A participação do público na construção da imagem de celebridades na imprensa on-line: análise dos websites Lux.pt, Hola.com e Caras.com.br

June 8, 2017 | Autor: Ana Santiago | Categoria: Media, Online Media, Celebridades, Jornalismo De Celebridades
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A participação do público na construção da imagem de celebridades na imprensa on-line: análise dos websites Lux.pt, Hola.com e Caras.com.br Santiago, Ana (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade - Universidade do Minho) [email protected] Resumo A imprensa especializada em celebridades com presença na web tem hoje à sua disposição diversas ferramentas interactivas que permitem a participação do público. Mas será que essas ferramentas estão a ser utilizadas para promover a participação do público na construção da imagem de celebridades? Para responder a esta questão, este trabalho analisa os websites de três revistas de referência especializadas em celebridades – a portuguesa Lux, a espanhola Hola e a brasileira Caras – com o objectivo de perceber que ferramentas são disponibilizadas e como são apresentadas aos leitores/utilizadores, após uma breve revisão da literatura. Palavras-chave: celebridades, imagem, jornalismo online e participação do público.

Abstract The press specialized in celebrities with web presence has many interactive tools that enable the audience participation nowadays. But are these tools being used to promote the audience participation in the construction of celebrities’ image? To order to answer this question, this paper analyses the websites of three reference magazines specialized in celebrities - the Portuguese Lux, Spanish Hola and Brazilian Caras – aiming at understanding which tools are available and how they are presented to readers / users, after a brief review of literature. Key-words: celebrities, image, online journalism and audience participation

1. Introdução A celebridade, na sua aceção moderna, nasce com o jornalismo de massa (Boorstin, 1992). A partir dos anos 50, a televisão populariza-se e com ela a celebridade ganha maior expressão na sociedade contemporânea. Mais tarde, na década de 70, o crescente interesse do público por aquelas figuras de alta visibilidade favorece o aparecimento de uma imprensa especializada, como por exemplo a revista People, fundada em 1974 e considerada uma das mais conceituadas do jornalismo de celebridades a nível internacional (Moraes, 2011: 64). Desde então as publicações dedicadas às celebridades proliferaram um pouco por todo o lado. Com a vulgarização da internet, na década de 90, a imprensa passa a ter a sua versão online. Numa primeira fase, os jornais e as revistas limitam-se a reproduzir na web os conteúdos publicados em formato papel, mas com o advento da web 2.0 passam a dispor de ferramentas que permitem potenciar a interatividade e a participação do público, abrindo-se espaço a uma nova relação entre conteúdos/publicações/jornalistas e utilizadores/leitores. No caso específico da imprensa de celebridades, estas ferramentas dão ao público a possibilidade de participar no processo de construção da imagem das celebridades de uma forma mais ativa e direta. O público deixa de ser um mero recetor para passar a ser também um emissor nesse processo.

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Assim, e com o objetivo de perceber de que forma o público participa na construção da imagem das celebridades, serão analisados os websites de três revistas de referência – a portuguesa Lux, a espanhola Hola e a brasileira Caras – após uma breve revisão da literatura. Na análise serão tidas em conta as ferramentas interativas disponibilizadas pelos três meios online e o modo como são apresentadas aos leitores/utilizadores. 2. As celebridades e os media A palavra “celebridade” tem origem no latim celebritas, que significa “multidão” ou “fama”, e a sua aceção moderna nasce por volta de 1850 com o jornalismo de massa, segundo Daniel Boorstin (1992: 57), pioneiro da definição e da análise deste fenómeno. Não obstante, o fenómeno da celebridade foi impulsionado pelo cinema que, na primeira metade do século XX, criou as “estrelas” e difundiu a sua imagem em todo o mundo como o primeiro grande produto cultural. A título de exemplo, Carlos Gardel, Marylin Monroe e James Dean chegaram a ser objeto de «sublimação fotográfica por parte dos fãs», fenómeno que explica em certa medida o record de vendas de posters destes mitos daquele século (Casasús, 1979: 88-90). Com o desenvolvimento das indústrias culturais e dos meios de comunicação de massas, este fenómeno conhecido por star-system (Morin, 1972) atinge o mundo da música e da televisão e, mais tarde, acaba por se estender a outras atividades, tais como a política, a arte, a moda, o desporto, entre outras. Na contemporaneidade, músicos, atores, atletas, estilistas, modelos, algumas pessoas ricas (tais como Donald Trump e Paris Hilton) e até membros da realeza (como é o caso de Kate Middleton e Letizia Ortiz) tornam-se célebres pelo facto de conseguirem atenção e cobertura constantes dos media. Em alguns casos, as celebridades atingem o estatuto de herói contemporâneo, tal como aconteceu com o falecido piloto brasileiro da Fórmula 1, Ayrton de Senna. Entretanto, o fenómeno da celebridade estende-se a uma nova individualidade a partir do momento em que os media permitem ao cidadão comum passar do anonimato para as luzes da ribalta, no uso dos seus quinze minutos de fama anunciados pelo artista plástico norteamericano Andy Warhol. Veja-se a título de exemplo o caso de cidadãos comuns que passam a ser famosos ao participarem em programas de televisão como o “Ídolos” da Sic ou em rubricas televisivas como “Os verdadeiros heróis” do programa “A tarde é sua” da TVI, realizados em Portugal. Na verdade, «já nada escapa ao sistema do vedetariado. As estrelas abundam, sendo a sua imagem difundida e planetarizada pelos jornais, a televisão e a rede da web» (Lipovetsky e Serroy, 2010: 92-101). É, pois, possível afirmar que esta é a era da celebridade para todos (Lipovetsky e Serroy, 2010: 105) e que enquanto prevalecer a democracia e o capitalismo, as celebridades irão continuar a fazer parte da sociedade contemporânea (Rojek, 2001: 198-199). Mas para compreender melhor este fenómeno que marca a atualidade, importa conhecer conceitos e tipologias da celebridade, desenvolvidos por autores de referência como Boorstin (1961), Lowenthal (1985), Langer (2006) e Rojek (2001). Daniel Boorstin (1992: 61) distingue celebridade de herói da seguinte forma: «O herói foi distinguido pelos seus feitos; a celebridade pela sua imagem ou marca. O herói criou-se a si próprio; a celebridade foi criada pelos media. O herói foi um grande homem; a celebridade é um grande nome». Por sua vez, Leo Lowenthal (1985) distingue os heróis do passado dos heróis dos media, designando os primeiros como ídolos da produção e os segundo como ídolos do consumo, enquanto Langer (2006) assinala que o estatuto divino do star-system se esmorece a partir do momento em que as biografias das celebridades se cruzam com assuntos da vida quotidiana nas revistas populares (Santos, 2011: 12).

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Para Chris Rojek (2001: 10-29) o estatuto de celebridade é tripartido, na medida em que pode ser conferido, adquirido ou atribuído. O estatuto de celebridade conferida relaciona-se com a linhagem (o Príncipe William de Inglaterra, por exemplo), o estatuto de celebridade adquirida resulta de realizações individuais alcançadas por via de talentos ou habilidades raras (por exemplo, o treinador de futebol José Mourinho), enquanto o estatuto de celebridade atribuída deriva de uma fabricação cultural, da representação de um indivíduo por intermediários culturais, ou seja, por agentes, publicitários, fotógrafos, promotores e outros profissionais cujo trabalho passa pela apresentação pública de pessoas que possam merecer uma atenção duradoura do público (em Portugal, temos o caso de Bibá Pitta e Cinha Jardim). Ainda no âmbito da celebridade atribuída, o autor criou um subtipo, a que decidiu chamar “celetoid”, para falar de figuras que obtêm uma ampla divulgação nos media num dado momento e logo a seguir caem no esquecimento (como foi o caso de Zé Maria, ex-concorrente da versão portuguesa do programa de televisão “Big Brother”). Tudo isto para dizer que é impossível dissociar o culto das celebridades dos media. Tornar-se célebre implica ser-se amplamente conhecido e isso só é possível a partir dos media, pois apenas eles têm a capacidade de disseminar largamente «as imagens, as características e os feitos (tal como são) dos aspirantes a celebridades, ou das celebridades instituídas» (Hollander, 2011: 63). 3. A imagem e as celebridades A origem da palavra “imagem” levanta algumas dúvidas: para uns autores ela deriva do latim “imitare” que significa imitação (Casasús, 1979), para outros, deriva do grego “ikon”, que designa a criação verbal de uma representação mental (Ruão, 2008: 129). Porém, se recorrermos à Teoria da Imagem percebemos que a construção de imagens não se limita a uma simples representação icónica, ela compreende dois processos mais complexos: o da perceção que capta aspetos relevantes da realidade e o da representação que cria um modelo da realidade com base no que foi percecionado. Dito de outra forma, e recorrendo ao exemplo apresentado por Ruão (2008: 130), a imagem é como que uma fotografia ou um filme que se constrói na mente humana numa tentativa de simplificar a realidade, podendo ser boa ou má, positiva ou negativa. De acordo com essa perspetiva, o processo de construção da imagem é entendido como um fenómeno de receção, na medida em que o recetor perceciona um dado objeto e a seguir constrói mentalmente uma ideia acerca dele. Mas não tardou a aparecer um novo entendimento. Com o tempo, as investigações mostraram que o processo de construção da imagem também é influenciado pelo emissor, passando-se a uma visão dupla da imagem: a da imagem projetada, que se refere ao conceito de emissão, e a da imagem percebida ou percecionada, que está relacionada com o processo de receção. Daí que Alvesson (1990, in Ruão, 2008: 137) tenha sugerido que «o fenómeno da imagem acontece em dois palcos: no do comunicador e no das suas audiências». No caso específico das celebridades, isto significa que a sua imagem tanto é influenciada pela forma como a sua personalidade/identidade é projetada nas aparições públicas e nos media, como é criada pelo público que assiste a essas projeções e a partir delas forma a sua opinião. Do ponto de vista da projeção das celebridades, o processo de construção da imagem envolve questões que vão desde a preparação da celebridade para a aparição pública (não só em termos de aparência visual mas também de conteúdo, já que é suposto passarem determinadas mensagens) até à gestão da sua imagem pública (onde se discutem os limites da exploração da sua imagem, a exposição da sua vida privada, entre outras coisas) (Lana, 2012: 93). Entretanto, a imagem da celebridade é construída não só a partir dos seus talentos ou qualidades superiores mas também das suas histórias de vida, de tal forma que «ao tornaremse uma mistura do cotidiano (vida privada) e do excecional (papeis profissionais), elas articulam em si um novo tipo de poder (Moraes, 2011: 64). A propósito, Coralis (2011: 101) assinala que as «nuances de sua vida privada e de sua personalidade são priorizadas (ou

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atribuídas) e reconstruídas pela mídia, de maneira que ela se torne uma figura estritamente de acordo com os padrões sociais e/ou com os anseios de uma sociedade» e até uma figura imitável. Hollander (2011: 62) refere que as celebridades «são admiradas por personificarem o êxito, ou seja, por serem ricas, conhecidas, reverenciadas e fisicamente atraentes» e adianta que «as celebridades que melhor personificam o êxito são as de origens humildes e cujos talentos e feitos tenham sido tirados a ferros». Foi o caso de Madonna, que conquistou êxito mundial «ao trabalhar e perseguir o sonho da fama, com base em uma crença inabalável no talento», depois de viver «nas ruas de Nova Iorque por sete anos em busca de uma chance» (Coralis, 2011: 104-105) e de Oprah, que construiu um verdadeiro império mediático ao longo de duas décadas à custa de trabalho árduo e resiliência, pois a sua infância e adolescência não tinham sido fáceis. Oprah passou a ser uma das mulheres mais influentes do mundo e, segundo a revista Forbes (1998), uma das mulheres mais ricas no âmbito do entretenimento (Ashton, 2008: 57). Apesar das celebridades serem admiradas pelo grande público, isso não invalida a existência de outras reações. Quer se queira quer não, há sempre «o conflito entre o gostar e o não gostar, entre a admiração exaltada e a indiferença» (Coralis, 2011: 100). Pode por isso dizer-se que, do ponto de vista da receção, o processo de construção da imagem das celebridades é complexo porque resulta não só numa imagem mas sim em várias imagens. No limite, cada pessoa percecionará à sua maneira a celebridade e as narrativas que se produzem à volta dela. Em todo o caso, a imagem projectada pela celebridade e a imagem percecionada pelos públicos estão intimamente ligadas e influenciam-se mutuamente. A celebridade influencia os públicos mas também é influenciada por estes, ao viver a experiência da fama. 4. A imprensa online e a participação do público Na década de 1990 vulgariza-se a Internet com a criação da World Wide Web, revolucionandose não só a forma de comunicar mas também de fazer jornalismo. Desde essa altura o número de utilizadores não para de crescer. De acordo com Castells (2007: 17), «em finais de 1995, o primeiro ano da utilização generalizada da world wide web, havia cerca de 16 milhões de utilizadores das redes de comunicação informática em todo o mundo. No início de 2001, havia mais de 400 milhões». Uma pesquisa mais recentemente, publicada em junho de 2012, contabilizava 2,4 mil milhões1 de utilizadores. Ao longo desse período, a World Wide Web foi-se desenvolvendo, contando até à data com duas fases distintas: a da Web 1.0, que apenas permitia o acesso a grandes quantidades de informação, limitando-se a intervenção do utilizador à leitura, e a da Web 2.0, atualmente em vigor, que disponibiliza mecanismos de busca como o Google, websites de colaboração, como a Wikipedia e o YouTube e websites de relacionamento social, como o Facebook e Twitter, permitindo uma participação mais ativa dos utilizadores. Naturalmente, houve quem defendesse que a internet iria acabar com os meios tradicionais, o que não se verificou, pelo menos até à data. Aliás, o mesmo cenário tinha sido traçado aquando do aparecimento dos meios que lhe antecederam. Como bem lembra Walter Dean, professor do Project for Excellence in Journalism e membro do recém-criado Comittee of Concerned Journalists, numa recente entrevista à revista Visão (Caetano, 2012: 18), «a rádio mataria a leitura, o cinema mataria a rádio, a TV mataria o cinema e os jornais, o cabo mataria todas as outras TVs, o satélite mataria o cabo, e agora a internet mataria tudo. Afinal, ainda cá estão todos!» 1Fonte: http://www.internetworldstats.com/stats.htm, 29/10/2012

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É precisamente neste contexto que o jornalismo tradicional se vê forçado, em primeiro lugar, a aderir à rede global e, em segundo lugar, a repensar o seu funcionamento. Paulatinamente, os media tradicionais passam a estar representados na World Wide Web. No início criam os seus websites para neles despejarem a informação publicada na versão em papel, mais tarde reestruturam-nos para desenvolver novos conteúdos e funcionalidades, com o intuito de potenciar os recursos que a internet oferece. Hoje, edições em formato papel e online de jornais e revistas de referência internacional (tais como, The New York Times, The Guardian, El Mundo, People, Vogue, Vanity Fair, Hola) coexistem lado a lado, fazendo-nos acreditar que há mais complementaridade do que oposição. No entanto, o percurso realizado pelo jornalismo online até ao tempo presente foi bastante sinuoso. Em Portugal, Helder Bastos (2010b: 1-9), por meio de um estudo longitudinal, divide os primeiros doze anos de ciberjornalismo em Portugal em três fases distintas: a da implementação (1995-1998) que passou pela mera colocação online dos conteúdos produzidos para as edições impressas (aliás, o mesmo aconteceu com os conteúdos de rádio e TV), a da expansão (1999-2000) que coincidiu com o aparecimento de jornais em formato exclusivamente online (tais como, o Diário Digital e o Portugal Diário) e introdução de serviços de “última hora” nas edições online (como por exemplo, o Público) e, por fim, a da depressão seguida de estagnação (2001-2007) que ocorreu a partir do momento em que se percebeu que as receitas de publicidade não correspondiam às expectativas e a nova economia começou a cair, levando ao despedimento de vários profissionais do jornalismo online. Findos os primeiros doze anos de jornalismo online em Portugal, o balanço qualitativo não foi animador. Tudo porque os jornais online portugueses não aproveitavam todas as suas potencialidades (interatividade, hipertextualidade, multimedialidade, instantaneidade, ubiquidade, memória, personalização, criatividade) (Bastos, 2010b: 10). Na realidade, o mesmo se passava no plano internacional. Nessa altura, jornais, revistas, estações de rádio e estações de televisão internacionais davam os seus primeiros passos na web (Bastos, 2010a: 3). Porém, é suposto que a imprensa online potencie os recursos disponibilizados pela web, em particular a interatividade, considerada por muitos investigadores e profissionais do setor, a característica mais importante do jornalismo online. Para tanto, os ciberjornais devem apostar na utilização de ferramentas interativas, tais como o correio eletrónico, as listas de discussão, os fóruns, os chats, os inquéritos, os comentários no final dos artigos (Assumpção & Amaral, 2009; Barbosa, 2001; Bastos, 2010a) e, ainda, secções específicas inteiramente dedicadas à participação do público como é o caso do “cidadão repórter” e das “cartas do leitor”. 5. A análise de websites de imprensa especializada Considerando que a imprensa especializada em celebridades se encontra disponível na web e que a interatividade é uma das principais características da rede, pretende-se perceber de que forma o público participa na construção da imagem das celebridades, a partir da análise dos websites de três revistas de referência – a portuguesa Lux, a espanhola Hola e a brasileira Caras. Para tanto, serão examinadas as ferramentas interativas disponibilizadas pelos três meios online e destacadas as que promovem especificamente a participação do público na construção da imagem das celebridades, depois de uma breve introdução sobre os websites. 5.1 Lux.pt A versão impressa da revista Lux está disponível nas bancas à sexta-feira mas o seu website é atualizado todos os dias, incluindo fim de semana. No estatuto editorial da revista pode ler-se que «a Lux dá especial destaque à atualidade social e aos seus protagonistas, nacionais e

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internacionais, através de tratamento privilegiado de imagem e texto» e na página de Facebook constata-se que a versão online visa dar “informação em tempo real sobre famosos, moda, beleza, decoração, viagens, crianças, culinária, crianças, saúde e casamentos” (Lux, 2012). O website da Lux coloca à disposição dos seus utilizadores diversas ferramentas interativas que facilitam a sua participação ativa, sem necessidade de efetuar qualquer registo prévio. Na página de entrada do website os utilizadores podem registar-se e fazer pesquisa por palavra(s)-chave, podendo a mesma ser efetuada a partir do nome de celebridades. Na banda do lado direito, são disponibilizadas cinco ferramentas que permitem ao utilizador fazer um “gosto” da Lux no Facebook, fazer da Lux a homepage, adicionar a Lux aos favoritos, subscrever a newsletter da revista e segui-la no Twitter. Nesta mesma banda, os utilizadores têm ainda acesso à lista das notícias “mais vistas” e “mais comentadas”, contabilizadas a partir da participação do público no website. Na banda esquerda do website é revelado o “Top 5”, com os artigos mais votados pelo público. De algum modo, estas listas permitem conhecer não só as notícias mas também as celebridades que são alvo de maior atenção por parte do público. Além disso, é possível que as mesmas influenciem outros utilizadores a consultar os conteúdos aí apresentados. Um dos menus do cabeçalho dá aos utilizadores a possibilidade de participar em “Passatempos”, relacionados com espetáculos culturais que conferem aos vencedores a entrada gratuita nos mesmos, e em sondagens na secção “Votações”, dedicada à auscultação da opinião do público sobre temas tratados em artigos relacionados com famosos ou atualidade. Neste caso, a maioria das perguntas lançadas sobre as celebridades remetem para assuntos relacionados com a sua imagem. A última pergunta, publicada a 29 de fevereiro de 2012, é um bom exemplo disso: “O que acha do novo look de Cameron Diaz?”. Acontece que desde essa altura as “Votações” deixaram de ser dinamizadas no website. A revista passou a auscultar a opinião do público através do Facebook. No dia 7 de novembro de 2012, por exemplo, foi lançada naquela rede social a seguinte pergunta: “Que nota dá ao look de Halle Berry?”. Todos os conteúdos do website (salvo algumas exceções) podem ser comentados, votados, impressos, enviados por e-mail e partilhados no Facebook e Twitter. Os comentários registados pelos utilizadores no website estão sujeitas a aprovação prévia por parte da Lux, em virtude da ferramenta usada que a isso obriga mas em breve os comentários serão imediatamente publicados no artigo via aplicação Facebook, sem necessidade de aprovação prévia, de acordo com Patrícia Araújo, editora online da Lux, auscultada durante a realização deste trabalho. Em cada artigo, é possível visualizar o número de “gostos” do Facebook, de votos e de comentários. A partir destes indicadores e dos comentários torna-se possível conhecer as imagens construídas pelos utilizadores acerca das celebridades, as quais podem influenciar a opinião de outros utilizadores. A comunicação direta entre revista/jornalistas e leitores é potenciada através do correio electrónico. Todos os artigos assinados têm na assinatura ligação directa ao endereço de correio eletrónico do jornalista, a revista disponibiliza na sua ficha técnica os endereços de diversos departamentos/colaboradores (Direção Editorial, Redação, Produção, Edição Online, etc.) e as secções “Passatempos”, “Assinaturas”, “Publicidade e Marketing” disponibilizam endereços de correio eletrónico específicos. Como os artigos podem ser enviados por e-mail, a comunicação entre utilizadores também está garantida. Isto significa que através do correio eletrónico também se podem difundir opiniões sobre as celebridades que são notícia. 5.2 “Hola.com” A ¡Hola! é uma revista de origem espanhola especializada em celebridades, editada em vários países (nomeadamente, México, Argentina, Canadá, Reino Unido, Rússia) e disponível em formato papel e eletrónico.

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Na edição eletrónica espanhola os utilizadores encontram não só conteúdos relacionados com celebridades mas também outro tipo de informação em secções como Moda, Beleza, Homem, Cozinha, Viagens, Decoração, Ser Mãe, Saúde entre outros temas. A interatividade e participação do público são facilitadas por algumas ferramentas, tanto na página de entrada como nas diferentes secções do website. No cabeçalho da primeira página, o utilizador pode aceder a blogues de autor e temáticos onde pode deixar comentários, registar-se e participar em fóruns femininos ligados a diferentes secções do website, pesquisar informação por palavra(s)-chave por via do motor de busca da revista ou do Google, assinar a versão impressa e digital da revista, subscrever boletins e alertas (por exemplo, resumo da actualidade, receita do dia, horóscopo, etc.) através de correio eletrónico. Na banda do lado direito da página de entrada, o item “Lo más destacado de la semana” permite conhecer as três notícias com maior destaque, enquanto o item “Lo más visto”, as cinco notícias com mais visualizações, contabilizadas a partir da participação do público no website. No rodapé do website o utilizador encontra três ícones que reforçam a conexão com a revista, um para subscrever o RSS feeds e os outros dois para aderir a redes sociais, nomeadamente Facebook e Twitter. De um modo geral, as notícias podem ser comentadas diretamente no website e partilhadas em quatro redes sociais, designadamente Twitter, Facebook, Google Plus e Pinterest. Estas redes sociais servem ainda para partilhar a galeria de imagens associada a cada notícia, enquanto os vídeos permitem apenas fazer “Tweet” (Twitter) e “Gosto” (Facebook). Todas estas ferramentas interativas permitem conhecer a participação do público. É possível visualizar o número de cliques em cada rede social, bem como o número e tipo de comentários realizados pelos utilizadores, podendo-se a partir desses dados identificar as celebridades que mais despertam a atenção e o interesse do público e, através dos comentários, conhecer a imagem que formam acerca dessas personalidades. A comunicação direta entre revista/jornalistas e utilizadores não é promovida pelo website da ¡Hola!. Para além dos contactos gerais (morada, telefone e fax), a revista disponibiliza um “formulário de contacto” online, em que a grande maioria dos assuntos predefinidos são de caráter comercial (reclamações, cancelamentos, pedido de fatura, etc.). 5.3 “Caras.com.br” A “Caras Brasil”, «em sua versão para internet, traz notícias quentes e exclusivas sobre os famosos, além de fotos das celebridades e o conteúdo da Revista CARAS» e é atualizada 24h por dia. De acordo com o Google Analytics (março 2012), o website conta com mais de 64.453.665 de page views por mês, sendo um sucesso de audiência no Brasil (Caras, 2012). A interatividade e participação do público na “Caras Online” são promovidas através de diversas ferramentas, algumas visíveis na página de entrada e outras disponíveis nas várias secções do menu principal, composto por “Notícias”, “Perfil”, “Fotos”, “TV Caras”, “Especiais”, “Eventos”, “Revista”, “Assine” e “+ Caras”. Na página de entrada do website, o cabeçalho disponibiliza ferramentas que permitem aos utilizadores fazer busca por palavra-chave, conectar-se com a revista via Twitter, Facebook, Orkut, Google Plus, Youtube e RSS, assinar a versão impressa, anunciar na Revista Caras e na Caras Online e falar com a Caras através de um formulário de contacto, onde os utilizadores podem selecionar uma das seguintes áreas: assinaturas, dúvidas, reclamações, redação, revista, site e outros. Na banda do lado direito pode ser visualizado um gráfico com as dez notícias mais lidas nas últimas 12horas, sendo possível a partir daqui observar as notícias e as personalidades de maior interesse por parte do público. No final da página (antes do rodapé) encontra-se disponível a rúbrica “Enquete”, onde os utilizadores podem votar, ver resultados e comentar uma pergunta sobre um tema que está na ordem do dia, bem como aceder a inquéritos anteriores, a maioria deles ainda com votação aberta. Alguns desses inquéritos referem-se a celebridades e à sua imagem, como por exemplo a pergunta “Qual estrela arrasou

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no red carpet do EMA?”, onde o utilizador poderia votar numa das doze estrelas sugeridas. De salientar que os resultados aqui obtidos são meramente indicativos uma vez que uma mesma pessoa pode votar repetidamente numa opção para influenciar o resultado final. A secção “+ Caras” do menu principal permite que o público participe em “concursos culturais” que estejam disponíveis no momento, bem como aceder aos concursos realizados anteriormente. Aqui os utilizadores podem aceder à inscrição, ao regulamento e aos “ganhadores”. Apesar de proporcionar a participação do público, esta secção não contribui para a construção da imagem das celebridades. Nos artigos publicados, os utilizadores têm a possibilidade de os imprimir, partilhar nas redes sociais (Twitter, Facebook e Orkut), enviar por e-mail, avaliar (de uma a cinco estrelas) e comentar via aplicação Facebook. No início de cada artigo pode visualizar-se o número de partilhas/recomendações efetuadas via Twitter, Google Plus e Facebook. Com base nestas ferramentas é possível identificar as notícias e as celebridades que merecem maior e menor atenção por parte do público, bem como conhecer as imagens que os utilizadores constroem acerca delas. Os endereços de correio eletrónico dos jornalistas e outros colaboradores não são disponibilizados no website, apenas são divulgados os de caráter geral, pelo que não é estimulada a comunicação direta entre revista/jornalistas e leitores. Entre utilizadores, a comunicação é facilitada em cada artigo através da ferramenta “enviar por e-mail”. 6. Considerações finais É certo que o jornalismo online ainda não está a tirar o máximo proveito das potencialidades da web (Assumpção & Amaral, 2009; Bastos, 2010a; Bastos, 2010b) mas, nos últimos tempos, a imprensa online tem desenvolvido alguns esforços no sentido de contrariar essa tendência. A interatividade, considerada uma das maiores potencialidades do jornalismo online (Barbosa, 2001; Bastos, 2010a), é hoje promovida através de diversas ferramentas. Numa análise mais aprofundada dos websites das revistas Lux (portuguesa), Hola (espanhola) e Caras (brasileira), constatou-se que algumas ferramentas interativas disponibilizadas online facilitam a participação do público na construção da imagem de celebridades, de uma forma mais ou menos direta. No caso da Lux e da Caras, o sistema de votos e as sondagens ou inquéritos auscultam diretamente a opinião dos utilizadores sobre vários aspectos relacionadas com a imagem das celebridades. Nos artigos publicados nas três revistas, os comentários e as aplicações de redes sociais permitem aos utilizadores dar feed-back positivo, neutro ou negativo sobre as celebridades que constituem notícia, enquanto as listas das notícias mais vistas ou lidas revelam, ainda que de uma forma indireta, as celebridades que despertam mais atenção e interesse por parte do público. Apesar do jornalismo online ainda não ter explorado todas as potencialidades da web, a análise realizada no âmbito deste trabalho provou que existem meios online da imprensa especializada que promovem a participação do público na construção da imagem de celebridades através de diferentes ferramentas interativas, pelo menos a revista Lux (portuguesa), Hola (espanhola) e Caras (brasileira) são prova disso. Resta saber se o mesmo acontece com outros meios, por isso mesmo este trabalho não se esgota aqui, muito pelo contrário. Para chegar a alguma conclusão seria necessário aprofundar o conhecimento deste fenómeno através do estudo de mais casos. 7. Referências bibliográficas Ashton, L. (2008). A Sabedoria da Oprah. Lisboa: Équilo.

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