A REVOLUÇÃO ELETRÔNICA E O PROFESSOR: uma aproximação histórico-cultural

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Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

A REVOLUÇÃO ELETRÔNICA E O PROFESSOR: uma aproximação histórico-cultural Carla Terci* Walner Mamede** RESUMO A Educação à Distância mediada pela internet tem conquistado mercado no Brasil, em grande parte, devido ao desenvolvimento das tecnologias telemáticas e à busca da diversificação didática exigida pelo contexto atual, mas, por outro lado, em resposta a políticas nacionais e internacionais que visam a mercantilização da Educação em nome de sua democratização. Teorias educacionais e psicológicas são utilizadas para compreender e criar esse novo espaço de ensinar e aprender. Contudo, algumas, esbarram em equívocos conceituais. O presente texto objetiva problematizar essa questão pela perspectiva do conceito de professor mediador, equivocadamente, atribuído à teoria histórico-cultural. Palavras-chave: Educação à Distância, professor-mediador, teoria histórico-cultural

A fábrica, lugar de “produção de artefatos”, é uma “criação comum e característica da espécie humana (…) Podem-se reconhecer os homens por suas fábricas” (FLUSSER, 2007, p. 34-35). Na história da relação homens-ferramentas, Flusser (2008) aponta três revoluções que modificaram a forma de organização cultural e a presença do Homem no mundo. A primeira revolução ferramental foi o desenvolvimento dos instrumentos como facas e enxadas; a segunda constituiu-se na incorporação das máquinas; e a terceira é a resultante do advento dos aparelhos eletrônicos. O espaço telemático, para ele, é síntese de duas tendências: as possibilidades da informática e as possibilidades das redes de telecomunicação, ou, um “amalgama técnico dos conceitos: informação e comunicação” (2008, p. 83). À revolução técnica, Flusser (2005) associa o que chama de Crise do Estado Burguês, na qual os modelos conhecidos - político, teórico, artístico - “são incompetentes face ao progresso técnico” (2005, p. 6). Para o autor, a moral burguesa, fundada em coisas como produção, acumulação e consumo, cede lugar a uma nova moral. O novo ambiente, o telemático, é popularizado no século XXI e as novas tecnologias e suas possibilidades relacionais invadem os espaços públicos e privados. Vivenciamos no novo ambiente, outras formas de compartilhamento e manipulação de informações que podem sugerir possibilidades educacionais. Essa nova moral e

* Mestre e Doutoranda em Educação pela Universidade de Brasília. **Especialista em Filosofia e Doutorando em Ensino na Saúde, pela Universidade de Brasília.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

forma de vivenciar o mundo implicam um processo de transição cultural e parece-nos oportuno refletir sobre o papel do professor nesse novo contexto. Assim como nos cursos presenciais, também nos ambientes virtuais das plataformas de educação, tem sido comumente associada a ideia de mediação ao o papel do professor, ou seja, o professor é o mediador entre o conhecimento e o estudante. Nos discursos pedagógicos, é comum a paternidade do termo professor mediador ser atribuída à teoria histórico-cultural. Podemos, facilmente, encontrar trabalhos de pós-graduação cujos títulos associam, claramente, o papel de professor mediador à perspectiva histórico-cultural. O presente texto se propõe a refletir sobre o conceito de mediação na perspectiva histórico-cultural, e o que ele representa quando refere-se ao professor. A escolha desse tema deu-se em função da experiência acumulada, nos últimos anos, com cursos via internet, fato que gerou a necessidade de compreender como podem ser as relações pedagógicas interpessoais nesse meio. Mesmo buscando abertura ao diálogo, em todos os cursos de licenciatura, extensão e especialização que fizeram parte de nossa experiência, os sistemas (midiáticos e político-administrativos) apresentaram-se como barreiras tanto para a organização do ambiente educacional, que já vem formatado na plataforma de ensino, quanto para a possibilidade de emergência de um ambiente dialógico. No texto A enxada, o foguete e a escola, estão registradas algumas falas que marcaram esse período: “o fórum é a sala de aula; a plataforma é o big brother do aluno, a frequência deve ser informada porque o sistema só aceita se tiver o quantitativo” (TERCI, 2011, p. 153). Atualmente, a despeito da evolução tecnológica midiática, o cenário da educação via internet não melhorou. Os sistemas continuam limitando e programando as ações dos professores, tutores e estudantes que, cada vez mais, se distanciam da postura colaborativa e dialógica. Centenas de estudantes em uma mesma turma cumprindo tarefas, muitas das quais recortadas e coladas de páginas indicadas pelo Google, retornos padronizados enviados pelos tutores, professores que produzem o material escrito e filmam aulas lecionadas para estudantes que nunca encontraram e, provavelmente, nunca encontrarão face a face. Gomes (2013) afirma que no cenário brasileiro da EaD observa-se, de forma simplificada, um aumento da oferta de instituições privadas, com cursos e metodologias que visam o barateamento dos custos implicando em uma relação “desproporcional entre o número de professor e tutor por aluno e na simplificação do processo didático pedagógico como um todo” (2013, p.19).

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

O século XXI trouxe uma nova forma de organização cultural, mediada pelos aparelhos eletrônicos. Telas eletrônicas de diversas amplitudes, com capacidades de armazenamento de informações em diversos formatos – textos, vídeos e sons – com diferentes combinações, tornaram-se nossas

companheiras. Associada aos

aparelhos eletrônicos, a

rede de

compartilhamento de informações – a internet - inaugurou um novo espaço/tempo nas vivências humanas que permite a troca de informações em diversos formatos nos tempos: imediato, também chamado síncrono, e não imediato, assíncrono, possibilitando, assim, a sensação de aparência e permanência nessa nova unidade. A escola procura incorporar o uso de algumas das novas tecnologias no processo educacional, e a educação à distância via internet tornou-se um ambiente profícuo para a escolarização em massa, que, muitas vezes, é acompanhada de um discurso redentor de ampliação do acesso ao conhecimento e provedor da certificação para aqueles que, por algum motivo, como por exemplo: falta de tempo, afastamento das instituições escolares, falta de condições financeiras, estão fora do sistema escolar. Ao escolarizar-se, o Homem “se faz servo da larga escala de produção escolar. Dedica toda a sua vida à escola; a aprendizagem torna-se sinônimo de matérias, títulos e certificados, e todo o arsenal exigido resume-se ao atendimento das demandas econômicas” (TUNES e PERACI, 2008, p. 61). O fenômeno da educação a distância - EaD - via internet está, nos últimos anos, em rápida expansão no Brasil. Essa modalidade de ensino, normalmente, conta com uma plataforma de aprendizagem onde são disponibilizados textos, aulas expositivas em vídeo e atividades variadas (fóruns, enquetes, wikis, chats, etc.), que devem ser postadas de acordo com o programa e cronograma estabelecidos. A criação da disciplina fica a cargo dos professores e o acompanhamento e avaliação dos estudantes, dos tutores. O contato direto do estudante com o professor é raro. O estudante relaciona-se, pela plataforma, com o tutor. A escolarização pela modalidade a distância é uma estratégia política educacional governamental anterior à popularização da rede telemática (síntese entre aparelho eletrônico e redes de telecomunicações), e ganhou um novo espaço de expansão com a democratização da internet, coroando os planos estabelecidos por organismos internacionais para a Educação brasileira. A hipertrofia da EaD possui, ainda, um resultado insidioso: a fragmentação do fazer pedagógico nas figuras do professor e do tutor, e o distanciamento físico entre esses profissionais tende a enfraquecer a já precária classe docente, comprometendo suas lutas por melhores

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

condições de trabalho e remuneração e submetendo-a à lógica mercantilista e massificante que predomina nessa modalidade de educação. Segundo Silva (2002), desde 1980, as reformas educacionais instituídas pelo governo e condicionadas pelo Banco Mundial procuram maneiras de ampliar a escolarização da população e também reduzir os gastos públicos com Educação. Essa diminuição dos gastos com Educação perpassa pelo que Germano (1994) chama de trama privatizante da Educação, tecida entre o Estado e a elite social brasileira. Segundo ele, a Constituição de 1934 permitiu ao Estado isentar de impostos os estabelecimentos privados de ensino, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do ano de 1961, previa ajuda financeira à rede privada de escolas. Entretanto, foi com o golpe militar de 1964 que as empresas educacionais privadas alcançaram notável expansão. Para o autor, a estratégia privatizante “concorreu decisivamente para a desqualificação da escola pública” (GERMANO, 1994, p. 208), contribuindo para a manutenção e aumento da distância entre a classe rica e a classe pobre. O Banco Mundial tornou-se, a partir da década de 1980, o maior financiador da Educação na América Latina, em especial no Brasil. Com o discurso de combater a pobreza nos países subdesenvolvidos, McNamara (1916 – 2009), presidente do Banco Mundial de 1968 a 1981, fixou a formação escolar como uma das necessidades básicas para combater a pobreza. Desde então, as reformas educacionais instituídas pelo governo e condicionadas pelo Banco Mundial buscam formas de diminuir os gastos públicos com educação e aumentar a escolarização da população (SILVA, 2002). Fernandes (1975) denuncia que as intervenções dos organismos internacionais, principalmente os americanos, atuam de duas formas ideológicas: desintegrando o padrão brasileiro de escola superior e formando e consolidando padrões adaptados às exigências educacionais em uma sociedade competitiva e de massas. O autor admite que essas influências podem provocar efeitos positivos para o Brasil; entretanto, seus objetivos almejam a reorganização do espaço sociocultural, político e econômico dos países em desenvolvimento dependente, preparando essas nações para o domínio das nações hegemônicas. A crítica de Fernandes (1975) estende-se à postura das nações latino-americanas (inclusive do Brasil) em aceitar essa forma de assistência, expondo o sistema de ensino nacional a influências exteriores. Segundo o autor, mostra-se necessária a criação de novos modelos institucionais de universidade,

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

a fim de implicar uma alteração do estado de passividade para um de atividade criadora orientada por um projeto nacional. A popularização das novas ferramentas eletrônicas e da conexão à rede telemática, na década de 90, colaborou com a concretização dos planos de ampliação da rede privada de ensino bem como com as possibilidades de formação escolar com redução de custos. A educação via internet tem sido utilizada tanto por instituições públicas quanto privadas para a formação de professores no Brasil. Santos (2011) faz coro com tais denúncias ao afirmar que a desresponsabilização do Estado em relação a uma Educação superior pública, deslocando suas atenções e investimentos para o fortalecimento da Educação privada e a massificação do ensino, inclusive pela exploração dos meios virtuais de educação, particularmente, a partir dos anos 90, vem em atendimento a políticas internacionais encabeçadas pelo Banco Mundial. Políticas essas que se esforçam por legitimar a ideia de incompetência da universidade pública e irreversibilidade do quadro. Assim, aponta o setor privado como solução do problema e transforma a educação de direito em produto de um lucrativo mercado em franca expansão mundial. O uso do termo professor mediador pode estar associado a diretrizes relacionadas às políticas educacionais neoliberais encabeçadas pelo Banco Mundial. Uma vez que esse termo é, equivocadamente, fruto de uma interpretação da teoria histórico-cultural descolada do pensamento marxista, aportada no Brasil pela obra A formação social da mente, de Vigotski, cuja tradução foi, deliberadamente, manipulada sob a justificativa de tornarem mais claras as ideias do autor (DUARTE, 2001; PRESTES, 2012). Assim, a partir das reflexões permitidas pela análise do contexto político e econômico em que se insere a educação a distância, o presente texto argumenta que a atribuição do papel de mediador do conhecimento ao professor, sem a devida atenção à sua atividade no processo educativo, pode reduzi-lo a simples objeto da educação, pervertendo a relação educativa e colaborando para uma formação superficial no ambiente telemático em atendimento à massificação do ensino e à obliteração da atividade criadora orientada para objetivos nacionais, conforme proposto por Fernandes (1975). O texto finaliza traçando um paralelo entre a escola do futuro e o novo professor, idealizados por Vigotski, e as tendências visualizadas por Flusser para a escola do espaço telemático.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

A psicologia histórico-cultural e o conceito de mediação

Lev Semiovovich Vigotski (1896 - 1934) foi um pensador de seu tempo. Viveu uma época atribulada na Rússia do início do século XX. No ano em que se graduou em direito, eclodiu a Revolução Socialista (1917) e, como não podia deixar de ser, as transformações provocadas por esse acontecimento histórico marcaram sua obra, pois entraram em pauta o ideal do novo Homem, da nova Sociedade e de uma nova Educação. Vigotski nasceu em Orcha em 1896, era o segundo filho entre os oito irmãos de uma família judia. Seu pai foi funcionário de banco e sua mãe, responsável pela a educação dos filhos até o ingresso destes na escola. Além de tocar piano, era leitora de Heine (1797-1856), poeta romântico que defendia a liberdade de expressão. Quando Vigotski era bebê, sua família mudouse- para Gomel (atual Bielorrússia) e foi lá que viveu a infância, a adolescência e, depois de formado, parte de sua juventude, até mudar-se para Moscou para integrar a equipe do recém inaugurado Instituto de Psicologia de Moscou (PRESTES e TUNES, 2011). A Revolução socialista exigiu inovações de organização e compreensão da sociedade. Nos primeiros anos do regime socialista de governo, a Rússia apresentou um quadro de fome e destruição. Segundo Prestes, até 1918, na Rússia tzarista, mais de dois milhões e meio de crianças estavam abandonadas. A educação teve destaque na nova estruturação social e, para atender às crianças, foram criadas muitas instituições. A educação russa teve como princípios “o humanismo, coletivismo, internacionalismo, democratismo, respeito à personalidade do indivíduo, à ação conjunta da educação com o trabalho produtivo e ao desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes como membros da sociedade” (2012, p.11, 12). Nesse conjunto de exigências da nova organização socialista, Vigotski e seus colaboradores criaram uma nova teoria psicológica de desenvolvimento humano. Iarochevski1 (2007, apud Prestes, 2012. p.14) entende que Vigotski e seu grupo propuseram outra forma de compreender a consciência, uma “forma que se fundamenta no social, na história e na cultura” e, por isso, a Psicologia Instrumental passou a ser conhecida como histórico-cultural. 1

IAROCHEVSKI, Mirrail Grigorievitch. L. S. Vigotski: v poiskarh novoi psirrologii. URSS: Moskva, 2007.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

O conceito de atividade é central na obra de Vigotski e seus colaboradores. Sobre a relação atividade-instrumento-vida humana, Prestes realiza uma interessante tradução das concepções de Leontiev2 :

A atividade humana é uma atividade instrumental. Ela possui uma estrutura de processo mediado. Em outras palavras, ela contém dois elos principais e constituintes: o objeto e o procedimento. Os processos psíquicos e as funções psíquicas adquirem a mesma estrutura no ser humano. O lugar que é ocupado pela ferramenta na estrutura do processo do trabalho físico é ocupado pelo signo, na estrutura dos processos psíquicos. O signo realiza a função de procedimento, de 'ferramenta' psicológica, de instrumento psicológico. Por isso, nas primeiras etapas do desenvolvimento de sua teoria, Vigotski chamava-a de instrumental e o método proposto por ele para o estudo psicológico foi denominado de método de dupla estimulação. (1983, apud Prestes, 2012, p. 22)

Tunes, Tacca e Bartholo (2005) reforçam que o termo mediação, na obra de Vigotski, refere-se aos sistemas de signos e seu papel nas relações humanas em seu contexto social. Para os autores, os instrumentos e sistemas de signos criados continuamente possibilitam uma aproximação e conhecimento do mundo e, ao mesmo tempo, transformam os Homens, impulsionando o desenvolvimento de novas funções psíquicas. Prestes (2012) afirma que o importante para Vigotski, ao elaborar a nova teoria, era compreender a natureza social das funções psíquicas superiores humanas. A autora expõe que Vigotski admitia a importância do biológico no desenvolvimento, reconhecendo a existência de elementos provenientes da relação, sob a influência do meio em que se processam, tendo a assimilação dos sistemas de signos como catalizadoras da transformação das funções psíquicas inferiores em superiores. Assim sendo, a mediação dos signos tem papel fundamental para o desenvolvimento humano. Por toda a sua trajetória profissional, Vigotski exerceu, entre outras, a atividade de professor e pesquisador. Lecionou disciplinas ligadas à Psicologia em diversas instituições, fundou laboratórios de pesquisa e grupos de trabalho, relacionou-se intensamente com outros professores e com seus estudantes e produziu um vasto material que, aos poucos, tem-se revelado. Para a discussão sobre o papel do professor na perspectiva histórico-cultural, nos fundamentamos no último capítulo de sua obra Psicologia Pedagógica: A psicologia e o 2

LEONTIEV, Aleksei Alekseevitch Izbrannie psirrologitcheskie proizvedenia. Moskva: Pedagoguika, 1983.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

Professor. Na Rússia, a sua primeira edição foi em 1926, mas a segunda ocorreu apenas em 1991. No Brasil, existem duas traduções dessa obra. Uma traduzida do espanhol, da edição argentina e publicada pela editora Artes Médicas, em 2003, e outra, traduzida diretamente do russo e publicada pela editora Martins Fontes, em 2001.

Qual é o papel do professor na concepção histórico-cultural?

Cada teoria da Educação apresenta exigências para função do professor. Tunes, Tacca e Bartholo (2005) destacam que o professor, há muito tempo e por muitos, é visto como um jardineiro que cultiva a semente ou como um artista que molda a pedra bruta. A visão do jardineiro, na qual o professor é visto como aquele que rega a planta e aduba o solo para que ela se desenvolva autonomamente, posiciona a Educação no polo da permissividade e da indulgência; no polo oposto, a visão do professor artista corresponde à Educação restritiva e autoritária, na medida em que este lapida o aluno como se fosse uma pedra preciosa em estado bruto, em uma demonstração de força e persistência. Ambas as visões são individualistas: a primeira refere-se ao individualismo do estudante, e a segunda, a essa mesma característica, mas do professor. Os autores afirmam que a forma de compreender o processo educativo de Vigotski foge às formas comentadas. Ele opera em uma terceira maneira de compreender a ação educativa que é “pautada por uma orientação antropológica específica” (TUNES, TACCA e BARTHOLO, 2005, p. 692), favorecedora de possibilidades relacionais. Vigotski (2003) define a educação como “criação da vida”. Para ele, o processo pedagógico é resultado de luta, de uma vida social ativa, uma troca de vivências, um sistema de superação e criação de uma nova realidade rumo a algo novo. Ele compreendia que outro ponto de vista pedagógico, para um novo homem, levasse a uma nova compreensão do trabalho do professor: “cada noção sobre o processo pedagógico está ligada a um critério particular sobre a natureza do trabalho do educador” (VIGOTISKI, 2003, p. 296). O processo de desenvolvimento, ainda segundo Vigotski, está sujeito às leis da necessidade, portanto, “o aluno se auto-educa”. Segundo a visão da nova psicologia, o domínio do conhecimento só é possível na ação, na atividade. Portanto, o novo e importante papel do professor é transformar-se em organizador do ambiente social, tido como o único fator educativo. É importante termos em conta que no termo organizador está subsumida a ideia de um sujeito ativo, crítico e reflexivo quanto ao seu papel no

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

processo educativo, superando assim a posição de meio, portanto, mediador entre o estudante e o conhecimento. Isso coloca para o professor o desafio de ir além das proposições neoliberais para a Educação, trazidas à tona por Duarte (2001), na qual figuraria como objeto inerte descompromissado com o aspecto relacional do processo educativo. Para a educação do novo homem, ensinar quantidades de informações não é tão importante, “mas educar a aptidão de adquirir esses conhecimentos e valer-se deles”, sim (VIGOTSKI, 2003, p. 296). Até o momento em que existia a escola tsarista, o estudante descansava no esforço do professor, mas, na nova sociedade, na nova educação, o estudante deve aprender a usar seus próprios pés. Vigotski (2003) faz uma analogia do aprender com o caminhar para vários aspectos da educação. Segundo ele, uma demonstração de marcha artística é inútil para ensinar uma criança a caminhar. Só se aprende a caminhar, caminhando com as próprias pernas e levando os próprios tombos. Requer-se do professor o conhecimento da matéria e da técnica de seu trabalho, que ele seja um profissional pedagógica e cientificamente formado e politicamente comprometido, devendo “viver na coletividade escolar como parte inseparável dela e, nesse sentido, as relações entre professor e aluno podem alcançar tal vigor, limpeza e elevação que não encontrarão nada igual em toda a gama social das relações humanas” (VIGOTSKI, 2003, p. 300). Vigotski (2003)

atribui ao professor do novo sistema pedagógico um papel

transformador. Usa a expressão de Trotski “refundição de homem” para ilustrar a nova educação e salienta o caráter criativo do processo pedagógico orientado para a criação de uma “vida humana 'supranatural'”. O professor do futuro, para ele, não será apenas um instrutor, mas um engenheiro, um marinheiro, um militante político, enfim, uma pessoa imersa na vida do trabalho na coletividade em um contato estreito com a vida. Sintetiza, assim, seus pensamentos: “só a vida educa”. Para ele, a educação é inconcebível à margem da vida e a escola peca ao se fechar à vida, ao se isolar. “Quanto mais amplamente a vida penetrar na escola, tanto mais forte e dinâmico será o processo educativo” (VIGOTISKI, 2003, p.300). De acordo com os ideais da nova pedagogia, Vigotski (2003) compreende a educação além da razão e salienta a importância de uma afinidade entre o educador e o educando, entre os sentimentos e os conceitos. Define a educação como um processo de permanente adaptação mútua. O processo pedagógico e a vida ativa são trocas de vivências combativas. Tunes, Tacca e Bartholo (2005), em consonância com a perspectiva de Vigotski, concebem o processo de ensino e aprendizagem como um espaço de relações complexas que

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

envolvem aspectos como as histórias de vida, diferentes vivências e compreensões, espaço no qual professores e estudantes impactam-se mutuamente. Entretanto, o professor organiza atividades, cujos objetivos se realizam no estudante. O impacto da ação do professor sobre o aluno é planejado, é intencional e os estudantes não apresentam essa intencionalidade. Tunes, Tacca e Bartholo dizem:

(...) para o professor empenhado em promover a aprendizagem de seu aluno, há o imperativo de penetrar e interferir em sua atividade psíquica, notadamente seu pensamento. Essa necessidade antecede a tudo e, por isso mesmo, dirige a escolha dos modos de ensinar, pois sabe o professor que os métodos são eficazes somente quando estão, de alguma forma, coordenados com os modos de pensar do aluno. É nesse sentido, portanto, que podemos afirmar que o aluno dirige o seu próprio processo de aprender. (2005, p.691)

Na perspectiva histórico-cultural, o papel do professor é de organizador do ambiente social de desenvolvimento, criando assim possibilidades de ampliação das vivências de seus estudantes, numa relação mútua de ensinar e aprender. Essa relação viva e dinâmica possibilita ao professor assumir um papel muito diferente de um mediador, de uma passagem, de uma mera ponte entre o estudante e o conhecimento. Assim, a atividade do professor ultrapassa, em muito, o limite do objeto que faz a mediação.

Professor-tutor, um mediador?

Com o desenvolvimento da escolarização via internet, tem sido comum ouvir nas falas de profissionais da Educação, a atribuição da ideia do professor ou o tutor como mediadores, atribuindo essa ideia à abordagem histórico-cultural. Vigotski (2003) concebe o professor como uma pessoa envolvida em um fenômeno dual, que é igual a qualquer outro trabalho desenvolvido pelo homem, e critica duramente a atuação do professor que se coloca apenas como ponte entre o estudante e os conhecimentos, lhe atribuindo um papel maior que o de mediador desprovido de atividade dentro do processo educativo, pois, assim, ele começaria “a se sentir no papel de instrumento da educação, no papel de um gramofone que não tem voz própria e canta o que o disco lhe indica” (VIGOTSKI, 2003, p.296). Esse professor programado, esse “apóstolo da redundância”, ao assumir o papel de instrumento da educação, torna-se um objeto.

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Se o professor assume o papel de objeto da educação agindo como um “propulsor que lota os alunos de conhecimento”, ele pode ser substituído por um livro, um manual, um dicionário e, atualmente, pelo famoso sítio de busca na rede mundial de internet, o Google. A transformação do professor em uma “máquina educativa” o ofusca, e esse ofuscamento deve ser afastado pelo “desenvolvimento de todos os aspectos que respiram atividade e vida” (VIGOTISKI, 2003, p.296, 297). Tunes, Tacca e Bartholo (2005) discutem a identificação entre ação docente e mediação, caracterizando aquilo que corresponde ao trabalho docente. Os autores contestam a ideia de professor mediador que tem sido atribuída a Vigotski e demonstram que, na perspectiva históricocultural, o professor não pode ser apenas um elo entre o estudante e o conhecimento porque, na vivência da relação dialógica e dialética, ambos se modificam: professor e estudante. “O processo de ensinar e aprender, visto como unidade, parece, de fato, constituir um desafio à permanência da mesmice” (TUNES, TACCA E BARTHOLO, 2005, p. 695). A compreensão que o professor possui sobre o estudante e sobre seu próprio trabalho tem muitas implicações. O papel do professor é complexo e envolve “metas e objetivos, saber sobre o que se vai ensinar, mas não se pode perder de vista, um segundo sequer, para quem se está ensinando e é disso que decorre o como realizar” (TUNES, TACCA E BARTHOLO, 2005, p. 697). Ainda que o professor desempenhe o papel de mediador entre o conhecimento e o estudante, sua ação não pode se limitar apenas a isso. Nos dias atuais, com os aparelhos eletrônicos hiperconectados no grande oráculo virtual de variedades, o professor mediador entre o estudante e o conhecimento é um objeto que será, brevemente, dispensado. Duarte (2001) tece uma interessante e ácida critica à corrente de interpretações que moldam as ideias de Vigotski ao formato ideológico neoliberal, descolando o pensamento marxista dos conceitos da Psicologia Histórico-Cultural. O autor alerta para o fato de que: “o distanciamento do marxismo produz leituras unilaterais da obra vigotskiana, nas quais são destacados alguns conceitos e omitidos outros” (DUARTE, 2001, p. 14). Para ele, o resultado dessa adequação do pensamento de Vigotski à linha capitalista, “é o de transformação do pensamento vigotskiano em mais um instrumento ideológico útil ao esvaziamento do processo educacional escolar” (DUARTE, 2001, p.32).

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

Limitar-se ao papel de mediador veiculado pela teoria histórico-cultural, é verter fora a água do banho com o bebê. Despreza-se o papel primordial do professor, a ação conjunta, pois “o desenvolvimento psicológico é resultado de algo que acontece no espaço da relação professor e aluno, como possibilidade de realização futura” (TUNES, TACCA e BARTHOLO, 2005, p. 695).

Pensamentos futuros

De cinco a oito de setembro de 2013, ocorreu o I Veresk - Simpósio Brasileiro Russo Germânico: Teoria histórico – cultural. Ao final de sua conferência: A base filosófica da teoria histórico-cultural de L. S. Vigotski e o contexto mundial da teoria hoje, o professor Dr. Guenadi Kravtsov (informação verbal)3 foi questionado por uma das professoras presentes sobre o professor mediador na teoria histórico-cultural. O conferencista foi enfático ao responder que Vigotski não atribui em suas obras o papel de mediador ao professor. As obras de Vigotski chegam ao Brasil por volta da década de 80, pelas traduções de traduções, sofrendo adaptações, cortes e comentários, de acordo com a ideologia capitalista vigente e descoladas da perspectiva marxista original. Entre tantas barreiras para a sua divulgação, a língua também foi uma a ser superada e ainda se apresenta como obstáculo para a compreensão de seu pensamento. Atribuir à perspectiva histórico-cultural a autoria da invenção do papel professormediador é afirmar que este profissional, na ótica dessa teoria, é apenas um objeto que, brevemente, será substituído pela emergente inteligência artificial, uma vez que, no seio de tal teoria, “mediação” possui uma concepção bastante específica. Delegar ao professor apenas o papel de mediador é compactuar com a ideologia capitalista, que deforma o pensamento histórico-cultural, e, também, afirmar a pauta dos organismos internacionais para uma escolarização em massa, barata e, infelizmente, superficial que programa as vivências entre o professor e o estudante, vivências essas que terão implicações na escola do futuro.

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Presidente do Conselho Dissertativo das Ciências Psicológicas do Instituto de Psicologia da Universidade Russa de Humanidades. Informação fornecida por Kravtsov em 2013.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

Com o desenvolvimento e popularização dos equipamentos eletrônicos e da internet, uma nova forma de organização cultural, pautada nas imagens, concretiza-se na superfície pontual da sociedade do espetáculo. A internet ampliou o espaço de abrangência da escolarização. Os cursos via internet popularizaram-se no Brasil facilitando eletronicamente a concretização dos planos traçados pelos organismos internacionais para a educação brasileira desde o século passado visando servir a economia. Permanece atual a questão colocada por Fernandes em 1975, continuaremos aceitar a orientação e assistência de organismos exteriores expondo o sistema de ensino nacional a suas influências? Ou aproveitaremos o momento histórico para optarmos por novos espaços dialógicos, rumo a algo novo, a uma nova escola? Flusser (2005) distingue duas tendências para a escola do futuro: a primeira é a escola continuar na mesma direção, aumentando os anos de escolarização que, aliado ao desenvolvimento tecnológico permitirá a emancipação humana da necessidade de aprender a guardar e elaborar informações, pois, os programas computacionais armazenarão e elaborarão informações por métodos automáticos. A outra tendência apontada pelo autor é a escola tornar-se um espaço de união entre a Ciência, a Arte e a Política onde “técnicos sejam novamente artistas e artistas técnicos e ambos politicamente responsáveis. Que a teoria seja constantemente adubada pela vivência concreta, e esta pela teoria” (FLUSSER, 2005, p. 7). Ou seja, a escola enraizada na vida, cujos modelos teóricos refletirão aspectos estéticos, éticos e políticos da sociedade. Dessa forma, os sistemas funcionarão ao comando dos homens e não o contrário. Vigotski, antes da implantação da telemática, já vislumbrava a escola do futuro enraizada na vida concreta: Na cidade do futuro certamente não haverá nenhum edifício com a placa 'escola', porque a escola, que significa – no sentido exato da palavra – 'ócio' e que destinava pessoas especiais e um prédio especial para tarefas 'ociosas', passará a pertencer por completo ao âmbito do trabalho e da vida, e estará na fábrica e na praça e no museu, e estará no hospital e no cemitério. (2003, p.301)

Com a educação via internet, observamos o desaparecimento dos edifícios com a placa “Escola”; entretanto, de forma diametralmente oposta às previsões de Vigotski e Flusser, a escola, cada vez mais, descola-se e afasta-se do âmbito do trabalho e da vida, contribuindo não para o desenvolvimento e autonomia e sim para a programação das vivências de professores e estudantes. As reflexões tecidas neste trabalho nos levam a ponderar que uma possível diferença entre o professor mediador e o professor organizador, no âmbito da teoria histórico-cultural, parece

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

assentar-se, primordialmente, na proposição de uma intencionalidade relacional dialógica. Enquanto o professor organizador volta-se ao estudante, buscando intencionalmente possibilidades educativas que se produzam na relação, o mediador, aproximando-se de uma conduta reificada, fechar-se-ia a essas possibilidades, uma vez que objetos estão em relação entre si, mas não possuem a intenção de relacionar-se, sendo programados para a reprodução do sistema, algo que aparenta compactuar com a expansão desmedida da EaD e alguns métodos pasteurizados que a permeiam. A presente discussão, mais que problematizar a utilização de um ou outro termo, volta-se para o papel do professor e integra o debate sobre a adequada concepção de professor propugnada por Vigotski em seus escritos. Configura-se aí um debate que, longe de um consenso, é permeado por diferentes correntes ideológicas e teóricas orientadoras do fazer pedagógico nas salas de aula (presenciais ou telemáticas) e responsáveis pela rica e, às vezes, problemática diversidade de pensamentos que povoa a área da Educação e a convida a integrar o campo da Ciência como uma de suas signatárias e, como tal, a refletir, também, sobre o ‘nãopapel’ da escola em nossa sociedade.

Referências DUARTE, Newton. Vigotski e o “Aprender a Aprender”: críticas às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2001. FERNANDES, Florestan. Universidade Brasileira: reforma ou revolução? São Paulo: Alfa Ômega, 1975. FLUSSER, Vilém. O Mundo Codificado. São Paulo: Cosac Naify, 2007. FLUSSER, Vilém. O Universo das Imagens Técnicas. Elogio da Superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008. FLUSSER, Vilém. Para uma escola do futuro. FACOM. São Paulo, n.15, p. 4-7, 2005. GERMANO, J.W. Estado Militar e Educação no Brasil (1964 – 1985). São Paulo: Cortêz, 1994. GOMES, Luiz Fernando. EAD no Brasil: perspectivas e desafios. Avaliação (Campinas), Sorocaba ,v. 18, n. 1, Mar. 2013. (Disponível em . access on 25 Sept. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772013000100002). PRESTES, Zoia; TUNES, Elizabeth. Notas biográficas e bibliográficas sobre L. S. Vigotski.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, v. 9, n. 1, p. 101-135, jan./jun. 2011.

Para citar: TERCI, Carla & MAMEDE, Walner. A revolução eletrônica e o professor: Uma aproximação históricocultural. In SILVA, Maria Abádia; CURADO SILVA, Kátia Augusta Pinheiro Cordeiro (Orgs.). Pensamento Político e Pedagógico na Formação do Pesquisador em Educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2015. ISBN 9788580542455

PRESTES, Zoia. Quando não é quase a mesma coisa: traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2012. SANTOS, Boaventura de S. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2011. SILVA, M. Abádia. Intervenção e Consentimento: a política educacional do Banco Mundial. Campinas: Autores Associados, 2002. TERCI, Carla. A enxada, o foguete e a escola. In: TUNES, Elizabeth. Sem escola, Sem documento. Rio de Janeiro: e-papers, 2011. p. 147-155. TUNES, E.; TACCA, M.C.; BARTHOLO, R. O professor e o ato de ensinar. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 126, p. 689-698, set./dez. 2005 TUNES, E.; PERACI, E. Formação de educadores: o desafio que não enfrentamos. In: GALVÃO, A.C.T.; DOS SANTOS, G.L. Educação: Tendências e Desafios de um Campo em Movimeno. v. 1. Brasília: Liber Livro, 2008. VIGOTSKI, L. S. Psicologia Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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