A vitória de Trump sob o prisma da literacia mediática

May 27, 2017 | Autor: Patrícia Silveira | Categoria: Media Studies, New Media, Media Education, Media Literacy, Media and Politics, News Literacy
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A VITÓRIA DE TRUMP SOB O PRISMA DA LITERACIA MEDIÁTICA Patrícia Silveira, Ph.D. Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), Universidade do Minho, Braga IADE – Creative Unievrsity, Laureate International Universities, Lisboa PORTUGAL [email protected]

Em dias de eleições presidenciais norte-americanas, o mundo depara-se com a notícia de que o Presidente eleito de uma das maiores potências mundiais é um homem maníaco, prepotente e muito inteligente. Tão inteligente que, com um discurso extremista e conservador, racista, machista e maquiavélico, conseguiu “manipular” uma massa indecisa, de classe média e média baixa, comprometida com os ideais republicanos e que em nada se revia no discurso democrata de Hilllary Clinton. Mas é também importante perceber, à margem das crenças e valores e da história política (e muito distinta) de cada um dos candidatos, o papel e o grande contributo que os media, num jogo arriscado, tiveram para a construção e a sustentação de uma imagem mediática que colocou em campos muito opostos cada um dos candidatos, individualizando-os e trazendo à superfície, de modo extremista e parcial, aquilo que eram os defeitos de um e as qualidades de outro. De Trump, constrói-se uma personagem que nada tem de politicamente correta e cujo discurso que se salienta é o da proteção do “grupo americano” e a radicalização dos ideais democráticos. Sobre Hillary, “esquece-se” o comprometimento com o sistema financeiro americano e o enriquecimento ascendente dos últimos anos, e cria-se uma imagem favorecida com o propósito de diabolizar o outro candidato. O que aqui esteve, sempre, em causa foi um jogo do “Quem é Quem”, com os EUA e o futuro do país e do mundo como tabuleiro. E os media foram, e continuam a ser, o principal jogador a lançar os dados, mostrando poucas alternativas, confundindo, em demasia, informação com entretenimento, e deixando no “silêncio” não só outros candidatos, como também dados imprescindíveis, quiçá, para um voto justo, consciente e crítico. E é por isso, a favor do bem comum e da manutenção da democracia e do envolvimento cívico consciente, que é urgente que saibamos “ler” os media e tenhamos capacidade para agir como watchdogs das suas mensagens, numa era em que por via das plataformas e redes digitais, somos influenciados, de modo permanente, na construção das nossas representações sobre a realidade e o mundo e, mais do que isso, a agir e a tomar decisões que terão repercussões para as sociedades e o futuro. Possuir essas competências críticas, isto é, saber questionar, procurar e confrontar informações oriundas de várias fontes, ter consciência do que é ou não credível, saber distinguir facto de ficção, procurar novos recursos para o envolvimento cívico e político, ter consciência das técnicas e dos constrangimentos que estão por detrás dos veículos de produção e de circulação noticiosa, e suspeitar da transparência das mensagens, é fundamental para o entrosamento na sociedade civil, isto é, para tornarmo-nos cidadãos questionadores e independentes, mais esclarecidos do ponto de vista da tomada de decisões, e mais conscientes das consequências das nossas ações. 9 de novembro de 2016

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