A liderança do Plano Tecnológico da Educação nas escolas: A perceção dos coordenadores dos PTE

September 11, 2017 | Autor: Susana Gonçalves | Categoria: Educational Leadership, ICT in Education, Transformational Leadership, Transactional Leadership
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A LIDERANÇA DO PLANO TECNOLÓGICO DA EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS: A PERCEÇÃO DOS COORDENADORES PTE Susana Gonçalves [1], Glória Bastos [2], Maria do Carmo Botelho [3] [1] Escola Secundária da Cidadela /Universidade Aberta, Lisboa, [email protected] [2] Departamento de Educação e Ensino a Distancia (DEED) da Universidade Aberta, Lisboa, [email protected] [3] Departamento de Métodos de Pesquisa Social do ISCTE- IUL Instituto Universitário de Lisboa, [email protected] Resumo Sabendo-se a importância dos processos de liderança quando se analisam tentativas de mudança educacional, neste texto apresentam-se dados relacionados com a liderança desempenhada pelos Coordenadores do Plano Tecnológico de Educação (CPTE) nas escolas secundárias. Esta liderança é nitidamente uma liderança intermédia, e a forma como foi exercida teve certamente implicações na eficácia da implementação do PTE. O estudo foi realizado através da aplicação do questionário MLQ, de Avolio e Bass (1995), a uma amostra de CPTE de Portugal Continental. Dos dados obtidos verificou-se que os CPTE apresentam essencialmente características de liderança relacionadas com a liderança transformacional, seguidos pela liderança transacional.

1. Introdução Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (2010) a inovação não é um conceito ambíguo, mas depende do contexto em que se insira. Uma forma de introduzir a inovação é através das tecnologias, nomeadamente na educação, e muitos países têm investido bastante na promoção de inovações educacionais baseadas em tecnologias, por vezes com intervenções em larga escala. Podemos afirmar que Portugal foi um destes países, com a implementação do Plano Tecnológico de Educação (PTE) nas escolas. A forma como o PTE foi concretizado tem sido estudada em alguns dos seus contornos, todavia tem sido dada pouca ênfase ao papel desempenhado pelos Coordenadores do Plano Tecnológico de Educação (CPTE) nas escolas, nomeadamente no que se refere ao seu perfil e às suas competências para o cargo, entre as quais podemos identificar as questões relacionadas com a liderança. De facto, vários estudos neste campo têm sublinhado o papel que as lideranças podem desempenhar na efetivação de processos de mudança, constituindo motores importantes na criação de condições para a concretização das alterações desejadas nas organizações. Essas condições podem ser de vária ordem, desde o nível da motivação até à forma como os envolvidos no processo são considerados pelo seu esforço e contributos para a mudança. Neste contexto, interessou-nos identificar e analisar o perfil dos professores que nas escolas foram responsáveis pela implementação do PTE – os CPTE. É com o despacho nº 700/2009 que se introduz no modelo orgânico e operacional do PTE a figura da Equipa PTE, que vai atuar diretamente dentro das escolas como a “estrutura responsável

pela coordenação, execução e acompanhamento dos projetos PTE e pela articulação com as estruturas do Ministério da Educação envolvidas na implementação do Plano” (Despacho 700/ 2009, nota introdutória). A coordenação desta equipa é entregue, por inerência, ao Diretor do agrupamento/escola não agrupada que pode delegar esta função noutro docente da escola, o que verificámos que aconteceu num número significativo de situações, ficando-se assim perante uma liderança intermédia. Os estudos sobre liderança em contexto educacional em Portugal têm vindo a desenvolver-se nas últimas décadas, com vários trabalhos de investigação que incidem em especial sobre as lideranças de topo, mas também sobre as lideranças intermédias e lideranças pedagógicas. A partir de uma análise desses trabalhos, que se fundamentam em diversos modelos, mas também pelos estudos já consolidados a nível internacional (por exemplo, Bass e Avoilo, 1994), tem emergido a importância da liderança transformacional, estando em vários casos associada a processos de inovação e de mudança dentro das escolas (por exemplo Geisejel, et al., 1998; Moolenaar, et al., 2010). 2. Metodologia Os elementos aqui expostos fazem parte de uma investigação doutoral mais alargada. Os procedimentos metodológicos dessa investigação implicaram a recolha de dados por vários processos distintos, mas nesta comunicação centramo-nos na apresentação dos resultados obtidos com uma parte do inquérito por questionário que foi aplicado a uma amostra de 100 CPTE de escolas não agrupadas/ agrupamentos públicas, com ensino secundário, de Portugal Continental. Essa componente do questionário permitiu-nos definir as características pessoais, profissionais e o perfil de liderança dos CPTE. Para aferir o perfil de liderança dos CPTE, foi escolhido o Multifactor Leadership Questionnaires (Avolio e Bass, 1995), que utiliza variáveis que identificam a liderança transformacional, transacional e laissez-faire. Este MLQ é composto por um conjunto de afirmações com uma escala tipo Likert de frequência, com opções de resposta (0-Nunca até 4-Sempre). Após o apuramento dos índices de liderança foi realizada uma análise de clusters hierárquica para apurar o número de segmentos de CPTE em função do tipo de liderança. Os CPTE foram posteriormente classificados em três segmentos através do método de otimização K-médias. A análise dos dados foi feita por tratamento estatístico utilizando ferramentas como o SPSS Statistic Data Editor da IBM e o Excel da Microsoft. 3. Resultados Os dados recolhidos permitiram-nos identificar três clusters de CPTE que designamos por Grupo 1 com uma dimensão de 56 CPTE, Grupo 2 com uma dimensão de 2 CPTE e Grupo 3 com uma dimensão de 42 CPTE. Vamos analisar unicamente os clusters que denominamos por Grupo 1 e Grupo 3 uma vez que o Grupo 2 surge constituído por dois indivíduos que responderam ao MLQ com o nível 3-Muitas vezes, em praticamente todas as questões. 3.1 Caracterização dos CPTE

Percentualmente, não existe grande diferença relativamente às características pessoais dos CPTE que constituem o Grupo 1 e os que constituem o Grupo 3 (Gráfico 1). Gráfico 1- Distribuição percentual das características pessoais do CPTE, divididos por cada cluster

Género

Escalão etário

Bacharelato

Licenciatura

Formação especializada,…

Mestrado

Doutoramento

> 49

40- 49

30 – 39

Masculino

Feminino

71,4 71,4 80 70 55,4 54,8 60 53,6 47,6 50 40 28,6 28,6 28,6 28,6 26,2 23,8 30 21,4 17,9 17,9 14,3 20 3,6 2,4 1,8 2,4 10 0

Grupo 1 Grupo 3

Habilitações académicas

A maioria dos CPTE da nossa amostra é do género masculino, com idades superiores aos 30 anos, com maior incidência entre os 40 e os 49 anos. Um pouco mais de metade deles ficou-se só pela licenciatura mas grande parte dos restantes (42,8% nos CPTE que compõem o grupo 1 e 42,8% no grupo 2) procurou aumentar as suas habilitações académicas através de mestrados, formação especializada/pós graduação, e uma percentagem pequena com o doutoramento. Percentualmente, não existe grande diferença relativamente às características profissionais dos CPTE que constituem o Grupo 1 e os que constituem o Grupo 3 (Gráfico 2). Gráfico 2- Distribuição percentual das características profissionais do CPTE, divididos por cada cluster

100

Grupo 1 Grupo 3

80 60 40 20

Situação profissional

Há quantos anos leciona

Há quantos anos é professor(a) nesta escola

É coordenador PTE nesta escola:

Assessoria técnica à Direção

Dinamizador de clube, núcleo, projeto

Direção de instalações

Coordenador TIC

Nos anos letivos 2009/2011

No ano letivo 2010/2011

Nos anos letivos de 2009/2012

Nos anos letivos de 2010/2012

Só no presente ano letivo

Outra situação

>4

2-4

> 24

16- 24

4 - 15

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