A Pequena Empresa e as Interações Tecnológicas. Comunicação e Aprendizagem Organizacional.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) STACHESKI, Denise Regina A pequena empresa e as interações tecnológicas [livro eletrônico] : comunicação e aprendizagem organizacional / Denise Regina Stacheski. -- Florianópolis, SC : Combook, 2013. 2.130 Kb ; PDF. Bibliografia ISBN 978-85-909841-4-6 1. Aprendizagem organizacional 2. Comunicação organizacional 3. Eficiência organizacional 13-00025

CDD-658.406 Índice para catálogo sistemático: 1. Comunicação e aprendizagem organizacional : Administração de empresas 658.406

Sumário Introdução..................................................................................................4 A pequena empresa na era da revolução informacional................................6 Tecnologias de informação e comunicação e o potencial dialógico...........................6 O destaque da pequena empresa no sistema produtivo.........................................11 Comunicação organizacional e integração tecnológica.................................14 O campo da comunicação e as concepções de mundo...........................................14 Comunicação organizacional, sociabilidade e tecnologia........................................16 Comunicação como mediadora de conhecimento nas organizações......................18 Comunicação e a evolução das organizações de trabalho.............................23 Concepções de trabalho e organização..................................................................23 Desenvolvimento histórico das organizações e relações de trabalho......................26 A aprendizagem organizacional gerada pela comunicação.....................................32 Tecnologia de informação na pequena empresa.........................................36 Considerações finais..................................................................................41 Referências...............................................................................................44

Introdução

A

sociedade do século XXI pode ser caracterizada pelas diferentes apropriações das tecnologias de informação nas práticas e processos comunicacionais – entre os sujeitos, as organizações e as instituições. O desenvolvimento das tecnologias da informação e de comunicação ocorreu de forma contínua e ininterrupta, assim como as mudanças administrativas organizacionais nas últimas décadas - como, por exemplo, as ênfases nas estratégias voltadas à gestão do conhecimento, às organizações de aprendizagem e ao estímulo do capital intelectual dos trabalhadores. Neste livro, a ideia é discutir como as tecnologias de informação articulam processos comunicacionais dentro de uma pequena empresa - direcionando o tema a três vertentes principais: aos processos comunicativos gerados nas organizações pelas interações tecnológicas, à aprendizagem organizacional e às pequenas empresas. Partimos do pressuposto que a comunicação é inerente aos processos administrativos organizacionais, pois pelos seus meios são viabilizados os modos de produção e a concepção do trabalho. Entendemos que a comunicação é a via de acesso de integração das partes organizacionais, contribuindo para que o conjunto consiga cumprir seus objetivos. A comunicação, assim, é a base da compreensão organizacional, é a linha mestra que gerencia a entrada e a saída de informações, possibilitando o alcance das metas empresariais. Um grande desafio para gestores de organizações é constituir um processo comunicativo eficiente, já que é preciso diagnosticar corretamente, e em tempo hábil, os problemas emergentes e as possíveis soluções viáveis. As tecnologias de informação e comunicação, por sua vez, possibilitaram novas práticas para o diálogo, para as trocas de informações, que fomentaram os processos comunicacionais na organização. Em relação às pequenas empresas, vale salientar que são um nicho mercadológico em destaque dentro da estrutura econômica brasileira. Se-

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gundo o Sebrae, quase 80% dos novos empregos criados, em julho de 2012, foram gerados em pequenas empresas brasileiras. Portanto, por meio das justificativas acima, torna-se fundamental abordar e discutir processos comunicacionais gerados por interações tecnológicas nos ambientes organizacionais, em empresas de pequeno porte, como elementos de possíveis sucessos na estrutura socioeconômica brasileira.

A pequena empresa na era da revolução informacional

A

evolução das tecnologias de informação e comunicação, dentro dos sistemas sociais, é um processo irreversível (Carvalho, 1997). E para que a humanidade possa dominar as novas formas de comunicação, de trabalho, de relação, de sobrevivência é necessário estudá-las, aprofundar seus contextos, perceber suas artimanhas e torná-las favoráveis ao desenvolvimento positivo de uma sociedade. “Ninguém previa, cinquenta anos atrás, que o intercâmbio entre os homens e as máquinas iria tornar-se tão sofisticado e que envolveria tantas pessoas em sua vida profissional ou particular” (Lévy, 1998, p. 30). Para o campo específico da comunicação, as tecnologias de informação representam um novo espaço de diálogo que se insere nos ambientes de trabalho e na sociedade como meio para vencer o tempo e a distância, distribuindo a informação necessária.

Tecnologias de informação e comunicação e o potencial dialógico Técnicas, tecnologia, trabalho e comunicação são termos que se unem e formam a história das sociedades. Segundo Santaella (2001, p. 14) “a entrada do século XXI deverá ser lembrada no futuro como a entrada dos meios de comunicação em uma nova era: a da transformação de todas as mídias em transmissão digital, como se o mundo inteiro estivesse, de repente, virando digital”. Dentro deste contexto, as organizações de trabalho, o sistema produtivo e as novas demandas de profissionais se encontram em plena mutação - e a comunicação é percebida como uma exigência. Hoje, mudanças profundas acontecem no campo de trabalho, provocadas em grande parte pela revolução microeletrônica. As consequências da automação e da robótica não alteram apenas a linha do emprego, a duração do tempo semanal, a dimensão do assalariado, mas as formas de organização do próprio trabalho. São organizações flexíveis que predominam no contexto industrial e de serviços, estabelecendo um ambiente propício para criar novos conhecimen-

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tos, implementar a gestão descentralizada da diversidade, definindo novos relacionamentos entre os serviços (Bastos, 1997, p. 2). Essa renovação de paradigmas torna o momento presente complexo pela dinamicidade de suas mudanças, pela alta velocidade de suas ocorrências, pela convivência do aleatório e pelos conflitos surgidos. O objetivo das organizações, assim, deve ser mobilizar potenciais criadores e transformadores para sobreviverem à imprevisibilidade - necessitando de um modelo administrativo mais aberto, ao formar vínculos de interação com o ambiente, ao potencializar os pontos fortes nos processos comunicativos. Para isso, uma postura voltada para o aprendizado torna-se uma solução para viabilizar a administração organizacional. O foco deve estar na aquisição, armazenagem, processamento e na disseminação e uso da informação e do conhecimento. A década de 1990 gerou e ratificou as organizações de aprendizagem. O conhecimento repassado pelas organizações, as tecnologias de informação e os processos comunicacionais foram (e são) os grandes mediadores deste processo. Educar, desenvolver e instigar a produção de conhecimento são ações que uma rede de informação organizacional pode realizar pelos processos e práticas de comunicação instaurados com as tecnologias de informação. Para Castells (1999, p. 88), “as redes são e serão componentes fundamentais das organizações”. A interação da comunicação organizacional, por meio das tecnologias de informação, pode proporcionar, também, um desenvolvimento nas competências para as tomadas de decisões dos trabalhadores. Um aprendizado real para o trabalhador, pois as tecnologias de comunicação e informação devem ser percebidas a partir da sua imersão na corrente comunicativa humana, que almeja a associação – e a articulação - de diversos horizontes sociais, de diversos contextos envolvidos. É impossível separar o humano de seu ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo material – e menos ainda sua parte artificial – das ideias por meio das quais os objetos técnicos são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os inventam, produzem e utilizam. Acrescentemos, enfim, que as imagens, as palavras, as construções de lin-

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guagem entranham-se nas almas humanas, fornecem meios e razões de viver aos homens e suas instituições, são recicladas por grupos organizados e instrumentalizados, como também por circuitos de comunicação e memórias artificiais (Lévy, 1998, p. 22). A tecnologia, assim, pode ser vista como linguagem, ao significar o processo de comunicação instaurado – ao envolver as interações humanas, as sociabilidades, as técnicas e as práticas, as novas sensibilidades, a possibilidade de educar, o poder na medida da distribuição das informações e o desenvolvimento de grupos sociais. As apropriações das tecnologias para a distribuição de informação e a potencialização do diálogo, dentro das organizações, criam práticas que atendem a demanda da sociedade contemporânea no desejo de comunicar-se de forma veloz e eficaz. Aqui, vale lembrar do “agir comunicativo” de Habermas 1 (1989) que também encontra soluções nos processos de trabalhos sociais por meio da comunicação, ao devolver o poder das palavras para o trabalhador. No contexto habermasiano, a linguagem e a comunicação não são meros instrumentos para transmissão de informação, mas elementos que possibilitam a troca, o diálogo e a construção de consensos – os quais devem ser gerados pelas argumentações dos sujeitos. Diversos autores superam a subjetividade inicial de seus respectivos pontos de vista em favor de uma comunidade. É necessário perceber, portanto, a capacidade de linguagem dos indivíduos, enquanto argumentação, troca, diálogo, e constituição do ser. Não como mera capacidade de utilização de um canal transmissor de informação. O potencial dialógico das tecnologias de informação e comunicação também se apresenta de forma bastante concisa em relação aos aspectos de interação e interatividade, porém são conceitos e práticas que devem ser analisados para que equívocos não aconteçam. Segundo Machado (1997, p. 144): O termo interatividade se presta hoje às utilizações mais desencontradas e estapafúrdias(...) que compreende desde salas de cinema 1 Jurgen Habermas é considerado, no meio acadêmico, como o principal representante da segunda geração de um grupo de filósofos e cientistas sociais da Alemanha, iniciado nos anos 20, conhecido como a Escola de Frankfurt e cujos nomes mais destacados são: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Hebert Marcuse e Erich Fromm. Habermas é visto como herdeiro do debate iluminista, particularmente referenciado em Kant, que reinterpreta a relação entre razão e o momento histórico.

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em que as cadeiras se movem até novelas de televisão em que os espectadores escolhem (por telefone) o final da história(...). Já em 1932, Bertold Brecht falava em interatividade ao se referir ao processo de inserção democrática dos meios de comunicação numa sociedade plural, com participação direta dos cidadãos, tal como imaginava no sistema radiofônico alemão. Essa ideia acabaria afinal se materializando na utopia das rádios e televisões livres, que floresceram na Europa quantos anos depois (...) Raymond Williams dizia que a maioria das tecnologias vendidas e difundidas como ‘interativa’ eram na verdade simplesmente ‘reativas’, pois diante delas o usuário não fazia senão escolher uma alternativa dentro de um leque de opções definido (verdade que continua sendo válida para a maioria dos videogames e aplicativos multimídia hoje consumidos em escala massiva). Conforme a citação acima, é fundamental entender a interatividade não apenas como uma provocação para a reação, mas como uma forma de construção e articulação para novos significados. A verdadeira interatividade, de acordo com o Machado (1997) é mais abrangente do que os simples conceitos de emissor e receptor. É aquela que estimula as respostas autônomas, conscientes e não previstas anteriormente. Thompson (1998) também busca enfatizar a questão dialógica nos meios tradicionais de comunicação, sugerindo três formas ou tipos de situações interativas criadas pelos meios de comunicação, conforme mostra o quadro a seguir. Situações interativas criadas pelos meios de comunicação Características interativas

Interação face a face

Interação mediada

Interação quase mediada

Espaço-tempo

Contexto de co-presença; sistema referencial espaço temporal

Separação dos contextos; disponibilidade estendida no tempo e no

Separação dos contextos; disponibilidade estendida no tempo e no

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Características interativas

Interação face a face

Interação mediada

Interação quase mediada

comum

espaço

espaço

Possibilidade de Multiplicidade deixas simbólicas de deixas simbólicas

Limitação das Limitação das possibilidades de possibilidades de deixas simbólicas deixas simbólicas

Orientação da atividade

Orientada para outros específicos

Orientada para outros específicos

Orientada para um número indefinido de receptores potenciais

Dialógica, monológica

Dialógica

Dialógica

Monológica

Fonte: Thompson (1998)

A análise do autor busca o potencial do meio de comunicação como o mediador de diálogos. Nesta linha de raciocínio, as tecnologias de comunicação potencializam o aspecto relacional do ser humano. No entanto, muitas vezes, as tecnologias continuam a ser mal apropriadas do ponto de vista interativo e ainda mais no sentido de potencializar o diálogo. Para que as tecnologias de informação e comunicação possam desenvolver competências aos sujeitos, por meio de um diálogo crítico, é necessário que a interatividade tenha como proposta a construção de uma ideia, valor ou significado e não apenas reações automáticas. Nem todas as apropriações das tecnologias de informação permitem a interatividade, podendo, muitas vezes, serem monológicos, ao seguir a conceituação de Thompson (1998). Nesta construção de ideias, as tecnologias de informação sugerem o aparecimento de uma linguagem, elaborada por meio dos paradigmas tecnológicos. Assim, podemos salientar a percepção do trabalho como mídia – um meio para a formatação de valores e crenças. Discutir as formas de apropriações das tecnologias de informação e comunicação no gerenciamento organizacional, se torna indispensável para o encontro de soluções positivas. Mas, por que o destaque da peque-

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na empresa neste livro? Vamos verificar a seguir.

O destaque da pequena empresa no sistema produtivo As micros e pequenas empresas são empreendimentos que formam um sistema produtivo e eficiente no mundo atual. Em países desenvolvidos, as pequenas empresas são, muitas vezes, o “carro chefe” da economia. Planejar e entender os processos de comunicação na ambiência de uma pequena empresa são ações necessárias para entender sua organização de produção. A empresa de pequeno porte contribui de forma significativa a longo prazo para o fortalecimento da economia nacional. Representa, inclusive, em alguns casos, a base da cadeia produtiva. Para a atuação no cenário mundial, os pequenos empreendimentos devem se adequar à realidade do mercado. No que diz respeito às estratégias administrativas, se destacam a implementação de soluções tecnológicas e a capacidade de sobrevivência na sociedade da informação. O processo de comunicação na pequena empresa é um segmento cada vez mais analisado pelos profissionais da comunicação organizacional, pois as estratégias devem ser direcionadas de acordo com suas características particulares. Os profissionais de comunicação devem entender a importância das micro e pequenas iniciativas, pois abre-se, neste ramo, um grande campo de trabalho e atuação. As multinacionais e as grandes empresas devem deixar de ser os únicos objetivos (desejos) profissionais de atuação dos relações públicas, por exemplo. Os pequenos negócios se transformaram em elementos fundamentais no referencial do grau de poder e riqueza das nações. As micro e pequenas empresas possuem um importante papel social e econômico, como fonte de criação, de geração de empregos e distribuição de riqueza. Em algumas regiões, com pequenos números de habitantes ou de menores extensões, o pequeno empreendimento representa a única atividade econômica e garante a geração de empregos e a circulação de moedas. Segundo o Sebrae (2012), um país ou uma região só podem ser considerados desenvolvidos quando os mais modernos conceitos de produtivi-

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dade e competitividade estão presentes em todos os níveis da cadeia produtiva. Este é um objetivo que pode ser atingido com o fortalecimento dos pequenos negócios. A empresa de pequeno porte, com melhores condições de trabalho, facilitadas por uma comunicação adequada, pode contribuir para a disseminação de novos processos tecnológicos, intensificando a eficiência e a modernização de seus instrumentos. Em relação aos processos administrativos, uma pequena empresa, geralmente, é composta por uma equipe limitada em termos de quantidade de pessoas e, muitas vezes, também em termos de qualidade. Como a empresa não tem condições de contratar especialistas para suprir todas necessidades, o próprio empresário torna-se polivalente, passando a atender problemas de produção, de compras, de marketing de vendas e de recursos humanos. Tendo em vista tal situação, o setor administrativo torna-se frágil na pequena empresa, pois é justamente este departamento o ponto de equilíbrio de qualquer grande organização, uma vez que lá as informações são processadas e, a partir delas, as decisões são tomadas. Por esta situação, muitas vezes, a falta de empreendedorismo e de percepção de uma administração voltada ao mercado e à comunicação, as pequenas empresas têm um curto período de vida. Quatro em dez empresas fecham antes de comemorar seu segundo aniversário. Pode-se citar, também, como problemas na pequena empresa a falta de capital de giro, a falta de experiência no ramo de atividade e a alta carga tributária que é cobrada dos micro e pequenos empresários, segundo o Sebrae (2012). Com todos esses problemas percebidos da pequena empresa, buscar o fortalecimento de sua marca, valor, filosofia, política e organização de trabalho são itens essenciais para garantir sua competitividade. Como já abordado anteriormente, a comunicação é a via das organizações independente do seu porte. A comunicação nas pequenas empresas está relacionada com o ambiente, com as questões políticas e econômicas, fazendo parte de toda a atividade empresarial. Tem como responsabilidade estabelecer relações e adequar as linguagens utilizadas para o entendimento de seus públicos. A informação é essencial, a informação é vital para a vida das organizações; sem informação, uma empresa não sobrevive. As soluções de tecnologias de informação podem suprir algumas ne-

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cessidades operacionais pela disseminação da informação nas pequenas empresas e pela promoção do diálogo, permitindo tomadas de decisões eficientes. Porém, é fundamental uma tecnologia adequada, planejada e implantada de modo estratégico e funcional. Também através do Sebrae (2012) verificamos dados sobre as vantagens que a tecnologia de informação e comunicação trouxeram para a pequena empresa, sendo fortemente citados pelos entrevistados: a otimização do tempo; a racionalização das tarefas; a melhoria do nível das informações; a agilidade na tomada de decisões; a redução de custos; a melhoria da comunicação. Percebemos que no cenário da informatização nas pequenas empresas, no Brasil, houve uma crescente incorporação das tecnologias de informação. Supomos, também, que há um segmento enfrentando problemas de adaptações que precisam ser gerenciados, já que as tecnologias de informação e sua implantação geram grandes mudanças e novas demandas dentro do sistema organizacional. Para a efetiva gestão da tecnologia da informação é fundamental que seja feita uma análise dos custos, dos benefícios mensuráveis e não mensuráveis, dos resultados esperados, da realidade econômica, financeira e político-social da empresa, além das questões sociopolíticas do ambiente organizacional que podem ocorrer decorrentes do impacto das tecnologias implantadas. A avaliação de todos esses aspectos deve ter como foco principal a adequação das tecnologias de informação à necessidade da empresa.

Comunicação organizacional e integração tecnológica

E

ste capítulo tem como objetivo dissertar sobre o campo da comunicação, a comunicação organizacional e suas mediações de conhecimento por meio das tecnologias de comunicação e informação.

O campo da comunicação e as concepções de mundo Para iniciar este item, faz-se necessário definir a abordagem utilizada para o significado de comunicação. Segundo Braga e Calazans (2001, p. 15), existe uma possibilidade de levantar que o objeto da comunicação é “toda e qualquer conversação do espaço social. Ou melhor: o que há de propriamente ‘conversacional’ e de troca nas diversas instâncias e situações da vida social”. De acordo com o mesmo autor ainda, citando Rüdiger (1998, p. 16): O termo 'conversação' tem a vantagem de não se confundir com qualquer outro tipo de interação social. A expressão 'conversar' chama a atenção imediatamente para o aspecto da troca comunicacional (ainda que o objeto de uma 'conversa' possa ser de diversas naturezas – econômicas, políticas, militar, científica, ou sensual). Os modos e objetivos específicos são deixados em segundo plano, e a palavra enfatiza a troca e o fato de que essa troca é uma comunicação. Poderíamos assim dizer que o objetivo e o objeto do campo de estudos da comunicação, de modo quase tautológico, é de observar como a sociedade conversa com a sociedade. Comunicação como um processo de transferir e receber informações, isto é dados a serem interpretados para análises de contextos e tomadas de decisão. Na bibliografia estudada de Bordenave (1986, p. 16), percebe-se a comunicação como “o processo pelo qual informação, decisões e diretivas circulam em um sistema social e as formas em que o conhecimento, as opiniões e as atitudes são formadas ou modificadas”. Esta afirmação pode ser complementada com a seguinte citação do autor: A comunicação não é, como antes se acreditava, um processo linear e mecânico de codificação, transmissão e decodificação. O enorme

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potencial conotativo dos signos, da mensagem, e, sobretudo, o intenso dinamismo da vida mental das pessoas, fazem que a comunicação seja um processo de muitas facetas, com um amplo leque de efeitos possíveis. O campo da comunicação refere-se às concepções de mundo, às observações da realidade e da formação de sujeitos capazes de perceber os contextos sociais que estão inseridos. Não se pode determinar que comunicação seja apenas a transmissão de informação e sim o resultado que a codificação destas mensagens trazem ao receptor. Segundo Takeda (2001, p. 23), “o fenômeno da comunicação é uma emergência de ambientes complexos e não depende somente de transmissão de informações. Em consequência, a integração do homem nas organizações, via tecnologia, presume também um processo de aceitação da multidimensionalidade do homem nas organizações. Neste contexto da multidimensionalidade, assim como em outras organizações produtivas, o aspecto da qualificação assume o caráter do conhecimento tácito, desenvolvido intersubjetivamente”. A comunicação é um processo de participação de experiência, um processo de comunhão de conhecimentos, ideias que modificam a disposição mental dos conceitos. Salientamos, portanto, a necessidade de perceber e transformar as tecnologias de informação e comunicação não apenas como meros transmissores de dados, mas como uma linguagem capaz de levar ao trabalhador a oportunidade de conhecimento, de diálogo e de uma participação mais crítica frente seu contexto social. Todo o processo de comunicação funciona como um sistema aberto. Portanto, há a ocorrência de ruídos, perturbações indesejáveis que tendem a deturpar, distorcer ou alterar de maneira imprevisível a mensagem transmitida. O processo do sujeito de receber e utilizar as informações é o mesmo processo de ajustamento à realidade e o que lhe permite perceber o ambiente em que vive. Cada sujeito tem seu próprio sistema cognitivo, suas percepções, seus valores pessoais e suas motivações, constituindo um padrão pessoal de referência que age como um filtro nas mensagens recebidas. Esse filtro faz com que a pessoa aceite e codifique as informações de acordo com suas articulações sociais. Como cada indivíduo tem seu sistema de significação

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próprio - isto é, cada pessoa percebe o contexto em que vive de acordo com “as lentes” que produz - a transmissão de informação e as suas significações podem ser diferenciadas. Com a argumentação acima em destaque podemos abordar, novamente, uma outra discussão no campo da ciência da comunicação, a chamada racionalidade comunicativa de Habermas (1989). Essa teoria enfoca justamente esse distanciamento da percepção individual para uma percepção coletiva livre de coerções. A racionalidade comunicativa corresponde à capacidade de fazer acordos sem coação, gerando consenso através da fala argumentativa, na qual diversos sujeitos superam a subjetividade inicial de seus respectivos pontos de vista em favor de uma comunidade (Habermas, 1989). Quanto maior for o grau de racionalidade comunicativa, maior será a possibilidade de coordenar ações sem recorrer a coerções e de solucionar consensualmente os conflitos. Racionalidade é, por meio da teoria habermasiana, a capacidade de linguagem dos sujeitos, enquanto capacidade de argumentação, de troca e de diálogo, e não, como costuma imaginar o senso comum, enquanto mera capacidade de utilização de um instrumento de transmissão de informação (Gutierrez, 1999). Entendemos então que a linguagem e a comunicação não são meros instrumentos para transmissão de informação, mas possibilitadores de troca, diálogo e construção de consenso, contribuindo para a ampliação das dimensões do conhecimento, da capacidade perceptiva dos homens. Quem comunica está influenciando - modificando atitudes e comportamentos - criando hábitos novos - e, consequentemente, ensinando alguma coisa, ao manipular o mecanismo de aprendizagem (Fialho, 2002).

Comunicação organizacional, sociabilidade e tecnologia Define-se comunicação organizacional como um conjunto de todas as situações de comunicação interpessoal, direta ou indireta, no interior de uma organização, o que se denomina de comunicação intra organizacional. Inclui-se neste agrupamento, também, todas as situações de comunicação entre duas ou mais organizações – a chamada, comunicação interorganizacional. Dentro desta conceituação, a comunicação organizacional

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torna-se presente em todos os momentos de integração e trocas de informações e mensagens pelos membros de uma organização. A maneira como se dá a distribuição da comunicação organizacional demonstra o sistema de interação e como se dão as relações interpessoais dentro da empresa. Neste momento de transformação, os processos comunicacionais estão em evidência, pois têm papel essencial nas movimentações de informações e conhecimento. Ainda mais pelo aumento expressivo das atividades em equipe, dentre outros motivos como forma de suprir a limitação individual. Para que a mensagem e os processos de transmissão de informações, com conteúdos significativos, sejam recebidos, precisam ser compreendidos, isolando, na maior porcentagem, os ruídos existentes. O desafio na comunicação organizacional e de seus profissionais é planejar e executar uma correta e adequada comunicação com seus públicos. A meta é buscar a cooperação dos trabalhadores, por meio de uma estrutura empresarial democrática com liberdade de informação, do incentivo à criatividade e do livre curso das ideias e das opiniões, criando e desenvolvendo. A comunicação é a responsável pela disseminação das informações e conhecimentos através de mensagens e dos significados comuns produzidos. Assim, a formação de uma linguagem comum pode ser considerada um dos fatores facilitadores da disseminação de informações e conhecimento. Porém, na maioria das vezes, a falta de integração entre os grupos distintos na organização, mas que precisam se comunicar, evidencia a maior dificuldade do processo. É essencial que os sujeitos da organização se integrem, diminuindo os ruídos da comunicação. As tecnologias de informação e comunicação têm representado um papel cada vez mais importante nas organizações como soluções viáveis. O intuito é determinar a integração entre as atividades e como consequência propiciar uma vantagem competitiva sustentável às organizações.. A gestão do conhecimento, por exemplo, aumenta uma área significativa para a comunicação: a necessidade de compartilhar as informações que gera, necessariamente, uma intensificação nos processos comunicacionais e seus instrumentos, aqui, representados neste estudo, por meio das tecnologias de informação.

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Stano e Leite (2001, p. 20) destacam que “o objeto de conhecimento, na realidade, faz o seu desvelamento na teia de relações sociais, através de símbolos e signos, sendo a palavra seu signo principal”. As tecnologias de informação entram como ferramentas altamente capacitadas para a realização desta mediação. Buscando compreender a interligação entre informação, conhecimento e comunicação, pode-se perceber a informação como um instrumento modificador da consciência do homem e de seu grupo social, com a competência de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo ou na sociedade. O processo de interação entre os indivíduos e uma determinada estrutura de informação vem gerar uma modificação em seu estado cognitivo, produzindo conhecimento. Esta relação só acontece se a informação é percebida e aceita como tal.

Comunicação como mediadora de conhecimento nas organizações Novas concepções de práticas e processos da comunicação social e de todos os sistemas educacionais estão surgindo com as emergentes demandas, seja em decorrência de processos tecnológicos de acelerada invenção, seja em função de modificações políticas, sociais e econômicas. Os dois sistemas estão apresentando a necessidade de um processo de “reconstrução permanente”, como afirma Braga e Calazans (2001, p. 11). E a construção dos processos ocorre a partir de sujeitos que utilizam a linguagem como instrumento para a discussão e para a criação de novos parâmetros e significações sociais. Para Habermas, o conhecimento é compreendido como uma realização intersubjetiva e como um fenômeno social, o conhecimento é centrado, então, na intersubjetividade. O conhecimento não é apenas transmitido, mas é o resultado de um processo de construção, que assume seu caráter provisório, conforme demonstra o fragmento a seguir: soube que, apesar de tudo, continuaríamos vivendo na ansiedade da regressão e teríamos de carregar essa ansiedade. Desde então tenho buscado, ora aqui, ora ali, vestígios de uma razão que uma sem apagar a separação, que ligue sem negar as diferenças, que indique o

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comum e o compartilhado entre estranhos, sem privar o outro da condição do outro (Habermas citado por Anderson, 2001, p. 10). Como afirma a citação acima, “que indique o comum e o compartilhado entre estranhos, sem privar o outro da condição do outro”, isto é, que possibilite a troca de visões na busca de um consenso, sem que as leituras e as percepções sejam padronizadas. A busca pelo consenso e por soluções comuns. As novas práticas e processos da comunicação social atingem diretamente os sistemas educacionais propostos pela sociedade. A cada invenção tecnológica, a sociedade atribui aos processos comunicacionais, desenvolvidos em torno da invenção, uma expectativa educacional (Braga e Calazans, 2001). Segundo estes autores, não faz sentido cotejar “vantagens e desvantagens” de um meio com relação a outro. A sociedade gera, desenvolve e usa um conjunto de meios diversificados para uma multiplicidade de necessidade e propostas variadas. Os meios então compõem, em articulação, uma processualidade complexa e de mútua complementação (Stacheski, 2008). A experiência profissional e de vida do ser humano é formada pelo conhecimento explícito e conhecimento tácito. Estes recursos que precisam ser gerenciados com eficiência podem representar um instrumento efetivo no aumento de produtividade, otimizando o potencial dos recursos humanos. O trabalho oferece ao homem ferramentas para receber, reciclar, processar e estornar o conhecimento no contexto corporativo da empresa. Para Nonaka e Takeuchi (1997) o conhecimento tácito é definido como altamente pessoal e de difícil formalização, criando dificuldades na sua transmissão. É baseado em ações, experiências, valores e emoções dos indivíduos, armazenando, comparando e transmitido pelas características mais formais. Já o conhecimento explícito é passível de transmissão através da linguagem formal e sistemática, nos baseando em documentos, normas e procedimentos. A construção do conhecimento nas organizações ocorre pela interação do conhecimento tácito e explícito. Para que o conhecimento tácito torne-se informações passíveis de serem transmitidas há quatro modos de conversão das mensagens: socialização, externalização, combinação e in-

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ternalização. Ainda conforme os autores, a socialização ocorre pelo compartilhamento de experiências revendo ou gerando novos modelos mentais e criando o conhecimento tácito. A externalização lança mão de metáforas, analogias e modelos para tornar o conhecimento explícito. Quando a combinação classifica, categoriza e organiza documentos na organização, gera novos conhecimentos explícitos. O processo de internalização ocorre naturalmente como decorrência das fases anteriores pela alteração dos modelos mentais do sujeito (Nonaka e Takeuchi, 1997). O conhecimento é uma derivação da informação manipulada a partir de dados. A geração do conhecimento ocorre quando as informações são comparadas, combinadas e analisadas por pessoas, principalmente quando utilizadas em processos decisórios. O conhecimento é sempre entendido como algo pessoal, pertencente aos sujeitos que compõe a organização. Justamente, neste contexto, percebemos a necessidade de se capturar, mapear e distribuir este conhecimento a todos e em todos os níveis da empresa para que efetivamente o conhecimento se torne uma vantagem competitiva e possibilite o crescimento e a perenidade das organizações. As tecnologias de comunicação e informação tornam possível essa premissa. Salientamos que agregar este conhecimento à empresa não depende apenas do acúmulo de informações em algum banco de dados, mas das associações que podem ser realizados entre as fontes geradoras de conhecimento: a mente do trabalhador, as competências criativas, as soluções inovadoras. O objetivo é gerenciar como o conhecimento gerado pelos sujeitos pode ser usado na empresa, através de ferramentas que ajudem as pessoas a expressar, compartilhar e trocar suas ideias. Retornamos, neste momento, à percepção de trabalho como mídia, como meio e como mensagem. Capacidade de concepções e significações sendo fortalecidas. Assim, com a criação de instrumentos para coleta, sistematização e utilização de informações nas organizações é fundamental pressupor a emergência de conexões entre os sistemas que apoiam estas ferramentas de disseminação do conhecimento. O uso progressivo das tecnologias de informação, o aumento de suas diferentes apropriações e o barateamento de recursos de processamento e

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armazenagem, tem contribuído muito para impulsionar o processo de formação das organizações de aprendizagem. Observamos uma sociedade moderna ampliando e diversificando suas possibilidades de interação mediatizada por meio de procedimentos tecnológicos que vão compondo, ao lado do livro e do jornal (os dois principais processos mediáticos anteriores), um conjunto crescentemente complexo (Braga e Calazans, 2001). Cada componente desse conjunto viabiliza uma determinada variedade de produtos e processos (informação, trocas de mensagens, entretenimento, conhecimentos, criações estéticas) utilizando diferentes substâncias expressivas (som, imagem fixa, imagem em movimento, expressão verbal escrita, expressão oral, formas, cores...). É o conjunto, em sua parcial diversidade e parcial redundância interna, que tem conseguido atender à variedade (crescente) de interações a que a sociedade se dedica, conforme Braga e Calazans (2001). Também segundo os autores, as tecnologias de informação não derivam apenas dos oferecimentos imediatos que nos fazem (imagem, som, registro, reprodutibilidade técnica, aceleração, simulação, virtualização), mas, também, de suas características modificadoras das objetivações possíveis na comunicação: inclusividade e penetrabilidade. E, a partir destas ações modificadoras, as mudanças de percepção, que levam a outras experiências (e tentativas tipo ensaio-erro) de construção do social por parte dos produtores e usuários (Braga e Calazans, 2001). As tecnologias de informação e comunicação têm causado importantes mudanças nos sistemas organizacionais e em suas regras. Antigamente, a informação só podia figurar em um local de cada vez. Hoje, através das tecnologias de informação, com os bancos de dados compartilhados, esta regra muda, uma vez que a informação pode figurar simultaneamente em tantos locais quanto necessários. As empresas precisavam optar entre a centralização e a descentralização; hoje, com as redes de comunicação, as empresas podem, simultaneamente, auferir os benefícios da centralização e da descentralização. Todas as decisões eram tomadas pelos gerentes; hoje, algumas ferramentas de apoio à decisão permitem que a tomada de decisões faça parte das tarefas de todos. O pessoal de campo precisava de escritórios onde pudessem receber, armazenar, consultar e transmitir informações. Hoje, com os computadores portáteis e a comunicação de da-

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dos sem fio, o pessoal de campo pode transmitir e receber informações onde quer que esteja. Os planos eram revistos periodicamente; hoje, com a computação de alto desempenho, os planos são revisados instantaneamente. Com todas estas novas possibilidades e mudanças administrativas ocorridas pelo surgimento de uma revolução informacional, é importante expor mudanças administrativas da organização de trabalho, conteúdo abordado no capítulo seguinte.

Comunicação e a evolução das organizações de trabalho

C

omo perceber a interligação entre o trabalho e a ciência da comunicação? Ao analisar os conceitos propostos, as formas de produção e as organizações de procedimentos administrativos, evidenciamos que os processos do trabalho são formados, principalmente, pela significação e troca de informações pelos meios de comunicação. As diversas relações que acontecem em uma organização corporativa desenvolvem uma visão de mundo pelos sujeitos através de sentidos, de significações e de representações. É a via da comunicação. O advento das tecnologias de informação e comunicação tem transformado a relação com o trabalho e seus meios produtivos, conforme já argumentado anteriormente. Novas técnicas de gestão administrativa têm sido reorganizadas. E a comunicação deve compreender o que está se modificando nas formas de produção. Nos próximos itens abordamos conceitos e desenvolvimento das organizações de trabalho para que os parâmetros utilizados no estudo sejam compreendidos. Os processos de gestão administrativa se estabelecem numa forma evolutiva de ação. A gestão do conhecimento, um dos tópicos deste estudo, não representa uma verdadeira revolução no pensamento organizacional, mas uma estratégia que surgiu sutilmente, de maneira real e contínua. Esta mudança pode ser acompanhada abaixo, com o decorrer dos processos de gestão e organização do trabalho.

Concepções de trabalho e organização Segundo estudo de Kanaane (1995), a palavra trabalho vem do latim tardio tripalium, um instrumento formado por três estacas que serviam para imobilizar o cavalo enquanto ele recebia as ferraduras. No latim clássico, a principal palavra que designa trabalho era labor. Labor, antes de mais nada, significava apenas a fadiga que advém do trabalho. Com o tempo, a parte passou a representar o todo. Em sentido figurado, era usado para doença, desgraça e dor. Em grego, a palavra mais próxima de trabalho era pónos. O significado: pena, sofrimento, fadiga. Em japonês, arubaito se referia apenas a tra-

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balho temporário. Mais tarde, os dekasseguis, designação de trabalho para estrangeiros, associaram a palavra a três “k”: kitsui (penoso), kitanai (sujo) e kiken (perigoso). Em alemão, o vocábulo é arbeit, que tem relação com um antigo verbo germânico que designava as pesadas atividades físicas que as crianças órfãs tinham de fazer para sobreviver. A partir de Martinho Lutero, o trabalho deixou de ter conotação pejorativa e passou a significar uma atividade útil e positiva. O trabalho sempre ocupou lugar central na vida de diferentes comunidades, onde gradativamente foi sendo limitado pelas condições socialmente estabelecidas. O trabalho pode ser visto como todas as ocupações que os seres humanos executam em sua existência, e não somente aquelas com fins econômicos. A relação que se pode estabelecer entre trabalho e existência centraliza-se na constante necessidade de analisar os múltiplos significados atribuídos pelo homem ao espaço social ocupado em determinado contexto. “O trabalho pode ser considerado o processo entre a natureza e o homem através do qual este realiza, regula e controla, mediante sua própria ação, o intercâmbio de matérias com a natureza” (Kanaane, 1995, p. 14). Outras definições podem ser inclusas, segundo Jean Paul Sartre: “por meio do trabalho dominamos o meio. Há dispêndio de energia, ação sobre a natureza, produção, destruição e, portanto, trabalho”. E também, “o trabalho humano consiste em criar utilidade e, enquanto o trabalho não está feito, não há nada, nada daquilo que se queira obter” de Bergson, citado por Kanaane (1995). O trabalho é uma ação humanizada exercida num contexto social que sofre influências vindas de várias fontes, o que resulta numa ação recíproca (dialógica) entre o trabalhador e os meios de produção. A constante interação entre os meios de produção, o trabalhador e a organização social do trabalho determina o grau de flexibilidade percebido nas relações de produção. Através do trabalho, o homem pode modificar seu meio e a si mesmo, à medida que possa exercer sua capacidade criativa e atuar como participante do processo de organização das relações de trabalho e da comunidade - na qual está inserido. O trabalho pode ser considerado como um estabilizador da vida humana. A interdependência entre o homem e seu trabalho é intermediada por meios administrativos, tecnológicos, sociais, políticos, ideológicos, comportamentais etc., que interferem continuamente na dinâmica esta-

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belecida em tal relação. Para administrar o processo de trabalho foram criadas as associações de sujeitos, que trabalham e buscam um objetivo comum. São as organizações. Define-se as organizações como agrupamentos de indivíduos que através de um trabalho definido e planejado busca um objetivo comum. A organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, e somente existe quando: “há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostas a contribuir com uma ação conjunta, a fim de alcançarem um objetivo comum” (Chiavenato, 1997, p. 23). As organizações permitem satisfazer diferentes tipos de necessidade dos sujeitos: emocionais, espirituais, intelectuais, econômicas etc. As organizações existem para cumprir objetivos que os sujeitos isoladamente não podem alcançar com suas limitações individuais. As organizações são formadas por pessoas para sobreporem suas limitações individuais. Com as organizações, a limitação final para alcançar muitos objetivos humanos não é mais a capacidade intelectual ou de força, mas a habilidade de trabalhar eficazmente com outros. Dentro deste grupo de sujeitos há um conjunto de elementos, entre eles: as relações de poder e autoridade, os processos de comunicação, o sistema de liderança, o clima, a cultura, a estrutura organizacional, os procedimentos administrativos etc. A organização é também caracterizada pelo conjunto de papéis sociais inter-relacionados, a partir dos processos de comunicação. É fundamental perceber que o equilíbrio organizacional depende do equilíbrio dos indivíduos e das relações estabelecidas entre os dois. A dinâmica das relações interpessoais processa-se a partir do desempenho de papéis profissionais e pessoais que mantêm relações com o sistema sociocultural que a organização faz parte. Tanto os papéis profissionais como pessoais são formados a partir das interações sociais presentes no ambiente de trabalho, considerando os níveis hierárquicos e os sistemas de comunicação existentes. O conjunto de valores, normas e padrões sociais determina o ambiente organizacional, delimitando o que se conceitua por cultura organizacional. Esta, por sua vez, se constitui gradativamente a partir dos valores que vão sendo cultuados por seus sujeitos, muitas vezes pertencentes a microculturas diferentes. As interações sociais, expectativas e necessidades refletem os anseios dos trabalhadores assinalando o clima organizacional existente nos vários períodos de vida das organizações. Assim, clima e cultura organizacionais

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passam a ser os elementos de conservas culturais inseridas na formação das organizações. Para que ocorra efetivo desenvolvimento organizacional é necessário ir além do aprimoramento estritamente técnico, devemos buscar gestões administrativas e processos comunicacionais para o desenvolvimento da competência pessoal e interpessoal, facilitando o dinamismo organizacional em relação a sua estrutura, ao seu funcionamento e ao seu relacionamento externo à organização. A figura dos processos de comunicação, de seus contextos e de suas estratégias dentro das organizações passa a ser o agenciador dessas mudanças. As organizações não podem existir nem operar sem comunicação; esta é a rede que integra e coordena todas as suas partes.

Desenvolvimento histórico das organizações e relações de trabalho Com uma rápida análise, descrevemos neste subitem a evolução das relações e formas administrativas do trabalho e das organizações desde o início da humanidade. No período pré-histórico, a necessidade de sobrevivência imperava. No Oriente Médio, em tempos da antiguidade clássica, a especialização exigida dentro do contexto histórico se referia a qualidade de vida espiritual. No entanto, na Europa, ainda nesta época, já a existência do tripallium2 (escravos, prisioneiros de guerra), e da corveia3 (935 aC) que caracterizavam as relações de trabalho. A grande ênfase deste tipo de relação era na qualidade de cativos. A idade média destacou-se pela presença dos guildas4 (mestres, oficiais, aprendizes) em suas pequenas oficinas e a qualidade era voltada ao produto. Na idade moderna inicia-se uma série de acontecimentos decisivos para as relações de trabalho. Já no século XVI, o calvinismo5 surge juntamente com o capitalismo, dando ênfase na dignificação do trabalho humano. A revolução industrial explode no século XIX e com ela uma revolução nos meios de pro2 Instrumento de tortura e também uma peça triangular de madeira que era colocado no pescoço do gado para evitar sua dispersão. 3 Do francês corveé. Trabalho obrigatório, periódico e não remunerado devido a uma autoridade feudal 4 Do neerlandês gilde, que era uma associação medieval de operários artesões, depois, corporações de ofícios. 5 Deriva de João Calvino (1509-1564), reformador religioso franco-suíço, para quem, entre outras coisas, a dedicação ao trabalho era um meio de se habilitar ao paraíso, após a morte.

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dução e na administração. Surgem fábricas, divisão e simplificação do trabalho, operários, novas características e novas formas de relações trabalhistas. Neste momento histórico a maior preocupação era com a quantidade de produção. Após a revolução industrial surge o taylorismo, vindo do nome de Frederick Taylor. O taylorismo estabeleceu e compôs técnicas para uma administração, voltada para a produção individual, com base para um maior e melhor desempenho global da indústria. Empiricamente, pesquisou métodos e deduziu formas mais eficientes para o desempenho das máquinas e dos trabalhadores. Com os princípios de Taylor, ou seja, a divisão do trabalho em tarefas simples e previamente definidas, a utilização da mão de obra não especializada passou a ser amplamente possível e viável. Assim, a indústria assumiu o controle do processo produtivo e pôde aumentar substancialmente sua produtividade e produção, utilizando-se da mão de obra do trabalhador não especializado. O período chamado de “relações humanas” (1933) foi historicamente a primeira tentativa de democratização dos conceitos administrativos de mão de obra. Foi um movimento tipicamente norte-americano e consequência dos resultados da experiência de Hawthorne, coordenada por Elton Mayo, quanto mais integrado socialmente num grupo de trabalho, tanto maior será a disposição do trabalhador em produzir, pois as recompensas psicossociais influenciam decisivamente as suas motivações e o seu bem estar. A ênfase nesta fase administrativa era na qualidade nas relações sociais. Em 1941, surge o que os historiadores chamam do movimento de Burocracia6 que decorreu a partir das necessidades que as organizações sentiram da ordem, da exatidão e do tratamento imparcial das reivindicações das partes envolvidas. A administração burocrática é impessoal e é realizada sem a consideração dos fatores emocionais dos seres humanos. Segundo Max Weber, trata-se de uma abordagem eminentemente racional da organização da produção de bens ou serviços. A ênfase administrativa colocada pela burocracia é a qualidade na conformidade às normas organizacionais. Em 1945, uma teoria comportamentista começa a se despontar, é o behaviorismo que apresen6 O termo provém do francês e grego. Bureau em francês é mesa para escrever ou fazer pagamentos, derivado do latim burra, denominação de uma espécie de pano com o qual eram revestidas as mesas destinadas ao fim colimado, e kratos do grego, que equivale a “força”, “governo”, “país” etc.

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tou uma série de novas proposições no campo das motivações humanas (McGregor, Maslow, Herzberg, McClelland, Likert, Simon etc.). Resumidamente, a teoria behaviorista propunha que os indivíduos estão dispostos a cooperar, pois todas as suas atividades dentro das organizações contribuem diretamente para os seus próprios objetivos pessoais, dando ênfase na qualidade e no valor do comportamento organizacional. No início de 1950, Toyota e Ohno iniciaram a “produção flexível” em vez da produção em série, bem como um novo modelo da administração da mão de obra, iniciando a fase administrativa do toyotismo. Posteriormente, essa teoria acabou se tornando a fórmula japonesa: emprego vitalício, promoções por critério de antiguidade, participação nos lucros etc. Já em 1974, é a vez da empresa Volvo, em suas fábricas de Kalmar, e depois em Torslanda (1980-1981) e Uddevalle (1989), na Suécia, a adotar um processo produtivo diversificado e de qualidade com a democratização da vida no trabalho; os operários foram transformados em “construtores de veículos”. O chamado volvismo, que dava ênfase na qualidade do produto e na qualidade de vida do trabalhador. A automação do trabalho industrial e a exigência de trabalhadores com habilidades psicomentais mais complexas, capacidade de raciocínio lógico e facilidade de assimilação rápida de conhecimentos fez surgir a teoria administrativa sobre a robotização do trabalho humano, a ênfase neste processo está na qualidade e quantidade da produção. A revolta a este movimento surge com a humanização do trabalho propondo que a qualidade de vida no trabalho é essencial, pois preserva o equilíbrio emocional do indivíduo pela equitatividade (e dignidade) de seus papéis socioeconômicos. A ênfase da humanização está na qualidade de vida no trabalho (profissional, familiar e pessoal). Segundo Chiavenato (1997) no decorrer do século XX as organizações passaram por três fases distintas, representadas graficamente desta maneira:

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As três etapas das organizações no decorrer do século XX Industrialização clássica

Industrialização neoclássica

Era da informação

1900-1950

1950-1990

Após 1990

Estrutura Funcional, organizacional burocrática, predominante piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos

Matricial enfatizando departamentalização por produtos e serviços ou unidades estratégicas

Fluida e flexível, totalmente descentralizada, redes de equipes multifuncionais

Cultura Teoria X. Foco organizacional no passado, nas tradições e nos valores. Ênfase na manutenção do status quo. Valor à experiência anterior

Transição. Foco no presente no atual. Ênfase na adaptação ao ambiente

Teoria Y. Foco no futuro destino. Ênfase na mudança e na inovação. Valor ao conhecimento e à criatividade

Período

Ambiente Estático, Intensificação das organizacional previsível, poucas mudanças e com e gradativas maior velocidade mudanças. Poucos desafios ambientais

Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças

Modo de lidar Pessoas como com as pessoas fatores de produção inertes e estáticos, sujeitos a regras e regulamentos rígidos para serem controlados

Pessoas como seres humanos proativos, dotados de inteligência e habilidades e que devem ser impulsionados

Pessoas como recursos organizacionais que precisam ser administrados

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Período

Industrialização clássica

Industrialização neoclássica

Era da informação

1900-1950

1950-1990

Após 1990

Denominação Relações industriais

Administração de Gestão de pessoas recursos humanos e conhecimentos

Fonte: Chiavenato (1997, p. 29) Sob a ótica do autor, afirmamos que a atual gestão administrativa é caracterizada, principalmente, pelas mudanças – que se tornaram rápidas, imprevisíveis e inesperadas. As tecnologias de informação provocaram o surgimento de uma economia globalizada e a competitividade tornou-se mais intensa entre as organizações. Com todas essas mudanças, a estrutura organizacional utilizada pelos administradores, tornou-se insuficiente para dotar as organizações de agilidade, mobilidade, inovação e mudanças necessárias para suportar as ameaças e oportunidades dentro de um sistema de intensa transição. Para dar suporte a uma nova concepção de gerenciamento administrativo que tenha como base dois pilares fundamentais: o processo de informação e comunicação e a geração de um conhecimento, vários instrumentos para coleta, sistematização e utilização das informações nas organizações foram criados por meio das tecnologias. Na tabela abaixo, verificamos as mudanças de conceitos em sistemas de informação desde a década de 1950. Mudanças de conceitos em sistemas de informação Período

Conceito de informação

Sistema de informação

Décadas 1950-1960

Mal necessário; Electronic requisito accounting burocrático; machine (EAM) monstro de papel

Processamento de papéis e velocidade de contabilização

Décadas

Suporte de

Velocidade na

Management

Propósito

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Período

Conceito de informação

Sistema de informação

Propósito

1960-1970

propósito geral

information systems (MIS)

geração de relatórios gerais

Décadas 1970-1980

Controle gerencial customizado

Decision support system (DSS); executive support system (ESS)

Incrementar e customizar a tomada de decisão

1985-2000

Recurso estratégico; vantagem competitiva; sustentação de negócios

Strategic system

Promover a sobrevivência e prosperidade de uma organização

Fonte: Laudon e Laudon (1998, p. 50) Com o fator da globalização, o cenário das sociedades vem sofrendo transformações nos contextos político, econômico e social. Uma nova abordagem nos processos das organizações fez-se necessário para manter a competitividade e a sobrevivência das empresas. Segundo Fiantes (2001, p. 1), “o momento presente é um ponto de inflexão entre a era da certeza e do raciocínio lógico e uma nova era caracterizada pela imprecisão, pelo futuro desconhecido e pelo número infinito de possibilidades objetivas”. O novo dentro das organizações de trabalho se caracteriza pela: diversidade, convivência com o aleatório, com mudanças constantes e com conflitos, lidando com tudo isso e mobilizando potenciais criadores e transformadores. “Este passa a ser o novo papel das organizações: mobilizar potenciais criadores e transformadores para sobreviverem a esta complexidade e imprevisibilidade” (Fiantes, 2001, p. 2). Para que haja esta possibilidade, a aprendizagem organizacional, por meio dos processos de comunicação, tornou-se a base da gestão administrativa baseada no conhecimento.

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A aprendizagem organizacional gerada pela comunicação A busca de um novo modelo de trabalho traz, simultaneamente, mudanças profundas na organização, em seus valores, seus princípios e sua cultura. Uma mudança cultural que desenvolva um processo de avaliação, modificação e transformação dos valores, crenças e modelos mentais compartilhados pelos indivíduos que trabalham na organização. E, diante disso, surgem as organizações de aprendizagem. A expressão “organizações de aprendizagem” introduzida por Senge (2000, p. 40), no início da década de 1990, tem como significado salientar que as pessoas, dentro do sistema organizacional, podem aprender a criar os resultados desejados, usar elevados padrões de raciocínios e, acima de tudo, aprender continuamente a aprender em grupo. O modelo ideal para as organizações atuais é mais aberto, necessita interagir com o ambiente. Que não se adapte apenas, mas também influencie suas mudanças de forma a potencializar seus pontos fortes - as pessoas. Assim, “é importante que a empresa desenvolva uma postura voltada para o aprendizado, onde o foco deve estar em aquisição, armazenagem, processamento, e principalmente na disseminação e uso da informação e do conhecimento” (Fiantes, 2001, p. 2). Para desenvolver organizações de aprendizagem, Senge (2000) propôs cinco disciplinas - para designar um conjunto de teorias e técnicas que devem ser estudadas e dominadas para serem postas em prática, que são: o domínio pessoal, os modelos mentais, os objetivos comuns (visão compartilhada), aprendizado em grupo e o raciocínio sistêmico. As disciplinas têm ligação direta com os processos comunicacionais que a empresa terá que implantar em sua organização de trabalho. O domínio pessoal se caracteriza por ser a base espiritual da organização de aprendizagem. Através desta disciplina o trabalhador aprende a esclarecer e a aprofundar continuamente o seu objetivo pessoal, a concentrar energias, a desenvolver paciência. Isto é, as organizações devem incentivar a contínua busca pelo aperfeiçoamento pessoal, vencendo a acomodação que aparece em pessoas e instituições estáveis, favorecendo o aparecimento, ou o reforço, do comprometimento do trabalhador com a organização.

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Os modelos mentais são ideias profundamente arraigadas, generalizações ou mesmo imagens que influenciam o modo do trabalhador encarar o mundo e suas atitudes. Por serem ligados às suas crenças e valores, são difíceis, portanto, de serem trabalhados. As organizações que aprendem devem buscar trazer à luz estes modelos, proporcionando discussões de mudanças que se fizerem necessárias e criando modelos mentais compartilhados pela organização. O objetivo comum (visão compartilhada) significa construir uma visão de futuro – metas, valores, missão – que crie efetivamente na organização compromisso e envolvimento verdadeiros. A visão não pode ser apenas aquela escrita em algum manual, deve, realmente, motivar as pessoas. Organizações que pretendem construir objetivos comuns devem encorajar seus trabalhadores a desenvolver seus objetivos pessoais. O comprometimento traz uma energia, paixão e empolgação que não podem ser gerados se a pessoa for apenas obediente mesmo que genuinamente obediente. O comprometimento não age de acordo com as 'regras do jogo'. Ele é o responsável pelo jogo. Se as 'regras do jogo' forem um estorvo para se atingir o objetivo, ele encontrará um meio de mudá-las. Um grupo de pessoas realmente comprometido com um objetivo comum é uma força terrível, capaz de fazer o que parece impossível (Moura, 1995). O aprendizado em grupo, proposto por Senge, tem como objetivo principal estimular a capacidade para o diálogo: “para os gregos dialogo denotava o livre fluxo de significado em grupo, permitindo novas ideias e percepções que os indivíduos não conseguiriam ter sozinhos” (Senge, 2000, p. 44). Dialogar pressupõe deixar de lado a rigidez de alguns modelos mentais, destruindo a ideia de discutir e elevando a ideia de construir. Também no diálogo, as pessoas começam a notar a natureza coletiva do raciocínio e na diferença entre o “raciocínio”, um processo em andamento, e os “pensamentos” que são os resultados desse processo. Existem algumas condições básicas para o diálogo organizacional: os trabalhadores devem abordar suas suposições; devem se considerar colegas entre si e devem construir mediações para que mantenham o contexto do diálogo e do processo em si. Percebemos aqui a importância das práticas de comunicação gerados

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pelas tecnologias de informação, que criam um espaço justamente que potencializam o diálogo – ao incentivar a formação e a eficácia das organizações de aprendizagem. As tecnologias de informação e comunicação oferecem possibilidades para o diálogo, para o aperfeiçoamento individual, para a formação de ideias e soluções críticas frente aos procedimentos do trabalho executado. E por último, das disciplinas sugeridas por Senge está o raciocínio sistêmico, enfatizando que as organizações são sistemas e que recebem influências e influenciam o seu entorno – em uma plena abordagem dialógica. Por este motivo, algumas ações não têm resultados perceptíveis de forma imediata, como o estabelecimento de uma política de investir na formação do trabalhador. Outras são rapidamente percebidas, como a decisão de informatizar todos os setores de uma empresa. Mas todas as ações e decisões alteram os rumos organizacionais. A essência desta disciplina está em perceber: as inter-relações, ao invés de cadeias lineares de causa-efeito e conceber processos de mudanças ao invés de instantâneos atos. O raciocínio sistêmico é a quinta disciplina sugerida por Senge justamente por integrar as outras quatro, fundindo-as num conjunto coerente de teoria e prática. O grande desafio a ser vencido aqui é a mudança de mentalidade, a derrubada das barreiras culturais e dos estereótipos assumidos comumente. A organização de aprendizagem é um grupo que expande sua capacidade de criar seu futuro. Não basta apenas sobreviver, há a necessidade de adaptar-se e, mais que isso, há a necessidade de criação e inovação. A aprendizagem organizacional envolve o ajuste das ações da organização com base em sua experiência e na de outros. As organizações contêm uma variedade de mecanismos que podem ser usados para reter informações úteis. Seis mecanismos importantes são: pessoas, cultura, procedimentos de transformação, estruturas formais e atividades externas. Dentro deste contexto, as tecnologias de informação e comunicação atuam de maneira direta, proporcionando esta expansão das informações e do conhecimento. A aprendizagem não pode ser um processo passivo. Aprender significa viver, experimentar, fazer e simular. A aprendizagem deve sempre resultar

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em uma mudança de comportamento, um conhecimento tácito e resultar em alguma ação (Geus, 1998). A aprendizagem altera a competência (saber) e o desempenho (saber-fazer) (Sternberg, 2000). E esta aprendizagem, dentro das organizações, podem ser realizadas por meio dos processos comunicacionais proporcionados pelas tecnologias de informação.

Tecnologia de informação na pequena empresa

O

desenvolvimento das tecnologias de informação representa um grande marco na história das técnicas e das tecnologias ao abrir a porta para um fluxo irrestrito de ideias e também de informações. Diversas áreas da sociedade já foram impactadas pelo uso da rede (internet) e pelas demais tecnologias, como exemplos destacamos o comércio, o entretenimento, a prestação de serviços, entre outros. Dentro das organizações, as tecnologias de informação geraram um processo comunicacional enfatizado pela potencialização de diálogo, pela transmissão de informação, pela armazenagem e por uma distribuição nunca administrada antes. Grandes quantidades de informações são consumidas na sociedade atual e as redes de comunicação que estão se estabelecendo têm um papel fundamental nesta estrutura dentro das organizações. As organizações de trabalho se moldam a partir de agora seguindo este padrão comunicacional, de conhecimento e tecnologia. Segundo Lévy (2000, p. 14): Os bits da informática são como gens na genética, isto é, a microestrutura. Fazem parte de um conjunto de tecnologia indo em direção a um controle molecular de seu objeto, o que dá uma fluidez a todas essas mensagens e lhes dá também a possibilidade de uma circulação muito rápida. O autor descreve o processo de construção e distribuição da informação por meio da tecnologia de informação. Também argumenta que as informações que hoje temos já existiam com enciclopédias, dicionários e até que outras mídias já repassavam a maioria dos conteúdos. O que é bastante destacado, em seu texto, é o fato de que “o importante é que a informação esteja sob forma de rede e não tanto a mensagem“ e continua “não são mensagens fixas, mas um potencial de mensagens que, dependendo de quem vai utilizá-las, toma uma ou outra direção” (Lévy, 2000, p. 14). Neste redirecionamento da informação, cabe ao trabalhador instigar e aplicar o seu melhor uso. Dentro desta vertente tornamos importante compreender o conceito da interatividade proporcionada pela tecnologia de informação. Os processos de comunicação permitido pelas soluções tecnológica dentro dos ambientes organizacionais, por seus métodos de transmitir as

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informações, permitem que o trabalhador selecione os dados necessários para seu aproveitamento. Não apenas ao oferecer aos trabalhadores a oportunidade de possuírem as informações, mas ao criar estratégias para discussão e formação de um pensamento crítico. As redes estabelecem novas formas de interação, no qual o diálogo e a troca de conhecimento em grupo, essencialmente interativa, conforme destaque já realizado nesse livro, desconsidera todas as distâncias físicas e temporais. Os processos comunicacionais gerados possibilitam o modo de produção necessário para a sobrevivência das empresas. Torna-se necessário compreender os significados empregados neste livro por tecnologias de informação e comunicação e como estão sendo utilizadas nos ambientes organizacionais. Para Castells (1999, p. 49), tecnologia é: O uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível. Entre as tecnologias da informação, incluo, como todos, o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônicas, computação (software e hardware), telecomunicações, radiodifusão, e optoeletrônica. A base para a existência dessas tecnologias, dentro das organizações, está sedimentada nas redes de comunicação. Estas redes de comunicação se formam através dos sistemas de informação que são definidos como um ambiente que reúne, armazena, processa e fornece informações relevantes para uma organização, de forma que a informação seja acessível e útil para aqueles que dela necessitam, incluindo gerentes, empregados, clientes e outros. Para um melhor desenvolvimento e aplicação das tecnologias de informação e da comunicação organizacional é necessário conseguir a contribuição das pessoas envolvidas no processo. Um incentivo no compartilhamento do conhecimento, visando sua multiplicação e chegando a sua socialização. A resistência pode trazer vários inconvenientes ao processo de interação e deve ser amenizada com muita paciência e proximidade com a realidade de cada usuário. Cabe, também, a cada usuário reconhecer a necessidade da mudança e desenvolver suas habilidades interpessoais visando aproximar as tecnologias de informação a suas rotinas. As tecnologias de informação e comunicação permitem uma racional

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transformação de dados crus e isolados extraídos do ambiente interno ou externo da organização em informações úteis e adequadas aos negócios. Essas informações, por sua vez, proporcionam a tomada de decisão, contribuindo para um melhor desenvolvimento do processo empresarial. As empresas têm manifestado, de modo cada vez mais frequente, seu entendimento sobre a potencialidade do uso das tecnologias de informação e comunicação como mecanismo de suporte às competências, em vez de, apenas, suporte aos processos. Investimentos em soluções tecnológicas implicam em uma disponibilização do fluxo de informações, que é, por sua vez, requisito para a rapidez e a efetividade na difusão do conhecimento. Os trabalhadores devem ter autonomia na busca das informações, na velocidade exigida e, principalmente, a abertura para a criação e desenvolvimento de novas soluções. Apenas dentro deste contexto, a maioria das pequenas empresas pode ter a possibilidade de sobrevivência, pois os fortes concorrentes e a alta velocidade com que esse nicho de mercado trabalha exige a dinâmica das informações. Os gestores ainda têm que lidar com todas as características da pequena empresa, conforme já descrito anteriormente. Por meio da comunicação, de um processo dinâmico, livre, autônomo, os trabalhadores podem ter acesso à criação, à aprendizagem, ao conhecimento tácito e empírico e, consequentemente, a um trabalho mais produtivo. Ao acompanhar esse raciocínio, afirmamos que nas organizações, a informação pode ser considerada como fator decisivo de sucesso do negócio e de bem sucedida administração corporativa. As informações são utilizadas, fundamentalmente, de duas maneiras nas empresas: a primeira é por meio do setor de operacionalização encarregado das atividades diárias e rotineiras. A segunda forma é no processo de tomada de decisões, onde a informação é o elemento primordial e a base para as decisões estratégicas. A pequena empresa pode utilizar as tecnologias de informação e comunicação como instrumentos nesse processo da distribuição do fluxo de informações, integrando as ideias e o diálogo a seus processos administrativos e estratégicos.

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Não somente as informações mais atualizadas podem ser disponibilizadas aos trabalhadores, mas, também, ferramentas necessárias para selecionar, analisar e tratar as informações. A facilidade de comunicação que pode ser gerada com as tecnologias de informação e comunicação possibilita que um número maior de pessoas participe do processo decisório, incorporando, portanto, uma variedade de dados e pontos de vista – que de uma outra forma não haveria possibilidade para tal. É possível proporcionar uma maior integração no meio social, na realidade externa, por meio das tecnologias de informação. A matéria prima da comunicação são as informações e estas são os produtos das tecnologias de informação e comunicação. Se a informação é o produto da comunicação, não pode o produto estar desvinculado dessa ciência e muito menos de seus instrumentos. Não há necessidade de desvincular a informação dos processos comunicacionais e, consequentemente, da organização do trabalho. É importante salientar, novamente, que a simples transferência de um grande volume de conhecimentos não habilita e desenvolve nenhum trabalhador, é necessário a competência em organizar e discernir quais informações necessárias para encontrar soluções a determinados problemas. De nada adianta ter a informação, se o trabalhador não conseguir utilizá-la, apropriá-la, para seu melhor proveito. Para a implementação das tecnologias de informação e comunicação em uma pequena empresa existe uma série de procedimentos culturais da organização, que devem ser implantados. Inicialmente, é importante clarear os objetivos gerais das tecnologias de informação e comunicação. Segundo Bordenave (1986) as tecnologias de informação e comunicação devem multiplicar o número de pessoas que podem ser atingidas pela mensagem; devem aumentar o número de mensagens diferentes que podem ser distribuídas de uma só vez; devem aumentar a velocidade de difusão da mensagem; devem incrementar a fidelidade de transmissão; devem tornar possível a recepção da mensagem através de diferentes órgãos sensoriais; devem permitir a realimentação e o diálogo para completar o processo de comunicação via meio tecnológico. A implementação de processos comunicacionais por via das tecnologias de informação e comunicação, portanto, demanda mudanças em vários

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níveis da empresa. É necessário que os trabalhadores e os grupos que compõem a organização estejam comprometidos com as novas práticas e familiarizados com os novos processos. Antes de iniciar a inclusão das tecnologias de informação e comunicação no ambiente organizacional é fundamental trabalhar com uma preparação sociopsicológica dos processos comunicacionais internos da empresa. Os trabalhadores devem estar confortáveis diante as transformações pretendidas e devem estar assegurados que terão treinamentos constantes, formais e informais, para sanar as dúvidas surgidas. Depois é importante preparar agentes que acompanhem todas as fases de implantação, detalhes e operacionalização das tecnologias. As mudanças terão êxito apenas se os trabalhadores estiverem motivados e esclarecidos sobre os instrumentos, portanto uma apresentação em termos de conceitos, significações, importância, processos e resultados é imprescindível. A transparência é a estratégia a ser utilizada. As expressões a serem abordadas nesta preparação devem ser simples e racionais. Termos complicados prejudicam o entendimento inicial dos trabalhadores. Os resultados e as eficácias das tecnologias de informação e comunicação necessitam ser demonstrados de forma prática e com exemplos rotineiros aos trabalhadores da organização. A implantação das soluções tecnológicas deve ser controlada e avaliada constantemente e caso haja necessidade o planejamento deve ser reestruturado. Prever reações, envolver e motivar os trabalhadores e ter ações cautelosas são medidas a serem tomadas para o sucesso organizacional perante os novos processos comunicacionais estabelecidos. Em um ambiente organizacional que favorece a comunicação, os trabalhadores têm a possibilidade de estar em contato com as tecnologias implantadas por meio de trocas de experiências e treinamentos formais.

Considerações finais

A

o final deste livro, concluímos que há um grande campo a ser investigado. Os aspectos que são relacionados neste texto, processos de comunicação, soluções tecnológicas, pequenas empresas e gestão do conhecimento formam um conjunto importante dentro da estrutura econômica do país. Itens de extrema relevância social, que a ciência da comunicação pode analisar e discutir as formas de interação dos procedimentos informacionais. Informação, aqui tratada, como o elemento fundamental da estrutura social, por meio dos modos de produção do trabalho. Com o desenvolver das estratégias de administração empresarial, percebemos que a informação, e o modo como ela é gerida e distribuída, estabelece a forma das relações organizacionais. As organizações de aprendizagem e a gestão do conhecimento propõem o desenvolvimento do trabalhador por meio do acesso às informações e ao diálogo proporcionado. Não apenas realizando uma leitura de entendimento, mas, sim, de cognição e crítica. O repasse das informações, possibilitado pelas tecnologias, não deve ser o item maior a ser destacado. O que deve ter relevância em toda esta explanação é o fato de que as tecnologias de informação e comunicação, ao favorecer o acesso a informações, sugerem uma relação de troca, uma relação de conversação, portanto, potencializam processos comunicacionais interativos. O potencial dialógico viabilizado traz uma melhor interação entre os trabalhadores, pois pode facilitar as tomadas de decisões pela eficácia dos procedimentos administrativos. A facilidade de comunicação que as soluções tecnológicas permitem, dentro das organizações, fazem com que um número maior de pessoas participem do processo decisório. Ou seja, os trabalhadores incorporam uma grande quantidade de dados e pontos de vista, que de outra forma, provavelmente não seriam viabilizados. O resultado deste processo é uma decisão mais madura, com uma avaliação mais ampla dos procedimentos e de suas consequências. Vale ressaltar, também, que o caminho escolhido pode ser rapidamente comunicado a todos os envolvidos em sua implementação. Os processos das tecnologias de informação e comunicação estimulam

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os pesquisadores a buscar entendimentos sobre as mudanças nas diversas áreas da sociedade. Obviamente, não há apenas vantagens e exaltações desses novos meios mediáticos. Existem autores e estudos que condenam alguns aspectos negativos surgidos com as tecnologias e com a sociedade da informação. Um dos itens fortemente destacados é o excesso da informação. Bentes (1997, p. 17) afirma que “tão grave quanto a falta de informação é o seu excesso”. O excesso de informações descontextualizadas, informações que os indivíduos não conseguem dar sentido de forma a entender os seus contextos. As informações recebidas pelos trabalhadores em uma organização só terão validade maior se forem lidas por meio do entendimento e crítica. Estes procedimentos, por sua vez, acontecem quando os trabalhadores estão integrados e são participantes ativos do processo de implementação e acompanhamento das soluções tecnológicas. As mudanças da cultura organizacional, provindas das tecnologias de informação, devem seguir procedimentos graduais e de incentivos a todos os agentes sociais envolvidos. Outro item a ser abordado na conclusão é em relação ao poder político das tecnologias de informação e comunicação. A comunicação é a via de acesso dos modos de produção e organização do trabalho. Com isso, salientamos que as tecnologias não são instrumentos “apolíticos”, livres de conceitos que estruturam os aspectos sociopolíticos e econômicos de uma estrutura societal. Sim, as tecnologias são grandes instrumentos políticos justamente por determinarem os modos de produção da sociedade. Os processos de comunicação são as bases e os objetivos para a implementação das tecnologias. Portanto, tornamos fundamental analisar o poder da ciência da comunicação como geradora das organizações do trabalho. Destacamos, também, o aspecto do trabalho como mídia. Como meio para a formatação de uma organização societal. Aspectos estes que fomentam novos estudos e pesquisas para esta área. Além de perceber algumas das aplicabilidades das tecnologias dentro de um pequeno empreendimento, buscamos, também, contextualizar processos de significações de mensagens realizadas por meio das tecnologias de informação e comunicação. Por último, após abordados os temas já propostos pelo estudo e expla-

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nado novos caminhos a serem seguidos pela pesquisa, salientamos que os processos comunicacionais fomentados com as tecnologias, interação homem-máquina, devem ressaltar o lado humanístico da comunicação. A comunicação e o entendimento continuam sendo elemento principal de um sistema de administração da informação e da compreensão mútua entre os envolvidos na organização. As tecnologias de informação e comunicação são linguagens, instrumentos utilizados para fortalecer o processo produtivo das empresas. Ou seja, o grande desafio a ser vencido é promover a real utilização das tecnologias em favor do próprio ser humano e proporcionar a compatibilização do homem com os meios tecnológicos, pois ao se tornarem aliados - facilitam o processo de comunicação na sociedade.

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Denise Regina Stacheski é doutoranda e mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná, especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná e graduada em Comunicação Social - Relações Públicas pela Universidade Federal do Paraná. Coordena e ministra disciplinas em cursos de especialização nas áreas de comunicação e negócio. Atua como professora universitária em instituições paranaenses. Tem como principais temas de estudo: comunicação pública e empresarial, tecnologias da comunicação e envelhecimento populacional.

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