ALEXANDRE MARTINS PAMPLONA RAMOS (CORTE-REAL), O MÉDICO-POLÍTICO

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JP | EFEMÉRIDE

2017.02.03

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ALEXANDRE MARTINS PAMPLONA RAMOS (CORTE-REAL), O MÉDICO-POLÍTICO HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

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á exatos 84 anos, a 4 de fevereiro de 1933, falecia o médico e político terceirense Alexandre Martins Pamplona Ramos (Corte-Real), 34º Governador Civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, que marcou a 1ª metade do século XX, com o seu trabalho na luta contra a peste bubónica que atacou a Ilha a partir de 1908. Alexandre Martins Pamplona Ramos (Corte-Real) nasceu a 6 de junho de 1864, na freguesia da Santa Cruz, na então Vila da Praia da Vitória. Filho de António Ramos Moniz Corte-Real e de Maria do Livramento Martins Pamplona Ramos, Alexandre Ramos era assim descendente de uma importante estirpe da História dos Açores. Fazendo os seus estudos preparatórios na Praia, Alexandre Ramos formou-se em Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tornando-se médico-cirurgião, com louvores e capacidades excecionais reconhecidas. Em 1891, ainda aluno do 5.º ano, Alexandre Ramos diagnosticou pela primeira vez em Portugal, uma hemoglobinúria paroxística à frigore (um subtipo muito raro de anemia hemolítica autoimu-

ne) que depois estudou a fundo na sua tese de licenciatura, orientada pelo Professor José Curry Cabral, publicada depois em 1895. No exercício da sua profissão, Alexandre Ramos procurou não apenas tratar dos doentes, mas também estudar a peste de forma a prevenir a sua difusão, tornando-se um pestólogo. Esses seus estudos exaustivos, chegaram a pôr a sua vida em risco. Pamplona Ramos tornou-se médico municipal e do hospital da vila da Praia da Vitoria. Durante a epidemia da peste bubónica, fortemente infeciosa, esta alastrava-se de casa em casa pela Ilha, tendo feito muitas vítimas, o médico Alexandre Ramos trabalhou com o colega Sousa Júnior, tratando muitos pacientes e conseguindo encontrar soluções para diminuir a propagação da infeção. Foi então reconhecido pelos professores Fernand Widal e Pulido Valente como um médico importante e que trabalhava a sério na cura dos seus doentes. Com 35 anos, Alexandre Ramos passou a dedicar-se à política terceirense, tendo liderado o Partido Regenerador na Praia da Vitória e depois na Ilha por vários anos, recebendo este largas maiorias eleitorais. Passou ainda pelo Partido Progressista. Após o fim da Monarquia e da Implantação

da República, com o 5 de outubro de 1910, assumiu a liderança terceirense do Partido da União Republicana de Brito Camacho, mantendo uma

intensa atividade profissional, tanto na Medicina, como na Política. Feito Cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada a 22 de julho 1901, Alexandre Ramos foi indigitado subdelegado de saúde na Praia da Vitória, onde fez um trabalho relevante, sendo reconhecido e considerado um grande clínico pela população que gostava dele e que o via como um médico humilde e modesto. Durante uns meses de 1925 foi ainda Governador Civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo.

Alexandre Ramos casou-se com Hermínia (ou Armínia) Amélia Moniz da Maia, com quem teve 5 filhos. Morreu de ataque cardíaco a 4 de fevereiro de 1933, na sua casa, na Rua de São João, em Angra do Heroísmo. Diz-se que as suas últimas palavras foram: “se acreditam na ressurreição do homem, lá nos encontraremos”. Como médico que atendia os doentes com generosidade e caridade, não se importando com categorias sociais, acabou por falecer pobre e na miséria. Foi a sepultar no dia seguinte, a 5 de fevereiro de 1933. Homens como Alexandre Ramos fazem falta, homens que se entreguem de corpo e alma à sua profissão, procurando ajudar o outro, seja ele quem for. A Terceira precisa de gente solidária e de bom coração, que queira ajudar o próximo. Não nos esqueçamos que a primeira ajuda deve ser àqueles à nossa volta, pois não importa ajudar estranhos, se temos quem precise de nós tão perto, em família, e não fazemos nada. A caridade deve ser sincera e com vontade, procurando-se ajudar sem se esperar recompensas. O altruísmo anda um pouco esquecido pela nossa terra! Não esqueçamos dos outros!



“DIA DOS AMIGOS” – UMA TRADIÇÃO AÇORIANA

O

ntem, quinta-feira, 2 de fevereiro, celebrou-se por todo arquipélago açoriano o “Dias de Amigos”. Calcula-se que esta tradição tenha mais de 100 anos.

vam a amizade.

manteve-se, mas o objetivo evoluiu

Atualmente, continua-se a comemorar a amizade e o ombro amigo a quem recorrer nos momentos de maior dificuldade, substituindo-se no entanto, as colheitas de cereais do verão por uma mesa de celebração! Assim, as quatro quintas-feiras antes do Carnaval, são dedicadas a um encontro diferente, os açorianos dedicam estes quatro dias a festejos muito particulares, que começam com o dia dos amigos, passam para as amigas, seguem com os compadres e terminam nas comadres.

Em cada uma das várias freguesias das nove ilhas dos Açores, os amigos reuniam-se em franco espírito de entreajuda, às quintas-feiras, nas chamadas “noites de serões”, para escolher o trigo e outros cereais que seriam utilizados, mais à frente, em maio, nas comemorações da Divino Espírito Santo. Durante estes serões, à volta das colheitas, eram declamados poesias e cantigas que exaltaPUB

nhar os novos tempos.

Com o passar dos anos, a tradição

ao sabor das vontades e a acompa-



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