A iniciação à vida cristã na era digital: as comunidades em rede (parte 2)

A iniciação à

vida cristã na era digital as comunidades em rede (Parte 2)

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ontinuamos nossa série de reflexões sobre a relação entre a comunicação digital e a catequese, mediante um diálogo entre o Diretório Nacional de Catequese (DNC)1 e o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil

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(DCIB)2. No artigo anterior, começamos a refletir sobre a dimensão sociocomunitária no caminho catequético, especialmente no ambiente digital. A iniciação à vida cristã não é a formação de um “indivíduo isolado” em relação com Deus. Além de

Visitantes tirando foto do papa Francisco discursando durante o fim do Conclave na Praça de São Pedro, no Vaticano, 13 de março de 2013, Michael Sohn/AP

IGREJA & COMUNICAÇÃO

“fonte viva” da catequese, a comunidade também “é fermento de libertação da pessoa e de transformação da sociedade” (DNC n. 53). O próprio Deus, afirma esse documento, “se revela no dia a dia de pessoas que vivem em comunidade. A catequese é concebida como uma iniciação à fé em sua dimensão pessoal e comunitária” (n. 13). Por isso, pensar a catequese do ponto de vista comunitário é considerá-la também como um processo de comunicação: “A comunicação tem como objetivo primordial criar comunhão, estabelecer vínculos de relações, promover o bem comum, o serviço e o diálogo na comunidade. […] Sem essa ação, não há nem comunhão nem comunidade” (DCIB n. 13). Hoje, em um momento histórico no qual as relações se dão principalmente mediadas por tecnologias, processos e práticas digitais, a comunicação também pode contribuir para a construção de comunhão e de comunidade, na rede e fora dela. Mas é preciso superar alguns “pré-conceitos” em relação às redes digitais, como se fossem ambientes individualistas, antissociais ou “fora da realidade”. Por isso, é importante reiterar aquilo que o papa emérito Bento XVI (1927-) dizia na sua mensagem ao Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013: “O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens. As redes sociais são o fruto da interação humana, mas, por sua vez, dão formas novas às dinâmicas da comunicação que cria relações” [...].3 Como parte da cultura contemporânea, é importante que os(as) catequistas estejam atentos a essas novas formas de ser pessoa e de se relacionar. Como afirma o DNC, “o lugar ou ambiente normal da catequese é a comunidade eclesial. Onde há uma verdadeira comunidade cristã, ela se torna uma fonte viva da catequese, pois a fé não é uma teoria, mas uma realidade vivida pelos membros da comunidade” (n. 52). Isso não significa que devemos optar entre uma comunidade “real” e uma comunidade “digital”: ambas podem conviver e se ajudar. Nesse

sentido, o ambiente digital pode ser parautenticidade o seguimento de Jesus” (n. 145). Articulando essa centralidaticularmente um facilitador ou até um realçador de comunidades humanas já de do testemunho com o ambiente diexistentes: a “realidade vivida” pelos(as) gital, o DCIB explicita que “o anúncio catequizandos(as) no dia a dia – na de uma mensagem está intimamente escola, em casa, no lazer, entre outros vinculado a um testemunho coerente exemplos – pode ser compartilhada nas por parte de quem a anuncia. ‘Não redes digitais, favorecendo um contato deveria haver falta de coerência ou mais frequente e mais próximo entre os unidade entre a expressão da nossa membros dessa pequena comunidade fé e o testemunho do Evangelho de fé. Assim, as redes na realidade onde sociais já existentes somos chamados a podem se fortalecer viver, seja ela física ou [...] o ambiente ainda mais com o audigital” (n. 190). digital pode ser Por outro lado, em xílio das redes digitais. particularmente um seu caminho de iniciaÉ justamente isso facilitador ou até o que afirma o DCIB: ção à vida cristã, “os “As redes digitais ‘concatequizandos são chaum realçador de tribuem para favoremados a evangelizar comunidades a sociedade, fazendo cer formas de diálogo humanas já atuar nela os valores do e debate que [...] poexistentes: a Reino de Deus” (DNC, dem reforçar os laços n. 85). Afinal, toda code unidade entre as “realidade vivida” pessoas e promover munidade eclesial só pelos(as) eficazmente a harmoencontra seu sentido catequizandos(as) em sua inserção em nia da família humano dia a dia – na uma comunidade sona” (n. 179). E mais: “Levando em conta o cial mais ampla. Por escola, em casa, no respeito pela digniisso, as mais diversas lazer, entre outros questões referentes à dade e pelo valor da exemplos – pode ser sociedade em geral – pessoa humana e o compartilhada nas como “a valorização diálogo marcado pela dos direitos da pessoa verdade, compreensão redes digitais, humana, a solidariee tolerância, as relafavorecendo um ções sociais mediadas dade entre os povos, contato mais pelas novas tecnoloo clamor perante as frequente e mais injustiças, a sensibigias podem chegar a construir amizades lidade diante das sipróximo entre os autênticas” (n. 180). tuações de fome e de membros dessa A experiência comiséria, o despertar pequena para o cuidado para munitária e a comucomunidade de fé com a ecologia” (DNC nicação catequética n. 309) – também potambém terão muito mais sentido se estidem ser debatidas na catequese por meio dos diversos recurverem fundamentadas no testemunho, que é uma “pregação” que vai sos das mídias digitais. Afinal, o ambienmuito além das palavras. Para o DNC, te digital, hoje, é a grande “praça pública” “a vida de cada comunidade eclesial em que essas questões vão surgindo e precisa ser coerente com o Evangelho, sendo debatidas. Portanto, a catequese mobilizadora pela própria maneira também pode se somar a esses debates, de ser, de agir. Sem isso, a melhor caproblematizando-os criticamente à luz do Evangelho. tequese estaria exposta a uma crise, É preciso refletir ainda, especificaso o catequizando não encontre na face concreta da Igreja particular e locamente, sobre a problemática social do acesso aos meios digitais. Como cal um sinal de que é possível viver com O Mensageiro de Santo Antônio Setembro de 2016

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Depois do sucesso do “Youcat” (Catecismo para Jovens), o “Docat” (cujo nome é uma combinação do verbo inglês ‘to do’ [fazer] e do substantivo ‘Catecismo’) descreve em linguagem jovem e digital a Doutrina Social da Igreja Católica. Dialogicamente, com perguntas e respostas, o aplicativo permite que os jovens reflitam sobre como podem mudar o mundo por meio da ação social e política a partir do Evangelho

Jovens), o “Docat” (cujo nome é uma combinação do verbo inglês ‘to do’ [fazer] e do substantivo ‘Catecismo’) descreve em linguagem jovem e digital a Doutrina Social da Igreja Católica. Dialogicamente, com perguntas e respostas, o aplicativo permite que os jovens reflitam sobre como podem mudar o mundo por meio da ação social e política a partir do Evangelho. No prefácio escrito especialmente para o “Docat”, o papa Francisco afirma: “O ‘Docat’ responde à pergunta: ‘Como agir? O que fazer?’, – é como que um manual de instruções que nos ajuda, com o Evangelho, em primeiro lugar, a transformarmo-nos a nós mesmos, depois a transformarmos o nosso ambiente mais próximo e, por fim, o mundo inteiro. Na verdade, com a força do Evangelho, realmente podemos transformar o mundo”.5 Para baixá-lo, basta acessar a loja de aplicativos de cada celular. No próximo artigo, vamos comentar e analisar esse importante ambiente de comunicação e de evangelização.

Bruschetta de berinjela Ingredientes • 1 berinjela • 10 g de uva-passa • 1 cebola pequena picada • 4 fatias de pão ciabatta • 20 g de molho de tomate • 15 g de cenoura • 25 g de queijo ralado • 115 g de tomate seco MODO DE PREPARO Em uma panela, refogue a cebola picada por 3 minutos e misture com a berinjela picada e a uva-passa. Passe o molho de tomate nas fatias de pão ciabatta. Depois, distribua em camadas a cenoura e o queijo ralados, a mistura da berinjela com a cebola e a uva-passa e, por fim, o tomate seco. Leve ao forno por 5 minutos ou até gratinar. Sirva em seguida.

NOTAS

Rabanada

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretório Nacional de Catequese. São Paulo: Paulinas, 2005. n. 84. 2 Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. São Paulo: Paulinas Editora, 2014. n. 99. (Documentos da CNBB). 3 Disponível em: . Acesso em: ago. 2016. 4 Disponível em: . Acesso em: ago. 2016. 5 Disponível em: . Acesso em: ago. 2016. 1

estruturas sociais injustas em torno da comunicação. A catequese pode contribuir com o engajamento dos(as) catequizandos(as), indo além da mera fruição individualista e muitas vezes egoísta dos benefícios da tecnologia, problematizando as causas da pobreza e da falta de acesso às tecnologias. Toda essa reflexão pode encontrar um importante embasamento na Doutrina Social da Igreja. Um gesto concreto pode ser incentivar catequistas e catequizandos(as) à comunhão e à solidariedade, por exemplo, mediante a doação de equipamentos tecnológicos em bom estado que não estejam sendo usados e que podem ser de grande utilidade para outras pessoas. Outra possibilidade, nesse sentido, pode ser o uso do “Docat”, o novo aplicativo da Santa Sé lançado na Jornada Mundial da Juventude deste ano, em Cracóvia, na Polônia. Depois do sucesso do “Youcat” (Catecismo para

Ingredientes • 2 pães franceses amanhecidos, cortados em fatias de aproximadamente dois dedos de espessura • 1 lata de leite condensado • 1 lata de leite integral • 2 ovos • Açúcar refinado a gosto • Canela em pó • Manteiga

Moisés Sbardelotto Jornalista, leigo casado, doutor em Ciências da Comunicação e autor do livro “E o Verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na internet” (Santuário, 2012)

Arquivo pessoal

afirma o papa Francisco (1936-) em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014, “a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluída”4 – não apenas da sociedade em geral, mas também da própria comunidade eclesial. Pois, como aponta o DCIB, as redes sociais digitais “podem ser um instrumento político e econômico, com base no acesso ou não às novas tecnologias da comunicação. É imperativo que a brecha entre os beneficiários dos novos meios de informação e expressão, e os que ainda não tiveram acesso a eles, não se converta em outra obstinada fonte de desigualdade e discriminação” (n. 185). Nesse sentido, o ambiente digital pode se converter também em um chamado ao debate, à reflexão e à própria ação evangelizadora, no contexto local, voltados à mudança das

Colaboração: Cleonice Maria, Guaíra (PR)

Papa Francisco no lançamento do Docat, Divulgação

I G RE J A & COMUNICAÇÃO

modo de preparo Aqueça uma frigideira com manteiga suficiente para cobrir o fundo e mantenha em fogo médio. Junte os ovos, o leite integral e o leite condensado, até obter uma mistura homogênea. Molhe as fatias de pão nela, até ficarem encharcados (cerca de 5 minutos de cada lado). Em um recipiente à parte, adicione o

açúcar refinado e a canela. Reserve. Frite as fatias de pão na manteiga, virando os dois lados para ficarem dourados. Passe os pães fritos no açúcar e na canela e sirva em seguida.

Colaboração: Cleonice Maria, Guaíra (PR) O Mensageiro de Santo Antônio

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