A Nova História Cultural

August 31, 2017 | Autor: S. Semíramis Sutil | Categoria: Historia Cultural
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Universidade Federal de São João Del Rei - CDB Resumo das aulas- História Cultural e Pós-moderna Curso: História Ano: Professor: Wlamir Silva Disciplina: Graduando: Séfora Semíramis Sutil Moreira

2014 Introdução a História

CHARTIER, Roger. A nova história cultural existe? In: LOPES, Antonio Herculano (org.). História e linguagens: texto, imagem, oralidade e representações. Rio de Janeiro: 7 letras, 2006. ... a nova história cultural propõe um modo inédito de compreender as relações entre as formas simbólicas e o mundo social. (CHARTIER, 2006) Os historiadores culturais se uniram aos antropólogos e aos críticos literários. A nova história cultural é a que se faz mais de estudos de casos do que de teorização global. Ela se opõe às idéias da História das Mentalidades dos Annales. Houve a crítica aos seus fundamentos básicos: considerar toda sociedade em um único modelo estável de idéias; considerar que todos os pensamentos e idéias de um indivíduo são governados por uma estrutura mental única. O sujeito da Nova História cultural considerava que cada indivíduo tinha sua racionalidade, que, portanto, não eram mentalmente governados. A História Cultural: uma definição possível? Uma definição para a História Cultural tornou-se difícil pela própria complexidade de definição do termo cultura. O campo de trabalho é diversificado, mas pode-se dizer que a História Cultural trata mais (ou tem mais preferência) os conflitos diários das sociedades: as manifestações coletivas. Sala de aula dia: 26/06/2014 História cultural clássica: manifestação valorativa dada por sua importância, dado por seus cânones: elementos de importância/ elementos valorativos. Esta História cultural clássica se baseia nos elementos e não nas manifestações de pessoas. Considera somente ou mais profundamente os objetos artísticos clássicos. Exemplo: Obras das artes plásticas clássicas, músicas eruditas, peças clássicas em geral, etc. Crítica: É determinada e tende a ser elitizada. Os marxistas, interessados na cultura, são os primeiros a criticar esta história cultural clássica. Criticam e fazem abranger, em âmbito geral, os elementos culturais – tendendo a deselitizá-los. Eis que surge, com a contestação da cultura clássica, a Nova História Cultural.

A nova História Cultural critica o sentido de homogeneidade e tradicionalismo desta cultura clássica. Não existe homogeneidade na cultura – ela é múltipla. E, assim, também é a tradição – que segundo a Nova Cultura nada é tradicional visto que o que é tido como tradicional foi uma vez inventado – não existe tradição original. A principal diferença entre essas culturas, histórias culturais, é o trato à antropologia – cultura antropológica. Trás o elemento simbólico: símbolo para remeter à informação/ elemento carregado de informação e valores que nele fisicamente não estão presentes. Porém, se trata dos símbolos não conscientes e que interferem na educação e no processo de aculturação dos seres humanos. Tudo aquilo que não é natural do senso humano é simbolizado – representação simbólica. A nova história cultural propõe um modelo antropológico; o reconhecimento da cultura popular; quebra do conceito de apropriação/ dominação cultural (no sentido de cultura predominante), abordando que as culturas se interferem e se reconstroem. Sala de aula dia: 27/06/2014 A História Cultural II A história cultural trata muito das vezes, o termo cultura fora; desconectado, aos seus elementos estruturais. A História Cultural é uma evolução da História das Mentalidades. Burke diz que as instituições são inventadas, não existe naturalidade (nascimento) das instituições. Mas, mesmo dentro dessas instituições inventadas gerase cultura. Basta saber se essas culturas são geradas pelo contato com as instituições pelo indivíduo ou se, também, a cultura pode ser inventada (programada) e posta (imposta) aos indivíduos que estejam em contato com tais instituições. (?)

Ex.: A instituição Nação é uma invenção, e ela impõe comportamento de unicidade aos indivíduos, diferentes/ peculiares, que estão delimitados dentro dos territórios dessa Nação. Em âmbito global a cultura se difere em suas peculiaridades regionais (mesmo que haja diferentes culturas populares/ políticas) e se iguala em alguns aspectos como, por exemplo, a homogeneização que busca as indústrias (têxtil/ artística/ etc.). Os diversos indivíduos, diferentes, se equiparam em contato com os produtos dessa indústria – consomem os mesmos produtos e, portanto, fazem parte de um mesmo tipo de cultura. Sobre a indústria cultural: as indústrias pegam uma idéia que está inserida dentro de uma instituição específica e a tornam símbolo – assim fazendo desse símbolo uma cultura de acesso geral. ANKERSMIR, Frank R. Historicismo, pós-moderna, Historiografia. In: MALERBA, Jurandir (org.). A escrita da história: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006. Para explicar a historiografia Ankersmit coloca a metáfora do rio – onde o historiador se coloca a ver a história (rio) de um local acima (de fora) do rio. O historiador que observa a história de fora do “rio” não está envolvido no processo histórico. O autor critica: como seria possível um historiador não estar inserido num processo histórico? A saída então, a que é tomada pelo historiador pós-moderno, é que o sujeito e o objeto são partes iguais de um mesmo todo. Ou seja, o historiador e o processo histórico estão no mesmo plano, em palavras metafóricas o sujeito está dentro do rio. Destarte, Ankersmit rompe com a desconstrução do tempo da historiografia moderna (Nova História).

A crítica que se faz é que não há como um historiador estar fora de um tempo histórico, e que por isso não é possível uma compreensão do processo histórico. Portanto, essa chamada compreensão seria uma invenção do historiador. O historiador

da história pós-moderna tem que ser historicisado, não é possível que um historiador esteja fora de um conceito histórico. Com esta perspectiva o autor desconstrói o problema do relativismo, com suas verdades absolutas e nostálgicas ao observador. Propõe uma história efeitual, que reconhece que a história é um efeito direto do real – efeito de verdade – hermenêutico. O autor aponta que o historiador não deveria ter um ponto de vista, que o ponto de vista do historiador pós-moderno é não ter ponto de vista. Neste sentido o sujeito da História deveria ser separado do sujeito homem que encontra-se inserido em seu tempo histórico para que este primeiro possa descrever um fato histórico. Ou seja, não é o caso de o historiador ser neutro e sim de não se posicionar sobre o fato histórico. Metáfora do rio na visão de Ankersmit Os historiadores estão posicionados em locais estratégicos e observam o rio (processo histórico). Cada historiador, cada qual com sua filosofia, acredita estar no melhor lugar (ter o melhor método historiográfico). Mas, como se isolam dum tempo histórico, segundo Ankersmit, não o compreender e sim o constrói (inventa). Somente aquele que está imerso num processo histórico consegue realmente apreende-lo.

Metáfrase da metáfora: No desenho anterior vemos a representação da metáfrase da metáfora. O ponto de vista é não ter ponto de vista.

A solução seria a quebra desta metáfora, auto-superação. Produzir uma descentralização do conhecimento histórico, em outras palavras não se ter um centro pré-determinado para análise e entender que qualquer ponto da historia possa ser estudada sem uma hierarquia entre esses pontos. Fazendo a análise de todos os aspectos históricos de forma democrática. O passado seria uma soma anárquica e democrática dos acontecimentos históricos. O que a História Pós-moderna propõe é que se seja consciente de que não é possível se compreender o objeto histórico como um todo – propõe a consciência da superficialidade do estudo do objeto pelo sujeito. Desta forma o ecletismo é uma característica forte na historiografia pós-moderna, cada historiador utiliza os métodos que melhor lhe convir. Crítica: essa história seria uma construção individual, feita conforme deseja o sujeito. Ou conforme o desejo de alguém que pague o historiador para construir o objeto histórico conforme ele queira. É a chamada “História Privatizada”. História privatizada: História que é voltada para os interesses/ demandas individuais (individuais aqui pode significar pessoas ou grupos de pessoas). O que são os casos das histórias de Grife, estas atendem aos interesses de gêneros/ etnias. Tal história é paga pelas instituições privadas (patrocinadores) para que seja escrita. CARDOSO, Ciro Flamarion. Epistemologia pós-moderna e conhecimento: Visão de um historiador. In: CARDOSO, Ciro Flamarion. Um historiador fala de teoria e metodologia: Ensaios. Bauru, SP; Edusc, 2005. O autor Ciro Flamarion faz neste texto uma crítica à História Pós-moderna. O sujeito A história pós-moderna via o indivíduo como sendo o sujeito e o objeto histórico. Esse sujeito seria capaz de conscientemente dividir seu estado de “sujeito comum” e “sujeito historiador” no trato da construção histórica. Mas, mesmo assim este sujeito não conseguia nada além da superficialidade. O sujeito é tido como “pontual” – conseguia passar um significado próprio, não passível de interpretação para se compreender, para o indivíduo recipiente da história. Este sujeito que passa a “verdade” a seu recipiente, cuja acredita-se que o último não fará nenhum juízo de sua “verdade”, é fortemente criticado pelo historiador marxista Ciro Flamarion Cardoso. A questão que se coloca é como se pode ter certeza que o sujeito se “divide” (não faz juízo de valor conforme o homem de seu tempo que é – não é anacrônico) e como se sabe que, também, o sujeito recipiente não fará nenhum juízo de valor da informação recebida? O historiador pós-moderno, assim como os historiadores da Nova História, não estuda os “grandes objetos” (Revolução Francesa/ 1ª Guerra Mundial, etc.), ele trata de acontecimentos fragmentados, trata de objetos específicos (História dos negros, dos homossexuais, história da ecologia, etc.).

A crítica que alguns autores fazem é que essa história seja muito fragmentada, ou, os mais radicais, que tal status represente a “morte do homem” que implicaria na “morte da história” (FUKUYAMO) uma vez que o sujeito é igual ao objeto. Como já foi dito, a história pós-moderna é a história voltada a interesses de grupos. Com isso a História perde um pouco de seu sentido epistemológico. Sala de aula dia: 11/07/2014 Flamarion aponta Weber para dizer que na história pós-moderna os elementos de ruptura, as revoluções, não têm principal influência nas modificações da sociedade. Diz que as revoluções são acontecimentos eventuais. Ainda neste apontamento, Flamarion, diz que existem grandes diferenças de classe, mas que os indivíduos mesmo sabendo das diferenças entre classes estão contentes com suas situações. Que as poucas classes majoritárias existem por que têm uma função dentro da sociedade, as classes minoritárias sabem da função das classes majoritárias e a acatam como sendo algo normal e, sobretudo, essencial à sociedade. Os indivíduos, em geral, para a pós-modernidade não apreendem o mundo a sua volta (quebra do conceito de aprendizagem) como ele realmente é, ou seja, não conseguem aprender. Os indivíduos são construções da semiologia, só captam algo através de uma representação simbólica.

Segundo esta teoria o sujeito é pretensioso e o objeto é a pan-semiose (signos ilimitados). O resultado dessa pan-semiose seria a revolução da cultura (principalmente das mídias). O sujeito analisaria todo esse objeto pan-semiótico. No entanto, para Flamarion esta teoria tem caráter niilista ¹. (1)

Doutrina filosófica que indica um pessimismo e ceticismo extremo perante qualquer situação ou realidade possível. Consiste na negação de todos os princípio religiosos, políticos e sociais. O seu sentido original foi alcançado graças a Friederich Jacobi e Jean Paul. (...) foi abordado mais tarde por Nietzsche, que descreve como falta de convicção em que se encontra o ser humano após a desvalorização de qualquer crença. Essa desvalorização acaba por culminar na consciência do absoluto e do nada.

SIGNIFICADOS, site, 2014, disponível em: http://www.significados.com.br/niilismo/. Acesso em: 13 de jul. 2014, 15:58.

O resultado de uma revolução midiática seria a quebra das antigas percepções e o alcance de novas formas de perceber o mundo. Surge a atitude pós-moderna A atitude pós-moderna surge com a idéia da “morte do homem” – a morte do sujeito que modifica/ constrói o tempo histórico. Ou seja, a “morte do homem” significa a morte da pretensão dos indivíduos de construir as ideologias – seria a “morte da história”. Isso quer dizer que os indivíduos não mais conseguem (ou nunca conseguiram) imbuir os fatos históricos para sua vida. Os acontecimentos que podem ser considerados como históricos não são apreendidos pelos indivíduos, mas existem (é o real que existe, mas que é ausente ao sujeito). O sujeito só consegue apreender através dos signos. O sujeito/ indivíduo pós-moderno é chamado de “sujeito transindividual”. Sua realidade é dada por estruturas semióticas da construção do sentido da vida. Segundo este conceito acredita-se que tal sujeito não conhecedor da realidade se manterá permanentemente nesta condição. Contrariamente à idéia de Marx, aonde o sujeito alienado pode deixar a condição da alienação. Na concepção marxista este sujeito transindividual que não apreende o real e somente seus signos seria o mesmo sujeito alienado, com a diferença que um é permanente e outro pode ser transitório. Criação dos Fetiches: os símbolos tomam a forma do real e passa a ter o valor do real. Na perspectiva pós-moderna tudo do mundo do sujeito está fetichizado em sentido sistematizado a ponto tal que nenhum indivíduo fosse capaz de desfazê-lo. Crítica: A crítica que se faz é como, em meio a não percepção do real, um sujeito/ indivíduo/ historiador foi capaz de perceber, entender ou descobrir que o sujeito não conhece o real sendo que nenhum sujeito, de fato, apreende o real? Esta é uma idéia contraditória à filosofia pós-moderna. Isso quer dizer que alguma forma do real é apreendida pelo sujeito. Esta concepção conota sentido esquizofrênico. Este sentido contraditório e esquizofrênico é explicado pelo fato de haver, passível à apreensão humana, fragmentos (átomos) de realidade. Destarte, a pósmodernidade deixa a idéia absolutista de que nada de real pode ser captado.

Salvo essa confusão de sujeito inconsciente do real a história pós-moderna ficou voltada para os pequenos grupos, os grupos marginalizados. Há uma fuga da história central. Segundo Foucault há poderes que estão descentralizados e que não precisam de alguém que os exerça – o poder se exerce sozinho nas margens.

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