InterSIG A Infra-estrutura de Dados Espaciais (IDE) do INAG MARIANO, A. C.; LEITÃO, N. O InterSIG é uma Infra-Estrutura de Dados Espaciais (IDE), acessível ao público em geral e, tendencialmente ligado em rede com outros Sistemas de Informação de forma a assegurar a conectividade entre os vários sistemas de informação geográfica de organismos públicos (nacionais e europeus). Permite, igualmente, um cumprimento mais célere dos pedidos externos, sempre com acesso à versão mais actualizada da informação bem como uma optimização da gestão de meios técnicos e humanos da Administração Pública. Com a evolução das tecnologias e dos sistemas de informação geográfica, e a aprovação da Directiva INSPIRE (Directiva n.º 2007/2/CE, de 15 de Maio), foi necessário promover a evolução do InterSIG para dar cumprimento às novas obrigações legais nacionais e europeias (Decreto-Lei n.º 180/2009, de 7 de Agosto), proporcionando novas formas de partilhar dados através de serviços que colocam a informação e a responsabilização do lado produtor. Neste contexto, foi apresentada uma candidatura do INAG ao Programa Operacional Factores de Competitividade (POFC – Sistema de Apoios à Modernização Administrativa (SAMA) com o projecto “Novo INAG”, no qual se insere o subprojecto da manutenção evolutiva do InterSIG. Pretende-se, assim, que o InterSIG se adapte às obrigações decorrentes da Directiva INSPIRE: (i) adopção dos sistemas de referência com base no sistema europeu ETRS89; (ii) compatibilização do perfil de metadados do InterSIG com o Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica (MIG) e com o Perfil do Water Information System for Europe (WISE); (iii) disponibilização de informação geográfica através de GeoWebServices (WMS/WFS); (iv) ligação a outros sistemas nacionais, nomeadamente o Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG), o Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais (INSAAR), o Sistema de Informação associado ao Plano Nacional da Água 2010 e o futuro Sistema Nacional de Informação de Títulos de Recursos Hídricos (SNITURH). As adaptações a implementar no InterSIG pretendem reduzir a duplicação de produção de informação geográfica que, por vezes se verifica em diversos organismos públicos e, ao mesmo tempo, responsabilizar o produtor dos dados pela actualização/manutenção dessa informação. Não só se optimiza a gestão/partilha de informação como se contribui para o desígnio da interoperabilidade entre os vários sistemas de informação de outras instituições públicas (SNIG e WISE). A estratégia definida para o InterSIG consubstancia o desenvolvimento de WebServices, pois estes permitem a ligação a outros sistemas de informação, quer os que estão a iniciar o seu desenvolvimento, como os que estão em reestruturação, centralizando-se, sempre a informação geográfica no InterSIG. Será assim possível e mais fácil, relacionar e integrar informação “quantiqualitativa” de diferentes fontes/sistemas, devolver resultados sob a forma de mapas ou gráficos e associar dados alfanuméricos. O InterSIG pretende ser, também um instrumento fundamental de apoio à decisão dos técnicos do INAG e de outros organismos que mantenham relações privilegiadas com este, como, de apoio aos clientes externos no preenchimento on-line dos processos de licenciamento no âmbito do SNITURH, baseados em critérios de normalização e padronização de informação geográfica.
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PALAVRAS-CHAVE IDE, Portugal, InterSIG, INAG, INSPIRE, WISE, DQA.
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INTRODUÇÃO
A elevada competitividade entre as organizações, o ritmo intenso das mudanças tecnológicas, as transformações socioeconómicas, e o aumento dos riscos internos e externos obrigam as organizações a reflectirem e a promoverem o aperfeiçoamento dos serviços prestados e dos seus processos de negócio, procurando-se contribuir para a melhoria da eficácia e da produtividade. A Directiva Quadro da Água (DQA, 2000) é o principal instrumento da Política da União Europeia no âmbito da Água, e estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água. Foi transposta para o direito nacional através da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro (Lei da Água), tendo sido atribuído ao Instituto da Água, I. P. (INAG) a responsabilidade de garantir a sua efectiva aplicação. Com esta nova abordagem de gestão dos recursos hídricos o INAG, em 2004-2005, enfrentou um grande desafio de preparar a informação geográfica para dar respostas às exigências da DQA. Para reunir a informação necessária para os relatórios relativos aos Art. 3.º e 5.º da DQA, observaram-se grandes debilidades ao nível da organização da informação geográfica, sendo evidentes as dificuldades em reunir os dados necessários e nos formatos exigidos pela Comissão Europeia.
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CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA
Considerando que as obrigações de reporte no âmbito da DQA, no que respeita à informação geográfica são cada vez mais complexas, tornou-se determinante para o sucesso e modernização do INAG, o desenvolvimento de um sistema que organizasse essa informação. O facto de o INAG poder produzir e deter informação actualizada sobre o seu negócio, de forma sistematizada e devidamente catalogada, permitir-lhe-ia alcançar vantagens competitivas e definir estratégias empresariais de forma rápida e precisa. Neste sentido, no final de 2006 iniciou-se a concepção do InterSIG, um sistema que desse resposta às necessidades internas de organização e catalogação da informação geográfica, tanto daquela que é produzida internamente, como da que é proveniente de outros produtores de informação geográfica. Para além destes objectivos ambiciosos, determinou-se que o sistema devia permitir de forma amigável e simples, a gestão de toda a informação geográfica residente numa base de dados geográfica transversal a todos os departamentos do INAG, bem como a sua disponibilização via Internet através de mapas. Esta disponibilização seria feita mediante vários níveis de acesso, tendo em consideração as recomendações europeias, que nessa data ainda estavam a ser discutidas e só mais tarde viriam a ser aprovadas. Para conseguir os objectivos inicialmente traçados foi desenvolvida uma plataforma de informação georreferenciada (Figura 1), transversal aos vários departamentos do INAG que visava:
Disponibilizar informação georreferenciada, através da visualização e exploração de informação geográfica, da consulta de metadados e da exportação de temas geográficos (Figura 2);
Agilizar o funcionamento e acesso à informação entre os vários departamentos, através da gestão de acessos e responsabilidades, da gestão centralizada de todos os dados geográficos e da gestão de dados históricos;
Implementar uma plataforma única de partilha de informação georreferenciada, através da configuração de mapas online e com metadados normalizados segundo a Directiva INSPIRE;
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Promover a cultura de partilha de meios e informação entre os vários serviços públicos através do controlo sobre níveis de publicação da informação (partilha de informação georreferenciada ao nível de perfil, intranet e Web);
Apoiar o acesso do cidadão à informação geográfica do INAG.
Figura 1 – Aspecto da 1ª versão do layout do InterSIG.
Figura 2 – Exemplo de informação disponibilizada num mapa pelo InterSIG. I Jornadas Ibéricas de Infra-estruturas de Dados Espaciais
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3
EVOLUÇÃO DO SISTEMA
No final de 2007, o InterSIG entrou em fase de produção e durante 2008 apostou-se, fortemente na organização e disponibilização interna da informação relativa à Directiva Quadro da Água, sistematizada de acordo com os vários relatórios enviados à Comissão Europeia. No início de 2009, o sistema abre-se ao exterior, via Internet, e desde então, a procura tem sido crescente, incrementada pela facilidade do acesso a dados de grande importância no contexto dos recursos hídricos. Com a evolução das tecnologias nesta área, bem como com a aprovação a nível europeu da Directiva INSPIRE (INSPIRE, 2007), rapidamente se sentiu a necessidade de fazer evoluir o sistema, de modo a dar cumprimento às novas obrigações legais europeias e nacionais (Decreto-Lei n.º 180/2009, de 7 de Agosto). Assim, o móbil era, uma vez mais, e de forma mais célere, proporcionar novas abordagens de partilha de dados através de serviços que colocam a informação e a responsabilização do lado produtor. Em síntese, o InterSIG torna-se, progressivamente, numa Infra-Estrutura de Dados Espaciais (IDE), acessível ao público em geral e, tendencialmente ligada em rede com outros Sistemas de Informação de organismos públicos (nacionais e europeus). Este permite, igualmente, um cumprimento mais célere dos pedidos externos, sempre com acesso à versão mais actualizada da informação bem como uma optimização da gestão de meios técnicos e humanos da Administração Pública.
3.1
ESTRATÉGIA
No âmbito do Programa Operacional Factores de Competitividade (POFC) - Sistema de Apoios à Modernização Administrativa (SAMA) inseridos no QREN, o INAG apresentou uma candidatura com um programa denominado NovoINAG, que engloba um conjunto de projectos que visam a modernização administrativa e o desenvolvimento do INAG. Este vasto programa de modernização administrativa mereceu a aprovação, em Maio de 2009, de um montante global de 6,3 milhões de euros, constituindo uma das candidaturas mais amplas e abrangentes apresentadas nessa fase, composta por 11 projectos estruturados em 2 Eixos – Gestão e Tecnologia. Os principais objectivos do programa NovoINAG são:
A agilização dos processos e procedimentos nucleares e de suporte à actividade do INAG;
A informatização e automatização das funções e instrumentos de gestão do INAG;
A melhoria das formas de atendimento e de prestação dos serviços aos clientes do INAG.
O InterSIG está inserido no Eixo Tecnologia e é o projecto 9 do NovoINAG. Neste âmbito avançou-se com a manutenção evolutiva do sistema, onde se pretendeu desenvolver novas componentes de modo a garantir a adequação do sistema à nova realidade decorrente das exigências da Directiva INSPIRE e da evolução tecnológica nesta área, nomeadamente nos seguintes aspectos:
Cumprimento das obrigações decorrentes da Directiva INSPIRE, nomeadamente:
A adopção dos sistemas de Coordenadas ETRS89/TM06-PT (Portugal Continental) e PTRA08-UTM/ITRF93 (Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores);
Evolução do perfil de metadados do InterSIG para o Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica (MIG) e para o Perfil do Water Information System for Europe (WISE);
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Disponibilização de informação geográfica através de GeoWebServices (WMS/WFS);
Ligação a outros sistemas nacionais nomeadamente a integração com o Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG), com o Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento e Águas Residuais (INSAAR) e com o Sistema Nacional de Informação de Títulos de Recursos Hídricos (SNITURH). Posteriormente incluiu-se o Sistema de Informação associado ao Plano Nacional da Água 2010.
3.2
ARQUITECTURA
A arquitectura escolhida para o InterSIG teve como objectivo fundamental disponibilizar, a uma determinada comunidade de utilizadores, um acesso facilitado a informação geográfica e a ferramentas para explorar essa mesma informação. Esta arquitectura aberta e focada na divulgação de dados espaciais na Internet, é a característica que faz com que facilmente se distribuam conteúdos sem grandes restrições de tempo e custo para os utilizadores ou consumidores deste serviço. São parte da arquitectura do InterSIG, as componentes básicas e obrigatórias, nomeadamente as componentes:
Cliente - Web browser na máquina do utilizador, sendo normalmente o local onde os utilizadores interagem com os dados espaciais e com as ferramentas de análise espacial.
Servidores – o sistema é constituído por duas máquinas físicas uma composta pelos módulos do Servidor Web, Servidor Aplicacional e Servidor de Mapas e a outra com o módulo da Base de Dados.
Servidor Web – responsável pela gestão de pedidos enviados pelo Web browser via HTTP.
Servidor Aplicacional – constituído pelo software de apoio ao desenvolvimento da aplicação InterSIG, actuando entre a ligação ao Servidor Web e ao Servidor de Mapas.
Servidor de Mapas – gera e disponibiliza mapas dinâmicos ao Cliente de acordo com os pedidos dos utilizadores.
Servidor de Dados - gere os dados, espaciais e não espaciais, num sistema de gestão de base de dados relacional. As aplicações Cliente acedem, através dos respectivos intermediários, aos dados através de declarações SQL.
Nas figuras seguintes apresenta-se a primeira versão da arquitectura estabelecida em 2006 (Figura 3) e na Figura 4, a versão actual, evidenciando-se a alteração a nível do Servidor de Mapas e a disponibilização de GeoWebServices.
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Figura 3 – Arquitectura do InterSIG (2006).
Figura 4 – Arquitectura do InterSIG (2010). I Jornadas Ibéricas de Infra-estruturas de Dados Espaciais
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3.3
DESIGN GRÁFICO
O desenvolvimento de outro dos projectos do NovoINAG, o Portal da Água, implicou uma alteração no design gráfico do InterSIG de modo a harmonizar a imagem de todos os sistemas de informação do INAG com o grafismo deste projecto. Neste sentido, a partir do dia 1 de Outubro de 2010, Dia Nacional da Água, o InterSIG passou a ser apresentado conforme se ilustra na Figura 5.
Figura 5 – Aspecto da 2ª versão do layout do InterSIG.
3.4 3.4.1
PERFIS DE METADADOS ENQUADRAMENTO
A informação geográfica produzida, utilizada e disponibilizada, no e pelo INAG, tem crescido ao longo dos últimos anos e a implementação de metadados, muito mais do que uma imposição, foi uma necessidade observada pela crescente complexidade da estrutura de dados espaciais desta organização, e pela cada vez mais exigente comunidade e sistemas que usam informação geográfica no seu dia-a-dia. Por metadados de informação geográfica pode entender-se como sendo um conjunto de descritores textuais de informação geográfica, que seguem, habitualmente uma norma (IGP, 2010). Ou se for considerado o seu significado etimológico, o vocábulo metadados significa dados sobre os dados (Marques et al., 2008). Estes documentam, identificam e avaliam diversos parâmetros, tais como escalas, sistemas de I Jornadas Ibéricas de Infra-estruturas de Dados Espaciais
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referência, qualidade, extensões geográficas e temporais de conjuntos de dados geográficos, bem como aspectos ligados ao acesso a serviços, e dados e contactos dos responsáveis ligados aos mesmos. Os metadados são determinantes para se alcançar um determinado objecto num repositório, pois sem eles, todos os sistemas e utilizadores que utilizam informação geográfica ficariam impedidos de encontrar os recursos pretendidos, pelo menos de uma forma simples e automática, o que multiplicaria esforços e custos de produção de informação, que em muitos casos já existe (Marques et al., 2008). Contudo, e para além da interoperabilidade entre sistemas a que é preciso dar continuidade, a necessidade de harmonização do esforço de descrição da informação geográfica existente é outro dos caminhos a seguir, via essa só possível através da definição de modelos lógicos de “conversação” entre sistemas e aspectos ligados à implementação, tais como a codificação informática dos metadados, definição de interfaces, sistemas multilinguísticos e perfis de metadados. A harmonização da informação geográfica, e em especial dos metadados, tem beneficiado dos contributos do Open Geospatial Consortium (OGC), da International Organization for Standardization (ISO) através do grupo TC 211, e do INSPIRE – Infrastructure for Spatial Information in Europe, que para além da harmonização de metadados, tem como principal objectivo o desenvolvimento de uma infra-estrutura de informação geográfica europeia (IGP, 2010). Foi esta necessidade de uniformizar os metadados nos objectos de aprendizagem, entenda-se, no fim a que destina a descrição que os metadados efectuam, que levou à criação de várias normas e especificações que se distinguem pelo número de elementos, pelas características dos elementos e pela linguagem utilizada (Marques et al., 2008). Ainda que os perfis de metadados se baseiem numa norma base (ISO 19115:2003), que tem um carácter genérico, abstracto e extenso, porque tem em vista a caracterização de uma grande heterogeneidade de recursos geográficos, os perfis possibilitam o detalhe e a aproximação do seu objecto, com maior grau de especificidade. É neste contexto que surgem os perfis de metadados, de entre os quais, e no âmbito desta comunicação, se destacam os mais relevantes para o INAG, nomeadamente o Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica e o WISE Metadata Profile (Guidance N.º 22, 2008).
3.4.2
PERFIL NACIONAL DE METADADOS PARA INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (PERFIL MIG)
Tal como outros perfis de metadados, o Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica (Perfil MIG), de acordo com o IGP (2010), “tem como objectivo principal clarificar aspectos ligados à implementação da produção, gestão e disseminação dos metadados em Portugal, de forma a assegurar a correcta caracterização dos recursos geográficos, a sua harmonização com as infra-estruturas de dados espaciais portuguesa (SNIG) e europeia (INSPIRE)”, recorrendo, essencialmente às normas ISO 19115:2003 e ISO 19119. De acordo com o IGP (2010), este perfil é composto por um subconjunto de metadados da norma ISSO 19115 e ISO 19119 (extensão para serviços) cujos critérios de selecção prendem-se com os requisitos do INSPIRE, elementos obrigatórios das normas ISO, funcionalidade dos sistemas e utilização frequente por parte dos técnicos. No Perfil InterSIG, não só foram implementados os elementos obrigatórios do Perfil MIG, como outros opcionais, mas que o INAG definiu como sendo de preenchimento obrigatório. Exemplos desses casos são elementos como o “Nome”, a “Morada”, ou o “Telefone” do responsável pelos metametadados do conjunto de dados, mas também outros elementos como o “Estado” ou a “Manutenção do Recurso”. Considerou-se que há mais-valias decorrentes de um preenchimento mais extenso dos metadados de Conjuntos e Serviços de Dados Geográficos (CSDG), pelo que se tornou obrigatório o preenchimento de um maior número de elementos. I Jornadas Ibéricas de Infra-estruturas de Dados Espaciais
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3.4.3
PERFIL DE METADADOS DO WISE
O WISE Metadata Profile (Guidance N.º 22, 2008), ou Perfil Wise, insere-se no âmbito da política comunitária para a água (EU Water policiy), sendo aquilo que se pode traduzir como o descritor do Sistema de Informação da Água para a Europa, ou seja, um sistema que junta a informação geográfica, com a informação alfanumérica relativa à água. Neste sentido, e apesar de este perfil ser uma extensão do definido pela Directiva INSPIRE, há especificidades que resultam de um esforço de adequação à temática da hidrografia. Note-se que este perfil foi construído antes da Directiva INSPIRE ter sido publicada, pelo que houve e poderá haver a necessidade de alargar os elementos que nele constam. No caso do WISE Metadata Profile, há apenas dois elementos, de carácter opcional, que foi necessário implementar no Perfil InterSIG e que não estão contemplados no Perfil MIG, nomeadamente os elementos Presentation Form1 e Purpose2.
3.5
INTEGRAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS
As adaptações que estão a ser implementadas no InterSIG pretendem reduzir a duplicação de informação geográfica que, por vezes existe nos diversos organismos públicos e, ao mesmo tempo, responsabilizar o produtor dos dados pela actualização dessa informação. Não só se optimiza a gestão/partilha de informação como se contribui para o desígnio da interoperabilidade entre os vários sistemas de informação de outras instituições públicas (SNIG e WISE). A estratégia definida para o InterSIG consubstancia o desenvolvimento de WebServices, pois estes permitem a ligação com outros sistemas de informação, quer os que estão a iniciar o seu desenvolvimento, como os que estão em reestruturação, centralizando-se, sempre a informação geográfica no InterSIG. Crê-se que seja assim possível e mais fácil, relacionar e integrar informação quantiqualitativa de diferentes fontes/sistemas, devolver resultados sob a forma de mapas ou gráficos e associar dados alfanuméricos. O InterSIG pretende ser também um instrumento fundamental, de apoio à decisão dos técnicos pertencentes ao INAG e a outros organismos que mantenham relações privilegiadas com o INAG, como também de apoio aos clientes externos no preenchimento on-line dos processos de licenciamento no âmbito do SNITURH, baseados em critérios de normalização e padronização da informação geográfica.
3.5.1
SNIG
Após a harmonização dos perfis de metadados, foi desenvolvida uma funcionalidade no InterSIG de forma a permitir a publicação automática dos metadados dos CSDG da responsabilidade do INAG. Este automatismo é baseado na ferramenta de harvesting do SNIG, com o protocolo WAF, em que os metadados do INAG são colocados numa pasta Web, no servidor do InterSIG (cliente), a qual será lida pelo SNIG de acordo com uma periodicidade pré-definida (Figura 6).
1 O elemento “Presentation form” foi traduzido como “Forma de apresentação”. É um elemento do tipo lista controlada que indica qual o formato material ou imaterial do conjunto de dados (ex: Documento Digital). 2 O elemento “Purpose” foi traduzido como “Uso Específico”. É um elemento do tipo texto livre, em que se indica qual o propósito/destino do conjunto de dados que se descrevem (ex: Relatório para a DQA).
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No InterSIG, tanto o conjunto de dados geográficos inseridos na geodatabase, como todos os serviços WMS/WFS que serão publicados no catálogo de serviços do InterSIG, são acompanhados, obrigatoriamente de metadados. A nova funcionalidade, Publicação de Metadados no SNIG, está acessível apenas para os gestores de metadados do INAG registados no SNIG e permite decidir quais os metadados que irão ser publicados neste sistema. Note-se que todos os CDG ficam publicados no catálogo do InterSIG, mas só aqueles que pertencem aos temas dos Anexos I, II e III da Directiva INSPIRE, cuja responsabilidade está afecta ao INAG, é que serão publicados na infra-estrutura de dados nacional (Tabela 1). Tabela 1 – Lista de temas INSPIRE do INAG identificados durante o primeiro processo de Monitorização e Reporte INSPIRE (Relatório do Estado Membro Portugal, 2010). ANEXO
TEMAS INSPIRE
INAG
I
3. Toponímia
X
I
8. Hidrografia
X
I
9. Sítios protegidos
X
II
1. Altitude
X
II
4. Geologia
X
III
1. Unidades estatísticas
X
III
6. Serviços utilidade pública/estado
X
III
7. Instalações monitorização ambiente
X
III
11. Zonas gestão/restrição/regulam.
X
III
12. Zonas de risco natural
X
III
14. Condições geometeorológicas
X
III
16. Regiões marinhas
X
III
20. Recursos energéticos
X
TOTAL
13
3.5.2
X Temas identificados e com CDG X Temas identificados mas ainda sem CDG
INSAAR, PNA2010 e SNITURH
Na fase actual de desenvolvimento do InterSIG, identificaram-se 3 níveis de integração do InterSIG com os outros sistemas de informação do INAG, nomeadamente o INSAAR, o PNA2010 (Plano Nacional da Água) e o SNITURH (Figura 6):
Base de Dados Geográfica – o InterSIG actua como geodatabase, onde ficam centralizados os dados geográficos a que os sistemas acedem.
Explorador de Mapas – enquanto aplicação WEB, é utilizado para visualização e navegação nos mapas, cujos dados estão armazenados na geodatabase do InterSIG ou são disponibilizados por serviços WMS/WFS consumidos pelo InterSIG.
Servidor de Mapas - o InterSIG, via serviços WMS/WFS, serve aplicações externas com os seus mapas e dados.
Após esta identificação, foram elencados todos os serviços necessários para cada um dos sistemas de informação, conforme se descreve na Tabela 2. Pretende-se que esta integração de serviços de componente geográfica dos sistemas de informação do INAG possa evoluir de forma a fazer-se, futuramente, a integração com o WISE, no âmbito do reporte dos dados geográficos da DQA. A implementação de todos os WebServices no InterSIG vai ser realizada em várias fases estando previsto, que o serviço3 por ser específico para o SNITURH, seja desenvolvido noutra etapa de manutenção evolutiva do InterSIG a par da implementação do SNITURH. I Jornadas Ibéricas de Infra-estruturas de Dados Espaciais
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Tabela 2 – WebServices no InterSIG para a integração dos outros sistemas de informação do INAG. ID
TIPO
WEB SERVICE
WMS/WFS
Disponibilização de mapas com os temas de enquadramento para serem consumidos pelo cliente
WMS/WFS
Disponibilização de mapas com possibilidade de validação dos temas de enquadramento para serem consumidos pelo cliente
INSAAR
PNA2010
SNITURH
X
X
X
MAPAS 1.a
MAPAS E TEMAS 1.b
X
ACTUALIZAÇÃO DE TEMAS 2.a
ESCRITA
Importação para a geodatabase de shapefiles com validação de metadados, da estrutura de dados e do sistema de coordenadas com base em templates definidos
X
X
X
X
X
X
ACTUALIZAÇÃO DE REGISTOS 2.b
ESCRITA
Importação para a geodatabase de registos geográficos com validações da estrutura de dados e sistema de coordenadas com base em templates definidos PESQUISA e RELATÓRIO
3
4
CONSULTA Pesquisa na geodatabase de dados geográficos numa feature class com base E numa geometria e respectivo buffer RESPOSTA Relatório composto por imagens (mapa e legenda) e tabela com resultados PESQUISA CONSULTA Pesquisa na geodatabase de dados alfanuméricos
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X
X
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Web Ser vic es (XML)
Outros SI
CE
IGP
Figura 6 – Esquema de invocação de serviços entre o InterSIG e os outros sistemas de informação (internos e externos).
Geo Web Ser vic es (WMS/WFS)
InterSIG
INAG
4
CONCLUSÕES
A promoção do desenvolvimento e coordenação de uma interface de sistema de informação geográfica transversal ao instituto, garantindo a sua articulação com os outros sistemas de informação existentes e previstos, foi um dos objectivos do INAG alcançados com a implementação do InterSIG, mas não esgotado enquanto desígnio. A disponibilização de informação geográfica através do InterSIG e a sua integração com outros sistemas de informação, permitiu e continuará a permitir ter benefícios ao nível de:
Evitar duplicação e redundância de informação geográfica pelos diversos organismos públicos.
Afectar a responsabilização da actualização da informação ao produtor dos dados, contribuindo para a optimização da gestão da informação geográfica.
Melhor dinâmica e articulação das relações institucionais, facilitando o acesso à informação geográfica que é produzida no INAG, através da publicação dos metadados dos conjuntos de dados geográficos e dos serviços no SNIG.
Racionalização de meios técnicos e humanos da Administração Pública nos procedimentos internos.
Mais transparência e maior acessibilidade da informação ao público.
O InterSIG pretende ser, também um instrumento fundamental, de apoio à decisão dos técnicos do INAG e a outros organismos que mantenham relações privilegiadas com este Instituto, como também de apoio aos clientes externos no preenchimento on-line dos processos de licenciamento no âmbito do SNITURH, baseados em critérios de normalização e padronização da informação geográfica. Inserido no conceito da Inteligência Competitiva no INAG, o InterSIG é um sistema que tem a preocupação de construir relacionamentos baseados na confiança e na estruturação de processos de gestão, que assegurem a efectiva participação de todos os integrantes da organização. Deste modo, procura-se promover a colaboração entre os vários departamentos que gerem as bases de dados alfanuméricas relacionadas com os recursos hídricos, a melhoria da partilha de informação e meios, uma maior colaboração nos processos transversais, uma organização do trabalho em rede e um melhor relacionamento com o público em geral. Uma organização para se manter consciente e alerta perante o ambiente exterior que a rodeia necessita de informações provenientes de várias fontes. A informação gerada e partilhada através do InterSIG pode ser considerada como um recurso tão importante quanto os recursos de capital, mãode-obra e tecnologia, por permitir a diminuição do grau de incerteza nas tomadas de decisão e por permitir a melhoria na qualidade das decisões dos gestores de níveis estratégicos e decisores da organização.
“… Estando permanentemente alerta, a organização tem a oportunidade de se adaptar constantemente aos sinais do exterior, para não se desactualizar relativamente ao ambiente que a rodeia. …” (Amaral, 2008)
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5 REFERÊNCIAS [1]
Amaral, P. C.: Top Secret - Como Proteger os Segredos da sua Empresa e Vigiar os Seus Concorrentes. 296 p. Academia do Livro 1.ª Edição (2008)
[2]
DQA: Directiva Quadro da Água - Directiva n.º 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2000.
[3] Guidance N.º 22: Updated Guidance on Implementing the Geographical Information System (GIS) Elements of the EU Water policy. European Comission (Nov’2008). DOI = http://circa.europa.eu/Public/irc/env/wfd/library?l=/framework_directive/guidance_docume nts/guidance-no22-_nov08pdf_1/_EN_1.0_&a=d [4]
INSPIRE: Directiva n.º 2007/2/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de Março, publicada no Jornal Oficial das Comunidades, em 25 de Abril de 2007.
[5]
Portal da Água, http://portaldaagua.inag.pt
[6]
Instituto da Água, I. P., http://www.inag.pt
[7]
InterSIG, http://intersig.inag.pt
[8]
Lei da Água, Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro.
[9] Marques, C., Campos, R., Carvalho, A.: Uma proposta de pesquisa de objectos de aprendizagem baseada em metadados. Universidade do Minho (2008). DOI= http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/8555/1/Marques%20et%20al-SIIE2008.pdf [10] Modalidades de aplicação da Directiva INSPIRE em matéria de metadados (CE): Regulamento n.º 1205/2008 da Comissão, de 3 de Dezembro de 2008. [11] Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica, Versã0 1.2, de Fevereiro de 2010. DOI = http://snig.igeo.pt/Portal/docs/PerfilMIG_v1_2.pdf [12] Relatório Estado Membro: Portugal. SNIG, IGP (2010) DOI = http://snig.igeo.pt/Inspire/documentos/relatorioINSPIRE/RelatorioINSPIREPortugal_2010.pdf [13] Sistema Nacional de Informação Geográfica: Decreto-Lei n.º 180/2009, de 7 de Agosto. [14] Water Information System for Europe (WISE), http://water.europa.eu/
6 AUTORES Ana Catarina MARIANO
[email protected] Instituto da Água, I. P. Departamento de Ordenamento e Regulação do Domínio Hídrico Divisão de Administração das Utilizações
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Nuno LEITÃO
[email protected] Instituto da Água, I. P. Departamento de Ordenamento e Regulação do Domínio Hídrico Divisão de Administração das Utilizações
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