A importância da psicoterapia no tratamento da depressão em idosos

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A IMPORTÂNCIA DA PSICOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO EM IDOSOS

THE IMPORTANCE OF PSYCHOTHERAPY IN THE TREATMENT OF DEPRESSION IN ELDERLY Diego CAROLI1, Sergio Fernando ZAVARIZE2

Resumo O mundo vem experimentado uma ascensão na população de pessoas idosas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050 elas serão mais de um bilhão e meio, totalizando 20% de toda a população mundial. Sabendo que as doenças mentais estão entre as doenças crônicas mais prevalentes neste grupo e, sendo a depressão a mais comum, o presente trabalho se propôs a verificar a importância da psicoterapia em seu tratamento, além de apontar características diagnósticas e interventivas específicas. O método utilizado foi a revisão bibliográfica realizada durante o ano de 2015 nos bancos de dados Scielo, Google Acadêmico e BVS. Foram selecionados 19 artigos e 3 livros. O resultado da pesquisa aponta a psicoterapia como uma intervenção importante no tratamento da depressão em idosos, além de explicitar o quanto esta vem sendo subdiagnosticada e subtratada. Palavras-Chave: Depressão geriátrica, Depressão em idosos, Depressão na terceira idade, Psicoterapia.

Abstract The number of elderly people is growing in the world. According to World Health Organization (WHO), in 2050 there will be over 1.5 billion elderly totaling 20% of the population. Knowing that mental illnesses are among the most prevalent chronic diseases in this group, the most common being depression, this article aims to verify the importance of psychotherapy in their treatment, while pointing out specific diagnostic and interventional characteristics. For this, the method used was a literature review (during 2015) via Scielo, Google Scholar and BVS. We selected 19 articles and three books. The result of the research points to psychotherapy as an important intervention for treating depression in the elderly, and explain how it is being underdiagnosed and undertreated. Keywords: Geriatric Depression, Depression in the elderly, Depression in old age, Psychotherapy.

1

Graduado em Psicologia pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Psicologia – PUC-Campinas. Professor e Diretor Acadêmico da Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo. Docente do curso de Graduação em Psicologia na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro. Email: [email protected]

Revista Científica Faculdades do Saber

Introdução

A

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dê continuidade às suas atividades

depressão,

enquanto

psicopatologia, caracteriza-se por: falta

sociais,

laborativas

ou

exceto

de

muito

modo

domésticas, limitado

(CARDOSO, 2011).

de motivação ou humor deprimido;

Previsões realizadas pela OMS no

perda de prazer e interesse (anedonia); e

século passado apontavam que em 2030

energia

a

a depressão seria responsável por 9,8%

fatigabilidade e reduz a realização de

do total de anos de vida saudáveis

atividades. Há também outros sintomas

perdidos para doenças, porém, em 2010

comuns, dos quais podemos citar:

o índice já havia sido atingido (LUCENA,

concentração

reduzidas;

2014). Quando falamos da depressão em

autoestima e autoconfiança rebaixadas;

idosos, os dados tornam-se ainda mais

ideias de culpa e inutilidade; visões

alarmantes, visto que o aumento dessa

desoladas e

futuro

população é um fenômeno que vem

(comumente chamadas "catastróficas");

ocorrendo em todo o mundo. Como as

Ideias ou atos autolesivos ou suicidas;

doenças mentais estão entre as doenças

Alterações de apetite (ganho ou perda

crônicas mais prevalentes em idosos,

significativo, cerca de 5% no último mês);

sendo a depressão a mais comum, a

Insônia ou hipersonia (CID 10, 1993).

ascensão desses diagnósticos torna-se

reduzida,

e

o

que

eleva

atenção

pessimistas

do

O episódio depressivo pode ser

inevitável (SCAZUFCA; MATSUDA, 2002).

classificado como leve, moderado ou

A população, quer seja especializada ou

grave.

Tal classificação se dará de

não, necessita perceber que a depressão

acordo com a frequência, gravidade e

é uma doença e não um aspecto

duração das apresentações sintomáticas.

indissociável

Um

portanto,

indivíduo

com

um

episódio

do deve

envelhecimento; ser

devidamente

depressivo leve, por exemplo, sente-se

diagnosticada e tratada (DUARTE; REGO,

angustiado

2007).

pelos

sintomas

e

tem

dificuldades em dar continuidade às suas

Segundo Paradela (2011), um fato

atividades rotineiras, porém, dificilmente

muito importante é que a depressão

irá parar completamente suas funções.

nesta faixa etária tende à cronicidade,

Já em casos moderados a graves, torna-

pois é subdiagnosticada e subtratada,

se muito pouco provável que o indivíduo

causando elevado sofrimento psíquico,

Revista Científica Faculdades do Saber

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aumento da dependência funcional, risco

manutenção de relações sociais com a

de suicídio e isolamento social. Tais

participação do cônjuge, com os seus

circunstâncias pioram drasticamente a

familiares e amigos, principalmente da

qualidade

mesma geração, pode auxiliar no bem-

de

vida

e

elevam

a

mortalidade dos indivíduos acometidos.

estar psicológico e social dos idosos

Para Lima e Fleck (2009), as doenças

mentais,

em

especial

(CARNEIRO, 2007).

a

A

depressão

em

idosos

é

depressão, contribuem para uma piora

geralmente uma consequência direta de

significativa na qualidade de vida mais do

mudanças fisiológicas (inclusive uma

que outros quadros médicos, além de

menor irrigação sanguínea no cérebro)

provocar maiores prejuízos em tarefas

ou até

diárias do que doenças cardíacas, artrite,

indignidade trazida pela percepção da

diabetes e hipertensão. A conclusão

decadência de seus corpos. Há uma certa

desses autores indica evidências de que

dificuldade de os idosos perceberem que

diferentes

psiquiátricos

estão deprimidos, visto que acreditam

tendem a interferir de forma desigual

que os sintomas da depressão são típicos

nos diversos domínios de qualidade de

da velhice e de uma suave demência,

vida.

fato que frequentemente os impedem

diagnósticos

mesmo,

um

resultado

da

Segundo Zavarize e Wechsler

de dar passos fundamentais rumo à

(2012) a qualidade de vida em idosos

melhora (SOLOMON, 2000). Paradela

pode ser prejudicada por uma doença

(2011)

crônica e por quadros dolorosos, que

estressantes da vida como uma viuvez

restringem

suas

recente ou outras perdas importantes,

atividades no dia a dia. Quanto maior o

dores crônicas e estar vivendo sozinho

tempo da doença, menores os índices de

são, também, fatores que aumentam o

qualidade de vida. Sendo assim, o idoso

risco de sintomas depressivos.

percebe

o

um

indivíduo

os

eventos

O diagnóstico da depressão no

habilidades e de sua disposição para o

idoso tem suas especificidades, visto que

enfrentamento.

as questões da libido não desempenham assim,

o

de

que

suas

Sendo

decréscimo

das

retrata

apoio

dos

um papel tão significativo nestes casos. A

familiares ao idoso deprimido tende a

culpa também aparece com menos

favorecer a sua qualidade de vida. A

frequência e intensidade do que em

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depressivos mais jovens. A hipersonia é

depressão no adulto jovem parecem

menos recorrente, já que o idoso tende a

indicar que a depressão na velhice

ter insônia, ficando acordado à noite,

responde igualmente ao tratamento

frequentemente tomado pela paranoia.

inicial, porém apresenta uma evolução

Pequenos eventos são percebidos como

longitudinal mais adversa do que a

grandes catástrofes, deixando-o instável

depressão nos grupos mais jovens (com

emocionalmente a circunstâncias muitas

prognóstico pobre em 20-50% dos

vezes rotineiras. Somatizações podem

casos). Isto pode ser explicado por

ser vistas como sinalizações relevantes,

fatores

já que ocorrem em grande parcela dos

comorbidades médicas, além de a

casos.

são

presença de episódios anteriores da

apresentadas na forma de queixas de

doença depressiva, fato que nos sinaliza

dores

desconfortos

a importância de estuda-la enquanto

gigantescos. Por sua vez, o humor

entidade distinta das demais depressões

depressivo

(PIMENTEL, 2010).

Estas

muitas

peculiares

e

vezes

como

a

presença

de

tem

muito

menos

da

tristeza

clássica,

Em referência ao tratamento com

expressando-se como irritação, rudeza

antidepressivos, sabe-se que os mesmos

emocional exagerada ou indiferença

inibidores seletivos da receptação da

emocional àqueles que o rodeiam

serotonina que em um indivíduo adulto

(SOLOMON, 2000). Embora o prejuízo da

começam a trabalhar em três semanas,

memória seja o mais evidente, nos

levam doze ou mais para serem eficazes

idosos tendem a estar alteradas a

em idosos, além de que estes pacientes

velocidade

de

têm lapsos de memória, elevando os

informações, a atenção, a capacidade e

riscos de que se esqueçam de tomar o

destreza de formular hipóteses e alterá-

medicamento ou tomem o dobro da

las de acordo com tentativa-e-erro

dose necessária (SOLOMON, 2000). A

(GARCIA et al., 2006).

duração mínima do tratamento com

características

Do

de

processamento

mesmo

modo

que

o

doses terapêuticas do antidepressivo

diagnóstico ocorre de forma diferente, o

deve ser de seis a nove meses para o

desenrolar interventivo também tem

primeiro episódio e dois a quatro anos

suas características próprias. Estudos

para o segundo, devendo-se considerar o

comparativos de depressão geriátrica e

tratamento continuado em casos de

Revista Científica Faculdades do Saber

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segundo episódio grave ou de terceira ou

e 74% falta de disposição. Segundo

mais recorrência ou recaída (PARADELA,

levantamento

2010).

prevalência de depressão pode chegar a Em casos de depressão maior os

antidepressivos demonstram-se eficazes

citado

no

estudo

a

32% em idosos (GAZELLE; HALLAL; LIMA, 2004).

no período de crise e também na

Para Medeiros (2010) a incidência

manutenção do tratamento, porém a

de

recaída ou recorrência ocorrem com

aumenta com o desenvolvimento das

frequência. Na terceira idade é comum

doenças, especialmente o câncer, o

que as pessoas necessitem de outras

enfarto do miocárdio e problemas

medicações, tornando os antidepressivos

neurológicos. De acordo com a autora,

muitas vezes contraindicados devido à

por mais surpreendente que possa

interação com essas drogas; além de que

parecer, os índices de suicídio na

podem

colaterais

população idosa são praticamente o

sua

dobro dos que se verificam em outras

aceitabilidade e tolerabilidade difíceis.

faixas etárias, o que pode ser explicado

Assim sendo, a psicoterapia apresenta-se

pelas tentativas de suicídio serem mais

como opção muito atrativa para essa

eficazes nesse grupo. Paradela (2010)

população (SCAZUFCA; MATSUDA, 2002).

aponta que entre idosos, a relação dos

Um estudo realizado com o

que tentam o suicídio e os que

intuito de verificar se os médicos em

conseguem êxito é de 2:1 revelando que

geral estavam investigando a depressão

a

em idosos durante a rotina clínica. De

verdadeira e consistente. Um dado

acordo com a análise, apenas 1/4 deles

importante apresentado pelo DATASUS

foi

e

(2012), é que entre 1996 e 2012, o

depressão em sua última consulta,

suicídio cresceu 154% nesta faixa etária

demonstrando que os médicos podem

no Brasil.

surgir

desagradáveis,

questionado

efeitos tornando

sobre

tristeza

depressão

intenção

nas

do

pessoas

idosas

autoextermínio

é

estar negligenciando a depressão neste

Por um longo período, a cultura

grupo. Tal circunstância torna-se ainda

médico-centrada de viés puramente

mais preocupante ao observar que, na

organicista

mesma amostra estudada, a prevalência

psicológicas às margens das causas

de tristeza foi de 43%, 48% de ansiedade

desencadeantes da depressão, visando a

colocou

as

questões

Revista Científica Faculdades do Saber

primazia

das

relacionadas

alterações seu

pessoas

sofre

de

uma

depressão

surgimento.

significativa. O autor prossegue citando

Atualmente algumas coisas mudaram,

que os efeitos de tratamento com

visto que diversos estudos apontam o

placebo

quão

substancialmente mais altos do que o

o

a

orgânicas

P á g i n a |70

funcionamento

psicológico

exerce um papel relevante quadros.

Sabe-se

incontroláveis, avaliação

da

pacientes

idosos

são

nesses

padrão, remetendo isso ao fato de que a

eventos

breve interação que acompanha a crença

negativas,

em estar sendo medicado é de extremo

que

emoções

em

como

valor para eles e conclui, portanto, que

inadequada e ter 60 a 69 anos são

os idosos devem se sentir extremamente

fatores que aumentam o risco para a

solitários, já que essa pequena resposta

depressão.

lhes causa tamanho ânimo.

Em

autoeficácia

um

levantamento

chegou-se à conclusão de que os eventos

Diante dos graves efeitos que a

estressantes são menos preditivos à

depressão pode causar na população

depressão do que a avaliação cognitiva e

idosa, o objetivo desta pesquisa foi

enfrentamento de tais circunstâncias

verificar a importância da psicoterapia

(BURGOS; NERY; CUPERTINO, 2008).

em seu tratamento, além de apontar

A

depressão

também

está

fortemente relacionada à desesperança,

características

diagnósticas

e

interventivas específicas.

que se caracteriza por pensamentos auto-derrotistas e uma visão negativa e

Método

pessimista diante do futuro (um filtro catastrófico que distorce as percepções

O presente trabalho trata-se de

do indivíduo, acentuando aquilo que há

uma revisão bibliográfica. Para tal, foram

de

subvalorizando

realizadas buscas de artigos científicos

circunstâncias positivas) (OLIVEIRA et al.,

nos seguintes bancos de dados: Scielo,

2006).

Google Acadêmico e BVS e livros

aversivo,

e

De acordo com Solomon (2000)

acadêmicos para complementação dos

idosos morando em abrigos para a

estudos. As pesquisas foram realizadas

terceira idade são no mínimo duas vezes

no período de março de 2015 até

mais propensos à depressão, inclusive

novembro do mesmo ano, e os artigos

sugere que mais de um terço dessas

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selecionados são publicações do ano de

19 artigos e 3 livros atenderam a todos

1999 ao de 2015.

os critérios de seleção.

Os termos pesquisados (isolados ou

combinados)

geriátrica;

foram:

depressão

Segundo

Fleck

(1999) atualmente pode-se afirmar que o

idosos;

tratamento das depressões maiores

em

através

e

havendo

Ao

e

depressão

depressão na terceira idade; psicoterapia tratamentos.

Schestatsky

final,

foram

de

psicoterapias

evidências

é

eficaz,

importantes

a

selecionados 29 (vinte e nove) trabalhos

respeito de sua eficiência, algo que há

na etapa inicial. Os artigos obtidos

mais de uma década parecia depender

durante as pesquisas foram avaliados e

apenas da experiência intuitiva que os

selecionados de acordo com os critérios

psicoterapeutas e psiquiatras derivavam

de inclusão, sendo eles: que melhor se

do dia-a-dia com seus pacientes.

relacionaram às propostas do artigo;

De

acordo

com

Scazufca

e

estar dentro da cronologia proposta;

Matsuda (2002) testes clínicos que

clareza

dados

compararam a eficácia da psicoterapia

estudados; especificidade no grupo de

em relação ao grupo-controle ou a

depressivos idosos; estar disponível na

eficiência de diferentes formas de

íntegra. Foram excluídos desta pesquisa

psicoterapia,

os

apresentaram

resolutividade destas para o tratamento

incompatibilidade ao tema, aqueles que

da depressão em idosos. As autoras

não estavam disponíveis na integra e as

citam a revisão de estudos, os quais

que não mostraram relevância em

trouxeram

relação ao estudo.

promissores. Um ensaio clínico que

na

exposição

trabalhos

que

dos

comprovam

resultados

a

bastante

comparou a eficácia de quatro tipos de Resultados e Discussão

tratamentos

para

pacientes

com

depressão maior, sendo eles: alprazolam, A partir da metodologia utilizada

placebo, TCG (terapia cognitiva em

obteve-se como resultado: 28 artigos e 3

grupo),

livros selecionados

uma etapa

conclusões interessantes. Segundo a

preliminar. Posteriormente, 10 artigos

avaliação clínica houve diminuição dos

foram removidos por não se adequarem

sintomas depressivos nos quatro grupos

às propostas finais do trabalho. Ao final,

estudados,

em

e

placebo

não

e

TCG

havendo

trouxe

diferença

Revista Científica Faculdades do Saber

P á g i n a |72

significativa para esse desfecho. Já na

(antidepressivos

autoavaliação os dois grupos assistidos

maiores

com a terapia cognitivo comportamental

verificou-se

em grupo apontaram melhora gradativa

receberam TCC e tratamento usual na

dos sintomas durante todas as fases do

fase

estudo, e, nos dois grupos que não

tratamento

receberam terapia cognitiva, os sujeitos

sintomas depressivos na avaliação de um

não relataram melhora nos sintomas

ano de seguimento do que os sujeitos do

depressivos. Em referência ao sono

grupo de tratamento usual. Já na

também houve uma maior eficácia

comparação entre a eficácia da terapia

dentre os dois grupos assistidos com a

com lítio ou placebo durante a fase de

TCG

manutenção

em

grupo,

sendo

que

estes

e

inicial

e/ou

tranquilizantes

eletroconvulsoterapia), que

e

os

de

sujeitos

continuação

apresentaram

não

que

foi

do

menos

encontrada

melhoraram a qualidade do sono entre o

nenhuma diferença. Tal resultado aponta

início e o fim do tratamento e a avaliação

que a psicoterapia traz uma redução da

de seguimento, enquanto nos dois

vulnerabilidade do paciente ante novos

grupos que não receberam terapia

episódios depressivos (WILSON et al.

cognitiva,

foi

1995 apud SCAZUFCA; MATSUDA, 2002).

observada. A proporção de desistência

Em sua tese Medeiros (2010)

no decorrer do tratamento (entre a

chega à conclusão de que para tratar a

quarta e a vigésima semana para ser

depressão leve em idosos, a psicoterapia

mais específico) foi duas vezes maior no

por si só é eficaz, porém, em casos

grupo placebo (67%) se comparado ao

moderados a severos, a combinação da

grupo assistido com terapia cognitivo

psicoterapia

comportamental (31%), fato que deve

geralmente produz maior redução dos

ser levado em conta por apontar uma

sintomas

maior adesão ao tratamento (BEUTLER et

manutenção de resposta do que cada

al. 1987 apud SCAZUFCA; MATSUDA,

uma destas terapêuticas isoladamente.

2002).

Ainda segundo a autora a psicoterapia é

essa

melhora

não

e

da

farmacoterapia

depressivos

e

maior

Já em um estudo no qual o

muito útil no tratamento dos distúrbios

objetivo foi examinar a eficácia da TCC

depressivos e a resposta terapêutica vai

(terapia

depender do tipo de psicoterapia em

cognitivo

comportamental)

como adjuvante ao tratamento usual

questão.

A

terapia

cognitivo

Revista Científica Faculdades do Saber

P á g i n a |73

comportamental e a terapia interpessoal

psicofarmacológicos

combinadas

casos

antidepressiva,

com

a

medicação

apresentam

grande

combinados

em

de depressões moderadas a

graves.

evidência em termos de eficácia no

Azevedo,

Almeida

e

Moreira

tratamento da depressão no idoso. Esta

(2009) apontam que o tratamento de

terapia pode mitigar alguns déficits

idosos com depressão é difícil, pois nessa

cognitivos associados à depressão. Ela

faixa

prossegue dizendo que muitos estudos

inadequados estão bem estabelecidos,

revelam que a TCC, especialmente em

além de os indivíduos, na maioria das

doentes deprimidos e com doença

vezes, não apresentarem um bom

médica concomitante, pode ser uma

repertório social. Ainda de acordo com

terapêutica extremamente eficaz.

os autores é muito importante para o

Uma revisão realizada por Lima e

etária

la

depressão

amenizando

informações

comportamentos

tratamento a ideia de que para enfrentá-

Fleck (2009) sobre o tratamento de trouxe

os

não

se

pode trabalhar

apenas

sintomatologias

que

importantes, visto que foram apontadas

incomodam e incapacitam, mas que se

evidências recentes, obtidas através de

faz necessário obter uma reestruturação

estudos de revisão e metanálises, que

na vida dos indivíduos. Sendo assim, a

mostraram eficácia no tratamento agudo

psicoterapia

das depressões para as seguintes formas

resultados das medicações, auxiliando o

de

psicológicos:

indivíduo a reassumir gradualmente as

psicoterapia cognitivo-comportamental,

antigas responsabilidades e adaptar-se

psicoterapia

às

tratamentos

comportamental,

psicoterapia interpessoal e psicoterapia de resolução de problemas. Ainda segundo

os

autores

foi

possível

pode

pressões

melhorar

normais

da

os

vida

(GONÇALVES; OLIVEIRA; CUNHA, 2007). Baseado intervenções

modelos

de

comportamentais,

o

encontrar uma eficácia similar entre

tratamento

tratamentos

antidepressivos,

discriminação dos mantenedores do

comportamental,

problema, de estímulos relacionados à

terapia

com

cognitivo

da

nos

envolve

comportamental e interpessoal. Também

instalação

se verificou uma maior eficácia em

comportamentos incompatíveis com os

tratamentos

sintomas, instalação e/ou aumento de

psicoterapêuticos

e

e

depressão

manutenção

de

Revista Científica Faculdades do Saber

habilidades sociais aumento

de

e, em

atividades

P á g i n a |74

especial,

psicólogos que trabalham com esta faixa

prazerosas

etária devem estar preparados para

(CARDOSO, 2011). Ainda de acordo com

integrar

a

terapêuticos às limitações físicas e

autora, é

importante

treinar

o

e

enfrentamento das situações aversivas

funcionais

para a resolução de problemas. Assim,

apresentam.

modificar

comportamentos

adaptar

que

os

processos

alguns

idosos

e

pensamentos relacionados ao problema

Conclusões

parece importante quando se pretende tratar essa patologia.

A falta de informações faz com

De acordo com Stella et al. (2002)

que o idoso com depressão não venha

a psicoterapia breve é a intervenção

sendo assistido do modo como deveria;

psicoterapêutica

ora

particularmente

não

indicada para idosos, já que além de

diagnosticado,

reduzir

tratamento

o

sofrimento

psíquico

do

sendo ora

devidamente recebendo

deficitário

um

(somente

paciente, ajuda o idoso deprimido a

psicofarmacológico,

reorganizar seu projeto de vida. É uma

evidências apontam eficácia superior

terapia prospectiva, voltada para o

quando os fármacos são associados à

presente e para o futuro, com duração,

psicoterapia).

em geral, de seis meses.

Além

da

enquanto

as

desinformação,

o

Rebelo (2007) após extensa

preconceito também dificulta os avanços

revisão bibliográfica conclui que são

na área. A percepção de que o idoso

vários os modelos e as propostas de

típico é aquele ranzinza, sem ânimo e

intervenções psicológicas com indivíduos

repleto de queixas somáticas faz com

na idade avançada, deixando claro que o

que

problema da eficácia da clínica nesta

extremamente

faixa etária já não constitui uma barreira

percebidas como sendo a norma e não a

à institucionalização das psicoterapias

exceção (SOLOMON, 2000).

características

diagnósticas

importantes,

sejam

nos serviços e unidades de geriatria e

Diagnosticar e tratar de forma

completa salientando que não se pode

ineficaz os idosos com depressão, além

reduzir

sua

de ser um desrespeito com os indivíduos

dimensão psicossocial, até porque os

em questão, causa também danos

o

envelhecimento

à

Revista Científica Faculdades do Saber

P á g i n a |75

financeiros consideráveis aos cofres

Paulo

públicos, visto que tendem à utilização

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scri

excessiva dos serviços de saúde. Sabe-se

pt=sci_arttext&pid=S2176-

que

106X2009000100005&lng=pt&nrm=iso

os

gastos

de

pacientes

com

depressão são de duas a quatro vezes superior

indivíduos

em:

Acesso: 7 de Agosto de 2015. BURGOS, A. C.; NERI, A. L;

depressão nos serviços de atenção

CUPERTINO, A. P. Eventos estressantes,

primária (LACERDA et al. 2011).

estratégias

cognitivo

dos

Disponível

sem

A

ao

2009.

manutenção

da

comportamental

terapia ou

de

enfrentamento,

autoeficácia e sintomas depressivos

dos

entre idosos residentes na comunidade.

antidepressivos pode evitar 50% das

Psicol. Reflex. Crit. v.21 n.1 Porto Alegre.

incapacidades adaptadas aos anos de

2008.

vida (havendo uma adesão terapêutica

http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n3/206

de 60%), reduzindo as demandas desses

52.pdf Acesso em: 29 de Agosto de 2015.

pacientes e proporcionando-lhes uma

CARNEIRO, R. S.et al. Qualidade

melhor qualidade de vida (PIMENTEL,

de vida, apoio social e depressão em

2010). Esta pesquisa encontrou extensa

idosos: relação com habilidades sociais.

literatura científica acerca da eficácia da

Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 20, n. 2,

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p. 229-237, 2007.

Disponível

em:

em idosos. Ao final, verificou-se também

CARDOSO, L. R. Psicoterapias

a importância de mais estudos acerca da

comportamentais no tratamento da

depressão nessa faixa etária, além de

depressão. Psico. Argum., v. 29, n. 67, p.

uma maior disseminação dos resultados

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até então obtidos.

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