROSA/ Universidade de Otava/ CA: Une économie insulaire dépendante: monocultuares du sucre et du café à Saint-Domingue-Haïti (du 16e au 19e siècle)

280 1.2.2. Finanças e Instituições Insulares 281

Alberto VIEIRA/ CEHA: Política Instituições, Finanças e Contas na Madeira. Breve nota histórica. 1433-1974

306

Ana Madalena Trigo de SOUSA/ CEHA: As Finanças do Município do Funchal na Época Pombalina e no Final da Monarquia Constitucional: Uma Abordagem Teórica e Comparativa

343

Filipe dos SANTOS/ CEHA: A Arrecadação dos Dízimos sobre os Produtos da Terra, na Ilha da Madeira, no Período da Junta da Real Fazenda do Funchal (1775-1834): Processos, Constrangimentos e Conjunturas

371 Nélio Pão/ CEHA: O Âmbito de Intervenção Financeira da Junta da Real Fazenda do Funchal (1775-1834): Uma Análise Global das Despesas 392

Eduarda Gomes PETIT/ Escola Secundária Jaime Moniz: A Renda da Imposição do Vinho na Primeira Metade de Setecentos

405

Emanuel JANES/ CEHA: A Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal nos Primórdios do Estado Novo

416

Manuel ESTEVES, Amílcar PEREIRA, Marília Bruna FREITAS/ CEHA: Orçamento e conta da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal: 1903-1960

478

Ana Paula Teixeira de ALMEIDA/ CEHA: A Receita da Alfândega do Funchal de 1930 a 1960

493

José Luís de SOUSA/ CEHA: A Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira - Investimentos e Formas de Financiamento

576

José Luís de SOUSA/ CEHA: Das formas de financiamento da Junta Autónoma das Obras do Porto do Funchal aos investimentos da Junta Autónoma dos Portos do Aquipélago da Madeira 7

662

1.2.3. RELAÇÕES DE CONTINUIDADE E DEPENDÊNCIA.

663

Maria Manuel TORRÃO/ IICT: Circulação de homens e alimentos: as ilhas de Cabo Verde em ligação com a Europa, a África, a América e a Ásia (séculos XV e XVI)

671

Arlindo Manuel CALDEIRA/ IICT: Um triângulo conflituoso:  relações comerciais da ilha de São Tomé com os reinos do Kongo e de Angola durante o séc. XVI

688

Luís Frederico Dias ANTUNES/ IICT: A Ilha de Moçambique: placa giratória da Carreira da Índia e do comércio afro-asiático

698

Alexandra PELÚCIA/ DH-UN Lisboa: Ormuz, uma Ilha nas Encruzilhadas Políticas e Económicas da Ásia Marítima

706 Vitor Luís Gaspar RODRIGUES/ IICT: A ilha de Goa “chave do sossego e conservação do Estado da Índia” 714

Manuel LOBATO/ IICT: Pequenas ilhas, grandes tratos. O arquipélago das Molucas na encruzilhada de três continentes

723

1.2.4 História e Historiografia Insular e Nacional

724

Avelino de Freitas de Meneses/ Universidade dos Açores. A historiografia dos Açores

733

1.2.5 Outros temas

734

John EVERAERT/ University of Ghent/Belgium:Hormuz. Hormuz. A maritime outpost of Portuguese India and the Flemish diamond trade (1580-1620)

750

Washington Dener dos Santos CUNHA/ UERJ/UNIGRANRIO: Ilha da Trindade: Entre a cartografia e os diários de viajantes nos séculos XVI e XVII

762

Miguel Rodrigues LOURENÇO/ Centro de História de Além-Mar: Toponímia, titulatura e ordem espacial: As ilhas do Sueste Asiático e a formação da fronteira luso-castelhana na Ásia

778

Javier Luis Álvarez SANTOS/ Dep. Historia-Universidade de La Laguna: La isla de Tenerife como enclave estratégico en los intereses portugueses a finales del siglo XVI

788

Ana Patrícia Rodrigues Alho/ Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: Do Reino para a ilha, da ilha para o reino. Um Contributo para o estudo do sistema hidráulico superior na arquitectura religiosa tardo-gótica portuguesa

805

Paulo Miguel Rodrigues / UMa - Centro de Competências de Artes e Humanidades (CCAH): A questão do porto franco na Madeira durante o Vintismo: o debate insular

8

817

2. VÁRIA

818 Carlos Martínez Shaw/ UNED, Madrid: La multifuncionalidad de las islas en la primera mundialización. El prestigio de las islas 836

Agustín Guimerá RAVINA/ CSIC, Madrid :. Vinificación en los Puertos Atlánticos: Madeira A Finales del Siglo Xviii

856

José Luís Ferreira de Sousa/ CEHA: O Apoio da Armada Portuguesa às Comunidades de Emigrantes Madeirenses

880

José Luís Ferreira de Sousa/ CEHA: As Acções Humanitárias em Tempos de Guerra e de Paz

912

Ana Paula Teixeira de Almeida/ CEHA: Fitas e Críticas — Breve ensaio sobre a exibição e crítica cinematográfica no Funchal (1897 a 1930)

934

Ana Salgueiro Rodrigues/ CEHA: Entre centros e periferias. Reflexões acerca dos sistemas culturais da Macaronésia lusófona

948

Lélia Pereira da Silva Nunes, Um olhar sobre o Espírito Santo em Santa Catarina - o contributo cultural da Diáspora Açoriana

961 Vítor Rodrigues, Manuel Lobato/ IICT, Lisboa: De náufrago na «Terra dos Fumos» a cativo na Inglaterra. O mar e o sertão no percurso de Nuno Velho Pereira 974

Javier Luis Álvarez Santos, Universidad de La Laguna: Métodos y técnicas de investigación histórica: Balance de una estancia de investigación en el Centro de Estudos de História do Atlântico

988 3. Notas bibliográficas

9

La isla de Tenerife como enclave estratégico en los intereses portugueses a finales del siglo XVI

Javier Luis Álvarez Santos Universidad de La Laguna

The island of Tenerife as a strategic enclave for the Portuguese interests at the end of the 16th century

ANUÁRIO N.º 3 Centro de Estudos de História do Atlântico ISSN: 1647-3949, Funchal, Madeira (2011)

pp. 778-787

Doctorando en Historia por la Universidad de La Laguna. Línea principal de investigación: Las relaciones socioeconómicas entre Canarias y Portugal y las posesiones lusas en el Atlántico durante la Unión Ibérica. Ha sido becario de investigación por la Universidad de La Laguna (2011), ha realizado estancias de investigación (Centro de Estudos de História do Atlântico, Funchal) y es miembro del I. U. Cemyr y del Instituto de Estudios Canarios. Entre sus publicaciones: “Portugueses en Tenerife durante la Edad Moderna: Una aproximación”, II Jornadas “Prebendado Pacheco” de Investigación Histórica (2008); “Los portugueses en Tenerife y sus redes socioeconómicas en el mundo atlántico, 1575-1604”, El mar en los siglos modernos (2009); “La actividad manufacturera en Canarias durante el Antiguo Régimen a través de los artesanos portugueses”, Nexo nº5 (2009); “El portugués Pedro Afonso Mazuelos”, XVIII Coloquio de Historia Canario Americana 2008 (2010); “Vínculos en el Atlántico: Juan de Vega, Señor del Ingenio de Güímar”, II Jornadas de Historia del Sur de Tenerife (2010); “Tenerife y las islas atlánticas portuguesas durante la primera mitad del siglo XVII”, Anuário do Centro de Estudos de História do Atlânttico, nº2 (2010); “Los portugueses y la viticultura en Tenerife a comienzos del Seiscientos”, III Jornadas “Prebendado Pacheco” de Investigación Histórica (2011), “La actividad agrícola portuguesa en la Comarca de Acentejo en la primera mitad del siglo XVII”, V Jornadas de investigación y divulgación histórica Acentejo 2010 (2011); “Los portugueses en Tegueste durante la Edad Moderna: Una primera aportación”, IV Jornadas “Prebendado Pacheco” de Investigación Histórica (2011); y Tenerife y la Unión Ibérica. Los portugueses en La Laguna y su comarca: 15751650 (2011)

Resumen Este trabajo pretende abordar las relaciones de tipo económico entre la isla de Tenerife y el territorio portugués continental en la segunda mitad del siglo XVI. Concretamente, con este ámbito espacial y cronológico buscamos comprender qué significó para ambos enclaves la instauración de la Unión Ibérica en 1580. Si bien la coronación de Felipe II como rey de Portugal no supuso una unificación política global entre ambos reinos, veremos cómo en la práctica los vínculos entre ambos territorios se fortalecerán principalmente a partir de los últimos años del Quinientos. En este sentido, las Islas Canarias servirán de modelo explicativo para entender el desarrollo de estas relaciones de carácter complementario. Palabras clave: Tenerife, Portugal, Unión Ibérica, vino, comercio, letras de cambio, fletamentos Abstract This project try to approach the connection in economical terms between Tenerife´s island and the continental portuguese territory, in the second half of XVI Century. In this chronological terms, we are trying to understand what mean to both sides the appearance of the Iberian Union in 1580. Although, Felipe II coronation as portuguese´s King didn´t mean a political unity between both kingdoms, we notice how links between both territories will be strength since last ages of 500. To sum up, Canary´s Islands will become as model to understand the development of this relationship. Keywords: Tenerife, Portugal, Iberian Union, wine, trade, bill of exchange, chartering activity

779

Objetivos y metodología Para llevar a cabo este estudio analizaremos ciertos indicadores económicos y fórmulas mercantiles, esencialmente los fletamentos y letras de cambio. A partir de estos mecanismos, desarrollaremos las estrategias comerciales portuguesas con Tenerife y desde ella. Especial interés tendrá para este trabajo conocer los productos intercambiados, los principales puertos y plazas con los que se comercializa y los individuos que participan en este negocio. Igualmente veremos cómo el desarrollo de estos vínculos viene determinado más que por los acontecimientos políticos, por los intereses mercantiles, tanto de la sociedad canaria como por parte de los agentes portugueses. Para realizar este trabajo hemos utilizado fuentes documentales de la época, principalmente documentación notarial. Ésta se conserva en el Archivo Histórico Provincial de Santa Cruz de Tenerife (AHPSCT). Por la gran cantidad de legajos, hemos decidido tomar una muestra realizado varias catas para diversos años y sitios. Concretamente para la capital de la Isla –San Cristóbal de La Laguna- hemos vaciado todas las escribanías para los años de 1575, 1576, 1587 y 1588 para poder contrastar las posibles consecuencias de la unión entre Portugal y Castilla. Asimismo, para su puerto –Santa cruz de Tenerife- hemos consultado el único protocolo que ha llegado hasta nosotros para las últimas décadas del Quinientos, el de la escribanía de Francisco de Zambrana. Un único ejemplar que abarca la segunda mitad de la década de la citada centuria.

780

Antecedentes

E

l estudio de la realidad insular canaria debe analizarse tanto dentro de la política exterior castellana como desde la coyuntura internacional de fines del siglo XVI, más aún si consideramos que la mayor parte de los intercambios se realizan con las colonias americanas, las plazas europeas y, en menor medida, con el continente africano. Además, en este comercio participaba la oligarquía insular, pero que, sobre todo, estaba en manos de mercaderes foráneos, bien desde los puertos y las urbes de la Isla o desde otros enclaves como agentes de una red socioeconómica amplísima que ocupaba la mayor parte de la costa atlántica de tres continentes. En la historiografía insular ha ocupado un papel relevante estudio de la presencia extranjera en Canarias. No obstante, estas investigaciones adolecen de un estudio en su totalidad y los campos temáticos a este respecto se han desmigajado. Estos trabajos han quedado reducidos al análisis sobre determinadas islas y a los distintos grupos nacionales que en ellas se establecen. A este respecto, sobresalen las iniciativas de algunos historiadores que han analizado la presencia extranjera en su conjunto, aunque siempre sujetas a limitaciones espaciales y temporales1.

Desde la incorporación del Archipiélago a la Corona de Castilla, incluso antes de que fuesen dominadas las islas de realengo, sobresalen los portugueses dentro del conjunto de europeos que se establecen en Canarias, únicamente superados en número por los castellanos2. Participaron activamente en los repartimientos de tierras y en la siembra de éstas. Del mismo modo, introdujeron y aportaron nuevos cultivos que transformarían el panorama económico de las Islas, como la caña de azúcar. Sin embargo ha sido la temática de las relaciones mercantiles, principalmente con los archipiélagos de Azores y Madeira, las que han suscitado un especial interés en los historiadores, tanto canarios

1 2

IGLESIAS HERNÁNDEZ, María Luisa, Extranjeros en Gran Canaria. Primer tercio del siglo XVIII, Gobierno de Canarias, Santa Cruz de Tenerife, 1985. GUIMERÁ RAVINA, Agustín, Burguesía extranjera y comercio atlántico: la empresa comercial irlandesa en Canarias, Gobierno de Canarias/CSIC, Santa Cruz de Tenerife, 1985. LOBO CABRERA, Manuel, “Las colonias mercantiles europeas en Canarias en el reinado de Felipe II”, en BETHENCOURT MASSIEU, A. (Coord.), Felipe II, el Atlántico y Canarias, Las Palmas, 2000, pp. 159-178. DÍAZ BRITO, Alexis, Los extranjeros en las Canarias Orientales en el siglo XVII, Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas, 2000. AZNAR VALLEJO, Eduardo, La integración de las Islas Canarias en la Corona de Castilla (1478-1526). Aspectos administrativos, sociales y económicos, Secretariado de Publicaciones de la Universidad de La Laguna, Santa Cruz de Tenerife, 1983, pp. 247-252.

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como portugueses, plasmándose esta disposición en gran número de publicaciones34. Estos estudios interinsulares deben entenderse dentro de una dinámica más amplia que, junto con Cabo Verde en menor medida, constituirá un espacio complementario en el Atlántico, tanto en los movimientos migratorios como en los intercambios comerciales. Mientras, las relaciones con el continente africano van a desarrollarse esencialmente en un marco económico, basadas en el comercio del vino y de los esclavos. A su vez, estos productos serán redistribuidos hacia otras plazas americanas y europeas. Sobre esta cuestión, las Canarias Orientales ha sido el espacio que más trabajos ha dedicado la historiografía canaria5. Por último, para el conjunto de la corona de Castilla, los intercambios con Portugal no han sido suficientemente tratados, destacando las publicaciones que han abordado el tráfico esclavista y la penetración lusa en el comercio americano6. Sin embargo, en la última década se han visto implementados los trabajos que tratan el papel de los judeoconversos en las fianzas del Reino y la temática de las redes mercantiles internacionales, sobre todo para el periodo de la Unión Ibérica.

La economía canaria a finales Quinientos El propio hecho insular, como territorio fragmentado y el distanciado de otras comunidades, derivará en la necesidad de buscar géneros foráneos que complementasen la producción interna. Esta dependencia de los productos alimenticios para el consumo de la población convivirá con el desarrollo de una economía exportadora, sustentada en un primer ciclo por el comercio del azúcar para ser sustituido más tarde por otro género, el vino. En este marco, el modelo económico canario de fines del siglo XVI se desarrolla fuera de la coyuntura europea del momento, caracterizada por una crisis generalizada. Las actividades mercantiles que se desarrollan desde el Archipiélago se centrarán en el espacio atlántico, fortaleciendo una red comercial densa y diversificada. Los comerciantes interesados en el vino canario -entre ellos los portugueses- aprovecharon esta coyuntura, fomentando la exportación de este preciado artículo hacia las principales plazas europeas y americanas. Al mismo tiempo, los puertos canarios se constituyeron como plazas propicias para los intercambios mercantiles, aunque no siempre de manera lícita. 3 4

LOBO CABRERA, Manuel, “Gran Canaria y los contactos con las islas portuguesas atlánticas: Azores, Madera, Cabo Verde y Santo Tomé”, en V Coloquio de Historia Canario-Americana (1982), IV, Las Palmas, 1985, 311-333. LOBO CABRERA, Manuel, “El comercio entre Canarias y La Madera en el siglo XVI”, en III Coloquio Internacional de História da La Madera, Funchal, 1993, pp. 623-634. TORRES SANTANA, Elisa, “Las relaciones comerciales entre La Madera y las Canarias orientales en el primer cuarto del siglo XVII. Una aproximación a su realidad histórica”, en I Coloquio Internacional de História da La Madera, Funchal, 1990, vol. II, pp. 816-844. MATOS, Artur Teodoro de, “Las relaciones de las Azores con la América española y las Canarias durante los siglos XVI y XVII”, en V Coloquio de Historia Canario-Americana (1982), tm. I (segunda parte), Las Palmas, 1985, pp. 723-745. VIEIRA, Alberto, “O comercio de cereais das Canárias para a Madéira nos séculos XVI-XVII”, en VI Coloquio de Historia Canario-Americana (1984), Las Palmas, 1987, tm. I (primera parte), pp. 325-351. VIEIRA, Alberto, “As conexôes canario-madeirenses nos sécalos XV al XVIII”, VIII Coloquio de Historia Canario-Americano (1988), tm. I, Las Palmas, 1991, pp. 865-917. VIEIRA, Alberto, “Las Islas y el mundo atlántico. 1580-1648”, en IV Centenario del ataque de Van der Does a las Palmas de Gran Canaria (1999): Coloquio Internacional “Canarias y el Atlántico, 1580-1648, Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas, 2001, pp. 309-347.

5

LOBO CABRERA, Manuel, La esclavitud en las Canarias Orientales en el siglo XVI (negros, moros y moriscos), Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas, 1982.

6

VILA VILAR, Enriqueta, Hispano-América y el comercio de esclavos. Los asientos portugueses, Escuela de Estudios Hispanoamericanos, Sevilla, 1977. RUIZ RIVERA, Julián Bautista, “Los portugueses y la trata negrera en Cartagena de Indias”, Temas Americanistas, 15, 2002, pp. 8-18. LÓPEZ BELINCHÓN, Bernardo José, “Sacar la sustancia al reino. Comercio, contrabando y conversos portugueses, 1621-1640”, Hispania, 209, 2001, pp. 1017-1050.



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Este contexto favorable para Canarias, será visto desde Sevilla con preocupación por parte de los mercaderes andaluces. Mediante las continuas quejas elevadas a través de la Casa de Contratación, se establecieron por parte de las autoridades peninsulares una serie de disposiciones que pretendieron limitar el comercio de los insulares. En el fondo, la excepcionalidad mercantil del Archipiélago evidenciaba un agujero en el monopolio sevillano. Sin olvidar, que en estos momentos el vino canario competía con los caldos andaluces, con un precio más bajo y con menores costes en las transacciones. Para controlar el comercio canario, a partir de 1566 se establecieron los jueces de registro en los puertos canarios. Además se tomaron otras medidas como la restricción de navegar fuera de las flotas y la limitación de las cantidades que se podían sacar de las Islas. Frenada las posibilidades de exportar las mercancías al mercado americano, los comerciantes canarios buscaron otras alternativas, principalmente las colinas portuguesas. De este modo, Canarias se convertirá en un plataforma estratégica para los intercambios mercantiles entre Portugal y sus posesiones, redistribuyendo los productos brasileños y africanos hacia Europa al mismo tiempo que adquirían el vino canario y productos foráneos que recalaban a las Islas. La llegada de estas embarcaciones lusas atrajo la atención de otros mercaderes europeos interesados en este fructífero mercado. En ocasiones acompañaban a estos navíos, pero la prohibición de comerciar con algunos territorios supuso que numerosos mercaderes europeos financiaran de manera ilícita estas empresas a través de agentes portugueses. En este contexto atlántico se ha señalado que Canarias participa en tres rutas mercantiles principales. La primera de ellas sería la establecida por el monopolio de la Corona, partiendo de Sevilla para recalar en el Archipiélago para avituallarse y continuar hacia las Indias. El segundo derrotero conectaría con los continentes africanos y americanos. De las Islas salían las embarcaciones portuguesas hacia Cabo Verde o Angola cargadas con los caldos canarios en busca de esclavos, los cuales podían ser vendidos en los puertos canarios en su regreso o serían llevados a América. Además hay que recordar que, a pesar de la unión entre Castilla y Portugal, los portugueses van a continuar siendo los únicos adjudicatarios de los asientos concedidos por la Corona. El último circuito enlazaría Canarias con los principales puertos peninsulares y europeos. A este respecto, como hemos señalado anteriormente, la carencia de manufacturas hará que se demande de estas plazas los productos elaborados para satisfacer las necesidades de los insulares. Como por ejemplo, maderas para la fabricación de pipas procedentes de Portugal.

Las fórmulas del comercio canario-portugués Una vez establecidos los mercaderes portugueses en Canarias, éstos comenzarán a desarrollar sus estrategias comerciales. Por un lado, tratarán en la Isla con otros miembros de la comunidad lusa, así como con los individuos más activos de la élite local que estén interesados en las actividades mercantiles. Por el otro, pondrán en marcha toda una serie de contactos en las principales plazas del Atlántico, estableciendo de este modo una red socioeconómica con múltiples agentes.

Letras de cambio La escasez de moneda corriente en el Archipiélago impidió el establecimiento de cambiantes durante el siglo XVI. De este modo, el crédito corrió a cargo de los mercaderes que participaron en el comercio internacional, siendo la letra de cambio su principal instrumento. 783

Este mecanismo llegó a ser tan relevante para el devenir de la economía insular que hasta comienzos del siglo XVII Canarias ocupó la tercera plaza bancaria, sólo superada por Medina del Campo y Valencia en el contexto castellano. Mientras, en numerosas ocasiones el destino de las cantidades transferidas no eran las ciudades castellanas, sino otros emplazamientos europeos como Lisboa, Génova, Venecia o Amberes. La cédula de cambio es un documento de carácter mercantil cuya finalidad es actuar como moneda o como medio para financiar un préstamo, generalmente en otras plazas. En el caso de las letras expedidas en Tenerife cuyo destino es Portugal, destacan las ciudades de Oporto y Lisboa, aunque esta última irá acaparando la mayor parte de estas transacciones a partir de los últimos años del Quinientos. En este acuerdo participa un individuo que solicita a otro que pague a un tercero para saldar una deuda anteriormente contraída. En cuanto a los beneficiados en estos contratos en Tenerife, en su mayor parte eran mercaderes y miembros de la élite, como regidores y escribanos públicos. Respecto al origen de éstos, sobresalen los tinerfeños. No obstante, también participan portugueses, y en menor medida, otros extranjeros7. Entretanto, los apoderados para realizar el cobro en territorio luso también suelen ser vecinos de Lisboa, aunque su procedencia es más heterogénea. Participan comerciantes que se encuentran en Tenerife o en Gran Canaria y que parten al Continente, seguramente los acreedores, así como los propios mercaderes establecidos en Portugal. Los libradores, al igual que los librados, se localizaban en Lisboa en su mayor parte. Además, en estas letras participaban otros individuos, ya que eran libradas al beneficiario por otras personas. Es significativo cómo un buen número de éstos eran moradores de la isla de La Palma, aunque también solían ser vecinos de las principales ciudades peninsulares, como Sevilla y Lisboa, con importantes intereses económicos tanto en Canarias como en Portugal. Estas cédulas no suelen referir las transacciones en que se van a invertir las cantidades estipuladas ya que su finalidad es el traspaso de capital. Sin embargo, debieron ser utilizadas para comprar vino en el Archipiélago o para adquirir productos demandados en la Isla desde las principales plazas portuguesas. En cuanto a las cantidades, podían varían sustancialmente unas de otras ya que se habrían empleado en distintas empresas, oscilando entre el medio millar a más de 12.000 reales. Aunque podríamos aventurar que usualmente se otorgaban estas letras por un valor que fluctuaba entre los 1.500 y los 2.000 reales. Hemos aludido al papel de las plazas mercantiles peninsulares en los negocios que intervienen canarios y portugueses, especialmente las de Sevilla y Lisboa. En este contexto, sobresale a finales de la década de los ochenta del siglo XVI el canónigo de la catedral de Canaria y vicario de Tenerife, Juan Bautista Colombo como intermediario entre los agentes peninsulares y el fructífero comercio canario. Desde el fallecimiento en junio de 1585 del obispo Fernando de Rueda hasta que es promovido dos años después y se establece en el Archipiélago en julio de 1588 Fernando de Figueroa8, este religioso actuará en nombre de la vacante del obispado de las islas Canarias. Durante estos años destaca como beneficiario de numerosas letras expedidas en La Palma y Tenerife, las cuales van a ser libradas en los citados mercados peninsulares. Este canónigo participa en la recaudación de una cantidad relevante -3.357 ducados- de las deudas de los administradores de algunas de las rentas del obispado de Canarias en Sevilla a través de 7

En 1587 Pascual de Palos, vecino de Vila do Conde, dio poder para cobrar una letra por el valor de unas pipas vino que habían sido remitidas desde el puerto de Garachico. AHPSCT, leg. 669, fº 149.

8

VIERA Y CLAVIJO, José, Noticias de la historia general de las Islas Canarias, Goya, Santa Cruz de Tenerife, 1982 [1772], tm. II, pp. 525-526.

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agentes establecidos en Lisboa o en la propia Corte9. Desconocemos los productos tratados en estas letras, pero es probable que se inviertan en el comercio de vinos que se sufragan en Portugal. Lobo Cabrera indica a este respecto que “en 1586 la exportación de los caldos canarios continua, observándose una novedad. Se realizan varios fletamentos a Lisboa con vino y mercaderías. La novedad la impone la compra del producto al objeto de suministrar a la Armada Invencible, que se preparara en Lisboa, de mantenimiento”10. Es evidente el alcance del caldo canario en los negocios financieros en los mercados peninsulares mediante agentes portugueses, que llegarán a intervenir en el abastecimiento de las armadas de la Corona. Cabe destacar el papel de Fernando de Morales, apoderado en Lisboa del citado canónigo Juan Bautista Colombo. Tratará los negocios del clérigo como aparece en una disposición de febrero de 1587 por el que Francisco Duarte, miembro del Consejo de su Majestad y veinticuatro de Sevilla11, indica a Gonzalo de Pedrabuena para que le envié 3.000 ducados de Tenerife a Lisboa, a pagar sobre Francisco de Bobadilla y colocándolos a cuenta de la vacante del obispado de las islas Canarias. Además, Gonzalo de Pedrabuena se llevará vino y vinagres de la Isla para el abastecimiento del Rey. Para ello, aportó un edicto de Fernando de Morales sobre el canónigo Gregorio Trujillo Osorio de la Catedral de Canaria por valor de la dicha cantidad, el cual remitió a Juan Bautista Colombo y éste entregó 2.000 ducados colocados en una cédula sobre Francisco Duarte, a pagar a Fernando de Morales en Lisboa o a Francisco de Bobadilla, vecino éste de la Corte12.  

Los fletamentos Por su condición de territorio insular y por su situación en el Atlántico, el fletamento constituía para Canarias un mecanismo fundamental para los intercambios mercantiles. La integración del Archipiélago a la corona de Castilla suponía también la incorporación de las Islas en los derroteros comerciales que pasaban por América, África y Europa, intercambiando multitud de productos gracias a los negocios de los agentes asentados en las diversas plazas mercantiles. En este sentido, se situaba la Península Ibérica como el principal mercado consumidor de los frutos canarios, así como escala indispensable de éstos antes de ser redistribuidos hacia otras ciudades europeas. A pesar de existía una tendencia centralizadora en los puertos de Lisboa y Sevilla, realmente en esta actividad mercantil participaban otras plazas como Viana, Oporto o Vila do Conde en el territorio portugués13. Para las últimas décadas del Quinientos, los navíos portugueses que arribaban a Tenerife procedían en su mayoría de los puertos de Aveiro y Oporto. Y en menor medida de Lisboa, Vila do Conde y Faro. Sin embargo, el puerto de regreso no siempre era el mismo que el de partida. Dependía, sobre todo, del derrotero y de los productos que cargaban en Canarias. Así, destaca para antes de la Unión los fletes de navíos en el Archipiélago procedentes de Portugal y cuyo destino son las islas de Cabo Verde y los puertos castellanos. A partir de 1580, las Indias y el Brasil también tendrán notoriedad como lugares de intercambio de mercancías canarias cargadas en barcos portugueses. No es de extrañar que el principal producto embarcado fuese el caldo canario, cuyo destino era 9

AHPSCT, leg. 1346, fº 779v.

10

LOBO CABRERA, Manuel, El comercio canario europeo bajo Felipe II, Gobierno de Canarias/Governo da Madeira, Funchal, 1988, p. 170.

11

Francisco Duarte fue un destacado factor, miembro de la Casa de Contratación de Sevilla y responsable de aprovisionar a las fuerzas del Mediterráneo occidental. Véase THOMPSON, I. A. A., Guerra y decadencia. Gobierno y administración en la España de los Austrias, 1560-1620, Crítica, Barcelona, 1981, p. 255.

12

AHPSCT, 1168, fº 101.

13

VIEIRA, Alberto, Portugal y las islas del Atlántico, Mapfre, Madrid, 1992, p. 194.

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tanto Portugal como América y África. No obstante, también se fletan otros productos como azúcares y cereales. Estas mercancías, a pesar de haber sido contratadas en Tenerife, podían ser cargadas en otras islas. Nos referimos por ejemplo al trigo de Lanzarote. También los navíos podía encontrase en otra isla para avituallándose de otros productos, como por ejemplo en Gran Canaria14. Por tanto, este panorama nos indica la existencia de relaciones de complementariedad entre las islas. Estas embarcaciones eran cargadas por miembros de la élite local o por mercaderes portugueses residentes en Tenerife15. Como hemos indicado, se contrataba esencialmente vino. El precio de este flete costaba unos 24 reales por cada pipa16, aunque este valor podía variar entre los 16,5 y los 38,5 reales dependiendo del destino, siendo más caro si se transportaba a puertos no europeos como Santiago de Cabo Verde, Pernambuco y La Habana. Esta circunstancia vendría aparejada a otro hecho: las embarcaciones con más cantidad contratada se dirigían a las colonias portuguesas, en torno al centenar de pipas, mientras que las que marchaban a Portugal fletaban entre 24 y 60. No obstante, estas cantidades no implican que el porte total de los navíos estuviese colmado, ya que normalmente la embarcación era cargada entre distintos comerciantes de las Islas mediante diversos fletes17. Por último, no podemos dejar de mencionar otro de los productos destacados en estas transacciones entre Canarias y Portugal, el trigo. Si bien es cierto que en la isla de Tenerife durante este periodo fue recurrente la escasez de cereales para el consumo interno, no podemos obviar que desde ésta se contrataban fletes en navíos lusos para cargar en Lanzarote estos víveres para ser remitidos a Portugal, a un precio sustancialmente menor que lo que costaba trasladarlo desde Sevilla18.

El derrotero atlántico Tradicionalmente se ha aceptado en la historiografía insular que por Canarias pasaban tres rutas principales que conectarían con los tres continentes. En este marco, el subcircuito europeo entre Canarias y Portugal continental supondría únicamente un 14% de todo este tránsito atlántico, mientras que el porcentaje restante sería en gran medida acaparado por el comercio canario-americano19. No obstante, como hemos expuesto a lo largo de la exposición, intentar distinguir estas rutas de un tráfico global en el Atlántico puede ser un planteamiento arriesgado, sobre todo si tenemos en cuenta las relaciones mercantiles con los territorios portugueses a partir de las últimas décadas del siglo XVI. Según avancemos hacia el ocaso de esta centuria, las relaciones mercantiles con estas plazas se irán intensificando. Aunque hemos tratado los lazos con económicos con Portugal no hemos podido obviar los contactos entre Canarias y las posesiones lusas del Océano. Entendemos que el Archipiélago participa de un circuito mercantil complejo que si bien pasa por Europa, América y África, estos derroteros no los podemos desligar. Pese a que los navíos salgan de Portugal hacia las Islas, estas relaciones de tipo 14

Un claro ejemplo es el flete de un navío portugués surto en Santa Cruz contratado en 1588 por dos mercaderes asimismo de origen lusos residentes en Tenerife. En este acuerdo el maestre se comprometía a cargar cereales en Lanzarote para llevarlos a Gran Canaria. Desde esta última isla partiría la embarcación hacia los puertos de Vila do Conde, Viana o Aveiro. AHPSCT, 670, fº 323.

15

Entre ellos el propio Adelantado, don Alonso Luis de Lugo. En 1576 fletó un navío procedente de Aveiro para cargar mercancías o personas con destino al puerto castellano de Cádiz. AHPSCT, 1002, fº 732.

16

Este valor coincide con los datos expuestos por Lobo Cabrera para el reinado de Felipe II, quién señala que el precio del flete a Lisboa costaba 1056 maravedíes (22 reales). LOBO CABRERA, Manuel, El comercio canario europeo…Op. cit. p. 60.

17

En 1576 el portugués Francisco Fernández fletó su carabela surta en el puerto de Santa Cruz a varios comerciantes asentados en Tenerife. Entre ellos a Diego Déniz y a Francisco González para que cargasen 24 y 20 botas de vino respectivamente, cuyo destino era la isla de Santiago de Cabo Verde. AHPSCT, 446, fº 365.

18

LOBO CABRERA, Manuel, El comercio canario europeo…Op. cit, p. 60.

19

GUIMERÁ RAVINA, Agustín, “Garachico (Tenerife), puerto de la expansión …Op. cit, p. 440.

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económico no son unilaterales ya que Canarias suministrará productos que serán redistribuidos en distintas plazas, ya sea el vino u otros productos manufacturados. En este sentido, las embarcaciones peninsulares que recalan en Tenerife comercializarán con mercancías europeas con cuyo beneficio invertirán en productos canarios, principalmente en los caldos, y en cuyo negocio participarán los comerciantes asentados en la Isla. En una segunda fase, estas mercancías serán intercambiadas en los continentes americanos y africanos, o bien trasladadas a Europa para su consumo o comercialización. En una etapa posterior, los géneros adquiridos –como los azúcares brasileños o los esclavos africanos- podían llegar a Canarias para ser comercializados en las islas para adquirir nuevos vinos. Por último, los navíos cargados regresarían a Europa para vender los géneros trasportados, los cuales podían ser consumidos en el mercado peninsular o bien redistribuidos a otras plazas20. No obstante, éste no es el final de la empresa ya que con el beneficio obtenido se volvería a invertir en este negocio, comenzando nuevamente el ciclo atlántico.

Conclusiones No podemos afirmar que con la constitución de la Unión Ibérica se generaliza este tráfico canario-portugués. Creemos que, si bien se desarrolla en una segunda mitad del Quinientos ya avanzado, este trato evoluciona según se vaya definiendo la nueva coyuntura económica del Archipiélago. El desarrollo de la actividad vitivinícola y su proyección hacia los mercados atlánticos derivó en la consolidación de unas redes comerciales que traficarán con y desde Canarias hacia otras plazas pujantes, como las brasileñas y africanas, así como con su metrópoli. Este desarrollo de las actividades mercantiles con los territorios portugueses derivará, según avance el siglo XVII, en lazos de dependencia hacia estos mercados para situar la producción canaria.

20

TORRES SANTANA, Elisa, El comercio de las Canarias Orientales en tiempos de Felipe III, Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas, 1991, p.336.

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