A região do Jarmelo (Guarda, Portugal) entre a Alta e a Baixa Idade Média: continuidades e roturas da matriz de povoamento

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A região do Jarmelo (Guarda, Portugal) entre a Alta e a Baixa Idade Média: continuidades e roturas da matriz de povoamento VII Jornadas de Jóvenes en Investigación Arqueológica 7, 8, 9 y 10 de Mayo 2014 Vitoria-Gasteiz, España

Tiago Pinheiro Ramos ([email protected]) Instituto de Estudos Medievais - F.C.S.H. - U.N.L.

Palavras-chave/ key words: Povoamento medieval; Sepulturas Rupestres; Alta Idade Média; Baixa Idade Média

Enquadramento geomorfológico

Vitoria-Gasteiz

Salamanca Jarmelo

Lisboa

Fig. 1 - Localização da região do Jarmelo

A região em estudo enquadra-se no denominado planalto beirão, o qual corresponde genericamente à superfície da Meseta que se prolonga para território português. A altimetria ronda os 800m, existindo algumas excepções em que o relevo se alteia para além dos 900m, as denominadas montes-ilhas ou Inselbergs, como ocorre com o Jarmelo. Existem algumas ribeiras que percorrem os vales, as quais se caracterizam por terem um caudal estival, secando durante os meses de verão quase na sua totalidade formando pequenas charcas. Predominam em larga escala os solos graníticos de classe F, em áreas de colossal acumulação granítica (barrocais) de fraco aproveitamento agrícola, interrompidos por solos de classe A, de utilização agrícola, os quais se encontram situados nos vales talhados pelos rios e ribeiras e nas zonas de confluência destes com outros rios de maior caudal. Seguem-se os solos de classe C, de utilização agrícola condicionada, mais propícios para a pastorícia.

Fig. 2 - Vista aérea do recinto amuralhado do Castro do Jarmelo

Povoamento alto medieval: as sepul-

turas rupestres como indicador de povoamento

N

Em termos genéricos, as regiões situadas entre o Douro e o Sistema Central podem definir-se como um espaço periférico entre os séculos VI e XI. Todavia não eram espaços despovoados. Tratam-se antes de zonas onde não surgiram grandes centros de poderes vinculados aos macro domínios suevo, visigótico, andaluz ou asturo-leonês, nem de estruturas politicas centralizadoras reconhecidas por estas autoridades centrais peninsulares. A visibilidade da cultura material aldeias documentadas no século XIII destas sociedades campesinas e aualdeias documentadas no século XVI tárcicas não permitiu ainda a identificação de habitats com esta cronolosepultura rupestre isolada gia. Contrariamente as manifestações núcleo de 2/3 sepulturas rupestres funerárias desfrutam de uma maior 0 necrópole de mais de 10 sepulturas rupestres visibilidade do que as zonas de habitat. Estas atestam não só a presença Fig. 3 - Mapa da dispersão das aldeias e sepulturas rupestres da sub-região do Jarmelo de povoamento, como são o principal guia para o conhecimento da organização do espaço rural e de zonas circundantes a prospectar. Embora ainda num estádio embrionário, é já notório um certo padrão de implantação das sepulturas escavadas na rocha: zonas circunjacentes a cursos de águas estacionais com terrenos preferentemente vocacionados para a pastoríFig. 3 - Morfologias identificadas das sepulturas rupestres: antropomórficas; rectangulares; ovaladas cia.

Considerações finais A investigação arqueológica, sobre o período medieval, da região em foco apresenta-se ainda num estádio bastante embrionário. Todavia um preliminar cruzamento dos dados disponíveis indicia que, na generalidade e exceptuando os casos de Argomil, do Casto do Jarmelo e de Monteiros, aparentenmente não existem mais correlações entre as zonas onde se localizam as aldeias e as sepulturas rupestres. Compreender os processos que levaram a uma mudança na matriz de povoamento assemelha-se ainda pouco praticável e à espera de novos dados quer históricos quer arqueológicos.

2 Km

Povoamento medieval: o cruzamento das fontes históricas com os dados arqueológicos A evolução da (Re)conquista cristã para um processo de conquista e povoamento efectivo de novos territórios meridionais viria a alterar o modelo de organização e povoamento vigente na região. estes novos territórios dispõem agora de um caracter jurisdicional que careciam anteriormente, pelo que gozam de um novo significado que pode modificar igualmente extensão territorial. A análise das fontes históricas permitem reconhecer a aldeia de Argomil, o Castro do Jarmelo, e a aldeia de Castanheira em 1209. Quanto às restantes aldeias vão aparecendo posteriormente nos séculos seguintes estando completamente implementadas nos inícios do século XVI. A nível arqueológico somente existem dados sobre o Castro do Jarmelo, no qual foi possível a exumação de materiais datáveis dos séculos XIII/XIV. Todavia este sítio, pela sua posição geoestratégica e grande domínio visual sobre regiões fronteiriças vai ganhando progressivamente importância, transformando-se mesmo num pequeno mas autónomo concelho medieval.

Bibliografia GOMES, P. D. (1998) – “Centros de povoamento: um percurso pelas Vilas medievais”, In Terras do Côa, da Malcata ao Reboredo. Os valores do Côa, ed. Estrela-Côa, Agência de Desenvolvimento Territorial da Guarda, Maia, p. 59-63; MARTÍN VISO, I. (2007) – Tumbas y sociedades locales en el centro de la Península Ibérica en la Alta Edad Media: el caso de la comarca de Riba Côa (Portugal), in Arqueología y Territorio Medieval, 14, Jáen, p. 21-47; PEREIRA, V. (2003) – “Contributo para o estudo da Vila do Jarmelo (Guarda)” in Praça Velha nº13, Iª série, ed. Câmara Municipal da Guarda, Guarda, p. 7-19.

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