A reconfiguração da política externa norteamericana para o Oriente Médio (1967 – 1979)
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Tiago Sampaio Revista Zona de Impacto ANO 16 Vol. 2 2014 Julho/Dezembro
ISSN 19829108 Revista Zona de Impacto. ANO 16 Vol. 2 2014 Julho/Dezembro A reconfiguração da política externa norteamericana para o Oriente Médio (1967 – 1979)
Thiago Henrique Sampaio (UNESP/Assis). Graduando em História pela Faculdade de Ciências e Letras. Resumo Nos dias atuais percebemos o constante interesse norteamericano na região do Oriente Médio, principalmente pela questão energética e do fundamentalismo religioso que começou a ganhar força nas últimas décadas. Mas, a pergunta que fica: a partir de quando os Estados Unidos começaram a reconhecer o Oriente Médio como região de importância na sua política externa? O presente trabalho tem como objetivo analisar o período de 1967 – 1970 evidenciando que nesta época até os dias de hoje o Oriente Médio passa a ser uma das regiões mais estratégicas na política externa norteamericana, devido a importância de seus recursos energéticos e a preocupação de conter o fundamentalismo religioso que começava a ganhar força no período. A partir disso, podemos considerar que estes anos foram fundamentais para o Oriente Médio se consolidar como preocupação para a diplomacia norteamericana. Palavraschaves: Estados Unidos, Oriente Médio, Política Externa, Guerra Fria Abstract Nowadays we realize the constant American interest in the Middle East region, especially the energy issue and the religious fundamentalism that started to gain momentum in recent decades. But the question remains: from when the United States began to recognize the Middle East as a region of importance in its foreign policy? This study aims to analyze the period of 1967 1970 showing that at this time until the present day Middle East becomes one of the most strategic regions in U.S. foreign policy, because the importance of energy resources and concern contain religious fundamentalism that began to gain momentum in the period. From this, we can consider that these years have been fundamental to the Middle East to consolidate as concern for American diplomacy. Keyswords: United States, the Middle East, Foreign Policy, Cold War
Introdução Desde o século XIX, a política externa norteamericana se voltou a América e a Europa. Os interesses dos Estados Unidos no continente americano se tornaram evidente a partir da Doutrina Monroe (1823) e da Diplomacia do Big Stick; e no caso da Europa os interesses econômicos e políticos ficaram evidentes após a II Guerra Mundial, com o avanço da União Soviética sobre os países da Europa Oriental formando um bloco de países que adotaram o comunismo como sistema econômicosocial. A política externa adotada para a Europa nos pósGuerra se encontram dentro da Doutrina Truman, que designou um conjunto de medidas do governo norteamericano para a contenção do comunismo a países que estavam com suas economias fragilizadas ao final do http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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conflito bélico. E como se desenvolveu as relações internacionais dos Estados Unidos com as demais partes do globo, especificamente, o Oriente Médio? A região compreendida como Oriente Médio esteve ao longo do século XIX até meados do século XX sobre interesse das potências européias (principalmente França e Inglaterra). Até 1923, está região era subjugada pelo Império Otomano, após seu desmoronamento com o término da Primeira Guerra Mundial e a divisão de seus territórios através do Tratado de Sèvres, Inglaterra e França puderam exercer influência e administrar esta localidade. Só partes da península Arábica permaneceram livres de domínio europeu. O Iêmen, assim que acabou a ocupação otomana tornouse um Estado independente sob o imã dos zayditas, Yahya. No Hedjaz, o xerife Husayn proclamouse rei e governou por alguns anos, mas na década de 1920 seu governo, ineficaz e privado de apoio britânico, foi neutralizado por uma expansão de poder do governante saudita, Abd alAziz (1902 – 1953), da Arábia Central; tornouse parte do novo Reino da Arábia Saudita, que se estendia do Golfo Pérsico ao mar Vermelho. O protetorado britânico sobre pequenos estados no Golfo Pérsico continuou a existir; uma área de proteção britânica foi ampliada para leste, a partir de Áden; e no sudoeste da península, com apoio britânico, o poder do sultão de Omã em Mascate foi estendido ao interior, a custa do imã Ibadita (HOURANI, 2005, p. 321 – 322) 1. Colocadas em suas posições de potência, a Inglaterra e a França puderam, entre 1918 1939, expandir seu controle sobre o comércio e a produção da região. O Oriente Médio era importante para a Europa como fonte de matériasprimas, e uma grande proporção de investimento britânico e francês era dedicada a criar condições para extraílas e exportálas (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 323). Os países árabes tinham grande dependência da Europa para a maioria dos produtos manufaturados (combustíveis, metais, maquinaria), a importação e a exportação eram feitas por navios britânicos e franceses (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 324). No Iraque, o controle do mandato britânico tinha, desde o princípio, sido exercido por intermédio do rei Faysal e seu governo; o âmbito de ação do governo foi estendido em 1930 por um Tratado AngloIraquiano, pelo qual o Iraque recebia independência formal em troca de um acordo para coordenar sua política externa com a da Inglaterra. Após o tratado, o Iraque foi aceito como membro da Liga das Nações, um símbolo de igualdade e admissão na comunidade internacional (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 333). No Egito, a existência de um partido nacionalista bem organizado tendo por trás a classe de proprietários rurais e uma burguesia em expansão ansiosa por uma mudança política, e por temores britânicos quanto às ambições italianas (devido a recente invasão da Itália na Etiópia), tornou possível um Tratado AngloEgípcio de 1936. A ocupação militar do Egito foi declarada encerrada, mas a Inglaterra ainda poderia manter forças armadas numa zona em torno do Canal de Suez; logo depois, o Egito adentrou a Liga das Nações (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 333). Neste período, começou a emergir no Egito duas poderosas forças, uma política e outra religiosa, que rapidamente se espalhou por diversos países da região: o Partido Comunista e a Irmandade Muçulmana (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 350). A Segunda Guerra Mundial aconteceu em um mundo árabe que parecia firmemente seguro dentro dos sistemas colonial francês e britânico. Os nacionalistas podiam esperar uma posição mais favorável dentro deles, mas o poder militar, econômico e cultural de Inglaterra e França parecia inabalável. Nem os Estados Unidos, muito menos a União Soviética, tinham um limitado interesse no Oriente Médio e na região do Magreb (Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos). A guerra foi um catalisador, trazendo rápidas mudanças no poder e na vida social, principalmente nas localidades periféricas do mundo (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 357). Durante os anos iniciais a guerra foi essencialmente europeia. Mas, a situação começou a mudar a partir de 1940 quando a França foi derrotada e retirouse da guerra e a Itália entrou. A partir de 1942, todos os países que tinham estado anteriormente sob domínio britânico assim continuaram, e havia tropas britânicas também na Líbia, Síria e Líbano. O domínio francês ainda permanecia formalmente na Síria, no Líbano e no Magreb, onde o exército francês estava sendo refeito para tomar parte ativa nos últimos estágios da guerra na Europa (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 358). http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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As bases do poder britânico e francês tinham sido abalados na região do Oriente Médio. O colapso da França em 1940 enfraquecera sua posição aos olhos daqueles que ela dominava; embora tivesse emergido do lado dos vencedores, e com o status formal de grande potência, os problemas da recriação de uma vida nacional estável e restauração de uma economia danificada lhe tornou mais difícil apegarse a um império colonial 2. Na Inglaterra, os esforços da guerra haviam levado a uma crise econômica que só podia ser superada aos poucos, com a ajuda dos Estados Unidos; o cansaço e a consciência da dependência fortaleceram a dúvida sobre se era possível dominar um império tão grande do mesmo jeito que antes (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 358). Após o término da Segunda Guerra Mundial, ofuscando os poderes ingleses e franceses, os Estados Unidos e a União Soviética tinham maiores recursos econômicos e força humana que qualquer outro país, e no curso da guerra haviam estabelecido uma presença em muitas partes do mundo. A partir disso, estariam em posição de exigir que seus interesses fossem levados em conta em toda a parte, e a dependência econômica da Europa da ajuda americana dava aos EUA um poderoso meio de pressão sobre seus aliados europeus a permitirem o processo de descolonização (HOURANI, Albert. Op. cit, p. 359.) O início da aproximação dos Estados Unidos e Oriente Médio Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA emergiram como a primeira hegemonia de cunho liberal e democrático, iniciando seu ciclo de dominação e expansão econômica, transformando drasticamente o caráter de sua diplomacia internacional para promover seus interesses regionais em oposição à União Soviética3 . A descolonização levou o declínio das potências europeias, a derrocada de seus adversários e sua ascensão econômica beneficiaram drasticamente os Estados Unidos em sua política externa (PECEQUILO, 2005, p. 126 – 127) 4. A expansão do comunismo trazia a necessidade de construir redes de proteção contra os soviéticos, regional e globalmente, contendo a disseminação de suas ideologias. Esta nova política visava construir uma ordem internacional estável e duradoura que prevenisse a consolidação e o aumento do poder rival (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 130.). A partir de 1946, ocorreu um avanço da União Soviética sobre os países do Oriente Médio. No Irã, os soviéticos tentaram controlar a exploração de petróleo, enquanto na Turquia visavam o controle do estreito de Dardanelos (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 138.). Os Estados Unidos identificavam o grande risco na dominação da Eurásia pelos soviéticos, era a obtenção por parte da União Soviética de condições materiais e territoriais para superar o poder norteamericano. Era necessário impedir que uma só potência dominasse a Eurásia (ou os blocos regionais), tornandose uma preocupação duradoura da política externa americana (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 157). Esta política de ação e reação de ambos os lados tornouse uma marca característica da Guerra Fria. Em resumo, a Guerra Fria, era uma luta entre dois modos de vida, entre dois sistemas opostos, que tinham em comum o objetivo de estenderse, trabalhando efetivamente para a decadência e o desaparecimento do outro (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 149). As Américas perderam a importância e a centralidade que haviam tido para os Estados Unidos e não foram um alvo estratégico na Guerra Fria (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 161). Era na Ásia que se desenvolveram alguns dos problemas mais característicos do período (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 172). A partir de 1948, ocorreu a política de porta aberta para o Oriente Médio, que consistia em tratados (principalmente com Irã e Israel) que continham cláusulas sobre garantias de investimentos do capital americano de entrar livremente em negócios e negava discriminações contra investidores dos EUA. Estes contratos previam a nãointerferência na propriedade e nas operações de credores norteamericanos, bem como instituir outras medidas de proteção nestes países 5. Em depoimento na Câmara dos Deputados, ocorrida em 1967, Robert McNamara http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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demonstrou qual era os reais interesses dos Estados Unidos para a região do Oriente Médio e deixou subentendido como seria a política norteamericana para esta região: O Oriente Próximo e o Oriente Médio continuam tendo importância estratégica para os Estados Unidos, pois a região é uma encruzilhada política, militar e econômica. O fluxo de petróleo do Oriente Médio é vital para o Ocidente. Nós temos, portanto, muita coisa em jogo, quanto a estabilidade e ao contínuo desenvolvimento dessa área. Temos também um profundo interesse em manter nossas relações de aliança com a Grécia, Turquia e Irã, pois estes países situamse entre a União Soviética, as bases navais e os recursos petrolíferos do Oriente Médio6 . A ideia de que os EUA tinham algum tipo de “direito” sobre o petróleo do Oriente Médio já estava presente, de modo discreto, nas décadas de 40 e 50. Eisenhower afirmou em 1957, após a Crise do Canal de Suez, que os EUA usariam a força “na eventualidade de uma crise que ameace cortar o acesso do mundo ocidental ao petróleo do Oriente Médio”. No ano seguinte, o presidente pediu ao Congresso autorização para o envio de tropas para o Oriente Médio, justificando que a atitude era necessária para mostrar a “todos, inclusive os soviéticos, que estamos plenamente dispostos a sustentar os direitos ocidentais na região” 7. Ficando implícito nessas falas que um desses “direitos” era o acesso ao petróleo. A respeito da Crise do Canal de Suez, os Estados Unidos afastaram tanto de seus antigos aliados europeus, França e Inglaterra, a quem impediram de retomar o controle do Canal nacionalizado por Nasser, como do Egito, com o qual haviam se comprometido a construir a represa de Asuan, depois assumida pela União Soviética. Segundo Pecequilo, a literatura que trata da Crise de Suez é praticamente unânime em afirmar que os Estados Unidos tiveram uma política extremamente confusa, que permitiu o avanço da União Soviética no Oriente Médio. Apresentada por Kruschev como uma vitória soviética, prova da mudança do equilíbrio de poder em favor do bloco comunista, os acontecimentos no Egito foram conseqüência dos erros americanos, que já percebiam que o Oriente Médio, como uma área vital de seu interesse, tanto do ponto de visto político, quanto econômico devido as suas reservas petrolíferas (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 177). Na década de 1950, percebese que a Guerra Fria começou a caminhar pela periferia do mundo, a Europa deixava de ser o palco principal deste conflito ideológico (PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit. p. 179). Nesta época, os soviéticos tinham uma política para o Oriente Médio, que ficou evidente a partir desta década. Demandavam a solução dos desentendimentos pelas negociações pacíficas, a nãointerferência nas questões internas dos países, nenhum compromisso militar contra as grandes potências, liquidação das bases estrangeiras, embargo à corrida armamentista e assistência econômica sem qualquer condição política, militar ou outra 8. Um desafio a política externa norteamericana surgiu nesta época: o nacionalismo nos países produtores de petróleo. Essa tendência começou com as pressões para mudar as regras de divisão dos lucros em países como o Irã e a Arábia Saudita, cujos governos passaram a reivindicar condições cada vez melhores 9. Em 1951, subiu no Irã como primeiroministro Mohammed Mossadegh, que liderou um forte movimento nacionalista no país que defendia o controle de suas riquezas petrolíferas. Foi favorável a nacionalização da AngloIranian Oil Company, companhia que operava no Irã desde 1909 e seus maiores acionistas eram ingleses. O Parlamento iraniano aprovou a nacionalização do petróleo e Mossadegh era visto como um símbolo da luta antiimperialista em seu país. Os ingleses juntamente com os americanos propuseram um boicote ao petróleo iraniano com o objetivo de sufocar a economia fragilizada do país, isso acarretou em uma aproximação do governo de Mossadegh com a URSS. http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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Segundo Newton Carlos, Mossadegh exagerou na estratégia de chantagem sobre os Estados Unidos, declarando que se não obtivesse mais auxílio americano teria que procurar com a União Soviética, insinuando que estaria disposto a assinar com esse país um acordo econômico e de defesa mútua, esta aproximação realizaria os objetivos principais da política externa russa desde os tempos dos czares, o acesso ao Golfo Pérsico, linha de vital importância do Ocidente para o Extremo Oriente10 . O boicote gerou uma crise de poder entre Mossadegh e o xá Reza Pahlavi. Os britânicos junto com os EUA pensaram em um plano para afastar Mossadegh do poder, agitando a população iraniana contra o primeiroministro. Motivado pelas movimentações populares, Reza Pahlavi demitiu seu primeiroministro, o que provocou manifestações favoráveis a Mossadegh que obrigaram o xá a abandonar o Irã. Mas, Mossadegh não conseguiu manter o poder por muito tempo, sofreu um Golpe de Estado que instalou o general Fazlollah Zahedi como primeiro ministro e o xá regressou ao país com poderes absolutos, favoráveis a política norteamericana e britânica 11. Quando o preço do petróleo foi unilateralmente reduzido pelas concessionárias, em 1959 e, novamente, em 1960, infligiu perdas aos Estados produtores, com isso decidiram criar um poder que seria o contraponto à exploração das multinacionais petrolíferas 12. Em 1960, surgiu a OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criada pela Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait e Venezuela com o objetivo de fazer uma frente comum nas negociações com as multinacionais petrolíferas. A OPEP surge com duas cláusulas principais em seu acordo de criação: 1. Unificação das políticas petrolíferas e; 2. Os países exportadores não podendo permanecer indiferentes à atitude das companhias realizando modificações de preços exigirão deles a manutenção de preços estáveis, restauração dos preços reduzidos e no futuro, só modificálos com a autorização dos países produtores. Será planejado um sistema de estabilizar os preços pelo controle da produção, e os países formarão uma frente única, rejeitando as ofertas de tratamento preferencial pelas companhias a um membro em troca da ação unilateral13 . Desde finais da década de 1940, a Venezuela clamava os Estados produtores de petróleo a uniremse contra as multinacionais, mas seriam apenas em finais da década de 1950 que o ministro do petróleo saudita, Abdullah Tarik, aceitaria tais ideais14 . Ao longo da década de 1950, ficou evidente este discurso nacionalista sobre o petróleo, como podemos analisar abaixo: O petróleo árabe é nosso. È nossa riqueza nacional, que não se enquadra apenas essencialmente, mas sim totalmente, dentro de nossa jurisdição. Não admitimos qualquer discussão dele em qualquer foro internacional. Os países produtores de petróleo, e aqueles pelos quais o petróleo transita, podem discutir entre si o que devem discutir, e quando devem discutir. O petróleo, o nosso petróleo, não é uma mercadoria política de uma empresa internacional, e estamos decididos a mantêlo fora da área da política 15. Outro elemento importante que começou a se destacar no período como unidade importante para a política externa norteamericana foi à criação do Estado de Israel (1948) e seu posicionamento do conflito árabeisraelense. União Soviética e Estados Unidos rapidamente reconheceram a criação do Estado de Israel em 1948. No caso americano, Gaddis afirma que o reconhecimento do EUA para este país deveuse basicamente por três fatores: compaixão humanitária decorrente do Holocausto; conveniência para a política interna, especificamente a reeleição de Truman e “teimosia pessoal” do presidente americano16 . Inicialmente, ocorreu uma aproximação entre Israel e União http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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Soviética, mas isso rapidamente irá mudar decorrente da política externa soviética para o Oriente Médio e a Guerra do Canal de Suez (1956)17 . A partir de 1958, começou a ficar evidente o papel estratégico de Israel na política externa norteamericana devido à deposição do governo próocidental do Iraque, tendo o novo governo se alinhado a URSS, as crises no Líbano e na Jordânia. Israel mostrouse como o único regime próOcidente estável da região, cuja sua aproximação com os EUA poderia ser estratégica18 . Nos governos Kennedy e Johnson definiram a relação entre EUA e Israel como especial e também ocorreu o fornecimento de armas defensivas para os israelenses. Segundo Karsh, a ampliação do fornecimento de armas para Israel deveuse a necessidade de Washington em prevenir inicialmente o desenvolvimento e uso de armas nucleares por parte de Israel19 . Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias devido a atritos entre Israel e os países árabes vizinhos, em especial Egito e Síria. Durante o conflito, a diplomacia israelense tentou conquistar garantias norteamericanas de que um ataque aos israelenses constituiria um ataque aos EUA, o que não ocorreu. Os americanos temiam serem envolvidos em um novo conflito bélico, já que estava em andamento a Guerra do Vietnã (1955 – 1975) que trazia enormes gastos econômicos e militares. Fora que, um conflito que envolvesse a Síria e o Egito poderia atrair a URSS, aumento as dimensões bélicas. O posicionamento americano ao longo do conflito esteve restrito em caráter apenas diplomático20 . Em decorrência da guerra, houve diversas transformações para a política do Oriente Médio. Safran destaca a importância da vitória israelense para a política americana na localidade, caso Israel tivesse sido derrotado a posição norteamericana na região seria profundamente enfraquecida21 . Para Karsh, o conflito conquistou intensamente as grandes potências nos assuntos do Oriente Médio, intensificando a competição entre essas e transformou suas relações com os países locais. Ele ainda completa que a guerra produziu imagens que perdurariam até os dias atuais na mente da população dos países beligerantes e trouxeram empecilhos às tentativas de paz na região 23. Reconfiguração da política externa norteamericana para o Oriente Médio (1967 – 1979) Na década de 1970, a atual configuração da política externa norteamericana para o Oriente Médio se estabeleceu e se manteve até os dias de hoje. Entre os fatores que podemos abordar que foram fundamentais para isso se encontra: a Guerra do Yom Kippur24 (1973), Crise do Petróleo (1973), Acordo de Camp David (1978), a Revolução Islâmica no Irã (1979) e a Invasão Soviética no Afeganistão (1979). De 1969 a 1974, os Estados Unidos foram governado por Richard Nixon, período que o país se encontra plenamente envolvido com questões do Oriente Médio. Houve uma reorientação da política externa norteamericana que visava confiar a segurança de certas regiões do planeta a seus aliados, fornecendo ajuda militar e econômica25 . No caso do Oriente Médio, Irã, Arábia Saudita e Israel foram os principais pilares de sustentação dos EUA26 , está nova doutrina ficou conhecida como Doutrina Nixon. A Guerra de Yom Kippur (1973) representou uma das maiores crises que a administração norteamericana se envolveu no Oriente Médio. A guerra foi um evento totalmente inesperado tanto para os Estados Unidos quanto para Israel, isso se deve a dependência norteamericana da inteligência israelense na região 27 e a descrença que os árabes iniciariam uma guerra estando em posição de inferioridade militar. O avanço das tropas síria e egípcias nos primeiros dias do conflito foram surpreendente para Israel e Estados Unidos, levando uma pesada perda de soldados e material de guerra. Isto levou o país a requisitar uma ajuda americana que garantisse sua vitória contra os árabes, que eram armados pela tecnologia militar soviética. Com a ajuda americana, Israel, nas últimas fases da guerra, havia recuperado os territórios perdidos inicialmente, além de conseguir avanços nas regiões que já tinha conquistado na Guerra dos Seis Dias (1967). O cessarfogo foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, mas desrespeitado por ambas as partes envolvidas. Isso ocasionou uma crise diplomática http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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entre a União Soviética e Estados Unidos, na qual os soviéticos propunhas que as duas superpotências despachassem conjuntamente ao Egito contingentes militar com a missão de implementar o cessarfogo, além de ameaçar com uma ação unilateral soviética em caso da não concordância dos Estados Unidos28 . O apoio americano a Israel com o fornecimento de armamentos causou revolta dos países árabes que são maioria na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que diminuíram a oferta de petróleo no mercado mundial, causando aumento dos preços e afetando diretamente as econômicas ocidentais 29. A crise iniciada em outubro de 1973, fizeram o preço do petróleo subir 800% em apenas quatro meses, provocando uma problema de alcance mundial. Nesta ocasião, pela primeira vez, os Estados Unidos ameaçaram com uso das armas garantirem seu acesso ao petróleo do Oriente Médio 30. Segundo Pecequilo, devido à retração econômica americana foi no campo externo que se observou uma resposta mais bem acabada e inédita nas visões e objetivos que envolvia a política de liderança norteamericana. Substituindo a política de contenção que era usado contra a União Soviética pela estratégia da detente31 . Dentro desta nova política, os Estados Unidos passaram a dedicar maior atenção ao Oriente Médio em sua política externa, especialmente o Egito. Um dos objetivos centrais da política norteamericana pelos próximos anos seria o distanciamento do Egito dos soviéticos e atraílo como aliado na região. Nos anos seguintes ao conflito, os Estados Unidos enviaram negociadores para tentar resolver acordos fronteiriços entre os árabes e israelenses. Neste processo, os Estados Unidos buscavam ganhar confiança dos países árabes e causar um distanciamento da União Soviética na região. Os Estados Unidos organizaram uma Conferência em Genebra para iniciar diálogo entre as partes com o objetivo de negociar as medidas mais urgentes de segurança, esta reunião foi presidida pelo Secretário Geral da ONU e contou com a participação de Estados Unidos, União Soviética, Jordânia, Israel e Egito – a Síria se recusou a participar da conferência. Ocorreram avanços das negociações entre Israel e Egito, permitindo o “Primeiro Acordo de Desengajamento do Sinai” (1974) que definiu os limites das forças egípcias e israelenses no leste do canal. Segundo Bortoluci, o resultado desse acordo foi um aumento momentâneo do prestígio dos Estados Unidos no mundo árabe, assim como o primeiro passo de aproximação com o Egito32 . Durante os anos de 1977 a 1981, assumiu a presidência americana Jimmy Carter. No início de seu governo a orientação da política externa foi ganhando contornos com princípio mais humanitário que no decorrer do mandato foi perdendo forças 33. Nesse contexto, a política Carter se envolverá no Acordo de Camp David (1978) entre Israel e o Egito, que resultará em 1979 no Acordo de Paz IsraeloEgípcio. O objetivo principal dos Estados Unidos no Acordo de Camp David era firmar sua postura como parte do processo de negociação e não apenas como mediador entre Israel e Egito, visto que os Estados Unidos tinham objetivos no Oriente Médio e não apenas a paz na região. Segundo Perosa, Carter acreditava que não havia possibilidade de sucesso em uma negociação entre ambos os países sem participação norteamericana e deveria expressar suas posições firmemente para que seus objetivos políticos fossem alcançados 34. Os principais pontos de discussão defendidos ao longo do acordo eram: a normalização das relações entre Israel e Egito, o futuro da Cisjordânia e da Faixa de Gaze, a desmilitarização do Sinai e seu retorno como parte do Egito e o direito de autodeterminação dos palestinos. O Acordo de Paz IsraeloEgípcio (1979) era semelhante aos negociados em Camp David, com exceção às alterações necessárias em decorrência da resistência da Jordânia e dos Palestinos em participarem das negociações. Este foi uma das principais crises que envolveram a relação Estados Unidos e Jordânia 35 no período. Os países árabes rejeitaram o acordo, o que levou a expulsão do Egito da Liga Árabe e a transferência de sua sede de Cairo para Túnis, na Tunísia. Além disso, ocorreu o fim do auxílio econômico ao país pelos árabes, nos quais afirmaram que o tratado legitimava a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e, anos depois, que a perda da ameaça egípcia sobre http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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Israel favoreceu que este país invadisse o Líbano em 1982 36. O Egito, depois do seu isolamento pelos países árabes, voltouse aos Estados Unidos para obter auxílio para a recuperação de sua economia e para seu rearmamento, isso tornou o país um dos novos aliados americano na região do Oriente Médio. Em sequência ao acordo firmado por Israel e Egito, os Estados Unidos tentaram desenvolver negociações sobre a autonomia do povo palestino. As discussões se deram com lideranças regionais palestinas, que rejeitaram a proposta de emancipação e se posicionaram ao lado da OLP (Organização para Libertação da Palestina), que até então era excluída das negociações por israelenses e norteamericanos. Começasse a perceber que o poder de barganha dos palestinos começaria a crescer, já que os países europeus começaram, em sua maioria, a simpatizar com a causa de autodeterminação do povo palestino e desejavam envolverse nos acordos37 . Em decorrência a isso, houve uma aproximação dos Estados Unidos com a OLP que influenciou na política interna dos americanos no período, a comunidade judaica voltouse contra a simpatia do presidente Carter a causa palestina 38. Outro grande aliado39 dos Estados Unidos no Oriente Médio, o Irã, vinha passando por convulsões sociais desde a década de 1960 que não tinham sido interrompidas. O Irã monárquico do Xá Reza Pahlavi, até 1979, representava uma zona de equilíbrio norteamericano na região 40. Em 1973, os americanos aconselharam o Xá a promover reformas sociais e políticas limitadas que ficaram conhecidas como Revolução Branca, que visavam acalmar a revolta da população 41. Na época, os Estados Unidos forneceram US$ 20 milhões 42 em assistência militar para conter eventuais rebeliões. Estas reformas visavam à modernização e ocidentalização do Irã, mesma política seguida por Kermal Ataturk na Turquia nas décadas de 1920 e 193043 . Segundo Newton Carlos, a integração do regime do Xá com os interesses políticos e estratégico dos Estados Unidos no Oriente Médio, sua aliança com Israel e a crescente implantação da comunidade estrangeira a contrastar com a miséria e revolta generalizada resultou numa situação revolucionária, que acabou derrubando a monarquia e seus sonhos de ocidentalização do país. O programa da revolução do monarca acabou se transformando no efeito contrário e desencadeou a crise final do regime monárquico no país 44. Esse processo de ocidentalização do Irã, não satisfez a população que continuou com suas reclamações e sua procura por líderes contra o governo do Xá. O aiatolá Khomeini, líder xiita, impôs seus seguidores que ignorassem a celebração do ano novo préislâmico, tal comemoração era de interesse para o Xá, que buscava simbolizar a reconquista da grandeza persa. Como punição o seminário que o líder religioso dirigia foi atacado por agentes do monarca. Khomeini protestou, a monarquia organizou uma campanha pública condenando o clero que provocou ainda maiores protestos da população. Após este incidente, o aiatolá se exilou no Iraque e permaneceu neste país até 1978. No Iraque, Khomeini e radicais islâmicos começaram a planejar uma revolução45 para depor a monarquia e expulsar a influência ocidental do Irã, suas declarações contra o regime e a população estrangeira no país começou a perturbar a política do Xá. Desde 1977 já estava claro que o regime do Xá Reza Pahlavi estava se desestabilizando: boa parte da população e de lideranças religiosas desacreditavam no governo do Xá Pahlavi e o acusavam de ser marionete dos EUA. Além disso, a repressão feita por órgãos como a SAVAK 46 tornou o público hostil às políticas do monarca 47. Como principal ferramenta do regime ocorreu uma intensificação cada vez maior da repressão 48. Aos poucos, o regime do Xá perdeu suas bases de sustentação. A presença cada vez maior de estrangeiro49 no Irã fez parecer que o país continuava a sofrer uma política de ocidentalização cada vez maior imposta pela monarquia. O regime e a fonte de seu poder, os Estados Unidos, haviam perdido o apoio da população e sendo substituídos pela pessoa de Khomeini. Em uma entrevista, o Xá garantiu que os protestos não ameaçavam seu governo, declarando que os insurgentes deveriam removêlo do poder se quisessem o término da modernização do Irã50 . Em dezembro de 1978, durante uma mobilização próKhomeini a polícia atirou contra a http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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população, sem conseguir interromper a manifestação. Os protestos começaram a exigir o fim da monarquia iraniana. Khomeini anunciou a formação do Conselho da Revolução Islâmica para a formação de um novo governo 51. Nesta ocasião, o Xá reconheceu a perda do controle sobre o país 52 e iniciou seu exílio. Em janeiro de 1979, Khomeini retorna do seu exílio e assume a liderança da nação iraniana. Com a perda de um dos seus principais aliados, os Estados Unidos começaram a investir pesadamente na economia da Turquia e da Arábia Saudita. A primeira foi considerada pelos dirigentes do programa de ajuda militar do EUA, como um sustentáculo para conter a radicalização de movimentos islâmicos na região53 . No caso da Arábia Saudita, os norte americanos negociaram a criação de um comando de “intervenção rápida” voltada para o Golfo Pérsico, logo foi considerada como herdeira do Irã no papel de “polícia” do Golfo Pérsico e tratada como o “baluarte anticomunista” no mundo árabe 54. O Xá Pahlavi exilouse nos Estados Unidos após a Revolução o que ocasionou o corte das relações diplomática com o novo governo iraniano, fazendo com que milhares de iranianos se manifestassem em frente a embaixada americana em Teerã que foi logo tomada por estudantes e militantes islâmicos, deixando membros diplomático norteamericanos reféns da ocupação. Na época, o governo americano autorizou uma missão militar de resgate dos reféns que culminou com oito soltados americanos mortos e aumentando mais o sentimento de humilhação pública americana 55. A crise dos reféns e a Revolução Islâmica no Irã contribuíram em 1980 para a derrota eleitoral de Carter para se reeleger 56. Newton Carlos assinala que o pano de fundo da política externa norteamericana deixa de ser apenas o petróleo e começa a ser o medo da expansão do fundamentalismo islâmico no Oriente Médio, através de governos xiitas. Os xiitas são um ramo do islamismo que sempre colocaram em questão o poder temporal, tratando como algo impuro. Eles ajudaram os militares a tomar o poder no Iraque (1968), logo depois de passarem a fazer oposição juntandose aos comunistas iraquianos (Partido Baath) com apoio da União Soviética. Ele completa ainda que os americanos não viram como pura coincidência o fato de que os xiitas eram majoritários nos dois países muçulmanos, o Iraque e o Irã, com partidos comunistas importantes 58. Ainda em 1979, outro fator influenciou a política externa para a região: a invasão soviética no Afeganistão. Visando apoiar um governo e seu aliado na região, a União Soviética tentou sustentar um regime próMoscou que estava começando a se aproximar dos Estados Unidos. A partir da ocupação soviética, os Estados Unidos tomaram alguns posicionamentos para o fato: advertiu a União Soviética contra qualquer expansão para além Afeganistão, prometendo repelir qualquer movimento especialmente na direção do Golfo Pérsico; lançou uma campanha diplomática para impedir apoio internacional a invasão; renovou uma aliança com o Paquistão visando armar os rebeldes contra os soviéticos e apoiou os islâmicos através de uma premissa ideológica de resistência, tendo como objetivo travar uma jihad (guerra santa) contra a invasão soviética 59. Na época, o presidente norteamericano Jimmy Carter manifestou que a invasão representava uma grave intimidação tanto para a produção e comercialização de petróleo do Golfo Pérsico quanto para a paz regional. Aproveitandose do temor e preocupação da comunidade árabe, os Estados Unidos incentivaram o povo muçulmano de todas as partes a unirem forças contra a União Soviética60 , armando massivamente os rebeldes e causando graves prejuízos anuais para os soviéticos em decorrência dos gastos militares para manter a ocupação. Segundo Samuel Huntington, a ocupação soviética e o armamento americano para os rebeldes deixou uma herança de combatentes especializados e experientes, campos de treinamento, instalações logísticas, considerável quantidade de equipamento militar e um intenso desejo de seguirem adiante 61. Em outras palavras, a ajuda militar que os norteamericanos forneceram aos afegãos trarão problemas aos Estados Unidos na região futuramente, isso se confirmou posteriormente com a invasão americana no Afeganistão (2001) que se pendura até os dias de hoje. http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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Considerações Finais No período de 1967 1970, percebemos que o interesse da política externa norte americana para o Oriente Médio se consolida e se manterá até os dias de hoje62 com discursos de diversos presidentes posteriores para a região. A Guerra dos Seis Dias (1967) e do Yom Kippur (1973) foram de extrema importância para os Estados Unidos perceberem que não era viável manter apenas Israel como aliado regional, a importância dos países árabes para a política externa americana começaria ser imprescindível para deter o expansionismo soviético na região e para suprimir sua demanda energética. O papel de mediador no conflito árabeisraelense e na participação ativa sobre a criação de um Estado Palestino independente se pendura até os dias de hoje. Mas, os Estados Unidos buscou sempre privilegiar seu principal aliado regional nestas questões, no caso Israel. Com a Revolução Islâmica no Irã (1979) começou a se perceber que seu principal inimigo na região não seria a ideologia comunista que correria o risco de se espalhar, mas o fundamentalismo religioso acabou se tornando uma das principais ameaças a política externa desde então. A partir disso, percebeuse que estava ocorrendo um choque entre a ocidentalização que os Estados Unidos exportava para seus aliados regionais e as crenças tradicionais no islamismo. Na Invasão Soviética ao Afeganistão (1979), os Estados Unidos acreditavam que armando os rebeldes conseguiriam consolidar um novo aliado regional, mas acabaram errando. Ao ajudar militarmente os rebeldes os norteamericanos acabaram criando um problema que irá acontecer décadas posteriores e trouxeram sérios problemas, que é a formação de redes terroristas fundamentalistas que buscavam consolidarse na região do Oriente Médio e acabar com a influência de potências ocidentais na região. A partir deste recorte temporal (1967 – 1979) fica nítido que as principais preocupações americanas em sua política externa deixaram de ser a América Latina e a Europa, passando a lugares que até então era considerados secundário, como no caso, o Oriente Médio.
Fontes Depoimento do secretário da Defesa Robert McNamara, no Comitê de Negócios Estrangeiros, na Câmara dos Deputados. Hearings on the Foreign Assistance. Act of 1967. Washington, D.C: 1967, p. 114. Discurso do delegado saudita na ONU, Ahmad Sukairi, em Agosto de 1958. IN: O’CONNOR, Harvey. O Petróleo em crise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1962, p. 365. The New York Times, 12/09/1978, p. 97. The New York Times, 15/01/1979, p. 1 Washington Post, 22/11/1978, p. A14 Bibliografia ARANTES, Maria Inez F. Os EUA e a guerra como instituição: o caso do Irã. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Formação do Império Americano: da Guerra contra a Espanha à Guerra do Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. BERDING, Andrew H. A formulação da política exterior dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1966. BERTONHA, João Fabio. Irã e Estados Unidos: competição geopolítica no Oriente Médio. Meridiano 47. Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: n. 79, 2007, p. 2 – 4. BORTOLUCI, José Henrique. Política Externa NorteAmericana e o Conflito ÁrabeIsraelense (1967 – 1982): Dinâmica e Fatores Determinantes. Monografia de Bacharelado em Relações http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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Internacionais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. CARLOS, Newton. Irã: a força de um povo e sua religião. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1979. CONANT, Melvin A. A geopolítica energética. Rio de Janeiro: Atlântida, 1981. COGGIOLA, Osvaldo. A Revolução Iraniana. São Paulo, Editora Unesp, 2008. FERABOLLI, Silvia. A (des) construção da Grande Nação Árabe: Condicionantes sistêmicos, regionais e estatais para a ausência de integração política no Mundo Árabe. Dissertação de Mestrado em Relações Internacionais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 2005. FUSER, Igor. O petróleo e a política dos EUA no Golfo Pérsico: a atualidade da Doutrina Carter. Lutas Sociais. Disponível em: www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf . GADDIS, John Lewis. We now know: rethinking cold war history. Oxford: Oxford University Press, 1997. GOMES, Aura Rejane. A Questão da Palestina e a Fundação de Israel. Dissertação de Mestrado em Ciência Política. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2001. HAHN, Peter L. Historical Dictionary of United States – Middle East Relations. Lanham: The Scarecrow Press, 2007. HODGE, Carl C.; NOLAN, Cathal J. (Org.). U.S. Presidents and Foreign Policy: from 1789 to the present. Santa Barbara: ABC Cio, 2007. HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. HUNTINGTON, Samuel. O choque de civilizações: a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetivo, 1997. KARSH, Efrain. “Israel” In. SHLAIM, Avi; SAYIGH, Yezig. The Cold War and the Middle East. Oxford: Clarendon Press, 1997. LESCH, David W. 1979: the year that shaped modern Middle East. Boulder? Westview Press, 2001. LEWIS, Bernard. O Oriente Médio: do advent do cristianismo aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. LITTLE, Douglas. American Orientalism: the United States and the Middle East since 1945. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2004. MAGDOFF, Harry. A era do Imperialismo: a economia da política externa dos Estados Unidos. São Paulo: Hucitec, 1978. MASSOULIÉ, François. Os conflitos do Oriente Médio. São Paulo: Ática, 1994. MEAD, Walter Russell. Uma orientação especial: a política externa norteamericana e sua influência no mundo. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2006. O’CONNOR, Harvey. O Petróleo em crise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1962. OSGOOD, Robert E. As alianças e a política externa norteamericana. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1971. PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa dos Estados Unidos: Continuidade ou Mudança? Porto Alegre: Editora UFRGS, 2005. PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa dos Estados Unidos: fundamentos e perspectivas. Cena Internacional. Brasília: ano 2, n. 1, jun/2000, p. 146 – 170. PEROSA JUNIOR, Edson José. A política externa estadunidense no Oriente Médio e a formulação da Doutrina Carter (1977 – 1981). Revista Urutágua. Maringá: n. 28, maio / outubro de 2013, p. 97 – 109. RIEGER, Fernando; TEIXEIRA, Yves. A URSS: confronto de ideologias no pósguerra e a invasão ao Afeganistão. Seminário Brasileiro de Estudo Estratégicos Internacionais (SEBREEI): Integração Regional e Cooperação SulSul no Século XXI. Porto Alegre/RS:2012, p. 151. SAFRAN, Nadav. Israel: The embattles ally. Cambridge: Belknap Press, 1978. SYRETT, Harold C. Documentos históricos dos Estados Unidos. São Paulo: Cultrix, 1980.
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NOTAS 1HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 321 – 322. 2 Esta posição de Albert Hourani sofre uma contestação ao se ler a obra Colonialismo e Neocolonialismo, uma coletânea de ensaio do filósofo francês Jean Paul Sartre publicado ao longo de 1954 a 1962 na revista Temps Modernes que fez duras críticas ao colonialismo francês na Argélia e a construção da mentalidade de Argélia Francesa, tanto na população francesa quanto nos argelinos. Vale ressaltar que os processos de descolonização ocorridos no Antigo Império Colonial Francês foi mais penoso do que no caso Inglês, visto que houveram longas guerras: Guerra de Independência da Argélia (1954 – 1962) e as Guerras na Indochina, esta última que irá ocasionar a conhecida Guerra do Vietnã (1955 – 1975) onde ocorreu intervenção americana. 3 PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa dos Estados Unidos: fundamentos e perspectivas. Cena Internacional. Brasília: ano 2, n. 1, jun/2000, p. 161. 4 PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa dos Estados Unidos: Continuidade ou Mudança? Porto Alegre: Editora UFRGS, 2005, p. 126 – 127. 5 MAGDOFF, Harry. A era do Imperialismo: a economia da política externa dos Estados Unidos. São Paulo: Hucitec, 1978, p. 139. 6 Depoimento do secretário da Defesa Robert McNamara, no Comitê de Negócios Estrangeiros, na Câmara dos Deputados. Hearings on the Foreign Assistance. Act of 1967. Washington, D.C: 1967, p. 114. 7 FUSER, Igor. O petróleo e a política dos EUA no Golfo Pérsico: a atualidade da Doutrina Carter. Lutas Sociais, p. 25. Disponível em: www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf 8 O’CONNOR, Harvey. O Petróleo em crise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1962, p. 302. 9 FUSER, Igor. Op. cit. p. 24. Disponível em: www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf 10 CARLOS, Newton. Irã: a força de um povo e sua religião. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1979, p. 48. 11 FUSER, Igor. Op. cit. p. 24. Disponível em: www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf 12 FERABOLLI, Silvia. A (dês) construção da Grande Nação Árabe: Condicionantes sistêmicos, regionais e estatais para a ausência de integração política no Mundo Árabe. Dissertação de Mestrado em Relações Internacionais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 2005, p. 54. 13 O’CONNOR, Harvey. Op. cit., p. 410. 14 FERABOLLI, Silvia. Op. cit., p. 54. 15 Discurso do delegado saudita na ONU, Ahmad Sukairi, em Agosto de 1958. IN: O’CONNOR, Harvey. Op. cit., p. 365. 16 GADDIS, John Lewis. We now know: rethinking cold war history. Oxford: Oxford University Press, 1997, p. 164. http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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17 KARSH, Efrain. “Israel” In. SHLAIM, Avi; SAYIGH, Yezig. The Cold War and the Middle East. Oxford: Clarendon Press, 1997, p. 161. 18 BORTOLUCI, José Henrique. Política Externa NorteAmericana e o Conflito Árabe Israelense (1967 – 1982): Dinâmica e Fatores Determinantes. Monografia de Bacharelado em Relações Internacionais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005, p. 13. 19 KARSH, Efrain. Op. cit., p. 162. 20 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 15. 21 SAFRAN, Nadav. Israel: The embattles ally. Cambridge: Belknap Press, 1978, p. 418. 22 KARSH, Efrain. Op. cit., p. 163164. 23 Ocorreu de 06 de Outubro a 26 de Outubro de 1973, começou com um contraataque da Síria e do Egito, coincidindo com o dia do feriado judaico de Yom Kippur. Os dois países lideraram uma coalizão de países árabes que cruzaram as linhas de cessarfogo na península de Sinai e nas Colinas de Golã, que desde 1967 pertenciam a Israel, devido a Guerra dos Seis Dias. 24 LESCH, David W. 1979: the year that shaped modern Middle East. Boulder? Westview Press, 2001, p. 38. 25 LITTLE, Douglas. American Orientalism: the United States and the Middle East since 1945. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2004, p. 119. 26 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 24. 27 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 26. 28 PEROSA JUNIOR, Edson José. A política externa estadunidense no Oriente Médio e a formulação da Doutrina Carter (1977 – 1981). Revista Urutágua. Maringá: n. 28, maio / outubro de 2013, p. 100. 29 FUSER, Igor. Op. cit. p. 24. Disponível em: www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf 30 PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit., p. 191. 31 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 27. 32 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 99. 33 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 101. 34 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 36. 35 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 37. 36 BORTOLUCI, José Henrique. Op. cit, p. 36. 37 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 102. 38 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 101. 39 CARLOS, Newton. Op. cit., p. 78. http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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40 ARANTES, Maria Inez F. Os EUA e a guerra como instituição: o caso do Irã. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2004, p. 94. 41 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Formação do Império Americano: da Guerra contra a Espanha à Guerra do Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 383. 42 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 104. 43 CARLOS, Newton. Op. cit., p. 97. 44 COGGIOLA, Osvaldo. A Revolução Iraniana. São Paulo, Editora Unesp, 2008. 45 Era o serviço de segurança interno e de inteligência criado pelo xá Mohammad Reza com a ajuda CIA em 1957. Foi desfeita em 1979, após a derrubada da dinastia Pahlavi do governo do Irã. 46 HODGE, Carl C.; NOLAN, Cathal J. (Org.). U.S. Presidents and Foreign Policy: from 1789 to the present. Santa Barbara: ABC Cio, 2007, p. 334. 47 Washington Post, 22/11/1978, p. A14. 48 ARANTES, Maria Inez F. op. cit, p. 102. 49 The New York Times, 12/09/1978, p. 97. 50 The New York Times, 15/01/1979, p. 1. 51 ARANTES, Maria Inez F. op. cit, p. 103. 52 CARLOS, Newton. Op. cit., p. 87. 53 CARLOS, Newton. Op. cit., p. 8283. 54 HAHN, Peter L. Historical Dictionary of United States – Middle East Relations. Lanham: The Scarecrow Press, 2007, p. 71. 55 PEROSA JUNIOR, Edson José. Op. cit., p. 105; PECEQUILO, Cristina Soreanu. Op. cit., p. 201. 56 CARLOS, Newton. Op. cit., p. 85. 57 RIEGER, Fernando; TEIXEIRA, Yves. A URSS: confronto de ideologias no pósguerra e a invasão ao Afeganistão. Seminário Brasileiro de Estudo Estratégicos Internacionais (SEBREEI): Integração Regional e Cooperação SulSul no Século XXI. Porto Alegre/RS:2012, p. 151. 58 RIEGER, Fernando; TEIXEIRA, Yves. Op. cit. p, 153. 59 HUNTINGTON, Samuel. O choque de civilizações: a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetivo, 1997, p. 314. 60 OBAMA VAI ABORDAR IRÁ, SÍRIA E ORIENTE MÉDIO EM DISCURSO NA ONUA, 24 de setembro de 2013. Disponível em: http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE98N03520130924 ; OBAMA DIZ QUE EUA PODEM INTERVIR NO ORIENTE MÉDIO POR ‘COMBUSTÍVEIS’ E CONTRA TERRORISTAS, 24 de setembro de 2013. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimasnoticias/2013/09/24/obamadizqueeuapodem http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2014%20vol%202%20Tiago%20Sampaio.html
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intervirnoorientemedioporcombustiveisecontraterroristas.htm; BUSH IRÁ DISCUTIR DARFUR E ORIENTE MÉDIO EM REUNIÃO DA ONU, 24 de setembro de 2007. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1092885602,00 BUSH+IRA+DISCUTIR+DARFUR+E+ORIENTE+MEDIO+EM+REUNIAO+DA+ONU.html; Acessado em: 08 de novembro de 2013.
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