A indignação esquerdista com o programa “Profissão Repórter” sobre Cuba

September 7, 2017 | Autor: Luiz Aguiar | Categoria: Economics, Political Economy, Political Science, International Political Economy
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A indignação esquerdista com o programa "Profissão Repórter" sobre Cuba
No dia 16 de dezembro foi veiculada uma reportagem no programa "Profissão Repórter" que evidenciava os problemas existentes na sociedade cubana. Imediatamente, a reação dos entusiastas tupiniquins do regime foi de raiva, xingamentos e frases como esta logo abaixo:
"O embargo econômico americano é o maior problema de Cuba".
Uma pergunta que eu gostaria de fazer para cada pessoa que diz tal frase é a seguinte:
Quer dizer então que você defende o livre comércio dos Eua com Cuba?
Pessoas que defendem coisas como planejamento econômico, intervenção estatal massiva na economia ou mesmo o socialismo, sempre bradam contra o livre mercado, a liberdade econômica e o espantalho mor do "neoliberalismo".
Entretanto, quando alguém compila dados e fatos sobre o regime cubano, como por exemplo a escassez de bens básicos, a desnutrição da população, a situação caótica da saúde, a falta de infraestrutura, pessoas formadas precisando trabalhar em mercados negros (muitas vezes precisando trabalhar em vários empregos), a primeira reação dessas pessoas citadas acima é culpar os Estados Unidos e o embargo econômico. Qual a lógica para isso? Nenhuma.
Ora, se uma pessoa é contra o livre mercado, afirma que políticas "neoliberais" arrocham o salário do trabalhador e aumentam a taxa de desemprego, qual seria o motivo para dizer que o maior problema de Cuba é exatamente a falta do livre mercado? O planejamento econômico não deveria ser a mola mestra do que ela defende? Ou seria isso então um reconhecimento de que o sistema socialista não consegue se sustentar sem o dinheiro dos outros? Eu diria que a segunda opção é a mais indicada como a resposta para tal questão, apesar disso ser certamente feito sem querer, caso contrário ela não teria mais razão alguma para acreditar na eficiência do planejamento econômico socialista ou na intervenção estatal keynesiana ou neodesenvolvimentista.
Sabemos que o sistema socialista não se sustenta. As contribuições do economista austríaco Ludwig von Mises, que escreveu sobre o cálculo econômico sob o socialismo, elucidam os problemas por trás da falácia socialista.
Em primeiro lugar, o socialismo resulta em menos investimentos, menos poupança, e um padrão de vida menor. Não muito tempo depois que tomaram o poder, os revolucionários cubanos efetuaram a nacionalização das empresas estrangeiras que lá estavam instaladas. Com isso o nível de investimento caiu, e consequentemente o padrão de vida também. Não foi a toa que os cubanos logo se aproximaram dos soviéticos, que sustentaram a economia do país caribenho por décadas. É importante também lembrar que na própria Urss uma certa abertura econômica aos investimentos estrangeiros foi necessária logo após a guerra civil. Lenin chamou isso de NEP (Nova política econômica). Durante a NEP, um sistema de economia mista foi introduzido, e isso permitia que indivíduos tivessem pequenas empresas, enquanto o Estado continuou a controlar os bancos, o comércio exterior e a indústria pesada. Outras medidas foram a reforma monetária e a atração do capital estrangeiro. Em 1928, depois de sete anos de NEP, o sucessor de Lenin, Stalin, eventualmente introduziu o planejamento central completo, re-nacionalizou grande parte da economia, e desde o final dos anos 1920 em diante, introduziu uma política de rápida industrialização. Porém, assim como em Cuba, o mercado negro nunca deixou de existir na Urss. E nem poderia, pois caso contrário tais países entrariam em colapso. Ele era chamado de "blat" e existia inclusive uma frase "Blat é mais poderoso do que Stalin".
Em segundo lugar, o socialismo resulta em escassez, ineficiências e desperdícios. Isso foi claramente observado na falida União Soviética e também em Cuba.
Em terceiro, o socialismo leva a politização da sociedade em busca de uma igualdade que pode no máximo ser tentada (mas jamais alcançada). Para os marxistas, uma vez que a propriedade privada dos meios de produção é permitida, a criação de diferenças sociais também estaria permitida. Abolindo a propriedade privada dos meios de produção, dizem eles, todos passarão a ser co-proprietários de tudo. Porém isso acontece apenas nominalmente falando, já que ainda existirão diferenças no poder de controlar o que será feito com os recursos. Numa economia socializada, quem irá decidir o que deve se fazer com o quê? A resposta é muito simples e só existe uma solução: as divergências são resolvidas por meio da sobreposição de uma vontade à outra. E enquanto tais divergências existirem, elas serão resolvidas por meios políticos.
E o socialismo é isso, a fusão do poder econômico com o poder político. Num país como Cuba, onde o Estado tem o controle praticamente total da economia (exceto é claro, dos mercados negros) e o controle total do poder político, as consequências só podem ser mesmo catastróficas.



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