A iniciação à vida cristã na era digital: uma catequese \"conectada\" com os tempos

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IGREJA & COMUNICAÇÃO

A iniciação à vida cristã na era digital

Papa Francisco com jovens fazendo “selfie” na Basílica de São Pedro, no Vaticano, 28 de agosto de 2013, L’Osservatore Romano/ AP Photo

uma catequese “conectada” com os tempos (Parte 2)

N

a edição passada, começamos uma série de artigos sobre a comunicação na catequese, entendida como processo de iniciação à vida de fé, articulando um diálogo entre o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (DCIB)1 e o Diretório Nacional de Catequese (DNC)2, ambos aprovados pelos bispos do Brasil. Dizíamos que, como ambiente da vivência cotidiana de crianças, adolescentes e jovens de hoje, as redes sociais digitais O OMMe n e ns saagge ei irroo ddee SSaannttoo AAnn tt ôô n i o

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favorecem várias possibilidades de comunicação e de relação em sociedade. E “isso exige que o comunicador cristão descubra métodos adequados ao ambiente digital para desenvolver a evangelização e a ação pastoral” (DCIB n. 178). Neste mês, queremos refletir sobre como podemos tornar os encontros catequéticos mais “conectados”, atrativos e envolventes a crianças, adolescentes e jovens de hoje. Mas isso não significa “baratear” a formação na fé, tornando-a

mero espetáculo “colorido” e chamativo. Como aponta o DCIB (n. 194), “em um ambiente marcado pela rapidez da informação e pela abrangência do contato, o testemunho do Evangelho por parte de todo o povo de Deus não deve se basear em critérios como popularidade, celebridade, aceitabilidade, persuasão, atratividade. A verdade do Evangelho ‘não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta

livre’”. Por isso, o desafio é reconhecer, aprender e apropriar-se das práticas comunicacionais da atualidade, em seus valores e sentidos positivos, para mais bem inculturar a catequese na cultura digital do século XXI. Obviamente, aqui, o desafio pode ser muito concreto: os centros de catequese de nossas comunidades, paróquias e dioceses, muitas vezes, estão desprovidos até mesmo de um televisor ou de um mero aparelho de som.

O acesso às tecnologias ainda não é homogêneo em todo o território nacional. Contudo, por outro lado, até mesmo nas comunidades mais carentes, percebemos uma grande presença de celulares conectados à internet entre adolescentes e jovens, por sua maior facilidade de acesso e uso, mesmo sem a presença de computadores pessoais e de internet fixa nas residências. Por isso, é preciso estarmos atentos à realidade local, compreendendo, na

vivência infantojuvenil, as práticas e os valores em jogo. No caso das comunidades com uma estrutura física mais avançada, há várias possibilidades de promover práticas didáticas digitalmente inculturadas. Acima de tudo, o uso de projeções de áudio e vídeo para a reflexão e o debate em grupo podem enriquecer muito os encontros de catequese. As redes sociais digitais e os aplicativos de mensagens para celular podem, também, se tornar ambientes para a troca de textos, fotos, áudios e vídeos relacionados com os encontros de catequese, expandindo os momentos e os tempos de encontro presencial com a manutenção do contato e do vínculo para além dos poucos minutos na “sala de catequese”. Hoje, quando muitas crianças e adolescentes já possuem os próprios celulares conectados à internet, por que não usá-los como recurso de sala de aula, para pesquisas e jogos educativos? Por outro lado, podemos reler pedagogicamente aquilo que o papa emérito Bento XVI (1927-) afirmava em sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013, ao dizer que, “em alguns contextos geográficos e culturais onde os cristãos se sentem isolados, as redes sociais podem reforçar o sentido da sua unidade efetiva com a comunidade universal dos fiéis”. Além disso, como afirma o documento Igreja e internet (2002), do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais3, a internet “também oferece à Igreja formas de comunicação com grupos específicos – adolescentes e jovens, idosos e pessoas cujas necessidades as obrigam a permanecer em casa, indivíduos que vivem em regiões remotas e membros de outros organismos religiosos – que, de outra forma, podem ser difíceis de alcançar” (n. 5). Seja por dificuldade de transporte ou de deslocamento, seja por outros fatores, as mídias digitais podem favorecer uma catequese renovada também em seus métodos. Isso pode ser realizado, por exemplo, com a promoção de encontros de formação a distância, intercalando-os com momentos presenciais, facilitando o acesso e a participação dos catequizandos em seu processo de formação. O M e nn ssaaggeeiirroo ddee SSaannt too AAnnt tô ôn ni oi o Abril de Abril de 2016 2016

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O Mensageiro de Santo Antônio

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tecnológicas sobre cada um de nós, mas também de “baixo para cima”, a partir dos usos e das práticas ativas e criativas que cada pessoa faz e inventa para ter acesso à cultura, ajudando, assim, também, a construí-la. Ou seja, a cultura digital, para além das tecnologias físicas, perpassa toda a sociedade, em suas práticas e seus valores. O desafio catequético, portanto, é de como reconstruir essa cultura didaticamente e relê-la pedagogicamente a partir da fé cristã. Primeiramente, há um desafio didático à figura do catequista como a conhecemos. “O caráter interativo e bilateral da internet – continua o documento Igreja e interrnet – já está ofuscando a antiga distinção entre aqueles que comunicam e os destinatários da comunicação, e a dar forma a uma situação em que, pelo menos potencialmente, cada um pode desempenhar ambas as funções. Já não se trata da comunicação unilateral e vertical do passado” (n. 6). Nas palavras do DCIB, “a interatividade das pessoas com as mídias, caracterizada pela autonomia e pelo protagonismo, exige cada vez mais relações de respeito, diálogo e amizade marcadas pelo espírito colaborativo e cooperativo” (n. 180). Catequista e catequizando coeducam, ambos coformam para a fé: “Toda a experiência de fé vivenciada na catequese deve acontecer na dimensão dialógica” (DCIB n. 70). Reconhecer e praticar uma pedagogia comunicativa e dialógica, como ocorre muitas

• 150 ml de óleo • 2 ovos cozidos • 1 kg de alcatra moída • 2 folhas de louro • 1 colher (café) de cominho • 1 colher (chá) de orégano • Azeitona a gosto • Sal a gosto

Ingredientes – MASSA • 500 g de farinha de trigo • 150 g de gordura vegetal • 1 xícara de água morna • 1 colher (sopa) rasa de sal Ingredientes – RECHEIO • 2 dentes de alho amassados • 2 cebolas picadas • 1 pimentão-vermelho

MODO DE PREPARO – RECHEIO Em uma panela, refogue em fogo baixo a cebola picada e o pimentão em óleo por aproximadamente 20 minutos. Acrescente a alcatra moída e cozinhe por 15 minutos. Adicione o sal, o louro, o orégano e o cominho e mexa tudo. Cozinhe por mais 10 minutos, mexendo de vez em quando para não queimar o fundo. Espere esfriar e recheie as empanadas.

Bolo invertido de chocolate e banana

NOTAS CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. Brasília, DF: Edições CNBB, 2014. n. 99. (Documentos da CNBB). 2 ______. Diretório Nacional de Catequese. Texto aprovado pela 43a Assembleia Geral. Itaici – Indaiatuba, 9 a 17 de agosto de 2005. 9. ed. São Paulo: Paulinas, 2007. n. 84. (Documentos da CNBB). 3 Disponível em: . Acesso em: mar. de 2016. 1

Moisés Sbardelotto Jornalista, autor do livro E o verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na internet (Santuário)

MODO DE PREPARO – MASSA Coloque a farinha na gordura e misture com as mãos, até formar uma bola de massa arenosa. Adicione o sal à água morna (salmoura) e junte à bola de farinha. Misture muito bem, até a massa ficar homogênea. Estique-a e sove por cerca de 5 minutos, até ficar elástica. Cubra com filme plástico e deixe descansar por 2 horas. Abra a massa com um rolo deixando-a com 3 milímetros de altura. Corte-a em formato de círculos de 10 a 12 centímetros

de diâmetro. Espalhe a farinha sobre a superfície de trabalho, para que a massa não grude. Recheie de modo que consiga dobrar a massa ao meio com facilidade (cerca de 70 gramas). Torça as bordas com os dedos. Pincele-as com a gema de ovo e leve-as ao forno preaquecido a 180 graus Celsius por aproximadamente 20 minutos ou até que fiquem bem douradas. Colaboração: Cleonice Maria, Guaíra (PR)

Então, com as facilidades de comunicação, por que não promover alguns “intercâmbios catequéticos” – via internet – com outras paróquias, dioceses e comunidades não apenas da mesma região, mas também de outros Estados? Há diversos softwares e sites da internet que possibilitam transmissões ao vivo e teleconferências pela internet. Ou, ainda, por que não promover a participação via internet de algum pensador católico ou formador espiritual, ou ainda algum líder civil ou religioso de outra confissão, que, por distância ou custo, não poderia estar presente na sala de catequese? Ou, ainda, um momento de “bate-papo” das crianças e jovens com seu bispo, também via internet, para facilitar um contato que, infelizmente, em muitas dioceses, ocorre uma vez na vida: na celebração da Crisma...? Vale citar que a “inculturação digital” vai além da tecnologia. “A comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica”, afirma o papa Francisco (1936-), em sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014. As redes digitais não são só um emaranhado de fios e cabos, mas principalmente de relações humanas, de redes sociais. Por isso, no caso das comunidades que não possuam uma estrutura física adequada, a falta de aparelhos tecnológicos não deve servir de álibi para a estagnação e o conformismo. A cultura digital não é constituída apenas de “cima para baixo”, das empresas

Empanada de carne

Arquivo pessoal

Grupo de Estudo Bíblico, Flickr

O desafio do catequista é não ter preconceitos, mas, com os catequizandos, a partir de sua leitura crítica de mundo, promover um diálogo que os ajude a compreender o mundo em que vivem à luz do Evangelho. Como diria Santo Inácio de Loyola, trata-se de “buscar e encontrar Deus em todas as coisas”, inclusive na internet

vezes no ambiente digital, é essencial para a formação das gerações cristãs de hoje. A cultura digital também pode “entrar” na sala de catequese, por exemplo, com a retomada, nos encontros pessoais, daquilo que mais “bombou” na internet, como se costuma dizer. De que forma a catequese pode retomar esses assuntos do cotidiano infantojuvenil e relê-los a partir da fé cristã? Que “sinais dos tempos” estão se revelando nos fenômenos digitais de massa? São temáticas que fazem parte da vivência cotidiana dos catequizandos. Por isso, é melhor que eles mesmos possam construir uma interpretação cristã desses fenômenos, com a orientação de seus catequistas, do que simplesmente “seguir a onda” do senso comum, sem reflexão consciente sobre aquilo que acontece em seus ambientes de vida, incluindo o digital. Isso não significa promover uma leitura meramente negativa do que acontece no ambiente digital. Ao contrário; muitas vezes, são fenômenos que também podem ajudar a promover os valores cristãos. Por isso, o desafio do catequista é não ter preconceitos, mas, com os catequizandos, a partir de sua leitura crítica de mundo, promover um diálogo que os ajude a compreender o mundo em que vivem à luz do Evangelho. Como diria Santo Inácio de Loyola (1491-1556), trata-se de “buscar e encontrar Deus em todas as coisas”, inclusive na internet.

Ingredientes • 4 colheres (sopa) de manteiga em temperatura ambiente • 1/4 xícara de açúcar mascavo • 3 bananas médias maduras cortadas em rodelas finas • 1 ½ xícara de farinha de trigo • 3/4 colher (sopa) de fermento em pó • 1 pitada de sal • 1/2 colher (chá) de canela em pó • 1/2 xícara e 2 colheres (sopa) de cacau em pó • 1/2 xícara de água quente • 1/3 xícara de creme de leite fresco • 1 ½ colher (chá) de extrato de baunilha • 1/4 de xícara e 2 colheres (sopa) de óleo (preferencialmente de canola) • 3/4 xícara de açúcar • 3/4 xícara de açúcar mascavo • 2 ovos Colaboração: Cleonice Maria, Guaíra (PR)

modo de preparo Preaqueça o forno a 350 graus Celsius. Unte levemente as laterais de uma fôrma retangular média. Para a cobertura, derreta duas colheres de manteiga em uma panela. Misture o açúcar mascavo e cozinhe por 1 minuto, até misturar bem. Raspe a mistura e distribua uniformemente por todo o fundo da fôrma. Corte as bananas e ponha por cima. Reserve. Adicione a farinha, o fermento, o sal e a canela. Em outra vasilha, com uma batedeira, misture o cacau em pó, a água quente e a baunilha, até ficar cremoso. Adicione a manteiga e a baunilha e bata mais. Em uma tigela grande, misture o óleo, o açúcar branco o açúcar mascavo (a mistura parecerá areia molhada). Adicione os ovos individualmente e bata bem. Verta-os na mistura de

cacau. Vá adicionando aos poucos os ingredientes secos, alternando com o creme de leite. Despeje na fôrma preparada, com cuidado para não retirar as bananas do lugar. Asse por cerca de 35 minutos em forno médio. Deixe esfriar. Passe uma faca de lâmina fina nas bordas. Coloque um prato sobre o bolo e inverta. Sirva. O M e nn ssaaggeeiirroo ddee SSaannt too AAnnt tô ôn ni oi o Abril de Abril de 2016 2016

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