A morte e a morte de Hammarskjöld

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A morte e a morte de Hammarskjöld




Dag Hammarskjöld e o congolês Moïshe Tshombe, dirigente separatista da
província de Katanga. O secretário-geral viajava para se encontrar com
Tshombe quando morreu na queda do seu avião
 

por CLAUDIA ANTUNES

 

Eram nove da noite de 17 de setembro de 1961 e o americano Charles
Southall, então jovem piloto da Marinha, descansava em sua casa em Nicósia,
Chipre. Na ilha do Mediterrâneo, ele servia numa base naval da NSA, a
Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que monitorava
comunicações de rádio no Oriente Médio. Era responsável por selecionar,
entre as mensagens interceptadas, o que deveria ser repassado a autoridades
em Washington. Southall trabalhava no turno do dia. Aquela noite, porém,
àquela hora, recebeu um telefonema do supervisor de escuta da base – a NSA
e a CIA dividiam um prédio de dois andares de concreto, cercado por grades
de ferro.
"Acho que vai te interessar vir aqui por volta da meia-noite", disse o
supervisor a Southall, segundo ele lembrou, mais uma vez, numa conversa por
telefone com piauí. "Vai acontecer uma coisa interessante."
Southall rumou para a base, num lugar descampado fora da capital cipriota.
Lá, por volta dos dez minutos do dia 18 de setembro, ele relata ter ouvido
a transmissão de uma gravação feita pouco antes – provavelmente, acredita,
por agentes da CIA que estavam nas proximidades da província de Katanga, no
Congo, a cerca de 5 mil quilômetros de distância. Em meio aos ruídos de um
motor de avião, uma voz masculina "segura e profissional" narrava: "Vejo um
avião de transporte vindo em baixa altitude. Todas as luzes estão acesas.
Vou chegar perto dele. Sim, é o DC-6 da Transair. É o avião." Seguia-se o
som do disparo de um canhão aéreo, e a voz continuava: "Eu o atingi. Está
pegando fogo. Está descendo. Está caindo."

Southall afirma que as operações da NSA eram totalmente desvinculadas das
da CIA e que ele não sabia quem era o alvo dos tiros efetuados pelo
personagem da gravação. Deu-se conta no dia seguinte, disse, quando veio a
notícia da morte aos 56 anos do sueco Dag Hammarskjöld (pronuncia-se Dóg
Hammar-rold), secretário-geral das Nações Unidas, na queda de um Douglas DC-
6 cedido à ONU pela companhia sueca Transair. O avião com dezesseis
passageiros espatifou-se na floresta quando se preparava para aterrissar no
aeroporto de Ndola, na então colônia britânica da Rodésia do Norte, hoje
Zâmbia, vizinha ao Congo.

Hammarskjöld – um economista elegante, humanista, filho da aristocracia
política sueca – dirigiu a ONU num período tenso da descolonização. Quando
assumiu o cargo, em 1953, a entidade tinha sessenta países-membros. Quando
morreu, tinha 104, incluindo o Congo, que se tornara independente da
Bélgica em 1960. Hammarskjöld criou as primeiras forças de paz das Nações
Unidas e institucionalizou o conceito de "diplomacia preventiva". No
momento de sua morte, ele se dirigia a Ndola para negociações com o
separatista congolês Moïse Tshombe, que havia declarado a secessão de
Katanga com o apoio mais ou menos velado de colonialistas nostálgicos, mas
claramente explícito da Union Minière – companhia de capitais belgas,
britânicos e sul-africanos que explorava as reservas de cobre, cobalto e
urânio da província.

A hipótese de que tenha sido assassinado, recorrente desde sua morte, foi
defendida por metade dos seus assessores na época; a outra metade a
descartou como teoria conspiratória. Houve quatro investigações oficiais:
duas, incluindo a do governo colonial da Rodésia do Norte, atribuíram a
queda do DC-6 a um possível erro do piloto; duas, entre elas a realizada
pela ONU, deixaram o veredicto em aberto. Agora, a Assembleia Geral das
Nações Unidas acaba de aprovar uma quinta investigação. Por proposta sueca,
uma comissão de especialistas independentes vai examinar a validade de
novos indícios de que a queda do avião de Hammarskjöld foi provocada por um
ataque.

Os indícios surgiram a partir de reportagens que o jornal britânico The
Guardian fez na Zâmbia em 2011, e do livro Who Killed Hammarskjöld?, de
Susan Williams, publicado no mesmo ano. Williams, pesquisadora do Instituto
de Estudos da Comunidade Britânica da Universidade de Londres, foi quem
localizou o ex-agente da NSA Charles Southall, depois de ver seu nome
mencionado num relatório esquecido na Biblioteca Real em Estocolmo. Ela,
assim como o Guardian, entrevistou testemunhas africanas que afirmam ter
visto explosões no céu e um segundo avião, menor, próximo ao de
Hammarskjöld. Além disso, Susan apontou falhas e incoerências na
investigação promovida pelas autoridades coloniais britânicas.
O livro e as reportagens do Guardian levaram à criação da Comissão
Hammarskjöld, composta por personalidades africanas, suecas e britânicas,
que convidaram quatro juristas para investigar os novos indícios. Eles
concluíram, em 2013, que havia elementos suficientes para justificar a
reabertura do inquérito da ONU. Diante dos achados, o atual secretário-
geral, Ban Ki-moon, pediu à Assembleia Geral que tomasse uma decisão. A
resolução aprovada na noite de 29 de dezembro de 2014 inclui um apelo para
que os países liberem "toda documentação relevante" e informem o secretário
acerca de qualquer dado importante de que disponham sobre a morte de
Hammarskjöld.
A Comissão Hammarskjöld, que se desfez depois de encerrada sua missão, já
tentara obter acesso a documentos da NSA relativos à gravação relatada por
Southall, mas fora informada de que dois de três papéis pertinentes não
poderiam ser divulgados por razões de segurança nacional. Segundo o Wall
Street Journal, a NSA afirmou depois não ter registros daquela
interceptação.
Apesar da negativa, Susan Williams acredita que é chegado o momento de
retirar os véus que ainda encobrem a história do colonialismo. "Quando as
investigações anteriores ocorreram, o balanço histórico e a memória
histórica ainda eram muito dominados pela visão britânica. Ninguém mais
teve a chance de expor seu ponto de vista e, se teve, ele foi
desconsiderado. Hoje a Guerra Fria acabou, o colonialismo acabou, o
apartheid acabou, e as pessoas podem ver mais claramente", disse por
telefone, de Londres.

 

Além do caso do secretário-geral da ONU, outros mistérios rondam a história
recente do Congo. Um dos integrantes da Comissão Hammarskjöld foi o lorde
trabalhista britânico David Lea, o barão Lea de Crondall. Em abril de 2013,
ele enviou uma carta à London Review of Books comentando a resenha de um
livro sobre o Império Britânico. Na carta, revelava uma conversa que tivera
com a colega Daphne Park, membro da bancada conservadora na Câmara dos
Lordes. Entre 1959 e 1961, Daphne chefiara o serviço de espionagem exterior
britânico, o MI6, na capital congolesa Leopoldville, hoje Kinshasa.
 Segundo Lea, os dois compartilhavam um prosaico chá das cinco quando ele
mencionou rumores de que, além da CIA e dos belgas, também o MI6
participara da conspiração para assassinar o carismático Patrice Lumumba, o
primeiro premiê eleito do Congo independente – uma figura tão simbólica
para os anticolonialistas na África quanto Salvador Allende é para a
esquerda latino-americana. A baronesa Daphne – já falecida quando Lea
escreveu à LRB– teria então confirmado: "Fomos nós. Fui eu quem organizei."
David Lea depois reafirmaria o que escreveu, embora dissesse não ter mais
nada a acrescentar. Segundo ele, a baronesa havia argumentado que, se
deixado vivo, Lumumba – apeado do poder apenas três meses depois de
empossado – entregaria as reservas minerais do país aos soviéticos, a quem
pedira ajuda contra os separatistas de Katanga. Lumumba foi assassinado em
janeiro de 1961, nove meses antes da morte de Hammarskjöld. Seu corpo foi
desmembrado, a carne dissolvida em ácido sulfúrico, os ossos enterrados em
diferentes lugares.

 

A história do colonialismo é um rol de barbaridades. No Congo, porém, ela
deixou um rastro especialmente trágico. O navegador português Diogo Cão foi
o primeiro europeu a aportar, em 1482, na foz do rio Congo, que corta o
coração do continente por 4 700 quilômetros. Nove anos depois – como conta
o jornalista americano Adam Hochschild no livroKing Leopold's Ghost –, uma
expedição portuguesa estabeleceu uma representação no Reino do Congo,
obtendo permissão para abrir igrejas e escolas. Ao comércio de marfim
seguiu-se o de pessoas. Embora a escravidão fosse disseminada na maior
parte da África – geralmente atingindo prisioneiros de guerra –, nada se
comparava ao volume do tráfico para a América recém-descoberta.
Um rei congolês da época, Nzinga Mbemba, foi convertido ao catolicismo
pelos padres portugueses, e governou sob o nome de Afonso I. Em 1526, ele
dirigiu um apelo ao colega de Portugal João III. "A cada dia os
comerciantes estão sequestrando nossa gente – filhos dessa terra, filhos de
nossos nobres e vassalos, até pessoas de nossa própria família. É nossa
vontade que esse reino não seja um lugar para o comércio ou o transporte de
escravos", escreveu numa carta. João III – denominado O Pio – não se
apiedou nem da coroa nem da fé cristã do africano. "Você [...] me diz que
não quer o comércio de escravos em seus domínios, porque o comércio está
despovoando seu país. [...] Os portugueses lá, ao contrário, me contam o
quão vasto é o Congo, e como é tão densamente povoado que parece que nenhum
escravo saiu daí", respondeu.

No final do século XIX, com a escravidão transatlântica formalmente
encerrada, começou a corrida europeia pela partilha da África. Sob o nome
de Estado Livre do Congo, o território teve a particularidade de virar
propriedade de um homem só, o rei belga Leopoldo II, que se associou ao
escocês Henry Morton Stanley, jornalista e explorador típico da era
vitoriana. Calcula-se que, entre 1885 e 1908, durante a administração de
Leopoldo II, 10 milhões de congoleses tenham sido mortos em trabalhos
forçados para a extração de borracha e do marfim.

Foi nessa época que o marinheiro mercante Joseph Conrad, nascido na Polônia
e naturalizado britânico, capitaneou um vapor belga que trafegava pelo rio
Congo. A experiência inspirou seu livro No Coração das Trevas, sobre as
buscas a um comerciante de marfim, Kurtz, que enlouquece na selva africana.
No filme Apocalypse Now, Francis Ford Coppola transpôs a história para o
Sudeste Asiático durante a Guerra do Vietnã, com Marlon Brando como um
Kurtz coronel das Forças Especiais. "A conquista da terra [...] nunca é uma
coisa bonita quando a examinamos bem de perto," escreveu Conrad.
No início do século XX, o jornalista e ativista socialista britânico Edmund
Dene Morel liderou uma campanha contra o trabalho escravo no Congo. Com a
repercussão do caso, Leopoldo IIcedeu a colônia ao Estado, que a renomeou
Congo Belga. Nos anos 40, foi das minas da província de Katanga que os
Estados Unidos retiraram o urânio – uma jazida com extremo grau de pureza –
para a confecção da bomba lançada sobre Hiroshima.

 

Quando Hammarskjöld morreu, as reservas minerais congolesas continuavam a
alimentar uma posição dúbia dos Estados Unidos e do Reino Unido em relação
ao país africano. Washington apoiava a descolonização, mas não queria
perder o acesso ao urânio. Sob John F. Kennedy, a diplomacia adotava
posições mais brandas, mas falcões continuavam no comando da CIA. Os
britânicos temiam que a independência do Congo acelerasse o fim do regime
da minoria branca – em nada diferente do apartheid sul-africano – que
vigorava na Federação da Rodésia e da Niassalândia, formada pelos atuais
Zâmbia, Malauí e Zimbábue. Já os soviéticos pressionavam o secretário-geral
sueco a atuar com mais rigor contra os separatistas de Katanga e os
mercenários europeus que os serviam. Embora o Conselho de Segurança tivesse
determinado a retirada dos paramilitares estrangeiros do Congo, americanos
e britânicos (além de belgas e franceses) protestaram quando as forças de
paz da ONU no país lançaram operações para prender e deportar esses
combatentes a soldo.
"A ONU era vista como uma ameaça pelo governo britânico, especialmente pelo
lobby de Katanga e pelas minorias brancas no poder na Federação da Rodésia
e Niassalândia. Não seria incorreto dizer que muitos rodesianos, como
muitos belgas no Congo, detestavam a ONU e Hammarskjöld. Quando aquele
avião foi para Ndola, estava literalmente voando para o coração dessa
guerra racial", disse Susan Williams.

A pesquisadora deparou-se com as incógnitas que cercam a morte do
secretário-geral quando começava a escrever um livro sobre a memória
britânica da descolonização. Antes cética a respeito do suposto assassinato
do sueco, ela mudou de ideia – e de objeto – diante das fotos do corpo de
Hammarskjöld. Pesquisava no arquivo de Roy Welensky, que em 1961 era
primeiro-ministro da Federação da Rodésia e da Niassalândia, quando
descobriu, entre os documentos (hoje na Universidade de Oxford), seis
fotografias. Em três delas, o secretário-geral estava vestido, sobre uma
maca, antes de ser levado ao necrotério. Apesar de o avião ter se
incinerado (ou sido incendiado, segundo algumas teorias), o corpo estava
intacto, "nem chamuscado nem coberto de pó", conforme descreve Susan. Em
todas as imagens, a área do olho direito ou aparecia encoberta ou parecia
ter sido retocada (peritos divergem), o que alimentou a suspeita de que
Hammarskjöld, ainda vivo, tenha sido abatido com um tiro. No colarinho da
camisa, alguém enfiou uma carta de baralho – que rumores nunca confirmados
disseram ser um ás de aspadas, a carta da morte.

O general norueguês Bjorn Egge, que trabalhava para a ONU no Congo, foi
enviado a Ndola para recolher os pertences de Hammarskjöld. Ele viu o corpo
do secretário-geral e notou um buraco na testa que considerou compatível
com um ferimento a bala. Projeteis foram encontrados nos corpos de outras
vítimas da queda; na época isso foi atribuído à explosão da munição
transportada pelo avião.

Dos dezesseis passageiros do DC-6, catorze tiveram os corpos total ou
parcialmente carbonizados. O único sobrevivente foi o sargento americano
Harold Julien, um veterano da Guerra da Coreia que era chefe da segurança
do secretário-geral. Com o corpo muito queimado, o militar morreu seis dias
depois. No hospital de Ndola, contou a um policial, a enfermeiras e médicos
que vislumbrou faíscas no céu e escutou uma explosão antes da queda. Disse
também ter ouvido Hammarskjöld gritar para o piloto: "Volte, volte." Os
relatos de Julien foram descartados no inquérito comandado pelas
autoridades brancas da Rodésia do Norte, sob a alegação de que ele estava
delirando.

A equipe oficial de socorro chegou aos destroços quinze horas depois da
queda – apesar de esta ter ocorrido a apenas 13 quilômetros do aeroporto. A
mais alta autoridade a esperar ali o secretário-geral era Cuthbert Alport,
alto comissário britânico para a Federação da Rodésia e da Niassalândia.
Diante do atraso na aterrissagem – O DC-6 já tinha iniciado o procedimento
de descida quando sumiu –, Alport não ordenou buscas imediatas. Disse que
Hammarskjöld possivelmente tinha decidido "ir para outro lugar" e mandou
fechar o aeroporto. Nesse meio tempo, existem abundantes relatos de que
outras pessoas passaram pelo local dos destroços – de africanos moradores
de aldeias próximas a colonos brancos e homens uniformizados. "Há claras
evidências de que os governos britânico e da Rodésia tentaram encobrir as
circunstâncias da queda", acusou Susan Williams.

Desde que a Comissão Hammarskjöld divulgou seu relatório, os Estados Unidos
liberaram apenas um dentre os documentos secretos sobre o caso. Trata-se de
um telegrama enviado pelo embaixador no Congo, Ed Gullion, na manhã de 18
de setembro de 1961, no qual ele atribui a queda do DC-6 à possível ação de
um piloto mercenário belga de Katanga que andava ameaçando as operações da
ONU na região. Dois dias depois, o ex-presidente Harry Truman, tido como
confidente de John Kennedy, deu declarações enigmáticas. "Dag Hammarskjöld
estava prestes a conseguir alguma coisa quando o mataram. Reparem que eu
falei 'quando o mataram'", disse Truman a jornalistas, segundo
registrou The New York Times.
 

Ainda ativo e com a voz firme, Charles Southall tem hoje 80 anos e é
comandante aposentado da reserva da Marinha. Logo depois da queda do avião
do secretário-geral, ele foi transferido para a embaixada americana no
Marrocos, como espião da Agência de Inteligência da Defesa. No final dos
anos 60, recebeu uma "proposta irresistível" para trabalhar na petrolífera
Mobil. Há quarenta anos montou sua própria empresa de inteligência
comercial, a Omnifact. "Temos meios altamente tecnológicos de encontrar as
informações que as pessoas querem", disse. Vive entre Portland, no estado
americano do Oregon, e Londres.
Southall disse que em 1994 foi entrevistado em Casablanca por um enviado do
Ministério do Exterior sueco. O documento que Susan Williams encontrou na
Biblioteca Real em Estocolmo é o relato dessa conversa. Também afirmou que
ofereceu seus préstimos ao governo americano para esclarecer o contexto da
gravação que ouviu naquela noite, há 53 anos. Ele entregou a Susan Williams
mensagens que trocou nos anos 90 com analistas do Escritório de
Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado, que o procuraram para
saber o que sabia sobre a queda do avião de Hammarskjöld. Ofereceu-se então
para procurar documentos que comprovassem a interceptação, mas a conversa
não prosperou. "Pela minha experiência, posso prever que os americanos ou
vão negar que tenham essa gravação ou vão dizer que ela continua secreta e
se negarão a divulgá-la", disse ele, convicto de que a CIA teve alguma
participação na trama contra o secretário-geral. Diante de um pedido
do Wall Street Journal com base na Lei de Liberdade de Informação, a
agência de espionagem americana se negou a confirmar ou desmentir a
existência da gravação.
Ao apresentar à Assembleia Geral sua proposta de resolução, o embaixador
sueco na ONU, Per Thöresson, disse esperar que a nova comissão da entidade
que se debruçará sobre o caso "ajude a jogar novas luzes sobre as
circunstâncias da morte de Dag Hammarskjöld e das outras pessoas a bordo
daquele voo, não apenas dando publicidade a documentos que existam, mas
também ouvindo as testemunhas que nunca receberam a devida atenção".

 Quanto ao Congo, sua danação continua. Depois do assassinato de Lumumba, o
país foi governado por mais de 30 anos pelo ditador Mobuto Sese Seko. Há
duas décadas vive um conflito esquecido que já matou 6 milhões de pessoas,
o maior em número de vítimas desde a Segunda Guerra. Ruanda, Uganda e mais
sete países vizinhos já intervieram no território congolês em apoio a
diferentes grupos beligerantes, que se comportam como bandidos violentos –
estupros em massa, queima de aldeias, sequestros de crianças para engrossar
suas fileiras. Apesar da presença de uma força de intervenção da ONU, o
conflito continua. As facções vivem da exploração das minas. Na atualidade,
o mineral mais cobiçado do Congo é o coltan, de onde se extrai o nióbio e o
tântalo, usados na fabricação de produtos eletrônicos.

"Nunca é uma coisa bonita quando a examinamos bem de perto."
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