A INTERNET COMO FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DO JORNALISMO CULTURAL EM TERESINA

May 23, 2017 | Autor: Eliziane Oliveira | Categoria: Cultural Studies, The Internet, Jornalismo Digital, Jornalismo Cultural
Share Embed


Descrição do Produto

COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

ELIZIANE DE SOUSA OLIVEIRA

A INTERNET COMO FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DO JORNALISMO CULTURAL EM TERESINA

Teresina – PI 2016

ELIZIANE DE SOUSA OLIVEIRA

A INTERNET COMO FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DO JORNALISMO CULTURAL EM TERESINA

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da Faculdade Estácio Ceut. Orientador(a): Profª. Drª. Maria Helena Almeida de Oliveira

Teresina – PI 2016

ELIZIANE DE SOUSA OLIVEIRA

A INTERNET COMO FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DO JORNALISMO CULTURAL EM TERESINA

Trabalho de conclusão de curso de graduação, apresentado à Faculdade Estácio - CEUT, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo.

Aprovada em 12 de dezembro de 2016 – Nota: 10,0

BANCA EXAMINADORA: Profª Ms. Fracieli Aparecida Traesel

__________________________________

Profª Ms. Neulza Bangoin Veras de Araújo __________________________________

Profª Drª. Maria Helena Almeida de Oliveira _________________________________

AGRADECIMENTOS Agradecer primeiramente a Deus, que mesmo às vezes tendo duvidado do seu apoio, Ele sempre esteve aqui colocando meus pensamentos em ordem e me fornecendo coragem para seguir em frente e jamais desistir. Por todo o carinho, chocolates prontos, remédios para dor de cabeça deixados do lado do computador e cafunés de consolo quando pensei que não fosse conseguir, agradeço imensamente à minha mãe, que com seu jeito e garra de sempre, me ensinou que jamais devemos baixar a cabeça para qualquer adversidade. Tudo isso que fiz nesses quatro anos de curso foi pensando nela e não poderia dedicar minha realização para outra pessoa. Obrigada, mãe. Agradeço também à minha irmã, que durante todos esses meses me ajudou a arrumar o quarto e por ordem na bagunça que minha vida estava entrando. Deu tudo certo, viu? Quando a vontade de gritar, sair correndo e chorar escondida foram forte demais, você estava lá para me ajudar. Quando pensei em desistir e quando afirmava que eu não era capaz para essa monografia, você me lembrou o quanto sou boa no que faço e o quanto posso ser ainda melhor. Lucas, por ser um amigo mais que amigo, por ser tão importante e indispensável, por ser o que eu preciso quando eu mais preciso, obrigada. Você foi uma parte indispensável disso tudo. Durante os quatro anos que passei na faculdade criei vínculos afetivos com a mulher que hoje se tornou a minha orientadora. Professora Maria Helena, desde sempre a admirei com tamanha força, me inspiro e sempre continuarei tendo-a como um exemplo a ser seguido. Muito obrigada por todo o esforço que teve comigo, por todos os puxões de orelha, por todas as conversas e sorrisos. Você foi e continua sendo importante para a minha formação profissional e pessoal. Mesmo agora estando longe, jamais poderia deixar de agradecer à professora Cristiane Ventura, que se tornou uma pessoa importante e querida, e me fez descobrir a magia do jornalismo me ensinando o encanto que essa profissão pode proporcionar. À professora Neulza Bangoim, que sempre foi excelente comigo, brigou, - algumas vezes - mas me abraçou quando eu mais precisei, meu muito obrigada. Por último, e não menos importante, quero deixar o agradecimento aos meus gatinhos, sim, todos eles. Jon, Nice, Tekila, Trunks, Morena, Luan e todos os outros que abriguei em casa nesse período. Por todas as vezes que fizeram graça, ronronaram, subiram no meu computador escrevendo algo sem sentido nessa pesquisa, vocês também são especiais na minha vida. A todos que, de alguma maneira, me ajudaram nessa trajetória, deixo meu enorme agradecimento.

A INTERNET COMO FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DO JORNALISMO CULTURAL EM TERESINA

OLIVEIRA, Eliziane de Sousa1

RESUMO A comunicação é mutável e desde quando os seres humanos passaram a habitar este planeta, novas formas de repassar informações estão sendo criadas. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) ampliaram as possibilidades de uso da internet, que por sua vez, se tornou uma ferramenta responsável por grande mudanças na forma de praticar jornalismo cultural. A partir disso, o presente trabalho analisa de que modo a internet atuou como meio para o incremento do jornalismo cultural praticado em Teresina-PI, tendo como locus de pesquisa três sites com conteúdo exclusivamente voltado para os temas culturais. Como aporte conceitual à análise, o trabalho inicia pela contextualização dos conceitos de cultura e internet e a relação que possuem com o jornalismo cultural, em particular o que se pratica em Teresina atualmente. Como norteadores de referencial teórico, a pesquisa traz autores do campo do Jornalismo Cultural, da Cibercultura entre outros para dar conta do objetivo geral de entender como o jornalismo está sendo praticado na internet e como isso influencia na produção de conteúdo e na divulgação da cultura, chegando ao final à compreensão de em Teresina, embora de modo ainda tímido dê sinais de que o jornalismo cultural ganha vigor com a internet.

PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo cultural. Internet. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

1

Graduanda do curso de Comunicação Social com habilitação em jornalismo da Faculdade Estácio - CEUT. Teresina-Piauí/2016.

ABSTRACT Communication is ever-changing and since humans have inhabited this planet, new ways of passing on information are being created. Information and Communication Technologies (ICTs) have expanded the possibilities of using the internet, which in turn has become a tool responsible for great changes in the way cultural journalism is practiced. From this, the following work analyzes how the internet acted as a medium for the growth in cultural journalism practiced in Teresina-PI. As a locus of research three sites with content exclusively focused on cultural themes were used. As a conceptual contribution to the analysis, the work begins by contextualizing the concepts of culture and the internet and the relationship they have with cultural journalism, in particular what is practiced in Teresina today. As a theoretical guide, the research brings authors from the field of Cultural Journalism and Cyberculture among others to give an account of the general objective of understanding how journalism is practiced on the Internet and how it influences the production of content and the dissemination of culture, reaching the end to the understanding of Teresina, although in a still timid way gives signs that cultural journalism gains force with the internet. KEYWORDS: Cultural jounalism. Internet. Online journalism. Information and Communication Technologies (ICTs).

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO……...…………………………………………………………….

1

2. O ENCONTRO ENTRE JORNALISMO E CULTURA ……………………...

5

3. A INTERNET SE TORNOU PALCO PARA O JORNALISMO CULTURAL?......................................................................................................

16

4. ANÁLISE DOS SITES ENTRECULTURA, LADOCULT E REVESTRÉS…..

33

5. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS ...……....…....…………………………... 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …...………………………………………..... 53 ENTREVISTADOS …...…………..………………………………………………….

56

APÊNDICE 1- ENTREVISTAS COMPLETAS ...………………………………....

57

1

INTRODUÇÃO Conhecido como uma especialidade do jornalismo, o jornalismo cultural em sua gênese foi criado para propagar a cultura, costumes, comportamentos, meios artísticos e tudo que envolve um povo de maneira literária ou não. A pretensão inicial desde o seu surgimento, que era de levar a filosofia, pensamentos críticos e debates para espaços públicos e assembleias sociais, persiste até hoje, mesmo que de maneira mais tímida. Os “Segundos Cadernos”, editoria presente em quase todos os jornais impressos do país com grande circulação, foram o pontapé inicial para que o gosto do público com as agendas, críticas, opiniões e textos mais aprofundados e trabalhados, crescesse cada vez mais. O público permanece fiel, mas agora está ainda mais informado com um mundo de informações disponíveis com apenas um clique. Por isso, estão cada vez mais exigente por conteúdo de qualidade e que os façam refletir sobre os assuntos abordados. Os meios que não fazem isso, que não investem nos seus profissionais de jornalismo cultural, terminam por ficar para trás e, por isso, pode-se testemunhar o fim de importantes revistas, colunas e cadernos de cultura em diferentes meios pelo país. Agora a regra é clara, quem não oferece o melhor conteúdo cai no esquecimento. O público é variado, lê desde notícias factuais até artigos científicos, mas nunca deixa de ser crítico e interessado pela cultura em geral. Esse público agora tem a internet à sua disposição, uma tecnologia de comunicação e informação que está mudando a maneira de noticiar e apurar fatos, além de estar presente em diálogos presenciais ou virtuais da vida cotidiana. Agora, as pessoas querem ler nas suas redes sociais o que está acontecendo no mundo, mas querem ter certeza dos fatos acessando portais, sites e blogs jornalísticos. Mesmo que a informação esteja, agora, mais democrática que nunca, o jornalismo ainda é a fonte confiável nesse mundo de informações ilimitadas. Desde o século XIX, época em que o jornalismo cultural chegou ao Brasil, ele não parou de sofrer alterações e avanços que o permitiram ser o que se tornou hoje, uma especialidade do jornalismo que cativa seu público e o mantém informado sem deixar de oferecer o pensamento crítico a tudo que acontece à nossa volta. A contemporaneidade foi adicionada à cultura do jornalismo e, atualmente, ele vai além de críticas sobre espetáculos eruditos ou colunas e agendas culturais.

2

O jornalismo cultural contemporâneo nada mais é que o fenômeno de compartilhamento proporcionado pela internet. São notícias, críticas, textos reflexivos, aberturas a discussões e instigantes histórias que, ao mesmo tempo, seduzem e informam a sociedade. No Brasil, atualmente, existem centenas de sites dedicados para o jornalismo cultural como meio de informar, entreter, valorizar e divulgar manifestações artísticas, culturais e comportamentais para o maior número de pessoas das mais variadas classes sociais e meio em que vivem. Ao abrir algum site de buscas na internet, é possível encontrar colunas culturais em portais de notícias factuais, blogs independentes de jornalistas culturais já conhecidos pelo público, portais de cultura produzidos por jornalistas e/ou entusiastas do segmento e até mesmo fóruns e grupos em redes sociais que estimulam a crítica cultural. O conteúdo não para de ser criado e, muitas vezes, é postado sem uma análise prévia. A internet está sendo denominada de espaço democrático de comunicação, no qual as pessoas são donas do seu próprio conteúdo sem ter a necessidade do auxílio de um editor. A crise no jornalismo cultural chega no momento em que os meios tradicionais pouco investem na prática e os meios digitais ainda encontram-se atordoados sobre o que produzir e como produzir. Por conta disso, esta pesquisa foi desenvolvida para tentar descobrir e esclarecer se a internet está sendo positiva ou negativa para o jornalismo cultural praticado em Teresina, capital do Estado do Piauí. Já que referente ao Brasil, a evolução é notória, mas com a grande necessidade de realizar grandes passos para acompanhar o ritmo do mundo. É preciso refletir e entender conceitos, por isso, o primeiro capítulo desta pesquisa é destinado ao referencial histórico ligado aos conceitos, a fim de explicar o que é cultura no viés antropológico e social. Além disso, traz também, o conceito de jornalismo, sua história e a descoberta do seu poder nas especialidades, uma delas: o jornalismo cultural. Por fim, busca marcar o encontro entre cultura e jornalismo e como isso interferiu na formação da sociedade. Está cada vez mais claro que não só de jornal impresso viverá o jornalismo cultural, por conta disso, a migração para a internet precisa ser estudada. Aqui não será posto em questão os supracitados meios e suas influências, mas o foco será destinado para a plataforma que a internet oferece para todos aqueles que veem nela a oportunidade de difundir a cultura.

3

Logo, o segundo capítulo deste projeto será reservado para a historicidade da internet, com um breve relato sobre o seu surgimento e suas primeiras funções no mundo. Após isso, o conteúdo será voltado para a relação da internet com jornalismo e a comunicação entre pessoas. Para que, então, por fim, a relação da internet e jornalismo cultural possa ser posta em ênfase. Após essa apresentação histórica e conceitual o leitor será levado ao terceiro capítulo, destinado para a pesquisa de campo, análise de rotina produtiva e comparações de três sites de cultura de Teresina, o site Entrecultura, o site LadoCult e o site da Revista Revestrés. Os três concederam entrevista para a realização da pesquisa, todas as perguntas foram iguais e o método de abordagem dos representantes dos sites foi por e-mail. O questionário se deu por construção semiestruturada, logo, a obtenção de respostas era aberta e a critério do entrevistado. As respostas foram usadas como um meio de comparação entre a análise dos sites e o que é feito na rotina produtiva. As pesquisas deste trabalho foram iniciadas com o procedimento de pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos (2010) é um apanhado geral de diversos trabalhos, com respaldo, que contenham dados atuais e relevantes sobre o tema estudado. Quanto ao problema de pesquisa e sua abordagem foi decidido que a maneira qualitativa e o método que melhor supriu as necessidades encontradas e, segundo Ramos; Ramos; Busnello (2005) não é possível ser traduzida em números, ou seja, ela obtém várias interpretações a partir da verificação da realidade com o objeto de estudo. Essa estratégia é apresentada por Diehl (2004) como um meio de descrever a complexidade do problema e questão, classificando todos os processos vividos para obtenção de respostas. Partindo para a parte de execução da pesquisa tem-se a coleta de dados, uma etapa em que se iniciou a aplicação de todos os instrumentos e técnicas selecionadas apresentadas (LAKATOS, MARCONI, 2010). Essa coleta de dados foi realizada a partir de questionários semiestruturados “um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social” (IDEM, p. 178). Todos os questionários aplicados para os três portais estudados foram iguais, salvo ressalva apenas para alteração de formulação de perguntas para o site da Revista Revestrés, que por sua vez mantém revista impressa e site. Os membros

4

dos três portais optaram pelo envio de questionário por e-mail, todos não demoraram mais que uma semana para retornarem contato com as respostas. A pesquisa foi dividida em três etapas. A primeira consistiu na pesquisa bibliográfica, direcionada para a construção dos capítulos um e dois desta pesquisa; a segunda foi reservada para o momento das entrevistas iniciais e aplicação dos questionários e a terceira etapa foi destinada para o processo de elaboração e classificação dos dados - seleção, codificação e tabulação – no capítulo três. Com isso, pode-se adiantar que o problema inicial desta pesquisa foi respondido, mas precisou ser complementado. Isso porque os sites analisados utilizam a internet como uma ferramenta de contribuição para a cultura através do jornalismo cultural, mas ainda não mantém a crítica como base, a atualização frequente como referência e não se exemplam em datas e comemorações culturais para criarem pautas e conteúdos. Poderemos entender esses motivos e resultados no decorrer desta pesquisa.

5

O ENCONTRO ENTRE CULTURA E JORNALISMO

Muito se fala sobre jornalismo, suas especialidades e ferramentas de construção que foram evoluindo e crescendo ao longo dos anos. O jornalismo cultural possui a tarefa de propagar cultura e tratar de conceitos sem o desligamento com as genuínas práticas de produção de notícias. Desde o século XVIII, época retratada como primórdio do jornalismo cultural, com a revista The Spectator (1711), já havia o interesse de falar e discutir sobre livros, festivais, concertos musicais, teatro e até questões políticas (Piza 2004). Antes de falar sobre o jornalismo cultural em si, considera-se relevante a contextualização histórica e conceitual do que se entende por cultura. É preciso entender os conceitos sociais e antropológicos que o termo cultura carrega consigo, para que então o jornalismo possa ser estudado. Nessa mesma época, os estudos sobre cultura (ainda não reconhecida como tal) estavam em alta. No final do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo utilizado por pesquisadores era germânico, Kultur, em que envolvia e simbolizava todos os aspectos espirituais de uma comunidade. Nessa época surgiu ainda, uma palavra francesa, Civilization que denominava além dos aspectos espirituais, as realizações materiais, que estavam além do conceito atribuído a Kultur. (Laraia, 2008). Apenas no século XIX o termo Culture foi utilizado pela primeira vez por Edward Tylor (1832-1917), antropólogo britânico, que ampliou o sentido etnográfico da palavra e conceituou cultura como sendo “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. (Tylor, apud, Laraia, 2008, p.25). A partir daí uma só palavra foi capaz de abranger tudo que o homem é capaz de realizar e produzir, além do que pode aprender e repassar com ensinamentos e convivência social. Com toda essa abrangência, logo foi possível perceber que o termo cultura estava sendo equiparado ou, muitas vezes, igualado com o termo arte pelo senso comum. Por serem ambos do povo e produzidos por uma sociedade, os dois significados passaram a andar junto em muitos estudos de cultura ou arte. Em seu livro “A sociedade do espetáculo”, Debord (1997) explicita seu posicionamento na relação de cultura e arte. Para ele, cultura e arte precisavam se

6

unificadas, são expressões que se completam e formam a sociedade. Porém, segundo Rosa (2013), entre as décadas de 1950 a 1970 muitos artistas e intelectuais queriam propor a ideia de separação, a qual afirmava que cultura era um espaço de representação total da liberdade e a arte como um caminho para transformações. Para esclarecer, Debord afirma que “cultura é a esfera geral do conhecimento e das expressões do vivido” (Debord, 1997, p. 119). A cultura fica aqui, então, como algo que unifica as pessoas com suas tradições e convívios sociais, fazendo a ligação entre o modo de ser, pensar e agir. Nesse conceito, a arte ficaria como a representação dessa sociedade, que frequentemente sofre rompimentos e ligações culturais. Atualmente, Otília Arantes (2005), citada por Rosa (2013), considera que seja inocente afirmar que a arte está separada da cultura, pois hoje em dia ‘tudo é cultural’, mas que nem por isso devemos voltar ao passado e à época moderna para encontrar soluções para tais questionamentos. Como solução ela aponta que é preciso entender e trabalhar com a ‘convergência’ entre arte, cultura e economia. Arantes (idem) resume seu posicionamento, considerando que: [...] a partir da desorganização da sociedade administrada do ciclo histórico anterior, cultura e economia parecem estar correndo uma em direção da outra, dando a impressão de que a nova centralidade da cultura é econômica e a velha centralidade da economia tornou-se cultural, sendo o capitalismo uma forma cultural entre outros rivais. O que venho tentando mostrar é que a cultura hoje em dia não é o outro ou mesmo a contrapartida, o instrumento neutro de práticas mercadológicas, mas ela hoje é parte decisiva do mundo dos negócios e o é como grande negócio (ARANTES, 2005, apud, ROSA, 2013, p. 73).

Esse conceito, para o fim do tratamento entre a separação de cultura, economia e arte, é embasado por Lipovetsky e Serroy (2001), é como se surgisse uma outra cultura, uma nova visão de enxergar os produtos culturais. A “culturamundo” (Idem) abre novos caminhos para a cultura, arte e economia, caracterizando-os como um verdadeiro setor econômico que está em grande expansão. Os autores acreditam que existe uma real necessidade para que as pessoas, que convivem em grupos, sociedades e comunidades consigam de volta para si o papel principal de suas decisões. Tomando esses conceitos de Lippovetsky e Serroy (2001) como referência, é possível afirmar que o papel do jornalista cultural se encaixa na ideia de responsabilidade individual cunhada por eles, pois passa a

7

ser em grande medida deste profissional, a responsabilidade de criar situações e externar para os mais diferentes públicos, o senso crítico e a sensibilidade de enxergar além do óbvio, como sendo algo verdadeiramente positivo para quem se arriscar a praticar este desafio. Como visto, o jornalismo cultural foi emergindo em meados do século XVII na Inglaterra. Eram grandes escritores, ensaístas e artistas plásticos que colaboravam com textos, críticas, histórias e desenhos ilustrativos nas páginas mais requisitadas de revistas e jornais. No Brasil, a realidade do jornalismo cultural veio se consolidar apenas no final do século XIX e início do século XX. Piza, 2004, p. 33, não mede palavras para dizer que “o Jornalismo cultural brasileiro amadureceu tardiamente”, mesmo sendo uma expressão aparentemente negativa, hoje em dia é o que podemos chamar de realidade. Mesmo com a demora de séculos para consolidar-se no Brasil, o jornalismo cultural nasceu bem representado, nomes como Machado de Assis e José Veríssimo, grandes escritores da literatura brasileira, deram sua forte contribuição para as publicações culturais, é a partir desse momento que os jornais começam a ponderar espaços para as colunas culturais, críticas, crônicas e ilustrações. Em 1928 surgiu a revista que pode ser considerada o marco da história do jornalismo cultural no Brasil, a revista O Cruzeiro. Mário de Andrade foi um colaborador, e contribuiu para que a revista fosse um sucesso nacional. “A revista marcou época, lançou o conceito de reportagem investigativa e deu enormes contribuições à cultura brasileira” (Piza, 2004, p. 33). Os contos de José Lins do Rego, artigos de Vinicius de Moraes, as ilustrações de Anita Malfatti, as colunas assinadas por Rachel de Queiroz foram o complemento perfeito para fazer dos anos 1930 e 1940, o ano da revista O Cruzeiro, redigida, de acordo com Daniel Piza (2004, p. 32-33) com conteúdo “inteligente e de qualidade”, que possuíam a capacidade de dialogar com todos os tipos de público. Esta capacidade é o que marca o pensamento de Tobias Peucer, considerado como o primeiro teórico de jornalismo, que escreveu há mais de 300 anos, a frase celebre sobre a função do jornalismo: “que todos entendam e que os eruditos respeitam” (PEUCER, apud, MELO, sem data, p.1). O que se quer reforçar é que não basta que existam meios para propagar o jornalismo e muito menos que haja apenas os escritores, é preciso que se escreva bem, mas que todos possam entender. Essa ‘regra’ é levada em todos os âmbitos do jornalismo, incluindo o

8

cultural, cujas especificidades podem indicar com mais vigor esta necessidade, já que é por meio dele que se veiculam as notícias relacionadas com temas muitas vezes complexos e distantes da realidade de grande parte da sociedade, como por exemplo, a crítica sobre as diversas manifestações de arte. Essas especificidades levam a que se perceba dentro das redações a existência dos chamados profissionais ‘híbridos’, em referência aos jornalistas culturais, que muitas vezes são jornalistas e escritores literários. Com isso, seria possível explicar porque os grandes literários do passado sentiam-se atraídos por escrever em jornais seus contos e crônicas, como explica Piza (2004, p. 33) Aqui, porém, cabe o papel da crônica no jornalismo cultural brasileiro. Se a tradição local em jornalismo literário – reportagens mais longas e interpretativas, perfis, etc. – é pequena, o gosto nacional pelas crônicas, até certo ponto, sempre foi uma forma de atrair a literatura para o jornalismo, praticada por jornalistas, escritores, e sobretudo por híbridos de jornalista e escritor.

Com isso, acontece um casamento perfeito entre literatura e jornalismo. Os ingredientes necessários para fortalecer o movimento e despertar a vontade de produzir matérias com melhores conteúdos, com apuração profunda dos dados e com a característica literária que é a ‘cereja do bolo’ para seduzir e prender o leitor, mesmo que sejam reportagens maiores, crônicas ou críticas literárias. A crítica não poderia ficar de fora do jornalismo cultural brasileiro, entre as décadas de 40 e 60 o estilo de naturalizou e firmou raízes das revistas culturais e seções de jornais impressos. Nomes como Álvaro Lins (1912-1970) e Otto Maria Carpeaux (1900-1978), foram um dos críticos mais importantes da época, marcando presença em redações e guiando outros profissionais para o mesmo caminho (Piza, 2004). Somente na década de 50 os jornais impressos brasileiros criaram o caderno de cultura, com seções fixas durante todos os dias da semana e versões estendidas aos finais de semana. Piza 2004 afirma que as atualizações no jornal JB, tanto na diagramação quanto no estilo da escrita, renderam no surgimento do lead brasileiro e a criação do Caderno B, que tinham edição e diagramação diferenciados das demais páginas e contavam com publicações de grandes nomes como Clarice Lispector, Ferreira Gullar, Mário Faustino e outros que propagaram o jornalismo cultural daquela geração.

9

Após

todo

esse

percurso,

o

jornalismo

cultural

encontra-se

na

contemporaneidade nas mãos de jornalistas experientes e de jovens, ambos entusiastas do estilo. Uma tarefa árdua, pois manter a qualidade de nomes do passado necessita de esforço. São novos desafios para a formação do jornalismo cultural atual, pois até mesmo o sentido de cultura foi sofrendo significativas alterações ao longo dos anos e, em especial, hodiernamente. Segundo Melo, (sem data, p. 3) essa mudança implica no que se entende por jornalismo cultural, pois agora ele possui novos elementos para definir as práticas sociais, por isso é fundamental que a formação do jornalista seja atualizada, sendo capaz de abarcar essas mudanças. Entre esses desafios para a formação dos futuros jornalistas culturais, temos: a abordagem de temáticas clássicas (política, economia e etc), por meio de um olhar cultural/reflexivo; a inclusão de novas temáticas, que ganham status cultural: objetos/design; moda/comportamento e culinária, além do desafio de tratar sem preconceito e com profundidade os objetos da Indústria Cultural.

No jornalismo cultural praticado atualmente há duas grandes vertentes que se distinguem e se complementam ao mesmo tempo. A dita grande imprensa trata do jornalismo cultural como algo comercial, fazendo questão de desconectar conceitos históricos e a possibilidade de críticas, para apenas transgressão superficial de vender cultural. Por outro lado, os pequenos portais, muitas vezes alimentados por jovens jornalistas ou entusiastas do jornalismo cultural, querem manter aquela pequena chama acesa, contar histórias de forma literária e libertar o senso crítico de uma comunidade. Sobre os leitores das páginas culturais de jornais, periódicos e revistas, Piza (2004, p.7) afirma que, apesar do espaço perdido ao longo dos anos, “as seções culturais dos grandes jornais continuam com as páginas mais lidas e queridas” e que, além disso, “o jornalismo cultural vem ganhando mais e mais status entre os jovens que pretendem seguir a profissão” É certo que todas as relações e práticas entre pessoas e suas comunidades podem ser caracterizadas como cultura, porém, o jornalismo cultural não se encarrega de reproduzir e divulgar todos estes fatos. Ao passo em que uma empresa de comunicação prioriza cada espaço de matérias, fatos considerados corriqueiros não terão vez e, muito menos, espaço.

10

A teoria do newsmaking é capaz de explicar o motivo pelo qual existe uma espécie de ‘peneira’ para os fatos. Segundo Wolf (1999) a noticiabilidade pode ser definida como um conjunto de elementos controlados pela empresa de comunicação, é ela que seleciona e gera as notícias e, a partir dos fatos, pode-se definir os valores-notícia – como que para qualificar as mais importantes das outras – e assim gerar a rotina de produção industrial. O jornalismo especializado não ficaria excluído deste modelo. Logo, os espaços para cultura, esportes, saúde, educação e etc. são cuidadosamente estudados, por serem costumeiramente reduzidos, para que as notícias mais relevantes e consideradas vendáveis possam ser incluídas nos cadernos de jornais impressos e nos blocos de rádio e telejornalismo. O jornalismo cultural já não é como antes e vem perdendo seu poder de influência ao longo dos anos. Ao fazer essa observação, Piza (2004) expõe que, historicamente, a força e espaço estão sendo perdidos mesmo pelos principais críticos e autores que se dedicam ao jornalismo cultural. O fenômeno ‘previsto’ acontece em grandes e pequenos meios, nos quais insistem em classificar o gênero como secundário ou menos importante que os demais. O que o autor chama de incômodo se refere ao tratamento que os meios destinam para o jornalismo cultural, como se deixassem ele cair no esquecimento, ignorando o papel formador e rico em detalhes os cadernos culturais possuem. Os “segundos cadernos” têm uma importância para a relação do jornal com o leitor – ou, mais ainda, do leitor com o jornal – que é muito maior que se supõe. Além disso, há uma riqueza de temas e implicações no jornalismo cultural que também não combina com seu tratamento segmentado; afinal, a cultura está em tudo, é sua essência misturar assuntos e atravessar linguagens (PIZA, 2004, p. 7).

A segmentação do jornalismo cultural está cada vez mais significativa, são jornais impressos, programas de televisão, rádio e sites na internet que buscam a todo custo incluir o agendamento cultural, fofocas de artistas e colunas sociais como uma prática de jornalismo cultural. É certo que ele existe em virtude de uma demanda social, segundo Marques de Melo (1991), as pessoas possuem necessidade de saber o que ocorre pelo mundo e isso se torna um fator exponencial para a construção de elos com seus grupos e ambiente em que vivem, mas não somente com notícias de política, economia e polícia isso será concretizado; todos precisam de informações sobre artes, shows, livros e críticas literárias.

11

Desde o século XVII, data em que as primeiras formas de práticas do jornalismo cultural foram datadas, os críticos e intelectuais exerciam opiniões sobre peças de teatro, livros de dramaturgos e romancistas e os publicavam em tabloides que eram distribuídos pela cidade. Piza (2007) afirma que somente no final do século XIX que o jornalismo cultural passou a se transformar e mudar suas formas de aplicar críticas e opiniões sobre obras artísticas dos mais variados segmentos. Um dos grandes desafios dos jornalistas culturais é conseguir transpor a barreira da simples contemplação, para os possíveis entendimentos que a arte, os costumes e tudo aquilo que a cultura envolve, nos querem realmente passar. Mas para que isso aconteça não é necessário somente que existam produtos culturais e/ou centenas de possíveis histórias a serem contados, é preciso ter quem as conte. Piza (2009), em um ensaio público, afirma que público para consumir o jornalismo cultural nunca deixou de existir e, dificilmente, deixará. A grande questão é que o público mudou, são ativos culturalmente e possuem uma vida corrida, o que significa que os textos precisam ser sedutores, ricos e cheios de pontos que levantam questões sobre o cotidiano. Esse público é bem informado e requintado que leva uma vida cultural ativa ― ouve jazz no iPod, vai a exposições em outros países, frequenta as grandes livrarias, assiste a documentários no cinema ― e que pode, portanto, ser capturado pela crítica bem elaborada, pela entrevista bem pensada. Desde, naturalmente, que elas sejam feitas (Piza, 2009, p. 3).

Essa mudança resultou no aparecimento do ‘meio social’ no jornalismo cultural, fato que foi capaz de promover uma desordem no verdadeiro conceito de formar e informar do gênero cultural. Teixeira afirma que, “muitas vezes, o jornalismo cultural trabalha a cultura mais como produto do que como processo cultural” (TEIXEIRA, 2012, p. 2-3). Sabendo disso, é válido lembrar que há uma estreita relação do jornalismo cultural com a própria indústria cultural, como se vê a partir do que prega “a célebre teoria de Adorno e Horkheimer que lamenta a redução do produto cultural à simples condição

de

mercadoria



em

seus

mais

diversos

níveis:

fonográfico,

cinematográfico, editorial etc” (TEIXEIRA, 2012, p. 3). Segundo Alzamora (2007) a partir do século XIX o gênero passou a se identificar com uma dicotomia que permanece perceptível até os dias de hoje e que ao lado de uma tendência opinativa, relacionada à abordagem acadêmica e ensaística dos fatos culturais, observou-se o surgimento

12

de outra tendência, não especializada e voltada para aspectos noticiosos dos fatos culturais. Com base nessa dicotomia surgiram, em meados do século XX, os cadernos diários de jornalismo cultural, não especializados e noticiosos, e os cadernos semanais, predominantemente acadêmicos e ensaísticos (ALZAMORA, 2007, p. 2).

Antes mesmo que o jornalismo e suas posteriores especificidades fossem praticadas, existiu uma época em que informações eram divulgadas, mas sem a completa noção de que aquilo era jornalismo. A partir do momento em que passou a ser reconhecido como tal, criou-se a ideia de clareza para a prática, toda notícia produzida deveria ser clara, simples, mas rica de informações. Com o jornalismo cultural o conceito não foi muito alterado, desde os seus primeiros registros via-se a necessidade de escrever a crítica sobre espetáculos, livros e debates filosóficos e sociológicos, mas que toda a população pudesse interpretá-los. Piza (2004) afirma, entretanto, que o conceito propagado a respeito de que produzir jornalismo cultural seja fácil, deve ser rebatido. Esse jornalismo deve sim receber um tratamento diferenciado, mas sem que esteja atrelado a ideia de textos simplistas e opiniões rasas. No começo do século XIX a industrialização já estava dominando a Europa, com isso as práticas de ensaios e críticas ganharam força, conquistando maior público, o que os tornava ainda mais influentes. Graças a Sainte-Beuve (1804-1869), um dos críticos mais importantes da época, o jornalista cultural passou a ganhar status. Ele produzia colunas semanais para o jornal Le Constitutionnel, como as que são possíveis de se ver até nos dias atuais, em modelos parecidos de colunas e rodapés literários de grandes jornais impressos do país (PIZA, 2004). Segundo Rosa (2013), hoje o que podemos chamar de jornalismo cultural, principalmente aquele praticado por grandes empresas de comunicação, são as divulgações, promoções e pequenas análises sobre produtos e/ou produções culturais, mas que há esperança para que as produções possam ir além, em que o jornalista possa “tecer a vida cotidiana não só mostrando comportamentos, costumes, crenças e tradições, mas também, e principalmente, observando as nuances da(s) cultura(s) em transformação seus conflitos, suas relações de troca. (ROSA, 2013, p. 69-70). Para que isso aconteça o profissional precisa ser atento e, ao mesmo tempo possuir sensibilidade para refletir sobre a realidade vivenciada pelas pessoas e seus

13

grupos sociais, conseguindo captar ângulos ‘fora do comum’ do cotidiano, e principalmente sabendo diferenciar cultura, arte e consumo (ROSA, 2013). O jornalismo cultural vive um momento contraditório. É o que aponta Piza (2009), porque de um lado existe a sua supervalorização, com público exigente e aspectos contemporâneos que influenciam para isso, e do outro é possível observar a perda de sua essência, e que a boa qualidade é deixada para segundo plano. A principal responsável por isso é a própria indústria cultural, em tempos que as produções e atividades artísticas e culturais estão cada vez mais presentes em todas as classes sociais. A convergência de mídias – televisão, internet, impresso – estão influenciando diretamente na maneira de interpretação dos leitores. Agora, o público quer que “o jornalismo que os oriente, que os ajude a filtrar o que ver ou não ver. Mas ele tem falhado. Está alinhado com a mentalidade publicitária, da “divulgação”, e rebaixado à prestação de serviço, de escassa criatividade” (PIZA, 2009, p. 1). No meio dessa indústria cultural, com produções ininterruptas e visão de publicidade e vendas, ainda existe o preconceito e a segregação entre “culturas”, como se existisse uma ‘mais alta’ e outra ‘mais baixa’, a primeira considerada erudita e merecedora de críticas e espaços nos meios de comunicação, e a segunda considerada popular, feita para as massas e, aparentemente com menor importância para serem mediadas. Esse pensamento resulta em uma espécie de designação de arte, em que, segundo Melo (sem data), os artistas merecem o tratamento mais crítico, analítico e interpretativo que o jornalismo cultural pode oferecer, ao contrário dos produtos da indústria cultural, feitos para entreter a massa (novelas, programas de auditório), que sempre são alvos de críticas negativas em espaços de revistas de fofoca e agenda de eventos. Porém, essa realidade vem sendo mudada com a própria comunicação, ao invés desses fatores serem discrepantes, eles fomentam o diálogo e o movimento comunicacional. Nesse espaço essa diferença passa a ser vista como positiva e o jornalista cultural tem total ‘culpa’ nessa conquista. As ‘culturas’ estão se misturando, elite e popular estão juntos, a ópera toca com a escola de samba, o balé interage com o forró e etc.

14

Essa situação foi discutida ainda em 1982, na Conferência Mundial sobre Políticas Culturais, após as evidentes transformações no entendimento sobre cultura, eles conceituaram o termo como um conjunto dos traços distintivos – sejam materiais, espirituais, intelectuais ou afetivos – que caracterizam um determinado grupo social. Além das artes, da literatura, contempla, também, os modos de vida, os direitos fundamentais do homem, os sistemas de valores e símbolos, as tradições, as crenças e o imaginário popular (CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE POLÍTICAS CULTURAIS, 1982, apud, MELO, sem data, p. 4).

Definir jornalismo cultural, implica passar por todos os seus vieses e características já mencionadas, mas, além disso, é preciso ter os olhos abertos para a flexibilidade e democracia na divulgação dos fatos. A evolução começa com o abandono de conceitos ultrapassados, evitando a distinção de cultura erudita e cultura da indústria cultural, termo este criado pelos filósofos e sociólogos alemães, Adorno (1903 – 1969) e Horkheimer (1895 – 1973), a fim de buscar entender a relação da arte na sociedade atual. Após esse abandono, um ponto principal do jornalismo cultural é levar o caráter reflexivo e sem burocracias sobre o que falar e como falar, sobre o espaço cedido e pelo possível público que será atingido. Não importa qual seja a demanda, artística ou mercadológica, o jornalista cultural deve sobrepor esses empecilhos e realizar seu trabalho como formador de opinião. Desafios diários fazem parte da profissão de jornalista, mas mesmo com todos os impedimentos mercadológicos que gerem os meios de comunicação, é possível encontrar espaço, público e interesse nos assuntos culturais. Atualmente uma ferramenta de comunicação está se tornando uma válvula de escape para muitos profissionais que desejam propagar informações de cultura, arte, críticas e entretenimento. Ao se considerar a prática desse jornalismo cultural em um ambiente virtual, como a internet, percebe-se que a exigência de profissionais com visão ampla e diferenciada, texto sedutor, interativo e livre de tabus são características essenciais ao jornalismo cultural praticado na plataforma. É para esse palco que o jornalismo está migrando e se complementando. É para o caminho da hipertextualidade e do espaço ilimitado que os olhares estão se voltando. Todo o contexto histórico do jornalismo foi responsável pelo caminho trilhado até os dias atuais, resta saber se

15

essas mudanças são positivas e responsáveis pelo crescente público que acessa sites, blogs e portais culturais.

16

A INTERNET SE TORNOU PALCO PARA O JORNALISMO CULTURAL? Apresentando o jornalismo cultural como uma maneira de mediação social, ou seja, que propaga e absorve cultura para a sociedade, abre-se novos caminhos para questionamentos com a relação que as pessoas possuem atualmente com a internet e como isso poderá influenciar na maneira de produzir notícias, sejam elas no meio impresso, seja no meio virtual. A internet chegou para realizar um novo marco na comunicação mundial. Segundo Marcondes Filho (2000, p. 9) “a história do jornalismo reflete de forma bastante próxima a própria aventura da modernidade”. Todo o caminho que o jornalismo e o jornalismo cultural enfrentam, refletem diretamente no teor e estilo dos conteúdos produzidos. Basicamente, a própria cultura de uma sociedade serve de intermédio para isso, as pessoas passam a valorizar outros fatos, outras formas de ler e ver as notícias e o que querem ver como notícia. Da mesma forma que cultura e jornalismo foram contextualizados e conceituados, considera-se importante trazer a internet com sua história, conceitos e as relações diretas que possui com a comunicação. Hoje em dia é muito fácil estar conectado e acessar portais, blogs e notícias do mundo todo, mas é preciso entender o caminho percorrido até chegarmos a esse ponto. Segundo o dicionário Aurélio (2001), a internet pode ser entendida como um “conjunto de redes de computadores ligadas entre si. Rede de computadores de âmbito mundial, descentralizadas e de acesso público, cujos principais serviços oferecidos são o correio eletrônico e a Web” (FERREIRA, 2001, p. 397). A grande conquista das últimas décadas em tecnologia foi a criação da rede mundial de computadores, a atual internet, tão comentada nos dias atuais. O fato de estar presente no dia a dia de grande parte da população, não significa que ela seja compreendida com sua total magnitude. Segundo dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2014, atualmente existem cerca 95,4 milhões de brasileiros acessando a internet, seja por computadores ou por dispositivos móveis. Esse conjunto de redes nasceu devido a soma de muitas pesquisas e pequenas conquistas de cientistas do século passado. Carvalho (2006) contextualiza que desde a II Guerra Mundial houve o desenvolvimento dos computadores para realizar cálculos e descriptografar mensagens relacionadas ao movimento. Logo

17

após, com a Guerra Fria, foi possível documentar o aperfeiçoamento dessas ferramentas, para que tivessem mais precisão e controle sobre os cálculos realizados. Nessa época, a verba destinada para pesquisa e desenvolvimento tinha cerca de 90% investido em pesquisas militares relacionadas à tecnologia. A partir da década de 1950 que os olhos dos grandes Estados mundiais passaram a destinar atenção especial para os computadores e suas oportunas funções. Dessa data até meados dos anos 1990 houve grandes revoluções tecnológicas, conduzidas por centros de pesquisa de governos do mundo todo, principalmente na América do Norte e Europa. Uma série de projetos criados nessa época são os maiores responsáveis por toda tecnologia e conhecimento sobre internet que o mundo possui atualmente. Carvalho (2006) cita Edwards (1996) para listar os principais: -

Projeto Charles: recomendou a construção do Laboratório Lincoln operado por militares;

-

Nesse laboratório criam, em 1954, um projeto visionário denominado de Semi-Automatic Ground Environment (SAGE) I, para criar e implantar sistemas de defesas contra aviões inimigos;

-

O SAGE se estendeu para projetos como a MIT Research and Engineering Corporation (MITRE); a SANTIN para coordenar o projeto de um sistema automático de controle de tráfego aéreo e para o SABRE Semi-Automatic Business-Related Environment. É fato que os estados Norte-Americanos investiram bastante em avanços

tecnológicos, todas essas revoluções foram refletidas diretamente na maneira de nos comunicarmos. Carvalho (2006, p.11) relata que após todo esse contexto, surgiram as “redes de comunicação por comutação de pacotes”. Então cita a Mark I que “teve sua importância no futuro das redes de computadores bastante diminuída após o surgimento (e expansão) da ARPANET” (Carvalho, 2006, p.14, apud, ABBATE, 2000 p. 35). A partir disso, pode-se começar a falar sobre a relação de tecnologia, internet e comunicação. Segundo Wolton (1999) citado por Bianco (2013), devemos concordar que as tecnologias influenciaram na organização e reestruturação jornalística e na maneira de guiar a rotina de trabalho. No entanto, avalia que as

18

tecnologias digitais não provocaram mudanças profundas nos valores consagrados do jornalismo praticado atualmente. Explicando seu pensamento, Wolton 1999, expõe que a imprensa continua a mesma e que a mudança foi apenas de forma, de linguagem, que em nada abalou os princípios basilares do jornalismo. Por mais forte que seja, uma inovação tecnológica não leva consigo mecanicamente uma transformação profunda do conteúdo das atividades (WOLTON, 1999, p. 268-269, apud, BIANCO, 2013, p. 1).

Bianco (2013) considera esse argumento parcialmente válido, principalmente nos dias atuais, momento em que a internet ganhou força e mostrou a todos que a sua natureza de sua transformação é muito mais forte que as outras tecnologias já conhecidas no mundo. No jornalismo, a adoção do uso de tecnologias da comunicação estão além do simples fato de mudar a forma de apurar os fatos e escrever notícias, a internet chegou para balançar as práticas base jornalismo tradicional, fortalecendo a ideia de que quem não se atualiza corre o risco de ficar para trás. Mesmo com todo o avanço e a democracia no espaço da internet, fica visível que o jornalismo cultural anda a pernas bambas quando se fala em críticas culturais. A prática que consagrou o jornalismo cultural é, hoje, um dos motivos do seu enfraquecimento. A deficiência do senso crítico é amplamente julgada e questionada, principalmente pelo fato de que, o jornalismo cultural nasceu para intensificar debates e formar opiniões críticas. Marcondes Filho (2000) apresenta críticas e opiniões para este ‘novo modelo’ de jornalismo com o argumento de que “o jornalismo da nova era (...) não traz mais o conflito, a polêmica, a discussão, o choque de ideias. Sua função atual é harmonizar com a frequência modulada dos consultórios, mas sob a linguagem da inovação”. (FILHO, 2000, p 63) Podendo ser classificados como formatos emergentes, os blogs, plataformas de fóruns e discussões, agendas eletrônicas e meios digitais passaram a receber um grande fluxo de informações culturais. Pessoas interessadas no ramo passaram a ver a internet como espaço ‘gratuito’ e democrático para publicações completas, críticas e sem a interdependência de linhas editoriais, ou os poucos segundos da televisão e rádio e as páginas reduzidas.

19

Desde a década de 1970 as novas tecnologias da comunicação e informação passaram a completar o ambiente social de pessoas pelo mundo. Neste começo de revolução tecnológica ainda não era possível mensurar a força que, mais tarde, essa nova maneira de trocar informações iria desenvolver. Lévy (1999) afirma que nesse período surgiram novas possibilidades para o meio econômico e social, no qual as empresas passaram a enxergar novos caminhos para a área de novas tecnologias, principalmente as comunicacionais. Desde essa época, a busca por ganhos de produtividade e rentabilidade por meio de meios e aparelhos eletrônicos foi crescendo, a “rede de comunicação de dados aos poucos foi tomando conta do conjunto de atividades econômicas. Essa tendência continua em nossos dias”. (LÉVY, 1999, p. 31) No período de 1970 até por volta de 1990 as conexões digitais passaram por um processo de expansão rápido e contínuo, no qual, principalmente os jovens, tiveram grande papel nessa fomentação. Lévy (1999) observa que esse processo não foi planejado, e que “as diferentes redes de computadores que se formaram desde o final dos anos 1970 se juntaram umas às outras”, (LÉVY, 1999, p. 32). Esse processo resultou no aumento no número de pessoas e de computadores conectados à inter-rede. As tecnologias digitais surgiram e formaram a estrutura do ciberespaço, formando um novo espaço de comunicação, socialização, organização e um novo nicho de mercado para a informação e o conhecimento. (LÉVY, 1999). Atualmente as tecnologias da comunicação e informação fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas no mundo inteiro, nas quais sentem a necessidade crescente de se socializar virtualmente e interagir com pessoas do mundo inteiro. Essa troca de experiência será capaz de propagar o jornalismo cultural nas mais diferentes esferas sociais. É possível constatar que, independentemente do local em que esteja inserida, a comunicação digital irá crescer, se desenvolver e lutar para não se tornar obsoleta. Da mesma forma que jovens se uniram na década de 1970 para compartilhar suas informações através da rede, hoje em dia as pessoas se veem cercadas de conteúdos online e com a necessidade de compartilhá-los. Segundo Padilha (2012, p 33) “a expansão do número de cidades digitais é muito importante para o webjornalismo”. Isso resultará em efeitos diretos nos

20

acessos e números de leitores que determinado portal terá nos seus bancos de dados. O que não se deve relegar é que, embora as cidades digitais sejam elementos da geografia do ciberespaço, seus habitantes vivem em cidades situadas em território geográfico carregado de cultura, e a partir de onde são materializados os produtos. (PADILHA, 2012, p. 33)

O conceito de interação foi totalmente transformado, hoje em dia um único emissor ‘solta’ a informação na rede e ela, sem poder de controle do seu criador, se torna um viral e é vista, lida e compartilhada por centenas de pessoas no mundo, muitas até que nunca irão conhecer o autor de tal conteúdo. A ideia de um espaço físico ou geográfico é quase inexistente no mundo virtual,

nele

as

comunicações

e

socializações

digitais

oferecem

novas

possibilidades, novos caminhos e novas aberturas para outras culturas e movimentos. A cultura tem fortes ligações históricas, pessoais e geográficas, trabalhar em um veículo de comunicação algo cultural e que permita reconhecimento e satisfação requer um trabalho denso e específico. Padilha (2012) afirma que “um acontecimento antes de ser histórico é geográfico e tem uma relação muito estreita com a cultura que opera no fato e na sua narrativa” (PADILHA, 2012, p. 33). O local onde a cultura acontece é o principal meio que o conecta com o seu povo, querendo ou não sempre haverá uma ligação intrínseca com uma determinada população e seus costumes, crenças, manifestações artísticas e tudo mais que possam envolver o berço cultural de uma sociedade. Para Lemos (2010) existe um conceito para a internet e tudo que ela possa atrair para o seu meio, é como “uma estrutura telemática ligada a conceitos como interatividade, simultaneidade, circulação e tactalidade” (LEMOS, 2010 p. 137). A internet pode se tornar a união perfeita entre emissor e o receptor, no qual recebe as mensagens produzidas, traduzem, modificam e as transmitem novamente. Além disso, é possível observar que há simultaneidade, fato que consiste em várias ações realizadas ao mesmo tempo. Neste ponto encontra-se outro desafio para produtores de conteúdos em mídias digitais, pois a internet é cheia de caminhos que podem levar o seu leitor participante para outros sites e até mesmo para assuntos diferentes. Será de

21

responsabilidade de toda a produção preparar um bom conteúdo que possa prender seus leitores e os fazerem voltar. O mundo virtual e a digitalização estão transformando a maneira de se produzir notícias, o leitor da internet não é o mesmo leitor do jornal e, muito menos, do ouvinte de rádio. Segundo Jeronimo (2011) um dos primeiros ensinamentos que um jovem jornalista recebe para produzir uma notícia são as técnicas da pirâmide invertida. Das redações de média ou de agências noticiosas, passando por organismos externos, como agências ou gabinetes de comunicação, todos seguem esta técnica de construção da notícia. Mas o autor argumenta que com o aparecimento do ciberjornalismo - ou webjornalismo -, há quem questione sobre a sua adequação. “Se há quem defenda a técnica da pirâmide invertida há quem a considere limitada para o novo meio, e ainda quem lhe perspetive o fim” (JERONIMO, 2011, p. 61-62). Mas ele aponta que “a utilização da pirâmide invertida é assim apontada como a técnica de redação ciberjornalística mais adequada sobretudo para notícias de última hora (breaking news)”, (JERONIMO, 2011 p. 63). Essa teoria pode se adequar perfeitamente para as notícias ‘flash’, que são constantes na internet, curtas, rápidas e frequentemente atualizadas. O jornalismo cultural pode sofrer algumas alterações, nas quais as suas notícias sejam mais aprofundadas e, quando não, devem ser tratadas de maneira diferente porque são para um público diferente formado por pessoas que querem realmente conhecer um pouco mais daquilo que está sendo tratado, e não simplesmente ficar por dentro de uma agenda ou se informar sobre críticas culturais de determinados espetáculos. As linhas produtivas em redações variam de acordo com o meio, o público e o conteúdo que será veiculado. Mauro Wolf (1987) afirma que, dentro da teoria da comunicação denominada gatekeeper, as notícias surgem a partir de expectativas, orientações e valores profissionais. O público é fator predominante, porém não é o único que deve ser levado em consideração ao produzir conteúdos. Pouco conhecidos pelos jornalistas, “o contexto profissional-organizativo-burocrático circundante exerce uma influência decisiva nas escolhas dos gatekeepers” (WOLF, 1987, p. 181). Segundo Wolf (1987) é possível definir a noticiabilidade como um conjunto de elementos controlados e gerados por órgão informativos e, a partir disso será

22

possível selecionar quais entrarão ‘no ar’. Até mesmo o jornalismo cultural, necessita de apoio nas linhas organizacionais, que vai desde o estilo do conteúdo até a maneira de como e para quem será veiculado. Os critérios de noticiabilidade são avaliados a partir dos valores notícias, estes necessitam de um certo rigor e organização predominante. Wolf (1987) escreve que “a lógica de uma tipificação que tem por objetivo atingir fins práticos de uma forma programada e que se destina, acima de tudo, a tornar possível a repetitividade de certos procedimentos” (WOLF, 1987, p. 181). Desde a década de 1990, época em que a internet estava se tornando acessível para mais pessoas em todo o mundo, pode-se constatar impactos na comunicação. Alzamora (2005) afirma que, nesse período, o que mais marcou o jornalismo cultural foi a maneira que cada publicação era feita a partir do impacto sociocultural que causaria na internet. Essa mudança pragmática deriva de todo o histórico que a internet possui até chegar ao que é hoje. A conectividade que a internet proporcionou - e ainda proporciona - rendeu a proliferação de sites, portais e blogs com conteúdo cultural que, segundo Alzamora (2005), estão desempenhando função semelhante daquele jornalismo cultural praticado no século XX. Essas páginas na internet são produzidas, muitas vezes, por cidadãos comuns - diga-se não jornalistas - e possuem divulgação de agenda cultural de shows e espetáculos de teatro e dança, contam com críticas para filmes e concertos musicais/teatrais, noticiam sobre fatos culturais de todo o país e ainda possuem fóruns com a participação direta dos leitores. Com a chegada do novo século, a sede por novas descobertas ficou ainda mais intensa. Pesquisadores estavam conseguindo levar internet de melhor qualidade e preços acessíveis para muitos países. No Brasil e no mundo, os anos 2000 foram marcados pelo desenvolvimento da internet 2.0, um método que disseminou as práticas de criação de conteúdos colaborativos, no qual o público também pode participar. “A informação cultural passou, então, a circular intensamente por esses formatos emergentes, que não apenas tensionam como também expandem as perspectivas editoriais e de linguagem do jornalismo cultural” (ALZAMORA, 2005, p.4). A internet não mudou somente o público que utiliza a rede, mas também está ‘forçando’ que jornalistas mudem sua forma de analisar os fatos, principalmente os

23

culturais. A gama de assuntos agora é maior, a instantaneidade agora é o carro chefe, mas a exigência da criação de bons conteúdos continua a mesma. Com toda a convergência de conceitos dentro da comunicação e do jornalismo, Pedro Jeronimo (2011) expõe que vários conceitos passaram a surgir, para tentar explicar o jornalismo colaborativo na cibercultura. Desde então, termos como “prosumer (JENKINS, 2008) e produser (BRUNS, 2008) ilustram a fusão dos papéis de consumidor e produtor, que coabitam nesse “ecossistema”, que deixou de ser partilhado em exclusivo por ciberjornalistas ou jornalistas” (JERONIMO, 2011, p. 106). Como precursores de conceitos, surgem termos que estamos mais familiarizados, que são utilizados até os dias atuais. Jeronimo (2011) cita vários pesquisadores que seguem linha de pesquisa no jornalismo colaborativo, em que o público participa direta ou indiretamente na produção do conteúdo. O “jornalismo do cidadão” (Gillmor, 2004; Rosen, 2008), o “jornalismo colaborativo” (Glaser, 2004), o atual e bastante debatido “jornalismo 3.0” (Varela, 2005) ou, como outros autores preferem denominar o “jornalismo participativo” (Bowman e Willis, 2003; Thurman e Hermida, 2010; Singer et al., 2011; García de Torres, 2012). Em relação aos conceitos apresentados, Jeronimo (2011) reflete que “transversal a todos eles está o reconhecimento de que os cidadãos estão cada vez mais capacitados para produzirem e partilharem conteúdos informativos, deixando assim para trás o papel de consumidores passivos” (Idem, 2011, p. 106). Com a chegada do século XXI, foi possível visualizar que a internet chegou não somente para empresas ou famílias com maior poder aquisitivo, mas está transpassando limites e atingindo um público antes não explorado. Com isso, empresas dos mais variados ramos e, principalmente, o jornalismo, tiveram que passar - e ainda estão passando - por grandes transformações. Como já mencionado, a maneira de produzir jornalismo e toda a sua base construtiva ainda permanecem os mesmos e, dificilmente, serão alterados de maneira brusca pelos próximos anos. Porém, os valores-notícia, a forma de captar dados e informações, a veiculação e leitura mudaram por conta da conectividade na web. Sobre a principal ferramenta do jornalismo, Ferrari (2009) comenta que desde a captação e recebimento da notícia, que passa por todos os processos de escolha e filtragem no meio de tantos acontecimentos, até a escolha sobre o que é melhor

24

para ser exposto na primeira página do portal na internet, com toda a estrutura de links, banco de dados e compartilhamentos organizados, foram responsáveis por transformarem a notícia em um produto digital. Agora, as antigas e barulhentas máquinas de escrever deram lugar para os modernos computadores conectados à grande rede, que podem alcançar notícias de todo o mundo em segundos. Além disso, agora é possível encontrar em qualquer lugar alguém usando a mobilidade digital, com seus smartphones que possuem acesso à internet e reproduzem qualquer tarefa multimídia, os jornalistas e seus leitores estão cada vez mais conectados e próximos no mundo virtual. Essas mudanças são ressaltadas por Steganha (2010) que cita os dispositivos - computadores e celulares - como meios de comunicação instantânea, nos quais enviam mensagens, fotos, áudios e arquivos em questão de segundos para qualquer lugar do mundo. Estes aparelhos, segundo a pesquisadora, estão encurtando tanto as distâncias na sociedade contemporânea que todos possuem a impressão de que não se pode mais viver sem eles, são como extensões do próprio corpo. A internet chegou para firmar a ideia de que as 24 horas do dia não podem ser desperdiçadas e seu uso pode ajudar nessa tarefa. Relacionada no conceito sociotécnico por Castells (2003), a internet é o coração de um novo paradigma, que está transformando a nossa realidade, nossa maneira de se relacionar com os outros e como trabalhamos e nos comunicamos. “O que a Internet faz é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos. (CASTELLS, 2003, p.287) Essa sociedade, composta por internautas, foi aprendendo com o tempo a usufruir de toda a potencialidade que a rede oferta. Cada vez mais eles se sentem desafiados a descobrirem o que mais a internet e suas ferramentas podem oferecer, querem ser mais que apenas consumidores de conteúdos, mas sim, produzi-los também, como a cultura participativa da grande rede. A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considerá-los como participantes agindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo. (JENKINS, 2008, apud STEGANHA, 2010, p. 16)

25

A partir de então as comunidades virtuais passaram a existir e ganhar força e voz, esses atributos foram denominados de Web 2.0, que caracteriza a cooperação entre os internautas, seja em blogs, sites, portais e redes sociais digitais. Segundo Steganha (2010) surge então a mais marcante diferença da internet e os demais meios comunicação: o foco. A primeira procura dar espaço para os pequenos

grupos, para

aquelas

pessoas

que

o

grande

sistema

estaria

marginalizando sem ao menos ceder espaço para exposição de suas ideias, enquanto os outros foca apenas nos grandes grupos de telespectadores. O número de autores e leitores de blogs tem aumentado, assim como as fontes de informação. Para Rodrigues (2006) os cidadãos têm participado de forma mais ativa em todas as esferas da informação, seja no debate ou na transmissão de conteúdos por meios de seus blogs pessoais e comentários em sites e portais. “Neste domínio, é necessário pensar também acerca da credibilidade. Com a quantidade, cada vez maior de informação, que é disponibilizada online, é necessário um cuidado acrescido no sentido de identificar o que é ou não credível”. (RODRIGUES, 2006, p. 45) Com o surgimento dos blogs, houve uma grande demanda de geração de conteúdos, publicados em páginas online que, até hoje, são confundidas com práticas jornalísticas, nelas o autor do blog publica suas opiniões, críticas, fotos e vídeos sobre assuntos do seu interesse. Com isso, os blogs que de fato exercem o jornalismo nas suas publicações precisaram se remodelar para garantir seu espaço no meio virtual. Para que não haja confusões, Rodrigues (2006) afirma que os blogs são como uma ferramenta para ser utilizada para fins pessoais, para entreter e, até mesmo, para a publicação de notícias, desde que um profissional realize tal atividade. O jornalismo é uma profissão e precisa obedecer regras específicas para ser estabelecido em qualquer meio, não é porque a internet é um espaço aberto e democrático, que todos poderão praticar jornalismo sem ao menos saber o que é a profissão. A diferenciação entre a blogosfera e o jornalismo é um passo importante para entender como um complementa o outro e em quais momentos não podem ser confundidos, pois cada um desempenha uma função determinada na sociedade. Rodrigues (2006) vai além e classifica essas características que diferem as práticas jornalísticas na internet e o utilização de blogs.

26

1- Profissionalização: Relembrar a história é importante para que possamos perceber os valores que ainda hoje são identificados com o jornalismo: as notícias, a procura da verdade, a independência, a objetividade e uma noção de serviço ao público – uma constelação de ideias que dão forma a uma nova visão do polo intelectual do campo jornalístico. “A industrialização do jornalismo, a sua comercialização e a profissionalização dos trabalhadores constituíram mudanças cruciais”. (Idem, p. 48) Falar de jornalismo implica falar dos profissionais da área. [...] “Fazer notícias exige preparação intelectual, deontológica e prática, e presumir possuir tais virtudes não é o mesmo que ser capaz de efetivamente as exercer”. (Idem, p.48) 2- O editor: Para que que os acontecimentos se tornem notícia, faz-se necessária é uma rotina rígida de seleção e veiculação, seja em qualquer meio de comunicação. Os meios de comunicação são empresas, como qualquer uma outra, e querem faturar com seu produto, nesse caso, a notícia. Logo, esta é formada por um grupo de profissionais em comunicação, que são coordenados por um ou mais editores, que exercem a função de chefia na redação. São estes os responsáveis por avaliar temas, pautas e editar o conteúdo produzido para que possa ser veiculado, tudo isso respeitando a linha editorial do veículo em que trabalha. Em sites de notícia isso também acontece, existe toda a hierarquia de profissionais que fazem o meio funcionar. Porém, ao escrever para um blog - principalmente sendo seu - o autor tem total liberdade de expressão, não precisa seguir regras e nenhum critério editorial imposto por editores ou linhas comerciais do seu blog. Ele é livre e mantém um compromisso somente com seu público, que quando o acessa já sabe o que poderá encontrar nas páginas online. (RODRIGUES, 2006) 3- O fator tempo: Segundo Rodrigues (2006) o tempo é o elemento básico para distinguir a notícia das demais informações que recebemos ao longo do dia. isso porque a essência do acontecimento jornalístico é a atualidade, “ao ponto de a atividade jornalística se poder identificar a partir da seleção e da difusão dos chamados fatos da atualidade”. (Idem, p. 51) Para uma informação ser notícia requer a conjugação de três fatores: a) ser recente; b) ser imediata; e c) que circule. Acontece exatamente o contrário na blogosfera, o fator tempo é abordado de maneira diferente, pois não existem limitações de prazos baseados em fechamentos

27

de edições, por exemplo, mas se o autor do blog quiser manter seu público cativo, é importante que seja o primeiro a publicar, pois a internet exige rapidez e instantaneidade. O jornalismo continua a construir a realidade, mas agora com a internet está recebendo influência do seu público, em que pode opinar e mostrar que concorda ou discorda logo após o fato ser noticiado. Com o jornalismo cultural não é diferente, a partir do momento em que pessoas criam seus espaços na internet e compartilham opiniões sobre filmes, peças teatrais ou questões comportamentais da sociedade, fica visível que todos querem ter voz e querem ser ouvidos por todos. Mas, a partir disso, é possível questionar sobre a qualidade do que é veiculado, sobre como os portais e sites de notícias especializados estão se sobressaindo no meio desse turbilhão de acontecimentos, como eles se pautam e selecionam o que deve ir ao ar ou ainda, como valorizam a cultura local indo além do simples agendamento de espetáculos e apresentações artísticas. É necessário que essas questões sejam postas e, se possível, debatidas, pois o jornalismo cultural está tomando caminhos ainda não explorados, que estão indo muito além do que ele já foi há décadas. Quando a sociedade entra em contato com novas tecnologias é normal que estranhe e queira descobrir a todo custo suas potencialidades para o desenvolvimento. Desde a época em que as caravelas para os navios foram criadas até a atual internet, o ser humano nunca parou de ter curiosidade e vontade de executar, participar e se sentir incluído em tudo que é novo. Com a rede mundial de computadores não seria diferente, as pessoas querem participar e opinar em tudo que está rolando na rede, querem ser ficar atualizados e poder atualizar também para só então ir em busca de meios de informação paralelos a internet A internet chegou com quatro funções equivalentes e distintas, segundo Kucinski (2007) a função de transmissão de dados, superando em muito a capacidade de transmissão do telefone do telégrafo e do fax e do teletipo; a de mídia, a mais nova mídia, depois da invenção da TV nos anos 50, a função de ferramenta de trabalho, que permite acessar bancos de dados, fazer entrevistas, ler jornais e publicações de todo o mundo, e trabalhar em cima desse material; a função de memória de toda produção intelectual artística e científica, na forma de arquivos digitalizados, acessíveis de qualquer parte do mundo. (KUCINSKI, 2007, p. 1)

28

Acima de todas estas funções citadas, existe mais uma que está ligada com os interesses desta pesquisa. São as funções acessórias que, segundo Kucinski (2007), são extremamente importantes no campo social, que funcionam como articuladores de movimentos sociais e espaço de socialização, como efeito resultante pode-se falar da desconcentração da produção. Aqui, firma-se o ideal de aspectos contribuintes para a força global que a internet possui atualmente, com ela, cada trabalhador intelectual pode realizar suas funções de onde estiver e ficar sabendo sobre o mundo a cada segundo. Chega-se, então, no principal motivo da internet ter se tornando o palco para o jornalismo, seja ele feito por profissionais ou com o compartilhamento de fatos e opiniões por cidadãos comuns, a autonomia. A cada dia a internet está permitindo que as pessoas se tornem autônomas, busquem fatos e tirem suas próprias conclusões sobre o que acontece no dia a dia e assuntos que variam de política até às fofocas de celebridades, passa pelo jornalismo factual até o especializado. “A revolução de microeletrônica de hoje leva a organização da produção a uma direção totalmente oposta, descentralizada”. (Kucinski 2007, p. 2) Esse modo de produção pode ser denominado como primeiro traço básico da internet, que pode ser digital ou colaborativo, e por possuir grande eficiência termina abrindo espaço para produções independentes e comerciais. “O segundo traço básico dessa nova tecnologia é o barateamento dos equipamentos independente da escala de produção. Câmaras portáteis, gravadores, processadores de potência cada vez maior e tamanho e custo cada vez menores”. (Kucinski 2007, p. 2) Agora, está ficando ainda mais fácil e acessível de adquirir equipamentos para acessar a grande rede, já que os dispositivos móveis conseguem fotografar, gravar áudio e vídeo e enviar tudo para qualquer plataforma digital. “A autonomia relativa do trabalhador intelectual é o terceiro traço básico desse novo modo de produção. Qualquer pessoa, hoje, pode ser um produtor cultural, de vídeo , música, ou de jornal”. (Kucinski 2007, p. 2) Os traços básico dessa tecnologia ilustram perfeitamente a situação de intervenção social que qualquer pessoa pode produzir ao estar conectado, seja em redes sociais, seja em blogs ou ainda em sites, portais de jornalismo cultural.

29

Os jornalistas, como profissionais da informação, devem estar por dentro da internet, saber o que acontece no mundo virtual e não só isso, devem saber manusear as ferramentas que servem como chave para esse mundo. Segundo Bianco (2013) é somente na relação diária com a Internet que esses profissionais aprendem sobre dessa natureza dessa tecnologia e a manusear seus recursos para obter informação. Mas essa relação vai além. Eles não somente aprendem a conviver com as novas plataformas, mas são diretamente afetados por elas, pois todo esse conhecimento acumulado irá resultar na transgressão de operacionalização até a forma de construção de notícias com as experiências adquiridas no âmbito pessoal e profissional. A percepção de mundo se expande e o processo de comunicação e suas interações passam por mudanças. “Na sociedade da informação não se imagina mais o aprendizado em cima de saberes estáveis, herdados pela tradição”. (Idem, p. 8) É como se a forma passasse a pertencer ao saber-fluxo, que são mutações cognitivas igualmente velozes, às vezes pouco perceptíveis no dia a dia, mas que não param de ocorrer no ambiente da redação jornalística e irão refletir diretamente no modo como os jornalistas interagem com a rede. A Internet, com seus valores e lógica comunicativa, está transformando a realidade social de todo o mundo, são somente no jornalismo. As mais diferentes esferas da sociedade profissional e pessoal estão passando pela informatização, e hoje, mais de 60 anos depois do início do projeto de conectividade em rede, pode-se visualizar a proporção de seus impactos nas comunidades do mundo inteiro. Consoante à internet, os meios de comunicação e informação mais tradicionais não deixaram de exercer seu papel e, sabendo disso, os jornalistas precisam aprender a relacionar todos esses meios, os famosos gatekeepers entram em cena para filtrar tudo aquilo que poderá ser interessante ao seu público. Van Dijik (1990), citado por Bianco (2013), aponta uma certa correspondência entre os valores jornalísticos e a cognição social. Basicamente os jornalistas continuam sendo referência para o público, como uma fonte confiável e legítima tudo isso por conta de seus valores que regem a profissão, pois supõe-se que saibam agrupar em conjuntos e processos mentais os pensamentos da percepção social sobre o que é notícia. “Quer dizer, os valores jornalísticos refletem os valores econômicos, sociais e ideológicos na reprodução do discurso sobre a sociedade através dos meios de comunicação”. (BIANCO, 2013, p. 8)

30

A fim de esclarecer, Teixeira (2012) expõe a diferença entre jornalismo online e webjornalismo, ainda que ambos sejam usados, muitas vezes, para o mesmo fim conceitual. As palavras carregam conceitos e aplicações diferentes, em que se encaixam em linguagens diferentes dentro do jornalismo. Alzamora (2001) é pragmática ao explicar, pois todo esse meio trata-se do mesmo suporte propiciado pelo ambiente web. Para dividir de forma adequada, pode-se aplicar o termo jornalismo online a todo possível impacto do suporte digital eletrônico não só sobre a produção jornalística direcionada no ambiente web, mas também àquela presente nas redações tradicionais de jornais, rádio e TV: uso do email entre colunistas e leitores de jornais ou entre leitores, assessores e jornalistas, consulta a sites como pesquisa prévia de textos e imagens para execução de matérias, a simples transposição on line no site do jornal das matérias veiculadas em sua versão impressa, dentre outros. Assim, para entendermos de forma mais direta, o jornalismo online seria um gênero e o webjornalismo uma de suas mais sofisticadas espécies. Sendo assim, então, o campo de impacto da internet no jornalismo e no jornalismo cultural se torna ainda mais visível. Segundo Teixeira (2012) a conectividade proporcionou que o jornalismo, de maneira geral, pudesse aproveitar bem as ferramentas disponíveis. Isso vai desde a distribuição de material exclusivo por e-mail, releases e fotos que assinantes poderão receber em primeira mão. Essa ideia de exclusividade dentro da internet é fator positivo para o público. Até mesmo as pesquisas em portais e sites de busca se tornaram cruciais para o exercício da apuração jornalística, o autor ainda enfatiza que todo jornalista, principalmente da área cultural, tem uma boa pasta desses sites favoritos. Porém, de qualquer forma, esses aspectos citados podem ser comuns a qualquer gênero jornalístico e não somente ao estudado nesta pesquisa. A especificidade do jornalismo cultural encontra-se com a especificidade do web jornalismo no momento em que a convergência de mídias e articulação de linguagens possibilita, Teixeira (2012) cita como exemplo os trechos de uma entrevista que podem ser disponibilizados em áudio, ou ainda faixas do CD que foi objeto de crítica. Da mesma forma pode-se incluir o vídeo para ilustrar ou reforçar determinadas passagens de um texto informativo e/ou interpretativo sobre algum material audiovisual.

31

Tudo isso é a relação da hiperconectividade, em que os jornalistas utilizam os hipertextos para divulgar e compartilhar notícias, e quando o meio de trabalho é o jornalismo cultural, fica ainda mais visível que essas práticas são utilizadas para cativar o público e levantar a ideia inicial do jornalismo cultural: a crítica. Seja ela feita de forma indireta, seja de forma direta o mais importante é atingir o público. Uma página na internet de jornalismo cultural pode contemplar tanto a característica híbrida de linguagens quanto o mesmo hibridismo para a periodicidade.

Essa

característica

de

hipertextualidade

da

internet

reflete

diretamente em como essas páginas na Web irão montar seus formatos. Teixeira (2012) explica que O serviço de roteiro cultural pode respeitar a atualização, diária ou não, de seus mais diversos setores, como peças de teatro, filmes em cartaz, shows, pode ocupar quantas "páginas" quiser, sem prejuízo para o espaço destinado às matérias ou sem sofrer riscos de redução. Ao mesmo tempo, permite que a crítica produzida no dia da estréia do espetáculo possa permanecer disponível durante toda a temporada do mesmo. (TEIXEIRA, 2012, p. 5)

O autor complementa seu pensamento e continua explicando diferenças e hibridismos no jornalismo cultural na internet. Teixeira (2012, p. 6) exemplifica seu pensamento afirmando que “a disputa pelo "furo" incorpora, mais do que nunca, o dado temporal. Outro ponto híbrido do jornalismo cultural mencionado - o abrigo não só de discursos sobre a produção cultural, mas também de produtos culturais”. Esses produtos variam desde crônicas, fotos e tirinhas, ganhando um mundo de novas possibilidades, pois agora pode ir além do texto e explorar bastante a área da foto, do quadrinho, das animações, vídeos, contos, videogames e uma gama de assuntos que estão entretendo a comunidade que vive em rede atualmente. Listar características se torna indispensável para a visualização do impacto da internet no jornalismo cultural. Entender o processo histórico e conceitual serve para uma adequação ao tema seguir uma linha de pesquisa com referências históricas que interfere diretamente no comportamento da sociedade em relação às novas tecnologias. O jornalismo cultural praticado atualmente no Brasil e no mundo interferem diretamente no que é praticado em Teresina, uma capital com riqueza artística, histórica e cultural ainda pouco exploradas pelos meios de comunicação, sejam eles tradicionais ou na internet.

32

Programas em emissoras de televisão, frequências de rádios e colunas no jornal impresso que tratam sobre cultura estão cada vez mais difíceis de serem encontrados, são alguns minutos televisionados ou algumas linhas cedidas para o jornalismo que incentiva o pensamento crítico e forma opiniões sobre a sociedade. Para chegar a essas conclusões basta observar a programação diária dos meios, que tratam sobre polícia e política como assuntos basilares da formação intelectual do seu público. A situação em que Teresina se encontra reflete a quantas anda o jornalismo cultural no Brasil, principalmente em cidades menores, em que os meios de comunicação precisam seguir linhas editoriais nacionais e terminam excluindo o espaço para a cultura. Em razão disso, agora está cada vez mais comum encontrar sites, portais e blogs independentes que tratam sobre cultura, agendamento, comportamento, entretenimento sobre Teresina e também sobre o Piauí. A regionalidade está sendo retratada com os olhos de jornalistas e pessoas comuns - não jornalistas - em suas páginas na web e ficam disponíveis para quem desejar acompanhar e compartilhar. Como

objeto

de

,

pesquisa

deste

trabalho



e

serão

utilizados

os

,

sites todos

idealizados e produzidos em Teresina-Piauí. Atualmente, são os sites de notícias culturais mais conhecidos da capital e, por isso, vêm se tornando referência para outros meios. A seguir, será possível entender seu funcionamento, desde a reunião de pauta até a veiculação de todo o conteúdo produzido. A partir de então, poder-seá analisar o como e o quanto efetivamente se possui uma produção de jornalismo cultural por meio da internet na cidade de Teresina e qual a sua posição em relação ao que se observa em outros centros do país.

33

ANÁLISE DOS SITES ENTRECULTURA, LADOCULT E REVESTRÉS Durante os dias 16 a 22 de outubro de 2016 os três sites foram observados e tiveram seus conteúdos analisados, cabe aqui esclarecer que o objetivo da análise não tem como fim principal julgar a qualidade do conteúdo produzido, mas foca na cobertura em que os as três páginas ofertaram ao período que compreende o dia do Piauí, estado que é berço dos sites. A data foi escolhida devido a sua importância cultural e evidente dedicação que todos os meios de comunicação fornecem para celebrar o dia. De partida, faz-se necessário apresentar os portais e conhecer de maneira aprofundada os objetos de estudo desta pesquisa. A seguir, a página inicial do site Entrecultura, logo em seguida a apresentação do site LadoCult e, por último, o site da Revista Revestrés será analisado. Página inicial do site Entrecultura:

34

IMAGEM 1: Página inicial do site Entrecultura

35

IMAGEM 2: Página inicial do site Entrecultura

A coordenadora do site, Mariana Paz, respondeu a uma entrevista e esclareceu pontos importantes que merecem atenção para a resolução desta pesquisa. 2Segundo ela, o site Entrecultura foi criado em Teresina (informação verbal) “por causa da necessidade de uma ferramenta de comunicação que tivesse

2

PAZ, Mariana. Mariana Paz: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. 1 e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso.

36

a arte e cultura como prioridade, que pudesse fomentar e divulgar nossa cultura e nossa arte. Temos muitos talentos”. O questionário e suas respectivas respostas estarão disponíveis na íntegra, no final deste trabalho, para consulta.

Há quanto tempo existe o site? Apenas seis meses. Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? Porque a internet, além de uma ferramenta barata, é de fácil acesso e dessa forma, conseguimos alcançar mais pessoas com um produto de qualidade. A cultura tem público? Muito, um público ávido por notícia. Isso de dizer o contrário é besteira. Acha importante publicarem críticas culturais sobre livros, espetáculos de dança e teatro, concertos, filmes e afins no site? Por quê? Sim, porque a cultura existe para isso, provocar e dialogar, construir opiniões, criticar, mudar de idéia. Como funciona a reunião de pauta do site? Semanalmente e de forma horizontal, com toda a equipe. Todos os membros vivem, financeiramente, somente do site? Não. Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Sim. Como em todos os lugares, não é todo mundo que valoriza tudo e da forma que eu entenda que mereça. Mas temos que parar com isso. Teresinense gosta de cultura sim. Qual a frequência de postagens? Diariamente. Falta assunto para publicar no site ou o universo cultural é sempre vasto? (Risos) Não, na verdade sobra assunto. Se pudéssemos, teríamos uma equipe bem maior. O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Sim. Conhece outros sites de cultura de Teresina? Se sim, quais? Não. Todos trabalham com o factual, com o jornalismo. Existe apoio ou incentivo dos órgãos públicos para o funcionamento do site?

37

Sim. TABELA 1: Trecho da entrevista site Entrecultura

O site conta com uma página inicial ‘leve’, sem informações em excesso e divisão de editorias e conteúdos feita de maneira organizada. Os destaques são colocados logo no início da página, seguidos pela subpágina “Entrecultura TV” e o primeiro banner de publicidade paga do site. Durante os dias 16 a 22 de outubro de 2016 o site foi analisado e observado para

descobrirmos

como

as

ferramentas

de

interatividade,

hipertexto,

instantaneidade, que fazem parte do jornalismo online, estão sendo exploradas. Nota-se que no período mencionado foram publicadas sete notícias na página “notícias” e que destas, apenas uma tratou sobre o Piauí como destaque ao seu aniversário. Na página “Entrecultura TV” nenhuma mídia foi publicada no período analisado, igual resultado também foi encontrado na página “Rádio Entrecultura”. A página “Editoriais” possui 11 subpáginas, assinadas por diferentes colunistas, em nenhuma delas foi publicado conteúdo no período analisado nesta pesquisa. Além das páginas citadas, uma sessão de dicas de leitura existe no site, porém, se conteúdo destinado ao período aqui analisado. Com isso, percebe-se que, mesmo em datas comemorativas, o site mantém uma tímida frequência de postagens, privando-se de críticas, crônicas, textos reflexivos e toda a funcionalidade que o jornalismo cultural oferece. O teor do site é mais voltado para o “factual de cultura”, informando sobre o que vai acontecer, sobre o que está acontecendo e sobre o que aconteceu. As páginas de vídeo e podcasts são as que mais se aproximam da hipertextualidade, pois usam de ferramentas que vão além do texto, e englobam tudo o que mais cativa o público atual da internet. É notória que a representatividade cultural em Teresina, através do site Entrecultura, está indo para uma positiva escala gradativa, logo, por ser um portal novo tem muito o que aprimorar para cativar seu público e deixar sua marca no jornalismo cultural teresinense. Em relação aos avanços, Piza 2004 afirma que, mesmo com todos os percalços, o jornalismo cultural tem um bom público. Porém, lembra da “necessidade de que o jornalismo cultural brasileiro avance, reconquiste uma qualidade perdida, uma importância mais decisiva na formação das pessoas”. (2004, p. 116) O que Piza

38

deseja em igualdade com todos os outros pesquisadores e jornalistas de jornalismo cultural, é que essa especialidade possa crescer e evoluir em concordância com décadas atrás, em que profissionais se preocupavam e lutavam por seus espaços. Hoje, com a internet, essa luta foi facilitada, resta apenas que os profissionais saibam valorizar a ferramenta que possuem nas mãos. Página inicial do site LadoCult:

IMAGEM 3: Página inicial do site LadoCult

IMAGEM 4: Página inicial do site LadoCult

39

Um dos editores do site LadoCult, Anderson Moura, elenca as principais finalidade do site. Algumas delas são características marcantes que diferem completamente o site Entrecultura e o LadoCult. Ambos falam de cultura e deseja propagar essas informações, mas a maneira de trabalhar e usar das ferramentas comunicacionais

são

distintas.

Segundo

ele3

é

preciso

que

exista

um

desenvolvimento no jornalismo cultural, principalmente na internet, resultando na profissionalização, aumentando o nível do conteúdo (Informação verbal) “precisamos de mais críticos de arte, cinema, televisão, literatura, artes plásticas e teatro para que estes possam despertar no público o interesse pelas artes em geral e possam ajudar – com suas críticas – no desenvolvimento da nossa cultura”. A seguir, foram retiradas algumas perguntas e respostas da entrevista concedida. Ao final deste trabalho, o questionário e suas respectivas respostas estarão disponíveis na íntegra para consulta.

Há quanto tempo existe o site? Há 1 ano e 8 meses Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? Cultura é um assunto pouco explorado pela grande mídia, sendo colocado em segundo plano. A internet abre um maior espaço para se produzir e consumir cultura. Por que criar um espaço na internet para realizar publicações? Os outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornais impressos, revistas) não fornecem espaço ou não são suficientes? A internet é acessível, livre e instantânea. Os outros meios de comunicação citados fornecem espaços pequenos e para determinadas pessoas e grupos.

A cultura tem público? Tem. E muito grande. Acham importante publicarem críticas culturais sobre livros, espetáculos de dança e teatro, concertos, filmes e afins no site? Por quê? Sim. Esse é o objetivo do site. Dar espaços a pessoas que possuem grande conteúdo e paixão por essa área. Como funciona a reunião de pauta do site? 3

LIMA, Anderson de Moura. Anderson de Moura Lima: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. Um e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso

40

Reuniões mensais. Entre os editores. Como decidem os temas que serão abordados e publicados? Geralmente, há liberdade para o colunista. Limitamos apenas aquilo que pode ser ofensivo ou discriminatório. Todos os membros vivem, financeiramente, somente do site? Não. Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Ainda não. É preciso ainda formar o público nesse nicho. Qual a frequência de postagens? Quinzenais. Falta assunto para publicar no site ou o universo cultural é sempre vasto? Assunto nunca falta. O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Não. Conhece outros sites de cultura de Teresina? Se sim, quais? Sim. Entrecultura, Entrerios, etc. Existe apoio ou incentivo dos órgãos públicos para o funcionamento do site? Não. O que acha que pode melhorar na divulgação da cultura em Teresina? O espaço poderia ser maior para a área de crítica cultural. Poderia haver mais investimentos governamentais e privados na área. TABELA 2: Trecho da entrevista do site LadoCult

O site também conta com uma página inicial ‘leve’, sem informações em excesso e divisão de editorias e conteúdos feita de maneira organizada. O esquema de cores é bicromático (verde e branco) e não há presença de fotos na página inicial, somente quando as postagens são abertas. Não há banner de publicidade. Assim como o primeiro, durante os dias 16 a 22 de outubro de 2016 o site foi analisado e observado para descobrirmos como as ferramentas de interatividade, hipertexto, instantaneidade, que fazem parte do jornalismo online, estão sendo exploradas. Há aqui, uma primeira grande diferença na rotina produtiva, pois a programação de postagens é quinzenal e o período mencionado estava incluído no

41

período de ‘recesso’ de publicações. Nota-se que apenas um texto foi publicado nos dias de análise. Na página “Colunistas” não foi constatada nenhuma publicação, assim como a página “Independente”. A subdivisão por “Categorias” também não foi atualizada e nenhuma busca por “Tags” encontrou conteúdo para o dia do Piauí. A percepção quanto a isso é de semelhança ao primeiro portal observado, pois mesmo a semana que era correspondente ao dia do Piauí, estado de ambos os sites, a frequência de postagens foi mínima, e até mesmo inexistente em alguns dias e páginas. Ao contrário do Entrecultura, o LadoCult possui um teor de conteúdo voltado para as críticas culturais, comentários de filmes e livros, além de optar por não produzir agenda cultural. A página “Independente” merece atenção especial, pois dedica um espaço para leitores e colaboradores enviarem suas produções. O site possui perfis no Twitter e Facebook, assim como o Entrecultura, e lá compartilham assuntos de interesse e novos conteúdos publicados no site. Porém, a hipertextualidade não é muito usufruída, pois os hiperlinks são quase inexistentes. Sendo menos conhecido que o Entrecultura, o LadoCult existe como meio de valorização cultural, mas não só isso, o desejo é de levar a crítica para mais pessoas, diferentes públicos e áreas do conhecimento. O que se torna bastante promissor, pois desde o início deste projeto questões como a melhoria do que se produz, do que se critica e o ato de ir além do entretenimento são levantadas. Piza 2004 enfatiza sobre o papel que a imprensa possui, tendo que ser capaz de formar, ou seja, ao mesmo tempo que for passar uma informação, faça o seu leitor refletir sobre aquilo com uma curiosidade consequente, criando opinião própria. “O Cidadão atual é cada vez mais pressionado a fazer opções, a dizer o que pensa sobre os mais diversos tipos de assunto - dos transgênicos ao Oriente Médio, das estréias de cinema às desmedidas de política - e assim exercer sua cidadania” e complementa seu pensamento afirmando que “o jornalismo cultural tem esse papel simultâneo de orientar e incomodar, de trazer novos ângulos para a mentalidade do leitor-cidadão”. (2004, p. 116-117) Agora, como parte final da pesquisa de campo, o site da Revista Revestrés será analisado assim como os anteriores. Logo depois, poderá ser possível esboçar as considerações conclusivas do atual projeto. Vale lembrar, que o período de análise não foi avisado previamente aos membros dos sites, pois preferiu-se não impor nenhuma interferência externa no trabalho dos sites.

42

Página inicial do site Revista Revestrés:

IMAGEM 5: Página inicial do site Revista Revestrés

43

IMAGEM 6: Página inicial do site Revista Revestrés

Atualmente, sendo um dos maiores meios de produção de conteúdo cultural no Piauí, a Revista Revestrés se tornou referência para o público e outros produtores de conteúdo. Vendo a internet como um meio positivo, em entrevista a equipe4 da revista afirma que “o site foi criado a partir da necessidade de digitalizar e disponibilizar o acesso da Revestrés, alcançar novos e maiores públicos”. A equipe complementa ainda, que o site vai além da atualização diária com notícias factuais. “Enxergamos como um espaço digital que a Revestrés também é capaz de atuar”. Com isso, pode-se notar a atenção especial que um meio originalmente impresso está destinando para o virtual.

- Há quanto tempo existe o site?

4

Equipe Revista Revestrés: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. 1 e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso.

44

O site foi lançado em outubro de 2015. Tem pouco mais de um ano. - Por que foi criado? O site foi criado a partir da necessidade de digitalizar e disponibilizar o acesso da Revestrés, alcançar novos e maiores públicos que a revista física tem limitações em atender por seu caráter específico de impresso e atualizar conteúdos com uma periodicidade maior do que a revista impressa bimestral é capaz de fazer. Além disso, não enxergamos o site como um portal de notícias que tem a necessidade de ser atualizado diariamente com notícias factuais. Enxergamos como um espaço digital que a Revestrés também é capaz de atuar. - O conteúdo do site é apenas o que é tratado na revista? Ou textos e outros assuntos também são elencados no site? Não. O conteúdo da revista impressa não é apenas transportado para o site. O site tem conteúdo inédito, principalmente nos blogs (Wellington Soares, André Gonçalves, Luiz Alberto Mendes, Blog da Redação, Luana Sena, Victória Holanda e Isis Baião) e na seção Novas. Além disso, utilizamos também conteúdo que não foi publicado na revista impressa como, por exemplo, fotos. - Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? O site segue a linha editorial da revista impressa, que se propõe a falar de cultura de maneira diferente, levando em consideração assuntos latentes que possam vir a se tornar matérias e reportagens, bem como assuntos inusitados. Nesse sentido, achamos relevante tratar cultura também neste espaço com uma perspectiva de abordar as temáticas artísticas e culturais de maneira diferente e inusitada, além de provocar reflexões sobre determinados temas sociais e até mesmo políticos. - Por que criar um espaço na internet para realizar publicações? Os outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornais impressos, revistas) não fornecem espaço ou não são suficientes? Cada tipo de veículo possui suas especificidades. A internet e os suportes digitais oferecem uma experiência diferente do que o veículo impresso e consideramos importante também estar neste espaço. Entre as vantagens enxergamos possibilidade de melhor interação e publicação de material sem a limitação de espaço do impresso. Ao mesmo tempo em que, percebemos que as pessoas ainda têm interesse de comprar, manusear e guardar um produto impresso de qualidade. Em todas as edições a revista é muito bem comentada, principalmente quanto a qualidade do papel e pela qualidade visual do conteúdo disposto. - Como funciona a reunião de pauta do site (o que é postado online)? Em reuniões de pautas definimos o conteúdo e a periodicidade das postagens. Damos ênfase para o que é destaque da edição, como o conteúdo das seções Entrevista, Reportagem, Homenageado e Ensaio Fotográfico. Alternadamente com a postagem de conteúdo da edição impressa, produzimos conteúdo inédito para os blogs e seção Novas. - Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Como atuamos em um nicho, sabemos que ele é menor, quantitativamente falando, que

45

se atuássemos em geral ou em áreas como política ou sociedade, que tem um mercado relativamente mais fértil. Sabemos que atuamos num segmento. E buscamos trabalhar esse segmento qualitativamente. Se não temos um público enorme a oferecer, buscamos ter um público qualificado, o que, às vezes, interessa mais a alguns anunciantes. O público qualificado costuma ser mais fiel e ter uma relação mais próxima com a revista, às vezes assumindo a posição de defender ou divulgar a revista espontaneamente. - Quais os assuntos mais abordados no site? O conteúdo da edição impressa e o conteúdo de outras seções do site. Cada tag possui um ranking de mais lidas. Ou seja, existem as mais lidas do próprio site, as mais lidas da seção Entrevista, as mais lidas da seção Reportagem, por exemplo. Portanto, não há como dizer o que é mais abordado, mas há como dizer quais conteúdos foram mais acessados. - Qual a frequência de postagens? O site é atualizado quase que diariamente e as redes sociais são atualizadas diariamente. - O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Não produzimos uma agenda cultural, mas com alguma frequência divulgamos eventos como shows, festivais, mostras de cinemas, espetáculos ou iniciativas interessantes na Seção Novas. Esta seção não cumpre a obrigação de ser pautada no agendamento, mas publica notícias mais factuais relacionadas a cultura, que não se resume a divulgação de agendas. TABELA 3: Trecho da entrevista do site Revista Revestrés

O site da Revista Revetrés possui mais páginas e editorias que os demais, o design é simples, mas também é responsivo. Todas as páginas encontram-se no topo do site, para que o leitor possa ter acesso ao que deseja logo no início. As cores do site têm como base o preto e o amarelo, mas não são limitadas somente a essas. Assim que é aberto, o leitor se depara com um banner de publicidade, além de uma foto em tamanho grande para destacar a entrevista e matéria principal daquele dia. Assim como os dois primeiros sites analisados, durante os dias 16 a 22 de outubro de 2016 o Revista Revestrés foi observado para descobrirmos como as ferramentas de interatividade, hipertexto, instantaneidade, que fazem parte do jornalismo online, estão sendo exploradas. A rotina produtiva do site não segue uma frequência diária, os colaboradores produzem e vão postando os conteúdos, sem datas prédeterminadas. Por não ser um site de notícias factuais, a preocupação com a atualização diária não se faz necessária.

46

Na página “Entrevista”, por ser produzida de acordo com as entrevistas realizadas para a revista impressa, não foi constatada nenhuma publicação, pois as produções são bimestrais, sendo a última publicada em novembro de 2016. A página “Reportagem” também não possui conteúdo durante os dias de análise desta pesquisa. Pode-se encontrar na página “Artigos” uma maior frequência de postagens, que vão além das publicações da revista impressa, porém, nenhuma produção destinada aos dias escolhidos. A página “Reves” possui outras cinco subpáginas nomeadas em “Brasil”, “Cultura”, “Gastronomia”, “Homenageado” e “Tipos”, contudo, em nenhuma delas foi encontrado publicações no momento pesquisado. O site também conta com uma página “Fotos”, e nela, mais duas subpáginas “Ensaios” e “Galerias”. Já a página “Novas” foi contemplada com uma matéria no dia 20 de novembro, porém sem relação com a comemoração do dia do Piauí. No menu da página inicial, existe ainda a página “Blogs”, que serve como um espaço exclusivo para que os autores postem suas opiniões e conteúdos relacionados a cultura. Nela, contêm ainda, outras sete subpáginas denominadas por “André Gonçalves”, “Blog da redação”, “Isis Baião”, “Luana Sena”, “Luiz Alberto Mendes”, “Victória Holanda” e “Wellington Soares”, nestas também não houveram publicações no período compreendido. A última página do menu é nomeada como “Algo a mais” e nela existem outras oito subpáginas. São elas “10 dicas”, “Ademã”, “Crônica”, “Destaque”, “Ficção”, “Occupy a Réves”, nesta foi encontrada uma postagem no dia 17 de outubro, mas sem relação direta com o conteúdo buscado sobre o dia do Piauí; conta ainda com a “Reves Dicas” e “Um outro olhar”. Ao todo são oito páginas e mais 22 subpáginas de conteúdo produzido por membros da revista impressa e por colaboradores externos e também os próprios leitores do site e revista. Entre os dias 16 a 22 de outubro de 2016 foram encontradas apenas duas postagens, mas nenhuma delas estava diretamente ligada ao dia do Piauí. Assim como o Entrecultura e o LadoCult, o Revista Revestrés possui perfis no Facebook, Twitter e Instagram, que são usados para compartilhar conteúdos produzidos e notícias referentes e de interesse do público que segue. No site há espaço e pessoas dedicadas para produzirem críticas culturais, sobre o que acontece no Estado e no mundo inteiro, como uma forma de cultura globalizada, mesmo o foco sendo o Piauí, referências externas estão sempre presentes nas postagens desse teor.

47

Entre os três sites analisados, o Revista Revestrés está entre o mais popular, por conta da grande representatividade da revista impressa no Estado. De maneira geral, todos são colaboradores para propagação da cultura e todos os conceitos que a permeiam, mas ficou claro que o uso da conectividade ainda é tímido e precisa ser ainda mais explorado, pois a internet é uma ferramenta quase que ilimitada e cheia de pontos positivos para o que todos os portais desejam realizar. Para compreensão deste capítulo e comparação dos sites analisados com o material bibliográfico aqui exposto, considera-se importante reproduzir o que Teixeira (2012) citando Palacius5 (2001) comenta sobre aspectos centrais do impacto da internet no jornalismo, o conhecido jornalismo online. São seis pontos principais: O caráter de hipertexto, embora não seja uma novidade apresentada pelo

suporte

certamente Ponto 1: Hipertextual

eletrônico-digital,

potencializado

por

foi ele:

chegamos ao ponto, por exemplo, de não contarmos apenas com conexões para outros textos, mas também outros suportes de linguagem, como trechos de áudio e vídeo (hipermídias). Uma das razões que possibilita essa convergência justamente transforma

Ponto 2: Multimidiático/Convergente

multimidiática o a

suporte internet

digital. e,

é Ele por

conseqüência, o jornalismo online, em uma plataforma não só de publicação, mas também de distribuição. Ou seja, há uma convergência não somente de linguagens, como também de funções.

5

PALACIOS, Marcus: O que há de novo no Jornalismo On-line?. Palestra proferida a 27/06/2001, no Instituto Cultural Itaú, dentro da programação do Núcleo de Novas Tecnologias da PUC-MG.

48

Outro impacto estaria na periodicidade: ao contrário dos suportes tradicionais jornalísticos,

o

jornalismo

on

line

oferece um conteúdo que pode ser atualizado continuamente. É a primeira Ponto 3: Passível de atualização contínua

vez na história da comunicação que o texto impresso informativo alcança uma velocidade para o relato de situações e fatos antes só possível via rádio e TV (hard news). Ao mesmo tempo, porém, pode manter o caráter de interpretação e análise que marcou o conteúdo do jornalismo impresso (soft news). Um projeto editorial para a internet pode optar por qualquer um desses caminhos ou mesmo buscar uma combinação dos dois. Sabemos que leitor de jornal é um sujeito seletivo. Não lê tudo aquilo que o

Ponto 4: Personalizável

jornal

publica,

mas

navega

pelas

páginas impressas em busca de um título ou foto interessante, ou mesmo vai diretamente à sua seção preferida. O leitor

de

jornalismo

programar receber

seu

on

line

conteúdo

aquelas

notícias

pode

para



que

lhe

interessam - sem mencionar aqui na programação

de

sites

que

lhe

interessam (a bendita pasta "Favoritos"). O

usuário

pode

interagir

com

o

emissário da notícia, enviando e-mails e contribuindo para a fomentação do

49

debate e da crítica. Esse é um dos Ponto 5: Interativo

pontos mais sensíveis ao debate, uma vez que, para muitos, o conceito de interatividade torna-se mais pleno à medida em que descreve uma relação dada em tempo real. O

suporte

apresentar

digital outra

pode

também

característica:

sua

convergência de mídias permite não só a Ponto 6: Passível de incorporar memória

publicação,

também

a

a

distribuição,

pesquisa.

O

poder

mas de

compactação dos dados possibilita um acesso mais amplo às informações passadas, a um arquivo de textos, sons e imagens que também pode ser incorporado ao projeto editorial em jornalismo on line.

TABELA 4: (PALÁCIOS 2001, apud, Teixeira 2012, p. 5)

50

CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS As Tecnologias da Comunicação e Informação - TIC’s - foram ferramentas indispensáveis para o que conhecemos hoje como comunicação avançada e tecnológica. Elas abriram espaço para a internet, e desde a década de 1960 o ser humano mantém contato direto com essa maneira de comunicação e expressão. A internet se tornou o avanço comunicacional indispensável para as várias camadas da sociedade, seja governamental ou não, para associações, empresas e, é claro, para as pessoas. Atualmente, grande parte da população mundial se mantém sempre conectada aos celulares, computadores e demais equipamentos possibilitados ao acesso à rede mundial. O jornalismo não se mostrou indiferente aos avanços, e seguiu sem medo às novas modalidades e práticas na internet. Agora, o especializado jornalismo cultural, também está caminhando para essa nova trajetória. Essa nova plataforma tem como uma das principais características, a hipertextualidade. Estilo que faz o leitor ler publicações online de maneira diferenciada e não linear, distinta da já conhecida leitura ocidental, que é praticada nos jornais impressos ou revistas. Vimos nesta pesquisa que o jornalismo cultural tem como base as críticas culturais, que estão em demanda tanto para espetáculos e concertos até aos games e filmes de super heróis. A cultura é plural, não é mais elitizada e vai além das produções artísticas. O modo de ser, falar, agir, produzir e comunicar são cultura, e precisam ser divulgadas para a sociedade e a internet é a democratização de tudo isso. Com espaço ilimitado e de baixo custo em comparação aos outros meios de comunicação, essa ferramenta caiu no gosto de produtores independentes e até de grande meios comunicacionais A criação de sites, portais e blogs culturais estão em ascensão. Jornalistas, estudantes e entusiastas de cultura estão abrindo suas páginas e espaços na internet para difundir o tema, seja local ou global. Em Teresina, os passos estão tímidos, mas em contínuo avanço, principalmente por parte de profissionais que desejam fomentar a prática na capital. Como forma de análise, este trabalho obteve dados a partir de entrevistas e análises dos sites Entrecultura, LadoCult e Revista Revestrés. O período analisado, compreendido entre os dias 16 a 22 de outubro de 2016, foi de grande

51

representatividade para o que se esperava obter. Dos três sites, apenas dois Entrecultura e Revestrés - tiveram publicações nesses dias, mas apenas o site Entrecultura realizou uma postagem relacionada ao dia do Piauí. O jornalismo em geral sofreu mudanças, mas os seus pilares ainda se mantém firmados e muitos profissionais encontram-se presos a fôrmas retrógradas. Com o jornalismo cultural não é diferente, além de possuir poucos profissionais na área, ele ainda está preso a antigos formatos e, por isso, termina por deixar de utilizar muitas ferramentas que a internet proporciona. Todos os sites analisados possuem redes sociais e fazem uso delas para compartilharem postagens relacionadas e publicadas nos sites. Porém, os textos produzidos fazem pouco uso da hipertextualidade, ficando suscetíveis aos modelos comuns, em que não existem galerias de fotos, vídeos, depoimentos ou podcasts, em alguns casos é possível encontrar links para outros assuntos relacionados, para galerias ou informações adicionais, mas de maneira sutil e pouco explorada. Os comentários dos leitores são abertos em dois do sites, menos no LadoCult, mas este possui espaço aberto para o público que deseja publicar seus escritos no site. A Revista Revestrés também possui um espaço dedicado para produções de leitores da revista impressa e do site, somente no site Entrecultura não foi encontrado esse espaço. Por fim, é importante mencionar que a internet realmente se tornou um meio de divulgação e propagação da cultura em Teresina, seja por sites ou por redes sociais. A cultura está sendo compartilhada para cada vez mais pessoas, de diferentes meios e vínculos sociais. O papel que esses sites desempenham na sociedade vai além da simples produção de conteúdo, mas vem para atingir e fisgar a atenção de seus leitores com críticas, fotos, vídeos, crônicas inteligentes e comentários sobre tudo o que ocorre na sociedade, sejam as apresentações artísticas, exposições, manifestações públicas e movimentos políticos e sociais. Mesmo que os sites analisados ainda não explorem totalmente o que os autores citados nesta pesquisa indicam, é importante enxergar a contribuição que estão fornecendo ao atual cenário do jornalismo cultural em Teresina, permitindo que mais pessoas tenham acesso à esses tipos de informações e consigam enxergar a sociedade com um olhar crítico e diferenciado. Pois é isso que o jornalismo cultural deseja, formar seu público para a crítica, para entender o contexto social em que

52

estão incluídos e para valorizar sua cultura, seja ela local ou global, na internet e fora dela.

53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALZAMORA, Geane. Jornalismo Cultural On Line: uma abordagem semiótica. S/r, 2001. _________________ Do texto diferenciado ao hipertexto multimidiático: perspectivas para o jornalismo cultural. Biblioteca da PUC/SP, 2005. Disponível em: Acesso: 19/09/2016. BIANCO, Nelia R. Del. A Internet como fator de mudança no jornalismo. Disponível em: Acesso: Acesso: 04/10/2016. CARVALHO, Marcelo Sávio Revoredo Menezes de. A trajetória da internet no Brasil: Do surgimento das redes de computadores à instituição dos mecanismos de governança. UFRJ, 2006. Disponível em: Acesso: 04/10/2016. CASTELLS, Manuel. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, Dênis (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de janeiro: Contraponto, v. 102, 1997. DIEHL, Astor Antonio. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Nova Fronteira, 2001. JERONIMO, Pedro. Ciberjornalismo de proximidade. Portugal: LabCom, 2011. KUCINSKI, Bernardo. Reflexões sobre o impacto da internet no campo do jornalismo. Porto Alegre: UFRS, 2007. Disponível em: Acesso: 04/10/2016. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar, 2008. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2010. LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida contemporânea. 5ª edição; Porto Alegre: Sulina, 2010

social

na

cultura

LIMA, Anderson de Moura. Anderson de Moura Lima: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. Um e-mail. Entrevista concedida ao

54

trabalho de pesquisa de conclusão de curso para obtenção de grau de bacharel em jornalismo. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. MALHOTRA, Naresh. Introdução à Pesquisa de Marketing. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2005. MARCONDES FILHO, Ciro. Comunicação e jornalismo: A saga dos cães perdidos. São Paulo: Hacker Editores, 2000. MARQUES DE MELO, José. Comunicação e modernidade. São Paulo: Loyola, 1991. MELO, Isabelle Anchieta de. Jornalismo cultural: por uma formação que produza o encontro da clareza do jornalismo com a densidade e a complexidade da cultura. Disponível em: Acesso: 10/09/2016. PADILHA, Sônia Costa. O webjornalismo mediado pela cultura social. Portugal: LabCom, 2012. PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. São Paulo: Contexto, 2003. __________.Existe

público,

sim.

Disponível

em:

Acesso: 10/09/2016 PNAD, Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios. Disponível em: Acesso: 19/09/2016. FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. Editora Contexto, 2009. PAZ, Mariana. Mariana Paz: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. Um e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso para obtenção de grau de bacharel em jornalismo. POPPER, Karl Raymund. Autobiografia intellectual. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1977.

55

RAMOS, Paulo; RAMOS, Magda Maria; BUSNELLO, Saul José. Manual prático de metodologia da pesquisa: artigo, resenha, monografia. 2003. Tese de Doutorado. Dissertação e tese. Blumenau: Acadêmica. RODRIGUES, Catarina. Blogs e a fragmentação do espaço público. Portugal: LabCom, 2006. ROSA, Marcia Eliane. Jornalismo cultural para além do espetáculo. Disponível em: Acesso: 28/08/2016. STEGANHA, Roberta. Jornalismo na internet: A influência das redes sociais no processo de confecção das notícias de entretenimento e celebridade. Bauru, 2010. Disponível em: Acesso: 04/10/2016. TEIXEIRA, Nísio. Impacto da Internet sobre a Natureza do Jornalismo Cultural. Belo Horizonte: PUC-MG/UNI-BH, 2002. Disponível em: Acesso: 19/09/2016. WOLF, Mauro; FIGUEIREDO, Maria Jorge Vilar de. Teorias da comunicação. Presença, 1999.

56

ENTREVISTADOS

LIMA, Anderson de Moura. Anderson de Moura Lima: entrevista [7 de nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. Um e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso PAZ, Mariana. Mariana Paz: entrevista [3 de nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. 1 e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso. Equipe Revista Revestrés: entrevista [nov. 2016]. Entrevistador: Eliziane Oliveira. Teresina/Piauí. 1 e-mail. Entrevista concedida ao trabalho de pesquisa de conclusão de curso.

57

APÊNDICE 1- ENTREVISTAS COMPLETAS PERGUNTAS E RESPOSTAS Entrevista completa site Entrecultura - Há quanto tempo existe o site? Apenas 6 meses. - Por que foi criado? Por causa da necessidade de uma ferramenta de comunicação que tivesse a arte e cultura como prioridade, que pudesse fomentar e divulgar nossa cultura e nossa arte. Temos muitos talentos. - Como é formada a equipe do site? Nomes e funções desenvolvidas pelos membros. Equipe de 7 pessoas. Mariana Paz – Coordenação geral Francicleiton Cardoso – Produtor Susyane Oliveira – Coordenadora de conteúdo e mídias sociais. Emerson Mourão – Designer gráfico Camila Fortes – Jornalista Bia Magalhães – repórter Mais diversos colaboradores. - Existe sede física própria? Sim. Na Av. Frei Serafim. - O que você (e demais membros, se possível) entendem por cultura? Cultura é um dos pilares para a educação, é a identidade de um povo, é como nós nos reconhecemos. Essencial para qualquer comunidade. - Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? Porque a internet, além de de uma ferramenta barata, é de fácil acesso e dessa forma, conseguimos alcançar mais pessoas com um produto de qualidade. - Por que criar um espaço na internet para realizar publicações? Os outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornais impressos, revistas) não fornecem espaço ou não são suficientes? Fornecem sim, tem espaço para todos. A internet é só mais um canal de divulgação. O que existe de qualidade no mercado, seja por qual meio, vinga. O entrecultura inclusive, trabalha com as 3 plataformas, TV rádio e portal. - A cultura tem público? Muito, um público ávido por notícia.Isso de dizer o contrário é besteira. - Acham importante publicarem críticas culturais sobre livros, espetáculos de dança e teatro, concertos, filmes e afins no site? Por quê? Sim, porque a cultura existe para isso, provocar e dialogar, construir opiniões, criticar, mudar de idéia. - Como funciona a reunião de pauta do site? Semanalmente e de forma horizontal, como toda equipe. - Como decidem os temas que serão abordados e publicados?

58

Procuramos ficar antenados com o que está acontecendo e criamos nossas pautas. Seguimos cronograma trimestral, mas flexível. - Para escrever no site é preciso alguma formação acadêmica específica? Sim, como tudo é preciso estudar e se habilitar. - É possível ganhar dinheiro com um site de cultura na internet? Sim, uma empresa como outra qualquer. Com diversas dificuldades e necessidade de superação de obstáculos. - Todos os membros vivem, financeiramente, somente do site? Não. - Qual a média de acessos mensais do site? Temos mais de 50 mil acessos (desde a criação do site). - Existem redes sociais para compartilhamento de links vinculadas ao site? (Facebook, Twitter, Linkedin, Email e etc). Sim. Todas. - Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Sim. Como em todos os lugares, não é todo mundo que valoriza tudo e da forma que eu entenda que mereça. Mas temos que parar com isso. Teresinense gosta de cultura sim. - Quais os assuntos mais abordados no site? Exclusivamente cultura e arte. Sem excessão. Topamos todas as pautas com esse tema. - Qual a frequência de postagens? Diariamente. - Falta assunto para publicar no site ou o universo cultural é sempre vasto? Rs. Não, na vdd sobra assunto. Se pudéssemos, teríamos uma equipe beeeem maior. - O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Sim. - Conhece outros sites de cultura de Teresina? Se sim, quais? Não. Todos trabalham com o factual, com o jornalismo. - Conhece outros de cultura no Brasil? Se sim, quais? Vários. - Para você (e demais membros) quem é referência em jornalismo cultural e críticas culturais em Teresina? E no Brasil? Tem muita gente boa, mesmo. Muita gente com seriedade. Aqui, Vagner Ribeiro. - Existe apoio ou incentivo dos órgãos públicos para o funcionamento do site? Sim. - O que acha que pode melhorar na divulgação da cultura em Teresina? A divulgação em sim. Tem tanta gente boa e produzindo coisa boas e importantes que quase ninguém tem acesso!!!!!

59

- Para finalizar, aponte, se desejar, considerações gerais sobre cultura, sobre internet e sobre o jornalismo cultural na internet em Teresina. - Entrevista completa site LadoCult - Há quanto tempo existe o site? Há 1 ano e 8 meses - Por que foi criado? Foi criado com o objetivo de trazer a opinião crítica às produções culturais locais, nacionais e internacionais - Como é formada a equipe do site? Nomes e funções desenvolvidas pelos membros. A equipe é dividida em editores, colunistas e colaboradores. - Existe sede física própria? Não - O que você (e demais membros, se possível) entendem por cultura? Cultura seria um aglomerado complexo que contém em si ideias, crenças, costumes, religiões e tudo aquilo que o ser humano adquire na educação familiar, e nas suas articulações sociais. - Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? Cultura é um assunto pouco explorado pela grande mídia, sendo colocado em segundo plano. A internet abre um maior espaço para se produzir e consumir cultura. - Por que criar um espaço na internet para realizar publicações? Os outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornais impressos, revistas) não fornecem espaço ou não são suficientes? A internet é acessível, livre e instantânea. Os outros meios de comunicação citados fornecem espaços pequenos e para determinadas pessoas e grupos. - A cultura tem público? Tem. E muito grande. - Acham importante publicarem críticas culturais sobre livros, espetáculos de dança e teatro, concertos, filmes e afins no site? Por quê? Sim. Esse é o objetivo do site. Dar espaços a pessoas que possuem grande conteúdo e paixão por essa área. - Como funciona a reunião de pauta do site? Reuniões mensais. Entre os editores. - Como decidem os temas que serão abordados e publicados? Geralmente, há liberdade para o colunista. Limitamos apenas aquilo que pode ser ofensivo ou discriminatório. - Para escrever no site é preciso alguma formação acadêmica específica? Não - É possível ganhar dinheiro com um site de cultura na internet? Sim, mas requer planejamento, empreendedorismo e paciência

60

- Todos os membros vivem, financeiramente, somente do site? Não - Qual a média de acessos mensais do site? 50 acessos por mês - Existem redes sociais para compartilhamento de links vinculadas ao site? (Facebook, Twitter, Linkedin, Email e etc). Sim. Facebook e Twitter - Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Ainda não. É preciso ainda formar o público nesse nicho - Quais os assuntos mais abordados no site? Cinema, Literatura e Música - Qual a frequência de postagens? Quinzenais - Falta assunto para publicar no site ou o universo cultural é sempre vasto? Assunto nunca falta - O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Não - Conhece outros sites de cultura de Teresina? Se sim, quais? Sim. Entrecultura, Entrerios,etc - Conhece outros de cultura no Brasil? Se sim, quais? Sim. Anallogicos. - Para você (e demais membros) quem é referência em jornalismo cultural e críticas culturais em Teresina? E no Brasil? Revista Cult - Existe apoio ou incentivo dos órgãos públicos para o funcionamento do site? Não - O que acha que pode melhorar na divulgação da cultura em Teresina? O espaço poderia ser maior para a área de crítica cultural. Poderia haver mais investimentos governamentais e privados na área. - Para finalizar, aponte, se desejar, considerações gerais sobre cultura, sobre internet e sobre o jornalismo cultural na internet em Teresina. Precisa se desenvolver mais. Se profissionalizar mais. Precisamos de mais críticos de arte, cinema, televisão, literatura, artes plásticas e teatro para que estes possam despertar no público o interesse pelas artes em geral e possam ajudar – com suas críticas – no desenvolvimento da nosso cultura. - Entrevista completa do site Revista Revestrés - Há quanto tempo existe o site? O site foi lançado em outubro de 2015. Tem pouco mais de um ano. - Por que foi criado?

61

O site foi criado a partir da necessidade de digitalizar e disponibilizar o acesso da Revestrés, alcançar novos e maiores públicos que a revista física tem limitações em atender por seu caráter específico de impresso e atualizar conteúdos com uma periodicidade maior do que a revista impressa bimestral é capaz de fazer. Além disso, não enxergamos o site como um portal de notícias que tem a necessidade de ser atualizado diariamente com notícias factuais. Enxergamos como um espaço digital que a Revestrés também é capaz de atuar. - Como é formada a equipe do site? Nomes e funções desenvolvidas pelos membros. A equipe é formada basicamente pela mesma equipe do impresso, ou seja, André Gonçalves (editor), Wellington Soares (editor), Samária Andrade (editora), Luana Sena (repórter), Victória Holanda (repórter), Maurício Pokemon (fotógrafo), Alcides Júnior (designer gráfico) e Adriano Leite (administrativo). Além disso, somos clientes de uma empresa desenvolvedora de sites responsável pelo sistema de assinaturas e loja online. - Existe sede física própria? A sede do site é a mesma sede da revista impressa. - O conteúdo do site é apenas o que é tratado na revista? Ou textos e outros assuntos também são elencados no site? Não. O conteúdo da revista impressa não é apenas transportado para o site. O site tem conteúdo inédito, principalmente nos blogs (Wellington Soares, André Gonçalves, Luiz Alberto Mendes, Blog da Redação, Luana Sena, Victória Holanda e Isis Baião) e na seção Novas. Além disso, utilizamos também conteúdo que não foi publicado na revista impressa como, por exemplo, fotos. - O que você (e demais membros, se possível) entendem por cultura? No editorial da Revestrés#1 trazemos: “Cultura. Essa palavra tão gasta e amassada, surrada e um tanto quanto maltrapilha que tantas páginas e séculos foram gastos para tentar defini-la e, a cada definição, se torna outra. Quem haverá de definir? Certamente não seremos nós, da Revestrés”. - Por que falar sobre esse assunto – cultura – na internet? O site segue a linha editorial da revista impressa, que se propõe a falar de cultura de maneira diferente, levando em consideração assuntos latentes que possam vir a se tornar matérias e reportagens, bem como assuntos inusitados. Nesse sentido, achamos relevante tratar cultura também neste espaço com uma perspectiva de abordar as temáticas artísticas e culturais de maneira diferente e inusitada, além de provocar reflexões sobre determinados temas sociais e até mesmo políticos. - Por que criar um espaço na internet para realizar publicações? Os outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornais impressos, revistas) não fornecem espaço ou não são suficientes? Cada tipo de veículo possui suas especificidades. A internet e os suportes digitais oferecem uma experiência diferente do que o veículo impresso e consideramos importante também estar neste espaço. Entre as vantagens enxergamos possibilidade de melhor interação e publicação de material sem a limitação de espaço do impresso. Ao mesmo tempo em que, percebemos que as pessoas ainda

62

têm interesse de comprar, manusear e guardar um produto impresso de qualidade. Em todas as edições a revista é muito bem comentada, principalmente quanto a qualidade do papel e pela qualidade visual do conteúdo disposto. - A cultura tem público? Recomendamos a leitura do Dossiê Cultura – Parte I e II disponível nos links: http://www.revistarevestres.com.br/reportagem/dossie-cultura/ http://www.revistarevestres.com.br/reportagem/dossie-cultura-parte-ii/ - Acham importante publicarem críticas culturais sobre livros, espetáculos de dança e teatro, concertos, filmes e afins no site? Por quê? Não temos este espaço dedicado exclusivamente para críticas, nem na revista impressa nem no site. No entanto, muitas vezes os colunistas se dedicam a pautas desse tipo. - Como funciona a reunião de pauta do site (o que é postado online)? Em reuniões de pautas definimos o conteúdo e a periodicidade das postagens. Damos ênfase para o que é destaque da edição, como o conteúdo das seções Entrevista, Reportagem, Homenageado e Ensaio Fotográfico. Alternadamente com a postagem de conteúdo da edição impressa, produzimos conteúdo inédito para os blogs e seção Novas. - Como decidem os temas que serão abordados e publicados? Questão abordada acima. - Para escrever no site é preciso alguma formação acadêmica específica? Todos da equipe são jornalistas, publicitários, professores ou possuem outra formação. - É possível ganhar dinheiro com um site de cultura na internet? Não temos dívidas. Conseguimos arcar com os custos e pagar as pessoas que trabalham conosco. Não temos lucro ainda. Mas consideramos que esse é um período de investimento. - Todos os membros vivem, financeiramente, somente do site? Todos nós trabalhamos em outros locais para manter a Revestrés. Mas não temos dívidas. Pagamos todas as nossas contas e as pessoas que trabalham conosco. Contamos com uma equipe enxuta, mas eficiente. Temos preocupação com a qualidade das pautas, a qualidade dos textos, fotos e imagens. - Qual a média de acessos mensais do site? Não temos essa informação disponível no momento. - Existem redes sociais para compartilhamento de links vinculadas ao site? (Facebook, Twitter, Linkedin, Email e etc). Sim. Facebook, Twitter, Instagram. - Na sua opinião (e demais membros) Teresina é uma cidade que valoriza a cultura local e mundial e busca por assuntos relacionados ao tema? Como atuamos em um nicho, sabemos que ele é menor, quantitativamente falando, que se atuássemos em geral ou em áreas como política ou sociedade, que tem um mercado relativamente mais fértil. Sabemos que atuamos num segmento. E buscamos trabalhar esse segmento qualitativamente. Se não temos um público enorme a oferecer, buscamos ter um público qualificado, o que, às vezes, interessa

63

mais a alguns anunciantes. O público qualificado costuma ser mais fiel e ter uma relação mais próxima com a revista, às vezes assumindo a posição de defender ou divulgar a revista espontaneamente. - Quais os assuntos mais abordados no site? O conteúdo da edição impressa e o conteúdo de outras seções do site. Cada tag possui um ranking de mais lidas. Ou seja, existem as mais lidas do próprio site, as mais lidas da seção Entrevista, as mais lidas da seção Reportagem, por exemplo. Portanto, não há como dizer o que é mais abordado, mas há como dizer quais conteúdos foram mais acessados. - Qual a frequência de postagens? O site é atualizado quase que diariamente e as redes sociais são atualizadas diariamente. - Falta assunto para publicar no site ou o universo cultural é sempre vasto? Costumamos dizer que não é por falta de pauta que a Revestrés vai acabar. - O site produz agenda cultural com as datas e locais de apresentações artísticas na capital? Não produzimos uma agenda cultural, mas com alguma frequência divulgamos eventos como shows, festivais, mostras de cinemas, espetáculos ou iniciativas interessantes na Seção Novas. Esta seção não cumpre a obrigação de ser pautada no agendamento, mas publica notícias mais factuais relacionadas a cultura, que não se resume a divulgação de agendas. - Conhece outros sites de cultura de Teresina? Se sim, quais? * - Conhece outros de cultura no Brasil? Se sim, quais? * - Para você (e demais membros) quem é referência em jornalismo cultural e críticas culturais em Teresina? E no Brasil? * - Existe apoio ou incentivo dos órgãos públicos para o funcionamento do site? Governo do Estado é anunciante do site. Governo do Estado, Prefeitura de Teresina e Prefeitura de Piripiri são anunciantes do impresso. Além disso, as edições 18 e 19 foram contempladas na Lei Rouanet de Incentivo a Cultura do Ministério da Cultura. - O que acha que pode melhorar na divulgação da cultura em Teresina? Voltamos a recomendar a leitura do Dossiê Cultura – Partes I e II. É um convite para reflexão que achamos que inclui essa questão. - Para finalizar, aponte, se desejar, considerações gerais sobre cultura, sobre internet e sobre o jornalismo cultural na internet em Teresina. *

64

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.