A Mina de Água do Burel - Venteira, Amadora

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A Mina de Água do Burel

Para além do ar (muitas vezes exaltado com “esplêndido”1, por exemplo) a água desde muito cedo significou um recurso obviamente importante para a região que é hoje o concelho da Amadora – de boa qualidade e abundante – havendo várias nascentes a contribuir para o aqueduto setecentista de Lisboa. Para além disso, aqui se estabeleceu uma das primeiras empresas de comercialização de água de mesa em Portugal, através da captação da Água da Mina – certificada quimicamente por Azevedo Neves2, grande propagandista da Amadora, médico, professor e reitor da Universidade Técnica de Lisboa. Curiosamente, em 1909 a propaganda da água da Mina, proclamava que esta era a “água de mesa que mais resiste ao clima africano” e ressalvava a sua origem basáltica3. Mais a sul do actual concelho, na zona da Serra de Carnaxide, mantêm-se as características basálticas (cerca de metade do concelho da Amadora insere-se no Manto Basáltico de Lisboa) e a existência de várias antigas minas de água, sendo que muitas delas (quase todas) já tiveram os seus lençóis freáticos cortados e destruídos.

A meia encosta da Serra, acima de um antigo povoado que existia junto ao quartel da Amadora (antigo quartel de Infantaria 1 e Comandos) – Sorãns4 – havia duas quintas ou casais que, segundo informações de antigos habitantes, estariam servidos por algumas destas minas: o Casal Brandão (dentro do espaço que é hoje a Reboleira) e a Quinta do Burel (cujo topónimo nos remete para uma actividade agro-industrial medieval, a produção do burel, um tecido rude mas de grande uso entre os camponeses). A estrutura de uma destas minas de água ainda hoje está de pé, integrada na urbanização a que agora chamamos Borel.

1

V., por exemplo, António Cardoso Lopes, 1989. Apontamentos para a História da Amadora, ou o desfazer de uma lenda. Memórias. Amadora: Câmara Municipal da Amadora, p.22. 2

Cf. João Castela Cravo, 2014. A Construção da Amadora-ideia no primeiro quartel do século XX – Tentativa de problematização do conhecimento em História Local. In Vértice, nº 173, Out.-Dez., pp.6066. 3

4

Lopes, 1989, p.56.

Cf. António dos Santos Coelho, 1982. Subsídios para a História da Amadora. Amadora: Câmara Municipal da Amadora, pp.25-26.

Exterior

Exterior, lateral e tardoz

Exterior – Rua Adelino Amaro da Interior – Escadaria em galeria coberta por Costa (integração) lajes calcárias em duas águas

Interior – Escadaria, aspecto do Interior – pormenor das lajes de cobertura e, balanço ascendente no chão, uma derrubada.

Interior, pormenor do remate das lajes de cobertura da escada com as lajes de cobertura da entrada.

João Castela Cravo Licenciado em História da Arte, Mestre em Cultura Arquitectónica, doutorando em História da Arquitectura. Investigador colaborador do Centro de Investigação em Território, Arquitectura e Design – Universidade Lusíada de Lisboa. Investigador de História da Amadora.

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