A importância da verificação no ciberjornalismo: o Manual de Verificação como ferramenta básica para evitar erros

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A IMPORTÂNCIA DA VERIFICAÇÃO NO CIBERJORNALISMO: O MANUAL DE VERIFICAÇÃO COMO FERRAMENTA BÁSICA PARA EVITAR ERROS

Miguel Ángel Ossorio Veja Universidad Complutense de Madrid [email protected]

Resumo As redes sociais são fontes de informação. Nelas, as pessoas informam de fatos dos que foram testemunha, partilham fotografias ou videos e opinam acerca de assuntos noticiáveis. Os jornalistas e os mídia devem ter em conta as redes sociais no momento de trabalhar: as vezes porque é fonte de informações importantes; outras vezes, simplesmente, porque o que estão a dizer as pessoas é importante e pode ser de ajuda com as notícias em que o jornalista está a trabalhar. Mas as redes sociais, precisamente pelas suas carateristicas (anonimato, barulho, falta de verificação profissional) supõem um perigo para a veracidade das notícias e para o jornalismo em geral. Neste trabalho se analisam alguns erros cometidos pelos mídia devido às redes sociais e a informação dos usuários, ao mesmo tempo que se explica cómo o Manual de Verificação e as ferramentas que estuda podem ser a chave para trabalhar com a informação que percorre as redes sem comprometer a veracidade.

Palavras-chave: Redes Sociais, Verificação, Credibilidade, Jornalismo, Jornalismo Cidadão.

Abstract The Social Networks are sources of information, in which people are reporting facts that they are witness; they also share pictures or videos and they post their opinion about newsworthy facts. Journalists and media must keep in mind social networks when they are working: sometimes as a source for get information, and other times because what people are saying is important and can be something useful when working on news. But social networks, due to its characteristics (like anonymity, noise or lack of verification) 50

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can be a danger to the news veracity and for journalism in general. In this work there have been analysed some mistakes of media due to social networks and information of the public, with a explanation on how the Verification Handbook and the tools that study can be a key for working with the information that are moving around the Net without threating the veracity.

Keywords: Social Media, Verification, Credibility, Journalism, Citizen Journalism.

Introdução Devido à popularização das novas tecnologías quase todas as pessoas podem convertir-se em jornalistas, o chamado “jornalismo cidadão”. Quando os jornalistas não ficam no lugar em que acontece o evento, são esses cidadãos os que, com os seus telemóveis, podem registrar a escena para compartilhar-a com os seus amigos, conhecidos ou mesmo com qualquer pessoa através das redes sociais. Os mídia, quando não são os que ficam no lugar do evento, podem utilizar as redes para obter informações. Mas é necessário fazer uma correta verificação destas informações. Neste trabalho, tem sido analizados vários casos nos que os mídia cometeram erros porque achamos que analizar alguns dos erros mais graves que tem cometido os mídia nos ultimos anos e tratar de ver se com uma maior ou melhor verificação, utilizando ferramentas de livre acesso, poderiam ter sido evitados, poderia ajudar aos jornalistas trabalhar melhor e perder o medo à utilização das redes sociais como fonte naqueles casos em que os cidadãos são as únicas pessoas que testemunharam o evento. Para este trabalho tomaram-se em conta três hipótese:

1. O Manual de Verificação, devido a sua extensão e caraterísticas, poderia ser uma ferramenta básica e necessária para os ciberjornalistas. 2. Se os jornalistas conheceram os elementos mencionados do Manual de Verificação, os principais erros analizados neste trabalho poderiam ter sido evitados. 3. Apesar das dificuldades para verificar muitas informações, que as vezes chegam as redações através de caminhos não tradicionais, os jornalistas podem utilizar ferramentas gratuitas para a verificação para desmontar enganos.

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Este trabalho analiza alguns dos erros mais polémicos que aconteceram nos mídia. Os erros tem sido analizados para ter conhecimento dos principáis fatos e elementos e das suas características. Por outra parte, tem sido analizado o “Manual de Verificação”, uma guía gratuita para os jornalistas com exemplos e conselhos para verificar as informações que publicam os mídia que estão a trabalhar com as novas tecnologías. Com este trabalho busca-se determinar se ferramentas como o “Manual de Verificação” poderiam ser úteis para evitar alguns dos erros mais graves cometidos pelos mídia nos últimos anos. Fazer uma correta identificação dos erros mais comunes e graves poderia ser útil para os jornalistas evitarem cometer erros similares aos cometidos no passado.

Objeto de estudo: A mundança nas fontes de informação As redes sociáis são um novo elemento para os jornalistas obterem informações. Nas redes as pessoas costumam publicar informação da que são testemunha. O chamado “jornalismo cidadão” é a forma que tem o público para participar na procura e publicação de notícias, e poderia ser descrito como “the act of a citizen, or group of citizens, playing an active role in the process of collecting, reporting, analyzing and disseminating news and information”21 (BOWMAN e WILLIS, 2003: 9). São as pessoas, não os jornalistas, as que estão a publicar notícias que eles mesmos obtêm: “the main concept is that every citizen can be a reporter”22 (BOWMAN e WILLIS, 2003: 12). Isso faz que o percurso que tradicionalmente percorriam as notícias já não seja o mesmo. Dantes, os jornalistas, através das suas fontes ou mediante o reporterismo, cobriam as informações, as verificavam segundo as normas da profissão jornalística e as publicavam. O público conhecia o processo e ficava confiado na informação obtenida porque tinha passado un periodo de comprovação baseado numas regras de qualidade. Mas agora este esquema não é igual se falamos do jornalismo cidadão: como representa o gráfico, as pessoas em geral (a comunidade), através de blogs e webpages pessoais, são uma fonte de informação que, no entanto, continua a ser filtrada pelos jornalistas, mas partindo de uma base de desconhecimento da realidade (poderia ser que o blog não

21

“A ação de um cidadão ou um grupo deles jogando um rol ativo no processo de recoleção, reporterismo, análise e difusão das notícias e a informação” (Tradução do autor). 22 “O conceito principal é que qualquer cidadão pode ser um repórter” (Tradução do autor).

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tiver notícias reáis). É necessário que os jornalistas consultem as fontes tradicionáis, mas não será possível en todas as ocasiões porque ás vezes só a pessoa, e no seu blog, será a testemunha dos fatos, e portanto a fonte não será capaz de fazer as comprovações pertinentes. Os jornalistas ficam agora no centro do esquema, não na cúspide: estão baixo a influência do público, quem propõe temas e publica informação numa relação que tem mudado.

Figura 1: A nova estrutura do fluxo da informação. Fonte: BOWMAN e WILLIS, 2003: 12

No entanto, se faz necessária a atuação dos jornalistas neste processo, já que são eles os que têm a formação adequada para filtrar a informação e proporcionar ao público conteúdos de qualidade, mesmo que as suas fontes sejam essas mesmas pessoas do público. Neste caso, o jornalista continúa a ser o chamado “gatekeeper”, que como disse ARMAÑANZAS (1993) são: Individuos considerados aisladamente que actúan en las empresas periodísticas seleccionando las informaciones que llegan a ellas acerca de los acontecimientos ocurridos, al considerarlas como más relevantes o de mayor interés para una determinada audiencia. Según este planteamiento, el trabajo del gatekeeper consiste en una acción individual y subjetiva fundamentada en la propia experiencia profesional y en el aprendizaje cotidiano. Esta labor se muestra constituida por rutinas profesionales o implica un trabajo inmerso en

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una cierta estandarización de la selección de los acontecimientos noticiables y del tratamiento de la información.23 O jornalista não têm absoluta liberdade para decidir se é uma notícia ou não, mas os mídia serão os que decidam se publicam os conteúdos, sendo o jornalista, nesse caso, o encarregado de verificar a informação. Como diz ARMAÑAN AS, a tarefa “es ejercida por varias personas, y que la propia empresa, como organización, impone unos modos de hacer que afectarán a las rutinas profesionales”.24 Não todos os conteúdos que parecem ser uma notícia nas redes sociáis são de interês desde o ponto de vista do jornalismo. É preciso recordar que, segundo a definição de CONSUEGRA (2002:59): Noticia es un escrito veraz, oportuno, objetivo. Veraz porque transmite la realidad periodística sin mentir, sin deformar, sin tergiversar. Oportuno, porque se refiere a la actualidad inmediata, a los hechos ocurridos ayer, a los sucesos de hoy. Por esto ocupan un lugar preeminente en diarios y noticieros. Y Objetivo, porque no admite las opiniones ni los juicios del reportero, por más atinados que pudieran parecer.25 Mas o jornalista não está tão desprotegido: há ferramentas, mesmo gratuitas, que facilitam a labor de verificação e que, em realidade, é preciso utilizar para obter a correta interpretação dos fatos recebidos. Como expõe o Manual de Verificação, “a combinação do humano e do tecnológico com um sentido de direção e diligência é, afinal, o que ajuda a acelerar e aperfeiçoar a verificação”. (SILVERMAN, 2014: 10) O humano pode ser a própria experiência do jornalista e, aliás, a ajuda que pode proporcionar ao público. É por isto que a colaboração dos leitores deve ser tida em conta pelos mídia numa época na que os consumidores são às vezes os que decidem. Como explica no Manual o jornalista Andy Carvin, “deveríamos ser mais transparentes sobre o que sabemos e o que não sabemos. Deveríamos abordar de forma ativa os boatos que circulam online. Em vez de fingir que eles não estão circulando, ou que não 23

“Indivíduos considerados isoladamente que atúam nas empresas jornalísticas seleccionando as informações que chegam até elas acerca dos acontecimentos que ocorreram, al considerá-las como as mais relevantes ou mais interessantes para uma determinada audiência. Segundo este planteamiento, o trabalho do gatekeeper consiste numa ação individual e subjectiva fundamentada na própria experiência professional e na aprendizagem cotidiano. Esta labor mostra-se constituída pelas rotinas professionáis ou implica um trabalho imerso numa certa estandarização da seleção dos acontecimentos noticiáveis e do tratamento da informação.” (Tradução do autor). 24 “É exercida por varias pessoas, e que a própria empresa, como organização, impõe uns modos de fazer que afetarão às rotinas professionais” (Tradução do autor). 25 “Notícia é um escrito veraz, oportuno, objetivo. Veraz porque transmite a realidade jornalística sem enganar, sem distorcer. Oportuno, porque refere-se à actualidade imediata, aos fatos ocorridos ontem, aos acontecimentos de hoje. Por isto ocupam um lugar preeminente em diários e noticiarios. Y Objetivo, porque não admite as opiniões nem os juízos do repórter, por mais acertados que pudessem parecer”. (Tradução do Autor).

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são da nossa conta, deveríamos enfrentá-los de frente, desafiando o público a questionálos, analisá-los e entender de onde eles podem ter vindo e por quê.” (SILVERMAN, 2014: 12).

Erros nos mídia: fácil ou difícil evitá-los no século XXI e nas novas tecnologías? Neste trabalho tem sido analizadas algumas notícias publicadas pelos mídia nas que as redes sociáis ou as novas fontes de informação provocaram que os jornalistas publicassem notícias que não eram verdade. É preciso diferenciar duas possíveis fontes de erro: por um lado, supuestas notícias que em realidade não o são e, pelo outro lado, alterações deliberadas dos mídia ou de elementos destes (como das suas redes sociais) para publicar notícias falsas. A evitação das primeiras depende dos mídias e dos jornalistas, mas para evitar as segundas é necessário melhorar a seguridade dos elementos tecnológicos involucrados, e este paso não está na mão dos jornalistas. Por isso, este trabalho só analiza casos em que não há uma alteração tecnológica, mas uma equivocação nos procedimentos de verificação e acesso às fontes, das que o Steve Buttry afirma que “ela podem mentir maliciosamente ou transmitir informações incorretas de forma inocente; podem ter lembranças imprecisas ou carecer de contexto ou compreensão. Elas também podem estar em perigo ou impossibilitadas de informar tudo o que sabem ou de ter uma visão ampla dos acontecimentos enquanto eles se desdobram.” (SILVERMAN, 2014: 17). Os erros mais comunes observados dos mídia têm relação com: Palavras não ditas em realidade: alguns mídia atribuiram ao Nelson Mandela uma frase (“O nosso medo mais profundo não é que sejamos inadequados. O nosso medo mais profundo é que somos poderosos sem límites”), quando em realidade ese frase pertence a um livro de auto-ajuda chamado, em inglês “A Return to Love: Reflections on the Principles of a Course in Miracles”.26 Os erros respeito a palavras atribuidas a pessoas que não as têm pronunciado em realidade é uma das maiores formas de equivocação nesta época, baseada nos rumores, as lendas e a informação não contrastada que percorre as redes sociáis e a Internet em geral: uma televisão da Colombia publicou em 2013 como reáis as palavras que, num tono humorístico, o jornal de sátira espanhol El Mundo Today tinha atribuidas á Infanta Elena. O jornal satírico publicava que a Infanta 26

http://www.clasesdeperiodismo.com/2013/12/06/alerta-cita-falsa-atribuida-a-nelson-mandela-ya-es-unviral/ (Consultado 19 outubro 2014).

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desejava ser “imputada como a sua irmã” num caso de corrupção. Isto nunca aconteceu porque El Mundo Today é um jornal que inventa as notícias, situação que não ocultam e que é conhecida na Espanha, onde o jornal é popular como web de humor e entretenimento com notícias falsas que são engraçadas. Mas o canal da Colombia não reparou na natureza do El Mundo Today, tratando a informação por eles publicada como real. 27 Imagens que não existem em realidade: em 2011, alguns mídia publicaram uma fotografía em que, supuestamente, aparecia o cadaver do Bin Laden, que morreu numa operação militar dos EUA no Paquistão em maio desse ano. O primeiro mídia que publicou a fotografía foi uma televisão desse país, GEO, e, depois disso, mídias de todo o mundo publicaram também a imagem (porque, aliás, a agência AFP também divulgou-a, mas especificando que não podiam comprovar a veracidade da mesma). A realidade é que a imagem já existia um ano antes, pois um blog tinha publicado o montagem, proveninte de uma imagem real.28 Um problema similar teve o jornal espanhol El País, quem publicou mesmo na capa uma supuesta fotografia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no hospital, quando o presidente estava internado na Cuba. A fotografia não pertencia ao presidente, mas a um vídeo que ficava desde meses atrás no YouTube e que se correspondia com a gravação duma operação cirurgica. O jornal El Pais publicou a notícia em exclusiva porque a imagem foi suministrada por uma agência de notícias29. Tambén nos EUA tiveram problemas similares: uma televisão publicou a supuesta capa de um livro que, em realidade, tinha alterado o título. Um blog foi o causante do erro, pois reconheceu que foram eles30 os que, voluntariamente, modificaram a imagem e publicaram na Internet. Vídeos modificados ou errados: até 160 mídia publicaram o video em que, supuestamente, um águia apresava um menino num parque de Montreal (Canadá). A realidade é que o video não era verdadeiro, mas um montagem. O Instituto Poynter de Jornalismo divulgou dados para desmontar o video: na época da grabação no Montreal há neve (no video não há), as águias não são freqüentes na zona e os peões da zona nem

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http://www.elmundo.es/elmundo/2013/04/04/comunicacion/1365072049.html (Consultado 22 outubro 2014) 28 http://www.cadenaser.com/internacional/articulo/foto-falsa-muerte-binladen/csrcsrpor/20110502csrcsrint_8/Tes (Consultado 19 outubro 2014). 29 http://www.abc.es/medios-redes/20130124/abci-foto-falsa-hugo-chavez-201301240951.html (Consultado 28 outubro 2014) 30 http://www.deathandtaxesmag.com/190982/yes-were-responsible-for-the-paula-broadwell-all-up-inmy-snatch-meme/ (Consultado 19 outubro 2014)

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miran a cena, tão preocupante. Só algúm desses mídia publicaram as suas dúvidas no momento da publicação do vídeo. Como acrescenta o Steve Buttry, “o ciclo de notícias de 24h e a ascenção das mídias sociais e dos conteúdos gerados por usuários exigem que façamos a apuração e divulgação das notícias ao mesmo tempo em que os eventos acontecem, decidindo rapidamente se uma informação foi suficientemente verificada” (SILVERMAN, 2014: 17).

Manual de Verificação como ferramenta para os jornalistas A verificação não é um processo com regras fixas. Por isso, é importante establecer uma estrategia segundo o assunto de que se tratar, mas tratando de cobrir uma série de elementos essenciais para que a verificação dos dados seja correta. O Steve Buttry conta no Manual (SILVERMAN, 2014: 16) que “o caminho até a verificação pode variar de acordo com cada fato”. No entanto, há algumas regras básicas que podem ser tomadas como ajuda31: -

Antes que desastres e notícias urgentes aconteçam, determine uma série de procedimentos a serem seguidos.

-

Crie e desenvolva fontes humanas.

-

Entre em contato com as pessoas, fale com elas.

-

Seja cético quando alguma coisa parece boa demais para ser verdade.

-

Consulte fontes confiáveis.

-

Familiarize-se com métodos de busca e pesquisa, além de novas ferramentas.

-

Comunique-se e trabalhe em cooperação com outros profissionais - checagem é um esporte de equipe. Para que a lista não seja um “checklist” sem instruções, o Steve Buttry

acrescenta a chave da verificação no início desta (SILVERMAN, 2014: 16): “A pergunta principal da verificação é: "como você sabe disso?" Repórteres precisam fazer essa pergunta às fontes; editores precisam fazê-la aos repórteres. Repórteres, editores, produtores e defensores dos direitos humanos precisam fazer a

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SILVERMAN, Craig (Editor): Manual de Verificação. Um guia definitivo para a verificação de conteúdo digital na cobertura de emergências. European Journalism Centre, 2014, pp. 11.

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pergunta em terceira pessoa sobre fontes que não podem ser questionadas diretamente: como eles sabem disso?” Mas há regras úteis, segundo o Manual (SILVERMAN, 2014: 27-28): 1. Proveniência: o conteúdo é original? 2. Fonte: quem fez o upload do conteúdo? 3. Data: quando o conteúdo foi criado? 4. Local: onde o conteúdo foi criado? A verificação, que é um processo, pode mudar segundo o material de trabalho. Por exemplo, se o material com que está a trabalhar são imagens, há regras especiáis (SILVERMAN, 2014: 38): 1. Estabelecer o autor/origem da imagem. 2. Corroborar a localização, data e hora aproximada que a imagem foi tirada. 3. Confirmar que a imagem é o que ela aparenta/sugere estar mostrando. 4.Obter permissão do autor/origem para usar a imagem. A imagens permitem também observar outros aspetos (SILVERMAN, 2014: 40): Placas dos carros, Condições meteorológicas, Tipo de roupas, Placas/anúncios, Há uma loja ou construção identificável?, Qual o tipo de terreno/ambiente do cenário? Os jornalistas devem questionar a realidade, e sobretudo devem cuestionar as informações que obtêm através das novas formas de comunicação (mesmo que sejam informações que provêm das fontes já conhecidas). Na Rede não tudo é o que parece, mas as redes são os lugares nos que estão as pessoas, que reclamam dos mídia imediatez. Como afirma Marcus Messener, professor do Jornalismo, “si miras Twitter, los mensajes sobre los hechos van siempre por delante de que lo que encuentras en las páginas web o incluso lo que están viendo en directo […] Twitter, especialmente, ha introducido mucha presión sobre las empresas de noticias para que vayan más rápido”.32 O Manual de Verificação é, segundo a sua própria definição, “um recurso novo e inovador para jornalistas e equipes de socorro, com orientações passo-a-passo para a utilização de conteúdo gerado pelo usuário (UGC, do inglês User Generated Content) em situações de emergencia.” Também disse que dá “conselhos de melhores práticas sobre como verificar e utilizar as informações fornecidas pelas massas, além de

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“Se você vê o Twitter, os mensagens sobre os fatos vão sempre por diante do que se encontra nas webs ou mesmo no que se está a ver em direto. Twitter, especialmente, tem introducido muita pressão sobre as empresas de notícias para que vão mais rápido” (Tradução do autor). Disponível em: (Consultado 19 outubro 2014).

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recomendações práticas para facilitar o preparo das redações para a cobertura de desastres”.33 Este Manual, apesar de explicar que está destinado à cobertura de situações de emergência, pode ser utilizado pelos jornalistas em geral porque se trata, simplesmente, de uma ferramenta que ajuda aos profissionais do jornalismo a trabalhar com informação que provêm dos usuários, especialmente nas redes sociais. Nesta época, muitas vezes são as redes ou os blogs os que publicam primeramente as notícias ou as imagens, os vídeos e as informações relativas aos eventos. A probabilidade de que essa informação não seja correta, muitas vezes deliberadamente, é um perigo para os mídia porque estão, nesse caso, numa situação complicada em que: 1)

Não têm acesso direto á informação, bem porque não dispoêm de um jornalista

no lugar do evento, bem porque os fatos não são públicos. 2)

A única forma de obter a informação é através das redes sociáis ou webs, nas

que as pessoas que são as verdadeiras testemunhas do evento estão a contá-lo gratuitamente. Mas os jornalistas não têm forma de conhecer se essas pessoas são realmente testemunhas, e mesmo se as imagens que há nas redes sociáis são reais ou não. Neste caso, a posição dos jornalistas é de inferioridade porque não são os primeiros em contar os fatos, mas os que devem compilar as informações das redes e elaborar um produto crível. “O fato de qualquer pessoa poder publicar conteúdo, classificando-o ou descrevendoo como parte de determinado evento, deixa muitos jornalistas, particularmente editores, aterrorizados com a possibilidade de serem enganados ou de publicar conteúdo falso” (SILVERMAN, 2014: 26) diz o Manual. Portanto, as ferramentas que permetem fazer a comprovação sobre os dados que têm os jornalistas, serão sempre úteis para fazer um bom trabalho e não convertir os mídia num lugar para a propagação de rumores ou enganos, com a conseqüente perca de confianza pelos usuários.

Metodología Neste trabalho se tem analizado, por um lado, situações acontecidas nos mídia em geral nas que as Redes provocaram que os jornalistas publicaram material que não tinha correspondência com a realidade. Depois, se tem analizado o Manual de 33

SILVERMAN, Craig (Editor) (2014): Manual de Verificação. Um guia definitivo para a verificação de conteúdo digital na cobertura de emergências. European Journalism Centre p. 2.

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Verificação como ferramenta útil para os jornalistas evitarem esses acontecimentos nos que publicam-se notícias erradas, e também se analizam as novas formas nas que os jornalistas obtêm informação. O modelo tradicional tem mudado, e as Redes Sociáis e o público em geral são as novas fontes para obter informações que depois são publicadas nos mídia. A compreensão deste novo modelo é indispensável para conhecer os motivos que tiveram os mídia para cometer os erros analizados. Por isso, depois dessa explicação, e como exemplo geral, analizam-se situações não contidas no Manual, mas similares, nas que os mídia cometeram erros que têm relação com essas novas formas de obter informação, num modelo em que os jornalistas também têm em conta o que está a dizer o público.

Resuldados Depois de precisar que os erros não serão fáciles de evitar devido à situação em que se encontram os jornalistas hoje em dia, é necessário acrescentar algumas coisas: Por um lado, as redes sociáis supõem uma fonte de informação útil para os jornalistas e os mídia. Nas redes está o público, testemunha de acontecimentos e conhecedor de fatos. Os jornalistas devem utilizar estas ferramentas de comunicação para contrastar informação e comunicar-se com os seus leitores porque poderia ser útil no momento de trabalhar. Os jornalistas, achamos, estão preparados para enfrentar estes desafios e conhecem estrategias de defesa ante notícias falsas ou enganos. Mas a tecnologia utilizada pela gente nas redes, com a possibilidade de fazer montagens nas imagens, obriga aos jornalistas a utilizar ferramentas especializadas na deteção de alterações nos produtos informativos. Isto faz necessária, portanto, a correta formação dos professionais da informação na utilização de ferramentas, a maioria das vezes gratuitas, de comprovação e verificação, numa estrategia ou processo necessário para trabalhar com materiais multimedia. Por outro lado, as redes são um elemento que não garantiza a obtenção de material útil para os mídia, e às vezes pode suponer um perigo para a credibilidade do jornalismo. Como regra geral, sería aconselhavel pensar que “as informações que você vê nas redes sociais deveriam ser o primeiro passo para tentar verificar o que realmente aconteceu, não a palabra final em termos de notícia.” (SILVERMAN, 2014: 22). Por isso, é provável que trabalhar com as redes sociais como fonte ou elemento para acrescentar informação aos dados obtenidos pelas vías tradicionais não deveria ser diferente ao método utilizado tradicionalmente, mas com a logica de utilizar ferramentas 60

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que permitam aos jornalistas desmontar enganos baseados na alteração dos materiais obtidos. Dos casos analizados se pode concluir que quase tudos poderiam ter sido evitados com uma labor de investigação mais profunda e com a utilização de ferramentas complementarias às clássicas. Isto, no entanto, não vai garantir a completa evitação destas situações, mas poderá atenuar os danos e, seguramente, diminuirá as probabilidades de sofré-los.

Conclusões 1. Os jornalistas devem assumir que a informação já não é hegemonía deles, e que o público reclama um papel ativo no processo de recoleção, tratamento e difusão das notícias, apesar da falta de profissionalidade e preparação para isso. Os jornalistas agora dependem também da ajuda do público, quem as vezes é quem tem a informação necessária para os midía trabalharem. Por isso, o fluxo da informação tradicional tem mudado até um modelo em que o público reclama um papel ativo: grava, fotografía, publica, opina e, aliás, corrige ou dirige aos jornalistas. É necessário assumir o novo papel do jornalista, mas com o conhecimento de que a verdadeira profissionalidade é deles, não do público. É por tanto necessário equilibrar as aspirações do público com a imprescindível labor dos jornalistas, porque, recordemos, o jornalismo cidadão não é jornalismo se não reune as caraterísticas necessárias para isso. 2. Entre o público decidido a ajudar aos jornalistas também há pessoas que buscam alterar os fluxos da informação, influindo nos consumidores e jornalistas, bem com objectivos de alguma classe, bem para divertir-se ou pôr em prática a influência conseguida nas redes sociais e o mundo digital. Os jornalistas, portanto, devem ser muito cautelosos com as novas fontes quando prometem notícias difíceis de conseguir ou que aparentam ser verdadeiras bombas informativas. Nas redes há manipulação amparada no anonimato dos usuários, o que faz que muitas pessoas utilizem estas ferramentas para intervenir no processo de trabalho dos jornalistas e no processo de acesso à informação do público. Tanto os jornalistas, pela responsabilidade que têm com o público e a sociedade, como as pessoas em geral, para não serem enganados com notícias falsas, devem questionar hoje mais que nunca as informações das redes se não provirem de fontes oficiais ou qualificadas. No entanto, é o momento de o público consumir informação seguindo o modelo de profissionalidade dos jornalistas: a comparação de fontes diferentes ante uma informação de especial 61

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interês. Pela sua parte, os jornalistas devem extremar as precauciones se trabalham com novas fontes e reforçar os processos de verificação da informação, tarefa que os mídia em geral, mas também as faculdades de jornalismo, devem potenciar nos professionais da informação de este século. 3. Os jornalistas, apesar das dificuldades para trabalhar num entorno pouco seguro para a credibilidade pelas influências externas que dificultam a labor de verificação e control, dispõem de ferramentas gratuitas que facilitam o dia a dia e atenúam os perigos. Se bem os jornalistas têm mais dificil trabalhar num entorno que não é óptimo para o control das fontes, da conversação e do fluxo das notícias, é certo que dispõem de ferramentas úteis para a verificação da informação, das fontes e da conversação digital. O Manual de Verificação só recopila algumas delas, mas as novas tecnologias, e especialmente ferramentas e aplicações na Internet, permitem aos jornalistas verificar corretamente os dados antes da sua publicação, assim como o estudo pormenorizado das informações que chegam às redações. A imediatez que reclama trabalhar nos mídia, especialmente na Internet e nos entornos digitais, não deveria perjudicar a labor dos jornalistas, sometidos a pressão para publicar rapidamente as informações. É necessário que as empresas dos mídia incorporem no seu dia a dia um listado de ferramentas e aplicações, basadas nas necesidades reais de cada mídia, para atenuar os perigos de trabalhar nestes entornos digitais. A formação tradicional não cobre, hoje em dia, todas as áreas necessárias para que os jornalistas tenham as armas para proteger o seu trabalho. É importante, por tanto, facilitar o acesso destes professionáis a estas ferramentas, assim como a formação e o entreno no uso delas, onde as faculdades de jornalismo e as empresas dos mídia devem ser os protagonistas do processo.

Bibliografia ARMAÑAN AS, E. (1993): “La acción de los gatekeepers ante los referentes” en Communication & Society 6 (1 y 2), 87-96. Disponível em: http://www.unav.es/fcom/communication-society/es/articulo.php?art_id=237> (Consultado 15 outubro 2014) BOWMAN, Shayne; WILLIS, Chris (2003): We Media: How audiences are shaping the future of news and information. The Media Center at The American Press Institute. EUA.

(Consultado 14 outubro 2014). 62

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CONSUEGRA, Jorge (2002): Diccionario de periodismo, publicaciones y medios. Ecoe Ediciones. Colombia. Disponível em: http://books.google.es/books?id=J6Icrxe5UqoC&printsec=frontcover&dq=bibliogroup: %22Colecci%C3%B3n+Diccionarios+(ECOE+Editores).:+Area+Periodismo%22&hl=e s&sa=X&ei=1PpHVNKpL9CWaq8gtgD&ved=0CCIQ6AEwAA#v=onepage&q&f=fals e> (Consultado 22 outubro 2014) SILVERMAN, Craig (Editor) (2014): Manual de Verificação. Um guia definitivo para a verificação de conteúdo digital na cobertura de emergências. European Journalism Centre. Disponível em: http://verificationhandbook.com/downloads/manual.de.verificacao.pdf > (Consultado 16 outubro 2014).

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