A IMAGEM DA CIDADE (KEVIN LYNCH) - RESUMO

August 12, 2017 | Autor: Helena Violin | Categoria: CIDADE, Kevin Lynch, Imageability
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Universidade da Beira Interior





RESUMO: "A Imagem da Cidade"- Kevin Lynch
ENSAIO NA CIDADE DE SÃO PAULO


Helena Violin
Desenho Urbano
Profª Claudia Beato
10/11/2014


Covilhã, Castelo Branco
ÍNDICE:
RESUMO DO LIVRO "A IMAGEM DA CIDADE":
Capítulo 1 – A imagem do meio ambiente.................................................pág. 03
Capítulo 2 – Três cidades..........................................................................pág. 06
Capítulo 3 – A imagem da cidade e seus elementos.................................pág. 09
Capítulo 4 – A forma da cidade..................................................................pág. 14
IDENTIFICAÇÃO DOS CONCEITOS DE KEVIN LYNCH EM "A IMAGEM DA CIDADE" NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:
Vias............................................................................................................pág. 18
Limites........................................................................................................pág. 19
Bairros........................................................................................................pág. 20
Cruzamentos..............................................................................................pág. 22
Elementos Marcantes................................................................................pág. 23
A CIDADE DE SÃO PAULO DAQUI 100 ANOS:
Avenida Paulista........................................................................................pág. 25
Viaduto do Chá..........................................................................................pág. 26
Bairro Bela Vista........................................................................................pág. 27
Praça do Patriarca.....................................................................................pág. 28
Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira..................................................pág. 29
Bibliografia................................................................................................ pág. 30

CAPÍTULO 1 – A IMAGEM DO MEIO AMBIENTE
No livro "A Imagem da Cidade" o autor Kevin Lynch discorre sobre a percepção de cada indivíduo da cidade e de como essa imagem se estrutura. Segundo Lynch, essa percepção é parcial e fragmentada, ou seja, envolve outras referências. A imagem sempre é composta pelo conjunto de elementos e não por um elemento isolado. Isso significa que um elemento implantado em um determinado espaço da gleba urbana, quando implantado em outro espaço, vai provocar a estruturação de uma imagem distinta da anterior. Dentre os elementos, citados pelo autor, que permitem a estruturação da imagem citadina esta a memória e os significados pertencentes ao sujeito em questão, que atribuem à percepção da imagem um caráter não universal e que não pode ser analisado de maneira generalizada. Contudo, os outros 5 elementos permanecem válidos e aplicáveis à todas as leituras.
Como obra arquitetônica a cidade é uma construção em grande escala no espaço, só percebida no decorrer dos longos períodos de tempo sendo seu design uma arte temporal. Nada é vivenciado em si mesmo, mas sempre em relação aos seus arredores, às sequências de elementos, à lembrança de experiências passadas. Cada cidadão tem vastas associações com alguma parte de sua cidade e o cidadão faz parte desse cenário. A cidade não é apenas um objeto percebido, ela pode ser estável por algum tempo mas está sempre se modificando nos detalhes.
A legibilidade é apontada por Lynch como elemento crucial na estrutura citadina, caracterizada pela clareza da paisagem da cidade. Ainda que a esta não seja, o único atributo importante da bela cidade, é algo que têm grande importância quando analisamos os ambientes urbanos pela sua dimensão, tempo e complexidade. Para essa compreensão deve-se levar em conta a cidade não como objeto concreto, mas como objeto da percepção dos indivíduos que lá habitam, ou seja, a imagem da cidade contida no imaginário de cada habitante. No processo de orientação, o elo estratégico é a imagem ambiental, o quadro mental generalizado do mundo físico exterior de que cada indivíduo é portador. A necessidade de reconhecer e padronizar nosso ambiente são tão cruciais e tem raízes profundas arraigadas ao passado, que essa imagem é de enorme importância prática e emocional para o indivíduo. Uma imagem clara nos permite uma locomoção mais rápida e fácil, além de que um ambiente ordenado pode servir como um sistema de referências. O desenvolvimento do indivíduo necessita da imagem clara do seu meio para ser constituir. Uma boa imagem ambiental oferece ao observador o sentimento de segurança emocional, estabelecendo assim, entre ele e o espaço à sua volta uma relação harmoniosa. Um ambiente legível também reforça a profundidade e a intensidade potenciais da experiência humana. Para ter valor em termos de orientação no espaço ocupado pelas pessoas, uma imagem precisa ter várias qualidades. Deve ser suficiente, verdadeira em sentido pragmático, permitindo que o indivíduo atue dentro do seu ambiente na medida de suas necessidades.
A cidade é, em si, símbolo de uma sociedade complexa. As imagens ambientais são resultado de uma experiência sensorial e racional entre o observador e seu ambiente. Cada observador cria e idealiza sua imagem individual, mas é comum existir certo consenso entre membros de um mesmo grupo. Essas imagens de grupos é que interessam aos planejadores urbanos, os quais são responsáveis pela organização de um espaço que venha a ser usado por um contingente populacional.
O objeto deve ter algum significado para o observador, seja ele prático ou emocional. Através de experiências sensoriais (visão, audição, relações sinestésicas e outras) o indivíduo é capaz de definir a identidade e singularidade do espaço urbano. Além de identidade, o sistema de organização deve conter estrutura, a qual determina que um objeto contido no espaço da cidade deve estabelecer algum tipo de relação de padronização ou propositadamente o antônimo disso, com seu entorno.
A capacidade que um objeto no espaço urbano tem de evocar uma imagem forte no indivíduo observador é chamada de Imageabilidade.
"O conceito de imageabilidade não tem, necessariamente, conotações com algo de fixo, limitado, preciso, unificado, ou ordenado regularmente, embora possa, por vezes, ter essas qualidades. Também não significa visível, óbvio, evidente ou claro. O meio ambiente é fortemente complexo se o tentarmos estruturar no seu todo, enquanto a imagem evidente depressa cansa e apenas pode apontar para poucas características do mundo vivo."
- LYNCH, Kevin. "A imagem da Cidade".
O conceito de imaginabilidade, portanto, está ligado ao conceito de legibilidade, uma vez que imagens "fortes" aumentam a probabilidade de construir uma visão clara e estruturada da cidade. Uma cidade que proporciona ao indivíduo uma experiência altamente imaginável poderia ser descrita pelo autor como uma cidade bem formada, distinta, e memorável.








CAPÍTULO 2 – TRÊS CIDADES
Através de uma comparação das imagens apresentadas com a realidade visual, foi possível desenvolver e por à prova a ideia de imaginabilidade. Técnicas de pesquisas, entre elas entrevistas de cidadãos, foram usadas para o reconhecimento de área, descrito por Kevin Lynch com a intensão de desenvolver ideias e métodos de modo determinante à respeito do design da cidade. Neste processo, foram analisadas três cidades norte-americanas, Boston, por ser única na sua forma e na riqueza de problemas locais; Jersey City, pela sua ausência de forma e inferioridade de imaginabilidade; e Los Angeles, por ser uma cidade nova e possuir uma arquitetura em forma de grade na área central.
A cidade de Boston foi identificada como uma cidade suja, bairros muito característicos, ruas tortas e confusas, e edifícios de tijolos vermelhos. Quase todos a viam como um lugar antigo com muitos edifícios velhos e preferiam paisagens longínquas.







Paisagem de uma rua comencial de Boston, em 1960.
Os problemas diagnosticados em Jersey City foram pouca atividade central própria; cruzamento excessivo de rodovias e vias elevadas, dando a impressão de que a cidade era uma zona de passagem, não um lugar para se viver. A separação em bairros de etnias e classes sociais diferenciadas era evidente, porém prejudicial à cidade ao considerar o quesito unidade. Cheirava mal, era suja e monótona. O centro comercial inicial foi sufocado por uma "praça artificial" na zona alta, coexistindo vários centros.

Vias férreas de Jersey City, em 1960

Já na cidade de Los Angeles, a análise nos permite observar que a área central é um espaço com muitos significados e atividades, grandes edifícios e malha viária quase sempre em quadrículas. O centro da cidade é referência, mas há outros núcleos básicos pelos quais as pessoas se orientam e as reconstruções impedem a identificação que se estabelece através do processo histórico, o que a diferencia da cidade de Boston.

Malha urbana do centro de Los Angeles, 1960











CAPÍTULO 3 – A IMAGEM DA CIDADE E SEUS ELEMENTOS
Cada indivíduo produz uma imagem única que possui conteúdo nunca ou raramente divulgado, mas ainda assim, se aproxima da imagem pública que, em ambientes diferentes, é mais ou menos impositiva, e determinante. O conteúdo das cidades estudadas no capitulo anterior pelo autor pode ser classificado em cinco tipos de elementos: vias, limites, bairros, cruzamentos e pontos marcantes e podem ser definidos da seguinte maneira:
Vias – são canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, alamedas, linhas de trânsito, canais, ferrovias. Para muitas pessoas, são estes elementos predominantes em sua imagem. As características especiais de cada rua são importantes para a identificação de cada via. As fachas dos edifícios nelas contidas, a textura do pavimento, a quantidade de vegetação, a proximidade à um rio ou riacho, são traços especiais que podem servir como fatores de identificação nessas vias. A Avenida Commonwealth (fig. 01), situada em Boston, é citada por Lynch como um exemplo de via que é identificada pela tipologia das fachadas dos edifícios que lá se encontram, reforçando a imagem da mesma de modo significativo.
Fig. 01 - Avenida Commonwealth
Limites - são elementos lineares não usados ou entendidos como vias pelos habitantes. São fronteiras que dividem a cidade ou determinado espaço urbano em duas ou mais partes, quebras de continuidade entre cotas de nível ou padrões. São exemplos praias, margens de rios, lagos, ferrovias, construções, muros e paredes. São barreiras que podem manter uma região isolada das outras. São interessantes os limites aéreos, pouco notados pelos indivíduos de uma cidade, mas que também são limites divisores físicos ou visuais do ambiente. Exemplo destes é o caso da linha férrea que passa por cima da Rua Washington (fig. 02), em New York. Segundo o autor, quando tais limites se cruzam ou rodopiam por cima de nós, pode gerar grande confusão.

Fig. 02 – Rua Washington


Bairros – são regiões médias ou grandes de um espaço urbano, considerados como tendo extensão bidimensional. São reconhecíveis por possuírem características comuns que os tornam identificáveis à medida que o indivíduo adentra-os. Podem ser identificados tanto com referência ao seu lado interior como exterior, sendo importantes na estruturação das cidades na visão dos cidadãos. Os bairros podem ter fronteiras definidas e precisas e outras ligeiras e incertas. Essas diferenças no caráter das fronteiras provocam confusão e incertezas na formação da imagem de delimitação construída por cada indivíduo, como é o caso da cidade de Boston (fig. 03), que após entrevistar os habitantes da cidade foi possível concluir que alguns limites de bairros não estão fortemente definidos.

Fig. 03 – Fronteiras dos bairros de Boston


Cruzamentos – são pontos, lugares estratégicos de uma cidade através dos quais o observador pode entrar, são focos intensivos para os quais ou a partir dos quais se locomove. Podem ser basicamente junções, locais de interrupção do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de passagem de uma estrutura a outra. Alguns desses cruzamentos são o foco e a síntese de um bairro, sobre o qual sua influência se irradia e do qual são um símbolo. A Praça de São Marcos (fig. 04), em Veneza, altamente diferenciada, situa-se em contraste nítido com o caráter geral da cidade e ainda assim se mantém firmemente ligada à estrutura significante da cidade, o Grande Canal. Este cruzamento é tão particular que até pessoas que não foram à Veneza são capazes de identificar a praça através de fotografias.

Fig. 04 – Praça São Marcos
Fig. 05 – Praça São Marcos
Elementos Marcantes – são outro tipo de referência, mas, nesse caso considerados exteriores ao observador. Em geral, caracterizados por um objeto físico definido de maneira muito simples: edifício, sinal, loja ou montanha. Seu uso implica a escolha de um elemento a partir de um conjunto de possibilidades. Alguns pontos marcantes são implantados para serem vistos de muitos ângulos e distâncias distintos, ou para comporem uma imagem estando acima de elementos menores ou usados como referências radiais. A Catedral de Florença é um exemplo de elemento marcante que é visível de longe (fig. 06) e de perto (fig. 07), em qualquer hora do dia e fortemente ligada à identidade da cidade, tanto pela localização, quanto pelo símbolo arquitetônico.

Fig. 06 – Catedral de Florença, vista aérea Fig. 07 – Catedral de Florença, vista pedestre





Capítulo 4 – A forma da cidade
A maioria dos objetos que consideramos belos tem finalidade única e definida. Há neles uma ligação íntima e visível entre um detalhe sutil e a estrutura total. Uma cidade bem desenhada se assemelha a esse conceito. Existem, porém algumas funções fundamentais, que as formas da cidade podem expressar: circulação, usos principais do espaço urbano, pontos focais chaves.
Um exemplo, Florença é uma cidade dotada de poderosa personalidade. A cidade tem uma história econômica, cultural e política de enormes proporções e os indícios visuais desse seu passado explicam grande parte das inconfundíveis características. O centro da cidade tem características regionais: ruas extremamente estreitas e com calçamento de pedras, altos edifícios de estuque de pedra e de cor cinzento-amarelada, com venezianas, grades de ferro e estradas que lembram cavernas. Nessa área existem muitos cruzamentos e está cheia de marcos. As pessoas desenvolvem ligação com essas formas claras e diferenciadas, tanto em decorrência do passado quanto de suas experiências.
O desenho das ruas
Aumentar a imaginabilidade do ambiente urbano significa facilitar sua identificação e estruturação visuais. As vias, a rede de linhas habituais ou potenciais de deslocamento através do complexo urbano são o meio mais poderoso pelo qual o todo pode ser ordenado. As vias principais devem ter alguma qualidade singular que as diferencie das outras: uma concentração de algum uso ou alguma atividade especial ao longo de suas margens; uma qualidade espacial característica; uma textura especial de pavimento ou fachada, um sistema particular de iluminação; um conjunto único de cheiros e sons, um detalhe ou uma vegetação típica. Sendo a rua concebida como uma coisa que vai dar num determinado lugar ela deve corroborar perceptivamente esse fato por meio de pontos terminais bem definidos.
O design de outros elementos
Tanto os limites quanto as vias exigem certa continuidade formal ao longo de sua extensão. O limite também adquire força se for lateralmente visível a alguma distância, se assinalar um claro gradiente das características de uma área ou ligar claramente duas regiões limítrofes. Se um limite puder ser atravessado visualmente ou pelo movimento poderá ser mais do que uma simples barreira dominante, desde que seja estruturado em alguma profundidade com as regiões de ambos os seus lados.
Se um limite importante for dotado de muitas conexões visuais e de circulação com o restante da estrutura urbana, ele se tornará um elemento com a qual tudo o mais será facilmente alinhado. Uma maneira de aumentar a visibilidade de um limite consiste em aumentar seu uso ou suas condições de acesso, como acontece, por exemplo, quando a parte da cidade à margem das águas é aberta ao tráfego ou ao lazer ou construir limites bem altos, visíveis de longe.
A característica essencial de um elemento marcante, por outro lado, é sua singularidade, o contraste com seu contexto. Um marco não é necessariamente um objeto de grandes dimensões; pode ser tanto uma maçaneta de porta como uma cúpula de catedral, mas sua localização é crucial. Ele pode ser ainda mais forte se visível a uma distância maior, e mais útil se a direção em que se encontra puder ser percebida com nitidez.
Os cruzamentos são os pontos de referência conceituais de uma cidade. O primeiro requisito para o apoio perceptivo é a conquista da identidade por meio de qualidade singular contínua de paredes, pavimentos, detalhes, iluminação, vegetação, topografia ou linha de horizonte do espaço onde está o cruzamento.
Um bairro torna-se ainda mais nítido se houver uma maior definição e "fechamento" de suas fronteiras. Pode haver subdistritos internamente diferenciados, mas em harmonia com o todo. Quando adequadamente diferenciado em seu interior um bairro pode expressar ligações com outras características da cidade.
Qualidades de forma
Sugestões para o design urbano:
1-Singularidade: nitidez dos limites; contraste de superfícies; forma; intensidade; uso; complexidade; tamanho.
2-Simplicidade da forma: clareza e simplicidade da forma visível
3-Continuidade: continuação dos limites ou superfícies, similaridade, analogia ou harmonia da superfície.
4- Predomínio: predomínio de uma parte sobre a outra em decorrência do tamanho, intensidade ou interesse.
5- Clareza de junção: alta visibilidade das ligações e costuras
6- Diferenciação direcional: assimetrias, gradientes e referências radiais que diferenciam uma extremidade da outra.
7- Alcance visual: qualidades que aumentam o âmbito e a penetração da visão, tanto concreta quando simbolicamente.
8- Consciência do movimento: as qualidades que, através dos sentidos visuais e cinestésicos, tornam sensível ao observador o seu próprio movimento real ou potencial.
9- Séries temporais: séries que são percebidas com o passar do tempo, incluindo tanto as ligações simples, item por item, nas quais um elemento é simplesmente ligado a outros dois.
10- Nomes e significados: características não físicas que podem aumentar a imaginabilidade de um elemento. Quando discutimos o design por tipos de elementos, tendemos a examinar superficialmente a inter-relação das partes com o todo. Neste todo, as vias exporiam e preparariam os bairros, ligando diversos pontos nodais.
O designer da cidade deve criar um espaço que seja pródigo em vias, limites, marcos, pontos nodais e bairros, uma cidade que use não apenas uma ou duas qualidades, mas todas elas.

















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