A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina: novos dados e contributos para o conhecimento e a valorização do espaço

September 12, 2017 | Autor: Joana Ferreira | Categoria: Medieval Archaeology, Archaelogy, Roman Archaeology
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JOANA VALÉRIA RESENDE FERREIRA

A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina: novos dados e contributos para o conhecimento e a valorização do espaço Relatório de Estágio apresentado à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra para a obtenção do grau de Mestre em Arqueologia e Território Setembro de 2012 Orientação: Professor Doutor Pedro C. Carvalho Dr. Ricardo Costeira da Silva

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Departamento de História, Arqueologia e Artes

A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina: novos dados e contributos para o conhecimento e a valorização do espaço

Tipo de trabalho Título

Autor Orientador Coorientador Júri

Identificação do Curso Data da defesa Classificação

Relatório de Estágio A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina: novos dados e contributos para o conhecimento e a valorização do espaço Joana Valéria Resende Ferreira Doutor Pedro C. Carvalho Dr. Ricardo Costeira da Silva Presidente: Doutora Maria da Conceição Lopes Vogais: 1. Doutora Helena Maria Gomes Catarino 2. Doutor Pedro Jorge Cardoso de Carvalho 3. Dr. Ricardo Costeira da Silva 2º Ciclo em Arqueologia e Território 29/11/2012 16 valores

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Departamento de História, Arqueologia e Artes

FICHA TÉCNICA Título A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina: novos dados e contributos para o conhecimento e a valorização do espaço. Relatório de Estágio apresentado à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra para a obtenção do grau de Mestre em Arqueologia e Território

Orientação: Professor Doutor Pedro C. Carvalho Dr. Ricardo Costeira da Silva

Texto Joana Valéria Resende Ferreira

Desenho Os desenhos de campo são da autoria do Dr. Ricardo Costeira da Silva, à excepção do Perfil Sul, que é da autoria de Joana Ferreira. Relativamente à cerâmica, todos os fragmentos foram desenhados por Joana Ferreira à excepção do fundo em disco, desenhado pela Dra. Sara Almeida.

Fotografia Museu Nacional Machado de Castro. Fotógrafos: Dr. Ricardo Costeira da Silva e Joana Ferreira

Capa: Desenho do plano final da intervenção (Autoria: Dr. Ricardo Costeira da Silva)

Este Relatório de Estágio não está escrito consoante o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar quero agradecer de uma forma especial ao Dr. Ricardo Costeira da Silva por todo o apoio, paciência, dedicação e encorajamento com que nunca me faltou ao longo deste mais de um ano de trabalho, semana após semana. Ao Professor Doutor Pedro C. Carvalho por ter aceitado orientar-me neste relatório, nunca pondo em causa as minhas capacidades, e mostrando-se sempre disponível para ajudar. Ao corpo de pessoal do Museu Nacional de Machado de Castro na pessoa da Dra. Ana Alcoforado, directora do Museu, e todos os funcionários, por me terem acolhido tão bem e se mostrarem sempre muito prestáveis em tudo o que foi necessário. À Professora Doutora Helena Catarino e à Dra. Sara Almeida pela ajuda com o desenho arqueológico e disponibilidade prestada. Aos meus pais pelo apoio financeiro, indispensável para a concretização deste trabalho, e que com todo o esforço me conseguiram dar. À Lívia Acácio por ter estado sempre lá para me ajudar durante o tempo do Mestrado, ensinando e encorajando. Quero agradecer também aos amigos Emanuel Melo, João Martins, João Paulo Ribeiro e João Baptista e à minha prima Tatiana Martins pela ajuda em alguns momentos do trabalho prático, nomeadamente durante a lavagem de materiais, traduções de inquéritos e realização dos mesmos. Apesar de terem ajudado de uma forma mais indirecta, merecem ainda especial agradecimento a Diana Carvalho e a Sara Raposo - as melhores colegas de casa que podia ter tido! Obrigado pela paciência, pelo companheirismo e por não se importarem de ter cerâmica espalhada na carpete da sala! Obrigado ainda a todos os amigos, familiares e colegas de curso que, directa ou indirectamente, me apoiaram ao longo deste ano, não me deixando esmorecer perante as dificuldades que este relatório me colocou. Vocês sabem quem são!

RESUMO O presente relatório, realizado no âmbito do 2º ciclo em Arqueologia e Território da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, constitui o resultado de todo o trabalho realizado durante o estágio efectuado no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), entre Setembro de 2011 e Junho de 2012. Esta dissertação centra-se essencialmente na elaboração do relatório da intervenção realizada na sondagem 3 (contígua à sondagem 2), aberta na antiga nave central da Igreja Românica de S. João de Almedina (séc. XII), igreja essa que se localizava na área hoje ocupada pelo MNMC. Com efeito, foi realizado todo o trabalho de gabinete inerente a esse tipo de relatórios arqueológicos, com a inventariação, descrição e classificação do espólio cerâmico, respectiva contextualização estratigráfica e datações. Assim, este trabalho engloba, sobretudo, o estudo do conjunto de material do período romano e medieval recolhido nessa intervenção, analisado também sob o ponto de vista de contextualização estratigráfica e histórica. O trabalho de gabinete efetuado permitiu-nos adquirir um conjunto de conhecimentos e competências práticas fundamentais para a nossa formação, e que se somam àquelas mais teóricas que adquirimos durante o 1.º ano do 2.º Ciclo em Arqueologia e Território. Em segundo plano, dado que nos interessamos também pela vertente da valorização do património arqueológico, e uma vez que o estágio no museu possibilitou o contacto com o público que o visita, serão apresentados e objecto de análise os resultados de um inquérito realizado aos visitantes que tiveram oportunidade de se expressar, nomeadamente, acerca das opções museológicas tomadas ou a tomar no criptopórtico e na “Sala das Sapatas”. Ambiciona-se que algumas dessas reflexões possam contribuir para a requalificação do percurso de visita daquelas áreas e, assim, beneficiar um dos mais significativos museus do nosso país. Palavras-chave: Museu Nacional de Machado de Castro, Igreja Românica, forum romano, cerâmica doméstica comum, valorização do património arqueológico.

ABSTRACT This report, conducted under the Masters in Archaeology and Territory of Faculty of Arts of the University of Coimbra, is the result of all the work done during the traineeship at the National Museum of Machado de Castro (MNMC), between September 2011 and June 2012. This thesis focuses primarily on the report of the survey conducted on intervention 3 (adjacent to survey 2), opened in the former nave of S. João de Almedina’s Romanesque church (XII century), which was located in the area now occupied by MNMC. Indeed, we made all the cabinet work inherent to this type of archaeological reports, with the inventory, description and classification of ceramic booty, its stratigraphical contextualization and dating. This work includes, especially, the study of all the material collected of Medieval and Roman periods, also analyzed from the point of view of stratigraphic and historical contextualization. The cabinet work performed allowed us to acquire a body of knowledge and practical skills fundamental to our training, which is added to theoretical skills acquired during the first grade of the masters in Archaeology and Territory. In the background, since we are interested also by the valorization of the archaeological heritage, and once the internship at the museum allowed us to contact with visitors, it will be presented and object of analysis, the results of a survey conducted to visitors who had opportunity to express themselves in particular about museological options taken or to be taken in cryptoporticus and "Sala das Sapatas”. We hope that some of those reflections can contribute to the upgrading of the route of visit, and thus benefit one of the most significant museums of our country.

Keywords: National Museum of Machado de Castro, Romanesque Church, Roman forum, common domestic ceramics, valorization of archaeological heritage.

ÍNDICE 1.Introdução ....................................................................................................................... 1-2 1.1Outras actividades desenvolvidas no MNMC ................................................................. 2 2.Estado da arte ............................................................................................................... 3-12 2.1Enquadramento histórico ........................................................................................... 3-9 2.2Trabalhos anteriores ............................................................................................... 10-12 3. Objectivos ................................................................................................................. 13-14 4. Metodologia Aplicada .............................................................................................. 15-26 4.1 Metodologia de escavação .................................................................................... 15-16 4.2 Metodologia de gabinete ...................................................................................... 16-23 4.3 Os resultados da intervenção de 2008 .................................................................. 23-26 5. A Intervenção Arqueológica ..................................................................................... 27-69 5.1 Classificação sumária do espólio exumado em 2011 .............................................. 27-62 5.1.1 A cerâmica doméstica comum (c.d.c.) ............................................................. 27-54 I – Materiais Romanos…………………………………………………………………………………….… 28-41 II – Materiais Medievais …………………………………………………………………………….……… 42-54 5.1.2 A cerâmica importada .................................................................................... 55-59 5.1.3 Outros fragmentos cerâmicos ........................................................................ 60-62 5.2 Análise dos dados estatísticos acerca da cerâmica recolhida ................................. 62-64 5.3 Análise global dos resultados obtidos: estratigrafia, estruturas e materiais arqueológicos ............................................................................................................. 64-70 6. A valorização do espaço – análise de inquéritos ....................................................... 71-80 7. Considerações finais ................................................................................................... 81-84 8. Referências bibliográficas .......................................................................................... 85-90

ÍNDICE DE ANEXOS ANEXO A – Tabela de estratigrafias de 2008 e 2011 .......................................................... 91-107 ANEXO B – Tabela de inventário da cerâmica doméstica comum (c.d.c.) ...................... 108-122 ANEXO C – Gráficos e tabelas de contagem da cerâmica ................................................. 123-127 ANEXO D – Estampas............................................................................................................ 128-135 I, II e III – Cerâmica com decoração brunida ................................................................... 128-130 IV – Cerâmica (informe) com decoração puncionada ........................................................... 131 V – Cerâmica (informe) com decoração incisa ...................................................................... 132 VI e VII – Asas puncionadas, golpeadas e digitadas ......................................................... 133-134 VIII – Alguns fundos em particular ......................................................................................... 135 ANEXO E – Figuras ................................................................................................................ 136-173 Sub-Anexo E1 – Plantas e desenhos do edifício e sua localização ................................ 136-139 Sub-Anexo E2 – Fotografias da área II do sector D: a sondagem 2 ............................... 140-143 Sub-Anexo E3 – Desenhos (perfis e planos) da sondagem 3 da área II do sector D ..... 144-151 Sub-Anexo E4 – Fotografias da sondagem 3 .................................................................... 152-160 Sub-Anexo E5 – Fotografias dos fabricos ......................................................................... 161-164 Sub-Anexo E6 – Fotografias das decorações ................................................................... 165-166 Sub-Anexo E7 – A cerâmica importada ............................................................................ 167-170 Sub-Anexo E8 – Outros fragmentos cerâmicos ............................................................... 171-172 Sub-Anexo E9 – Outros materiais ............................................................................................ 173 ANEXO F – Inquérito realizado (em português) ................................................................ 174-176 ANEXO G – Tabela de actividades de estágio ........................................................................... 177

1. INTRODUÇÃO O Relatório de Estágio que agora apresento, desenvolvido no âmbito do 2º ciclo em Arqueologia e Território da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é relativo ao trabalho efectuado no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), em Coimbra, entre Setembro de 2011 e Junho de 2012 (Anexo G). Sendo licenciada na área de Turismo, Lazer e Património e tendo ingressado o Mestrado em Arqueologia e Território, a falta de conhecimentos em termos dos trabalhos laboratoriais e de campo era clara. Assim, este Relatório exigiu da minha parte, inicialmente, um trabalho redobrado para aquisição de conhecimentos, mediante uma leitura bibliográfica exaustiva. Durante o estágio procurei aprofundar esses parcos conhecimentos e adquirir o maior número possível de competências. A área de Arqueologia sempre me despertou interesse e considero que não é devidamente explorada no nosso país. Daí o meu interesse especialmente em contribuir para o desenvolvimento da ligação entre a Arqueologia e o Turismo, mediante a definição de estratégias de valorização do património arqueológico e de transferência do conhecimento. O meu trabalho no MNMC iniciou-se ainda no mês de Abril de 2011 com a participação, durante uma semana, na escavação da sondagem 3 que é o alvo de estudo deste trabalho. O mesmo pretende relacionar o espólio cerâmico com o contexto estratigráfico da sondagem, de modo a tentar aprofundar os dados já retirados da intervenção na sondagem 2, adjacente ou contígua àquela, e que decorreu no ano 2008. Num momento posterior, a sala onde decorreram as intervenções será musealizada e estará aberta ao público. Por conseguinte, no último capítulo deste relatório manifestarei o meu ponto de vista relativamente a esse aspecto, algo que não me parece de somenos relevância, dada a manifesta falta de atenção que é dada no nosso país à área do Arqueoturismo. Sublinhe-se a ideia de que todas as propostas apresentadas, quer em termos de conclusões do estudo arqueológico, quer relativamente à valorização do espaço em si, traduzem um estudo que não deixa de ser subjectivo, com possíveis incorrecções, estando assim sujeito a remodelações e reavaliações em função de novos dados que venham a surgir e de outras perspectivas de observação. Em termos cronológicos, o trabalho aborda uma ampla diacronia. Esta intervenção arqueológica abrange desde níveis modernos de abandono da antiga Igreja Românica, até

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níveis de ocupação e aterro do período augustano, havendo a possibilidade de alguns níveis pertencerem a uma ocupação anterior. Consequentemente, os materiais estudados neste relatório abrangem datações que contemplam cerca de dezoito séculos de história! Ao longo do tempo, as dificuldades resultantes, acima de tudo, da pouca experiência, foram-se acentuando. No entanto, aos poucos essas adversidades foram sendo superadas e os nossos conhecimentos foram ganhando consistência. Fazendo um balanço inicial do trabalho, saliento o quão proveitoso foi este estágio, tanto na aquisição de conhecimentos e práticas, como no desenvolvimento do raciocínio e capacidade de observação e interpretação de sítios arqueológicos, faculdades indispensáveis para o possível exercício futuro de actividades profissionais na área da Arqueologia.

1.1 Outras actividades desenvolvidas no MNMC Para além deste estágio curricular, não posso deixar de referir que realizei nos meses de Junho e Julho de 2011 um estágio extracurricular no MNMC. Durante este tempo guiei algumas visitas ao criptopórtico com alguns grupos de diversas faixas etárias. Porém, a minha tarefa principal durante esse mês e meio consistiu na revisão da leitura e organização do espólio numismático do Museu, que apresentava algumas incorrecções, bem como na inserção das informações das Fichas de Inventário dessas moedas na Matriz online do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) onde já se encontravam todos os conjuntos artefactuais pertencentes ao museu. Já durante este ano lectivo continuei a realizar algumas visitas guiadas ao criptopórtico com grupos de estudantes da Universidade de Coimbra (UC), bem como algumas visitas à sondagem arqueológica sobre a qual este relatório assenta, para efeitos do estudo que é apresentado no último capítulo deste ensaio.

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2. ESTADO DA ARTE 2.1 Enquadramento histórico A colina da Alta coimbrã, com o seu relevo amenizado na zona de contacto entre a serra quartzítica e a planície aluvial do Mondego, é um sítio naturalmente protegido em todas as vertentes e que terá sido de ocupação preferencial desde há mais de dois mil anos. Poderá ter sido ocupada desde o Neolítico, a julgar pela proximidade com a Caverna dos Alqueves, em Santa Clara, intervencionada por Santos Rocha, e onde foram encontrados vestígios dessa época (ALARCÃO, 1979: 26). Relativamente ao período proto-histórico, a análise dos arruamentos da alta sugere a existência de um complexo fortificado pré-romano “castrejo”, provavelmente da Idade do Ferro (MANTAS, 1992: 491). Em intervenções recentes foram encontrados alguns materiais deste período, nomeadamente alguns em contexto secundário em níveis romanos de construção do criptopórtico, no Pátio das Escolas (2000/2001) e na Rua Fernandes Tomás (2006), onde foram encontrados pela primeira vez níveis selados da Idade do Ferro (ALARCÃO, 2008: 29). No entanto, por ainda se encontrarem em estudo, alguns destes dados não foram ainda devidamente publicados e foram adquiridos por informação oral. Pelo contrário, os vestígios mais significativos e mais bem conservados dizem respeito à época romana. A descoberta em 1888, numa obra na Couraça dos Apóstolos, de uma inscrição honorífica consagrada a Constâncio Cloro pela civitas aeminiensis, datada de 305/306 d.C. veio esclarecer as dúvidas e confirmar Coimbra como a cidade romana de Aeminium (ALARCÃO, 1979: 25; MANTAS, 1992: 487), já referenciada por Plínio e no Itinerário de Antonino (ALARCÃO, 1979: 23). Conquistada por Décimo Júnio Bruto por volta de 138/139 a.C., Aeminium terá sido institucionalizada como civitas apenas aquando da reorganização político-administrativa da Hispânia levada a cabo pelo Imperador Augusto entre 16-13 a.C. (ALARCÃO, 2008: 29). Nesta altura todo o território da antiga província da Lusitânia foi organizado em civitates com capitais estabelecidas muitas vezes em oppida já existentes, como seria o caso de Aeminium, ou então fundadas para o efeito (MANTAS, 1992: 491). Indispensáveis numa capital de civitas romana eram os edifícios públicos, nomeadamente os que corporizavam o fórum. Em Aeminium, o edifício romano melhor conservado na actualidade é o criptopórtico que sustentava precisamente o forum 3

aeminiense, localizando-se sob o espaço hoje ocupado pelo Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), área que atesta na cidade de Coimbra a mais ampla e ininterrupta diacronia de ocupação humana e sobre a qual se centra o nosso estudo. Devido ao declive do terreno, uma vertente com 90m a Este e 77m a Oeste em relação ao nível médio da água do mar (e que condiciona toda a estrutura urbana da cidade), foram construídas, em dois pisos, uma série de galerias abobadadas intercomunicantes entre si, em forma de “‫”ח‬, que permitiram criar uma plataforma plana para assentamento do forum com as consideráveis dimensões de 32,6m x 45,7m. Este ocupava uma posição central adentro do espaço urbano (Fig. 1) e, dada a grandiosidade da sua fachada Oeste, com cerca de 29m de altura, materializava e projectava a importância do Império (enquanto sua marca mais representativa) e o poder administrativo aeminiense. “O estudo de um vasto conjunto de materiais, recolhidos em unidades estratigráficas cuja cronologia de depósito é anterior ou contemporânea do processo de construção das estruturas romanas entretanto identificadas, permitiu, por um lado, reforçar a hipótese de uma ocupação pré-romana da coluna aeminiensis e, por outro lado, fixar a cronologia de edificação do criptopórtico e do forum que sobre ele assentava em meados do séc. I d.C., durante o principado de Cláudio”, referiu Pedro Carvalho (1998: 203), na sequência dos trabalhos efectuados nas fundações da basílica do forum. No entanto, questionava-se a construção do fórum numa altura tão tardia relativamente à ascensão da cidade a sede de civitas, presumivelmente em época augustana. Trabalhos mais recentes, porém, vieram comprovar a existência de um primeiro forum, mais pequeno, construído durante o reinado de Augusto, e sustentado por um criptopórtico simples de pelo menos um corredor, a galeria Este (Galeria D) (ALARCÃO et alii, 2009: 35-37). Verificou-se que esse primeiro criptopórtico é composto por uma galeria ligeiramente mais larga, com ombreiras em arenito e empenas em pedra calcária não trabalhada, ao contrário das restantes galerias, compostas por silhares calcários aparelhados. Para além disso, foram encontradas nas sondagens de 2008 e 2011 (Fig. 3) na Igreja Românica de S. João de Almedina, entre os aterros de construção do forum claudiano, bases de fustes de colunas romanas que parecem pertencer ao forum antigo. Aquando das obras feitas no principado de Cláudio a cota de circulação da praça do edifício terá sido sobrelevada em cerca de 90cm.

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Apesar de existirem, a cota positiva, poucos vestígios estruturais do complexo forense claudiano, um estudo recente apresenta uma proposta de reconstituição tridimensional (ALARCÃO et alii, 2009: 49-51). Teria uma praça delimitada em três lados por um pórtico de dois andares e varanda aberta para poente. A norte localizava-se a basílica, onde tinha já sido descoberta uma pequena ara de aspecto rude consagrada ao Genio baselecae. Importa ainda destacar a fonte abobadada construída encostada à fachada ocidental do fórum, e aparentemente descentrada, alimentada por uma nascente que brotava do solo. Poderia fazer parte de um conjunto de maior monumentalidade, projectado em função do eixo central do forum, mas a destruição da fachada oeste do criptopórtico terá ocultado outros vestígios. Não existem vestígios relevantes dos níveis de ocupação romana do forum, para além de alguns níveis de obra ou de construção. Surgem depois, alguns níveis relacionados com a destruição do edifício, talvez integráveis na antiguidade tardia ou posteriores (CARVALHO, 1998). As informações acerca do período suévico-visigótico são muito parcas na cidade. Segundo fontes históricas o séc. IV terá sido de alguma paz na Lusitânia (ALARCÃO, 2008: 67), e poucos vestígios da Antiguidade Tardia coimbrã são conhecidos. Já na transição para o séc. V, o início da Alta Idade Média, os cenários urbanos romanos terão entrado em decadência e alguns monumentos poderão ter sido demolidos. Em 409 d.C. os Suevos, Alanos e Vândalos invadiram a Hispânia, fixando-se em acordo com os romanos. Sabe-se que os Alanos se fixaram na Lusitânia mas não existem provas da sua passagem em Coimbra. Conímbriga era, nesta época, capital do bispado e Aeminium uma das suas paróquias, sendo este um período de grande difusão do Cristianismo. Em 585 d.C. os Visigodos conquistaram o reino suevo. Embora pouco se saiba sobre esta época em Coimbra, sabe-se que terá sido uma cidade de grande importância já que lá foi cunhada moeda e foi também nesta época, entre 569 e 589 d.C., que se procedeu à transferência da sede de bispado de Conimbriga para Emínio (ALARCÃO, 2008: 71), intitulando-se os bispos “episcopus conimbrigensis”, por se considerarem os herdeiros da diocese de Conimbriga, aspecto que levou à evolução do nome da cidade. Ao tempo dos suevos, Aeminium corresponderia a uma paróquia, dotada de igreja com baptistério anexo. Em 585 tornou-se sede de diocese, apetrechando-se então do 5

respectivo espaço religioso episcopal, construindo um novo ou adaptando (remodelando) um edifício pré-existente. Desta época, porém, poucos vestígios subsistem – mesmo alguns elementos arquitectónicos ou escultóricos que tradicionalmente têm sido inscritos nesta época podem ser posteriores, atribuíveis ao mundo moçárabe. Os muçulmanos conquistam a cidade, a que chamaram Qulumbryia, em 714/715 d.C., sob o comando de Abd-al-Aziz. Os vestígios arqueológicos relativos a este período específico voltam a ser escassos. Mesmo as fontes literárias de origem muçulmana fazem referências muito breves à cidade até 878, ano da primeira reconquista cristã (CATARINO, 2005c: 203). Sabemos, porém, que nesta fase, e após a agora cidade de Colimbria ser de novo tomada aos cristãos, incapazes de suster as forças de Almançor (em 987), o estabelecimento de acordos com as populações peninsulares terá sido a tónica da política de ocupação do território por parte das autoridades muçulmanas (TORRES, 1992). Grande parte dos territórios foram conquistados por capitulação podendo os seus habitantes, judeus e cristãos, permanecer na posse dos seus bens e liberdade de culto, em troca de um tributo. Para o séc. X existem prováveis testemunhos descobertos nas escavações do Pátio das Escolas, destacando-se o possível alcácer, datado de finais do séc. X (e a ser assim, obra de Almançor) (CATARINO, 2005c: 205; CATARINO E FILIPE, 2006 apud ALARCÃO, 2008: 72). Porém, os vestígios desta presença verificam-se ainda ao nível da herança cultural linguística, nos usos e costumes, no fabrico de utensílios, em novas técnicas e produtos agrícolas. Esta influência manifestou-se principalmente entre os moçárabes da cidade, sendo preponderante a permanência de muçulmanos depois da reconquista definitiva por Fernando Magno em 1064. Gomez Moreno definiu Coimbra como “o foco mais poderoso do moçarabismo na região ocidental” (REAL, 1974: 13). Após a reconquista definitiva, por ordem de Fernando I de Castela e Leão, o governo do condado de Coimbra, todo o território a sul do Douro, foi confiado a um moçárabe, D. Sesnando Davides. A partir de finais do séc. XI, a cidade e o seu território ter-se-ão reorganizado, iniciando muito provavelmente um programa de reestruturação urbana, mediante a construção e reconstrução de edifícios da cidade. De todo o modo, neste período de aceleração histórica, marcado por recuos e avanços no território, Coimbra permaneceu sempre numa zona de fronteira, com sucessivas conquistas e reconquistas. Este aspecto verifica-se nas cerâmicas associadas a algumas fossas e outras estruturas da época, descobertas no criptopórtico (e referentes a dados 6

ainda não publicados adquiridos por informação oral), onde surgiram materiais cuja datação não se pode precisar por possuírem elementos/técnicas de decoração de influência cristã e islâmica (elementos híbridos) (CATARINO et alii, 2009: 347). Em termos culturais, a Alta Idade Média caracterizou-se também por forte influência da religião, que comandava a vida intelectual dos cidadãos. Terão sido empreendidas nessa época uma série de construções religiosas e reconstrução de outras, algumas já desaparecidas hoje em dia. Uma dessas igrejas desaparecidas, de que restam apenas alguns vestígios, é a Igreja Românica de S. João de Almedina, sobre a qual incide o nosso estudo. No lugar desta igreja poderia ter existido uma igreja visigótica (REAL, 1974: 48-49), no entanto não há vestígios suficientes que o provem. Segundo Pierre David (REAL, 1974: 46) aquele espaço seria inicialmente ocupado por um baptistério, tendo evoluído depois para templo de culto, inicialmente de S. João Evangelista e depois de S. João Baptista. D. Sesnando terá, então, mandado erguer uma igreja em honra de S. João, que estaria em construção em 1087 (REAL, 1974: 47), e anexado à qual se construiu um claustro que ainda permanece, parcialmente reconstruído no seu sítio original, dentro do edifício do MNMC (Figs. 7 e 8). Sabe-se, por documentos da época, que decorreram obras na igreja a partir 1128-1131 e durante os 48 anos seguintes, mas parte dessas obras poderão ser de construção do claustro. Não seriam obras de construção da igreja românica pois sabe-se que a igreja sesnandina não terá sido demolida antes de 1160. (ALARCÃO, 2008: 107). Encontrou-se também no local parte de uma porta desta igreja (Fig. 11). Terá sido precisamente nesta altura que se fixou o Paço do bispo no local do antigo forum romano (Fig. 6), pois até lá partilharia as instalações da Sé com o cabido. Esta igreja terá também servido de Panteão episcopal, pelo menos entre 1088 e 1147, com o sepultamento de todos os bispos, desde D. Paterno a D. Bernardo (NOGUEIRA, 1597: 31 apud ROSSA, 2001: 267). Aos nos referirmos ao espaço funerário, refira-se que foram descobertos enterramentos na zona do claustro a Norte, no pátio fronteiro à igreja a Oeste e no actual terreiro exterior, a Sul. Algumas destas sepulturas danificaram, inclusive, o extradorso de algumas galerias do criptopórtico. António de Vasconcelos, Vergílio Correia e Manuel Real propõem uma datação provável desse claustro do final do séc. XI, baseando-se no estudo da quantidade considerável de elementos escultóricos encontrados. A arcaria do claustro é singela e assenta em impostas de seco perfil, sem a mínima decoração; a escultura é rude e 7

exclusivamente vegetal (REAL, 1974: 49). Todos os exemplares, pela acentuação dos ângulos com folhas robustas, estão de acordo com a tradição escultórica visigótica (REAL, 1974). Localizar-se-ia a norte do templo, avançando até metade da frontaria e nivelado cerca de um metro abaixo da igreja do séc. XII. Por este motivo, alguns autores supuseram que a igreja pré-românica a que o claustro pertenceria seria, não a sesnandina, mas outra ainda anterior a ela, a cota inferior e mais pequena, a julgar pela escala do claustro. No entanto, a confirmar-se esta hipótese, para a época a igreja deveria cumprir os requisitos mínimos que justificassem o investimento na construção do claustro (ROSSA, 2001: 268). Na requalificação do espaço iniciada por volta de 1160, e em que a igreja sesnandina foi demolida, procede-se também à renovação do Paço do Bispo. A nova igreja românica ou Igreja II de S. João de Almedina, sagrada entre 1192 e 1206, segundo a lápide comemorativa estudada por António de Vasconcelos (1937: 27 apud REAL, 1974: 54), seria monumental, com uma largura superior à Sé Velha. Ao contrário do que acontece com a sua versão visigótico-moçárabe, da qual não temos elementos suficientes para propor uma reconstituição, a versão românica conserva alguns elementos estruturais que permitem uma restituição mais circunstanciada da nave central (Figs. 4 e 5). Destacam-se as bases de dois dos pilares colunados, da nave central, que sustentavam a abóbada e ainda permanecem in situ numa sala do MNMC (Fig. 9). Ali ainda subsistem as paredes laterais e a fachada ocidental, onde se vislumbra uma arcada cega (Fig. 10). Podemos depreender, também pelo estudo por comparação com outras igrejas da mesma época e do mesmo estilo arquitectónico, que seria uma igreja de grande dimensão, de estilo beneditino, com três naves largas e três ramos. Walter Rossa (2001: 271-272) chama à atenção para a grande diferença de escalas entre as igrejas primitivas e esta, e questiona se esse facto se deve a uma outra pré-existente ou será apenas a demonstração da consolidação do poder episcopal e político na cidade. As obras da igreja românica estariam dependentes das obras na Sé, a decorrer simultaneamente, pois uma delas tinha de estar activa como Catedral, sendo a igreja de S. João de Almedina posterior. A entrada da igreja estaria virada para Ocidente e abriria para um terreiro que, a julgar pela posição dos enterramentos, se deveria estender até ao limite oeste da plataforma forense (ROSSA, 2001: 275). O acesso ao espaço vedado do complexo episcopal seria feito a sudeste pela porta em arco duplo de perfil ultrapassado com alfiz, que ainda hoje lá se encontra no exterior do Museu coroada por ameias e que terá sido construída 8

nessa altura para o efeito. Já Vergílio Correia (1946: I, 59) se referiu a ela como “porta do Paço”. Está alinhada com a fachada ocidental da igreja românica e articula-se na perfeição com o acesso ao canto sudeste do piso superior do criptopórtico (CARVALHO, 1998: 129). Nos anos 40 do séc. XX encontraram-se na fachada sul, do lado oposto à porta antes referida, vestígios de outro torreão semelhante que daria acesso ao canto sudoeste do piso inferior do criptopórtico. A igreja poderia ter a norte o seu claustro, embora não haja vestígios do mesmo. Uma outra hipótese, baseada numa referência escrita a um “atrium”, sugere um segundo claustro, átrio ou pátio onde actualmente é o pátio exterior. Este seria o espaço de contacto entre o mundo e o paraíso episcopal (ROSSA, 2001: 277). De um ponto de vista arquitectónico, esta igreja românica seria semelhante às desaparecidas igrejas de S. Pedro e de Santa Justa ao nível da planta, já referida (REAL, 1974). Sabe-se que o Paço continuou a ser habitado continuamente até ao séc. XX. Um documento de 1416 assegura que nessa época estaria abandonado e a fachada ocidental do criptopórtico em ruínas, talvez devido a um sismo. Assim, foi construída uma parede em alvenaria para suporte do que restava da fachada e construídas algumas casas adjacentes que só deixaram de existir muito recentemente, aquando das obras de remodelação do Museu. O Paço terá sido novamente remodelado e habitado no final do séc. XVI, altura em que foi construída a loggia por ordem de D. Afonso de Castelo-Branco. A igreja românica de S. João de Almedina foi demolida no séc. XVI/XVII para construção da igreja barroca, com orientação perpendicular à anterior, e que ainda permanece como reserva do museu com o propósito de ser convertida em auditório. Em 1912 o Paço Episcopal foi cedido à Câmara Municipal de Coimbra que de imediato iniciou as obras mínimas necessárias para a conversão do edifício em Museu. A grandiosidade e centralidade deste espaço fez-se sentir ao longo dos séculos dado que o criptopórtico é uma construção que condicionou sempre tudo o que sobre ele se edificou, algo que é difícil encontrar a este nível e em tão bom estado de conservação ao fim de dois mil anos de ocupação contínua da insulae forense.

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2.1 Trabalhos anteriores Tal como transparece do subcapítulo anterior, ao longo dos seus dois mil anos de ocupação, o espaço onde hoje se encontra o Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC) sofreu sucessivas remodelações e reconstruções. Já depois do seu estabelecimento como Museu, em 1913, os trabalhos de recuperação de alguns sectores do museu prosseguiram ao sabor dos financiamentos disponíveis, das políticas, e dos interesses dos responsáveis. A. Augusto Gonçalves assume a direcção do MNMC cujas instalações não se coadunam com as exigências de um museu – o seu interior era demasiado compartimentado e pouco iluminado. No entanto, tendo em conta a falta de financiamento adequado, apenas se realizaram pequenas obras de adaptação. A reforma mais profunda do Museu, bem como os trabalhos arqueológicos primordiais, decorreram sob a direcção de Vergílio Correia. O desentulhamento do criptopórtico iniciou-se na década de 30 do séc. XX, cabendo àquele autor, responsável por estas acções, a divulgação pública da existência de galerias romanas sob o antigo paço episcopal (CORREIA, 1946: 30-35). Este sugere então uma datação de construção do criptopórtico do séc. III/IV d.C. A intervenção no piso superior do criptopórtico prossegue entre 1955 e 1962 sob a direcção de Bairrão Oleiro e com o patrocínio da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), com a remoção total dos entulhos que preenchiam a galeria. Nestes trabalhos deu-se especial atenção à reconstrução das abóbadas que se encontravam derrubadas. O estudo dos materiais de época romana provenientes destes aterros, levaram Bairrão Oleiro a propor uma cronologia de construção anterior ao séc. III-IV (OLEIRO, 1956: 158-159 apud SILVA, 2009: 12) Em 1989/1990 os trabalhos arqueológicos foram retomados no piso inferior sob a orientação de Jorge de Alarcão e António Tavares. Libertaram-se as sete cellae dos níveis de pós-abandono, pôs-se a descoberto o nível de circulação romano e sondaram-se alguns aterros contemporâneos da construção do edifício. No entanto, os relatórios destes trabalhos nunca foram publicados nem os materiais estudados convenientemente (SILVA, 2009: 12). Ainda na década de 80 do século transacto, com a aquisição de terrenos adjacentes para ampliação do museu, surge um plano bem financiado que inclui todos os elementos

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estruturais e expositivos. Já numa primeira fase de obras de remodelação são iniciadas, em 1992, escavações sistemáticas sob a direcção de Pedro Carvalho. Na sequência das escavações, concluídas em 1997, o arqueólogo publicou um trabalho em que apresenta uma primeira proposta de planimetria do forum, faz um estudo exaustivo dos materiais encontrados e, com base nesses materiais estratigraficamente contextualizados, fixa a cronologia de construção do criptopórtico em meados do séc. I d.C. (CARVALHO, 1998: 203) A preparação das obras de ampliação e remodelação obrigou ao fecho definitivo do museu em 2004 até à sua conclusão. No âmbito desta obra foram efectuados trabalhos arqueológicos, preventivos e de emergência, em vários sectores das dependências do museu incidindo, nomeadamente, na área exterior ao edifício do forum (CARVALHO et alii, 2010). Relativamente à nossa área em estudo no quadro do edifício, esta corresponde ao sector D- área II (SILVA, 2009: 178), mais concretamente ao espaço que decalca os vestígios da Igreja Românica de S. João de Almedina e respectivo claustro (Fig. 2). Dos vestígios do claustro da igreja sesnandina assume-se que o que hoje é visível é o resultado da reconstrução levada a cabo por Vergílio Correia, antigo director do MNMC, que pôs a descoberto as fundações in situ do canto sudoeste do dito e recolheu os capitéis que lhe permitiram a hipótese de reconstituição. Para construção de uma nova sapata foram desmontadas duas arcadas do claustro, que foram devidamente numeradas e depositadas na reserva do MNMC, procedendo-se depois à escavação manual da sondagem arqueológica de 4m2 (Sondagem 1) que não forneceu dados relevantes para esclarecimento de algumas dúvidas da arquitectura claustral (SILVA, 2009: 178). Relativamente à Igreja Românica de S. João de Almedina, demolida pelo bispo D. João de Melo no séc. XVI/XVII para construção da igreja barroca que ainda hoje permanece, vimos que muito pouco resta: i.e., resta parte das paredes laterais e da fachada ocidental e as duas bases de pilares colunados. Aproveitando o facto de haver meios técnicos e humanos no local, cedidos pela logística da obra em curso, procedeu-se à abertura de uma sondagem arqueológica (Sondagem 2) em 2008 (Fig. 3), com cerca de 6m2, junto da base de pilar Norte, para tentar esclarecer algumas das dúvidas existentes relativamente àquele espaço, nomeadamente se essas mesmas bases estariam in situ, já que foram sucessivamente desconfiguradas pelos restauros promovidos pela DGEMN (SILVA, 2009: 197). Durante a escavação desta sondagem verificou-se a existência de um volumoso alicerce, composto por blocos calcários de médio e grande porte argamassados entre si, 11

sobre o qual assentava a base quadrangular do pilar (Fig. 13 e 22). Essa sapata corta todos os estratos até ao substrato rochoso e pode ser datada de finais do séc. XII pelos materiais encontrados na sua vala de fundação. Verificou-se também que o piso de circulação da sala das sapatas estará ao nível do antigo nível de circulação da igreja românica, a depreender pela concordância com a base da coluna e pelo facto de logo abaixo do lajeado do séc. XX surgirem sepulturas relacionadas com a ocupação da igreja (SILVA, 2009: p. 198). A informação retirada dos níveis que se supõem ser pré-românicos não é conclusiva. Devido à situação de Coimbra naquela época, sendo uma região de fronteira, sujeita a várias influências distintas, os materiais exumados parecem apresentar características regionais específicas para os quais é difícil encontrar paralelos, e outros cuja datação não é muito definida. Para além disso, e de um modo geral, o espólio é reduzido. Uma outra fase dos trabalhos incluiu a desconstrução e picagem de alçados. As sucessivas remodelações e reconstruções do edifício levaram a que a par da subtracção de alguns alçados, outros fossem parcialmente integrados em novas realidades. Assim, o acompanhamento arqueológico destes trabalhos pretendeu desvendar as diferentes fases de ligação do edifício e as sucessivas épocas de construção/remodelação das empenas afectadas (SILVA, 2009: 206). Muito poucas empenas originais anteriores aos sécs. XIX e XX persistiram. Os trabalhos no Bloco Nascente, onde se integra a nossa área de estudo, iniciaram-se com uma divisão do espaço em quatro corpos. É no corpo sul que se localizam os vestígios da Igreja Românica de S. João de Almedina. A denominada “Sala das Sapatas” conserva, como já vimos, alguns elementos in situ, incluindo as duas bases de pilar. A picagem das paredes da sala permitiu verificar que são constituídas por pedra calcária de diferentes volumes, pontuados em certos locais por cantaria facetada e alguns elementos arquitectónicos reaproveitados de outros monumentos. No alçado sul desta sala é visível um arco entaipado, já referenciado em plantas antigas. A sua possível articulação com a janela manuelina do piso superior levou os responsáveis a equacionar a possibilidade de esta igreja românica ter, no séc. XVI, um acesso directo à rua (SILVA, 2009: 237). Já depois da conclusão das obras e da reabertura do MNMC, ainda que não em pleno, procedeu-se ao alargamento da sondagem 2 do sector D, intervenção sobre a qual se debruça este trabalho e que será tratada em pormenor.

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3. OBJECTIVOS Os trabalhos arqueológicos realizados nesta sondagem 3 da Área II do Sector D definiram como primeiro objectivo o aprofundar do conhecimento existente sobre o primeiro fórum de Aeminium, construído em período augustano, sendo depois totalmente remodelado e ampliado na época de Cláudio. Procuravam-se também dados inéditos (inclusive estruturais) sobre a desconhecida igreja pré-românica de D. Sesnando, bem como outros que complementassem a informação que hoje se dispõe da igreja românica de S. João de Almedina. Além disso, todas as informações retiradas desta intervenção serviriam de apoio à equipa técnica e projectista do museu na busca da melhor solução para a valorização e musealização desta área expositiva. Pela nossa parte, com este nosso relatório de estágio, e para além de termos feito um ponto de situação (estado da arte) em relação às intervenções feitas neste espaço até ao momento, pretendemos analisar de uma forma resumida os resultados obtidos na intervenção realizada em 2008, sistematizar e interpretar a estratigrafia de 2011, desenhar perfis, planos e fragmentos de cerâmica e, sobretudo, fazer o estudo da mesma, compilando esses dados num só relatório. Pretendemos, basicamente, elaborar o relatório da escavação da sondagem 3, intervencionada em 2011, articulando-o também como os dados e as conclusões da intervenção de 2008, contígua a esta sondagem. Ao mesmo tempo, e como enfoque final e apenas complementar, tendo como auxílio do estudo os inquéritos realizados a visitantes aleatórios do Museu (aquando da visita excepcional à Sala das Sapatas), apresentarei o meu ponto de vista quanto à forma mais clara e proveitosa de abertura daquele espaço ao público. Além disso, uma outra parte desses inquéritos analisará ainda o funcionamento do museu em geral. Em termos pessoais, como referi anteriormente, a falta de bases na área de Arqueologia (uma vez que possuo a licenciatura em Turismo, Lazer e Património – FLUC) não deixou de constituir um entrave no desenvolvimento do trabalho, mas acabou por tornar maior a necessidade de estudo bibliográfico (na sequência do que já tínhamos feito aquando do 1.º ano do 2.º Ciclo em Arqueologia e Território), bem como a aquisição de competências e conhecimentos mais abrangente do que seria à partida necessário. Neste sentido, o trabalho que agora apresento permitiu-me um primeiro contacto continuado com o trabalho de gabinete que se segue a um processo de escavação (designadamente identificando e

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agrupando as cerâmicas por fabricos, e empregando a terminologia descritiva para os aspectos formais), e que será indispensável no futuro exercício profissional, apesar de apresentar com certeza algumas lacunas que nem sempre foi fácil contornar. Ganhámos igualmente a clara noção que a formação em arqueologia exige empenho, uma formação continuada e constante actualização, obtida inicialmente durante o percurso académico mas, depois, também para além deste.

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4. METODOLOGIA APLICADA 4.1 Metodologia de escavação Na sequência dos trabalhos de remodelação do MNMC e aproveitando a presença de uma equipa técnica no local, com recursos humanos e materiais disponíveis, aproveitou-se para proceder à abertura de algumas sondagens. Devido às exigências impostas pela natureza da obra, a implantação das sondagens não teve por base a quadriculagem anteriormente utilizada. Tratando-se de um espaço de grande dimensão, e para facilitar a sua compreensão e interpretação, dividiu-se toda área em cinco sectores (A, B, C, D e E). Por sua vez, alguns destes sectores foram subdivididos em áreas específicas de intervenção designadas em numeração romana, onde se realizaram diversas sondagens designadas por numeração árabe. À área em estudo corresponde o Sector D (remetido em torno do quadrante Este do museu, sobre a área que admitimos pertencer ao primitivo fórum augustano), Área II, Sondagens 2 e 3 (a primeira intervencionada em 2008, e a segunda, respectivamente o alargamento da mesma em 2011) (Fig.2). No seguimento da escavação da sondagem 2, em 2008, permaneceram algumas dúvidas interpretativas que necessitavam ser esclarecidas. Assim, no âmbito do PNTA “O Museu Nacional de Machado de Castro – um ensaio de arqueologia urbana em Coimbra”, da responsabilidade de Ricardo Costeira da Siva, propôs-se um alargamento desta área sondada em 10m2. A direcção técnica e científica da equipa coube ao arqueólogo Ricardo Costeira da Silva (doutorando do curso de 3º ciclo em Arqueologia na FLUC, bolseiro da FCT e investigador do CEAUCP/CAM) e ao Professor Doutor Pedro C. Carvalho (docente do Departamento de História e Arqueologia da FLUC e Investigador do CEAUCP/CAM). Esta equipa foi composta por alunos do Mestrado em Arqueologia e Território da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). Tendo em conta a presença de sepulturas e ossários, incluiu-se uma equipa de Antropologia Física, orientada pela Professora Doutora Ana Maria Silva do Departamento de Antropologia da UC, e composta por alunos do Mestrado em Evolução e Biologia Humanas (FCTUC). O trabalho teve por base uma densa pesquisa bibliográfica e documental acerca da área de estudo, etapa fulcral para a compreensão e estabelecimento de parâmetros na intervenção a fazer.

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Procedeu-se então ao alargamento da sondagem, que preconiza a escavação integral do espaço intra-pilares da parte da nave central da Igreja Românica de S. João de Almedina que não se encontra sobreposta pela igreja do séc. XVII. A escavação seguiu o método estratigráfico, escavando manualmente os depósitos respeitando as suas formas originais e contornos naturais, sendo retirados pela sequência inversa àquela em que foram depositados, de forma a possibilitar a compreensão e a reconstituição da ordem sequencial de deposição dos diversos níveis arqueológicos. O registo e as leituras estratigráficas foram efectuados com base na adopção do conceito de Unidade Estratigráfica e na sub-divisão em Depósitos/Estratos e Interfaces (Interfaces de Estrato e Elementos Interfaciais), e na utilização, como documentação estratigráfica, das Fichas de Unidade Estratigráfica, das Plantas de Unidade Estratigráfica, das Secções Cumulativas e da Matriz de Harris. Face ao exposto, foram seguidos os procedimentos preconizados para a escavação estratigráfica por Harris (1979) e Carandini (1996). Para complementar os registos, foram desenhados todos os planos (incluindo parâmetros de superfície, volume, relevo e posição relativa) e cortes/secções (com as relações/sobreposições estratigráficas perceptíveis). Foram também desenhados à escala 1:20 todos os depósitos, estruturas, perfis estratigráficos e alçados, com as indicações altimétricas. Foi igualmente feito um registo fotográfico sistemático de todas as estruturas, planos, perfis, alçados e outros elementos arqueológicos relevantes. Na recolha e triagem de espólio - que, saliente-se, foi bastante reduzido – excluíramse os materiais de construção sem relevância para o estudo da intervenção, registando-se apenas a sua ocorrência. Todo o material foi devidamente acondicionado e depositado na reserva do Museu Nacional de Machado de Castro. A nossa participação neste projecto de trabalho de campo circunscreveu-se a uma semana. Posteriormente, durante o estágio, efectuámos uma consulta analítica de todos os registos de escavação, tendo também efectuado o tratamento do espólio recolhido.

4.2 Metodologia de Gabinete O trabalho de gabinete iniciou-se com a lavagem do material cerâmico que estava depositado na reserva do Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC). De seguida efectuou-se uma triagem em que os fragmentos informes e sem decoração, sem relevância 16

para integrarem o estudo morfológico e tipológico, foram separados e, após terem sido contabilizados, devidamente identificados e acondicionados em contentores. O restante material, que é o objecto deste estudo, foi devidamente etiquetado, com o acrónimo MNMC/11, referência à sua proveniência (número da sondagem e unidade estratigráfica - U.E.) e numeração sequencial dentro de cada unidade estratigráfica [Exemplos: MNMC/11; 3-[04]-08 corresponde ao fragmento número 8 da U.E. 04 da sondagem 3 ; MNMC/11 ; 3-[38]-08 corresponde ao fragmento número 8 da U.E. 38 da sondagem 3]. Para uma apresentação sistematizada dos resultados obtidos no estudo da cerâmica – e para gerir melhor toda esta informação - optou-se por elaborar uma base de dados em formato de tabela (Anexo B). A tabela abarca todos os fragmentos de cerâmica comum que possuem forma (bordos, asas e fundos) e divide-se em cinco parâmetros gerais: Identificação, Cronologia, Descrição Técnica, Descrição Morfológica e Observações. Quando necessário, estes campos subdividem-se, por sua vez, noutros mais específicos. Os dados relacionados com o acabamento e decoração das peças serão incluídos nas descrições dos fabricos, dada a sua generalização e escassez dentro de cada grupo. Alguns fragmentos decorados serão desenhados (Anexo D) e fotografados (Sub-Anexo E6). A cerâmica importada será apresentada no capítulo da classificação sumária do espólio, logo após a descrição dos fabricos de cerâmica comum, com os respectivos desenhos, e as fotos apresentam-se em anexo (Sub-Anexo E7). Esta cerâmica está representada por um número muito reduzido de fragmentos (alguns até informes), e serão apenas referidos, contabilizados e fotografados, dada a sua relevância em termos cronológicos, servindo como “fósseis-directores”. Apresentamos agora em pormenor os parâmetros descritivos usados para a cerâmica doméstica comum (refira-se que alguns são semelhantes aos parâmetros usados para a descrição da cerâmica de importação):

Identificação  Nº de ordem – número de 1 a 371 atribuído sequencialmente a cada fragmento de cerâmica por ordem cronológica sequencial dos estratos de proveniência, ou seja, ao nº1 corresponde o fragmento com o nº de inventário 3-[39]-1, que é o primeiro fragmento numerado da unidade estratigráfica 39, a última identificada nesta sondagem 3. 17

 Nº de Inventário – É o número atribuído na etiqueta de cada fragmento, incluindo o nº da sondagem (neste caso o 3), o nº da unidade estratigráfica de onde o fragmento foi exumado e um nº sequencial de 1 a “x”, dependendo “x” do número total de fragmentos exumados de cada unidade estratigráfica. [Exemplo: o nº de inventário 3-[04]-08 corresponde ao fragmento número 8 da U.E. 04 da sondagem 3]. Faltarão números de inventário na tabela devido ao facto de nela só serem incluídos fragmentos com forma. Assim os números de inventário que faltarão na tabela pertencem a fragmentos informes, com ou sem decoração, que são estudados à parte nos moldes referidos neste capítulo.

Cronologia Atribuída a cronologia Romana ou Medieval consoante os estratos de proveniência em conjugação com o estudo dos fabricos divididos.

Descrição técnica:  Fabrico Idealmente a divisão por fabricos seria feita a partir de áreas e centros de produção, e por comparação com as pastas neles identificadas (PINTO, 2003: 72). Não se conhecendo as olarias da região, a solução é definir os tipos de fabrico através da observação macroscópica e agrupamento da própria cerâmica encontrada. Ou seja, a identificação e análise dos grupos de fabricos foi efectuada com base nas características tecnológicas que os fragmentos (pastas e superfícies) apresentavam. Todos os fragmentos de cerâmica comum foram agrupados tendo em conta semelhanças ao nível da qualidade ou natureza da pasta (desengordurantes – e.n.p., textura, compacticidade, etc), classificação e calibre dos e.n.p. (bem ou mal classificados, calibres pequenos ou grandes, proporções relativas dos diferentes tipos de inclusões e sua granulometria). Outro parâmetro usado, embora não sendo determinante, foi a cor da superfície. Tendo em conta as irregularidades da cozedura, a cor acaba por ser muito variável, não sendo assim um parâmetro exclusivo, mas apenas mais um dado. É de referir ainda que a divisão exaustiva de fabricos que efectuámos se deve à identificação de diferenças, que apesar de em alguns casos serem mínimas, nos parecem

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suficientes para não nos querermos comprometer anexando alguns fabricos mais ou menos semelhantes. Poderia ser um método mais simples, mas seria com certeza menos fiável. Relativamente à qualidade e natureza da pasta, teve-se particular atenção aos seguintes descritores: a compactidade, a presença e o tipo de elementos não-plásticos (e.n.p.), o seu calibre e classificação. Importa relembrar que esta avaliação pode revelar grandes imprecisões dada a sua avaliação meramente macroscópica. A compactidade foi avaliada consoante o toque e a observação das condições da pasta. Foram atribuídas as determinações: pasta muito compacta, pasta medianamente compacta, pasta friável/pouco compacta. A granulometria dos e.n.p. foi considerada conforme os que surgem em maior número e é apresentada de acordo com os calibres inscritos nos seguintes intervalos: pequenos (até 1mm), médios (entre 1 e 3 mm) e grandes (mais de 3mm). Quanto à distribuição dos mesmos e sua frequência, optou-se por referir se se apresentavam bem, medianamente ou mal distribuídos ou se a sua presença era homogénea, sempre nos mesmos calibres (bem classificada) ou se eram vários os calibres presentes (mal classificada). Assim sendo, a análise dos acabamentos ou técnicas e padrões decorativos será apresentada no capítulo dos respectivos fabricos. Este foi outro aspecto considerado secundário, uma vez que essas técnicas e padrões surgem indistintamente entre os vários fabricos identificados. Ao agruparmos as nossas peças em fabricos (privilegiando as semelhanças das pastas em detrimento dos perfis iguais), procurámos definir grupos que poderiam ser oriundos de um mesmo centro produtor e ser cronologicamente afins. Dentro de cada fabrico identificaram-se diferentes tipos consoante as características morfológicas e decorativas das peças. Ou seja, não obstante o conjunto cerâmico analisado não ser muito grande e diversificado, procurou-se verificar qual seria o reportório formal que compunha cada fabrico. Por sua vez, foi sempre seleccionado pelo menos um exemplar como amostragem, que foi devidamente registado (desenhado e fotografado). Os dezoito fabricos, identificados por letras de A a S, serão apresentados adiante em pormenor, no capítulo da classificação sumária do espólio, com os respetivos tipos (morfológico-funcionais) identificados dentro de cada um. Foram ainda fotografados exemplares de cada fabrico (Sub-Anexo E5).

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Descrição Morfológica Uma etapa fundamental deste trabalho consistiu em inventariar todos os materiais recolhidos em escavação, o que permitiu apreender a terminologia descritiva necessária para os descrever em termos de forma. Para melhor compreensão deste item recorreu-se igualmente ao desenho de várias peças, procurando sobretudo representar graficamente os diversos tipos que compunham cada um dos fabricos identificados.  Componente morfológica – definir se se trata de um bordo, asa ou fundo. Devido ao grau elevado de fragmentação da cerâmica não nos pareceu pertinente separar mais nenhum componente morfológico. Os fragmentos de bojos decorados serão apenas referidos na descrição de cada fabrico, conforme a sua ocorrência, com indicação para as respectivas estampas.  Forma – consiste na classificação da peça quanto à sua dimensão e desenho dos perfis, podendo estar relacionada com uma função específica (tipos morfológico-funcionais). Esta classificação foi efectuada com base nos estudos de Jorge de Alarcão (1974) e Inês Vaz Pinto (2003). A tipologia perfeita seria aquela que conseguisse identificar as formas principais que serviram de modelo, as formas que derivam desses modelos e aquelas que são simples variantes (i.e., tipos e sub-tipos). Segundo Jorge de Alarcão (1974: 30), a irregularidade do fabrico das peças pode criar uma série tão contínua de formas que a determinação dos tipos pode tornar-se difícil e contestável e é por isso que sentimos que o tipo em vez de ser considerado um padrão real, é uma criação nossa, uma categoria mental. Neste conjunto a classificação quanto à forma torna-se ainda mais difícil dado termos fragmentos muito pequenos e não possuirmos perfis completos. Todas as peças se resumem a simples fragmentos, a grande maioria deles informes e sem decoração. Apenas os bordos e alguns fundos e asas, auxiliados pela divisão feita quanto aos fabricos e alguns desenhos, nos poderão dar uma ideia sobre o tipo morfológico-funcional da peça em questão. Ainda assim, poucas certezas podem ser dadas, pois se para algumas peças completas já se torna difícil obter a sua função original, por falta de indicadores de uso e devido ao distanciamento que temos da época em que foram usadas, a dedução torna-se ainda mais complicada pela observação de simples fragmentos. Assim sendo, quando temos dúvidas quanto à forma da 20

peça, a classificação dos recipientes nesse parâmetro virá acompanhada de um ponto de interrogação na tabela de inventário, sendo assim sublinhada que se trata de uma mera possibilidade de classificação. Do quadro formal de Jorge de Alarcão (1974), adaptado por Inês Vaz Pinto (2003), incluímos no nosso estudo as seguintes categorias morfológico-funcionais:

Pote/Panela: Recipiente fechado de médias dimensões (10 a 16 cm de diâmetro do bordo), geralmente bojudo, utilizado na armazenagem e transporte de alimentos, podendo também servir para cozinhar. Corresponde à categoria tipológica mais abundante (a quase totalidade do espólio) apresentando alguma variação em termos de perfil e características tecnológicas, não se verificando decoração aparente. De referir que usamos o termo ou tipo “Panelas/Potes”, não distinguindo ambos, pelo facto de não termos exemplares suficientemente completos que permitam tal distinção – uma panela geralmente é mais baixa, larga e bojuda, podendo apresentar vestígios de fuligem, devido à acção do fogo.

Potinho: Recipiente morfologicamente semelhante à forma anterior mas de menores dimensões, podendo apresentar decoração. A determinação dos diâmetros foi complicada nestas formas pela pequena dimensão dos fragmentos. Geralmente possuem perfil em S. O colo é geralmente bem marcado, recto ou contra-curvado (e as pastas bem depuradas). O bojo pode ser ovoide ou levemente carenado, podendo ter colo marcado, fundo simples ou anelar, plano ou levemente côncavo. Destina-se presumivelmente a levar líquidos à “mesa” ou ao seu consumo.

Grande Pote/Talha: recipiente fechado, (18 a 46 cm de diâmetro de bordo), de grandes dimensões, geralmente de bordo horizontal, bojo ovóide muito largo, com duas asas. Os bojos podem apresentar decoração incisa ou em cordões plásticos. Usado para armazenagem de líquidos ou sólidos em grandes quantidades. Produzido com pastas finas ou medianas. Segunda categoria mais representada.

Tigela/Prato Côvo: recipiente aberto, hemisférico, de médias dimensões, com paredes rectas e esvasadas ou curvadas, sem asas. Destinado provavelmente ao consumo individual de alimentos. Categoria muito pouco representada. Alguns podem tratar-se de 21

pratos côvos, sendo neste caso de difícil distinção pelo grau de fragmentação dos exemplares.

Púcaro/Pucarinho:

Recipiente

fechado

de

pequenas/médias

dimensões,

morfologicamente semelhante aos potinhos, mas com uma asa, e que serviria para transportar líquidos à “mesa”. Forma rara neste espólio. Pode apresentar decoração. Distinguem-se pelo maior ou menor diâmetro do bordo.

Jarrinho: De menores dimensões que os jarros, possui um perfil que por vezes se aproxima dos púcaros, possuindo uma asa e por vezes a boca trilobada. Destinava-se a levar vinho ou água à mesa.

Alguidar: Forma troncocónica de base mais estreita que a abertura. Podiam ser usados como louça de cozinha ou para higiene pessoal.

Bilha/Cântaro: Tratam-se de formas com bojo ovóide, mais volumoso que o jarro, com gargalo alto e estreito, uma ou duas asas, mais frequentemente e podem apresentar boca trilobada ou circular. Eram usados para levar vinho ou água à mesa, e no caso dos cântaros para ir à fonte.  Tipo – definido essencialmente por cada uma das diferentes variantes de formato dos bordos dentro de cada forma. São definidos pela letra do fabrico junto com o número de sequência do tipo dentro desse mesmo fabrico. [Exemplo: o tipo R5 corresponde ao 5º tipo distinguido dentro do fabrico R.]. Há aqui a salientar ainda que cada tipo é acompanhado de um ou dois desenhos de peças representativas do mesmo, acompanhados com a legenda que inclui nº de ordem, nº de inventário, diâmetro da boca da peça, a escala e o número de bordos desse tipo em relação ao número total de bordos do fabrico em questão. Os fundos, embora relativamente abundantes, não receberam destaque no nosso estudo devido ao seu elevado grau de fragmentação, não contribuindo para o estudo das formas. Na prática era impossível saber a que tipo de recipiente pertencia. Ainda assim são em geral fundos de base plana. Apenas alguns exemplares foram desenhados por possuírem alguma particularidade digna de destaque (Anexo D – Est. VIII). 22

Relativamente às asas, os exemplares exumados são na sua maioria fitiformes, tendo sido igualmente detectados exemplares com secção semicircular, circular ou geminada. Algumas pertencerão a púcaros. Observações Informações consideradas relevantes e que não se enquadram nos parâmetros referidos da tabela, como a informação relativa às estampas. Alguns bordos apresentam a informação “Exemplar desenhado do respectivo Tipo”, o que significa que o desenho dessa peça representa no ponto 5.1.1 o Tipo a que pertence e que está igualmente referido na tabela. De salientar que, quando oportuno, alguns fragmentos foram fotografados e/ou desenhados e a referência ao anexo dessas imagens será também incluída neste campo da tabela.

4.3 A intervenção de 2008 Como foi referido no subcapítulo referente aos trabalhos anteriores, na sequência das obras de remodelação do MNMC foi aberta a sondagem 2, com 6m 2, na nave central da antiga Igreja Românica de S. João de Almedina, junto à base de pilar setentrional (Fig. 3), com o objectivo principal de verificar se a mesma estaria in situ e apurar a respectiva cronologia de construção. Esta dúvida colocou-se devido à remodelação que ambas as bases de pilar sofreram nos anos 30 (Fig. 9), promovida pela DGEMN, e que lhes conferiu um aspecto mais cuidado. A localização original da base norte verificou-se ao ser posto a descoberto um volumoso alicerce (correspondente à u.m. 08), composto por pedras calcárias irregulares de médio e grande porte, argamassadas entre si, e que corta todos os estratos até ao substrato rochoso, sendo portanto, de datação posterior a eles. Os materiais exumados do enchimento da vala de fundação da sapata indicam que se trata de uma construção de finais do séc. XII. Desta intervenção pode concluir-se ainda que o nível de circulação actual da sala, o pavimento de lages (u.e. 2), será equivalente ao nível de circulação original da Igreja Românica, mostrando perfeita concordância com a base do pilar. Além disso, foram encontradas logo abaixo do nível de assentamento do lajeado várias sepulturas associadas à

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ocupação da igreja, e que cortam a continuidade original dos estratos medievais (SILVA, A. M. et alii, 2008). Quanto ao estudo do espólio cerâmico, foram individualizados os materiais dos níveis romanos (u.e.’s 20 a 29) e medievais (u.e.’s 1 a 19). Nos níveis romanos os “fósseisdirectores” foram encontrados em número muito reduzido: 

Um fragmento de terra sigillata itálica, datado dos primeiros anos do séc. I d.C.;



Alguns fragmentos de bojo de ânfora, bem como um bocal de ânfora tipo Dressel 1,

com possível datação dos séc. II-I a.C; Já a cerâmica doméstica comum (c.d.c.) tem uma presença maioritária. Dentro desta foram distinguidos quatro fabricos: a cerâmica cinzenta fina de tradição indígena; a cerâmica cinzenta fina alto-imperial, sendo que dentro deste fabrico se identificaram ainda dois fragmentos muito peculiares: um com vestígios de ouro de fraco grau de pureza colado à superfície interior e outro com essa superfície completamente vitrificada; a cerâmica de grés cinzento, que se relaciona com serviços de cozinha, apresentando na maior parte dos casos fuligem exterior; e a cerâmica alaranjada quartzo-micácea, de pasta muito grosseira, que remete para grandes potes ou dolia (SILVA, 2009: 190). O espólio cerâmico medieval exumado é muito mais numeroso. Por conseguinte, adoptou-se uma nomenclatura de inventário mais adequada e elaborada por investigadores especializados. Distinguiram-se então três grupos (SILVA, 2009: 190): 

Recipientes de armazenamento e transporte (que inclui os grandes potes, potes e

cântaros). 

Recipientes de uso culinário (panelas), o grupo mais variado e bem representado no

conjunto. 

Recipientes de mesa (representados por jarros, garrafas e tigelas). À parte foram ainda agrupados os fragmentos com decoração. Observaram-se cinco

técnicas distintas: incisão, pintura a branco, brunido, aplicação plástica de cordões digitados e asas com incisões ou punções. Como seria de esperar foram encontrados nestes níveis medievais alguns fragmentos pertencentes a épocas anteriores, nomeadamente fragmentos de terra sigillata, cerâmica cinzenta fina brunida e um fragmento de tegula com [M] marcado em relevo, podendo aludir a Maelo, o conhecido proprietário da olaria de Conímbriga (ENCARNAÇÃO, 2006: 169170),já com materiais de construção antes identificados na área do forum de Aeminium. 24

Quanto aos vestígios estruturais, nada foi encontrado que possa ser associado à igreja pré-românica relacionada com o claustro desenvolvido a norte, na Área I do mesmo sector. O espólio cerâmico recolhido não oferece datações muito precisas, sendo difícil distinguir os níveis pré-românicos dos níveis românicos. Este facto deve-se, como já referi anteriormente, à localização de Coimbra na época, numa zona de fronteira, com constantes recuos e avanços por parte de cristãos e muçulmanos, sendo assim uma região permissiva a influências várias. Por conseguinte, os materiais apresentam características regionais, híbridas, para as quais não é possível encontrar paralelos que permitam um estudo coerente. As unidades estratigráficas 16, 17 e 18 têm uma cronologia de depósito anterior à construção da igreja do séc. XII, a julgar pela localização dos enterramentos, podendo então estar relacionadas com o templo pré-românico. As dúvidas que existiam relativamente à estrutura medieval foram em grande parte esclarecidas pelos contextos estratigráficos encontrados. Já os níveis romanos acabaram por revelar dados inéditos acerca do complexo forense de Aeminium, tendo sido identificados três momentos de ocupação distintos (SILVA, 2009: 200). Com uma cronologia alto-imperial, as unidades estratigráficas (u.e.’s) 20 a 23, e respectivas subunidades, correspondem a níveis de aterro. Na U.E. 21 exumaram-se um fuste e duas bases de coluna monumentais de arenito (Fig. 12). Uma das bases apresenta características que a enquadram tanto na ordem Dórica como Jónica, conferindo-lhe assim uma cronologia Júlio-Claudiana. A outra base é claramente de ordem Jónica, sendo-lhe atribuída uma cronologia nunca posterior ao reinado de Augusto. Além disso, as u.e.’s de aterro coetâneas da construção do forum Claudiano, em meados do séc. I da nossa era, apresentam espólio de datação anterior. A partir destes dados podemos concluir que a construção do fórum de Cláudio pressupõe a destruição de um monumento anterior, possivelmente um forum do tempo de Augusto (ALARCÃO et alli, 2009: 59). As unidadades estratigráficas 24 a 28 correspondem a um momento de deposição intermédio. Após a remoção dos estratos anteriores, detectou-se uma fina camada de argamassa de cal branca amarelada, muito compacta e arenosa, de superfície regular, que parece corresponder a um nível de circulação ou a um nível de regularização para assentamento de um pavimento, talvez um lajeado como sugerem os sulcos em negativo na superfície. A partir daqui, e por uma questão de desconhecimento da importância deste novo dado, traçou-se uma linha mediana na área intervencionada e os trabalhos 25

continuaram apenas no quadrante Este. O material recolhido, embora escasso, aponta para uma cronologia claramente Augustana desta construção. O período de deposição mais antigo corresponde a outro nível de circulação (U.E. 29), possivelmente pré-augustano, que será um nível de regularização do substrato rochoso calcário, composto por terra argilosa muito compacta. Os resultados alcançados nesta intervenção tornaram esta sala num local com potencialidades para a musealização e integração no circuito de visita do museu, processo que já está a decorrer. Os trabalhos arqueológicos de 2011 foram realizados com o objectivo de aprofundar estes dados acima referidos e as conclusões são apresentadas a seguir.

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5. A INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA 5.1 Classificação sumária do espólio exumado em 2011

5.1.1 A cerâmica doméstica comum (c.d.c.) O conceito de cerâmica comum foi, durante muito tempo, definido pela negativa ou por exclusão de partes, compreendendo as cerâmicas que não pertenciam a classes específicas e bem definidas. Jorge de Alarcão preferiu fazer a divisão entre cerâmica importada e cerâmica local ou indígena (1974: 29). A nosso ver, e de acordo com o defendido por Inês Vaz Pinto (2003: 62), “cerâmica comum é aquela que é produzida com técnicas de olaria vulgares e bem disseminadas, i.e., a cerâmica modelada à mão ou ao torno, cozida em ambiente redutor ou ambiente oxidante, por processos rudimentares ou em forno de chama viva, que pode ter decoração e engobe não vitrificado, não requer centros de fabrico especializados, e que se destina à satisfação das necessidades básicas ou quotidianas de cozinha, mesa, higiene, armazenamento, transformação de produtos agrícolas e transporte a curta distância da unidade doméstica, da exploração agrícola ou da pequena indústria”. Como refere Inês Vaz Pinto (2003: 62), o facto de um lote de cerâmica ser considerado “comum” é independente de alguns aspectos, como: - a qualidade da cerâmica, que depende essencialmente da natureza da argila e da temperatura de cozedura; - a presença de engobe ou decoração, desde que o engobe não seja intencionalmente vitrificado e ambos sejam tão simples que qualquer oleiro seria capaz de os aplicar, não requerendo centros de fabrico especializados; - a distância entre o centro de produção e o local onde a cerâmica é comprada e usada, desde que obedeça aos dois critérios de fabrico e função. O fabrico não especializado abarca produções de cerâmica comum individualizadas, como a cerâmica cinzenta fina, mas exclui cerâmicas que requerem alta especialização técnica, como as sigillatas; o critério da função doméstica, agrícola ou artesanal exclui as produções de ânforas, que satisfazem as necessidades de indústrias de média ou grande escala e de comércio e transporte de longa distância, conferindo-lhes uma dinâmica própria de produção, localizada em pontos específicos onde existem as indústrias que necessitam dessas peças. A cerâmica comum

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destinava-se, em primeira instância, aos mercados das regiões onde eram produzidas para satisfação das necessidades básicas da população local (PINTO, 2003: 62). No caso da Igreja Românica de S. João de Almedina, não sendo de todo um espólio numeroso e significativo, o seu estudo é de sobeja importância para uma melhor compreensão destes contextos que abarcam uma diacronia de ocupação lata que se sobrepõe a quase toda a história conhecida da cidade de Coimbra. Deste modo, contamos com uma amostra de certa maneira representativa dos exemplares usados nesta cidade durante alguns destes hiatos temporais. No entanto, as peças que compõem este conjunto cerâmico encontram-se muito fragmentadas contando com pequenos fragmentos, por vezes de difícil classificação. Para além disso, devido aos contextos de recolha se tratarem principalmente de níveis de aterro e construção surgem várias vezes infiltrações de cerâmicas de cronologias anteriores à época de depósito de determinado estrato. Situação que para a cerâmica doméstica comum (c.d.c.) dificulta a sua identificação cronológica. Como foi referido no subcapítulo 4.2, no caso da c.d.c. optou-se por individualizá-la em fabricos e adentro de cada um foram identificados os tipos ou as respectivas formas (morfológico-funcionais), bem como estabelecidos paralelos com cerâmicas semelhantes de outros locais. Para complementar e resumir este estudo, foi criada a Tabela de Inventário (Anexo B). Após a descrição de todos os fabricos de cerâmica doméstica comum serão apresentados os fragmentos de cerâmica importada bem como outros materiais exumados e merecedores de estudo. Posteriormente todos estes dados serão tratados em paralelo com a descrição da sequência estratigráfica. Procedemos agora á descrição dos fabricos:

I. MATERIAIS ROMANOS Correspondem aos materiais exumados das unidades estratigráficas seladas de datação claramente romana (Anexo A e Sub-Anexo E3: Figs. 14 e 15; 17 a 20) e que através dos vários parâmetros referidos no subcapítulo 4.2 nos permitiram distinguir 11 fabricos.

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FABRICO A (Fig. 44) Fragmentos com pastas medianamente compactas, com elementos não- plásticos (e.n.p.) de pequeno e médio calibre, medianamente classificados. A cozedura é redutora, o que lhes conferiu uma tonalidade cinza. As superfícies são alisadas, apresentando em alguns casos fuligem exterior. Em termos decorativos, identificámos alguns bojos com meandros incisos (Anexo D – Est. V). Surge representado apenas por Panelas/Potes, onde se evidencia a presença de duas categorias tipológicas (tipos morfológico-funcionais): Tipo A1

Nº ordem: 94 Nº inventário: 3-28-17  33 cm Nº bordos: 5/8 Escala 1:4

O tipo A1 é representado por potes/panelas com lábio boleado, bordo oblíquo, levemente espessado e voltado para fora. Encontra paralelos num pote de Conímbriga integrado no grupo da cerâmica de grés cinzento torneada de tradição indígena, apesar de contar com 17cm de diâmetro de bordo (ALARCÃO; 1974: nº120). A sua forma é ainda semelhante ao exemplar nº 283 do mesmo local (ALARCÃO, 1974) embora seja uma peça de cerâmica cinzenta fina de tradição indígena. Encontra paralelos ainda nas panelas de S. Cucufate com diâmetro máximo de 23cm, nomeadamente o exemplar com o nº de inventário 81.2309-2 A (PINTO, 2003: 351, est. VIII B-2-a). Tipo A2

Nº ordem: 96 Nº inventário: 3-28-19  24cm Nº bordos: 3/8 Escala 1:4

O tipo A2 é composto por potes/panelas com bordo extrovertido, rematado em gancho. Encontra paralelos no perfil de uma talha, com um diâmetro de bordo de 48cm, 29

exumada durante escavações realizadas no criptopórtico do Forum de Aeminium, embora o nosso exemplar possua o lábio mais arredondado. (CARVALHO, 1998: 163, est. XL – nº7).

FABRICO B (Fig. 45) Composto por pastas medianamente compacta, com e.n.p. de pequeno e médio calibre, medianamente classificados. Tem núcleo redutor cinza com arrefecimento oxidante, apresentando superfícies alaranjadas e alisadas. Este fabrico possui um número muito reduzido de fragmentos, e muito pequenos. Em termos decorativos, surgem alguns bojos com linhas paralelas incisas. Este fabrico apresenta semelhanças com o fabrico A, distinguindo-se por possuir apenas cozedura redutora. Em termos formais é constituído por Potes/Grandes Potes de entre os quais se distingue um único tipo.

Tipo B1

Nº ordem: 82 Nº inventário: 3-28-5  ? Nº bordos: 1 Escala 1:2

As peças do tipo B1 apresentam o bordo virado para fora com lábio arredondado e arqueado. Encontra paralelos, em termos formais, com o nosso exemplar 3-39-13 (nº ordem: 13), do Tipo H1, com 36,2cm de diâmetro de bordo. Por sua vez, estes exemplares apresentam paralelos com outros exemplares exumados em campanhas anteriores (CARVALHO, 1998: 99, est. XX , nº 21).

FABRICO C (Fig. 46) Pastas compactas com e.n.p. de pequeno calibre, bem classificados. As peças apresentam cozedura redutora que lhe confere uma tonalidade cinzenta. As superfícies são alisadas e por vezes muito alisadas a polidas. Nenhum dos fragmentos exumados apresenta

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decoração. Este fabrico é representado por Panelas/Potes, tendo sido individualizados 3 tipos: Tipo C1:

Nº ordem: 67 Nº inventário: 3-29-7  12cm Nº bordos: 22/25 Escala 1:2

Este tipo C1 é constituído por potes/panelas que apresenta bordo esvasado, em gancho. Forma semelhante ao nº 881 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), incluído no grupo das cerâmicas de grés tardo-romanas.

Tipo C2:

Nº ordem: 2 Nº inventário: 3-39-3  29cm Nº bordos: 2/25 Escala 1:4

O tipo C2 é representado por potes/panelas com bordo na contracurva dos ombros, virado para fora, e lábio espessado externamente, semelhante ao bordo de alguns potinhos de cerâmica cinzenta fina. O colo é curto e esvasado. Apresenta semelhanças formais com um pote de Conímbriga (ALARCÃO, 1974: nº133), que integra o grupo dos grés cinzentos de tradição indígena.

Tipo C3:

Nº ordem: 130 Nº inventário: 3-26-3  11cm Nº bordos: 1/25 Escala 1:2

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O tipo C3 é igualmente representado por potes/panelas. Estes apresentam um bordo vertical com lábio arredondado. O colo apresenta paredes convergentes e os ombros são rectos. Não encontrámos paralelos formais para esta peça, embora tenha semelhanças com o bordo de algumas bilhas, diferenciando-se por possuir um diâmetro de bordo muito maior do que os das bilhas.

FABRICO D (Fig. 47) Este fabrico caracteriza-se por pastas compactas, com e.n.p. de pequeno calibre e bem classificados. A cozedura é oxidante, o que lhe confere uma tonalidade alaranjada. Distingue-se do fabrico C por possuir apenas cozedura oxidante. As superfícies são alisadas e polidas. Dentro deste fabrico foram ainda identificadas algumas asas de secção em fita. Encontramos alguma variedade morfológica neste grupo, tendo-se distinguido a presença de Taças, pratos, alguidares e potes/panelas que se dividem em 4 categorias tipológicas.

Tipo D1

Nº ordem: 81 Nº inventário: 3-28-4  28cm Nº bordos: 1/4 Escala 1:4

Prato covo com bordo vertical bífido que sugere um suporte de tampa. As paredes são côncavas e pouco arqueadas. Encontra semelhanças na peça nº28 exumada da nossa sondagem 2 (GINJA, 2008), que pertence ao grupo da cerâmica alaranjada quartzo-micácea que Alarcão (1974: 77) inclui nas cerâmicas alto-imperais. Este prato encontra ainda paralelos num prato covo de cerâmica cinzenta fina (c.c.f) de Conímbriga, com 17cm de diâmetro (ALARCÃO, 1974: nº168) e num prato de S. Cucufate (PINTO, 2003: 183, nº82.4319-2 A, est. I-B-2).

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Tipo D2

Nº ordem: 136 Nº inventário: 3-22-1  34cm Nº bordos: 1/4 Escala 1:2

Almofariz ou prato covo de bordo triangular simples. Apresenta semelhanças com o prato covo nº 643 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), que por sua vez corresponde ao tipo Hayes 61 (HAYES, 1972 apud ALARCÃO, 1974) de cerâmica alaranjada fina tardo-romana. Apresenta ainda semelhanças formais com um almofariz de S. Cucufate (PINTO, 2003: 270, est. IV-D-1, nº 79.0413 – 2 A).

Tipo D3

Nº ordem: 54 Nº inventário: 3-31-1  19cm Nº bordos: 1/4 Escala 1:4

Tipo constituído por potes/panelas com bordo vertical, lábio boleado e ombros arredondados. Em termos morfológicos é semelhante ao pote nº 24 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), embora o nosso exemplar tenha os ombros mais arqueados e definidos. É semelhante também a um pote exumado das escavações no forum de Aeminium (CARVALHO, 1998, est. XVII, nº 1), embora essa peça tenha os ombros quase rectos e pouco contracurvados. Em termos de pastas, estes exemplares correspondem, respectivamente, à cerâmica vermelha da idade do ferro e à cerâmica manual de cor vermelho-alaranjado, podendo relacionar-se com este nosso tipo D3. Este pote/panela apresenta ainda semelhanças formais com um pote de cerâmica alto-medieval de tradição tardo-romana das Astúrias, (FERNÁNDEZ CONDE, 1989, est. VIII, nº4).

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Tipo D4

Nº ordem: 64 Nº inventário: 3-29-4  26cm Nº bordos: 1/4 Escala 1:4

Finalmente, o tipo D4 é representado por alguidares com formato troncocónico, de bordo esvasado, e com lábio espessado para o exterior. A parede externa é revestida por caneluras paralelas ao plano da base. É semelhante a um alguidar de Conímbriga (ALARCÃO, 1974, nº 796), incluído nos grés tardo-romanos e com 37cm de diâmetro de bordo.

FABRICO E (Fig. 48) Fabrico composto por pastas medianamente compactas com e.n.p. de pequeno calibre, bem classificados. A cozedura é redutora, o que lhe confere uma tonalidade castanha escura e cinza. É representado por apenas um tipo de potes/panelas. Tipo E1

Nº ordem: 97 Nº inventário: 3-28-20  16cm Nº bordos: 2 Escala 1:4

Os pote/panelas do tipo E1 têm o bordo virado para fora e soerguido, em forma de pequena aba oblíqua, e os ombros arredondados. Apresenta forma semelhante aos potes com os números 403D e 697 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974).

FABRICO F (Fig. 49) Pasta pouco compacta, com e.n.p. de pequeno, médio e grande calibre, mal classificados. A cozedura é redutora, conferindo-lhe uma tonalidade cinzenta. As superfícies são alisadas. Este grupo divide-se em duas categorias tipológicas que remetem para potes/grandes potes. 34

Tipo F1

Nº ordem: 128 Nº inventário: 3-26-1  46cm Nº bordos: 2/3 Escala 1:4

O pote F1 é representado por potes/panelas com bordo oblíquo, em aba soerguida, ligeiramente côncavo no dorso. Poderia receber um testo. Apresenta grandes semelhanças com o pote nº 134 de Conímbriga (ALARCÃO,1974), embora tenha apenas 28cm de diâmetro de bordo, bem como com o exemplar nº290 da mesma amostra (ALARCÃO, 1974). Apresenta algumas semelhanças também com uma panela de 18cm de bordo do forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 98, est. XIX, nº 17).

Tipo F2

Nº ordem: 3 Nº inventário: 3-39-4  20cm Nº bordos: 1/3 Escala 1:4

O tipo F2 é representado por um exemplar de Pote/Panela com bordo extrovertido e lábio amendoado. O bordo apresenta semelhanças com o nº917 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), mas possui uma orientação diferente, sendo mais curvado no nosso exemplar. Esse exemplar de Conímbriga está incluído no grupo dos grés tardo-romanos, com o qual este nosso fabrico se poderá assemelhar.

FABRICO G (Fig.50) Pasta medianamente compacta, com e.n.p. de pequeno e médio calibre medianamente classificados. As peças sofreram cozedura oxidante que lhe conferiu uma cor castanha. As superfícies são alisadas. Apresenta algumas semelhanças com os fabricos E e C, diferindo apenas na cor das pastas. Em termos decorativos, surgiram alguns fragmentos de

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dolia com meandros (Anexo D – Est. V). Este fabrico surge representado por grandes potes ou talhas e apenas nos permitiu identificar um tipo.

Tipo G1

Nº ordem: 98 Nº inventário: 3-28-21  34cm Nº bordos: 2 Escala 1:4

Este é representado por potes com bordo virado para fora na contracurva do bojo, com lábio espessado interna e externamente. Os ombros são arredondados, com canelura um pouco abaixo do colo e o bojo provavelmente ovoide. Forma semelhante ao nº11 da estampa XVIII do Forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 97), embora com o lábio um pouco diferente.

FABRICO H (Fig. 51) Corresponde à cerâmica manual. São peças constituídas por pastas pouco compactas com e.n.p. de pequeno e médio calibre, medianamente classificados. A cozedura corresponde a núcleos redutores e superfícies oxidantes. As superfícies são polidas. Trata-se de cerâmica manual. Neste fabrico incluem-se ainda algumas asas fitiformes e destaca-se um fragmento aparentemente com pintura avermelhada (Fig. 78). Este fabrico remete para grandes potes/talhas ou potes/panelas e divide-se em 3 categorias tipológicas.

Tipo H1

Nº ordem: 95 Nº inventário: 3-28-18  26cm Nº bordos: 1/7 Escala 1:4

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Tipo representado por potes/panelas com o bordo esvasado em forma de aba ligeiramente soerguida. Encontra paralelo em termos de orientação do perfil no nº 86 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), embora o bordo seja um pouco diferente. Este exemplar pertence ao grupo das cerâmicas quartzo-micáceas dentro das torneadas de tradição indígena.

Tipo H2 Nº ordem: 12 Nº inventário: 3-39-13  36cm Nº bordos: 3/7 Escala 1:4

O tipo H2 é composto por talhas com bordo ligeiramente arredondado virado para fora. Semelhante ao nº 21 da estampa XX do Forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 99).

Tipo H3

Nº ordem: Nº inventário: 3-39-12  8cm Nº bordos: 3/7 Escala 1:2

Finalmente, o tipo H3 é constituído por potinhos com bordo muito esvasado e lábio arredondado. Apresenta semelhanças com o nº 253 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974), embora este tenha o bordo um pouco menos esvasado. Esta peça enquadra-se no grupo da cerâmica fina cinzenta de tradição indígena.

FABRICO I (Fig. 52) Os fragmentos deste fabrico incluem-se no grupo da cerâmica cinzenta fina de tradição indígena e têm uma representação muito reduzida na nossa amostra. São peças muito homogéneas e de grande qualidade, produzidas com argilas depuradas, bem classificadas e em calibres muito finos, muito compactas, que sofrem polimento e alisamento como processos de acabamento, obtendo uma coloração da superfície cinzenta 37

escura, ou até acastanhada. A distinção entre estas e a cerâmica cinzenta fina alto-imperial centra-se mais em aspectos tipológicos (os tipos e perfis são outros) e cronológicos, pois sobre o ponto de vista tecnológico não se vislumbra qualquer diferença significativa (CARVALHO, 1998). Nesta amostra, este fabrico reporta para tigelas e potes e, em geral, os fragmentos não apresentam decoração.

Tipo I1

Nº ordem: 4 Nº inventário: 3-39-5  17cm Nº bordos: 1/3 Escala 1:2

Tigela/prato covo hemisférico com bordo simples biselado. Encontra paralelos formais em Conímbriga (ALARCÃO, 1974: nº163) e em S. Cucufate (PINTO, 2003: 221, est. IIIA-1, nº 79.695-2 A), sendo mais semelhante a este último.

Tipo I2

Nº ordem: 121 Nº inventário: 3-28-49  12 cm Nº bordos: 2/3 Escala 1:2

Pote com bordo esvasado e revirado para fora com lábio boleado. Encontra paralelos no Forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 106, est. XXII, nº8). Com orientação diferente mas o bordo semelhante, temos ainda o nº4 da nossa sondagem 2 (GINJA, 2008).

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FABRICO J (Fig. 53) Trata-se de cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial e é um dos fabricos mais característicos e melhor representados nos níveis estratigráficos em estudo. A homogeneidade do repertório formal e o uso habitual do brunimento como técnica decorativa, conferem a este grupo características que o demarcam nitidamente do fabrico anterior e das restantes produções de cerâmica doméstica comum local e regional. Estas cerâmicas são frequentes no norte e centro de Portugal, e parecem resultar de uma evolução e adaptação do processo de fabrico da cerâmica cinzenta fina de tradição indígena aos modelos (novos tipos) de cerâmica importada e aos novos hábitos alimentares resultantes da romanização (CARVALHO, 1998: 103). Os exemplares deste fabrico são constituídos por pastas cinzentas claras, compactas, com escassos e.n.p., bem classificados nos calibres muito pequenos. O acabamento das superfícies é em geral muito cuidado, com cor uniforme, oscilando entre o cinzento-claro e o cinzento-escuro. Enquanto os colos são unicamente decorados por linhas brunidas verticais ou oblíquas, os bojos apresentam em geral maior riqueza, mas pela fragmentação do espólio da nossa amostra foi impossível reconstituir padrões (Anexo D - Est. I, II e III). A nossa amostra parece corresponder na sua maioria a potinhos e alguns pucarinhos de perfil em S, com lábio boleado ou espessado externamente e decoração brunida de diferentes padrões. Predominam as asas em rolo, rolo duplo geminado ou em secção elíptica. Os intervalos de diâmetros da nossa amostra são difíceis de definir devido ao pequeno tamanho dos bordos que não permitiu estipular medições fiáveis. A cronologia de início de produção parece poder situar-se, pelo menos em determinadas zonas, em meados do séc. I a.C., tendo continuado a produzir-se ao longo de todo o séc. I d.C. e atingindo eventualmente os inícios do séc. II d.C. (CARVALHO, 1998: 103). A afinidade deste fabrico com a cerâmica cinzenta fina com decoração brunida de Conímbriga é clara, tanto na forma como nos padrões decorativos, e é principalmente na obra de Jorge de Alarcão (1974) que encontramos os paralelos para as nossas peças. Resta saber se ambas serão oriundas de um mesmo produtor.

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Tipo J1

Nº ordem: 116 Nº inventário: 3-28-44  11 cm Nº bordos: 22/25 Escala 1:2

O tipo J1 é caracterizado por potes/copos, com o bordo esvasado e o lábio boleado, com espessamento externo. O colo é contracurvado e decorado com linhas brunidas verticais. A forma é semelhante ao nº463 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974) e ao nº 10 da estampa XXII do Forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 106), havendo apenas algumas diferenças ao nível do lábio. Neste mesmo tipo incluímos outros bordos que, tendo um lábio semelhante, possuem diâmetros diferentes, como é exemplo o pote representado abaixo, que possui o bordo semelhante ao nº 11 da intervenção de 2008, embora com algumas diferenças formais.

Nº ordem: 74 Nº inventário: 3-29-17  15 cm Nº bordos: 22/25 Escala 1:2

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Tipo J2

Nº ordem: 43 Nº inventário: 3-39-53  5cm Nº bordos: 3/25 Escala 1:2

Pucarinho com bordo ligeiramente esvasado e lábio boleado. O colo e o bojo são decorados com linhas brunidas verticais, ligeiramente oblíquas, e com padrão ziguezagueado. Morfologicamente semelhante à peça nº2 da estampa XXII do Forum de Aeminium (CARVALHO, 1998: 106), embora com as paredes menos arqueadas.

FABRICO L (Fig. 54) Este grupo corresponde à cerâmica alaranjada fina com decoração brunida altoimperial (ALARCÃO, 1974: 93). Estas peças são compostas por pastas finas e compactas, obtendo superfícies muito alisadas. A cor da superfície oscila entre o laranja-amarelado e o avermelhado e pode apresentar decoração brunida. Alguns exemplares destas cerâmicas encontram-se em estratos do séc. I ou inícios do séc. II. Outras são claras imitações da cerâmica fina vermelha engobada norte-africana do séc. III adiante. Este nosso exemplar trata-se de uma peça com bordo esvasado e lábio arredondado. Encontra semelhanças no bordo do nº464 de Conímbriga (ALARCÃO, 1974).

Tipo L1

Nº ordem: 80 Nº inventário: 3-28-3  14 cm Nº bordos: 1 Escala 1:2

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II. MATERIAIS MEDIEVAIS

Correspondem aos materiais exumados nas unidades estratigráficas seladas de datação medieval (Anexo A e Sub-Anexo E3: Figs. 16 a 20 e 23 a 25) e que através dos vários parâmetros referidos no subcapítulo 4.2 nos permitiram distinguir 7 fabricos.

FABRICO M (Fig. 55) Caracteriza-se por apresentar pastas medianamente compactas, com e.n.p. de pequeno calibre, bem classificados. A cor da pasta é beige esbranquiçada, resultante de uma cozedura oxidante e as superfícies são alisadas. Distingue-se do fabrico N porque esse tem cozedura redutora, embora a pasta seja semelhante. Em termos decorativos surgem fragmentos de bojo onde se verifica a aplicação de cordões plásticos de várias espessuras, e alguns duplos, apresentando-se regularmente digitados (Sub-Anexo E6, Figs. 62 a 73). Surgiu igualmente um fragmento brunido (3-18-52) (Anexo D – Est. III) e um fragmento com pintura branca (Fig. 74). As asas são geralmente em fita e golpeadas (Anexo D – Est. VI e VII). Apresenta semelhanças com o fabrico O, diferindo apenas por este último possuir pastas compactas. Este fabrico é composto por Potes/panelas e tigelas que se dividem em duas categorias tipológicas.

Tipo M1

Nº ordem: 235 Nº inventário: 3-13-10  22cm Nº bordos: 20/25 Escala 1:4

O tipo M1 é caracterizado por bordos extrovertidos com lábio boleado e ombros rectos convergentes. Não encontrámos paralelos exactos.

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Tipo M2

Nº ordem: 293 Nº inventário: 3-5-12  13,8cm Nº bordos: 5/25 Escala 1:2

Por fim, o tipo M2 corresponde a tigelas/pratos covos com bordo de lábio boleado e arredondado. Apresenta semelhanças formais com a peça GT. 1.1 da fig. 10 de Jaén (PÉREZ ALVARADO et alli, 2001) que data da 2ª metade do séc. IX - 1ª metade do séc. X.

FABRICO N (Fig. 56) Pastas medianamente compactas, com e.n.p. de pequeno calibre, bem classificados. A cor da pasta é beige esbranquiçada na superfície e cinzenta no cerne, resultante de cozedura redutora com arrefecimento oxidante. Apresenta semelhanças com o fabrico M, embora esse não possua cozedura redutora. Os fragmentos incluem alguns bojos com cordões plásticos digitados de diferentes tamanhos e alguns cordões duplos (Sub-Anexo E6 – Figs 62 a 73). Um exemplar surge com um cordão digitado concêntrico rematado em cima por outro recto (Fig. 63). Encontramos ainda asas em fita golpeadas (Anexo D – Est. VI e VII). Apresenta semelhanças com o fabrico M, diferindo por este possuir apenas cozedura oxidante. Este fabrico N remete para panelas/potes e divide-se em 3 tipos.

Tipo N1

Nº ordem: 264 Nº inventário: 3-10-5  18 cm Nº bordos: 2/6 Escala 1:4

O tipo N1 é composto por potes/panelas com bordo extrovertido e lábio plano. Encontra paralelos formais nas peças 3 e 5 da fig. 1 de Barcelona, datadas dos sécs. VII-X

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(FIERRO MACIÀ et alli, 2004: 42). O bordo por sua vez é semelhante aos números 3 e 4 da fig. VIII de Los Castros de Lastra, peças datadas dos sécs. IX-XII (URTURI RODRÍGUEZ, 1989: 75).

Tipo N2

Nº ordem: 167 Nº inventário: 3-18-23  19cm Nº bordos: 3/6 Escala 1:4

Caracterizado por potes/panelas com bordo esvasado e lábio boleado, moldurado no exterior. Apresenta semelhanças com a peça IAPUC/2000 AI, EU 14-17 do Pátio da Universidade de Coimbra (CATARINO E FILIPE, 2005a: 83). Essa peça foi exumada de uma unidade relacionada com as fundações da muralha e o interior do alcácer. Este contexto encontra-se datado do séc. X/XI.

Tipo N3

Nº ordem: 330 Nº inventário: 3-4-16  25cm Nº bordos: 1/6 Escala 1:3

O tipo N3 é representado por uma panela/pote com bordo extrovertido rematado em gancho. Não encontrámos paralelos para esta peça.

FABRICO O (Fig. 57) Pasta compacta com e.n.p. de pequeno calibre, bem classificados. A cozedura é oxidante conferindo cor alaranjada às peças, e as superfícies são alisadas. Em termos decorativos apenas se denota a presença de aplicação plástica de cordões digitados (SubAnexo E6 – Figs. 62 a 73). As asas são de fita. Este fabrico remete para potes/panelas, tigelas, jarrinhos e cântaros, o que necessitou de uma divisão em seis categorias tipológicas.

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Tipo O1

Nº ordem: 282 Nº inventário: 3-5-1  11cm Nº bordos: 13/20 Escala 1:2

O tipo O1 é caracterizado por potes com bordo vertical, com lábio ligeiramente boleado e espessado externamente. Semelhante às panelas (com asas) de época islâmica que surgem entre os sécs. XI e XIII em Valencia, mas com o colo mais curto (BAZZANA, 1987).

Tipo O2

Nº ordem: 229 Nº inventário: 3-13-2  31cm Nº bordos: 2/20 Escala 1:4

O tipo O2 corresponde a tigelas? com as paredes côncavas ou curvas e o bordo triangular. Apresenta semelhanças formais com o nº16-1 da estampa VI da intervenção na sondagem 2 (NUNES, 2008). Encontramos ainda um paralelo no nº1 da fig.5 dos contextos alto-medievais de Minateda (GUTIERREZ LLORET, Sonia et alli, 2003).

Tipo O3

Nº ordem: 244 Nº inventário: 3-13A-12  6cm Nº bordos: 2/20 Escala 1:2

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Esta terceira categoria tipológica é caracterizada por jarrinhos com bordo ligeiramente extrovertido e lábio triangular arredondado. Semelhante ao nº 06-1, estampa V, da intervenção de 2008, na sondagem 2 (NUNES, 2008). Apresenta ainda alguns paralelismos com uma garrafa de Prado de los Llamares - Villafáfila (LARRÉN IZQUIERDO, H. e TURINA GÓMEZ, A., 1995: 89, nº17).

Tipo O4

Nº ordem: 141 Nº inventário: 3-21-1  10cm Nº bordos: 1/20 Escala 1:2

O tipo O4 é composto por potes/panelas com bordo em forma de aba soerguida espessada externamente e lábio boleado. Em termos formais apresenta semelhanças com o nº13-13 da intervenção de 2008 (NUNES, 2008) e com um bule alto-medieval de Silves (GOMES, Mário e GOMES, Rosa, 1997: 29, Q10/C4-2), embora com orientação diferente.

Tipo O5

Nº ordem: 152 Nº inventário: 3-18-7  8cm Nº bordos: 1/20 Escala 1:2

O tipo O5 é composto por bilhas/cântaros com bordo extrovertido com inflexão sem ressalto e lábio plano. Apresenta semelhanças formais com uma peça da rua da Judiaria, Almada (BARROS e HENRIQUES, 2000, nº MHA 803, fig. 3) que data dos sécs. XII/XIII. É ainda semelhante à garrafa nº7, fig. 7, de Coca (LARRÉN IZQUIERDO et alli, 2004).

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Tipo O6

Nº ordem: 243 Nº inventário: 3-13A-11  ? Nº bordos: 1/20 Escala 1:2

Finalmente no tipo O6 encontramos tigelas/pratos covos com lábio boleado e ligeiramente adelgaçado, e perfil curvo-convexo. Encontramos paralelos formais numa peça do castelo de Alcoutim (CATARINO, 2000, est. VI, nº6) e num prato do Pátio da Universidade de Coimbra (CATARINO e FILIPE, 2005a, nº IAPUC/2000 AI EU 11-17), embora o nosso exemplar não possua estrias na superfície externa. Esta peça do Pátio da UC tem uma provável datação anterior ao período califal.

FABRICO P (Fig. 58) Peças constituídas por pastas compactas, com e.n.p. de pequeno e médio calibre, medianamente classificados. Estas sofreram cozedura oxidante com arrefecimento redutor. As superfícies, em tom beige, são alisadas, apresentando algumas fuligem exterior. Em termos decorativos temos peças com meandros incisos (Anexo D – Est. V), caneluras no colo e cordões plásticos digitados (Sub-Anexo E6 – Figs 62 a 73). Surgiu ainda um fragmento com decoração brunida (Fig. 79) e alguns fragmentos com pintura branca ou amarelada (Figs. 75, a 77). As asas podem ser em fita ou ovais e algumas são golpeadas (Anexo D – Est. VI e VII). Este tipo reporta para potes/panelas e foi dividido em três tipos, o primeiro deles dividido em dois subtipos:

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Tipo P1.1

Nº ordem: 297 Nº inventário: 3-5-16  13cm Nº bordos: 8/13 Escala 1:3

Ao tipo P1.1 correspondem potes/panelas com as paredes do colo verticais e o bordo ligeiramente extrovertido com o lábio plano. A superfície apresenta caneluras ao nível do colo. Encontra semelhanças nas panelas com asas de época islâmica que surgem entre os sécs. XI e XIII em Valência (BAZZANA, 1981: 93), embora possua o colo mais curto.

Tipo P1.2

Nº ordem: 300 Nº inventário: 3-5-19  14cm Nº bordos: 2/13 Escala 1:3

Já ao tipo P1.2 correspondem potes/panelas com características morfológicas idênticas ao tipo P1.1, porém com algumas diferenças relativas à menor extroversão do bordo e ao facto de os ombros deste exemplar serem quase rectos. A superfície apresentase igualmente com caneluras. Encontra igualmente semelhanças com as panelas com asas de época islâmica dos sécs. XI e XIII de Valência (BAZZANA, 1981: 93), embora possua, também, o colo mais curto.

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Tipo P2

Nº ordem: 217 Nº inventário: 3-15-1  ? Nº bordos: 2/13 Escala 1:2

O segundo tipo do fabrico P caracteriza-se pela presença de bilhas ou cântaros (?) com bordo vertical, adelgaçado, e com colo cilíndrico. Parece ter um diâmetro de bordo muito pequeno, apesar de difícil de medir pelas pequenas dimensões da peça. Apresenta semelhanças ao nível do perfil do bordo com o nº4 da fig. 4 de Daniya (GISBERT SANTOJA, 1997) e com uma peça do castelo de Alcoutim (CATARINO, 2000, est. V, nº 4) que data da baixa idade média.

Tipo P3

Nº ordem: 340 Nº inventário: 3-4-29  16cm Nº bordos: 1/13 Escala 1:3

O tipo P3, por fim, apresenta potes/panelas com bordo esvasado e lábio em gancho, que apresentam semelhanças com o nosso tipo C1 de datação romana. Não foram encontrados paralelos formais de datação medieval.

FABRICO Q (Fig. 59) Fabrico caracterizado por pastas compactas, com e.n.p. de pequeno e médio calibre medianamente classificados. A cozedura é oxidante, o que confere à pasta uma tonalidade muito alaranjada que se reflecte também à superfície. Apresenta semelhanças com o fabrico M, divergindo apenas na cor da pasta. Em termos decorativos, foi exumado um fragmento

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com uma linha incisa e surgem asas fitiformes golpeadas e com digitações (Anexo D- Est. VI e VII). Este grupo reporta para púcaros e tigelas e foi dividido em apenas duas categorias tipológicas.

Tipo Q1

Nº ordem: 326 Nº inventário: 3-4-11  18cm Nº bordos:7/8 Escala 1:2

Este grupo tipológico é caracterizado por tigelas com as paredes pouco curvas e bordo triangular espessado externamente. Encontra paralelo formal numa peça do País Basco (AZKARATE, A. et alli, 2003, fig. 15, nº 3), dos contextos cerâmicos dos sécs. VI ao X, embora o nosso exemplar tenha as paredes um pouco mais arqueadas.

Tipo Q2

Nº ordem: 171 Nº inventário: 3-18-27  6cm Nº bordos: 1/8 Escala 1:2

O tipo Q2 é caracterizado por apenas um pucarinho com bordo extrovertido e lábio biselado. Apresenta semelhanças morfológicas com o nosso tipo N1 embora com diâmetro muito mais pequeno.

FABRICO R (Fig. 60) Os fragmentos deste fabrico apresentam pasta pouco compacta com e.n.p. de pequeno e médio calibre, medianamente classificados. A cozedura é redutora, o que confere

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ás peças uma cor cinzenta. As superfícies são alisadas e algumas apresentam fuligem exterior. Em termos decorativos, surgem bojos com meandros incisos e cordões plásticos digitados (Sub-Anexo E6 – Figs. 62 a 73). Outros fragmentos não apresentam qualquer cuidado no acabamento apresentando um aspecto mais grosseiro. As asas são em fita e normalmente golpeadas (Anexo D – Est. VI e VII). Identificamos neste fabrico somente potes/panelas que distinguimos em seis tipologias.

Tipo R1

Nº ordem: 284 Nº inventário: 3-5-3  15 cm Nº bordos: 12/39 Escala 1:2

O primeiro tipo é composto por potes/panelas com bordo esvasado e externamente moldurado. Encontra paralelos formais numa panela de Santa Cruz da Vilariça (RODRIGUES E REBANDA, 1998, nº SCV/A1-005-2068).

Tipo R2

Nº ordem: 296 Nº inventário: 3-5-15  15cm Nº bordos: 4/39 Escala 1:2

O tipo R2 é constituído por potes/panelas com bordo esvasado e lábio plano. Encontramos semelhanças ao nível do lábio no nº06/5 da intervenção de 2008 (NUNES, 2008).

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Tipo R3

Nº ordem: 289 Nº inventário: 3-5-8  16cm Nº bordos: 8/39 Escala 1:2

O tipo R3 é representado por tigelas de perfil hemisférico e bordo plano. Não encontrámos paralelos para esta forma com datação medieval.

Tipo R4

Nº ordem: 154 Nº inventário: 3-18-9  17cm Nº bordos:7/39 Escala 1:2

O quarto tipo inclui potes/panelas com o bordo extrovertido, ligeiramente triangular e espessado no exterior. Não foram encontrados paralelos formais.

Tipo R5

Nº ordem: 268 Nº inventário: 3-9-3  21cm Nº bordos: 7/39 Escala 1:4

O tipo R5 inclui potes/panelas com bordo esvasado e lábio plano com ligeiro espessamento exterior. Não foram encontrados paralelos formais.

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Tipo R6

Nº ordem: 165 Nº inventário: 3-18-21  12cm Nº bordos: 1/39 Escala 1:2

Por fim, o tipo R6 é representado por potes/panelas com bordo em aba com lábio boleado. Não foram encontrados paralelos formais para este tipo.

FABRICO S (Fig. 61) Pasta grosseira, muito friável, com ENP de pequeno, médio e grande calibre, mal classificados. A cozedura é oxidante, o que confere uma cor laranja à pasta. As superfícies são alisadas. Encontramos também algumas asas em fita. Remete para talhas, potes ou grandes potes e apresenta três categorias tipológicas distintas:

Tipo S1

Nº ordem: 319 Nº inventário: 3-4-3  38cm Nº bordos: 3/5 Escala 1:4

O tipo S1 corresponde a grandes potes ou talhas com bordo extrovertido bifurcado e externamente moldurado. Não foram encontrados paralelos formais para esta peça.

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Tipo S2

Nº ordem: 332 Nº inventário: 3-4-18  17cm Nº bordos: 1/5 Escala 1:2

Tipo caracterizado por potes/panelas com bordo em aba descaída ou pendente. Este bordo apresenta semelhanças com dum alguidar da Rua dos Correeiros (Lisboa) (DIOGO, A.M., TRINDADE, Laura, 2009, sond. 8, nº22). É semelhante aos bocais de ânfora de fabrico africano Keay XXVC (PASCUAL PACHECO, Josefa et alli, 2004), apesar de pelas características da peça ficar praticamente excluída a hipótese de se tratar de uma.

Tipo S3

Nº ordem: 147 Nº inventário: 3-19-4  ? Nº bordos: 1/5 Escala 1:2

Finalmente, o último tipo identificado é composto por potes/panelas com o bordo ligeiramente extrovertido e lábio boleado. Não foram também encontrados paralelos formais para esta peça.

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5.1.2 A cerâmica importada (Sub-Anexo E7) Além da cerâmica doméstica comum (c.d.c.) foram encontrados alguns fragmentos, muito escassos, de cerâmica importada que servirão como “fósseis- directores” da nossa sequência estratigráfica. Aqui será apresentada uma descrição sumária das peças, com forma ou não, e os respectivos paralelos. Algumas peças são apenas referidas e será dada a indicação das fotos que estarão em anexo. 

Ânfora Foram identificados 5 fragmentos de ânfora nesta intervenção. Dois bordos, um deles

muito fragmentado, que serão apresentados de seguida, um fragmento de bico fundeiro (Fig. 85), e um fragmento de asa (Figs. 86-89), possivelmente de uma Dressel 1, a julgar pela pasta avermelhada característica da região da Campânia, com partículas negras de origem vulcânica, e que pode ser datada da primeira metade do séc. I a.C. (CARVALHO, 1998: 7275). Foi ainda encontrado um fragmento de bojo (Fig. 92) provavelmente de uma Haltern 70, a julgar pelo engobe amarelado. O tipo de ânfora Haltern 70 seria usado para transporte e armazenamento de vinho. Apresenta grande variedade morfológica, que alguns autores relacionam com uma evolução cronológica (BURACA, 2005: 28) e a pasta é medianamente compacta, de cor rosada. A caracterização e procura de paralelos baseou-se mais na forma e na análise macroscópica das pastas. Bordo

Nº inventário: 3-39-41 Figura 90 – Sub-Anexo E7  21cm Escala 1:2

Trata-se de um bordo de ânfora possivelmente de uma variante mais antiga do tipo Dressel 1. Caracteriza-se por pastas muito finas e compactas, bem classificadas e calibradas, sendo o bordo desenhado pelo característico lábio oblíquo de secção triangular e com a 55

particularidade de ter um pequeno ressalto/moldura na ligação com o colo. Devido ao grau de fragmentação da peça o desenho pode apresentar algumas falhas. Este tipo de ânforas originário da Campânia do período tardo-republicano era usado para transporte de vinho (MORAIS, 2010: 186-187). O nosso exemplar encontra paralelos no nº 7 do Castelo da Lousa, que corresponde à variante A, com um apogeu de distribuição situável entre o último quartel do século II a. C. e a 1ª metade do século I a. C. (140/130 a. C. a 50/30 a. C.) (MORAIS, 2010: 186-187). Bordo

Nº inventário: 3-24-1 Figura 91 –Sub-Anexo E7  14cm Escala 1:2

Este trata-se de um fragmento de bordo de ânfora do tipo Dressel 14 e caracteriza-se por pastas compactas com abundante desengordurante, medianamente classificado, apresentando coloração vermelho-tijolo e uma aguada na superfície que lhe confere uma tonalidade mais escura (CARVALHO, 1998: 78). É um tipo de ânfora que transportava preparados piscícolas. É uma tipologia de produção Lusitana, fabricada e exportada a partir de Tibério/Cláudio e até à primeira metade do séc. III, enquadrando-se perfeitamente na cronologia de construção do segundo forum aeminiense. Estes exemplares apresentam o diâmetro menor que as clássicas Dressel 14 e os fundos mais largos, terminando com a ponta em botão - esta forma terá sido produzida durante um curto espaço de tempo e terá sido usada em comércio regional (MAYET E SILVA, 1998 apud BURACA, 2005). O nosso exemplar apresenta semelhanças com a ânfora nº 77 de Conímbriga, de datação mais tardia.



Terra Sigillata

Deste tipo de cerâmica fina utilitária romana foram recolhidos dois bordos, um deles com decoração, dois fragmentos de fundo (Fig. 83) e quatro fragmentos informes muito pequenos e sem decoração (Figs. 81 e 82). 56

Bordo

Nº inventário: 3-28-58 Figura 84 – Anexo E7  14cm Escala 1:2

Trata-se de um fragmento de terra sigillata de tipo itálico. A terra sigillata de tipo itálico foi o primeiro fabrico de cerâmica fina revestida por um verniz/engobe avermelhado distinguida pela sua exuberância estética e qualidade técnica, fabricada em grandes quantidades destinadas à exportação (GOUDINEAU, 1968: 18 apud SILVA, 2010). Genericamente, verifica-se que as produções de tipo itálico evoluíram técnica e morfologicamente. Numa fase mais antiga, iniciada em meados do séc. I a. C. (ATLANTE II, 1985: 375 apud SILVA, 2010), nota-se uma grande influência das produções de cerâmica campaniense. No final do séc. I e nas primeiras décadas do século seguinte, esta cerâmica atinge o expoente máximo da sua qualidade e difusão (VIEGAS, 2009: 148 apud SILVA, 2010). A partir do reinado de Tibério, a produção entra em declínio mas continuou ainda a ser produzida no norte da Itália (terra sigillata tardo-itálica ou padana) até à época flaviana (ATLANTE II, 1985: 377 apud SILVA, 2010). O maior fluxo de importação da cerâmica itálica para o território lusitano dá-se a partir de meados do principado de Augusto e no reinado de Tibério. O nosso fragmento encontra paralelos nos pratos do tipo Consp. 18 (ETTLINGER et alii, 1990: 83). Este possui parede vertical ou ligeiramente esvasada e fundo plano e seria usado para ingestão de alimentos sólidos Em termos cronológicos, poderá ter sido produzido desde 10 a.C., chegando a atingir meados do principado de Tibério (c. 30 d.C.). Nessa altura começa a evoluir gradualmente para a forma Consp. 20, advindo daí as semelhanças da nossa peça também com esse tipo. Trata-se de uma das formas mais presentes aquando do incremento da produção de terra sigillata de tipo itálico, tendo sido manufacturada em todos os principais centros oleiros produtores deste tipo de cerâmica.

57

Bordo

Nº inventário: 3-28-59 Figura 84 – Anexo E7  11cm Escala 1:1

À semelhança do exemplar anterior, este fragmento pertence a uma peça de terra sigillata de tipo itálico. Contém decoração em guilhoché no lábio. Encontrámos algumas dificuldades em estabelecer paralelos e em definir o tipo, no entanto a peça apresenta semelhanças com o tipo Consp. 23, nomeadamente com a peça 23.1.2 (ETTLINGER et alii, 1990: 93). Esta taça de forma cónica representa a evolução da forma Consp. 22 e possui o bordo inclinado para o interior com decoração em guilhoché no lábio e na zona da possível carena. O fundo destas taças é normalmente plano ou bicocónico (ETTLINGER et alii, 1990: 93).

Fundos Figura 83 – Anexo E7 Nºs inventário: 3-18-2 e 3-18-1

Estes tratam-se de fragmentos de fundos de duas taças distintas de terra sigillata sudgálica. A produção de terra sigillata na Gália começou por reproduzir cerâmicas idênticas às de tipo itálico e só mais tarde, no segundo quartel do séc. I, adquiriu especificidades próprias, em termos tecnológicos e em termos de tipos, tendo como principais ateliers La Graufesenque e Montans. A produção de Montans é abandonada em 175. Nos inícios do principado de Nero a produção em La Graufesenque atinge o máximo esplendor de qualidade, assistindo-se já perto dos finais desse período, a um declínio na qualidade do verniz, a uma perda de elegância de algumas peças. Estas peças deixam de ser exportadas entre 100 e 120 (POLAK, 2000: 25 apud SILVA, 2010). Sendo do mesmo tipo optei por não as separar na classificação.

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Cerâmica laranja fina com pintura a branco (Fig. 95) Esta cerâmica romana de pastas finas de cor laranja surge representada por 3

fragmentos, dos quais só um apresenta forma: um fundo. Em termos da pintura a branco, encontramos traços que formam diversos padrões, sobretudo linhas diagonais e reticulados. Esta cerâmica é muito habitual em Conimbriga, essencialmente em níveis do Baixo-Império – as nossas peças encontram aí paralelos (Planche XXXIII, Fouilles VI), mas também em peças encontradas nas anteriores escavações do fórum de Aeminium, nomeadamente nos seus níveis de destruição (CARVALHO, 1998: 165, XLI, n.º 7). 

Cerâmica com engobe branco (Fig.93 e 94) Esta cerâmica, já encontrada anteriormente no criptopórtico e também em

Conímbriga, está representada neste conjunto por apenas um fragmento de bojo informe que apresenta marcas de engobe na parte externa e interna. Esta cerâmica surgiu no criptopórtico em níveis alto-imperiais (CARVALHO, 1998: 83). Em Conímbriga surge em níveis claudianos, flavianos e trajanianos (ALARCÃO et alii 1976 apud CARVALHO, 1998: 83). Parece corresponder à cerâmica de engobe branco produzida na Gália na época imperial (CARVALHO, 1998: 83).

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5.1.3 Outros fragmentos cerâmicos 

Corda seca (?) Fragmento informe Figuras 96 e 97 – Sub-Anexo E8 Nº inventário: 3-18-5

O mau estado de conservação deste fragmento suscita dúvidas. Aparenta tratar-se de corda seca mas não conseguimos averiguar se será parcial ou total. Segundo Helena Catarino (2005b: 366), é durante os sécs. X e XI (o período califal e dos reinos das taifas), que se divulgam as cerâmicas policromas, como a decorada a verde e manganés, bem como as produções de corda seca parcial. É a partir do século XI que se inicia a produção da chamada corda seca total, tendo atingido o seu auge da sua difusão no período seguinte e continuando a sua produção pelo período almorávida (sécs. XI a XIII). Não podendo assegurar a proveniência desta peça, optámos por segurança, por incluí-la neste ponto do trabalho. Assumimos, no entanto, que poderá não se tratar do tipo de cerâmica que indicamos.



Faiança Bordo

Nº inventário: 3-7-1

Figura 98 - Sub-Anexo E8 Ø 25cm Escala 1:2

Trata-se de um fragmento de bordo de um prato em faiança com fundo azul e faixa branca junto ao lábio. Este tipo de faiança é característico do séc. XVII. Não podemos assegurar que a sua produção seja local ou não, daí a incluirmos neste ponto 5.1.3, sendo sem dúvida, como veremos adiante, um óptimo indicador cronológico para o nosso estudo. De todas as formas, deverá tratar-se de um prato de faiança de origem portuguesa de influência oriental, como alguns que podemos ver no catálogo do Museu Nacional do Azulejo (SANTOS, 1960; AAVV, 1994: 24-25). 60



Azulejo enxaquetado Fragmento informe Figura 99 – Sub-Anexo E8 Nº inventário: 3-6-13

Fragmento de forma triangular, formando um canto, em cor azul. Os azulejos enxaquetados ou em xadrez, de fabrico português, foram usados entre meados do séc. XVI e o primeiro terço do séc. XVII como revestimento de grandes superfícies em igrejas e mosteiros e tiveram origem nos painéis sevilhanos do séc. XVI. Esta influência chegou no ano 1607 a Santa Cruz de Coimbra (SIMÕES, 1969: 95-97). Estes painéis compõem-se principalmente por azulejos monocromáticos em alternâncias de duas cores (branco-azul ou branco-verde), onde se revela uma malha de força diagonal e grande dinamismo visual. Eram por vezes alternados com outros azulejos policromos. Estas composições simplistas provam como com grande escassez de meios foi possível atingir resultados de notória expressão ornamental (SANTOS, 1957; SIMÕES, 1969: 95-97).

Decidimos incluir no estudo apenas estes fragmentos de cronologia moderna por se tratarem de peças com datações conhecidas e importantes para a interpretação dos níveis mais recentes desta intervenção.



Fundo em disco

Nº de ordem: 309 Nº inventário: 3-5-28  16,8cm Escala 1:2

Desenho: Dra. Sara Almeida

Este tipo de fundos surgiu em grande número nas escavações do castelo de Arouca, correspondendo a alguidares. Tratam-se, no geral, de peças de razoável espessura, marcadas por um fundo plano de base alargada, para dar maior estabilidade às peças, que deverão ser de média ou relativamente grande dimensão. A base alargada pode aparecer sem qualquer decoração ou, como é frequente, com decoração digitada ou puncionada. 61

São peças bastante recorrentes em contextos medievais do Norte e Centro de Portugal (SILVA e RIBEIRO, 2007: 74). A cronologia exacta destes alguidares é ainda algo problemática, podendo ter sido produzidos, considerando a bibliografia, pelo menos desde o séc. XI até, porventura, aos inícios do séc. XIV. Genericamente parecem sobretudo integrarse no chamado período da Reconquista. Em Conímbriga, Jorge de Alarcão (1974: 164-5) datou estas peças entre a época tardo-romana e o período suevo-visigótico, ainda que estas peças tenham sido ultimamente revistas sob o ponto de vista cronológico (SILVA e RIBEIRO, 2007: 78).

Foram ainda encontrados um fragmento com vidrado verde (Fig. 100), um com engobe vermelho (Fig. 101) e outro com uma estampilha (Fig. 102). Por se tratarem de fragmentos demasiado pequenos para podemos avançar com hipóteses de datação ou forma fica apenas o registo da sua ocorrência.

5.2 Análise dos dados estatísticos acerca da cerâmica recolhida Para completar este estudo foram elaboradas algumas tabelas e gráficos para apresentação das contagens e estatísticas que parecem relevantes para o nosso estudo. No gráfico 1 (Anexo C) analisamos a quantidade de fragmentos de cerâmica doméstica comum (c.d.c.), cerâmica importada ou de proveniência indeterminada, de um total de 2616 fragmentos (dos quais apenas 22 fragmentos são de importação ou indeterminados), por cada unidade estratigráfica. Verifica-se uma maior presença de espólio nas unidades de datação romana, nomeadamente as u.e.’s 39 e 28. No caso das u.e.’s medievais destacam-se as u.e.’s de aterro 4 e 5 e a vala de fundação da sapata sul (u.e. 18) pelo número elevado de materiais recolhidos. Neste gráfico optámos por não fazer a distinção entre a cerâmica claramente importada (terra sigillata, ânforas e fragmentos com engobe ou pintura branca – Sub-capítulo 5.1.2) e a de proveniência indeterminada (Subcapítulo 5.1.3) devido ao reduzido número de fragmentos que representam – daí representamos ambas por “c.i.” de “cerâmica importada”. O gráfico 2 (Anexo C) apresenta o nº de fragmentos que, após a triagem que reduziu o espólio a 371 fragmentos com forma, separámos por cada fabrico representado pelas 62

letras de A a S. Vemos a clara predominância da cerâmica cinzenta fina com decoração brunida (Fabrico J que se divide em dois tipos: J1 e J2) e nos níveis medievais predomina o Fabrico R, esse já apresentando maior variedade formal e estando representado por seis tipos distintos, de R1 a R6, como vimos na classificação do espólio. Saliente-se, pelo motivo oposto, o fabrico L, de cerâmica laranja fina brunida, representado por apenas um fragmento – o bordo que caracteriza o tipo L1. Com base na tabela de inventário de cerâmica doméstica comum (Anexo B) decidimos elaborar o gráfico 3 (Anexo C) que apresenta a relação entre as quantidades de bordos, asas e fundos dentro de cada fabrico. Novamente destaque para o fabrico R, com maior número de bordos e fundos. Já o fabrico J é aquele em que predominam as asas, pertencentes aos jarrinhos e púcaros de que identificámos alguns fragmentos. Como o que realmente importa para o nosso estudo são os bordos, que nos permitiram determinar tipos (morfológico-funcionais), destacamos ainda os fabricos C, J e M, seguidos do fabrico O, por serem os que maior quantidade de bordos apresenta. Esta questão dos bordos é aprofundada e confirmada no Gráfico 4 (Anexo C) que refere o nº de bordos estudados por cada fabrico. Para dividir o número de bordos por cada tipo, dentro de cada fabrico, optámos por usar a Tabela 1 (Anexo C). Os tipos C1 e J1 são os que são representados por maior número de bordos (ambos com 22), seguidos do tipo M1. De salientar que grande parte dos tipos dos mais variados fabricos são representados por apenas um bordo, que ainda assim se tornaram de sobeja importância para serem representados. Deixando agora de lado a cerâmica doméstica comum, encontramos na Tabela 2 (Anexo C) a indicação do número de fragmentos de cada tipo de cerâmica importada ou de proveniência desconhecida, e respectivas unidades estratigráficas de recolha. Dentro da cerâmica que sabemos ser importada, predomina a terra sigillata com 8 fragmentos, seguida da ânfora com 5 fragmentos. Já quanto à cerâmica de proveniência desconhecida destacamos os 4 fragmentos de cerâmica laranja fina com pintura a branco, de feições romanas, perfazendo o total de 22 fragmentos já antes referidos. Na tabela 3 (Anexo C) encontramos descriminados os números de fragmentos por cada tipo de terra sigillata e ânfora recolhidos. Os tipos de decoração dos fragmentos foram algo que deixámos de certa forma para segundo plano, como já vimos, referindo apenas a sua presença dentro de cada fabrico e 63

ilustrando com fotos que foram remetidas para anexo e devidamente indicadas no texto. Quanto à cerâmica importada e de proveniência desconhecida, os aspectos decorativos também foram referidos na classificação do espólio. Ainda assim, e para facilitar uma melhor visualização destes aspectos, decidimos elaborar dois gráficos – um indicando os números de fragmentos por cada tipo de decoração dentro dos fabricos romanos (gráfico 5 – Anexo C) e outro para os fabricos medievais (gráfico 6 – Anexo C). No primeiro, observa-se a clara predominância da decoração brunida, favorecida pela também predominância do número de fragmentos do Fabrico J (cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial), surgindo também alguns fragmentos com punções. A grande maioria dos fabricos não aparenta apresentar qualquer tipo de decoração, a julgar pela amostra que possuímos. Já nos níveis medievais (gráfico 6 – Anexo C) destacamos a presença de bojos com cordões plásticos digitados, nomeadamente nos fabricos M, N e R, seguindo-se alguns padrões puncionados nos bojos e as asas golpeadas. O fabrico S não apresenta qualquer tipo de decoração visível. Para terminar decidimos elaborar uma tabela (tabela 4 – Anexo C) apenas para registar a ocorrência de outros materiais (a maioria não-cerâmicos) e as respectivas unidades estratigráficas de onde foram recolhidos. Salienta-se a presença de escória e de fragmentos de elementos arquitectónicos em várias unidades estratigráficas.

5.3 Análise global dos resultados obtidos: estratigrafia, estruturas e materiais arqueológicos Conjugando o estudo do espólio com os dados estratigráficos da sondagem 3 (Anexo A) tentaremos agora traçar o perfil evolutivo deste espaço. Como ficou demonstrado no capítulo anterior, o espólio proveniente desta intervenção conta essencialmente e quase exclusivamente com fragmentos de c.d.c. Esta situação não colabora para a obtenção de datações rigorosas e para fasear com mais detalhe e fundamentação a sequência estratigráfica registada. No entanto, para além de um número reduzido de cerâmica com cronologias mais específicas, contamos com a análise efectuada previamente da sondagem 2 (SILVA, 2009), com a qual estabeleceremos correlações. De facto, este espaço não poderá

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ser interpretado isoladamente sem recurso aos dados recolhidos naquela primeira fase de trabalhos. Assentes nestes pressupostos, optámos por apresentar a informação de acordo com a sequência estratigráfica e ordem cronológica relativa de deposição dos estratos, iniciando a exposição pelos níveis mais tardios. À semelhança do que foi registado na sondagem 2, verifica-se a continuidade de três distintos contextos de época romana, que correspondem a três diferentes momentos de deposição. O primeiro contexto (na cota mais baixa da sondagem), corresponde a um nível de circulação composto por barro cozido e argamassa, e que deverá ter sido utilizado para a regularização do substrato rochoso (u.e. 40, que se correlaciona com a u.e. 29 da sondagem 2). Este nível não foi escavado nesta campanha. Os resultados da campanha de 2008 apontam genericamente para uma datação pré-augustana. O segundo momento de deposição está materializado pelas unidades estratigráficas 33, 34, 35, 36, 36A, 37 (Fig. 38), 37A, 37B, 38, 39, 41. Estas correspondem à continuidade do aterro detectado na sondagem 2 (u.e.’s 25 a 28 dessa sondagem) e que é interpretado como nível de preparação para o assentamento do pavimento que deverá condizer com a praça do primitivo forum augustano. Nesta campanha apenas se procedeu à escavação da secção remanescente da sondagem 2 (Figs. 19, 20 e 25; 41-43) – a restante área não foi escavada por motivos que se prendem com a futura musealização do local. No entanto, e em relação à sondagem 2, surgem alguns elementos inéditos. Estes materializam-se sob a forma de negativos escavados nestes níveis de aterro. Junto ao perfil Oeste surgem alinhados e equidistantes em cerca de 2m, dois negativos de forma arredondada (u.e.’s 34 e 41). A meio da sondagem surge outro negativo, não tão profundo como os anteriores, e de forma quadrangular (u.e. 33) (Figs. 25 e 40). Os dados são insuficientes para uma interpretação conclusiva. Em termos de hipótese poderemos sugerir tratarem-se de negativos possivelmente relacionados com o assentamento de elementos arquitectónicos ou escultóricos em plena praça do fórum augustano. Estando hipoteticamente os primeiros relacionados com o assentamento de um pórtico colunado e o último com uma base de estátua. Estas conjecturas só poderão ser dissolvidas com a continuidade dos trabalhos. Realce-se mais uma vez que este aterro se encontra colmatado por uma fina película de argamassa de cal branco/amarelado (u.e.35), muito compacta e de superfície regular que parece corresponder à camada de assentamento de um lajeado, como sugerem os sulcos em negativo na superfície desta unidade. Foram exumados materiais cerâmicos apenas das 65

u.e.’s 39, 38 (Fig. 39) (em pequena quantidade) e 36A. Na grande quantidade de material exumado da u.e. 39 predomina a c.d.c.. Dentro deste grupo encontramos uma esmagadora maioria de fragmentos de cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial (Fabrico J – Fig. 53) que, como vimos anteriormente, tem uma cronologia de produção que pode ir do principado de Augusto até ao início do séc. II d. C., e dois bordos de cerâmica cinzenta fina de tradição indígena (Fabrico I – Fig. 52). O destaque vai para a recolha nesta u.e. de três fragmentos de ânfora: uma asa e um bordo do tipo Dressel 1 (Figs. 86-89 e 90) e parte de um bico fundeiro (Fig. 85). Foi ainda encontrado um fragmento informe de cerâmica com engobe vermelho (Fig. 101). Da u.e. 36A recolheu-se um fragmento informe de terra sigillata de tipo itálico (Fig. 82). Foi O último momento de deposição das camadas romanas é materializado pelas unidades estratigráficas números 22, 23, 24, 24A, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32 e 42. Algumas destas unidades correspondem aos enchimentos dos negativos encontrados no nível augustano: a u.e. 42 preenche o negativo do canto SO da sondagem 3 (u.e. 41). Por sua vez, as u.e.’s 31 e 32 correspondem a dois níveis distintos de enchimento no negativo cujo interface corresponde à u.e. 34, localizada no canto NO da sondagem. Finalmente, a u.e. 29 (Fig. 37) corresponde a um grande amontoado de pedras calcárias que preenche o negativo de formato quadrangular delimitado pelo interface correspondente à u.e. 33. Em qualquer destes enchimentos não se exumou qualquer tipo espólio que sugira datações mais rigorosas. As outras unidades remetem [tal como já verificado na sondagem 2 (SILVA, 2009)], para níveis de aterro/construção com solos que vão desde o castanho-acizentado ao castanho-alaranjado. Alguns destes estratos são compostos inteiramente por desperdícios de obra, como fragmentos de fustes de coluna (os dois mais significativos assentes na u.e. 26) e restos de argamassa, que solidificou e tornou essas camadas de difícil escavação. Estes serão provavelmente descartes de uma antiga construção relacionada com o forum augustano. Estes contextos são muito parcos relativamente ao espólio arqueológico recolhido. No entanto, e para além da c.d.c. (com natural destaque para a cerêmica cinzenta com decoração brunida, alto-imperial, e alguns fragmentos de cerâmica cinzenta fina de tradição indígena) destaca-se a recolha de dois bordos de terra sigillata itálica (Consp. 18 e Consp. 23 - Fig. 84) (u.e. 28 – Fig. 36) e um bojo de ânfora – Fig. 92 (u.e. 26) que possivelmente 66

pertenceria a uma Haltern 70. Da u.e. 24 foi exumado um bordo de ânfora Dressel 14 (Fig. 91). Estes elementos colaboram com a interpretação cronológica existente, sugerindo uma deposição em meados do séc. I – principado de Cláudio. Deverão corresponder ao nível de aterro que alteou a cota de circulação do segundo forum de Aeminium. Sobre os níveis romanos assentam vários estratos que se diferenciam dos imediatamente anteriores, desde logo, pela sua tonalidade castanha escura (Figs. 41 e 42) Estes níveis tinham já sido identificados durante a campanha de 2008 e datados da época medieval (coetâneas da utilização do espaço pela igreja românica de S. João de Almedina). A estes níveis associavam-se três enterramentos humanos (SILVA, 2009). No entanto, a campanha de 2011 trouxe novos elementos que deverão ser realçados. Destaca-se, desde logo, a identificação de uma unidade mural (u.m.11 – Fig. 34) em pedra seca que cruza a sondagem no sentido Norte-Sul. Esta estrutura encontra-se isenta de vala de fundação e assenta directamente sobre as u.e.’s 13 (Fig. 33) e 13A que, por sua vez, cobrem as u.e.’s 20 e 21. O espólio recolhido nestes níveis de aterro resume-se a alguns fragmentos de c.d.c onde apenas se nota a presença de recipientes com aplicação plástica de cordões digitados (Sub-Anexo E6) e um fragmento de cerâmica laranja com uma estampilha (Fig. 102). Este material arqueológico demonstra ser insuficiente, só por si, para avançar uma datação para a construção da u.m. 11. Essa sugestão cronológica só poderá ser realizada correlacionando o respectivo alinhamento com outras unidades estratigráficas, nomeadamente com os novos 14 enterramentos (4 a 17) identificados durante esta intervenção. Com efeito, distinguiram-se dois níveis distintos de sepulturas. O primeiro nível é composto pelos enterramentos 8, 9, 11, 12 (Fig. 31), 13, 14, 15 e 16 (Fig. 30) que dispõem em valas de exumação [sepulturas 06A (Fig. 35), 10A, 14A, 15A, 16A, 17A e 19A], abertas na u.e. 20 e com uma orientação O-E. O enchimento destas sepulturas não forneceu qualquer espólio relevante para a obtenção de datação da deposição destes restos osteológicos. No entanto, estamos em crer que deverão estar relacionadas com a primeira fase de ocupação da igreja românica de S. João (séc. XII/XIII). Este facto é reforçado pela presença de um segundo nível de enterramentos (4, 5, 6, 7, 10, 17) sem vala de exumação e que se posiciona sobre aqueles. Estes, que surgem bastante degradados (facto também favorecido pelas intervenções da DGEMN na colocação do lajeado actual), deverão estar relacionados com um período mais tardio de ocupação da igreja românica.

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Por sua vez, as valas de exumação dos enterramentos 8, 11 e 12 (u.e.’s 10A, 15A e 16A) cortam parcialmente a u.m. 11 (Fig. 34). Se tivermos em conta que estas sepulturas poderão relacionar-se com a primeira fase de ocupação da igreja românica de S. João (século XIII), somos facilmente levados a constatar que aquela estrutura e os níveis (de aterro/construção) sobre os quais assenta são anteriores ao templo românico. Assim sendo, poderemos sugerir a possibilidade de se encontrarem relacionados com a igreja préromânica mandada erguer por D. Sesnando no séc. XI (SILVA, 2009), da qual remanesce parcialmente o claustro, e que até ao momento, apesar da fiabilidade das fontes históricas, não tinham sido detectados quaisquer vestígios estruturais. Já na área a poente da u.m. 11 deverá realçar-se a individualização da vala de fundação (u.e. 18A – Fig. 35) da sapata do pilar colunado Sul da nave central da igreja românica de S. João (u.m 1A). À semelhança do constatado durante a campanha de 2008 no pilar colunado Norte (Figs. 12 e 22), também esta vala cortou todos os estratos de datação medieval e romana que lhe são adjacentes até ao substrato rochoso. O enchimento da vala de fundação (u.e. 18) forneceu uma grande quantidade de c.d.c. (entre a qual surgem asas golpeadas (Anexo D – Est. VI e VII), tipicamente medievais, da época da Reconquista (séc. XI/XII) e três fragmentos de terra sigillata sudgálica: dois fragmentos de fundo e um fragmento informe (Figs. 81 e 84). A presença destes fragmentos residuais de terra sigillata sudgálica, que deixaram de ser exportadas no início do séc. II d.C, nestes níveis medievais deverá estar, com certeza, relacionada com transferências acidentais de materiais que foram revolvidos aquando da construção da sapata do pilar. No entanto, deste enchimento destaca-se a identificação do único fragmento do que parece tratar-se de cerâmica de corda seca proveniente da área do MNMC (Figs. 96 e 97). Trata-se de um fragmento informe, em muito mau estado de conservação que não permite saber se se trata de corda seca parcial ou total. Ainda assim, a tratar-se deste tipo de cerâmica, este fragmento pode representar um terminus post quem do enchimento da vala de fundação da sapata Sul, corroborando igualmente uma datação românica para esta igreja, pois sabemos que a produção da corda seca, inicialmente a parcial e depois total, ocorre entre do séc. X/XI e prolonga-se pelos sécs. XII/XIII (CATARINO 2005: 366). Ainda na zona poente da sondagem 3 foram detectados, pela primeira vez nesta área, três estruturas em negativo de formato subrectangular que cortam os níveis atrás descritos. Estas três “fossas” (u.e.’s 06A, 07A e 08A respectivamente) encontravam-se 68

colmatadas com uma quantidade assinalável de restos osteológicos humanos desarticulados (Figs. 26 a 29), situação que nos levou a interpretá-las como ossários. Também estas estruturas em negativo se relacionam com algumas das outras unidades estratigráficas já mencionadas (Figs. 23 e 24). Com efeito, a Fossa 1 (u.e. 08A - Fig. 27) corta parcialmente o enterramento 8 e sua respectiva vala de deposição (u.e. 10A), a Fossa 2 (u.e. 07A – Fig. 28) corta a u.m. 11 e a Fossa 3 (u.e. 06A – Fig. 29 e 35) corta os enterramentos 13 e 14 e a vala de fundação da sapata Sul (u.e. 18ª – Fig. 35). Estes dados revelam à partida uma posterioridade relativamente aos estratos e estruturas aludidas. Facto que se reforça quando analisado o espólio exumado do enchimento dos ossários. Para além de alguns fragmentos de c.d.c. (onde mais uma vez se realçam as asas golpeadas e os bojos com cordões plásticos digitados – Anexo D, Est. VI e VII e Sub-Anexo E6), destaca-se a recolha do enchimento da fossa 3 (u.e.6) de um fragmento de pequenas dimensões de cerâmica vidrada verde (Fig. 100) e um fragmento de azulejo enxaquetado azul (séc. XVII) (Fig. 99). Do aterro da Fossa 2 (u.e.7) foi exumado um bordo de prato em faiança com pintura a azul (Fig. 98) também datado do século XVII. Estes elementos parecem-nos suficientes para datar o momento de colmatação dos referidos ossários em momento coetâneo ou posterior ao século XVII, já durante um período de abandono da igreja românica. Conjugando esta sugestão cronológica com o percurso histórico deste espaço somos tentados a relacionar estes ossários com a construção da igreja Barroca de S. João edificada durante a prelatura do bispo D. João de Melo (1684-1704) e que se sobrepõe perpendicularmente e com orientação divergente do templo românico. De facto, a abertura das fundações da igreja Moderna terá certamente originado o levantamento de vários enterramentos ali dispostos durante a fase de ocupação da igreja românica. Pensamos que desse revolvimento terá resultado a exumação de várias ossadas que terão sido reunidas em fossas (ossários) abertas para o efeito no espaço imediatamente exterior (e a poente) da nova igreja. As fossas 1, 2 e 3 poderão corresponder a estes ossários. As u.e.’s 04 e 05 cobrem estes níveis apresentandose bastante revolvidas, fruto das reformulações de pavimento que esta sala sofreu, e com materiais de várias épocas, demonstrando, mais uma vez, a ampla diacronia deste espaço. Outros materiais exumados, como os pesos de tear, podem ser vistos nas fotos do Sub-Anexo E9. Em contextos urbanos, para além da cronologia relativa associada a uma sequência estratigráfica, torna-se muito difícil estabelecer balizagens de cronologias absolutas para as 69

unidades estratigráficas e nem sempre a qualidade dos materiais exumados e o facto de serem, por norma, considerados “fósseis-directores”, são factores suficientes para serem usados como tal. Assim, assumimos a possível falibilidade destas conclusões aguardando que no futuro surja a possibilidade de serem angariados mais dados que permitam complementar os estudos existentes.

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6. A VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO – ANÁLISE DE INQUÉRITOS A Sala das Sapatas teve desde o início o propósito de ser musealizada, mesmo antes da abertura das sondagens. Após a realização das escavações arqueológicas e a observação dos resultados (a visível longa diacronia de ocupação e sucessão dos períodos históricos), o projecto de musealização da sala foi revisto, o que obviamente acabou por atrasar a sua execução. No seguimento do projecto que foi elaborado, e dado que o mesmo ainda não foi posto em prática, decidi promover o preenchimento de inquéritos por parte de alguns visitantes do Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC) para saber a sua opinião acerca do funcionamento actual do mesmo em termos de património arqueológico e averiguar de que forma julgam que a Sala das Sapatas deve ser mostrada ao público que a visitará. Assim, e após receber autorização da Directora do MNMC, Dra. Ana Alcoforado, para proceder à abertura da sala ao público em situação excepcional, eu e, numa fase final, o colega João Martins (aluno do 1º ano da Licenciatura em Arqueologia e História da FLUC, a realizar um estágio extra-curricular de Verão no MNMC), mantivemos a Sala das Sapatas aberta durante alguns dias dos meses de Junho, Julho e Agosto, consoante a disponibilidade de ambos. Foram elaborados 50 inquéritos - em português (Anexo F), inglês e francês – cujos resultados foram devidamente estudados e os resultados são apresentados de seguida. De notar que em todas as perguntas de escolha múltipla era possível assinalar mais do que uma hipótese. Como antes referimos, esta componente do meu relatório de estágio apenas constitui uma parte complementar ao objeto central do nosso estudo, anteriormente apresentado. Mas decidimos avançar para esta outra perspetiva sobre o património arqueológico não só porque a nossa formação académica inicial se fez na área do turismo e património mas também por considerarmos que o património arqueológico, para além de ser objeto de investigação e publicação, carece de ser devidamente divulgado. O património arqueológico integra a nossa memória colectiva, constitui um legado que é pertença de todos, devendo ser conhecido e usufruído por todos. E esta componente da divulgação e valorização do património arqueológico deverá andar a par com a sua investigação. Mas nem sempre isso acontece, mesmo quando os vestígios encerram todo

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um potencial que permitiria a sua potenciação, em termos educativos e inclusive sob o ponto de vista turístico. Ora esta componente é para nós fundamental, até pelo facto de sentirmos que a arqueologia precisa de se mostrar socialmente útil, quer em termos do trabalho de arqueologia propriamente dito, quer ao nível do valor sócio-económico que o património arqueológico poderá encerrar, sobretudo no quadro das chamadas indústrias criativas e culturais que estão em crescendo. Em suma, com este inquérito procurámos perceber como é que os outros nos olham, olham para a nossa actividade e, sobretudo, olham para o património arqueológico que estudamos, tentando assim encontrar vias que o permitam divulgar de forma mais eficaz – e procurámos aplicar esta ideia sobretudo à Sala das Sapatas. 

Informação geral acerca dos inquiridos:

De um modo geral, temos um número semelhante de inquiridos do sexo masculino e feminino, predominando os visitantes com idades compreendidas entre os 20-29 anos, seguidos dos jovens entre os 10-19 e os visitantes de meia-idade, que correspondem em geral a casais com ou sem filhos. Em termos de nacionalidades, predominam os visitantes portugueses (a maioria estudantes na cidade e naturais dos mais variados pontos do país), seguidos dos franceses e ingleses. Relativamente às habilitações literárias, a esmagadora maioria dos visitantes possui um curso superior, nos seus variados graus, ou está ainda a frequentar o ensino universitário. As áreas de formação variam bastante, embora a maioria remeta para cursos relacionados com as artes e humanidades. Já quanto às profissões dos inquiridos, indubitavelmente temos uma predominância de estudantes e alguns professores. 

Percepção e avaliação do visitante: De um modo geral, os visitantes estrangeiros não conheciam ainda o museu,

tomando conhecimento do mesmo através dos guias turísticos ou passando no local, ao contrário dos portugueses que já conheciam o MNMC antes de efectuar a visita, quer passando pelo local, quer aconselhados por amigos e familiares ou durante as aulas na Universidade.

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Todos visitaram previamente o criptopórtico antes do preenchimento do inquérito. A pergunta 2 desta segunda parte do inquérito acabou por se tornar desnecessária dado que, por minha vontade, a visita prévia ao MNMC, ainda que não no próprio dia, se tornou uma condição indispensável para permitir a visita excepcional à Sala das Sapatas. Relativamente à importância do local, salvo algumas excepções, todos os visitantes compreenderam as funções do espaço do MNMC desde os tempos remotos, informação adquirida maioritariamente durante a visita, mas também através de guias e outros prospectos informativos, ou através de amigos. Os motivos indicados para a visita ao museu são variados: maioritariamente foi assinalada a opção “Gosto por museus em geral”, seguindo-se de um modo mais ou menos equilibrado as outras opções: por curiosidade, sugestão de amigos/familiares, interesse pelo património arqueológico e até motivos profissionais ou no contexto de visitas de estudo. Em relação aos aspectos positivos e negativos que os visitantes identificaram no museu, sendo perguntas abertas com o mais variado tipo de resposta, optei por elaborar gráficos para a sua melhor análise, que relacionam os aspectos mencionados com o número de visitantes que assinalaram cada um. Assim sendo, começo por referir os aspectos positivos referidos:

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Visitas às escavações Abertura da Sala das Sapatas em pleno Visitas guiadas Bons acessos Integração de estudantes no Museu Explicações/Sinalética Estado de conservação Remodelação Importância histórica Localização Uso para outras actividades culturais Monumentalidade/Espaço/Qualidade/Beleza Iluminação Limpeza Competência dos funcionários Exposição/Percurso 0

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Nº de visitantes

Aspectos positivos identificados pelos visitantes do MNMC

Como podemos verificar, existem três aspectos positivos identificados pelos inquiridos que se destacam: a competência e disponibilidade dos funcionários, a qualidade, monumentalidade e beleza do espaço em si e o modo como os painéis e outros suportes informativos estão apresentados. Este último é ainda assim um ponto problemático como veremos de seguida, durante a análise dos aspectos negativos identificados. Seguem-se as referências ao bom estado de conservação dos vestígios históricos (no caso, só referente ao criptopórtico, por ser o único espaço aberto ao público por enquanto), e a sua importância histórica como ponto central da vivência na cidade ao longo dos séculos. O percurso em si também é considerado por alguns visitantes como bem escolhido, bem como a possibilidade de participação de estudantes da Universidade como voluntários nos trabalhos do Museu, para aquisição de experiência. Curiosamente, o facto de o MNMC ser usado para outras actividades culturais foi um aspecto referido como positivo por apenas um inquirido. Penso que esse facto se deverá simplesmente a um grave problema de divulgação dessas mesmas actividades. Problema esse que é salientado adiante nos aspectos negativos identificados.

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Esses aspectos negativos assinalados, em maior número, estão apresentados no gráfico seguinte. Saliente-se que alguns inquiridos não referiram qualquer aspecto negativo, o que ainda assim não me pareceu de grande relevância para este estudo. Pretendo com este ponto apresentar sugestões para que o funcionamento do MNMC se torne o mais irrepreensível possível, usando as sugestões apresentadas pelos visitantes, complementadas pelas minhas observações apreendidas ao longo do tempo do estágio. Apresentamos então os resultados:

Falta informação acerca da história da cidade Faltam mais escavações na área Baixa temperatura no criptopórtico Falta de rede de telemóvel/internet Não haver descontos para estudantes Ausência de funcionários no pátio Entrada de visitantes no pátio sem custos Faltam posters de divulgação na entrada Lacunas nas habilitações dos funcionários Faltam mais visitas guiadas Faltam fotografias das escavações no criptopórtico Pouco espólio exposto Demora na reabertura do museu na totalidade Deficiente divulgação Passadiço metálico da Sala das Sapatas Falta transcrição/tradução das epígrafes Má conservação Pouca informação/Má sinalização Iluminação deficiente 0

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Nº de visitantes

Aspectos negativos identificados pelos visitantes do MNMC

Neste gráfico vemos desde logo três pontos que se destacam: contrariamente à informação que foi facultada pelos dados do gráfico anterior, vinte pessoas referiram como o grande problema do museu a má sinalização dos locais e principalmente a informação reduzida e incompleta dos painéis informativos. Seguem-se as queixas relativamente à demora da reabertura do Museu e ao número reduzido de peças / espólio do MNMC exposto, nomeadamente relacionados com os achados arqueológicos (elementos arquitectónicos, cerâmica, numismas, etc…) – espera-se, assim, que o MNMC inclua na sua

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reabertura um sector que dê o devido destaque ao ramo que tem nos últimos anos, de certa forma, contribuído para divulgar e sustentar o Museu. Em terceiro lugar apresentam-se as queixas relativamente à clara falta de divulgação do Museu na cidade e no país em geral, apesar do seu site (http://mnmachadodecastro.imcip.pt/) se apresentar bastante completo.

Outra crítica, referida por quatro inquiridos, prende-se com a falta de ligação do MNMC ao verdadeiro motor de desenvolvimento da cidade e que ajudaria a contribuir para essa mesma divulgação que é ainda deficiente: os estudantes. Ao contrário de outros museus e locais ligados à actividade cultural da cidade, o MNMC não apresenta quaisquer facilidades para os estudantes, apesar de já terem sido realizadas actividades com entrada gratuita para grupos de universitários mediante actividades propostas pela DG/AAC. Ainda assim, há quem defenda a necessidade de haver descontos para estudantes aquando da reabertura do MNMC em pleno, bem como parcerias com a UC que permitam a criação de circuitos que incluam visitas aos vários locais que as duas instituições englobam, e quem sabe a outros complexos museológicos da cidade. Assim, o interesse turístico da cidade deixa de se centrar apenas na Universidade e passamos a ver a cidade com um todo, com toda a história que tem para contar e as suas diferentes fases e pontos de ocupação. No seguimento da crítica mais assinalada, acerca da falta de informação nos painéis informativos do percurso, encontramos ainda alguns visitantes mais atentos (também ajudados pelas suas áreas de formação profissional) que criticam a falta de transcrição/tradução literal das epígrafes/lápides expostas, algo que é indispensável num Museu. Referem também a escassez de visitas guiadas realizadas. O esquema de visitas guiadas apenas para grupos com marcação prévia não resulta muito bem, a nosso ver. Não serão, com certeza, recusadas informações aos visitantes mais curiosos que as solicitarem, porém não poderão ser feitas visitas guiadas “em massa”, por motivos alheios aos funcionários do Museu. O mesmo número de inquiridos refere ainda lacunas ao nível da preparação de alguns funcionários para trabalhar no local: nomeadamente em termos do conhecimento de uma ou duas línguas, além do português, que surgem quase como obrigatórias num sítio como este. Há mesmo quem sugira que todos os funcionários deverão pelo menos saber falar inglês, o que tem toda a lógica dado que grande parte dos visitantes (se não a maioria) serão de nacionalidades estrangeiras, e é certo que isso não ocorre.

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Por um número mínimo de inquiridos são referidos outros pontos negativos como a fraca iluminação, a baixa temperatura que se faz sentir no criptopórtico, a má conservação de alguns locais e a ausência de fotografias das escavações arqueológicas para ajudar a ilustrar o percurso, feito de paredes completamente despidas. Outros referem o interesse da realização de mais intervenções arqueológicas, nomeadamente na Sala das Sapatas, para aprofundar o conhecimento já adquirido, defendendo para isso a remoção do passadiço metálico que encontramos no local e que impede a progressão dos trabalhos da forma arqueologicamente mais desejável. Ainda relativamente à divulgação do Museu em si, um visitante referiu a importância da colocação de posters apelativos à entrada do MNMC, para que quem chega possa apreciar um pouco daquilo que poderá ver ao entrar (e saliento que esses posters já existem no MNMC: só precisam ser divulgados!). Quiçá também seja oportuno a colocação, à entrada, de um painel informativo onde sejam facultadas de um modo resumido algumas informações históricas acerca da cidade e do local em si, que ajudem a cativar o visitante. Tudo isto poderia ser complementado com a presença de um ou dois funcionários na zona do pátio, para cativar os visitantes que constantemente entram apenas para apreciar a paisagem sobre o Mondego e tirar fotografias, e assim convidá-los a entrar, explicando a importância do local e o que ali poderão ver, sendo que a maioria das vezes eles nem chegam a perceber onde realmente é a entrada do Museu. Defendo, aliás, que essa entrada de visitantes na área do pátio devia ser interdita a “não-visitantes” e a bilheteira devia passar a localizar-se onde actualmente se encontra a loja do MNMC, mesmo na entrada do complexo do Museu.

A “Sala das Sapatas” A terceira parte do inquérito remetia para as questões relacionadas com a musealização da “Sala das Sapatas” e o valor do ramo da Arqueologia para o visitante. Assim, na primeira questão, todos os visitantes concordaram que a sala deverá ser aberta ao público, com as devidas normas de segurança, considerando que é também ela parte da história do MNMC e complementa os vestígios já expostos e visitáveis. Além disso, a fantástica visibilidade das diferentes colorações dos estratos dá uma noção extraordinária da sucessão das ocupações, que do ponto de vista de grande parte dos inquiridos é um ponto essencial para o interesse sobre esta sala. 77

Quanto aos meios pelos quais consideram que a informação dentro da sala, acerca da mesma, deve chegar ao visitante, surgiram as mais variadas sugestões que apresentamos sob a forma de um gráfico: Teatro Audioguias Panfletos em várias línguas Escavação de toda a sala Visitas guiadas com funcionários competentes Sinalética adequada Painéis informativos/interactivos Fotos/posters da escavação e recuperação Maquetes Noção das várias fases de ocupação Vídeo 3D/Projecção em várias línguas Explicação clara e adequada

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Nº de visitantes

Sugestões para apresentação da informação na Sala das Sapatas

Analisando os resultados, encontramos uma clara predominância de visitantes que sugerem o uso de painéis informativos/interactivos, com explicação clara e adequada, em várias línguas, para apresentação da informação acerca das várias fases de ocupação da sala. Estes devem ser acompanhados de uma boa sinalética. Segue-se a ideia que será provavelmente usada na futura musealização: um vídeo ou projecção de imagens que permitam dar a noção da verticalidade e horizontalidade da ocupação do espaço ao longo dos séculos. Dez inquiridos elegem as visitas guiadas em várias línguas como o melhor modo de exposição da sala, dada a complexidade que a estratigrafia da mesma apresenta, por todos os motivos atrás apresentados de um ponto de vista mais científico. Um número igual de visitantes sugeriu que fossem facultados panfletos descritivos, em várias línguas, bem como expostas fotos e posters que ilustrem o decorrer da escavação até ao produto final que é dado a conhecer ao público naquele espaço. Outra ideia que apoio vivamente e me parece uma das mais plausíveis, e que talvez possa até contar com o contributo de estagiários da UC, relaciona-se com a construção de maquetes que tentem ilustrar possíveis reconstruções dos vários edifícios que se foram sucedendo naquela área do MNMC. 78

Como sugestão por apenas um inquirido temos o uso dos audioguias e, curiosamente, o ensaio de uma peça de teatro que dê uma noção da sucessão das ocupações - supondo que seria algo dirigido a visitantes de mais tenra idade. Novamente foi referido o desejo de ver a intervenção arqueológica da Sala das Sapatas alargada, nomeadamente pelos alunos de Arqueologia, como seria de esperar. Outras questões que nos pareceram de sobeja importância dado que a Arqueologia não é um ramo muito valorizado no nosso país, foram as nºs 3 e 4. A primeira pretendia averiguar se o visitante considera importante a possibilidade de visita às escavações arqueológicas enquanto as mesmas estão a decorrer. À excepção de dois inquiridos, todos os outros concordaram com essa possibilidade. Os motivos que apresentam para essa resposta relacionam-se maioritariamente com o enriquecimento da perspectiva do visitante, tanto em termos de sensibilização para o trabalho dos arqueólogos como para o decorrer de todo o processo até ao resultado final que pode ou não ser disponibilizado ao público com os devidos suportes informativos, à semelhança do caso da Sala das Sapatas. Outro aspecto referido prende-se com a importância destas oportunidades para complementar a aprendizagem dos alunos dos cursos de Arqueologia, bem como o cultivo do interesse pela área nas gerações mais jovens, nomeadamente através da participação nos trabalhos, algo que já acontece em algumas intervenções no nosso país. Caso tal possibilidade não se coloque, em tempo real, durante a escavação em si, propõe-se que sejam disponibilizados pequenos espaços que sirvam para simulação do processo de escavação, com a ajuda de vídeos/fotos que o ilustrem. Tudo isto permite, por assim dizer, esmiuçar a história da procura do “tesouro” de Indiana Jones que os amantes de cinema tanto associam aos arqueólogos comuns – embora a realidade seja bem diferente! Os dois visitantes que consideram que a possibilidade de haver visitas às escavações arqueológicas durante o seu decurso não deve ocorrer, justificam a sua resposta com o facto de ser um trabalho demasiado técnico e minucioso, que algumas pessoas poderão não respeitar, acabando por perturbar o decorrer dos mesmos. A quarta questão pede que o inquirido refira o que considera que falta no nosso país para que o trabalho dos arqueólogos seja socialmente mais considerado e respeitado. Parte dos inquiridos estrangeiros não responderam à questão por desconhecerem a situação do nosso país. Alguns, conhecendo o caso de Portugal ou por comparação com os casos do seu país de origem, acabaram por concordar com a esmagadora maioria dos visitantes 79

portugueses que referem a falta de financiamento e outros incentivos, nomeadamente em termos de legislação, por parte do Estado, para a realização de mais intervenções arqueológicas que completem os dados já conhecidos da nossa história. Outro problema apontado pelos visitantes relaciona-se com a pouca divulgação e sensibilização para a importância dos sítios arqueológicos, principalmente por parte dos media, e a falta de incentivos ao nível do Ensino no fomento do interesse dos jovens, desde tenra idade, pela história do seu país. Assim, há também quem sugira a participação de jovens, de todas as idades (ainda que com as devidas reservas), nas escavações arqueológicas, tal como foi referido num ponto atrás descrito. Um problema referido por apenas dois inquiridos, talvez pelo desconhecimento dos demais, mas que a nosso ver é algo fulcral para que todas estas alterações sejam possíveis, relaciona-se com a recente extinção do Ministério da Cultura e a inexistência de uma Ordem dos Arqueólogos. O primeiro era o órgão que até há algum tempo, pela mão de instituições como o IGESPAR, conseguia manter algum controlo sobre a situação dos trabalhos de arqueologia e sítios associados. Por sua vez, a criação da Ordem era indispensável para assegurar a devida valorização e respeito que é devido ao trabalho dos arqueólogos deste país, assim como procuraria assegurar questões de natureza deontológica, e que não se podem desligar da obrigatoriedade de se apresentarem todos os relatórios das intervenções realizadas, algo que nem sempre acontece, deixando grandes lacunas nas informações que alguns locais fornecem. A parte final sugeria que o inquirido desse sugestões ou fizesse comentários acerca da pequena ajuda que lhes solicitei, ao preencherem este inquérito. Assim acabaram por surgir algumas ideias novas, nomeadamente a sugestão do melhoramento em termos de acessos (mais transportes públicos e melhoramento de vias de acesso). A destacar temos também a sugestão de tomar como exemplo os dispositivos usados noutros museus: uma turista brasileira sugeriu como exemplo o Museu de Santa Clara-a-Velha e um turista americano o exemplo do Museu do Infante, no Porto.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde a época romana, pelo menos, que temos provas da importância deste local como cidade e enquanto um dos principais centros sócio-económicos da região e impulsionador da cultura que adquiriu ao longo dos séculos numa convergência de várias influências trazidas pelos que foram chegando. As intervenções realizadas ao longo do tempo no Museu Nacional de Machado de Castro contribuíram para aos poucos se ir desvendando a história de mais de dois mil anos que este local encerra. Peça a peça, este puzzle vai ficando cada vez mais completo e confesso que me sinto orgulhosa por poder contribuir com um pouco do meu trabalho para a aquisição de mais uma peça. Nesta área do museu, os romanos fixaram o principal polo da sua vivência em sociedade: o fórum. Neste local também se fixaram mais tarde os religiosos mais importantes, estabelecendo o seu Paço episcopal e respectiva igreja, sobre a qual se debruça de algum modo este trabalho. Finalmente foi aqui estabelecido em 1913 o que é actualmente um dos maiores museus do país (e o maior museu de escultura português), que tem o privilégio de se erguer sobre uma das construções romanas mais singulares e mais notáveis da Hispânia romana. Da ocupação romana, como sabemos, prevalece o criptopórtico - a jóia da coroa do MNMC em termos de história do local – bem como outros vestígios, agora completados pelos dados destas sondagens 2 e 3, cujos materiais (cerâmica e elementos arquitectónicos, principalmente) e algumas estruturas em negativo permitiram recuar a datação de estabelecimento do primeiro fórum da cidade para a época de Augusto, tratando-se dos primeiros vestígios estruturais dessa época. Sobre a época que vai do abandono do fórum romano até ao séc. XII muito pouco se sabe. Temos conhecimento, através de fontes históricas, da existência de uma igreja mandada erguer pelo primeiro conde da cidade, D. Sesnando, no séc. XI e que possuiria o claustro que ainda encontramos reconstruído no seu local original. Vestígios estruturais não são ainda conhecidos, embora suspeitemos, como vimos antes, que a unidade mural 11 lhe possa pertencer por se encontrar cortada pelas sepulturas do séc. XII. Já das antigas dependências do Paço Episcopal restam também alguns vestígios, nomeadamente os da Igreja do séc. XII que lhe pertencia – a Igreja Românica de S. João de 81

Almedina, sobre a qual se centrou este trabalho. Permanecem no local as duas bases de coluna que se encontrariam mais perto da porta, a Oeste, e foi precisamente entre essas bases que se abriu inicialmente a sondagem 2, intervencionada em 2008 e alargada em 2011 (sondagem 3), com o intuito de provar (e neste caso confirmar) a localização in situ das bases de pilar, detectando-se a presença das sapatas das mesmas. Nestes níveis coetâneos da ocupação da igreja temos a destacar a presença de várias sepulturas desse tempo (séc. XII) e três ossários, que pela presença de alguns materiais com datação muito específica nos permitem datá-los do séc. XVII, sendo assim resultantes da posterior deposição dos esqueletos, aquando da construção da igreja barroca - que ainda hoje permanece no local - e que implicou a destruição da igreja românica. Em suma, toda a análise que se fez no âmbito deste estágio/relatório contribui para fundamentar melhor os dados colhidos e as interpretações avançadas após a realização da sondagem de 2008, nomeadamente a existência de um anterior fórum (o primeiro) da cidade de Aeminium, de época augustana, a ampliação desse espaço em época claudiana, e ocupação românica do espaço intervencionado (mediante a identificação de um pilar in situ e de enterramentos). Como dados novos revela-se a presença de uma unidade mural medieval pré-românica e testemunhos da profunda reestruturação daquele espaço em época moderna (através dos ossários). Para melhor compreender a visão que os visitantes têm do MNMC e dado que se trata de um relatório de estágio que envolve à partida, igualmente, o contacto com os mesmos, decidi elaborar alguns inquéritos cuja análise encontramos no capítulo 7. Estes permitiram-nos tirar algumas conclusões que contribuíram para chegarmos ao ponto fulcral destas considerações finais, que engloba a ideia que me trouxe até esta área de estudos: a importância do Turismo para o ramo da Arqueologia. Nos tempos que vivemos, torna-se imperativo que não esqueçamos aquilo de que somos feitos e as nossas origens. É no património que essa memória se conserva e é na aproximação com o mesmo que nos encontramos com os factos do passado que nos ajudam a perceber o nosso presente através do conhecimento dos processos que a nossa sociedade sofreu até chegar ao que é hoje, com as suas diferenças substanciais de local para local. À semelhança do que a esmagadora maioria dos visitantes referiu nos inquéritos realizados, o ramo do Turismo é vital para a valorização do património arqueológico. De que serve muito do trabalho dos arqueólogos se o produto final, as conclusões dos seus 82

relatórios, e principalmente os locais em si, não forem dados a conhecer ao público? Não é um direito dos cidadãos ter a oportunidade de conhecer o património que marca as suas origens e dá-lo a conhecer aos de fora? Esse património, inclusivamente, não pode ajudar a construir o futuro de cidades e regiões, assumindo-se como um vector de desenvolvimento local? O ramo do Turismo, nas suas mais variadas vertentes, é uma área em expansão no nosso país tão rico em diferentes paisagens e diferentes produtos culturais para oferecer. Sabemos que a situação económica do mesmo não favorece por agora esta expansão mas alguns investidores mais ousados vão tentando a sua sorte e apostando cada vez mais nesta área, esperando-se que contribua em boa parte para o futuro económico de Portugal. Face à quase ausência de publicações sobre Arqueoturismo (termo conhecido por poucos!) no nosso país, pretendo assim que este relatório dê, não só a visão mais técnica do trabalho dos profissionais de Arqueologia, mas também o feedback daqueles a que o produto final desse trabalho chega. Pretendo assim que os visitantes dos espaços arqueológicos percebam o que se faz até chegar àquilo que ali vêem, e que os mais cépticos relativamente à credibilidade e utilidade dos profissionais de Arqueologia percebam a importância da conservação do património que subjaz às nossas origens. Em termos pessoais importa referir a importância que este trabalho teve para a minha formação profissional na área da Arqueologia. Como já foi referido anteriormente, o facto de a minha formação de base ser noutra área obrigou-me a adquirir em pouco mais de um ano (para além do 1.º ano do 2.º Ciclo em Arqueologia e Território) todos os procedimentos e conhecimentos necessários para produzir este relatório. Incluiu uma pesquisa bibliográfica mais vasta do que seria de esperar, começado por obras básicas para os estudos de Arqueologia, e tornando-se cada vez mais específica. Incluiu, igualmente, uma continuada aprendizagem sobre inventariação e estudo de cerâmicas (nomeadamente em termos de terminologia descritiva, desenho de materiais, classificação, constituição de grupos de fabricos, entre outros) e a interpretação desse estudo no quadro da estratigrafia que contextualiza as cerâmicas analisadas. Aprendi, para além do mais, que os estudos de materiais exigem conhecimentos específicos (devendo ser efectivamente obrigatórios depois de uma escavação), mas que este estudo dos materiais não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas antes como um meio de compreender melhor os contextos de onde foram recolhidos. 83

Ao longo deste trabalho deparei-me com grandes dificuldades que com a ajuda imprescindível do Dr. Ricardo Costeira da Silva fui aos poucos contornando. Implicou um esforço acrescido e ainda mais empenho, também por ter definido desde o início que queria completar o trabalho dentro do prazo de um ano definido para o segundo ano do mestrado. Assumo, porém, que este relatório poderá conter algumas falhas que não consegui superar. Espero ter a oportunidade de continuar a minha aprendizagem na área da arqueologia, e também que trabalhos futuros no MNMC possam completar os dados que aqui apresento. Espero também que, a título pessoal, passe a mensagem principal que pretendo transmitir (relacionável com os motivos para ter optado por realizar a minha formação académica em duas áreas tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão importantes e relacionáveis) e que esta seja compreendida, em especial por aqueles que ao longo destes dois anos tantas reticências manifestaram perante tal escolha.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO A Tabela de Estratigrafias de 2008 e 2011 Intervenção de 2008

Intervenção de 2011

01 – Unidade Mural Estrutura de base de coluna quadrangular. È constituída por pedras de calcário amarelo de médio e grande porte, facetadas, argamassadas entre si com argamassa de cal de granulometria média. O topo desta estrutura, de forma circular, por apresentar um aparelho tipologicamente diferente, mais facetado e bem preservado, parece não ser original, podendo corresponder a uma reconstituição efectuada pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. A base quadrangular, constituída por pedras de calcário amarelo, facetadas e apresentando um notório desgaste, corresponde á base original do pilar colunado, obra medieval da Igreja românica de S. João - séc. XII. Assenta sobre a u.m.08. Época Medieval. 01a – Estrato Nível de tijolos encastrado sob a base do pilar colunado. Apesar desta evidência não se desenvolver pela área sondada, optámos pela sua individualização pelo facto de poder tratar-se do pavimento original da Igreja românica de S. João. Encosta á u.m. 08. Época Medieval.

01 – Unidade Mural Estrutura de base de coluna quadrangular. È constituída por pedras de calcário amarelo de médio e grande porte, facetadas, argamassadas entre si com argamassa de cal de granulometria média. O topo desta estrutura, de forma circular, por apresentar um aparelho tipologicamente diferente, mais facetado e bem preservado, parece não ser original, podendo corresponder a uma reconstituição efectuada pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. A base quadrangular, constituída por pedras de calcário amarelo, facetadas e apresentando um notório desgaste, corresponde á base original do pilar colunado, obra medieval da Igreja românica de S. João - séc. XII. Assenta sobre a u.m. 01A. Época Medieval.

02 – Estrato Pavimento actual de lajes calcárias, colocado pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Assenta sobre a u.e. 03 e encosta ás u.e.s 01 e 01a. Época Contemporânea. 03 – Estrato Nível de preparação para o assentamento do lajeado (u.e. 02). É constituído por argamassa de cal amarelada, pouco compacta e granulosa e terra castanha clara

01A – Unidade Mural Sapata de fundação da base de pilar colunado Sul da nave central da igreja românica de S. João. É constituída por pedras (por vezes blocos) de calcário amarelo rudemente ou nada facetadas, de médio e grande porte (verifica-se também a presença de alguns silhares aparelhados reaproveitados), argamassadas entre si. Apresenta um primeiro nível constituído por fiada de tijolos encastrados. Encontra-se envolvida pela u.e. 18. Época medieval – coetâneo da construção da igreja românica de S. João. 02 – Estrato Pavimento actual de lajes calcárias, colocado pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Assenta sobre a u.e. 03 e encosta à u.e. 01. Época Contemporânea. 03 – Estrato Nível de preparação para o assentamento do lajeado (u.e. 02). É constituído por argamassa de cal branca / amarelada, pouco compacta e granulosa. Não forneceu

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pouco compacta. Apenas forneceu algum espólio osteológico humano. Assenta sobre as u.e.s 04, 06 e 07. Época Contemporânea. 04 – Estrato Terra castanho acinzentada escura, de grão fino, pouco compacta, com alguns nódulos de argamassa e pedras de pequeno porte. Forneceu alguns fragmentos de cerâmica doméstica comum (c.d.c.) e cerâmica de construção (telhas de canudo), algum espólio osteológico humano e fauna mamalógica. Corresponde ao enchimento da vala aberta para a colocação do enterramento 1. Cobre o enterramento 1 e 2; corta a continuidade original da u.e.s 06, 06a e 10. Assenta sobre as u.e.s 11 e 12. Época Medieval.

qualquer espólio arqueológico. Assenta sobre a u.e. 04. Época Contemporânea.

05 – Interface Elemento interfacial de abertura de vala para a colocação do enterramento 1. 06 – Estrato Terra castanha escura, de grão fino, pouco compacta, com alguns nódulos de argamassa branca e alguma fauna mamalógica e malacológica. Forneceu alguma cerâmica de construção (telhas de canudo, tijolos e um fragmento de tegula), alguns fragmentos de c.d.c., um numisma em bronze (fruste), fragmentos de escórias de ferro e bronze. Esta unidade encontra-se um pouco perturbada pela colocação da argamassa de preparação de assentamento do pavimento actual. Por este motivo, e com o intuito de manter a fiabilidade do registo, optou-se por distinguir esta camada, mais superficial e perturbada, da u.e. 06a, ainda que aparentemente correspondam á mesma realidade estratigráfica. Assenta na u.e. 06a e é cortada pela u.e. 04. Corresponde a um nível de aterro. Época medieval. 04 – Estrato Terra castanha escura, de grão fino, pouco compacta, com alguns nódulos de argamassa, pedra de pequeno porte e alguma fauna mamalógica e malacológica e cerâmica de construção (telhas de canudo, tijolo e escassos fragmentos de tegulae). Forneceu alguns fragmentos de cerâmica doméstica comum (c.d.c.), 4 fragmentos de cerâmica cinzenta fina de época romana e um fragmento de escória. Assenta sobre as u.e.s 05, 06, 07, 09, 13 e u.m. 11 e envolve os enterramentos 4, 5, 6, 7 e 10. Corresponde a um nível superficial muito revolvido e imediatamente abaixo ao nível de regularização (u.e. 03) para assentamento do lajeado (u.e. 02). Encontra-se bastante perturbado, denotando sucessivas violações evidentes através do estado de conservação em que se encontram os enterramentos que envolve bastante danificados. Por este motivo, com o intuito de manter a fiabilidade do registo e

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apesar da sua heterogeneidade, optou-se por tratá-la como uma mesma realidade estratigráfica pois não oferece garantias de segura repartição que fosse profícua para a interpretação. Nível de aterro anterior ao lajeado contemporâneo. Época Moderna. 06a – Estrato Terra castanha escura, de grão fino, pouco compacta, com alguns nódulos de argamassa branca, algum espólio osteológico humano e abundante fauna mamalógica e malacológica. Forneceu alguma cerâmica de construção (telhas de canudo, tijolos e um tijolo de quadrante), alguns fragmentos de c.d.c. Corresponde á continuação original da u.e. 06, tendo-se apenas diferenciado por agora se encontrar menos perturbada. Esta distinção pretende dar uma maior segurança ao conjunto de materiais recolhidos. Assenta nas u.e.s 09, 10 e 13 e é cortada pelas u.e.s 04 e 07. Corresponde a níveis de aterro de cronologia Medieval, talvez anteriores á construção da Igreja de S. João de Almedina. Época medieval. 07 – Unidade Mural Estrutura constituída por uma base de blocos facetados de pedra calcária, e enchimento de pedras de pequeno e médio porte, fragmentos de telhas de meia cana e alguns ossos, argamassados entre si com argamassa de cal medianamente compacta de grão fino. A forma regular que esta estrutura apresenta, rectangular e bordeada nas extremidades, sugere que se poderá tratar de uma base de sepultura já destruída. Encosta às u.e.s 08 e 04, corta a u.e. 06a, e assenta nas u.e.s 10 e 13. Se assumirmos que se trata de uma sepultura, e não possuindo outros dados que permitam uma datação mais precisa, a cronologia desta estrutura poderá ser estabelecida entre o período de ocupação da antiga igreja românica de S. João. Época medieval. 08 – Unidade Mural Sapata de fundação da base de pilar colunado da nave central da igreja românica de S. João. É constituída por pedras de calcário amarelo, rudemente ou nada facetadas, de médio e grande porte, argamassadas entre si. Encosta á u.e. 03 e á u.m. 07, é envolvida pela u.e. 13. Assenta na u.e. 29. Época medieval. 09 – Unidade Mural Sepultura constituída por pedras facetadas de granito de médio porte, regularmente dispostas, acompanhando o alinhamento das inumações, com uma orientação Este/ Oeste. Encontra-se parcialmente destruída no seu extremo Oeste e Sul, resultado da abertura da vala (u.e. 04) para a colocação do último enterramento (esqueleto 1). A sepultura original, á qual corresponde o esqueleto

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2, encontrar-se-ia originalmente coberta pela u.e. 06/06a. Assenta sobre a u.e. 11. Época Medieval. 05 – Estrato Terra castanho clara, pouco compacta com abundantes fragmentos de telha de canudo (algumas com digitação) adstrita à ala poente da u.m. 11. Forneceu alguns fragmentos de c.d.c. Assenta sobre as u.e.s 08, 10 e 13 e encosta à u.e. 06. A sua configuração assemelha-se a um nível de destruição de um telhado tal a quantidade de telhas que compõe esta unidade e sua respectiva disposição. No entanto, apenas o poderíamos associar ao possível compartimento que deverá constituir a u.m. 11. Não obstante e dada a exiguidade da área escavada que não nos autoriza essa interpretação, opta-se por sugerir tratar-se de um nível de aterro composto por restos de um telhado. Época Moderna. 06 – Estrato Terra castanho-acinzentada, muito solta com invulgar abundância de restos osteológicos humanos, alguma cerâmica de construção (telha de canudo), fauna malacológica e mamalógica e escassos nódulos de argamassa, pequenas pedras e restos de madeira. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c., um fragmento de cerâmica vidrada, um frag. de azulejo vidrado, um frag. de vidro, um de escória de bronze e uma cavilha em ferro. Encontra-se envolvida pela u.e. 13, assenta sobre as u.e. s 13A e 18 e encosta à u.e. 05 e u.m.11. Enchimento de fossa ou ossário 3. Para além da deposição secundária de várias ossadas humanas, a presença de dois pares de membros inferiores humanos ainda articulados (Enterramentos 13 e 14) no canto nascente da fossa parece sugerir que esta terá, por sua vez, cortado, ampliado e reutilizado uma sepultura. No entanto, não existem indícios do interface dessa possível acção. Época Moderna. 06A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da Fossa 3. Corta as u.e. s 13 e 18 e interface 18A. 07 – Estrato Terra castanho clara, muito solta com invulgar abundância de restos osteológicos humanos, alguma cerâmica de construção (telha de canudo), fauna malacológica e mamalógica e escassos nódulos de argamassa, pequenas pedras e restos de madeira. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c., um fragmento de faiança com pintura a azul e descarte de lajes e elementos arquitectónicos. Encontra-se envolvida pelas u.e.s 13 e 13A e assenta sobre a u.e. 13A. Enchimento de fossa ou ossário 2. Época Moderna.

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07A – Interface s Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da Fossa 2. Corta as u.e. 13, 13A, 15 e 15A e u.m. 11. 08 – Estrato Terra castanho clara, muito solta com invulgar abundância de restos osteológicos humanos, alguma cerâmica de construção (telha de canudo), fauna malacológica e mamalógica e escassos nódulos de argamassa e pequenas pedras. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. (alguns com aplicação plástica de cordões digitados) e uma asa de rolo de cerâmica cinzenta fina de época romana. Encontra-se envolvida pelas u.e.s 13, 13A, 21, 22, 24 e 25 e assenta sobre a u.e. 26 (corresponde à u.e. 18 da sondagem 2). Enchimento de fossa ou ossário 1. Entre a grande quantidade de ossadas destacase o numeroso conjunto de crânios exumados. Trata-se de uma fossa mais profunda que os ossários 2 e 3. Época Moderna. 08A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da Fossa 1. Corta as u.e.s 10, 10A, 13, 13A, 21, 22, 24 e 25. 09 – Estrato Terra castanho escura, medianamente solta, com algumas bolsas de terra mais clara (um pouco remexida) e poucas pedras irregulares de pequeno porte e cerâmica de construção (telha de canudo) e restos osteológicos humanos. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. Encontra-se adstrita ao canto NE da sondagem a nascente da u.m.11 à qual encosta e assenta sobre a u.e. 12. Nível de aterro. Época Medieval. 10 – Estrato Terra castanho muito escura, solta, denotando a presença de carvões e escassos fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. (alguns com aplicação plástica de cordões digitados), um fragmento de terra sigillata de tipo itálico informe e um frag. de escória. Encontra-se envolvida pela u.e. 13 e assenta sobre a u.e. 13A e é cortada pela u.e. 08A. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 8. Época Medieval. 10A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para s deposição do enterramento 8. Corta as u.e. 13 e u.m. 11 e é cortada pela u.e. 08A. 11 – Unidade Mural Muro constituído por pedras calcárias de pequeno e médio porte, ligeiramente facetadas (de face regular), justapostas apenas com terra de permeio, sem qualquer tipo de paramento ou revestimento. Cruza toda a faixa Este da sondagem com uma

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s

10 – Estrato Terra castanha escura, pouco compacta, de grão fino, com bastantes carvões e abundante cerâmica de construção (maioritariamente telha de canudo com caneluras e um fragmento de tegula) e fauna mamalógica e malacológica. Para além de abundante cerâmica de construção, forneceu um elevado número de fragmentos de c.d.c. (nomeadamente cerâmica decorada com cordões plásticos digitados). É cortada pelas u.e.s 04 e 13 e assenta na u.e. 11. Corresponde a um nível de aterro. Época Medieval.

11 – Estrato Terra castanho acinzentada escura, pouco compacta, de grão fino, com algumas bolsas mais argilosas e pedras irregulares de granito de pequena dimensão, alguns fragmentos de cerâmica de construção (telhas de canudo, tijolo e três exemplares de tegulae), espólio osteológico humano desconexo e fauna mamalógica e malacológica. Forneceu uma abundante quantidade de c.d.c. e um fragmento de elemento arquitectónico (friso). Envolve o enterramento 3; é cortada pela u.e.13 e assenta na u.e. 16.Época Medieval.

orientação N-S. Apresenta uma largura média de 0,54m. Assenta sobre as u.e. 13 e 13A e é cortado pelas u.e.s 07A, 10A, 15A e 16A. Alinhamento de difícil interpretação face exígua superfície exposta. O Facto de ser cortado por sepulturas de datação seguramente medieval (coetâneas da ocupação da igreja românica) e pelas fossas ou ossários provavelmente de época moderna sugere uma datação pré-românica. No entanto, será por agora difícil associá-lo a um dos dois templos pré-românicos (século XI) de que há registo terem sido edificados nesta área. Época Medieval (préromânico?). 12 – Estrato Terra castanho escura, medianamente compacta, com alguma pedra de pequeno porte e fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu muito poucos fragmentos de c.d.c na sua quase totalidade informes. Encontra-se adstrita ao canto NE da sondagem a nascente da u.m.11 à qual encosta e assenta sobre a u.e. 20. Nível de aterro. Época Medieval. 13 – Estrato Terra castanho escura, medianamente compacta, de grão fino, com algumas pedras irregulares de pequeno e médio porte e fragmentos de cerâmica de construção (maioritariamente telhas de canudo com digitações ou caneluras e algumas tegulae). Forneceu alguns fragmentos de c.d.c (alguns com aplicação plástica de cordões digitados), dois fragmentos de escória, um fragmento informe de terra sigillata sudgálica e uma lasca de silex. Correlaciona-se com a u.e. 10 da sondagem 2. Encontra-se adstrita à área poente da sondagem e da u.m.11 à qual encosta, é cortada pelas u.e.s 06A, 07A, 08A e 10A e assenta sobre a u.e. 13A. Nível de aterro. Época Medieval. 13A – Estrato Terra castanho muito escura, medianamente compacta, de grão fino, com abundância de pedras irregulares de pequeno e fragmentos de cerâmica de construção (maioritariamente telhas de canudo com digitações ou caneluras e alguns tijolos e tegulae), alguns vestígios de fauna malacológica mamalógica e um fragmento de estuque pintado. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c (alguns com aplicação plástica de cordões digitados) e um fragmento de escória, vidro e uma tecela. Apenas se individualizou da u.e. 13 por precaução face à possibilidade de existência de intrusões naquele estrato. Correlaciona-se com a u.e. 11 da sondagem 2. Encontra-se adstrita à área poente da sondagem e da u.m.11 (este alinhamento assenta neste estrato), é cortada pelas u.e.s 07A e 08A e assenta sobre a u.e. 21. Nível de aterro. Época Medieval.

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12 – Estrato Terra castanha escura, homogénea, muito pouco compacta, de grão fino. Esta unidade corresponde a um nível muito ténue e circunscrito a uma área bastante reduzida, correspondendo à camada onde a assentava o esqueleto 2. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. incaracterística. Assenta sobre as u.e.s 11 e 15. Época Medieval. 13 – Estrato Terra castanho acinzentada escura, heterogénea, muito pouco compacta, granulosa, por vezes com nódulos argilosos, abundante cerâmica de construção (destaca-se a presença de um fragmento de tegula) e alguma fauna mamalógica. Forneceu grande abundância c.d.c. e um fragmento de estuque. Corta as u.e.s 10, 11, 16, 20, 20a, 20b, 21, 21a, 22, 24, 25, 26, 27, 28 e assenta na u.e. 29. Corresponde ao enchimento da vala de fundação da sapata da base do pilar colunado da igreja românica de S. João. Época Medieval. 14 – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da vala de fundação da sapata da base do pilar colunado da igreja românica de S. João. Época Medieval. 15 – Unidade Mural Estrutura identificada no extremo oriental da sondagem aquando do alargamento da área para o processo de escavação total dos enterramentos 1 e 2. Esta estrutura, parcialmente posta a descoberto, é constituída por uma fiada de pedras de granito (que parecem ter continuidade), facetadas, de médio porte, regularmente alinhadas no sentido Norte/ Sul, sem qualquer elemento ligante entre si. Poderá corresponder á estrutura de uma sepultura já destruída que se desenvolva para Este. Não apresenta qualquer vala de fundação e assenta directamente na u.e. 11, que parcialmente também a envolve. Época medieval. 14 – Estrato Terra castanho muito escura, solta, denotando a presença de carvões e escassos fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. na sua quase totalidade informes. Encontra-se envolvida e assenta na u.e. 20 na faixa Este da sondagem a nascente da u.m. 11. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 9. Época Medieval. 14A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para deposição do enterramento 9. Corta a u.e. 20.

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15 – Estrato Terra castanho muito escura, solta, denotando a presença de carvões e escassos fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c.. Encontra-se envolvida e assenta na u.e. 20 na faixa Este da sondagem a nascente da u.m. 11. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 11. Época Medieval. 15A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para deposição do enterramento 11. Corta a u.e. 20 e u.m. 11. 16 – Estrato Terra castanho clara, muito solta, com algumas pedras de pequeno porte e fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo e tijolo). Forneceu muito poucos fragmentos de c.d.c.. Encontra-se demarcada por alinhamento formado por pedras calcárias irregulares de pequeno porte e apenas com terra de permeio. Assenta na u.e. 20 na faixa Este da sondagem a nascente da u.m. 11. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 12. Época Medieval. 16A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para deposição do enterramento 12. Corta a u.e. 20 e u.m. 11. 17 – Estrato Terra castanho muito escura, solta, denotando a presença de carvões e escassos fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c na sua quase totalidade informes. Encontra-se demarcada por alinhamento formado por pedras calcárias irregulares de pequeno porte e apenas com terra de permeio. Assenta na u.e. 20 na faixa Este da sondagem a nascente da u.m. 11. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 15. Época Medieval. 17A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para deposição do enterramento 15. Corta a u.e. 20 e encosta à u.m. 11. 18 – Estrato Terra castanho acinzentada escura, heterogénea, pouco compacta, granulosa, por vezes com nódulos argilosos, abundante cerâmica de construção (destaca-se a presença de um fragmento de tegula) e alguma fauna mamalógica e malacológica. Forneceu grande abundância c.d.c. (alguns com aplicação plástica de cordões digitados) e três fragmentos de terra sigillata sudgálica. É cortada pela u.e. 06A; não

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foi totalmente removida. Corresponde ao enchimento da vala de fundação da sapata da base do pilar colunado Sul da igreja românica de S. João. Época Medieval. 18A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da vala de fundação da sapata s da base do pilar colunado Sul da igreja românica de S. João. Corta as u.e. 13A, 21, 22, 23, 24, 24A, 26, 28, 29, 30, 35, 41 e 42. Época Medieval. 19 – Estrato Terra castanho muito escura, solta, denotando a presença de carvões e escassos fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. Encontra-se envolvida e assenta na u.e. 20 no canto NE da sondagem, a nascente da u.m. 11. Enchimento de sepultura que cobre o enterramento 19. Época Medieval.

16 – Estrato Terra castanho clara acinzentada, medianamente compacta, com algumas pedras de pequeno porte, nódulos de argamassa, algum material de construção (telhas de canudo, tijolos e tegulae onde se destaca um exemplar com marca em relevo [M], possivelmente Maelo) e alguma fauna mamalógica e malacológica. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. e alguns fragmentos de escória de bronze. É cortada pela u.e. 13 e assenta sobre as u.e.s 17, 20 e 21. Época Medieval 17 – Estrato Nível constituído por um elevado número de pedras irregulares e cerâmica de construção, desenvolvendo-se apenas na faixa central da sondagem, com orientação Nordeste/ Sudoeste. É ainda constituído por terra castanho escura, muito pouco compacta e granulosa, com alguma cerâmica de construção (telha de canudo e um fragmento de tegula) e fauna mamalógica e malacológica. Forneceu

19A – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de sepultura individual para deposição do enterramento 19. Corta a u.e. 20. 20 – Estrato Terra castanho escura, medianamente compacta, de grão fino, com algumas pedras de pequeno porte e fragmentos de cerâmica de construção. Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Não foi removida na totalidade. Encontra-se adstrita a toda a faixa Este da sondagem (a nascente da u.m. 11 à qual encosta) e é cortada por s diversas sepulturas – u.e. 14A, 15A, 16A, 17A, 19A. Nível de aterro. Época Medieval. 21 – Estrato Terra castanho escura, medianamente compacta, com alguns fragmentos de cerâmica de construção (telha de canudo, tijolo e alguma tegulae) e escassas pedras irregulares de pequeno porte e fauna mamalógica e malacológica. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c. e estuque. Correlaciona-se com a u.e. 16 da sondagem 2. Assenta sobre a u.e. 22 e é cortada pelas u.e.s 08A e 18A. Localizada a poente da u.m. 11. Trata-se do primeiro nível de aterro de época medieval. Época Medieval (pré-românico?).

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escassa c.d.c. (onde se destaca a decoração pintada a branco) e um fragmento de elemento arquitectónico (friso). Assenta na u.e. 19. Época Medieval. 18 – Estrato Terra castanho amarelada, muito pouco compacta, granulosa, heterogénea, com alguns nódulos de argamassa, com grande abundância de fauna mamalógica e malacológica e ossos humanos desconexos. Este estrato apenas foi alvo da nossa intervenção á cota 87.92, uma vez que não se desenvolve para a área de sondagem, apesar de se encontrar bem demarcado no perfil sul. Forneceu apenas sete fragmentos de c.d.c. incaracterísticos, um fragmento de base de coluna em calcário e um fragmento de elemento arquitectónico (friso). Corta as u.e.s 06, 06a, 10, 11, 16 e 19 e assenta na u.e. 19. Enchimento de fossa (detrítica ?)confinada apenas ao perfil sul da sondagem. Época Medieval. 18a – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da fossa detrítica (u.e. 18). 19 – Estrato Terra castanho acinzentada, muito pouco compacta, de grão fino, com bastantes lascas de pedra calcária, fauna mamalógica, escassos ossos humanos desconexos e cerâmica de construção. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. Assenta na u.e. 21. Corresponde ao enchimento de uma vala que corta a continuidade original das u.e.s 20, 20a, 20b, 21. Época Medieval. 19a – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da vala preenchida pela u.e. 19. 22 – Estrato Terra castanho clara, medianamente solta constituída por escassas pedras irregulares de pequeno porte e nódulos de argamassa. Forneceu muito pouco fragmentos de c.d.c. na sua quase totalidade informes. Assenta sobre a u.e. 23, 24 e 25 e é cortada pelas u.e.s 08A e 18A. Localizada a poente da u.m. 11. Trata-se do último nível de aterro (construção) de época romana. Época Romana (período claudiano). 20 – Estrato Nível constituído por grande quantidade de lascas de calcário branca, terra castanha avermelhada, um pouco compacta, argilosa, com alguns nódulos de argamassa. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica cinzenta fina com decoração brunida (c.c.f.). É cortada pelas u.e.s 13 e 19 e assenta na u.e. 20a. Parece corresponder a um nível de obra romano pelas características análogas a

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outros níveis semelhantes já identificados na área do fórum Aeminiensis, nomeadamente em algumas sondagens da área I do Sector C. Época romana. 23 – Estrato Terra castanho alaranjada, medianamente compacta, com algumas pedras irregulares de pequeno porte e nódulos de argamassa. Forneceu apenas três fragmentos de c.d.c. informes. Assenta sobre a u.e. 24 e 24A e é cortada pela u.e. 18A. Parece corresponder a um nível de obra romano pelas características análogas a outros níveis semelhantes já identificados na área do forum Aeminiensis - nível de construção de época romana. Época Romana (período claudiano). 20a – Estrato Nível muito homogéneo, constituído por terra castanho amarelada, muito pouco compacta, arenosa, com alguns fragmentos de argamassa e pedras de pequeno calibre. Forneceu apenas um fragmento de c.d.c. e restos de estuque. É cortada pelas u.e.s 13 e 19 e assenta na u.e. 20b. Corresponde à continuação do nível de obra – u.e.20, distinguindo-se deste pela sua constituição. Época Romana. 20b – Estrato Fina película de terra castanho escura, medianamente compacta, com algumas bolsas de argamassa e carvões. Forneceu três fragmentos de c.d.c. e um fragmento de terra sigillata itálica. É cortada pelas u.e.s 13 e 19 e assenta nas u.e.s 21 e 21a. Parece ainda corresponder à continuação do nível de obra romano, diferenciando-se apenas pela sua composição. Época Romana. 24 – Estrato Camadas sucessivas de níveis ou planos de argamassa muito compacta intermediada por bolsas de areão solto e nódulos de cal e alguns fragmentos de cerâmica de construção (tijolo). Forneceu muito poucos fragmentos de c.d.c. Assenta sobre a u.e. s 26 e 28, é cortada pelas u.e. 08A e 18A e encosta à u.e. 25. Parece corresponder a um nível de descarte de restos de obra constituído por componentes de opus (vários tipos de argamassa ou cal e areia limpa) aqui colocados e utilizados como aterro – nível de construção de época romana. Época Romana (período claudiano). 24A – Estrato Nível de argamassa que se distingue do estrato anterior (u.e. 24) pela sua maior homogeneidade e extrema compacticidade (de difícil remoção pelos usuais meios manuais). Não forneceu qualquer espólio arqueológico. Assenta sobre a u.e. 28 e é cortada pela u.e. 18A. Nível de obra que resultou na deposição de desperdício de argamassa que solidificando se tornou muito compacta e de difícil escavação (a

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própria vala de fundação que a corta estreita neste ponto). Época Romana (período claudiano). 25 – Estrato Terra castanha, medianamente compacta, com abundância de pedras irregulares de pequeno porte e escassos fragmentos de cerâmica de construção e fauna mamalógica. Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Encontra-se s adstrita ao canto NO da sondagem. Encosta à u.e. 24, assenta sobre as u.e. 26 e 27 e é cortada pela u.e. 08A. Nível de aterro. Época Romana (período claudiano). 26 – Estrato Terra castanho clara, medianamente compacta, um pouco granulosa, com grande abundância de pedras irregulares de pequeno e médio porte e nódulos de argamassa e alguns fragmentos de cerâmica de construção (tijolos e tegulae). Forneceu alguns fragmentos de elementos arquitectónicos de onde se destaca a presença de dois fustes de coluna (que por sua vez assentam directamente na u.e. 28) e alguns fragmentos de c.d.c. Assenta sobre a u.e. 28, envolve as u.e. s 25 e 27 e é cortada pela u.e. 18A. Nível de descarte – aterro. Época Romana (período claudiano). 27 – Estrato Bolsa de terra castanho acinzentada, heterogénea, solta, com pequenas lascas de calcário e alguns nódulos de argamassa. Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Assenta sobre a u.e. 26. Nível de aterro. Época Romana (período claudiano). 28 – Estrato Terra castanho alaranjada, medianamente compacta, com várias bolsas de areão amarelado e terra castanha clara solta, abundância de pedras irregulares de pequeno e médio porte, nódulos de argamassa e alguns fragmentos de cerâmica de construção (tijolo e tegulae), denotando ainda a presença de carvões. Forneceu abundantes fragmentos de c.d.c., um peso de tear e alguns fragmentos de cerâmica cinzenta fina. Assenta sobre as u.e.s 29 e 30 e é cortada pela u.e. 18A. O seu interface inicial apresenta uma fina película de terra pisada ou compactada. Nível de aterro. Época Romana (período claudiano). 29 – Estrato Grande amontoado de pedras calcárias irregulares de pequeno e médio porte envolvido por terra castanho escura, muito solta, com alguns fragmentos de cerâmica de construção (essencialmente tegulae). Forneceu alguns fragmentos de c.d.c. Assenta sobre u.e. 30, preenche depressão provocada por u.e. 33 e é cortado pela u.e. 18A. Nível de descarte ou aterro. Época Romana (período claudiano).

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21 – Estrato Terra castanho avermelhada, heterogénea, medianamente compacta, de grão fino, com algumas pedras de pequeno calibre, bolsas de arenito descomposto, cerâmica de construção (tegulae e imbrex) e escassa fauna mamalógica. Forneceu alguns fragmentos de c.d.c. (entre estes destaca-se a presença de c.c.f. com decoração brunida), um tambor e duas bases de coluna em arenito, possivelmente de ordem Jónica e enquadradas no reinado de Augusto. É cortada pela u.e. 13 e assenta na u.e. 21a. A compilação das suas características sugere que se trate de um nível de aterro coetâneo do complexo forense de meados do século I d.C. que utilizou remanescentes vestígios de abandono e destruição de uma ocupação anterior augustana. Época Romana. 30 – Estrato Terra castanho clara, medianamente compacta, de granulometria média, com grande abundância de nódulos de argamassa e areão, escassa pedra irregular de pequeno porte e fragmentos de cerâmica de construção. Forneceu poucos fragmentos de c.d.c.. Assenta sobre as u.e.s 31, 33, 34 e 35 e é cortada pela u.e. 18A. Nível de aterro (ou nível de ocupação ou abandono augustano – a sua presença significa que a depressão quadrangular (u.e. 33) deverá estar relacionada com alguma estrutura augustana e que não terá sido cortada em período claudiano. Época Romana. 21a – Estrato Terra castanho avermelhada, heterogénea, medianamente compacta, argilosa, com algumas bolsas de terra argilosa amarelada, pedras de arenito e calcário de pequeno calibre, cerâmica de construção (tegulae, imbrex) e alguma fauna mamalógica. Forneceu uma mediana quantidade de c.d.c., um fragmento de bojo de ânfora, alguns fragmentos de escórias de ferro e um pedaço de chumbo e três cavilhas em ferro. É cortada pela u.e. 13 e assenta nas u.e.s 22, 23 e 24. Esta unidade é semelhante à u.e. 21, porém, por se demonstrar mais heterogénea e pelo facto de corresponder ao estrato onde assentam as bases de coluna identificadas naquela u.e. optou-se pela sua individualização. Corresponde a um nível de aterro. Época Romana. 22 – Estrato Terra castanho avermelhada, muito pouco compacta, um pouco argilosa, com abundância de pedras de granito e calcário de pequeno porte e alguma fauna mamalógica. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. Corta as u.e.s 24, 25 e 26 no ângulo noroeste da sondagem; é cortada pela u.e. 13 e assenta na u.e.s 24 e 26. Corresponde ao enchimento da vala escavada na superfície do nível de argamassa

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(u.e. 24) e dos níveis subjacentes (u.e.s 25 e 26), continuando a relacionar-se com os depósitos de aterro de época romana coetâneos da construção do forum de meados do século I d.C. Época Romana. 22a – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da vala preenchida pela u.e. 22. 23 – Estrato Terra castanho amarelada, pouco compacta, heterogénea, de grão médio, com algumas pedras de pequeno calibre e alguma fauna mamalógica. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. totalmente incaracterísticos. Corta as u.e.s 24, 25, 26 e 27 e assenta na u.e. 28. Corresponde ao enchimento de uma vala, continuando a relacionar-se com os depósitos de aterro de época romana coetâneos da construção do forum de meados do século I d.C. Este corte é bastante regular, podendo estar associado originalmente com o assentamento de alguma estrutura relacionada com o nível de circulação em argamassa (u.e. 24). Época Romana. 23a – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura da vala preenchida pela u.e. 23. 31 – Estrato Terra castanho clara, pouco compacta, com algumas pedras irregulares de pequeno porte, nódulos de argamassa e escassos fragmentos de cerâmica de construção (tegulae). Forneceu poucos fragmentos de c.d.c e um peso de tear. Assenta sobre a u.e. 32. Segundo nível de enchimento de negativo (u.e. 34) localizado no canto NO da sondagem 3. Nível de aterro. Época Romana (período claudiano). 32 – Estrato Terra castanha, medianamente solta, com algumas pedras irregulares de pequeno porte com uma presença residual de cinzas e argamassa. Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Assenta sobre a u.e. 40. Primeiro nível de enchimento de negativo (u.e. 34) localizado no canto NO da sondagem 3. Nível de aterro. Época Romana (período claudiano). 33 – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de negativo de formato quadrangular. Poderá ter cortado as u.e.s 35, 36, 36A, 37, 37A, 37B e 38, no entanto, colocamos também a hipótese de se tratar de um negativo de assentamento de qualquer elemento arquitectónico pertencente ao forum augustano que poderá ter

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24 – Estrato Fina película de argamassa de cal branca e amarelada, muito compacta e arenosa, de superfície regular, mas não muito afeiçoada. Sem espólio arqueológico associado. É cortada pelas u.e.s 13, 22, 23 e assenta sobre u.e. 25. Corresponde a um nível de circulação ou à última camada de regularização para assentamento de um pavimento em lajeado como sugerem os sulcos em negativo visíveis na sua superfície. A análise dos níveis de construção em que assenta aponta para uma cronologia augustana. Época Romana.

sido colocado em momento anterior àqueles estratos. Se esta fosse a situação adoptada aqueles estratos envolvem o negativo e não os cortam. 34 – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de estrutura em negativo junto s ao perfil poente da sondagem 3. Parece cortar as u.e. 35, 36, 36A, 37, 37A, 37B, 38 e 39. Poderá corresponder ao negativo de assentamento de elemento arquitectónico do forum augustano. 35 – Estrato Fina película de argamassa de cal branca e amarelada, muito compacta e arenosa, de superfície regular, mas não muito afeiçoada. Sem espólio arqueológico associado. s Correlaciona-se com a u.e. 24 da sondagem 2. É cortada pelas u.e. 18A, 33, 34 e 41 assenta sobre u.e. 36. Corresponde a um nível de circulação ou à última camada de regularização para assentamento de um pavimento em lajeado ou tijoleira como sugerem os sulcos em negativo visíveis na sua superfície. A análise dos níveis de construção em que assenta aponta para uma cronologia augustana. Época Romana.

Escavação da secção que subsistia na sondagem 2:

25 – Estrato Terra castanho avermelhada, compacta, muito arenosa, de grão fino disposta de forma muito regular.Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. incaracterísticos. É cortada pelas u.e.s 13, 22 e 23 e assenta na u.e. 26. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana.

36 – Estrato Terra castanho avermelhada, compacta, muito arenosa, de grão fino disposta de forma muito regular. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. (entre estes ressalva-se a presença de cerâmica cinzenta fina). Corresponde a u.e. 25 da primeira secção escavada na sondagem 2. É cortada pelas u.e.s 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 36A. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 36A – Estrato Terra castanho acinzentada, compacta, de grão fino e superfície regular. Forneceu um fragmento disforme de terra sigillata itálica e escassos fragmentos de c.d.c.. Corresponde a u.e. 25 da primeira secção escavada na sondagem 2, tendo-se nesta campanha adoptado pela sua individualização e repartição relativamente à u.e. 36. É s cortada pelas u.e. 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 37. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana.

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26 – Estrato Nível muito homogéneo, regular e compacto de cor branca e amarelada, composto por areia de rio de grão grosso e argamassa de cal, por vezes com laivos de terra castanho escura pouco compacta. Sem espólio arqueológico associado. È cortada pelas u.e.s 13, 22, 23 e assenta na u.e. 27. Corresponde à continuação dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana.

27 – Estrato Terra castanho avermelhada clara, homogénea, medianamente compacta, muito argilosa, por vezes granulosa, com escassos carvões e alguma fauna malacológica. Forneceu uma grande abundância de c.d.c. (786 fragmentos), um fragmento de bocal de ânfora Dressel 1, um lydion completo, uma cavilha em ferro e dois pedaços de escória, possivelmente de vidro. É cortada pelas u.e.s 13 e 23 e assenta na u.e. 28. Corresponde à continuação dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 28 – Estrato Terra castanho acinzentada, homogénea, medianamente compacta, de grão fino, por vezes algo arenosa. Forneceu uma mediana quantidade de c.d.c. É cortada

37 – Estrato Nível muito homogéneo, regular e compacto de cor branca e amarelada, composto por areia de rio de grão fino e argamassa de cal. Forneceu dois fragmentos informes de c.d.c.. Corresponde à u.e. 26 da primeira secção escavada na sondagem 2. É cortada pelas u.e.s 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 37. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 37A – Estrato Fina película de terra castanha, pouco compacta, arenosa, de grão fino com escassos elementos de fauna mamalógica que separa a u.e. 37 da u.e. 37B muito semelhantes. Apenas forneceu um fragmento de tegula. Corresponde à u.e. 26 da primeira secção escavada na sondagem 2, tendo-se nesta campanha adoptado pela sua individualização e repartição relativamente à u.e. 37. É cortada pelas u.e.s 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 37B. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 37B – Estrato Nível muito homogéneo, regular e compacto de cor branca e amarelada, composto por areia de rio de grão fino e argamassa de cal. Em tudo semelhante à u.e. 37 apenas individualizada em relação àquela face à presença da u.e. 37A, apresentando, no entanto, uma cor mais amarelada e a presença de escassas pedras de pequeno porte. Apenas forneceu um fragmento de tegula. Corresponde à u.e. 26 da primeira secção escavada na sondagem 2, tendo-se nesta campanha adoptado pela sua individualização e repartição relativamente à u.e. 37. É cortada pelas u.e.s 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 38. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 38 – Estrato Terra castanho avermelhada clara, homogénea, muito compacta, muito argilosa, por vezes granulosa, com escassos carvões e alguma fauna mamalógica. Forneceu alguns fragmentos de c.d.c. Corresponde à u.e. 27 da primeira secção escavada na sondagem 2. É cortada pelas u.e.s 13 (da sondagem 2) e 33 e 34 e assenta na u.e. 39. Corresponde a um dos níveis de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana. Época Romana. 39 – Estrato Terra castanho acinzentada, homogénea, medianamente compacta, de grão fino, por vezes algo arenosa. Forneceu uma grande abundância de fragmentos c.d.c.

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pela u.e. 13; assenta na u.e. 29. Corresponde ao primeiro nível de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana Época Romana. 29 – Estrato Terra alaranjada, muito compacta, argilosa, com algumas pedras de pequeno porte e alguma fauna malacológica. Por vezes parece ser composta por barro cozido e argamassa. Forneceu escassos fragmentos de c.d.c. Assenta directamente no substrato rochoso calcário. Corresponde a um nível de circulação de cronologia pré-augustana que regularizou o acidentado substrato rochoso. Época Romana(?)/ Época pré-romana (?).

Corresponde à u.e. 28 da primeira secção escavada na sondagem 2. É cortada pelas s u.e. 13 (da sondagem 2) e 34 e assenta na u.e. 40. Corresponde ao primeiro nível de construção (aterro) do pavimento de cronologia augustana Época Romana. 40 – Estrato Terra alaranjada, muito compacta, argilosa, de superfície regular, com algumas pedras de pequeno porte e alguma fauna mamalógica e malacológica. Por vezes parece ser composta por barro cozido e argamassa. Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Correlaciona-se com a u.e. 29 da sondagem 2. Assenta directamente no substrato rochoso calcário embora não tenha sido totalmente removida. Corresponde a um nível de circulação de cronologia pré-augustana que regularizou o acidentado substrato rochoso. Época Romana ou anterior (?).

Sondagem 3: 41 – Interface Elemento interfacial que demarca a acção de abertura de estrutura em negativo junto à sapata do pilar colunado Sul da igreja românica de S. João. Não foi totalmente exposto mas parece cortar as u.e.s 35, 36, 36A, 37, 37A, 37B, 38 e 39. Poderá corresponder ao negativo de assentamento de elemento arquitectónico do forum augustano que por sua vez terá sido cortado pela vala de fundação do referido pilar (u.e. 18A). 42 – Estrato Terra castanho clara, pouco compacta, com algumas pedras irregulares de pequeno porte, nódulos de argamassa e escassos fragmentos de cerâmica de construção (tegulae). Não forneceu qualquer tipo de espólio arqueológico. Não foi totalmente removido dado a exiguidade do espaço onde se encontra. É cortado pela u.e. 18A. Trata-se do enchimento da estrutura em negativo (u.e. 41) localizado no canto SO da sondagem 3 (junto ao pilar colunado Sul). Nível de aterro. Época Romana (período claudiano).

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ANEXO B – Tabela de inventário da cerâmica doméstica comum (c.d.c.) Identificação Cronologia Nº ordem

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Nº inventário

3-[39]-1 3-[39]-3 3-[39]-4 3-[39]-5 3-[39]-6 3-[39]-7 3-[39]-8 3-[39]-9 3-[39]-10 3-[39]-11 3-[39]-12 3-[39]-13 3-[39]-14 3-[39]-15 3-[39]-16 3-[39]-17 3-[39]-18 3-[39]-19 3-[39]-20 3-[39]-21 3-[39]-22 3-[39]-24 3-[39]-25 3-[39]-26 3-[39]-27 3-[39]-28

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

C C F I E C H A C C H H H C C J C A A J A A A D J B

Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo

Observações Forma Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Tigela/Prato côvo Pote/Panela Pote/Panela Grande Pote/Talha Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Potinho Grande Pote/Talha Potinho Pote/Panela Pote/Panela Pote/Potinho Pote/Panela

Tipo 1 2 2 1 1 1 2 2 1 1 3 2 3 1 1 1 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

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Identificação Cronologia Nº ordem

27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52

Nº inventário

3-[39]-29 3-[39]-30 3-[39]-31 3-[39]-32 3-[39]-34 3-[39]-35 3-[39]-36 3-[39]-37 3-[39]-39 3-[39]-46 3-[39]-47 3-[39]-48 3-[39]-49 3-[39]-50 3-[39]-51 3-[39]-52 3-[39]-53 3-[39]-54 3-[39]-55 3-[39]-56 3-[39]-57 3-[39]-58 3-[39]-59 3-[39]-68 3-[39]-76 3-[39]-77

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

J A A A J J J J H J J I J J J C J J J J J J J J J J

Fundo Fundo Fundo Fundo Asa Asa Asa Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Asa Asa Asa Asa Asa Bordo Fundo? Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pucarinho Pote/Panela Pucarinho

1 1 2 1 1 2 1 2

Pote/Potinho

1

Pote/Potinho Pote/Potinho

1 1

Estampa II

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

109

Identificação Cronologia Nº ordem

53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78

Nº inventário

3-[38]-1 3-[31]-1 3-[31]-2 3-[31]-4 3-[30]-1 3-[30]-2 3-[30]-3 3-[30]-4 3-[29]-1 3-[29]-2 3-[29]-3 3-[29]-4 3-[29]-5 3-[29]-6 3-[29]-7 3-[29]-10 3-[29]-11 3-[29]-12 3-[29]-13 3-[29]-14 3-[29]-15 3-[29]-17 3-[29]-19 3-[29]-21 3-[29]-23 3-[28]-1

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

J D C J C A J J F C C D H A C A A A B B F J J J J C

Bordo Bordo Bordo Asa Bordo Bordo Bordo Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Bordo Asa Bordo Asa Bordo

Observações Forma

Tipo

Pote/Potinho Pote/Panela Pote/Panela

1 3 1

Estampa II Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Pote/Panela Pote/Panela Pote/Potinho

1 1 1

Grande Pote Pote/Panela Pote/Panela Alguidar Grande Pote/Talha Pote/Panela Pote/Panela

1 1 1 4 2 1 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Pote/Potinho

1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Pote/Potinho

1

Pote/Panela

2

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

110

Identificação Cronologia Nº ordem

79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104

Nº inventário

3-[28]-2 3-[28]-3 3-[28]-4 3-[28]-5 3-[28]-6 3-[28]-7 3-[28]-8 3-[28]-9 3-[28]-10 3-[28]-11 3-[28]-12 3-[28]-13 3-[28]-14 3-[28]-15 3-[28]-16 3-[28]-17 3-[28]-18 3-[28]-19 3-[28]-20 3-[28]-21 3-[28]-22 3-[28]-23 3-[28]-24 3-[28]-25 3-[28]-26 3-[28]-27

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

C L D B C A C C C C C C A A J A H A E G G J G F F G

Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo

Observações Forma Pote/Panela Pote Prato Côvo? Pote/Grande Pote Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Potinho Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Grande Pote/ Talha Grande Pote/ Talha

Tipo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

111

Identificação Cronologia Nº ordem

105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130

Nº inventário

3-[28]-28 3-[28]-29 3-[28]-30 3-[28]-31 3-[28]-32 3-[28]-33 3-[28]-34 3-[28]-35 3-[28]-36 3-[28]-37 3-[28]-43 3-[28]-44 3-[28]-45 3-[28]-46 3-[28]-47 3-[28]-48 3-[28]-49 3-[28]-50 3-[28]-51 3-[28]-52 3-[28]-53 3-[28]-55 3-[28]-57 3-[26]-1 3-[26]-2 3-[26]-3

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

F C J J H J J J J C J J J J J J I J J H J J J F C C

Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Asa Asa Asa Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Estampa VIII Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho Pote/Potinho

1 1 1 1 1 1 2

Pucarinho Grande Pote Pote/Panela Pote/Panela

2 1 1 3

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Estampa I Estampa I

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Sub-Anexo E6 (Fig.80); Estampa II Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

112

Identificação Cronologia Nº ordem

131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156

Nº inventário

3-[26]-4 3-[26]-5 3-[26]-11 3-[26]-12 3-[24]-2 3-[22]-1 3-[22]-2 3-[22]-3 3-[22]-4 3-[22]-5 3-[21]-1 3-[21]-2 3-[21]-4 3-[21]-5 3-[19]-1 3-[19]-2 3-[19]-4 3-[19]-5 3-[19]-3 3-[19]-6 3-[18]-6 3-[18]-7 3-[18]-8 3-[18]-9 3-[18]-11 3-[18]-12

Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Romana Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

H B J J F D H A F D O R O Q M R S M R Q O O P R P R

Fundo Fundo Asa Fundo Fundo Bordo Bordo Fundo Fundo Asa Bordo Bordo Asa Asa Bordo Bordo Bordo Fundo Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Prato Côvo? Potinho

2 3

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Pote/Panela Pote/Panela

4 5

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela

1 1 3

Pote Bilha/Cântaro Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela

1 5 1.2 4 1.1 2

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

113

Identificação Cronologia Nº ordem

157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182

Nº inventário

3-[18]-13 3-[18]-14 3-[18]-15 3-[18]-16 3-[18]-17 3-[18]-18 3-[18]-19 3-[18]-20 3-[18]-21 3-[18]-22 3-[18]-23 3-[18]-24 3-[18]-25 3-[18]-26 3-[18]-27 3-[18]-28 3-[18]-29 3-[18]-30 3-[18]-31 3-[18]-32 3-[18]-33 3-[18]-34 3-[18]-35 3-[18]-36 3-[18]-37 3-[18]-38

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

M O R Q M P R M R R N R R M Q O R N Q M Q N Q R P N

Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa

Observações Forma Tigela Pote Tigela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pucarinho Jarrinho Pote/Panela Pote/Panela

Tipo 2 1 3 1 1 1.1 1 1 6 2 2 1 1 1 2 3 5 1

Estampa I

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Estampa VI Estampa VI

114

Identificação Cronologia Nº ordem

183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208

Nº inventário

3-[18]-39 3-[18]-40 3-[18]-41 3-[18]-42 3-[18]-43 3-[18]-44 3-[18]-45 3-[18]-47 3-[18]-48 3-[18]-49 3-[18]-50 3-[18]-51 3-[18]-52 3-[18]-53 3-[18]-55 3-[18]-56 3-[18]-58 3-[18]-59 3-[18]-60 3-[18]-61 3-[18]-62 3-[18]-63 3-[18]-64 3-[18]-65 3-[18]-66 3-[18]-67

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

Q M M Q N O R N P J Q Q M O R M O M P M M R S R P R

Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo

Observações Forma

Tipo

Estampa VI

Pote/Potinho Tigela Tigela Pote/Panela Pote Pote/Panela Pote/Panela Tigela

1 1 1 1 1 5 1 2

Estampa V

115

Identificação Cronologia Nº ordem

209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234

Nº inventário

3-[18]-68 3-[18]-69 3-[18]-70 3-[18]-71 3-[17]-1 3-[16]-2 3-[16]-3 3-[16]-4 3-[15]-1 3-[15]-2 3-[15]-3 3-[15]-4 3-[15]-5 3-[15]-6 3-[14]-1 3-[14]-2 3-[14]-3 3-[14]-4 3-[14]-5 3-[14]-6 3-[13]-2 3-[13]-3 3-[13]-4 3-[13]-5 3-[13]-6 3-[13]-7

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

R O M R P S N O P M Q P R P M N P R R P O S R O M P

Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Asa Asa Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Bilha/Cântaro Pote/Panela Tigela

2 1 1

Pote/Panela Pote/Panela

1 2

Tigela Grande pote/talha Pote/Panela Pote Pote/Panela Bilha/Cântaro

2 1 1 1 1 2

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

116

Identificação Cronologia Nº ordem

235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260

Nº inventário

3-[13]-10 3-[13]-12 3-[13]-19 3-[13]-24 3-[13]-25 3-[13A]-5 3-[13A]-8 3-[13A]-9 3-[13A]-11 3-[13A]-12 3-[13A]-13 3-[13A]-15 3-[13A]-17 3-[13A]-18 3-[13A]-19 3-[13A]-20 3-[13A]-21 3-[13A]-22 3-[13A]-23 3-[13A]-24 3-[13A]-25 3-[13A]-27 3-[13A]-28 3-[13A]-29 3-[12]-1 3-[12]-2

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

M R R M N R O O O O R R M O M N M M O M P R R M Q O

Bordo Bordo Bordo Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Asa Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Asa Fundo Bordo Asa Asa Bordo Fundo

Observações Forma

Tipo

Pote/Panela Pote/Panela Tigela

1 1 3

Tigela Pote Pote Tigela/Prato côvo Jarrinho Tigela Pote/Panela

3 1 1 6 3 3 1

Pote/Panela

4

Tigela

1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

117

Identificação Cronologia Nº ordem

261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286

Nº inventário

3-[10]-2 3-[10]-3 3-[10]-4 3-[10]-5 3-[10]-6 3-[09]-1 3-[09]-2 3-[09]-3 3-[09]-4 3-[09]-5 3-[09]-6 3-[09]-7 3-[09]-8 3-[09]-9 3-[09]-10 3-[08]-1 3-[07]-2 3-[07]-3 3-[07]-5 3-[06]-1 3-[06]-2 3-[05]-1 3-[05]-2 3-[05]-3 3-[05]-4 3-[05]-5

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

Q R O N M M R R R M P R R P R R R J R S R O O R O O

Bordo Bordo Bordo Bordo Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Bordo Bordo Fundo Bordo Fundo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Tigela Pote/Panela Pote Pote/Panela

1 5 1 1

Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela

1 5 5 1 1 1.1 4

Pote/Panela Pote/Potinho

1 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Estampa VI

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

A partir daqui tratam-se de materiais de u.e’s modernas

Estampa VIII; cola com o nº 3-5-28 Grande Pote/talha

1

Pote Pote Pote/Panela Pote Pote

1 1 1 1 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

118

Identificação Cronologia Nº ordem

287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 309 310 311 312

Nº inventário

3-[05]-6 3-[05]-7 3-[05]-8 3-[05]-9 3-[05]-10 3-[05]-11 3-[05]-12 3-[05]-13 3-[05]-14 3-[05]-15 3-[05]-16 3-[05]-17 3-[05]-18 3-[05]-19 3-[05]-20 3-[05]-21 3-[05]-22 3-[05]-23 3-[05]-24 3-[05]-25 3-[05]-26 3-[05]-27 3-[05]-28 3-[05]-29 3-[05]-30 3-[05]-31

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

R R R M R O M P P R P P M P R R Q N Q R R P R N Q N

Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Asa Asa Asa

Observações Forma Tigela Pote/Panela Tigela Tigela/Prato côvo Pote/Panela Pote Tigela/Prato côvo Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela

Tipo 3 2 3 2 1 1 2 1.1 1.1 2 1.1 1.1 1 1.2 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Estampa VIII; cola com o nº 3-7-5

119

Identificação Cronologia Nº ordem

313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338

Nº inventário

3-[05]-32 3-[05]-34 3-[05]-35 3-[05]-36 3-[04]-1 3-[04]-2 3-[04]-3 3-[04]-4 3-[04]-5 3-[04]-6 3-[04]-7 3-[04]-9 3-[04]-10 3-[04]-11 3-[04]-13 3-[04]-14 3-[04]-15 3-[04]-16 3-[04]-17 3-[04]-18 3-[04]-19 3-[04]-20 3-[04]-21 3-[04]-22 3-[04]-23 3-[04]-25

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

N O Q J R R S P R M M M R Q N M M N M S M O M R R J

Asa Asa Asa Asa Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo Bordo

Observações Forma

Tipo

Estampa VII Pote/Panela Tigela Grande pote/talha Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Tigela/Prato côvo Pote/Panela Tigela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote/Panela Pote Pote/Panela Pote/Panela Tigela Pote/Potinho

4 3 1 1.1 5 1 1 2 4 1 2 1 1 3 1 2 1 1 1 4 3 1

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Exemplar desenhado do respectivo Tipo Exemplar desenhado do respectivo Tipo

120

Identificação Cronologia Nº ordem

339 340 341 342 343 344 345 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364

Nº inventário

3-[04]-28 3-[04]-29 3-[04]-30 3-[04]-31 3-[04]-32 3-[04]-33 3-[04]-34 3-[04]-35 3-[04]-36 3-[04]-37 3-[04]-38 3-[04]-39 3-[04]-40 3-[04]-41 3-[04]-42 3-[04]-45 3-[04]-46 3-[04]-47 3-[04]-49 3-[04]-50 3-[04]-51 3-[04]-53 3-[04]-55 3-[04]-56 3-[04]-57 3-[04]-58

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

M P R S R R R R S N N R R N R R R S P N P S R P Q P

Bordo Bordo Bordo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Fundo Asa Asa Asa Asa Asa

Observações Forma Tigela/Prato côvo Pote/Panela Pote/Panela

Tipo 2 3 4

Exemplar desenhado do respectivo Tipo

Estampa VII Estampa VII

121

Identificação Cronologia Nº ordem

365 366 367 368 369 370 371

Nº inventário

3-[04]-59 3-[04]-60 3-[04]-61 3-[04]-63 3-[04]-64 3-[04]-65 3-[04]-66

Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval Medieval

Descrição Técnica Fabrico

Descrição Morfológica Componente

S R R R R R Q

Asa Asa Asa Asa Asa Asa Asa

Observações Forma

Tipo

122

ANEXO C – Gráficos e tabelas de contagem da cerâmica u.e.39

u.e.38 u.e.37 u.e.36A u.e.36 u.e.31 u.e.30 u.e.29 u.e.28 u.e.26

Unidades estratigráficas

u.e.24 u.e.23 u.e.22 u.e.21 u.e.19 u.e.18

c.i.

u.e.17

c.d.c.

u.e.16 u.e.15 u.e.14 u.e.13A u.e.13 u.e.12 u.e.10 u.e.9 u.e.8 u.e.7 u.e.6 u.e.5 u.e.4 0

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

Nº de fragmentos Gráfico 1 - Nº de fragmentos de cerâmica doméstica comum e de cerâmica importada (ou de proveniência indeterminada) por unidade estratigráfica

123

Nº de fragmentos de c.d.c.

100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

M

N

O

P

Q

R

S

Fabrico Gráfico 2 - Nº de fragmentos por cada fabrico, após a triagem

45 40

Nº de fragmentos

35 30 25 Bordos 20

Fundos

15

Asas

10 5 0 A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

M N

O

P

Q

R

S

Fabricos Gráfico 3 - Nº de bordos, asas e fundos por cada fabrico.

124

45 40

Nº de bordos de c.d.c.

35

30 25 20 15 10 5 0 A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

M

N

O

P

Q

R

S

Fabrico Gráfico 4 - Nº de bordos por fabrico

Nº de fragmentos de c.d.c. decorados

35 30 25 Incisões

20

Brunido 15

Caneluras no colo Cordões plásticos

10

Punções

5 0 A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

Fabricos Romanos Gráfico 5 – Tipos de decorações presentes em cada fabrico romano

125

16 14 Incisões

12

Brunido 10

Caneluras no colo Cordões plásticos

8

Asas perfuradas 6

Asas golpeadas Pintura branca

4

Asas digitadas 2

Punções

0 M

N

O

P

Q

R

S

Fabricos Medievais Gráfico 6 – Tipos de decorações presentes em cada fabrico medieval

Tipo

1

2

3

4

5

6

TOTAL

Fabrico

A B C D E F G H I J L M N O P Q R S

6 1 22 1 2 2 2 1 1 22 1 20 2 13 8/2 7 12 3

2 2 1 1 3 2 3 5 3 2 1 1 4 1

2 1 3 1 2 1 8 1

1 1 7 -

1 7 -

1 1 -

8 1 26 4 2 3 2 7 3 25 1 25 6 20 12 8 39 5

Tabela 1 - Nº de bordos dentro de cada tipo, por fabrico Nota 1: no fabrico P a barra separa os nºs de bordos dos tipos 1.1 e 1.2 Nota 2: Os “-“ indicam que para esse fabrico não criámos um tipo com esse número.

126

U.e.

TOTAL 6

7

10

13

18

21

24

26

28

36A

39

Tipo C.i Terra sigillata

1

1

3

2

Ânfora

1

Corda seca

1

1

8 5 1 1 1

3

1

Faiança

1

Azulejo enxaquetado Cer. fina laranja pintada a branco Cer. com engobe vermelho Cer. com vidrado verde

1 1

2

1

4

1

1

1

1 22

Tabela 2 – Nº fragmentos de cada tipo de cerâmica importada ou de proveniência desconhecida

Terra sigillata Itálica Sudgálica 4 4 8

Haltern 70

Ânfora Dressel 1

Dressel 14 1

1

Indeterminado 2

1 5

Tabela 3- Tipos de ânfora e terra sigillata e respectivo nº de fragmentos por cada um

u.E. 4

6

7

10

13

13A

26

28

30

31

38

39

X

X

Materiais Escória

X

Vidro

X

X

X X

Cavilhas Gesso

X X

X X X

Frag. Lajes Elem. Arquit. Lasca sílex

X

X

X

X

X

Estuque pintado Tecella Peso de tear Ficha de jogo

X X X X

X

Tabela 4 – Ocorrência de outros materiais por unidade estratigráfica

127

ANEXO D – Estampas Estampa I - CERÂMICA COM DECORAÇÃO BRUNIDA A cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial – Fabrico J

Nº inventário: 3-28-46

Nº inventário: 3-18-87

Nº inventário: 3-26-15

Nº inventário: 3-28-56

Nº inventário: 3-18-18

Nº inventário: 3-26-14

Nº inventário:3-28-45

Nº inventário: 3-39-75

5cm

128

Estampa II - CERÂMICA COM DECORAÇÃO BRUNIDA A cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial – Fabrico J

Nº inventário: 3-28-47 Fig. 80 – Sub-Anexo E6

Nº inventário: 3-29-16

Nº inventário: 3-38-1

Nº inventário: 3-39-46

Nº inventário: 3-39-50

Nº inventário: 3-39-64

Nº inventário: 3-39-59

Nº inventário: 3-39-65

5cm

129

Estampa III - CERÂMICA COM DECORAÇÃO BRUNIDA A cerâmica cinzenta fina brunida alto-imperial – Fabrico J

Nº inventário: 3-39-72

Nº inventário: 3-39-74

Nº inventário: 3-13A-3

Outra cerâmica brunida

Nº inventário: 3-18-84 Fabrico M

Nº inventário: 3-6-26 Fabrico P Fig. 79 – Sub-Anexo E6

5cm

130

Estampa IV - CERÂMICA (INFORME) COM DECORAÇÃO PUNCIONADA

Nº inventário: 3-39-60 Fabrico J

Nº inventário: 3-39-70 Fabrico J

Nº inventário: 3-39-61 Fabrico J

Nº inventário: 3-4-70 Fabrico R

5cm

131

Estampa V - CERÂMICA (INFORME) COM DECORAÇÃO INCISA

Nº inventário: 3-28-38 Fabrico A

Nº inventário: 3-28-40 Fabrico G

Nº inventário: 3-26-6 Fabrico A

Nº inventário: 3-18-55 Fabrico R

Nº inventário: 3-18-74 Fabrico P

Nº inventário: 3-5-41 Fabrico R

5cm

132

Estampa VI - ASAS PUNCIONADAS, GOLPEADAS E DIGITADAS

Nº inventário: 3-18-43 Nº ordem: 187 Fabrico N

Nº inventário: 3-18-36 Nº ordem: 180 Fabrico R

Nº inventário: 3-18-38 Nº ordem: 182 Fabrico N

Nº inventário: 3-10-6 Nº ordem: 265 Fabrico M

5cm

133

Estampa VII - ASAS PUNCIONADAS, GOLPEADAS E DIGITADAS

Nº inventário: 3-6-4 Fabrico Q

Nº inventário: 3-4-55 Nº ordem: 361 Fabrico R

Nº inventário: 3-4-57 Nº ordem: 363 Fabrico Q

Nº inventário: 3-5-35 Nº ordem: 315 Fabrico Q Esq.: exterior/ Dir.: interior

5cm

134

Estampa VIII ALGUNS FUNDOS EM PARTICULAR

Nº inventário: 3-28-36 Nº ordem: 113 Fabrico J

Nº inventário: 3-5-28 Nº ordem: 309  16,8 cm Fabrico R Desenho: Dra. Sara Almeida

5cm

135

ANEXO E – Figuras Sub-Anexo E1 – PLANTAS E DESENHOS DO EDIFÍCIOE SUA LOCALIZAÇÃO

Figura 1 – Implantação do Museu Nacional de Machado de Castro na alta coimbrã

136

-

Figura 2 – Os vários sectores intervencionados em toda a área durante a remodelação A rosa temos a área intervencionada de que trata este relatório (sondagem 2 + sondagem 3) Fonte: MNMC in NUNES,2009 (com edição própria)

137

Figura 3 – Área intervencionada vista em pormenor

Figura 4 – Reconstituição da sobreposição de edifícios na insulae forense Fonte: ANDRADE et alii, 2005 in NUNES,2009

138

Figura 5 – Proposta de reconstituição da planta da igreja românica de S. João de Almedina e claustro pré-românico Fonte: ANDRADE et alii,2005

Figura 6 – Reconstituição do Paço Episcopal e respectiva Igreja de S. João Fonte: ALARCÃO,2008

139

Sub-Anexo E2 – FOTOGRAFIAS DA ÁREA II DO SECTOR D: A SONDAGEM 2

Figura 7 – O claustro pré-românico Fonte: Arquivo Fotográfico do MNMC

Figura 8 – O claustro pré-românico em reconstrução Fonte: Arquivo fotográfico do MNMC

140

Figura 9 - Vista geral da sala dos pilares da Igreja Românica de S. João de Almedina em 2008 FONTE: SILVA, 2009

Figura 10 – Arcada cega da Igreja Românica de S. João de Almedina Fonte: Arquivo Fotográfico do MNMC

141

Figura 11 – Porta do séc. XI (“sesnadina”) antes do projecto de requalificação Fonte: Arquivo fotográfico do MNMC in ALARCÃO, 2008: 106

Figura 12 – Plano da sondagem 2 com as duas bases de fustes de colunas romanas Fonte: SILVA, 2009

142

Figura 13 – Plano final da sondagem 2 Plano: SILVA, 2009

143

Sub-Anexo E3 – DESENHOS (PERFIS E PLANOS) DA SONDAGEM 3 DA ÁREA II DO SECTOR D

Figura 14 – Localização dos perfis transversais da sondagem Autoria: Ricardo Costeira da Silva

Figura 15 – Área total escavada na nave central da igreja românica Autoria: Ricardo Costeira da Silva 144

Figura 16 – Perfil transversal 1 (ver Fig. 14) Autoria: Ricardo Costeira da Silva

Figura 17 – Perfil transversal 6 (ver Fig. 14) Autoria: Ricardo Costeira da Silva

145

Figura 18 – Perfil Este da sondagem com indicação das u.e.’s da sondagem 3 Autoria: Ricardo Costeira da Silva

Figura 19 – Perfil Este da sondagem complementado com a estratigrafia da sondagem 2 Autoria: Ricardo Costeira da Silva

146

Figura 20 – Perfil Oeste da sondagem 3 com parte da sondagem 2 Autoria: Ricardo Costeira da Silva

Figura 21 – Perfil sul da sondagem 3 Autoria: Joana Ferreira

147

Figura 22 – Perfil Norte da sondagem Autoria: Ricardo Costeira da Silva

148

Figura 23 – Plano intermédio 1 da sondagem 3: os ossários e as sepulturas Autoria: Ricardo Costeira da Silva

149

Figura 24 – Plano intermédio 2 da sondagem 3: os ossários, as sepulturas e a u.m. 11 Autoria: Ricardo Costeira da Silva

150

Figura 25 – Plano final da sondagem 3 Autoria: Ricardo Costeira da Silva

151

Sub-Anexo E4 – FOTOGRAFIAS DA SONDAGEM 3

Figura 26 – Fotografia geral dos ossários e algumas sepulturas

Figura 27 – A Fossa 1

152

Figura 28 – A Fossa 2 com o enterramento 18 a Norte

Figura 29 – A Fossa 3

153

Figura 30 – Enterramento 16

Figura 31 – Enterramento 12

154

Figura 32 – Plano inicial: u.e. 4

Figura 33 – u.e. 13: ossários e algumas sepulturas

155

Figura 34 – u.m.11 Parte em exposição

Figura 35 – u.e. 6A e 18A

156

Figura 36 – u.e. 28 com os fragmentos de base de colunas

Figura 37 – u.e. 29

157

Figura 38 – u.e. 37

Figura 39 – u.e. 38

158

Figura 40 – plano final dos três negativos encontrados

Figura 41 – perfil oeste final

159

Figura 42 – perfil este final

Figura 43 – plano final da sondagem 3

160

Sub-Anexo E5 - FOTOGRAFIAS DOS FABRICOS

Figura 44 Fabrico A

Figura 45 Fabrico B

Figura 46 Fabrico C

Figura 47 Fabrico D

Figura 48 Fabrico E

161

Figura 49 Fabrico F

Figura 50 Fabrico G

Figura 51 Fabrico H

Figura 52 Fabrico I

Figura 53 Fabrico J

Figura 54 Fabrico L

162

Figura 55 Fabrico M

Figura 56 Fabrico N

Figura 57 Fabrico O

Figura 58 Fabrico P

Figura 59 Fabrico Q

163

Figura 60 Fabrico R

Figura 61 Fabrico S

164

Sub-Anexo E6 – FOTOGRAFIAS DAS DECORAÇÕES (c.d.c.) 1. OS DIFERENTES CORDÕES PLÁSTICOS DIGITADOS

Figuras 62, 63, 64 e 65 Nºs inventário (esq.-dir.): 3-4-68 (N) ; 3-7-9 (N); 3-4-69 (N); 3-13A-35 (M)

Figuras 66, 67, 68 e 69 Nºs inventário (esq. – dir.): 3-13A-33 (M) ; 3-15-7 (M); 3-13-23 (M); 3-18-81 (M)

Figuras 70, 71, 72 e 73 Nºs inventário (esq. – dir.): 3-18-75 (M); 3-5-38 (P); 3-5-37 (P) ; 3-18-77 (R)

2. FRAGMENTOS COM PINTURA

Figura 74 e 75 Nº inventário: 3-18-89(M) ; (esq. – dir.)3-6-11 e 3-4-52 (P) 165

Figura 76 e 77 Nº inventário: 3-4-71 (P); (esq. – dir.)3-4-72 e 3-6-9 (P)

Figura 78 Nº inventário: 3-29-8 (H)

3. FOTOGRAFIAS DE FRAGMENTOS DESENHADOS

Figura 79 Nº inventário: 3-6-6 (P) Estampa III

Figura 80 Nº inventário: 3-28-57 (J) Estampa II

166

Sub-Anexo E7 – A CERÂMICA IMPORTADA 1. TERRA SIGILLATA

Figura 81 Fragmentos informes de terra sigillata sudgálica Nºs de inventário: (esq.-dir.) 3-10-1 e 3-18-3

Figura 82 Fragmentos de terra sigillata de tipo itálico Nºs de inventário: (esq.-dir.) 3-13-1 e 3-36A-1

Figura 83 Fragmentos de fundos de taças de terra sigillata sudgálica Nºs inventário: (esq.-dir.) 3-18-2 e 3-18-1

167

Figura 84 Fragmentos de bordos de taças de terra sigillata de tipo itálico Nºs inventário: (esq.-dir.) 3-28-58 e 3-28-59

2. ÂNFORAS

Figura 85 Fragmentos de bico fundeiro de ânfora Nº inventário: 3-39-23

Figura 86 a 88 (esq-dir) e 89 (secção) Fragmento de asa de Dressel 1 Nº inventário: 3-39-38

168

Figura 90 Bordo de ânfora Dressel 1 Nº inventário: 3-39-41

Figura 91 Bordo de ânfora Dressel 14 Nº inventário: 3-24-1

Figura 92 Frag. de bojo de Haltern 70 Nº inventário: 3-26-8

169

Figura 93 (cima) e 94 (baixo) Frag. de cerâmica laranja com pintura a branco Nº inventário: 3-13A-1

Figura 95 Fragmentos de cerâmica laranja com pintura a branco Nº inventário: 3-39-26; 3-21-7; 3-21-9

170

Sub-Anexo E8 – OUTROS FRAGMENTOS CERÂMICOS

Figura 96 (cima) e 97 (baixo) Frag. de corda seca (em baixo: foto de pormenor com iluminação diferente que permite melhor visualização das cores) Nº inventário: 3-18-5

Figura 98 Bordo de faiança Nº inventário: 3-7-1

171

Figura 99 Fragmento de azulejo enxaquetado Nº inventário: 3-6-13

Figura 100 Fragmento com vidrado verde Nº inventário: 3-6-15

Figura 101 Fragmento com engobe vermelho Nº inventário: 3-39-43

Figura 102 Fragmento com estampilha Nº inventário: 3-13A-2

172

Sub-Anexo E9 – OUTROS MATERIAIS 1. PESOS DE TEAR

Figura 103 e 104 (esq.-dir.) Nº inventário: 3-31-7

Figura 105 e 106 (esq.-dir.-baixo) Nº inventário: 3-28-41

Figura 107 “Ficha de jogo” Nº inventário: 3-28-42 173

ANEXO F – Inquérito realizado (em português) No âmbito do meu Estágio do 2º ano do Mestrado em Arqueologia e Território da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, realizado no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), realizarei o respectivo relatório com o título “A intervenção na Igreja Românica de S. João de Almedina – novos dados e contributos para a valorização do espaço”. Para esse mesmo trabalho necessitarei do seu contributo e por isso solicito que responda a este inquérito anónimo. A Sala das Sapatas, que agora visitou, e em cuja escavação se centra o meu trabalho, integrará no futuro próximo o circuito da visita do Museu. Nesse sentido, pretendo saber o seu ponto de vista sobre alguns aspectos que poderão ajudar os responsáveis nesse processo, bem como outras opiniões relacionadas com o Museu em geral. Caracterização dos inquiridos 1. Nacionalidade: 1.1 Portuguesa

1.2 Outra

1.2.1 Qual? _____________

2. Concelho de Residência habitual/principal (se for estudante indique também o concelho de naturalidade) _____________________________________________ 3. Idade: ____ anos

4. Habilitações Literárias: 4.1 Não tem __ 4.2 Ensino Básico __ 4.3 Ensino Secundário __ 4.4 Ensino Superior __ 4.4.1 Qual o grau e o curso? ________________________

5. Profissão: __________________________________________

Percepção e avaliação do visitante: 1. Já conhecia o Museu Nacional de Machado de Castro? S __ N __ 1.1. Como tomou conhecimento do MNMC? 1.1.1 Revistas ou folhetos informativos __ 1.1.2 Comunicação social __ 1.1.3 Familiares ou amigos __ 1.1.4 Ao passar no local __ 1.1.5 Outro __ Qual? __________________________________________

174

2

Já visitou o criptopórtico? S __ N __

3

Sabe qual a importância deste local em termos arqueológicos e históricos? S __ N __ 3.1 Se SIM, complete: “Aqui localizava/m-se na época romana (…), sendo no séc. XI/XII estabelecido o Paço Episcopal, mais tarde transformado no Museu”: 3.1.1: A domus (casa) do governador __ 3.1.2: O forum, edifício principal da cidade __ 3.1.3: As principais termas da cidade __ 3.1.4: Um templo __ 3.2 Como tomou conhecimento desses dados históricos? 3.2.1 Durante a visita ao criptopórtico __ 3.2.2 Revistas ou folhetos informativos __ 3.2.3 Comunicação social __ 3.2.4 Familiares ou amigos __ 3.2.5 Outro __ Qual? __________________________________________ 4

Qual o motivo principal para esta sua visita ao Museu? 4.1 Curiosidade __ 4.2 Sugestão de amigos/familiares __ 4.3 Gosto por Museus em geral __ 4.4 Interesse pelo património arqueológico __ 4.5 Outro __ Qual? _______________________________________________

5 Referindo-se à visita que fez, ao espaço, aos funcionários ou a qualquer outro aspecto relacionado com o Museu, indique por favor: 5.1 Os aspectos que considerou mais positivos: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5.2 Os aspectos negativos que identificou: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

175

A Sala das Sapatas 1. Agora que conhece a história do local onde nos encontramos, acha realmente importante que esta sala seja musealizada? Por que motivo/s? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2. De que forma/s considera que deve ser apresentada a informação na sala? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 3. Em sítios como este, considera importante ter a oportunidade de observar os trabalhos de escavação arqueológica em curso? Porquê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4. O que acha que falta no nosso país para que o Património Arqueológico e o trabalho dos arqueólogos seja mais tido considerado? (Se não conhecer o caso português refira-se ao seu país) ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

5. Qual a sua opinião relativamente à importância do ramo do Turismo para a valorização do património arqueológico? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

Comentários/Sugestões ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Muito obrigado pela sua colaboração. Joana Ferreira

176

ANEXO G - Tabela de actividades de estágio MÊS Setembro 2011

Outubro 2011 Novembro 2011 Dezembro 2011

Janeiro 2012 Fevereiro 2012 Março 2012

Abril 2012 Maio 2012 Junho 2012

ACTIVIDADES Lavagem, inventariação e triagem do material cerâmico Pesquisa Bibliográfica

HORAS 28h

Pesquisa bibliográfica Pesquisa Bibliográfica Desenho de cerâmica Redacção de texto Desenho de cerâmica Divisão de fabricos Redacção de texto Desenho de cerâmica Redacção de texto Redacção de texto Procura de paralelos Desenho de cerâmica Procura de paralelos Redacção de texto Redacção de texto Procura de paralelos Redacção de texto

15h 20h 35h 30h

30h 35h 40h

35h 40h TOTAL: 308 horas

O Co-Orientador:

(Ricardo Costeira da Silva)

177

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