ACIDENTES SÓCIO-NATURAIS EXTREMOS EM LONDRINA, PR: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS FRENTE AO PLANEJAMENTO URBANO, NOS ANOS DE 2011 E 2012

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I Seminário Internacional de Investigações Sobre Vulnerabilidade dos Desastres Socionaturais - SIIVDS Florianópolis – Santa Catarina, Brasil 20 a 22 de Novembro de 2013

5.3 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ASSOCIADOS ÀS CRESCENTES ENCHENTES, EM JATAIZINHO, PR NO PERÍODO DE 2010 A 2013 Nilson Cesar Fraga, Diego da Luz Rocha e Nazareno Agustín Escobar – Universidade Estadual de Londrina/Universidade Federal do Paraná – Universidade Estadual de Londrina – Universidade Estadual de Londrina PROPÓSITO O presente estudo tem como propósito principal analisar as ocorrências de enchentes, bem como entender seus impactos socioambientais ocorridos no município de Jataizinho, PR, no período de 2010 a junho de 2013, tendo como base a abordagem sistêmica do espaço estudado em questão. Como problema principal das enchentes no município, destacam-se os transbordamentos em áreas rurais e urbanas provocando impactos de diversas magnitudes sociais, ambientais e econômicas. Neste estudo se propõe uma análise de índices pluviométricos a partir do ano de 2010 até Junho de 2013, tendo em vista as anomalias nos índices pluviométricos fora de época como causadoras dos transbordamentos do rio Tibagi e ribeirões na área urbana de Jataizinho. Cabe aqui trazer as primeiras premissas a respeito das causas e consequências dos transbordamentos que afetam não somente a área urbana, mas também áreas rurais. Objetiva-se destacar os meses que, de certa forma, se diferenciaram nos índices pluviométricos, sendo consideradas como anomalias ou acidente ambiental, ou seja, meses que em geral caracterizamse como secos, que vem apresentando índices de chuva acima dos esperados. Cabe ainda, ressaltar a importância do estudo na relação do planejamento urbano, relacionando-se o espaço físico com o modo de ocupação antrópica a fim de auxiliar na elaboração de políticas públicas de cunho ambiental, alcançando assim condições socioambientais mais equilibradas ou menos desiguais. METODOLOGIA E ABORDAGEM A degradação do meio ambiente e a ocorrência de impactos ambientais tornam-se comuns à medida que os seres humanos aumentam sua capacidade de intervir no meio natural para satisfação de desejos e necessidades próprias, surgem então conflitos quanto ao uso do espaço, urbano ou não, e a disponibilidade de recursos naturais. Os variados e diversos problemas relacionados aos problemas ambientais urbanos tem sua origem a partir do relacionamento das ocupações antrópicas com seu suporte físico. Essa relação existente entre as ocupações antrópicas e seu suporte físico provocam impactos, positivos e/ou negativos, de várias magnitudes. Os problemas relacionados a enchentes em áreas urbanas são consequentes de fatores ambientais, sociais, econômicos, políticos e históricos. Eventos dessa natureza são de modo geral, fenômenos naturais de alta intensidade, porém pouco comuns, agravando-se os impactos socioambientais e econômicos à medida que há a intervenção antrópica de uma maneira que não condiz com a dinâmica do meio. [...] fica evidente a importância do entendimento da dinâmica das unidades de paisagens onde as formas do relevo se inserem como um dos componentes de muita importância e torna-se necessário entender o significado da aplicação dos conhecimentos geomorfológicos ao se implantar qualquer atividade antrópica de vulto na superfície terrestre. (ROSS, 1990, p.13). Há a falta de planejamento urbano e políticas públicas relacionadas ao tema. Se somarmos a abordagem do tema de enchentes de cunho estrutural, ou seja, a abordagem do tema de enchentes com proposições de soluções de engenharia, arquitetura ou em níveis apenas técnicos,

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como por exemplo, a canalização de córregos e rios urbanos, as ocorrências de impactos causados pelas enchentes tendem a ser catastróficos. As ações públicas atuais, em muitas cidades brasileiras, estão indevidamente voltadas para medidas estruturais com visão pontual. A canalização tem sido extensamente utilizada para transferir a enchente de um ponto a outro na bacia, sem que sejam avaliados os efeitos a jusante ou os reais benefícios das obras (TUCCI, 1997, p. 04). Ainda, a cerca da abordagem do tema quanto a um sistema complexo derivado de vários fatores e não apenas de uma de suas ramificações, analisada de modo separado, ressalta-se: A compreensão do problema da desorganização dos espaços urbanos sob impactos pluviais concentrados requer montagens de estratégias bem mais complexas. Não poderá advir de enfoques setoriais: meteorológicos, hidrológico, urbanístico, mas de todos eles integrados em um sistema cuja alta complexidade exige – do geógrafo – uma perspicácia para montar uma rede de investigação onde – malgrado a inevitável precariedade das fontes de informação – possam ser ‘pinchados’ os mais variados informes capazes de produzir uma ‘aproximação’ à compreensão do fenômeno em foco (MONTEIRO, 1999, p. 31). Assim, acerca da metodologia utilizada, opta-se por compreender a dinâmica das enchentes e seus impactos socioambientais a partir do ano de 2010, onde se constata fenômenos de alagamentos ou enchentes atípicas (ou não) em determinados períodos. A análise e elaboração deste estudo tem como período final de análise o período atual (2013), onde se constata o transbordamento do rio Tibagi devido à ocorrência de uma grande quantidade de chuvas, atípicas para o período sazonal atual. O presente trabalho parte da concepção sistêmica, onde há um conjunto de fluxos de matéria e energia, de origem natural e/ou antrópica que se integram, interagem e dinamizam a maneira como os elementos da natureza e da sociedade se manifestam. Neste estudo foram feitas pesquisas bibliográficas em livros, dissertações, teses e artigos relacionados ao tema, bem como o tratamento de dados secundários, intepretação de dados geomorfológicos, hidrográficos, históricos, sociais e modo de ocupação entorno dos rios em questão, além da consulta a órgãos públicos como Instituto Nacional de Meteorologia, Instituto das Águas do Paraná, Instituto Agronômico do Paraná e outros. Cabe ressaltar, que este estudo traz apenas as primeiras premissas acerca da dinâmica de enchentes no município de Jataizinho, não se limitando, em um futuro próximo, expandir o panorama e o objetivo aqui proposto. Cabe ainda, contribuir para um entendimento da complexidade dos problemas ambientais urbanos causados pelas inundações, servindo de ajuda para formulação de políticas públicas que tenham por consecução o alcance a condições socioambientais mais equilibradas ou menos desiguais. Para obtenção de resultados, utilizou-se dados pluviométricos de Londrina-PR, cidade sede da Região Metropolitana onde se insere a cidade de Jataizinho. Optou-se pela utilização de dados secundários de Londrina devido a disponibilidade, qualidade e quantidade de dados disponíveis para as análises e por se tratar de uma cidade próxima (28 km) onde, a dinâmica do clima e relevo e outros não acarreta na distorção nos resultados. RESULTADOS De acordo com a temática de enchentes e seus problemas causados decorrentes do processo de urbanização, como foi exposto na abordagem do tema, metodologia proposta e bibliografias consultadas, mencionam-se e discutem-se os principais problemas socioambientais causados pelas enchentes em Jataizinho, tais como inundações e alagamentos que acarretam diversos problemas à vida urbana do município em questão. A disposição do relevo, solo, vegetação e ação antrópica nos espaço físico que compõem as bacias hidrográficas na região de Londrina, PR são condicionantes necessárias para entender em

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dinâmica local os danos ambientais registrados nos últimos anos, estando portanto, ligado a ocupação efetiva da região. (FRAGA; SILVEIRA; BRUSCAGIN, 2012, p.15) A ocupação mais efetiva da região norte do Paraná ocorreu, de maneira geral, influenciado pela expansão da produção agrícola, onde tal região foi alvo de companhias loteadoras interessadas na comercialização dessas terras. A ocupação da região se deu no sentido leste para oeste, sendo o Rio Tibagi um obstáculo físico à urbanização do lado oeste do rio. Assim, em um primeiro momento de ocupação, a cidade de Jataizinho foi uma das primeiras cidades fundadas na região. O rio Tibagi é o principal rio tributário do Paranapanema na vertente sul, estendendo-se desde a cidade de Tibagi, que é a foz do rio, até suas nascentes nos Campos Gerais, percorrendo aproximadamente uma distância de 550 km. (MAACK, 1981, p. 329). Cabe ainda ressaltar que o estudo aborda o ribeirão Jataizinho, principal afluente do Tibagi inserido na malha urbana de Jataizinho. As chuvas com maior intensidade e consequentemente as ocorrências de enchentes e transbordamentos dos rios, ocorreram principalmente em 10 de outubro de 2011 onde se registrou, em um único dia segundo o IAPAR 283 mm de precipitação e 310 mm em junho de 2012, mais que o dobro da média dos últimos anos que é de 140 mm, conforme figura 01. Em e junho de 2013, o rio Tibagi subiu mais de 5,5 m acima de nível normal provocando uma série de desastres, principalmente aos moradores de chácaras localizadas beira rio, que conta com mais de 20 unidades, conforme figura 03.

Figura 03: Relação entre as cotas pluviométricas máximas diárias registradas e a média das precipitações totais mensais de Jan/2010 a Jun/2013 em Jataizinho, PR. Fonte: INMET, 2013; IAPAR, 2013.

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Figura 01: Vila Frederico, bairro mais atingido da cidade Figura 02: Moradores de Jataizinho ficam ilhados devido as fortes chuvas. Fonte: Jornal de Londrina, 2012 devido ao transbordamento do Rio Tibagi. Fonte: Folha de Londrina. ORIGINALIDADE E VALOR A escolha do tema se dá pela ocorrência mais recente de alagamentos no município, principalmente a partir do ano de 2010 onde se observou anomalias nos índices pluviométricos temporadas não caracterizadas como chuvosas. Cabe ressaltar que a área em estudo é influenciada pelo represamento e construção de Usinas no rio Paranapanema e no próprio Tibagi mais a montante no município de Mauá da Serra. Existem trabalhos que abordam a área em estudo, mas de maneira geral são de cunhos descritivos e diagnósticos, assim mostra-se a originalidade do estudo, uma vez que neste, procura-se relacionar os impactos socioambientais que as enchentes venham a causar, fruto da má ocupação antrópica, do planejamento local e regional, que, de certa forma, desconsidera tais elementos físicos do espaço geográfico, notadamente, os recursos hídricos e as condicionantes geomorfológicas, além, das anomalias pluviométricas registradas no período estudado. Os estudos sobre enchentes urbanas em cidades do norte do Paraná ainda são exíguos, pois há uma percepção dos poderes públicos e da própria população, de que o relevo é propicio ao tipo de ocupação urbano-rural que se fez nessa região, cuja ocupação efetiva possui menos de cem anos. Mas não se duvida que a região necessita repensar tal atitude, pois os acidentes ambientais urbanos tem sido crescentes nessa década e na passada. Palavras Chave: Problemas Ambientais. Enchente Urbana. Jataizinho Tipo de Artigo: estudo do caso REFERÊNCIAS FRAGA, N. C.; SILVEIRA, H. M.; BRUSCAGIN, P. de L. Vulnerabilidade crescente – os acidentes ambientais extremos de 2011 e 2012, em Londrina, PR: um debruçar analítico socioambiental de aproximação. In: XXVIII SEMANA DA GEOGRAFIA DA UEL 22 a 26 de outubro de 2012 – Londrina/PR. Anais do III simpósio paranaense de estudos climáticos. Página 1-21. MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. 3°.ed. Curitiba: Imprensa Oficial., 2002. MONTEIRO, CARLOS. A. F. O Estudo Geográfico do Clima. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999. ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1990. TUCCI, C. E. M. Água no Meio Urbano. Disponível em: Acesso em 27 de junho de 2013. JORNAL DE LONDRINA. Mais de 120 famílias estão desabrigadas em Jataizinho, segundo Defesa Civil, por Fábio Calsavara (20/06/2012). Disponível em: , Acesso em 27 de junho de 2013. FOLHAWEB. Chuva provoca inundação em Jataizinho, por Danilo Marconi (26/06/2013). Disponível em: , Acesso em 27 de junho de 2013.

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