A PROPÓSITO DO SURREALISMO: ALGUMAS COMPARAÇÕES

July 13, 2017 | Autor: Claudio Willer | Categoria: Literatura Comparada, Surrealismo
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A PROPÓSITO DE SURREALISMO E DOS MANIFESTOS DE ANDRÉ BRETON: ALGUMAS
COMPARAÇÕES
Claudio Willer

Uma primeira versão desta série de comparações foi apresentada
em um curso de pós graduação, de literatura comparada, que fiz
em 2003. Em seguida, publiquei na revista digital Agulha e
distribuí em cursos de surrealismo, sempre ampliando ou mudando
algo. Esta edição vai para o Academia.edu, assim facilitando
acesso e utilização em novos cursos, alguns já programados para
este ano de 2015.
As comparações a seguir são apresentadas como sugestão, para que o leitor
exercite sua imaginação e capacidade especulativa. Que o estimulem a
preencher espaços, reconstituir uma argumentação e uma leitura mais rica do
surrealismo. Os fragmentos acentuam sua universalidade, sem negar seu
caráter de exceção.

1. A IMAGINAÇÃO

BRETON:
Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares. (...)
Só a imaginação me dá contas do que pode ser, e é bastante para
suspender por um instante a interdição terrível; é bastante também que
eu me entregue a ela, sem receio de me enganar (como se fosse possível
enganar-se mais ainda). (Breton, primeiro Manifesto do Surrealismo, em
Manifestos do Surrealismo, Editora Brasiliense, 1985, pgs. 34-35)


BAUDELAIRE:
Que misteriosa faculdade é essa rainha das faculdades! (...) A
imaginação é a rainha do verdadeiro, e o possível é uma das esferas do
verdadeiro. Positivamente, ela é aparentada com o infinito. (...)
...todo o universo visível é apenas um lugar de imagens e de signos
aos quais a imaginação deverá atribuir um lugar e um valor relativos;
é uma espécie de alimento que a imaginação deve digerir e transformar.
(Baudelaire, em Charles Baudelaire, Poesia e Prosa, organizada por Ivo
Barroso, diversos tradutores, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro,
1995, pgs. 804-809)


ÉLIPHAS LÉVI:
Mas a inteligência e a vontade têm por auxiliar e por instrumento uma
faculdade muito pouco conhecida e cuja onipotência pertence
exclusivamente ao domínio da magia: quero falar da imaginação, que os
cabalistas chamam o diáfano ou o translúcido. Efetivamente, a
imaginação é como que o olho da alma, e é nela que as formas se
desenham e se conservam, é por ela que vemos os reflexos do mundo
invisível, ela é o espelho das visões e o aparelho da vida mágica: é
por ela que curamos as doenças, que influímos sobre as estações, que
afastamos a morte dos vivos e que ressuscitamos os mortos, porque é
ela que exalta a vontade e que lhe dá domínio sobre o agente
universal. (...) A imaginação é o instrumento da adaptação do verbo. A
imaginação aplicada à razão é o gênio. (Éliphas Lévi, em Dogma e
Ritual da Alta Magia, Editora Pensamento, São Paulo, 2002 pgs. 78-79)


NOVALIS:
A imaginação é o sentido maravilhoso que pode substituir para nós
todos os sentidos – e que já é tão dirigido por nossa vontade. Se os
sentidos externos parecem ser inteiramente governados por leis
mecânicas – então a imaginação obviamente não é subordinada ao
presente e ao contato com estímulos. (Novalis, Philosophical Writings,
pg. 118)




2. A CRÍTICA AO REALISMO:

BRETON:
... a atitude realista, inspirada no positivismo, de São Tomás a
Anatole France, parece-me hostil a todo impulso de liberação
intelectual e moral. Tenho-lhe horror, por ser feita de mediocridade,
ódio e insípida presunção. (Breton, primeiro Manifesto do Surrealismo,
op. cit. pg. 36)


BAUDELAIRE:
Acho inútil e fastidioso representar aquilo que é, porque nada daquilo
que existe me satisfaz. A natureza é feita, e prefiro os monstros da
minha fantasia à trivialidade concreta. (Baudelaire, op. cit. pg. 803-
804)


BAUDELAIRE:
O que me entedia na França é que todo mundo se parece com Voltaire
(Baudelaire, Escritos íntimos, op. cit. pg. 535)


HUYSMANS:
Não recrimino o naturalismo nem por seus termos de barcaça, nem por
seu vocabulário de latrinas e de hospícios... (...) Querer confinar-se
aos lavadouros da carne, rejeitar o supra-sensível, negar o sonho, nem
mesmo compreender que a curiosidade da arte começa lá onde os sentidos
deixam de servir! (Huysmans, J. K, Lá-bas, Plon, 1961, pg.5)


3. SONHO

BRETON:
Acredito na resolução futura destes dois estados, tão contraditórios
na aparência, o sonho e a realidade, numa espécie de realidade
absoluta, de surrealidade, se assim se pode dizer. (Breton, primeiro
Manifesto do Surrealismo, op.cit, pg. 45)


NERVAL:
O sonho é uma segunda vida. (...) Começa aqui para mim o que chamarei
de efusão do sonho na vida real. (Nerval, Gérad de, Aurélia, tradução
e prefácio de Contador Borges, Iluminuras, São Paulo, 1991, pgs. 35 e
39)


4. LOUCURA

BRETON:
Fica a loucura, "a loucura que é encarcerada", como já se disse bem.
(...) E, de fato, alucinações, ilusões, etc, são fonte de gozo nada
desprezível. (Breton, primeiro Manifesto do Surrealismo, op.cit, pg.
53)


NERVAL:
O que são as coisas deslocadas! Não me acham louco na Alemanha. (...)
...a imaginação trazia-me delícias infinitas. Recobrando o que os
homens chama de razão, não deveria eu lamentar tê-las perdido?
(Nerval, op. cit, pgs. 28 e 35)


NOVALIS:
A loucura comunal deixa de ser loucura e torna-se mágica. Loucura
governada por leis e em plena consciência.
Todas as artes e ciências repousam em harmonias parciais.
Poetas, loucos, santos, profetas. (Novalis, Philosophical Writings,
pg. 61)




5. ESCRITA AUTOMÁTICA:

BRETON:
Certa noite então, antes de adormecer, percebi, nitidamente
articulada, a ponto de ser impossível mudar-lhe uma palavra (...),
frase que me parecia insistente, frase, se posso ousar, que batia na
vidraça. (Breton, primeiro Manifesto do Surrealismo, op.cit, pg. 53)


FERNANDO PESSOA:
... acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando um papel, comecei a
escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta a
tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não
conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei
ter outro assim. Abri com um título – "O Guardador de Rebanhos".
(Pessoa, Fernando, Obra Poética, organização, introdução e notas de
Maria Aliete Torres Galhoz, Editora José Aguilar, Rio de Janeiro,
1960, pg. 712).


BRETON:
As hordas de palavras literalmente desenfreadas, às quais Dada e o
surrealismo fizeram questão de abrir as portas, não são das que se
retiram tão inutilmente. (Breton, Segundo Manifesto do Surrealismo, em
Manifestos do Surrealismo, op. cit, pg. 127)


BRETON:
SURREALISMO, s. m. (...) Ditado do pensamento na ausência de todo
controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou
moral. (Breton, primeiro Manifesto do Surrealismo, op.cit, pg. 58)


RIMBAUD:
Pois o eu é um outro. Se o cobre acorda o clarim, não é por sua culpa.
Isto me é evidente: eu assisto à eclosão do meu pensamento; eu a
contemplo; eu a escuto; eu lanço uma flecha: a sinfonia faz seu
movimento no abismo, ou salta sobre a cena. (Rimbaud, na "Carta do
Vidente", na tradução de Carlos Lima em Rimbaud no Brasil, UERJ-
Comunicarte, 1993)


NERVAL:
Eu é um outro. (Nerval, anotação em um retrato seu, reproduzido por
Jean Richer, cf. Richer, Jean, Gérard de Nerval, col. Poètes
d'aujourd'hui, Seghers, 1972)


MALLARMÉ:
Acabo de passar um ano assustador: meu Pensamento se pensou.
(Mallarmé, em carta a Cazalis, de 1867, cf. várias fontes)


6. INTUIÇÃO:


BRETON:
... o grande recurso de que (o homem) dispõe é a intuição poética.
(...) Ela, enfim, libertada no surrealismo, apresenta-se não só como
assimiladora de todas as formas conhecidas, mas ousadamente criadora
de novas formas – ou seja, em posição de abranger todas as estruturas
do mundo, manifestas ou não. Só ela nos provê o fio que remete ao
caminho da Gnose, enquanto conhecimento da realidade supra-sensível,
"invisivelmente visível num eterno mistério". (Breton, no parágrafo
final do último dos Manifestos, Do Surrealismo em suas Obras Vivas,
op. cit. pg. 231)


PESSOA:
Um poeta é um intuitivo, e faz versos por uma operação intuitiva.
(...) No caminho ritual busca-se o desenvolvimento da intuição pela
intuição mesma, ou, se preferir, pelo instinto (base da ação, da ação
perfeita). No caminho místico (?) busca-se a obtenção da intuição pela
abdicação da personalidade. No caminho mercurial busca-se pelo
desenvolvimento da inteligência, de que a intuição depois se alimente.
(Fernando Pessoa, O grau de adepto menor, em Fernando Pessoa: O amor,
a morte, a iniciação, de Y. K. Centeno, A Regra do Jogo Edições,
Lisboa, 1985. Ortografia atualizada na citação)


7. ARTE, VALOR:

BRETON:
O maravilhoso não é o mesmo em todas as épocas; participa obscuramente
de uma classe de revelação geral, de que só nos chega o detalhe: são
as ruínas românticas, o manequim moderno ou qualquer outro símbolo
próprio a comover a sensibilidade humana por algum tempo. (...)
Coincidem com um eclipse do gosto que sou feito para suportar, eu que
tenho do gosto a idéia de um grande defeito. No mau gosto de minha
época, procuro ir mais longe que os outros. (Breton, primeiro
Manifesto do Surrealismo, op.cit, pg. 47)


BRETON:
... (eu sustentava que o mundo acabaria, não por um belo livro, mas
por uma bela propaganda do inferno e do céu) (Breton, idem, pg. 54)


RIMBAUD:
Admirava as pinturas medíocres, bandeiras de portas, cenários, telões
de saltimbancos, letreiros, iluminuras populares; a literatura
antiquada, latim de igreja, livros eróticos sem ortografia, romances
dos tempos de avó, contos de fadas, almanaques infantis, velhas óperas
antigas, refrões simplórios, ritmos singelos. (Rimbaud, Alquimia do
Verbo, em Rimbaud, Arthur, Prosa Poética Completa, organização e
tradução de Ivo Barroso, Editora Topbooks, Rio de Janeiro, 1998, pg.
161)


8. MISTÉRIO, MAGIA, HERMETISMO; SURREALISMO E FILOSOFIA ROMÂNTICA


BRETON:
É possível que a vida peça para ser decifrada como um criptograma.
Escadas secretas, molduras de onde os quadros deslizam rapidamente e
desaparecem para dar lugar a um arcanjo de espada em riste ou para dar
passagem aos que devem avançar para sempre, botões que são premidos
muito indiretamente e provocam o deslocamento em altura e comprimento
de toda uma sala com a mais rápida mudança de ambiente: pode-se
conceber a grande aventura do espírito como uma viagem desse gênero ao
paraíso dos ardis. (André Breton, Nadja, tradução de Ivo Barroso,
Cosak Naify, São Paulo, 2007)


NOVALIS:
Diversos são os caminhos do homem. Quando são seguidos e comparados,
vê-se formarem estranhas figuras, que parecem fazer parte deste grande
criptograma que se entrevê em todo lugar: sobre as asas dos pássaros,
sobre as cascas do ovo, nas nuvens, nos cristais e nas petrificações,
à superfície das águas que se congelam, no interior e no exterior das
montanhas, das plantas e dos animais, nas constelações do céu, sobre
as placas de vidro ou de piche que se faz vibrar batendo nelas ou
acariciando-as com um arco, na limalha que se ordena ao redor do imã e
nas estranhas conjunturas do acaso. (Novalis, citado por Maurice
Besset, Novalis et la pensée mystique, Aubier – Montaigne, Paris,
1947, pg. 86)



9. HISTÓRIA DA LITERATURA - LITERATURA COMPARADA


BRETON:
Mas vejam de que admirável e perversa insinuação já se mostrou capaz
um pequeno número de obras muito modernas, as mesmas das quais o
mínimo que se possa dizer é que nelas o ar é particularmente
insalubre: Baudelaire, Rimbaud (a despeito das reservas que lhe fiz),
Huysmans, Lautréamont, para ficar só na poesia. Não tenhamos medo de
erigir em lei essa insalubridade. (Breton, Segundo Manifesto do
Surrealismo, em Manifestos do Surrealismo, op. cit, pg. 129)


HUYSMANS:
...pois só lhe interessavam verdadeiramente as obras doentias,
consumidas e irritadas pela febre. (...) ...voltava-se ele
obrigatoriamente para certos escritores tornados ainda mais propícios
e mais caros a ele pelo desprezo em que os tinha um público incapaz de
compreendê-los. (Huysmans, J. K, Às avessas, tradução e estudo crítico
de José Paulo Paes, Companhia das Letras, São Paulo, 1987pgs. 189 e
216)


BRETON:
...na hora em que os poderes públicos se preparam para celebrar
grotescamente com festas o centenário do romantismo, nós dizemos que
essa romantismo, do qual aceitamos historicamente ser considerados
como cauda, mas então cauda de tal modo preênsil, por sua essência
mesmo em 1930, reside inteiramente na negação desses poderes e dessas
festas, que ter cem anos é para ele a mocidade, que o que se chama
erradamente sua época heróica não pode mais, honestamente, significar
senão o vagido de um ser que apenas começa a fazer conhecido o seu
desejo através de nós e que, se se admite que o que foi pensado antes
dele – "classicamente" – era o bem, quer incontestavelmente todo o
mal. (Breton, Segundo Manifesto do Surrealismo, op. cit, pg. 129)


BRETON:
A crítica atual é injusta com o simbolismo. Você diz que o surrealismo
não procurou valorizá-lo: historicamente resultava inevitável que se
opusesse a ele, porém a crítica não tinha porque fazer-lhe restrições.
Era quem devia encontrar de novo, e pôr em seu lugar a correia de
transmissão. (Breton, André, El Surrealismo – Puntos de Vista y
Manifestaciones, Barral editores, Barcelona, 1977, pg. 15 –edição
espanhola de Entrétiens, entrevistas radiofônicas de Breton)


OCTAVIO PAZ:
Apesar da contradição que encerra, e às vezes com plena consciência
dela, como no caso das reflexões de Baudelaire em L'art romantique,
desde princípios do século passado se fala de modernidade como de uma
tradição e se pensa que a ruptura é a forma privilegiada da mudança.
(Paz, Octavio, Os Filhos do Barro, Nova Fronteira, Rio de Janeiro,
1984, pg. 18)


10. ESOTERISMO

BRETON:
Os grandes poetas do século passado o compreenderam [ao esoterismo]
admiravelmente, desde Hugo cujas relações muito estreitas com a escola
de Fabre d'Olivet acabam de ser reveladas, passando por Nerval, cujos
sonetos famosos referem-se a Pitágoras, a Swedenborg, por Baudelaire
que notoriamente vai buscar nos ocultistas sua teoria das
"correspondências", por Rimbaud cujo caráter de suas leituras nunca
seria acentuado suficientemente, no apogeu de seu poder criador –
basta remeter à lista já publicada das obras que toma emprestado á
biblioteca de Charleville –, até Apollinaire, em quem alternam a
influência da Cabala judia e a dos romances do Ciclo de Artur. Mesmo
não sendo do agrado de certos espíritos que só se sentem à vontade na
imobilidade e no óbvio, na arte esse contato não cessou e não cessará
de ser mantido. Consciente ou não, o processo de descoberta artística,
embora permanecendo alheiro ao conjunto das suas ambições metafísicas,
não é menos enfeudado á forma e aos meios de progressão da alta magia.
Tudo o mais é indigência, é banalidade insuportável, revoltante:
cartazes publicitários e versinhos. (Breton, Arcano 17, tradução de
Maria Teresa de Freitas e Rosa Maria Boaventura, Editora Brasiliense,
São Paulo, 1985, pg. 77)


OCTAVIO PAZ:
[...] de Blake a Yeats e Pessoa, a história da poesia moderna do
Ocidente está ligada à história das doutrinas herméticas e ocultas, de
Swedenborg a madame Blavatsky. (Paz, Os Filhos do Barro, pg. 94)

11. PARA CONCLUIR, ALGUMAS OBSERVAÇÕES MINHAS:


Os sucessores da geração de escritores do fim de século francês, que
inclui os agrupados como poetas malditos por Verlaine, são, como
herdeiro direto, Alfred Jarry, assim como Apollinaire e Reverdy, Dada
e o surrealismo. Quem vê o surrealismo exclusivamente como apologia do
delírio, criticando-o pelo irracionalismo, comete um equívoco: a
loucura havia campeado nas décadas precedentes, no período que medeia
entre o Simbolismo e o modernismo vanguardista, e que, mais
apropriadamente, pode ser visto como exacerbação do Romantismo. Os
surrealistas lhe deram, é certo, continuidade; mas tentaram conferir-
lhe uma dimensão política, resumida na proposta bretoniana de tornar
um só o transformar a sociedade de Marx e o mudar a vida de Rimbaud. E
a sistematizaram na revisão da história da literatura proposta, com
especial clareza, no Segundo Manifesto do Surrealismo. (...) Octavio
Paz prossegue a mesma revisão da história da literatura, entendendo o
Romantismo, não como período circunscrito, delimitado por algumas
datas do final do século XVIII e meados do XIX, mas como processo, uma
vertente marcada pela rebelião e ruptura. Por isso, em Los Hijos del
Limo (op. cit), fala em revolução romântica, manifestação da tradição
da ruptura, contraposta ao classicismo. E distingue o romantismo
oficial, dos manuais de literatura, de um verdadeiro romantismo
francês: A poesia francesa da segunda metade do século passado - chamá-
la de simbolista seria mutilá-la - é indissociável do romantismo
alemão e inglês: é seu prolongamento, mas também é sua metáfora. (no
meu prefácio para Lautréamont – Obra Completa, Iluminuras, São Paulo,
1997; terceira edição em 2008, pg. 55)
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