A perceção do destino através de brochuras turísticas O caso do Algarve (passado e presente)

Share Embed


Descrição do Produto

A perceção do destino através de brochuras turísticas: O caso do Algarve (passado e presente) by João Neto Azevedo is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercialNoDerivatives 4.0 International License.

Exercício apresentado em unidade curricular de mestrado (2013/2014) Esboço a ser retificado para produção de paper

A perceção do destino através de brochuras turísticas: O caso do Algarve (passado e presente)

João Neto Azevedo

Junho 2014

Índice Resumo.......................................................................................................................................... 2 Abstract ......................................................................................................................................... 2 1.

Introdução ............................................................................................................................. 3

2.

O problema do Algarve: Uma perspetiva histórica ............................................................... 5

3.

Concetualização de planeamento e a relação com o turismo ............................................ 20

4.

Autenticidade, imagem e inovação ..................................................................................... 23

5.

Metodologia ........................................................................................................................ 29

6.

Representações imagéticas do destino ............................................................................... 33

7.

Conclusão ............................................................................................................................ 41

Referências .................................................................................................................................. 44 Documentos eletrónicos ............................................................................................................. 47 Imagens ....................................................................................................................................... 48 Via Google Earth.......................................................................................................................... 49 Via Google Maps/Booking ........................................................................................................... 50 Anexos ......................................................................................................................................... 51

Índice de ilustrações e figuras Ilustração 1 - Evolução hipotética de um destino turístico……………………………………………...……..46 Figura 1 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura ................................................................................. 51 Figura 2 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor .............................................................................. 52 Figura 3 – Vidamar Algarve Hotel – Albufeira ............................................................................. 52 Figura 4 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. ................................................................................ 53 Figura 5 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. ................................................................................ 53 Figura 6 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira ................................................ 49 Figura 7 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira ................................................ 49 Figura 8 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor .............................................................................. 55 Figura 9 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor .............................................................................. 55 Figura 10 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira............................................................................ 56 Figura 11 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira............................................................................ 56 Figura 12 – Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira e respetivos empreendimentos turísticos ....................................................................................................... 57

1

Resumo O planeamento turístico e o planeamento territorial são realidades que devem atuar paralelamente, de forma integrada, promovendo a conquista de objetivos de natureza económica, social e ambiental. Este estudo propõe uma análise de imagens veiculadas por brochuras turísticas referentes ao mercado emissor do Reino Unido, no período 2014-2015, procurando identificar as dimensões do planeamento e o enquadramento histórico/concetual que deram origem a essas representações. Do pondo de vista metodológico foi efetuada uma revisão da literatura e, consequente, um estudo de caso, numa abordagem não experimental, por via de método descritivo e com recurso a fontes secundárias de informação (brochuras). Os resultados da investigação revelam que, sob o ponto de vista do planeamento turístico e territorial, o Algarve se apresenta enquanto um destino em fase de estagnação, heterogéneo no seu planeamento e marcadamente centrado no produto “sol e mar”. Resulta, igualmente, a necessidade urgente de se proceder a um processo de “rejuvenescimento” ou “renovação” do Algarve enquanto destino, com efeito nas imagens expressas nos materiais promocionais. Palavras-chave: turismo, planeamento, imagem, brochuras, Algarve

Abstract Tourism and land use planning are parallel realities that must act in an integrated manner, in an effort to achieve economic, social and environmental goals. This study presents an analysis of images conveyed by tourism brochures related to UK as an outgoing market, in the 2014-2015 period. The study aims to identify planning issues and historical and conceptual framework that gave rise to these representations. Methodologically it was performed a literature review and consequently, a case study on a non-experimental approach by means of a descriptive method and using secondary information sources (brochures). Research results show that, from the point of view of tourism and territorial planning, Algarve, presents itself as a stagnant destination, heterogeneous in planning and mainly "sun and sea" product-centric. Results from this study also revels the urgent need to proceed to a "rejuvenation" or "renewal" process of Algarve as a destination with focus on images expressed in promotional materials. Keywords: tourism, planning, image, brochures, Algarve

2

1. Introdução Regista-se em Portugal um “divórcio entre o turismo e o planeamento” (Vieira 2007, p. 43). Tal facto deve-se, segundo o autor, a uma concetualização incorreta do turismo, visto como uma mera manifestação de lazer ou, numa leitura igualmente restrita, enquanto uma aplicação da indústria hoteleira ou de transportes. Por outro lado, é considerado pelo autor que têm sido concentradas atenções, por parte das entidades governamentais, empresariais e universitárias, maioritariamente, no estudo e desenvolvimento da oferta e dos serviços, não se concedendo espaço para reflexões e aplicação prática do planeamento, nos projetos de âmbito turístico. Com efeito, o planeamento é visto por muitos enquanto um bloqueio ao desenvolvimento turístico, tal consideração assenta na ideia de que, o turismo, é um fenómeno com tendência de crescimento natural e demasiado contemporâneo para que se possam criar cenários a longo prazo (Vieira, 2007). Face a estes pressupostos iniciais e recorrendo a uma das ferramentas de promoção turística - as brochuras turísticas, pretende-se, com o presente estudo, analisar a relação entre as imagens promovidas e a existência de um contexto de planeamento turístico, no caso, a uma escala urbana, procurando-se responder à seguinte questão: quais as circunstâncias históricas/concetuais que contribuíram para o cenário veiculado nas imagens presentes nas brochuras? A razão de escolha das brochuras turísticas, enquanto fonte de informação, justifica-se pelo facto de estas se encontrarem associadas à imagem do destino. Por outro lado, sendo a concretização do planeamento turístico uma realidade que se manifesta sob o ponto de vista imagético, resulta que o sucesso de um destino depende, entre outros fatores, da criação da imagem e promoção desse destino (Andereck, 2005; Beerli & Martin, 2004; Bendito & Ramirez, 2011; Crompton, 1979; Molina & Esteban, 2006). Neste sentido, as brochuras atuam enquanto veículo de criação de imagem e promoção do destino, em articulação com a realidade objetiva, resultante das implementações físicas, tendencialmente definidas numa perspetiva de planeamento turístico e urbanístico.

3

Do ponto de vista metodológico, o presente estudo será desenvolvido enquanto um estudo de caso, numa abordagem não experimental, por via de método descritivo e com recurso a fontes secundárias (Quivy, 2008; Veal, 2006; Yin, 2009). Os resultados obtidos permitem responder à questão de partida, sendo evidenciado uma carência sob o ponto de vista do planeamento turístico e territorial. O presente estudo demonstra que o Algarve se apresenta enquanto um destino em fase de estagnação, heterogéneo no seu planeamento e marcadamente centrado no produto “sol e mar”. Resulta, igualmente que, sobre o destino, devem ser tomadas medidas estratégicas, alicerçadas na autenticidade e inovação, no sentido de se proceder a um “rejuvenescimento” ou “renovação” deste (Cunha 2003, 2011, 2012).

4

2. O problema do Algarve: Uma perspetiva histórica Segundo Cunha (2012), até inícios dos anos 60 o turismo na região do Algarve era relativamente ténue. Na verdade, o território algarvio permanecia ainda um espaço relativamente virgem, “ocupado por uma Agricultura e práticas florestais arcaicas e insustentáveis” (Brito 2009, p. 27). Numa perspetiva turística, o território não se destacava, de forma relevante, das demais praias de referência: Ericeira, Figueira da Foz, Nazaré e São Pedro de Moel (Cunha (2012, p. 126), citando Barata1 (1964)). O turismo no Algarve teria o seu “despertar”, termo defendido por Cunha (2012), muito por conta de um efeito de contágio que tinha a sua origem no sul de Espanha, na costa sul francesa e italiana. Fruto deste impacto nos países vizinhos, em Portugal, é tomada a iniciativa, em 1963, através do Secretariado Nacional da Informação, de criar um Plano de Valorização Turística do Algarve. Nesse plano, seriam lançadas um conjunto de apostas que incidiam no desenvolvimento do turismo de passagem, de verão, termal, balnear e de estância climática e, por outro lado, na construção/expansão da oferta hoteleira, das acessibilidades e infraestruturas (Cunha, 2012). Segundo Mangorrinha (2012), este plano previa ainda: “orientar um surto turístico em grande escala, atendendo às consequências na estrutura social e económica algarvia, a partir de um zonamento que defendia a salvaguarda de valores ambientais, paisagísticos e históricos, a valorização turística de determinadas localidades, a integração de zonas rurais e florestais e a evolução da capacidade turística da região” (Mangorrinha 2012, pp. 126-128). Como consequência do investimento visível no terreno, fruto da referida tentativa de aproximação à realidade circundante, dos olhares atento dos investidores externos e do efeito de recomendação, o Algarve via nascer os seus primeiros complexos turísticos, essencialmente, aldeamentos de luxo (vilas e apartamentos), resultantes da entrada em jogo de capital estrangeiro, maioritariamente britânico. É, justamente, em meados dos anos 60 que surgem os primeiros aldeamentos (Açoteias, Pedras d’ El Rei e Quinta da Balaia) e alguns dos primeiros complexos 1

Barata, J. F. N. (1964). O Turismo em Portugal. Centro de Estudos Político-sociais, Lisboa, MCMLXIV.

5

turísticos, como por exemplo, Vila Lara, Vale do Lobo e Vilamoura, este último pela mão da Lusotur, entidade detentora e responsável por uma significativa massa imobiliária na região (Cunha, 2012). Brito (2009, p. 187) com relação a um parecer do Gabinete Técnico de Plano Regional do Algarve2 (15/03/1966) refere que, Vilamoura, era defendida enquanto “um dos poucos mas bem apetrechados núcleos”, sendo prevista, a condução do projeto, “inteiramente a cargo de uma iniciativa privada”. Brito (2009, p. 187) destaca ainda, citando um parecer desse mesmo gabinete, que o projeto Vilamoura seguia os contornos de uma matriz de atualizada “organização urbana que tem a melhor exemplificação nas Novas Cidades inglesas e que se adapta – quase diremos, melhor se aplica – a estâncias turísticas de grandes dimensões, como Vilamoura”. Torna-se percetível, deste modo, o cumprimento de um modelo de desenvolvimento à luz dos investidores, também eles de nacionalidade britânica como referia, anteriormente, Cunha (2012). O Algarve revelava-se um destino apetecível: apresentava um baixo custo, quando comparado a destinos equivalentes; era um destino dotado de características particulares, quer pelas suas praias, quer pelo clima; encontrava-se em processo de desenvolvimento, especialmente, no diz respeito a infraestruturas e acessibilidades e a oferta de que dispunha, era atrativa, em termos de satisfação, com relação aos seus visitantes (Cunha, 2012). A este respeito Mangorrinha (2012, p. 130) reforça, referindo que se vivia “um tempo de mudança de paradigma. O desenvolvimento da aviação comercial e a reparação das estradas e vias férreas fomentavam o fluxo de turistas internacionais” e a consequente escolha de praias no Algarve. Contudo, o desenvolvimento acelerado, muito ele centrado no mercado imobiliário, especialmente na construção e comercialização de segundas habitações e alheio a um planeamento urbanístico responsável, viria a criar um cenário com consequências reconhecidamente nefastas. Numa perspetiva contemporânea, todavia, nem por isso divergente, afirma Neto (2013, p. 77) que, a comercialização de segundas habitações, no presente, representada pela expressão “turismo residencial”, representa “uma estratégia puramente imobiliária e de investimento financeiro – disfarçados de turismo”. Refere ainda o autor que, em Portugal, na verdade, ocorreu 2

Por parte do autor, a referência bibliográfica não foi incluída nas obras consultadas.

6

“uma distorção e um desvio estratégico do Turismo para uma visão que apontava, de facto, para a prioridade aos grandes projetos fortemente associados à imobiliária”. A este respeito, retomando aos inícios da década de 60, Cunha (2012, p. 528) salienta que, embora fosse publicamente promovida a vinda de turistas para território nacional e consequente conversão destes a residentes e que, por outro lado, fosse veiculado que esse facto permitia “canalizar divisas para o país e aumentar o potencial que o país oferecia.”, tal pressuposto era apenas “uma forma de canalizar divisas, mas não de turismo.” Com efeito, a “explosão do turismo” fazia acelerar ainda mais o processo de expansão da atividade construtora. Como consequência dessa necessidade, os habitantes locais são forçados a abandonar as atividades tradicionais, desfazendo-se das propriedades, entendam-se terrenos que, por efeitos de especulação, se encontravam a valores de venda muito atrativos (Cunha, 2012). Se é certo que esta imposição de mercado e o seu reflexo no território foram negativas, também é certo que tal trouxe benefícios para os habitantes locais, ainda que, momentâneos e a curto prazo. Deste modo, Brito (2009, p. 42) refere, citando um excerto do documento de Planeamento Urbanístico da Região do Algarve 3 (DGSU 1964, p. 5) que, em 1964: “sob o ponto de vista económico e demográfico, a organização e apetrechamento actuais conduziriam a um progressivo depauperamento da região, cujas actividades não proporcionam emprego suficientemente remunerado à população existente, antes originaram, no último decénio, um saldo emigratório superior ao saldo fisiológico” (Brito 2009, p. 42). O Algarve crescia em betão, contudo, as infraestruturas de apoio não acompanhavam esse crescimento. As vias rodoviárias permaneciam desajustadas, era generalizada a inexistência de estacionamentos e espaços verdes, de eletricidade e água canalizada sendo, igualmente deficientes, as condições gerais de saneamento básico. Ainda assim, os problemas não se circunscreviam apenas à falta de condições físicas. Com o crescente abandono das atividades tradicionais, especialmente a agricultura, registou-se uma carência generalizada de alimentos em toda a região. Os 3

Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização. (1964). Planeamento Urbanístico da Região do Algarve – “Esboceto” e Orientação Geral, Relatório do Gabinete Técnico do Plano Regional do Algarve.

7

terrenos, até então usados enquanto recurso de subsistência, eram agora expropriados da população para serem aplicados no mercado imobiliário. Como consequência, o aumento das importações de alimentos tornou-se inevitável (Cunha, 2012). Brito (2009, p. 89), citando a Direção Geral dos Serviços de Urbanização4 (1963, ponto 5º), a respeito do abandono das atividades tradicionais, refere que “muitas das «indústrias domésticas» que floresciam antigamente estão hoje quase abandonadas, com realce, por exemplo, para as que laboravam tecidos (lã e linho), sapatos, rendas e olaria”. Importa referir, porém, que o problema era conhecido dos seus atores. Numa tentativa de intervenção neste domínio, foi criado, em 1966, o Plano de Ordenamento do Algarve e, mais tarde, uma primeira aproximação ao conceito de turismo sustentável com a Lei nº 9/70, porém, ambos projetos se esboroaram sem sucesso. Com a criação da Região de Turismo do Algarve, em 1970, e consequentemente com a criação “do plano de obras de infra-estruturas urbanísticas de interesse turístico do Algarve” procurava-se esbater os, cada vez mais evidentes, desajustes e assimetrias, fruto do crescimento desregulado da região (Cunha, 2012 p. 177). Com efeito, em 1973, as anomalias persistiam e mesmo tendo sido apresentadas na mesa, enquanto opções, a limitação da expansão imobiliária ou a equiparação de infraestruturas que acompanhassem o ritmo, nenhuma decisão foi tomada (Cunha, 2012). Entre finais dos anos 70 e durante toda a década de 80, a transformação do Algarve de uma economia agrária e piscatória, para uma economia com centro nos serviços, acentuava-se. A massificação da oferta era crescente, o mercado interno, muito por conta do efeito de imitação, afluía à região, o ritmo de concentração na faixa litoral, a saturação das vias de ligação e do aeroporto de Faro faziam-se sentir. Brito (2009, p. 192) refere que, em 1979, decorrente das reuniões desenvolvidas entre governos e municípios, tornava-se “unanimemente apoiada a necessidade de elaboração de estudos coordenadores de ordenamento territorial”. Sendo referido, pelo responsável 4

Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização. (1963). Plano Regional do Algarve. Inquérito.

8

governamental5, que “A situação atingida é, por isso, mais grave do que à data da criação do (…) Gabinete do Planeamento da Região do Algarve (…) tornando-se urgente a adopção das medidas necessárias para desbloquear a situação, dessa forma se obstando a que sejam os particulares a conduzir um processo em que a Administração deverá ter um papel predominante”. Contudo, o poder local, suportado pelas verbas auferidas por conta da explosão de oferta e edificação, negligenciava e inviabilizava uma política de ordenamento territorial. A este respeito, Cunha (2012, p. 339), refere que “A explosão do crescimento verificada operou-se de forma desconexa, muitas vezes anarquicamente e, quase sempre, ao sabor das oportunidades e conveniências conjunturais”. Os planos sectoriais existentes à data eram ineficazes e o Plano de Desenvolvimento Regional do Algarve, que promovia a requalificação do património edificado e ambiental, a manutenção do potencial turístico e um olhar pelo ordenamento do território, não foram cumpridos (Cunha, 2012). De acordo com Cunha (2012, p. 341), em 1988 inicia-se o processo de conceção do PROTAL6 (Plano Regional do Ordenamento do Território do Algarve). Este, tinha em vista a implementação de um “crescimento equilibrado” que assegurasse “a durabilidade dos recursos e qualidade ambiental.”, orientado por uma política de ordenamento territorial com foco na zona litoral. Brito (2009, p. 193) afirma que, o nascimento do PROTAL visava, por um lado, colmatar as falhas de posicionamento do turismo no Algarve e, por outro lado, harmonizar a então presente “visão hostil” pelo “Sistema Político e Administrativo” e pela “Opinião Pública” em relação ao turismo. Na leitura de Vieira (2007, pp. 202-203) o PROTAL, promovia uma “requalificação da oferta e uma melhor prestação institucional e da promoção turística. “, referindo o autor que, “as preocupações com o ordenamento do território e o protagonismo legislativo tinham então já transitado dos responsáveis pelo turismo para outros departamentos oficiais”. Enquanto elementos de contexto, tendentes ao desenvolvimento do PROTAL, Brito (2009, p. 193), destaca: 1) o não reconhecimento por parte das entidades 5 6

Despacho do Secretário de Estado do Urbanismo e Ambiente, 14/12/1979. Por via da Resolução do Conselho de Ministros nº. 33/88.

9

governamentais do desenvolvimento turístico na região; 2) a consequente degradação quer do ordenamento do território, quer do planeamento urbanístico; 3) a existência de oferta turística não reconhecida (no que diz respeito ao enquadramento do turismo residencial

e

das

camas

paralelas);

4)

o

consequente

descrédito

dos

investidores/empresários e dos autarcas, muito por conta dos conflitos gerados pelo “turismo de massas”, pela já referida existência de camas paralelas, pelo desordenamento percetível e os efeitos do mercado imobiliário. Neste contexto, segundo Cunha (2012), a operacionalização do PROTAL estaria designada a decorrer com o apoio das Câmaras Municipais locais, estando estas responsáveis pela definição de “áreas de crescimento controlado”, sendo garantidas, nesses termos, por via de crédito do estado, o desenvolvimento de infraestruturas e equipamentos de lazer diversos, nomeadamente, acessibilidades, parqueamento e saneamento. Por outro lado, o plano atribuía às Câmaras a responsabilidade de criação de “áreas de interesse para o turismo”, nas zonas de maior afluência turística e, por fim, medidas de combate ativas às “camas paralelas”, atendendo ao número crescente de oferta “clandestina”, desregulamentada e não cumpridora dos pressupostos legais vigentes, com relação à restante oferta hoteleira. Na verdade e, de acordo com o autor, os desígnios manifestados no plano não foram cumpridos e, deles, não resultaram efeitos. Cunha (2012, p. 344) chega mesmo a referir-se às Câmaras Municipais enquanto “prisioneiras dos promotores imobiliários”, sendo incapazes de gerir “equilibradamente os seus territórios por forma a garantirem a criação de destinos turísticos de qualidade e competitivos”, muito por conta da “impreparação técnica e (…) desconhecimento da essência do fenómeno turístico”. Esta realidade surge, ainda, genericamente, da dicotomia apresentada: ganho imediato vs preparação do futuro; construção vs preservação; quantidade vs qualidade (Cunha, 2012). Com a entrada nos anos 90, continuaram a vir à luz, um conjunto de planos, cuja aplicação não surtiu significativas melhorias. Em 1992 é decidida a elaboração do Plano Regional de Turismo do Algarve (PRTA), como refere Brito (2009, p. 158), citando uma intervenção do então primeiro-

10

ministro Aníbal Cavaco Silva, na Festa do Pontal7 “O Governo está a elaborar um programa para a defesa da qualidade das actividades turísticas do Algarve que contará com 300 milhões de contos entre 1994 e 1999”. Em 1994 o plano é aprovado em Conselho de Ministros e o documento final fazia ressurgir a ideia de que, a região, havia perdido as suas atividades produtivas tradicionais, maioritariamente pelo facto da população se ter concentrado no turismo como meio de subsistência. O plano destacava enquanto debilidades: 1) concentração do produto “sol e mar”; 2) forte peso de uma atividade turística sazonal; 3) dependência do mercado Inglês; 4) forte afirmação do turismo de massas (Cunha, 2012). Vieira (2007, p. 203) reforça a ideia, afirmando que, o PRTA, preconizava, no sentido de promover a resolução das anomalias estruturais do turismo algarvio “as tradicionais medidas tais como a identificação dos estrangulamentos, a valorização do produto “sol e praia” e a necessidade de investimentos estruturantes” Com base no PROTAL, o PRTA evidenciava faixas alternativas de território a fim de serem desenvolvidos produtos turísticos, também eles, alternativos: 1) Odeceixe – Ria de Alvor (turismo de natureza/cultural, procura de correção dos desequilíbrios urbanísticos); 2) Ria de Alvor – Faro (controlo do uso do solo e controlo dos desequilíbrios ambientais); 3) Olhão – Montegordo (procura de reestruturação urbanística). Atendendo à sua aplicação operacional, eram definidos oito objetivos: 1) melhoria da oferta (espaços, infraestruturas); 2) aumento da qualidade da oferta (equipamentos, oferta paralela); 3) diversificação de produtos (golf, congressos, turismo cultural, turismo de natureza); 4) melhoria do profissionalismo (entendido enquanto formação); 5) diversificação de mercados; 6) redução dos efeitos de sazonalidade; 7) melhoria da prestação por parte das instituições; 8) reforço promocional. Segundo Brito (2010, p. 103) em 1998, com o lançamento da Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto eram estabelecidas “as bases da política de ordenamento do território e de urbanismo”, prevendo-se, como resultado, a criação de “”planos sectoriais de incidência territorial” a elaborar pela Administração.”, com referência à posição do turismo. Na verdade, este novo instrumento acaba por não ser implementado, abrindo 7

Conteúdo presente em Correio da Manhã, 09/08/1993.

11

espaço para uma futura revisão do PROTAL. Destaca ainda o autor que, não foram desenvolvidas iniciativas de criação dos respetivos planos sectoriais, isto mesmo, “apesar dos problemas do Algarve e a emergência de resorts no Oeste e no litoral alentejano.” Contudo, pouco tempo depois, ainda em 1998 e referindo-se ao PROTAL, a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considerava que, este, não permitia uma aplicação realista, tendo avançado, por direito próprio, com a proposta de criação da Reserva Turística Regional. O referido documento visava, segundo Cunha (2012, p. 452), por um lado, uma qualificação das “áreas ocupadas por actividades turísticas mais ou menos dispersas” e, por outro lado, um incremento da existência de espaços designados ao desenvolvimento turístico, numa perspetiva futura. Porém, o relatório defendido pela AHETA fazia uso de um conjunto desmesurado “de instrumentos de intervenção que se sobrepõem, conflituam e se antagonizam”, entre eles se destacam: “o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve, os Planos Diretores Municipais, a Reserva Agrícola Nacional, a Reserva Ecológica Nacional, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira, os Parques e Reservas Naturais, o programa Natura 2000, o Instituto de Conservação da Natureza, o Instituto Nacional da Água” (Cunha 2012, p. 452). Importa perceber, deste modo, que a existência destes instrumentos não teve uma aplicação efetiva ou contributo na proposta de ordenação do território. Na verdade, o seu aparecimento resulta da necessidade de colmatar/corrigir o impacto do crescimento turístico e, acima de tudo, numa perspetiva de impedimento da destruição dos recursos de cariz natural (Cunha, 2012). Com a entrada no ano 2000 e o percurso efetuado até à presente data, o Algarve apresenta-se como um destino em fase de estagnação, conceito fundamentado no modelo de ciclo de vida do destino de Butler8 (1980, 2011). Registem-se ainda as transformações ocorridas na procura que, com base no modelo

8

Ver anexo (pág. 47) referente ao modelo de evolução hipotética de um destino turístico Butler (1980, 2011).

12

de Plog9 (1974, 2001), consubstanciam esse fundamento. Deste modo e segundo o modelo de Butler (1980, 2011), encontra-se em fase de estagnação um destino que, pelo seu percurso evolutivo, se encontre num processo de desajuste face à concorrência, de aumento de taxa de insatisfação dos turistas, queda da taxa de crescimento, debilidade competitiva e num processo de fragilização da sua imagem. Cunha (2012, p. 549) salienta, identificando que “é inquestionável a perda de dinamismo do turismo algarvio para continuar a captar fluxos estrangeiros”, referindo-se aos índices de ocupação do mercado externo. Defendendo o autor que, Portugal, contínua a crescer turisticamente mas em menor dependência da região (Cunha, 2012). A este respeito refere Neto (2013, p. 110) que é justamente no território algarvio que podem ser identificados “os aspetos mais agudos da atual fase difícil do Turismo em Portugal” sendo, neste contexto, destacado pelo autor, a: “quebra de turistas estrangeiros, crise na imobiliária residencial, na construção, envolvendo empresas de toda a cadeia de valor do setor (e a banca); a maior taxa de desemprego do país, envolvendo alojamento, restauração, lazer, imobiliária, construção, comércio; crise financeira dramática em muitos municípios por excesso de despesa e quebra abrupta de receitas provenientes do IMT. Para já não referir os efeitos das portagens da Via do Infante, ou o adiamento sine die das obras de modernização no aeroporto de Faro, da renovação da EN 125 e do Hospital Central do Algarve, e, claro, o IVA na restauração e no golfe, etc.” (Neto 2013, p. 110). Com relação ao papel do imobiliário no turismo, Neto (2013, p. 77), destaca ainda que, “O ”motor” não funcionou, o Turismo não cresceu, estagnou, no Algarve (a pérola da imobiliária/turística) até caiu e noutras regiões não descolou”. Face a este cenário, é possível considerar que a falta de um compromisso responsável com o planeamento e a organização dos espaços e do seu desenvolvimento, desde a década de 60, conduziu o Algarve a uma massa territorial heterogénea, alheia a princípios de sustentabilidade dos produtos e dos espaços, situação que contribui para a criação de uma teia urbanística desordenada, ampliandose mediante os interesses privados e suportada por uma não ação dos poderes públicos. Tal facto, colocou o Algarve numa posição de estagnação enquanto destino e 9

Segundo classificação de Plog (1974, 2001) no seu modelo (psicográfico) de estudo de comportamento dos turistas psicográfico), dividindo-os, de acordo com a sua personalidade em psicocêntricos (formais) ou alocêntricos (aventureiros).

13

lançou a região, numa emergência de renovação ou reorientação (partindo-se, para o efeito do conceito explorado por Butler (1980, 2011)), quer do próprio destino, quer dos seus produtos. O lançamento do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) em 2006, procuraria, segundo Vieira (2007, p. 204) “travar a queda no crescimento do turismo nacional e promover um turismo sustentável.” Para o feito, foram definidos um conjunto de cinco eixos estratégicos (segundo leitura do PENT 2007, p. 111): território, destinos e produtos; marcas e mercados; qualificação de recursos; distribuição e comercialização; inovação e conhecimento. São definidas no plano novas “polaridades turísticas”, nomeadamente na zona do Alqueva, Douro, Litoral Alentejano, Porto Santo, Região Oeste e Serra da Estrela. Mangorrinha (2012, pp. 156-158), a respeito do PENT, refere que, este, promovia para Portugal, enquanto um destino de comportamento evolutivo na Europa, uma visão estratégica renovada, assente nos aspetos particulares, distintos e inovadores, presentes em território nacional. Segundo o autor, o PENT evidencia o desenvolvimento turístico com base na “qualificação e competitividade da oferta”, impulsionada por uma “excelência ambiental/urbanística”, uma “formação dos recursos humanos”, pela “dinâmica/modernização empresarial das entidades públicas” e por considerar o turismo, enquanto um dos “motores do desenvolvimento social, económico e ambiental, a nível regional e nacional.” Com a criação de PENT, definiram-se, igualmente, dez produtos estratégicos, com “elevado potencial de crescimento”, sendo defendido no plano que: “Portugal dispõe das "matérias primas" – condições climatéricas, recursos naturais e culturais – potenciadoras do desenvolvimento e consolidação de 10 produtos turísticos estratégicos – Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico, City Break, Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico (inclui os Cruzeiros), Saúde e Bem-estar, Golfe, Resorts Integrados e Turismo Residencial, e Gastronomia e Vinhos.” (PENT 2007, p. 63). Todavia, Neto (2013, p. 70), afirma que, apesar do PENT ter apresentado uma visão global do turismo nacional, uma inédita inclusão do domínio regional e um fundamentado tratamento de propostas de “produtos, regiões e mercados”, o plano,

14

regista, “um problema sobretudo político”. Tal facto se deve, genericamente, a uma omissão da evolução do turismo português entre o período de 1990 e 2000, de uma ausência de análise do percurso evolutivo dos países concorrentes, alimentada, ainda, por uma falsa crença, não fundamentada, de que a evolução nacional era “melhor do que os outros” e de uma, igualmente ausente, análise de contexto político, entre o período de 2002 a 2006. Segundo o autor, estes fatores conduziram ao lançamento de “objetivos quantitativos errados”, para o ano de 2015, meta do então PENT (2007). Neto (2013), defende ainda que, em termos práticos, os produtos estratégicos não emergiram do papel, tendo sido concentradas atenções políticas nos grandes projetos de índole imobiliária e com centro em escolhas direcionadas, em detrimento de produtos e regiões vizinhas. Por fim, segundo o autor, o PENT é um “bom documento técnico”, porém pela sua natureza, dotado de “pressupostos políticos errados e objetivos completamente desfasados da realidade; um plano de ação globalmente correto, mas destinado a ficar no papel”. O plano apresentava-se como uma forma de dar “cobertura política, ideológica e institucional, e a facilitar aprovações e a disponibilizar recursos públicos”. (Neto 2013, p. 71). Noutra perspetiva, cujo foco incide nos objetivos do plano, Cunha (2012, p. 549), evidencia que “o futuro do Algarve como destino turístico só se assegurará com a sua renovação mas não se conseguirá com as orientações e medidas preconizadas pelo PENT”, que advogava, enquanto objetivos por região a: “Requalificação com crescimento e valor (aumento de receitas por cliente): Sol e Mar multi-segmentado e estação alargada; Reduzir a sazonalidade potenciando o Golfe e o Turismo de Negócios; Desenvolver zonas image-builders para Sol e Mar; Aumentar diversidade, desenvolvendo outros produtos; Potenciar Resorts Integrados com oferta hoteleira de referência internacional” (PENT 2007, p. 74). Como refere Cunha (2012), persiste uma “linha de continuidade” com o que havia sido feito até então (no passado). Não se percebendo, à data, a saturação do destino. Tal facto pode ser comprovado, sendo este igualmente reforçado por Cunha (2012), pela citação seguidamente apresentada: “O crescimento a curto prazo no Algarve deverá ter como base os produtos Sol e Mar, Golfe e Turismo de Negócios. O produto core Sol 15

e Mar deverá ter uma oferta multi-segmentada e de estação alargada. A aposta no Turismo de Negócios e no Golfe pretende reduzir a sazonalidade. O Algarve possui ainda recursos para oferecer Turismo Náutico, Resorts Integrados e Turismo Residencial, e Saúde e Bem-estar.” (PENT 2007, p. 75). Com a revisão do PENT para o período 2013-2015, o cenário que nos é apresentado pouco se altera. No documento (PENT 2013, p. 37) é possível perceber, enquanto “linhas de atuação” que: 1) em relação ao produto sol e mar, regista-se uma “necessidade de desenvolver as acessibilidades na média estação e para novos mercados no verão, enriquecer a experiência, promover a requalificação das zonas urbanas e colocar o produto no mercado”; 2) no produto golfe, regista-se uma “necessidade de promover a requalificação das zonas envolventes, desenvolver conteúdos e sua disponibilização em canais e colocar o produto no mercado”; 3) no turismo residencial, regista-se uma “necessidade de lançar mecanismos e instrumentos específicos para a consolidação da estrutura financeira das empresas, de reforçar a promoção e comercialização do Algarve como destino de turismo residencial e de disponibilizar na Internet informação sistematizada e orientada para o cliente e de apoio à colocação do produto no mercado.”; 4) no turismo de natureza, regista-se uma “necessidade de desenvolver conteúdos e sua disponibilização em canais, criar diversidade de experiências de passeios a pé, de bicicleta ou a cavalo, criar conteúdos e sua disponibilização em canais, especializar o serviço/experiência, e desenvolver boas práticas de sustentabilidade em toda a cadeia de valor do produto observação de aves.”; 5) no turismo náutico, regista-se uma “necessidade de sensibilizar os serviços de estrangeiros e fronteiras e capitanias para continuar e incrementar a aposta na normalização e agilização dos procedimentos, promover a oferta das marinas e portos de recreio em função dos postos de amarração disponíveis, sensibilizar os municípios para a qualidade e boas condições de acesso às praias, divulgar os eventos internacionais e promover a oferta de surfing.”;

16

6) no turismo de negócios, regista-se uma “necessidade de desenvolver infraestruturas até 3 mil pessoas e equipamentos complementares, desenvolver serviços especializados e prospetar e colocar o produto no mercado.”; 7) no turismo de saúde, “designadamente a nível do turismo médico, verificase a necessidade de desenvolver e reforçar a estruturação de ofertas de serviços médicos integrados nos serviços turísticos e promover a sua colocação no mercado. Nas vertentes do bem-estar (spa e talassoterapia), verifica-se a necessidade de desenvolver conteúdos para disponibilização em canais e densificar a diversidade de experiências colocadas à disposição dos clientes.”; 8) nos circuitos turísticos religiosos e culturais, regista-se uma “necessidade de colocar os recursos georreferenciados em valor, desenvolver conteúdos e informação para o cliente, e incentivar e diversificar as experiências.”; 9) com relação ao produto gastronomia e vinhos, regista-se uma “necessidade de densificar atividades, desenvolver conteúdos e experiências, nomeadamente com a integração de produtos locais na operação das unidades turísticas, e integrar a oferta em plataformas de promoção e comercialização.” A interpretação destas linhas programáticas conduz à ideia de que o PENT (2013), centra as suas atenções, resumidamente, na criação de acessibilidades, na requalificação dos espaços e na implementação de produtos, estando estes em fase de “desenvolvimento” ou a “complementar”. Sendo referida a necessidade de adaptação aos canais e a criação de experiências, permanece omissa a sua aplicação prática, na região. Verificam-se “necessidades”, não sendo apresentado, contudo, um plano de ação, com realismo territorial, para o cumprimento destas. Essa ausência de um plano de ação, pode ainda, de acordo com o que foi apresentado até ao momento, conduzir a que propostas de “requalificação das zonas urbanas” e “requalificação das zonas envolventes” não tomem forma. Por outro lado, estas propostas, apresentam-se, em certa medida, como uma tentativa de recuperar o processo de estagnação que, todavia, não é referido no plano, visto que, à semelhança do que havia sido apresentado no PENT (2007), o PENT (2013, p. 14) reforça a sua posição, em relação ao

17

produto sol e mar, identificando que se encontra “subjacente a resistência do produto à situação económica, prevendo-se a manutenção do seu crescimento nos próximos anos.” No final do documento (PENT 2013, pp. 48-70) são apresentados os oito programas de desenvolvimento para condução da estratégia de âmbito nacional, estando integrados nesses programas, quarenta projetos onde figura o seu mercado e atividades a desenvolver. No gráfico de prioridades de implementação dos programas, destacam-se a capacitação financeira e modernização, a promoção e vendas e as plataformas e canais de distribuição. Dirigidos e/ou integrando a região do Algarve, apresentam-se os projetos número 4, 8, 11, 14, 15 e 23. Deste modo, o projeto número 4, refere-se à necessidade de implementação de “um programa de marketing dirigido aos agentes que organizam e distribuem o produto no mercado”. Por sua vez, o projeto número 8, relacionado com o produto sol e mar, propõem a “revitalização do Algarve para torná-lo num destino de excelência de sol e mar”, referindo igualmente, enquanto atividade a desenvolver, a necessidade de “assegurar, em sede dos instrumentos de gestão territorial (IGT), a qualidade das áreas envolventes aos empreendimentos turísticos, da rede rodoviária e das zonas urbanas”. O projeto número 11, aponta como objetivo o incentivo da “instalação de centros de congressos com capacidade superior à atualmente existente, em particular no Algarve”. O projeto número 14, refere-se à implementação da oferta de atividades náuticas, tendo enquanto uma das atividades prevista no projeto, a estimulação do “desenvolvimento da fileira de atividades náuticas no respeito pela capacidade de carga e proteção da orla costeira”. O projeto número 15, refere-se à promoção da oferta e do acesso à informação com relação ao turismo residencial, destacando o PENT (2013, p. 56), como fundamento, a existência de “uma vasta oferta de turismo residencial em Portugal, com destaque para o Algarve”, nomeadamente, no ato de simplificação dos incentivos fiscais para não residentes, na “concessão de autorização de residência”, na disponibilização de informação e no desenvolvimento de um “plano de promoção do turismo residencial”. Por fim, o projeto número 23, visa o reforço da competitividade do destino Algarve, sendo que, enquanto fundamento, apresenta-se a necessidade de:

18

“atuar ao nível da (i) eliminação dos constrangimentos na acessibilidade aérea e rodoviária; da (ii) estruturação da capacidade financeira das empresas; da (iii) formação de recursos humanos; da (iv) fidelização de clientes; do (v) reforço da satisfação da estada através do enriquecimento e diversificação da oferta; da (vi) requalificação dos espaços públicos; e da (vii) da promoção e comercialização do destino.” (PENT 2013, p. 61). O projeto defende, ainda, o posicionamento do “Algarve como um destino turístico de excelência e com capacidade para acolher os segmentos sénior e com mobilidade reduzida.”, sendo referido, de entre outros aspetos a implementar, uma “especial atenção à promoção do turismo residencial e à estruturação do turismo de saúde”. Tal conceito é questionado por Cunha (2012), referindo-se ao turismo residencial, em tom crítico, suportado pela ideia de que, este, visa uma “aposta de um Algarve transformado em “asilo” de reformados, e os algarvios residentes transformados em seus servidores, como mulheres-a-dias, jardineiros e pouco mais” Cunha (2012, p. 531). Importa, deste modo, ter consciência de que, se se pretende alterar o contexto de estagnação de um destino, adaptando essa noção ao destino Algarve, é necessário empreender uma nova dinâmica de “rejuvenescimento” daquilo que representa o território, na sua relação com o turismo (Butler, 2012; Cunha 2011, 2012; Hall e Williams, 2008). Conforme defende Cunha (2012), trata-se pois, da urgência de um inovador olhar aos produtos a serem oferecidos e aos denominadores de atração, no (re)tratamento da imagem, novas abordagens nos processos de comunicação e marketing, ajuste no posicionamento do destino e uma necessária implementação de ordenamento e reabilitação dos espaços. Parte desse exercício de repensar o Algarve, deverá ser suportado por uma preocupação constante na procura pela diversificação de produtos e na busca pela sua autenticidade. A identidade cultural dos espaços/destinos e a procura pela manutenção da autenticidade destes, atuam enquanto agentes impulsionadores da atratividade (Cunha, 2012).

19

3. Concetualização de planeamento e a relação com o turismo O planeamento pode ser “entendido como um processo de análise (do passado e do presente) de antecipação ao futuro, de programação, de acção/execução, de controlo, de correcção e de avaliação dos resultados” (Reigado 2000, p. 48). Deste modo, com base na posição do autor, torna-se possível identificar o planeamento, enquanto um processo contínuo no tempo, com foco nas realizações do passado, de operacionalização e implementação num tempo presente e de antevisão futurística, sob o ponto de vista da sua estruturação. Num contexto semelhante, Vieira (2007, p. 31) reforça a ideia de que “o planeamento é um processo que visa o futuro”. Defende o autor que, o planeamento deve resultar de uma dinâmica participativa, de uma responsabilização dos atores intervenientes e, acima de tudo, enquanto processo de desenvolvimento do país, sendo que, os benefícios resultantes, deverão ser colhidos por todos. A este respeito, alude Vieira (2007, p. 32) que “o desenvolvimento é um desígnio colectivo”. Conceito que o autor explora, salientando que o papel do planeamento deve: “alargar-se a todas as dimensões da sociedade, de forma a cobrir as infra-estruturas sociais, os meios de transporte, o sistema educativo e outros aspectos da organização da sociedade que têm utilização conjunta pelos turistas e pelos residentes nas comunidades de acolhimento. Só assim é possível potenciar os benefícios do turismo e orientá-los prioritariamente a favor dessas comunidades” (Vieira 2007, p. 33). Williams (1998), por sua vez, acrescenta que o planeamento é um processo que visa a antecipação de cenários e, resultante destes, a procura pelas soluções mais favoráveis e potenciadoras de resultados, passíveis de serem calculados previamente. Já para McCabe, Poole, Weeks e Leiper (2000) a noção de planeamento remete para o conceito de direção. Na visão dos autores, planeamento refere-se a um processo conducente a um determinado caminho, contribuindo este no sentido de nos indicar os passos para lá chegar, promovendo o estabelecimento de um enquadramento temporal das atividades a desenvolver e o seu grau de importância com relação ao momento presente. 20

Diretamente abordando o planeamento turístico, Hall (2000) refere que o turismo deve ser integrado como um todo no planeamento e, não apenas numa perspetiva de promoção ou desenvolvimento. Na verdade, é justamente pela dimensão transversal do turismo que, este, necessita de ser integrado no planeamento, contribuindo para a definição do caminho e cumprimento dos objetivos de desenvolvimento económico, social e ambiental. Deste modo, o turismo deve ser, segundo Hall (2000, p. 15) citando Getz10 (1987, p. 3): “um processo baseado na investigação e avaliação, que visa otimizar o contributo potencial do turismo para o bem-estar humano e para a qualidade ambiental” (tradução do próprio). Assim, o autor defende que o planeamento contribui para a criação de abordagens turísticas mais sustentáveis, visto que, através dele é promovido um equilíbrio entre as referidas dimensões sociais, económicas e ambientais, o que resulta em benefícios para os atores intervenientes na indústria, investidores e para a comunidade em geral. Hall (2000) e Veal (1994) acrescentam ainda que, o planeamento, é um processo que nos permite, com base numa determinada realidade, efetuar escolhas e decisões de forma sistematizada. Este princípio alude para uma noção de consistência na abordagem dos temas afetos a este. Todavia, as definições de planeamento não são isentas de críticas. Neste sentido, advertem Gunn e Var (2002) que, por um lado, o planeamento, tem sido apresentado como: 1) um elemento negativo na comunidade investidora,

particularmente,

enquanto

ferramenta

burocrática

do

poder

governamental; 2) a concretização de um trabalho de elites de planeadores; 3) uma concretização teórica cuja aplicação prática não tem sido levada a cabo. Este cenário, segundo estes autores, levou a uma descredibilização do planeamento e a uma resistência, por parte da comunidade geral, à implementação dos conceitos. Por outro lado, Gunn e Var (2002) defendem ainda que o planeamento turístico tem sido influenciado pelo planeamento territorial a uma escala rural e urbana, sendo que, os processos adaptados a essa realidade deverão sê-lo também ao planeamento 10

Getz, D. (1987). Tourism Planning and Research: Traditions, Models and Futures, artigo apresentado em The Australian Travel Research Workshop, Bunbury, Western Australia, 5-6 Novembro.

21

turístico. A este respeito, Gunn e Var (2002, pp. 7-8) destacam, como processo de condução do planeamento turístico (e interação entre os diferentes olhares e intervenientes): 1) a necessidade de acordo prévio num processo a ser seguido pelos intervenientes, a criação de um levantamento de recursos e um estudo referentes às mudanças que operam no terreno; 2) a necessidade de criação conjunta, de uma visão de futuro desejável; 3) a escolha de estratégias e sua consequente implementação. Deste modo e ultimando com uma análise sintética do conceito de planeamento à escala regional e urbana, para Hall (2002), este, pode ter uma natureza espacial ou física, utilizando como recurso os métodos e ferramentas usuais do planeamento, no sentido de ser idealizado um projeto que terá, após tratamento, uma aplicação física no espaço. Por outro lado, Glasson e Marshall (2007), focando-se no planeamento regional, salientam que este se refere ao controlo, condução ou gestão do uso do solo e das demais alterações físicas manifestadas no terreno. Contudo, advertem os autores que, quando olhado num tempo presente, o planeamento de âmbito regional deverá ser considerado/integrado avaliando as alterações de natureza económica, social e ambiental.

22

4. Autenticidade, imagem e inovação Diversas abordagens têm sido desenvolvidas em torno da autenticidade, entre as quais se destacam, a título exemplificativo os estudos de Boorstin (1964), Chhabra, Healy e Sills (2003), Cohen (1988), Hughes (1995), Kim e Jamal (2007), MacCannell (1973), May (1996), Olsen (2002), Pearce e Moscardo (1986), Redfoot (1984), Steiner e Reisinger (2006), Taylor (2001), Wang (1999), Yeoman, Brass e McMahon-Beattie (2007) e Zhu (2012). Para Boorstin (1964), a experiência turística e a autenticidade eram trivializadas, surgindo enquanto consequência de uma homogeneização daquilo que era vivenciado, por via de uma “mercantilização” do próprio turismo. Por sua vez, MacCannell (1973) e Taylor (2001) associam a procura pela autenticidade que, sendo recriada (deste modo, não sendo original), se apresenta enquanto um estado sentimental. Para MacCannell (1973) a “autenticidade encenada”, torna o turista uma vítima da recriação, na sua busca pela autenticidade. Noutro sentido, Taylor (2001) transmite que, a autenticidade, resulta da busca por um certo grau de nostalgia, a procura de uma envolvente e das raízes dos indivíduos, alimentada pela incerteza do presente e do futuro. Essa mesma abordagem é explorada por Chhabra, Healy e Sills (2003). Por sua vez, Cohen (1988), defende o conceito de “autenticidade emergente”, segundo o qual, uma vivência ou um produto se concretiza ou torna real, em função da sua própria exploração/existência. Yeoman, Brass e McMahon-Beattie (2007) e Wang (1999), destacam, ainda, a tendência emergente, por parte dos turistas, na procura por experiências verdadeiras e, consequentemente, o não interesse por cenários recriados, entenda-se, para o efeito, enquanto “falsificações” ou “imitações”. Por outro lado, é defendido por Hughes (1995) e Wang (1999) a busca por uma “autenticidade existencial”, com relação aos próprios indivíduos, conceito igualmente explorado nos estudos de Kim e Jamal (2007) e de Steiner e Reisinger (2006). Ora, essa procura de autenticidade e, genericamente, a rejeição da “imitação”,

23

sendo uma tendência na motivação dos turistas, obriga a uma reflexão sobre a relação entre os turistas e os motivos de atração, no caso particular do presente estudo, os espaços e as infraestruturas de suporte à estadia destes. A este respeito, o estudo de Sedmak e Mihalič (2008), referindo-se a Agarwal (2002), alerta para um desajuste de oferta “autêntica” em resorts que tenham atingido o estado de maturidade ou pós-maturidade na Europa. Deste modo, Sedmak e Mihalič (2008), defendem que, a autenticidade, é um fator importante para os turistas e destinos: em primeiro lugar porque, a procura de não alienação, motiva as pessoas em busca de novas experiências (conceito igualmente defendido por Cohen (1988)); em segundo lugar porque, de acordo com as metamorfoses nas motivações e interesses dos turistas europeus, encontra-se presente o desejo de autenticidade dos locais que são visitados; em terceiro lugar porque, a integração de produtos autênticos promove a preservação dos valores culturais, estéticos e ambientais (conceito igualmente defendido por Cohen (1988)). Consideram Sedmak e Mihalič (2008) no seu estudo que, os resorts, assumiram uma posição de conceção de características não representativas das áreas locais e culturais, tendo importado modelos de atração fora nesses núcleos. Estes processos e as suas consequências, para além de criarem produtos desadequados face à realidade envolvente, fazem-no massivamente e de forma estandardizada. O resultado dessa ação é a obliteração dos modos de vida tradicionais e da herança local. Sendo a autenticidade perdida por conta de uma afirmação do desenvolvimento turístico, torna-se árduo o processo de reversão deste cenário. Tal acontecimento pode originar, como salientam os autores, a que, num futuro, a quantidade de resorts turísticos autênticos seja reduzida. São as causas acima referidas, acrescidas dos fatores enunciados por Agarwal (2002), nomeadamente: 1) a ampliação das condições competitivas11 (decorrentes das alterações no mercado); 2) a corrida pela conquista de capital (alimentada pelos processos de globalização e internacionalização, geradores de novos destinos); 3) as 11

Com relação à competição, Hall e Williams (2008) defendem-na enquanto força motriz, sendo uma realidade de peso na indústria turística, essencialmente, porque o seu desenvolvimento permite adquirir vantagens competitivas em relação à concorrência.

24

alterações ocorridas na procura (ampliando a individualidade do turista e permitindo uma maior atenção às suas preferências e customização dos produtos); 4) alterações nos sistemas de produção (particularmente com o aumento de popularidade de novos destinos urbanos e rurais); 5) um aumento da flexibilidade de produção (muito por conta das novas tecnologias que permitem agilizar os processos de customização dos serviços) e, por outro lado, de acordo com os fatores enunciados por Sedmak e Mihalič (2008), nomeadamente: 1) a perda de margens de lucro, fruto da carência de originalidade e qualidade dos produtos; 2) a degradação ecológica; 3) a imagem negativa dos destinos; 4) a condução de políticas não sustentáveis por parte dos detentores de capital e dos operadores intervenientes; que aceleraram o processo de maturação, pós-maturação e declínio dos destinos europeus, situação à qual, o Algarve, não é exceção. Sumariamente, efetuando uma análise da relação entre a imagem e a autenticidade dos destinos, Neto (2013), afirma que, o Algarve, não se destaca significativamente de outros destinos da faixa mediterrânica. Na verdade, o autor considera que este se edificou à sua semelhança, sendo que “Hoje temos à nossa frente o resultado (…) Nada de original: muito parecido, mas não tão grave, com outras conhecidas zonas turísticas do Mediterrâneo e do planeta” (Neto 2013, p. 111). Referindo-se a essa carência de originalidade, defende o autor que, o Algarve, viveu um primeiro momento, marcado por um processo de implantação das primeiras unidades hoteleiras, seguido de uma concentração de apartamentos nas áreas limites da zona costeira; um segundo momento, caracterizado pelo aparecimento dos aldeamentos turísticos, hotéis, hotéis-apartamento, golfe e apartamentos e, por ora, num terceiro momento onde se regista o aparecimento de mais marcas internacionais, hotéis resort com as valências de golf e de turismo residencial. Sob o ponto de vista da imagem, da identidade e da marca, Cunha (2012, p. 547) salienta que, face a destinos “sobrecarregados e obsoletos” e atendendo a que, o Algarve é um “conjunto de destinos”, estas três dimensões enunciadas saem prejudicadas, visto que, as experiências negativas que possam ser vivenciadas pelos turistas, assumem um impacto global por todo o território. Justamente por esta razão, e pelo facto do Algarve ser uma “marca consolidada” torna-se necessário reconsiderar

25

a abordagem no marketing/promoção do Algarve. Porém, numa perspetiva de coerência da comercialização do destino Portugal e com relação à imagem percebida deste, Neto (2013, p. 121), adverte que o país “acabou por não ter uma imagem coerente consolidada e também por isso estagnou e até caiu na receção de turistas estrangeiros”. Defende ainda o autor que, a imagem do país, necessita de ser modernizada mas, sem “renunciar à sua identidade mediterrânica e atlântica, ao seu património histórico e cultural, às suas tradições e raízes e a tudo o que o diferencia dos outros países”, prosseguindo e reforçando que, em relação à afirmação anterior e sob o ponto de vista dos aspetos diferenciadores do destino Portugal, “Há quem não tenha percebido que é por este conjunto de valores e diferenças que milhões de pessoas nos visitam todos os anos, preferindo-nos e preterindo outros”. (Neto 2013, p. 124). Face às perspetivas apresentadas e o reforço da afirmação de Cunha (2003, p. 105), onde é referido que a: “crescente perda de importância do produto sol e mar no turismo europeu, a preferência por destinos mais longínquos, a diminuição da permanência média, associada à repartição das férias, a preocupação com os valores da natureza, da cultura e do bem-estar pessoal são o resultado de mudanças recentes a que o Algarve tem dificuldades crescentes em dar resposta” Cunha (2003, p. 105). E, por outro lado, afirmando que: “as concepções relativas ao desenvolvimento turístico mudaram profundamente, os comportamentos dos consumidores alteraram-se e os mercados e a sua organização evoluíram num sentido diferente do do passado” (Cunha 2003, p. 105). É evidenciado, com relação ao Algarve, a necessidade de implementação de estratégias, no sentido de inverter o processo de estagnação do destino, promovendo o seu rejuvenescimento (Cunha, 2011, 2012), (conceito defendido por Agarwal (2002), contudo, em sentido lato), repensando a sua abordagem e (re)posicionamento (Cunha 2003, 2011, 2012), (conceito defendido por Agarwal (2002) e Kozak e Martin (2012), contudo, em sentido lato). A inovação apresenta-se, assim, enquanto caminho para esse necessário

26

processo de rejuvenescimento ou renovação (Butler, 2012; Cunha 2011, 2012; Hall e Williams, 2008). Camisón e Monfort-Mir (2012), Hagedoorn (1996) e Hjalager (2010), destacam Schumpeter12 (1934), enquanto o autor responsável pela criação dos princípios clássicos da teoria da inovação. Deste modo, defendem Camisón e Monfort-Mir (2012), retratando o conceito desenvolvido por Schumpeter (1934), afirmando que: “inovação, entendida como performance, é o resultado visível da habilidade de gerar conhecimento e a sua utilização, combinação e síntese para a introdução de produtos, processos, mercados, ou novos tipos de organizações ou substancialmente melhorar as existentes.” Camisón e Monfort-Mir (2012, p. 777), (tradução do próprio). Hagedoorn (1996, p. 892) salienta que, de acordo com a teoria de Schumpeter (1934), é justamente com a introdução de novos processos e produtos que a competição se transforma no mercado, independentemente de se tratar de um processo a uma dimensão nacional ou internacional. Deste modo, são resultantes dessa ação, efeitos numa escala temporal de curto e longo prazo, benéficos sob o ponto de vista do desenvolvimento/alargamento económico e com impacto sentido nos consumidores, nas empresas e nos países. Por outro lado, Hjalager (2010), igualmente baseada nos princípios de Schumpeter (1934), estrutura a inovação em cinco categorias: 1) inovações de produtos ou serviços (com relação às dimensões de direto impacto nos consumidores e apresentadas enquanto novidades); 2) inovações no processo (visando incidir em melhorias de eficiência, produtividade e nos fluxos internos dos processos de conceção, nomeadamente, pela reestruturação tecnológica dos meios); 3) inovações organizacionais (sob o ponto de vista dos mecanismos internos das empresas e em relação aos seus recursos humanos); 4) inovações de gestão (visando o desenvolvimento de novos processos de marketing, incluindo a prospeção de novos mercados. Contudo, Hjalager (2010) defende que, estas estratégias, poderão não ser consideradas enquanto inovação, tal pressuposto é aplicável quando estejamos a falar 12

Schumpeter, J. A. (1934). The theory of economic development. Cambridge, MA: Harvard University Press.

27

de casos onde é inexistente um real desenvolvimento de novos conceitos); 5) inovações institucionais (referindo-se a exercícios de trabalho colaborativo, criação de redes/sinergias, reestruturação organizativa ou alternativos enquadramentos legais, que visem o desenvolvimento de determinada atividade de natureza turística). Porém, de acordo com Cunha (2011), os fatores anteriormente enunciados, por si só, poderão não garantir a reorientação de um destino maduro fragilizado. Deste modo, salienta o autor a importância de ter presente que, a inovação em turismo, pode ocorrer em múltiplas facetas do produto e do próprio fenómeno turístico: do contexto físico, aos meios de transporte e alojamento, das manifestações culturais, à formulação de produtos, na introdução de novas tecnologias e na aplicação de técnicas de marketing. Contudo, reforça Cunha (2011, p. 23) que, atendendo a um destino estagnado, o ato de “inovação tem que ser o próprio destino”, sendo necessário, para o efeito, renovar ou introduzir novos “fatores de atração”, que permitam reajustar a realidade presente do destino às motivações dos visitantes, por exemplo, captando novos segmentos de mercado, conquistando a sua satisfação e impulsionando a sua “experiência”. Trata-se, portanto de uma necessidade de reposicionamento, como referem Kozak e Martin (2012, p. 189): “um destino precisa de reinventar-se a si próprio literal ou figurativamente (…) reposicionar um destino significa focar na melhor estratégia global no sentido de melhorar a imagem do destino e satisfazer o segmento do turista que providenciar a melhores oportunidades de crescimento sustentável.” Kozak e Martin (2012, p. 189), (tradução do próprio). Em

suma,

a

inovação

deverá

ser

o

mecanismo

conducente

ao

reequacionamento dos destinos que enfrentem necessidades de “rejuvenescimento” ou “renovação” (Butler, 2012; Cunha 2011, 2012; Hall e Williams, 2008). Sendo o próprio destino e a inovação no turismo, uma forma de promover inovação e consequentes desenvolvimentos operacionais na envolvente (entenda-se empresas, realidade política e governamental) (Cunha, 2011).

28

5. Metodologia Metodologicamente, no presente estudo, foi efetuada uma revisão de literatura e consequente estudo de caso, numa abordagem não experimental, por via de método descritivo e com recurso a fontes secundárias (Quivy, 2008; Veal, 2006; Yin, 2009). Neste contexto, a escolha de fontes secundárias justifica-se: 1) pelo fundamento e natureza intrínseca do estudo; 2) pela relevância dos conteúdos presentes; 3) pela natureza descritiva e exploratória do estudo; 4) pelas limitações físicas e temporais de um processo de recolha de dados primários (Quivy, 2008; Veal, 2006). Importa referir que, tratando-se de um estudo de caso, cuja abrangência pressupõe dimensões metodológicas quantitativas e qualitativas, o presente estudo foi, contudo, desenvolvido somente numa base metodológica qualitativa. Sob o ponto de vista da análise do planeamento turístico e territorial e numa perspetiva, também ela, de análise da promoção/representação do destino Algarve, justifica-se a escolha de brochuras turísticas, atendendo a que: 1) Com relação às brochuras, estas: a. Representam um importante motor de divulgação e promoção dos destinos e das organizações/entidades (Andereck, 2005; Bendito e Ramírez, 2011; Molina e Esteban, 2006); b. Assumem um papel relevante na formação da imagem do destino (Beerli e Martin, 2004; Crompton, 1979; Echtner e Ritchie, 2003; Gartner, 1993; Molina e Esteban, 2006); c. Apresentam-se, pela sua influência, relevantes na escolha do destino (Andereck, 2002; Beerli e Martin, 2004; Feinstein e Stefanelli, 2002; Hsu e Powers, 2002; Molina e Esteban, 2006; Sirakaya e Woodside, 2005; Wicks e Schuett, 1991; Woodside e Dubelaar, 2002); 2) Com relação à imagem, esta: a. Contribui para a idealização do destino, sendo que, esta, resulta das

29

considerações, referências e conceptualização particular do próprio destino e da informação disponível (Albu, 2013; Andereck, 2005; Hollow, Humphreys e Davidson, 2009; Kotler e Gertner, 2002; Molina e Esteban, 2006; Moutinho, 2000; Murray, 1991); b. Contribui para o sucesso de um destino, atendendo a que, este, depende da imagem criada por quem se relaciona com ele (Ritchie e Crouch, 2003); c. Revela-se fulcral na tomada de decisão por parte do turista (Baloglu e McCleary, 1999; Echtner e Ritchie, 2003; Gartner, 1993; Wicks e Schuett, 1991). A presente proposta, tem como objeto de estudo as imagens veiculadas, nas brochuras afetas ao mercado emissor do Reino Unido, responsáveis pela promoção do destino Portugal, enquanto mercado recetor, no período compreendido entre 2014 e 2015. A escolha das imagens representadas resulta, deste modo, da análise do relatório datado de 15 de maio de 2014, da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido, (CAA - Civil Aviation Authority), referente às entidades possuidores de licenças ATOL (Air Travel Organiser's Licence). No documento, são destacados, enquanto lugares cimeiros no ranking de vendas, as entidades: Tui/Thomson, Thomas Cook e Jet2holidays, primeiro, segundo e terceiro lugares, respetivamente. Deste modo, procedeu-se a uma análise prévia de conteúdo das brochuras dos referidos operadores, nas quais, o destino Portugal estivesse presente, tendo sido analisadas as seguintes fontes documentais (por ordem alfabética): 

Jet2holidays “Family Holidays” (edição maio de 2015, período de verão 2015);



Jet2holidays “Indulgent Escapes” (edição dezembro de 2014, período de inverno 2014/2015 e verão de 2014);



Jet2holidays “On Tour” (edição dezembro 2013, período de verão de 2014);



Jet2holidays “Summer Holidays” (edição maio 2015, período de verão 2015);



Thomas Cook “Holidays in the Sun” (pré-edição, período entre novembro

30

2014 e outubro 2015); 

Thomas Cook “Spain & Portugal” (edição 2014, período entre abril 2014 e abril 2015);



Thomas Cook “Style Collection” (edição 2014, período entre abril 2014 e abril 2015);



TUI/Thomson “Spain, Portugal & Cape Verde” (edição de dezembro, período entre maio 2014 e abril 2015);



TUI/Thomson “Summer Collection” (edição de abril, período entre abril 2014 e outubro 2014);



TUI/Thomson “Summer Collection” (edição de abril, período entre abril 2015 e outubro 2015);

Resultou da análise prévia que, os operadores Tui/Thomson e Thomas Cook, centram o tratamento de imagem das unidades hoteleiras e conjuntos turísticos promovidos, em planos visuais restritos, focados estritamente nas condições técnicas dos empreendimentos turísticos. Assim, nas brochuras dos referidos operadores, não são apresentadas imagens de contexto global, referentes à implantação dos empreendimentos, num panorama visual que permita uma avaliação à luz do planeamento espacial e turístico. Face a esta situação e pelo cumprimento dos requisitos de análise, optou-se por recorrer à avaliação das imagens presentes nas brochuras do operador Jet2holidays, terceiro lugar no ranking de vendas ATOL (Air Travel Organiser's Licence), segundo a CAA (Civil Aviation Authority, 2014). Deste modo, as imagens selecionadas encontram-se presentes nas brochuras: 

“Vidamar Algarve Hotel – Albufeira” em Jet2holidays “Family Holidays” (edição maio de 2015, período de verão 2015), p. 61;



“Tivoli Marina – Vilamoura” em Jet2holidays “Indulgent Escapes” (edição dezembro de 2014, período de inverno 2014/2015 e verão de 2014), p. 47;



“Pestana Dom João II – Alvor” em Jet2holidays “Summer Holidays” (edição maio 2015, período de verão 2015), p. 221;

Eleitas as imagens de base para o estudo, procedeu-se a uma análise de conteúdos das mesmas, à luz do planeamento turístico e territorial, consubstanciada

31

pela legislação aplicável (Decreto-lei n.º 309/93 de 2 de setembro, referente ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira), nas zonas de implantação dos empreendimentos turísticos. Acresce, ainda, o recurso a imagens de satélite, em vista aérea panorâmica, no sentido de serem avaliadas as alterações introduzidas no terreno. Para o efeito, enquanto processo, foi utilizada a aplicação Google Earth e Google Maps, no sentido de serem recolhidas as referidas imagens. Por outro lado, para efeitos comparativos, optou-se pela implementação de um intervalo temporal, em função da disponibilidade da própria aplicação, tendo sido recolhidas imagens referentes ao ano de 2007 e 2011, sendo estas, correspondentes às últimas atualizações disponíveis nas aplicações.

32

6. Representações imagéticas do destino O presente capítulo tem como objetivo a interpretação das representações imagéticas, entendam-se, as imagens veiculadas pelas brochuras turísticas, de acordo com o objetivos do estudo, à luz do planeamento turístico/espacial. Para o efeito, são analisadas as imagens no tempo presente, com relação ao Decreto-lei n.º 309/93 de 2 de setembro, referente ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Neste sentido, é importante reforçar o facto de que, o Hotel Tivoli Vilamoura e algumas edificações em torno da unidade, terem a sua data de edificação em período anterior ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Por sua vez, os restantes empreendimentos considerados, são posteriores à implementação do enquadramento legal vigente. Hotel Tivoli Marina – Vilamoura (data de construção: 1987; renovação: 2002) 

Decorrente de uma análise inicial da figura 1 e com base na figura 12, é possível identificar uma híper concentração de empreendimentos turísticos, na sua maioria (no grande plano), unidades hoteleiras e apartamentos turísticos, que se estendem por toda a linha costeira;



Dentro da área representada pelo círculo a vermelho, presente na figura 12, com raio aproximado de 600 metros, centro na marina de Vilamoura e respetivo Hotel Tivoli Marina, é possível identificar uma concentração total de 24 empreendimentos turísticos. O que representa 24 unidades por 1,13km2;



Os limites de construção dos empreendimentos e seus respetivos acessos não respeitam o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), atendendo a que, por definição, o conceito de orla costeira se refere ao espaço territorial, com uma largura máxima de 500 metros, contado dos limites das águas territoriais para terra e até ao limite da batimétrica dos 30 metros, abrangendo, ainda assim, o domínio público marítimo e privado (Ministério do Ambiente, do Ordenamento

do Território e do

Desenvolvimento Regional, 2007; Vieira, 2007), estando integrada nesse espaço a zona terrestre de proteção, entendida entre o limite da linha de

33

costa13 até aos 500 metros do solo. A este respeito, a legislação prevê a limitação de edificação nesse espaço. Partindo da redação do Decreto-lei n.º 309/93 de 2 de setembro, referente à regulamentação dos “critérios de atribuição de uso privativo de parcelas de terrenos do domínio público marítimo destinadas à implantação de infra-estruturas e equipamentos de apoio à utilização das praias”, identifica-se, enquanto medidas de defesa costeira, integrantes do anexo II do referido documento que: Em relação à ocupação do solo (deve ser garantido): 

Restrição de ocupação e afastamento da linha de costa;



Ocupação do solo em aglomerados já existentes;



Ocupação junto ao litoral em “cunha”, alargando da costa para o interior;



Existência de zonas livres de construção (naturais/agrícolas), entre as áreas urbanizadas;



Proibição de construção em zonas de drenagem, erosão ou outras que configurem risco;

Em relação aos acessos (deve ser garantido): 

Inexistência de estradas paralelas à costa até ao limite de 2km;



Acesso ao litoral por vias perpendiculares;



Existência de parques de estacionamento dimensionados e em zonas de clareira;



Circulação em dunas estritamente pedonal;

Em relação às infraestruturas (deve ser garantido): 

Os sistemas de abastecimento de águas, eletricidade, saneamento e telecomunicações por via subterrânea;

Em relação a construções e espaços verdes (deve ser garantido): 

Integração na paisagem natural e nas características regionais;



Densidade de ocupação em decrescimento com a aproximação da linha de

13

Segundo Vieira (2007, p. 189), linha de costa refere-se à “linha de separação entre a zona terrestes de proteção e a margem”.

34

costa; 

A altura das edificações não deverá ultrapassar a cota média da rua ou quarteirão;



Além dos aglomerados urbanos, o limite em altura corresponde a dois pisos, salvo exceções enquadradas na lei;



A vegetação existente deverá ser característica da envolvente;

Mediante a interpretação dos pressupostos apresentados, definidos por lei e a análise das figuras 1, 4, 5, 6, 7 e 12, é possível constatar que a grande maioria destes não se encontra patente nas imagens, deste modo: 

Sob o ponto de vista da ocupação do solo, não se encontra aplicada a restrição ou o afastamento da linha de costa, aliás, por via de medição através do software Google Earth, é possível verificar que a zona de proteção terrestre não é respeitada, existindo construções que distam aproximadamente 70 a 100 metros da margem;



A construção em “cunha” não se verifica, à exceção da zona de entrada na marina, as restantes construções encontram-se implantadas numa teia irregular;



A existência de zonas livres de construção encontra-se implementada, contudo, diminuta, surgindo de forma heterogénea a partir de uma faixa de aproximadamente 500 metros da linha de costa;



Situações de construção em zonas de risco não podem ser avaliadas, tendo em conta que, para o efeito, seria necessário um conhecimento mais profundo do terreno;



Em relação aos acessos, verifica-se a existência de vias perpendiculares ao litoral e, ao contrário do que é defendido por lei, é possível identificar, igualmente, a existência de acessos paralelos à costa;



As zonas de parqueamento, os acessos pedonais em dunas e as infraestruturas não são claramente visíveis, pelo que, não foram considerados na avaliação;



Relativamente às construções e espaços verdes, é questionável a integração na paisagem natural e nas caraterísticas regionais, acima de tudo, pelo facto 35

de estarem presentes grupos hoteleiros de relevância internacional, com códigos de imagem e linhas arquiteturais, também elas, internacionais. A densidade de ocupação, em decrescimento com a aproximação da linha de costa, não se verifica, pelo contrário e a altura das edificações, especialmente visível na figura 1, denota profundas divergências de edifício para edifício, coabitando num mesmo espetro visual, imóveis com 9 andares (o caso do Tivoli Marina) e imóveis de muito menor dimensão, nomeadamente, em piso térreo; 

Pela inexistência de imagem de pormenor, a análise à vegetação não foi considerada;

Evolução 2007/2011 

Analisando conjuntamente as figuras 4 e 5 e as figuras 6 e 7, do ponto de vista da evolução temporal, com consequência ao nível do espaço físico, é percetível (encontrando-se identificadas com as setas a amarelo) a ampliação de zonas de edificação já existentes, especialmente na zona de proteção terreste;



Destaca-se a figura 7, em comparação com a figura 6, onde podem ser observados os efeitos da erosão costeira, especialmente, por via do recuo da linha de costa, destacado com as setas a vermelho. Por outro lado, é igualmente percetível nas figuras 6 e 7, especialmente junto a Quarteira (do lado direito), a alteração do ângulo dos esporões convencionais14;

Hotel Pestana Dom João II – Alvor (data de construção: 2005) 

Decorrente de uma análise inicial da figura 2 e com base na figura 8 e 9, é possível identificar uma concentração de empreendimentos turísticos, cuja tipologia remete para um conjunto turístico (ou resort), incluindo apartamentos e vivendas independentes, que estende pela linha costeira, numa área bruta aproximada de 88000m2;

14

Segundo Vieira (2007, p. 190) referem-se a “obra hidráulica de defesa costeira constituída por enrocamento emerso, tendencialmente linear, e com desenvolvimento e partir da linha de costa, perpendicular ou oblíquo em relação a esta”

36



A figura 2, que nos apresenta o contexto de implantação do conjunto turístico, permite evidenciar que este foi propositadamente edificado na zona de proteção terrestre;

À semelhança do exemplo anterior, mediante a interpretação dos pressupostos apresentados, definidos por lei e a análise das figuras 2, 8 e 9, é possível constatar que a maioria destes não se encontra patente nas imagens, deste modo: 

A respeito da ocupação do solo não se encontra aplicada a restrição ou o afastamento da linha de costa, aliás. De acordo com medição efetuada através do software Google Earth, é possível verificar que a zona de proteção terrestre não é respeitada, existindo construções que distam aproximadamente 60 metros da margem;



A construção em “cunha” não se verifica, sendo aplicada de forma meramente concetual no posicionamento dos edifícios, virados a sul, por outro lado, os imóveis encontram-se implantados num aglomerado relativamente heterogéneo no que diz respeito à sua distribuição;



A existência de zonas livres de construção é notória, tendo sido considerada no projeto de implantação através de zonas verdes/arborizadas;



Pela morfologia do terreno, não aparentam existir zonas de risco;



Os acessos foram considerados em vias diagonais e perpendiculares ao litoral;



As zonas de parqueamento, ainda que visíveis, são limitadas. Os acessos pedonais em dunas são visíveis e de acordo com o enquadramento legal. A utilização de infraestruturas subterrâneas não pode ser avaliada na imagem, pelo que, não foi considerada;



Relativamente às construções, é questionável a integração na paisagem natural e nas caraterísticas regionais. Os edifícios patentes na imagem apresentam uma estrutura vertical acentuada, de forte e impactante contraste visual, no contexto de uma envolvente relativamente despida de outras edificações. A densidade de ocupação, em decrescimento com a aproximação da linha de costa, não se verifica, sendo percetível o cenário oposto. A altura das edificações, especialmente marcante na figura 2,

37

denota profundas divergências na relação entre os edifícios acima de 8 andares e os imóveis de muito menor dimensão, nomeadamente, as edificações em piso térreo; 

Todo o espaço é amplamente comtemplado por vegetação, ainda que, seja visível, a existência de espécimes exóticos, não característicos.

Evolução 2007/2011 

Analisando em conjunto as figuras 8 e 9, do ponto de vista da evolução temporal e respetiva consequência ao nível físico, são percetíveis (encontrando-se identificadas com as setas a amarelo) a ampliação de zonas de estacionamento. Não sendo, contudo, identificadas outras alterações de relevo;



Destaque-se a figura 9, em comparação com a figura 8, onde é observável a regressão do efeito de erosão costeira, podendo ser identificado um aumento da linha de costa, destacado com as setas a vermelho;

Vidamar Algarve Hotel – Albufeira (data de construção: 2013) 

Decorrente de uma análise inicial da figura 3 e com base na figura 10 e 11, é possível identificar a existência de um conjunto empreendimentos turísticos, cuja tipologia se enquadra num conjunto turístico (ou resort), incluindo vivendas independentes, ao largo da linha costeira, numa área bruta aproximada de 300000m2;



A figura 3, apresenta o contexto de implantação do conjunto turístico e das vivendas. Nesta imagem, é possível identificar que o empreendimento se encontra localizado nos limites da zona de proteção terrestre, integrando uma área envolvente ainda pouco explorada e mantendo, em seu redor, grandes áreas de terreno virgem;

À semelhança dos restantes exemplos, mediante a interpretação dos pressupostos apresentados, definidos por lei e a análise das figuras 3, 10 e 11, é possível constatar que a maioria destes não se encontra presente nas imagens, deste

38

modo: 

A respeito da ocupação do solo e em função das restrições aplicáveis, nomeadamente, o afastamento da linha de costa, é visível que, os mesmos, não são integralmente cumpridos. De acordo com medição efetuada através do software Google Earth, é possível verificar que a zona de proteção terrestre não é respeitada, ainda que, significativamente mais preservada que nos dois cenários anteriores. Deste modo, as linhas de construção mais próximas da costa, distam aproximadamente 400 metros da margem;



A construção em “cunha” não se verifica, contudo, a implantação no terreno do conjunto é relativamente organizada em termos de distribuição territorial;



A existência de zonas livres de construção é notória, todavia, as zonas verdes/arborizadas ainda se encontram em fase inicial de desenvolvimento e, por isso, pouco significativas;



Pela morfologia e aparente estabilidade do terreno, não são percetíveis zonas de risco;



Os acessos foram considerados em vias diagonais e perpendiculares ao litoral;



As zonas de parqueamento, ainda que existentes, são relativamente limitadas;



Os acessos pedonais em dunas e as infraestruturas de apoio não são integralmente visíveis na imagem, pelo que, não foram consideradas na avaliação;



Relativamente a construções, é questionável a integração na paisagem natural e nas caraterísticas regionais. Os edifícios patentes nas imagens apresentam uma estrutura vertical, ainda que, menos acentuada comparativamente aos restantes exemplos. Todavia, o impacto das construções é notório, especialmente no contexto de uma envolvente relativamente despida de outras edificações. A densidade ocupacional, em decrescimento com a aproximação da linha de costa, não é verificada,

39

atendendo a que, a área de implantação, ainda que comparativamente afastada, tem uma matriz irregular de disposição no terreno, especialmente acentuada pela existência do campo de golfe lateral “Salgados Golf Club”15, visível no lado esquerdo das figuras; 

O espaço é comtemplado por vegetação, maioritariamente rasteira e jovem, atendendo a um considerável aumento de zonas verdes no período de transição entre a figura 10 e 11;

Evolução 2007/2011 

Analisando em conjunto as figuras 10 e 11, do ponto de vista da evolução temporal, e respetiva consequência ao nível físico, são percetíveis, de forma muito significativa (encontrando-se identificadas com as setas a amarelo), a ampliação de zonas de construção que se alargam além dos limites iniciais considerados. Regista-se, no caso da figura 11, um crescimento ocorrido na zona

de

proteção

terrestre,

alterando

a

distância

inicial

de,

aproximadamente, 400 metros para, aproximadamente, 270 metros da margem; 

A análise comparativa entre as figuras 10 e 11, não permite identificar efeitos de erosão costeira, não se registando, por isso, de forma visível, alterações da linha de costa;

15

O campo de golfe “Salgados Golf Club” foi edificado em 1994, segundo Martins. M. V. (coord.) (2004). Estudo sobre o Golfe no Algarve, Estudo Específico de Análise da Incidências Ambientais. Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente. Portugal: Universidade do Algarve.

40

7. Conclusão Face aos pressupostos apresentados, torna-se plausível que a expressão apresentada na introdução do presente artigo, referente ao “divórcio entre o turismo e o planeamento” (Vieira 2007, p.43) se encontre fundamentada e patente nos termos da argumentação desenvolvida. O percurso evolutivo, no que se refere ao planeamento turístico e territorial do Algarve, revela uma existência circunstancial destas dimensões, cuja aplicação prática não foi sentida ao longo do tempo, na verdade e como fundamentado, resultando num comprometimento do desenvolvimento. Se é certo que planeamento se apresenta enquanto um exercício de responsabilização, centrado no futuro, afeto ao bem comum, integrador na abordagem e promotor da sustentabilidade dos espaços e das realidades sociais/culturais, este, tem sido tomado enquanto um entrave aos processos de investimento, especialmente, pela existência de uma desarticulação entre o universo planeado e a sua aplicação prática em contexto operacional. Na verdade, o planeamento e as suas ferramentas de aplicação territorial e turística têm-se revelado meras conceções de natureza teórica, tendo sido, por isso, tendencialmente descredibilizadas. O território algarvio, face ao exposto e sob o ponto de vista turístico, nasceu como resultado de um forte investimento por parte da indústria hoteleira, alimentado por um efeito de duplicação do modus operandi de outros destinos mediterrânicos, como os existentes no sul de Espanha, França e Itália. Fruto do efeito de novidade, comportamento de tendência e do interesse crescente pelo turismo, a concentração e consequente influência na implantação de alojamento, conduziu a um decréscimo muito acentuado das atividades tradicionais. Tal facto surtiu, como consequências, uma descaracterização da autenticidade territorial e uma fragilidade do tecido económico, social e cultural da região algarvia. Deste modo, as políticas de ordenamento territorial e com relação à dimensão do planeamento turístico foram sendo ignoradas, em detrimento dos benefícios que a

41

atividade construtora e imobiliária promoviam. Quando existentes e operacionalizados, os planos de intervenção no território e no turismo, visaram atuar num cenário reativo, não pró-ativo, enquanto processos de menorização de consequências, numa realidade já comprometida. Por outro lado, resulta da interpretação do presente estudo, uma negativa uniformização na abordagem à oferta turística. A centralização no produto “sol e mar” trouxe ao Algarve um forte ciclo de sazonalidade, uma limitação na autenticidade do destino, maioritariamente, pela liderança de componentes da oferta (especialmente o alojamento) focadas num produto uniforme, não característico do enquadramento territorial/cultural, de âmbito internacional, estereotipado, massificado e alheio a um real teor de inovação. Promovendo-se um cruzamento com a leitura imagética referente à promoção do destino Algarve, no contexto das brochuras turísticas e respondendo à questão de partida: “quais as circunstâncias históricas/concetuais que contribuíram para o cenário veiculado nas imagens presentes nas brochuras?”, é possível concluir que: 

O Algarve é um território marcado por uma forte imposição do investimento imobiliário, sendo a paisagem dominada por modernos, internacionais e luxuosos empreendimentos turísticos;



O efeito de contágio do sucesso económico de alguns destinos de “sol e mar” promoveu o interesse dos investidores responsáveis pela aposta em modelos de negócio a uma escala de valor global. Tal aspeto teve como consequência a criação de uma oferta massificada de alojamento, incaracterística, não assente nas dinâmicas sociais e culturais da região. Deste modo, os modelos estéticos, concetuais, afetos ao planeamento turístico e territorial são, regra geral, idênticos entre empreendimentos ainda que representados por entidades distintas, registando, por isso, uma dinâmica pouco inovadora, assente numa abordagem estruturada em produtos

uniformizados,

estandardizados

e,

decorrentes

desta,

massificados; 

O desinteresse e/ou a não aplicação de princípios de planeamento turístico

42

e territorial, quer no domínio público quer no privado, levou a que, a massificação da oferta de alojamento na região, se concentrasse em zonas de proximidade da costa, sendo promovidas edificações não concordantes com o ordenamento jurídico a elas relacionado; 

O planeamento turístico e territorial, nomeadamente, no que ao cumprimento do POOC diz respeito, não se revela uma prioridade para as entidades investidoras, ou para as que se encontram responsáveis pela monitorização das atividades relacionadas com o desenvolvimento turístico, deste modo, as imagens presentes nas brochuras turísticas são o resultado de uma evolução heterógena, não concertada, conduzida a título individual e em função dos interesses económicos (médio e curto prazo), particulares, das entidades investidoras. A existência de uma linha estratégica de planeamento turístico ocorre de forma isolada e não cooperativa com as restantes entidades públicas e privadas;

Enquanto limitações do presente estudo, importa salientar que, este, visa a análise de imagens promovidas por brochuras internacionais, sendo a escolha, enquadramento e promoção dessas imagens, responsabilidade das entidades em questão. O exercício promocional efetuado pelas brochuras e a escolha das imagens, nestas, presentes, representa, deste modo, a visão e os interesses comerciais dos respetivos operadores. Por outro lado, por razões que se prendem com a particularidade dos fenómenos em observação, os resultados obtidos não deverão ser extrapolados a outros destinos, ou tidos como representativos, de realidades distintas das que são particularmente retratadas no presente documento. Pela natureza do estudo, não foram considerados dados de natureza quantitativa referentes ao comportamento e motivações dos turistas. Neste sentido, considera-se relevante, numa linha de investigação futura, a realização de um estudo representativo das motivações e dos elementos de atração dos visitantes, com relação à oferta disponibilizada pelas entidades a operar na indústria turística.

43

Referências      

     



   

Albu, C. (2013). Stereotypical Factors in Tourism. Cross-Cultural Management Journal, vol. 15, 2, 7-15. Agarwal, S. (2002). Restructuring Seaside Tourism - The Resort Lifecycle. Annals of Tourism Research, vol. 29, 1, 25-55. Andereck, K. (2005). Evaluation of a Tourist Brochure. Journal of Travel and Tourism Marketing, vol. 18, 2, 1-13. Baloglu, S. e McCleary, K. (1999). A Model of Destination Image Formation. Annals of Tourism Research, vol. 26, 4, 868-897. Beerli, A. e Martin, J. D. (2004). Factors Influencing Destination Image. Annals of Tourism Research, vol. 31, 3, 657-681. Bendito, V. e Ramírez, A. (2011). New Campaigns of Tourism Promotion and Marketing, The Importance of Specialization in the Image of European Brochures. Economics and Management, vol.16, 1225-1230. Boorstin, O. J. (1964). The Image: A Guide to Pseudo-Events in America, United States of America: Harper and Row. Brito, S. P. (2009). Território e Turismo no Algarve. Portugal: Edições Colibri/Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve. Brito. S. P. (2010). Sustentabilidade, Ordenamento do Território e Ambiente. Portugal: Sociedade Portuguesa de Inovação/Principia. Butler R. W. (1980). The concept of a tourist area cycle of evolution: implications for management of resources. Canadian Geographer, vol. 24, 5-12. Butler, R. W. (2011). Tourism Area Life Cycle, Contemporary Tourism Reviews, Goodfellow Publishers Ltd, Oxford, 160-180. Butler, R. W. (2012). Mature tourist destinations: can we recapture and retain the magic. Espanha: Universitat de València, 19-36. Em Rebollo, J. e Sánchez, I. (2012). Renovación y reestructuración de destinos turísticos en áreas costeras. Espanha: Universitat de València. Camisón, C. e Monfort-Mir, V. M. (2012). Measuring innovation in tourism from the Schumpeterian and the dynamic-capabilities perspectives. Tourism Management, vol. 33, 776-789. Chhabra, D., Healy, R. e Sills, E. (2003). Staged authenticity and heritage tourism. Annals of Tourism Research, vol. 30, 702-719. Cohen, E. (1988). Authenticity and Commoditization in Tourism. Annals of Tourism Research, vol. 15, 371-386. Crompton, J. L. (1979). Motivations for Pleasure Vacations. Annals of Tourism Research, vol. 6, 4, 408-424. Cunha, L. (2003). Perspectivas e Tendências do Turismo, 1ed, Portugal: Edições Universitárias Lusófonas.

44

                 

  

Cunha, L. (2011). Autenticidade e Inovação: factores de renovação dos destinos turísticos maduros. Cogitur – Journal of Tourism Studies, vol. 4, 4, 9-28. Cunha, L. (2012). Turismo em Portugal: Sucessos e Insucessos. 1ed. Portugal: Edições Lusófonas. Echtner, C. e Ritchie, J. B. (2003). The Meaning and Measurement of Destination Image. The Journal of Tourism Studies, vol. 14, 1, 37-48. Feinstein, A. H. e Stefanelli, J. M. (2012). Purchasing: Selection and Procurement for the Hospitality Industry, 5ed, United States of America: John Wiley & Sons. Gartner, W. C. (1993). Image Formation Process. Journal of Travel & Tourism Marketing, vol. 2, 2-3, 191-216. Glasson, J. e Marshall, T. (2007). Regional Planning, Great Britain: Routledge. Gunn, C. A. e Var, T. (2002). Tourism Planning – Basics, concepts, cases, 4ed, United States of America: Routledge. Hagedoorn, J. (1996). Innovation and Entrepreneurship: Schumpeter Revisited. Industrial and Corporate Change, vol. 5, 3, 883-896. Hall, C. M. (2000). Tourism Planning – Policies, processes and relationships, 1ed, United Kingdom: Prentice Hall. Hall, C. M. e Williams, A. M. (2008). Tourism and Innovation. 1ed, United States of America: Routledge. Hall, P. (2002). Urban and Regional Planning. 4ed, United Kingdom: Routledge. Hjalager, A. (2010). A review of innovation research in tourism. Tourism Management, vol. 31, 1-12. Holloway, J., Humphreys, C. e Davidson, R. (2009). The Business of Tourism, 8ed, England: Prentice Hall. Hsu, C. e Powers, T. (2002). Marketing Hospitality, 3ed, United States of America: John Wiley & Sons. Hughes, G. (1995). Authenticity in tourism. Annals of Tourism Research, vol. 22, 781-803. Kim, H. e Jamal, T. (2007). Touristic quest for existential authenticity. Annals of Tourism Research, vol. 34, 181-201. Kotler, P. e Gertner, D. (2002). Country as a brand, product and beyond: A place marketing and brand management perspective. Brand Management, 9, 249-261. Kozak, M. e Martin, D. (2012). Tourism life cycle and sustainability analysis: Profitfocused strategies for mature destinations. Tourism Management, vol. 33, 188194. MacCannell, D. (1973). Staged authenticity: arrangements of social space in tourist settings, American Journal of Sociology, vol. 79, 3, 589-603. Mangorrinha, J. (2012). História de uma Viagem. 100 Anos de Turismo em Portugal (1911-2011). Portugal: Publiçor. May, J. (1996). In search of authenticity off and on the beaten track. Environment

45

      

 

         

and Planning D: Society and Space, vol. 14, 709-736. McCabe, V., Poole, B., Weeks, P. e Leiper, N. (2000). The Business and Management of Conventions. Australia: John Wiley and Sons. Molina, A. e Esteban, Á. (2006). Tourism Brochures: Usefulness and Image. Annals of Tourism Research, vol. 33, 4, 1036-1056. Moutinho, L. (Ed.) (2000). Strategic Management in Tourism. United Kingdom: Cabi Publishing. Murray, K. (1991). A Test of Services Marketing Theory: Consumer Information Acquisition Activities. Journal of Marketing, 55, 10-25. Neto, V. (2013). Portugal Turismo, Relatório Urgente – Onde estamos para onde queremos ir, 1ed, Portugal: Bnomics. Olsen, K. (2002). Authenticity as a concept in tourism research: the social organization of the experience of authenticity, Tourist Studies vol. 2, 2, 159-182. Pearce, P.L. e Moscardo, G.M. (1986). The concept of authenticity in tourist experiences. The Australian and New Zealand Journal of Sociology, vol. 22, 121132. Plog, S., (1974). Why destination areas rise and fall in popularity. Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly, vol. 14, 4, 55-58. Plog, S., (2001). Why destination areas rise and fall in popularity: An update of a Cornell Quarterly Classic. Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly, vol. 42, 3, 13-24. Quivy, R. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. 5ed. Portugal: Gradiva. Redfoot, D. L. (1984). Touristic authenticity, touristic angst, and modern reality, Qualitative Sociology, vol. 7, 4, 291-309. Reigado, F. M. (2000). Desenvolvimento e Planeamento Regional – Uma abordagem sistémica. Vol I, Portugal: Referência/Editorial Estampa. Ritchie, J. R. e Crouch, G. I. (2003). The Competitive Destination: A Sustainable Tourism Perspective, United Kingdom: Cabi Publishing. Sedmak, G. e Mihalič, T. (2008). Authenticity in Mature Seaside Resorts, Annals of Tourism Research, vol. 35, 4, 1007-1031. Sirakaya, E. e Woodside A. G. (2005). Building and Testing Theories of Decision Making by Travelers. Tourism Management, vol. 26, 6, 815-832. Steiner, C. J. e Reisinger, Y. (2006). Understanding existential authenticity. Annals of Tourism Research, vol. 33, 2, 299-318. Taylor, J. P. (2001). Authenticity and sincerity in tourism. Annals of Tourism Research, vol. 28, 1, 7-26. Veal, A. J. (1994). Leisure Policy and Planning. United Kingdom: Longman. Veal, A. J. (2006). Research Methods for Leisure and Tourism. A Pratical Guide. 3 ed. United Kingdom: Prentice Hall – Pearson Education.

46

    

  

Vieira. J. M. (2007). Planeamento e Ordenamento Territorial do Turismo – Uma perspectiva estratégica. Portugal: Verbo. Wang, N. (1999). Rethinking Authenticity in Tourism Experience, Annals of Tourism Research, vol. 26, 2, 349-370. Wicks, B. e Schuett, M. (1991). Examining the Role of Tourism Promotion Through the Use of Brochures. Tourism Management, vol. 12, 4, 301-312. Williams, S. (1998). Tourism Geography. United Kingdom: Routledge. Woodside, A. G. e Dubelaar C. (2002). A General Theory of Tourism Consumptions Systems: A Conceptual Framework and an Empirical Exploration. Journal of Travel Research, vol. 41, 2, 120-132. Yeoman, I., Brass, D. e McMahon-Beattie, U. (2007). Current Issue in Tourism: The Authentic Tourist. Tourism Management, vol. 28, 1128-1138. Yin, R. K. (2009). Case study research: design and methods. Applied social Research Methods Series. 4ed. vol. 5. United States of America: SAGE Publications. Zhu, Y. (2012). Performing Heritage: Rethinking Authenticity in Tourism, Annals of Tourism Research, vol. 39, 3, 1495-1513.

Documentos eletrónicos 









Civil Aviation Authority (CAA). (2014). ATOLs for sales to the public. [Em linha] Acedido em 31 de maio de 2014, disponível em http://www.caa.co.uk/application.aspx?catid=490&pagetype=65&appid=4&mode= results&top=250&type=publicsales Jet2holidays. (2014). Family Holidays. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://jet2holidays.inbro.net/seeinsidebrochure/Jet2holidays_Family-HolidaysSummer-2015/doublepage Jet2holidays. (2014). Indulgent Escapes. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://jet2holidays.inbro.net/seeinsidebrochure/Jet2holidays_Indulgent-EscapesSummer-2014-...-Winter-2014..15/doublepage Jet2holidays. (2013). On Tour. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://jet2holidays.inbro.net/seeinsidebrochure/Jet2holidays_OnTour-Summer-2014/doublepage Jet2holidays. (2014). Summer Holidays. [Em linha] Acedido em 15 maio de 2014, disponível em http://jet2holidays.inbro.net/seeinsidebrochure/Jet2holidays_Summer-Holidays...-Summer-2015/doublepage

47



















Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. (2007). GIZC – Bases para a Estratégia de Gestão Integrada da Zona Costeira Nacional. Acedido em 02 de maio de 2014, disponível em http://www.maotdr.gov.pt/Admin/Files/Documents/GIZC.pdf Thomas Cook. (2014). Holidays in the Sun. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://www.brochure-store.co.uk/Brochures/ThomasCook/TCTTCOLLP15/ Introduction/Pages1#Pages3 Thomas Cook. (2014). Spain & Portugal. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://www.brochurestore.co.uk/Brochures/ThomasCook/TCTTSPA214/ Introduction/Pages1#Pages3 Thomas Cook. (2014).Style Collection. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://www.brochure-store.co.uk/Brochures/ThomasCook/TCTTSTY214/ Introduction/Pages1#Pages3 Turismo de Portugal, IP. (2007). Plano Estratégico Nacional do Turismo. [Em linha] Acedido em 12 de junho de 2014, disponível em http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/publicaco es/Documents/PENT%202007.pdf Turismo de Portugal, IP. (2013). Plano Estratégico Nacional do Turismo. [Em linha] Acedido em 12 de junho de 2014, disponível em http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/ProTurismo/pol%C3%ADticas eestrat%C3%A9gias/Documents/PENT_04Out_WEB.pdf TUI/Thomson. (2014). Spain, Portugal & Cape Verde. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://thomson.inbro.net/seeinsidebrochure/Thomson_Spain-and-Portugal-May2014-...-April-2015:-December-Edition/Front-Cover/pages_1-1 TUI/Thomson. (2014). Summer Collection. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://thomson.inbro.net/seeinsidebrochure/Thomson_Summer-Collection2014/Intro/Front-Cover/pages_1-1 TUI/Thomson. (2014). Summer Collection. [Em linha] Acedido em 15 de maio de 2014, disponível em http://thomson.inbro.net/seeinsidebrochure/Thomson_Summer-Collection2015/Intro/Front-Cover/pages_1-1

Imagens 

Ilustração 1 – Cloudtourism. (2014). Sem título. Acedido em 14 de junho de 2014, disponível em: http://cloudtourism.pbworks.com/f/1238326606/butler.gif

48



 

Figura 1 – Jet2holidays (2014). Indulgent Escapes. (edição dezembro de 2014, período de inverno 2014/2015 e verão de 2014) – Hotel Tivoli Marina – Vilamoura, p. 47 Figura 2 – Jet2holidays (2014). Summer Holidays. (edição maio 2015, período de verão 2015) – Hotel Pestana Dom João II – Alvor, p. 221; Figura 3 – Jet2holidays (2014). Family Holidays. (edição maio de 2015, período de verão 2015) – Vidamar Algarve Hotel – Albufeira, p. 61;

Via Google Earth 

Google Earth. (2014). Sem título. [Software] Acedido em 16 de junho de 2014. a) Figura 4 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º04’28.03”N – 8º07’19.22”O, elevação: 4 metros, altitude de visualização: 2.77 quilómetros; b) Figura 5 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. Data da imagem: 16/04/2011, coordenadas: 37º04’28.03”N – 8º07’19.22”O, elevação: 4 metros, altitude de visualização: 2.77 quilómetros; c) Figura 6 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º04’19.33”N – 8º06’29.05”O, elevação: 10 metros; altitude de visualização: 3.74 quilómetros; d) Figura 7 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira. Data da imagem: 16/04/2011, coordenadas: 37º04’19.33”N – 8º06’29.05”O, elevação: 10 metros; altitude de visualização: 3.74 quilómetros; e) Figura 8 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º07’20.88”N – 8º35’12.77”O, elevação: 6 metros, altitude de visualização: 866 metros; f) Figura 9 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor. Data da imagem: 21/06/2011, coordenadas: 37º07’20.88”N – 8º35’12.77”O, elevação: 6 metros, altitude de visualização: 866 metros; g) Figura 10 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º05’29.16”N – 8º19’20.85”O, elevação: 10 metros, altitude de visualização: 2.67 quilómetros; h) Figura 11 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira. Data da imagem: 10/07/2011, coordenadas: 37º05’29.19”N – 8º19’19.89”O, elevação: 10 metros, altitude de visualização: 2.44 quilómetros;

49

Via Google Maps/Booking 1) Booking. (2014). Vilamoura. [Em linha] Acedido em 19 de junho de 2014. Disponível em https://www.booking.com/city/pt/villamoura.pt-pt.html a) Figura 12 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira e respetivos empreendimentos turísticos. Data da imagem: desconhecida.

A perceção do destino através de brochuras turísticas: O caso do Algarve (passado e presente) by João Neto Azevedo is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercialNoDerivatives 4.0 International License.

50

Anexos

Ilustração 1 - Evolução hipotética de um destino turístico Butler (1980, 2011) Fonte: Cloudtourism (adaptado de Butler 1980)

Figura 1 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura, presente em Jet2holidays “Indulgent Escapes” (edição dezembro de 2014, período de inverno 2014/2015 e verão de 2014), p. 47

51

Figura 2 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor, presente em Jet2holidays “Summer Holidays” (edição maio 2015, período de verão 2015), p. 221

Figura 3 – Vidamar Algarve Hotel – Albufeira, presente em Jet2holidays “Family Holidays” (edição maio de 2015, período de verão 2015), p. 61

52

Figura 4 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º04’28.03”N – 8º07’19.22”O, elevação: 4 metros, altitude de visualização: 2.77 quilómetros

Figura 5 - Hotel Tivoli Marina – Vilamoura. Data da imagem: 16/04/2011, coordenadas: 37º04’28.03”N – 8º07’19.22”O, elevação: 4 metros, altitude de visualização: 2.77 quilómetros

53

Figura 6 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º04’19.33”N – 8º06’29.05”O, elevação: 10 metros; altitude de visualização: 3.74 quilómetros

Figura 7 - Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira. Data da imagem: 16/04/2011, coordenadas: 37º04’19.33”N – 8º06’29.05”O, elevação: 10 metros; altitude de visualização: 3.74 quilómetros

54

Figura 8 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º07’20.88”N – 8º35’12.77”O, elevação: 6 metros, altitude de visualização: 866 metros

Figura 9 - Hotel Pestana Dom João II – Alvor. Data da imagem: 21/06/2011, coordenadas: 37º07’20.88”N – 8º35’12.77”O, elevação: 6 metros, altitude de visualização: 866 metros

55

Figura 10 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira. Data da imagem: 22/06/2007, coordenadas: 37º05’29.16”N – 8º19’20.85”O, elevação: 10 metros, altitude de visualização: 2.67 quilómetros

Figura 11 - Vidamar Algarve Hotel – Albufeira. Data da imagem: 10/07/2011, coordenadas: 37º05’29.19”N – 8º19’19.89”O, elevação: 10 metros, altitude de visualização: 2.44 quilómetros

56

57

Nota: Os marcadores a azul representam empreendimentos turísticos, independentemente da sua tipologia ou categoria

Figura 12 – Vista panorâmica da costa de Vilamoura e Quarteira e respetivos empreendimentos turísticos. Fonte: Google Maps/Booking

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.