ANÁLISE DO POTENCIAL DOS DADOS DO SATÉLITE CBERS-2B PARA MAPEAMENTO DE RECURSOS MINERAIS NA RMBH. ANALYSIS OF THE POTENTIAL OF CBERS-2B SATELLITE DATA FOR MAPPING MINERAL RESOURCES IN METROPOLITAN AREA OF BELO HORIZONTE.

June 5, 2017 | Autor: Gladson de Oliveira | Categoria: Remote Sensing, CBERS-2B, Belo Horizonte, Mining and Natural Resources
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ANÁLISE DO POTENCIAL DOS DADOS DO SATÉLITE CBERS-2B PARA MAPEAMENTO DE RECURSOS MINERAIS NA RMBH. ANALYSIS OF THE POTENTIAL OF CBERS-2B SATELLITE DATA FOR MAPPING MINERAL RESOURCES IN METROPOLITAN AREA OF BELO HORIZONTE. Gladson de Oliveira1 Resumo

O objetivo do trabalho é analisar o potencial dos dados do satélite CBERS-2B para mapear classes de uso e ocupação do solo, e principalmente, o levantamento de recursos minerais. Para atender ao objetivo, foram analisadas composições de imagens dos sensores da Câmara Imageadora de Alta Resolução (CCD) - Charged Couple Device; e Câmera Pancromática de Alta Resolução (HRC) - High Resolution Camera - do satélite CBERS-2B para identificar os indícios superficiais da possível ocorrência de recursos minerais. A área de estudo abrange a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e a porção norte do Quadrilátero Ferrífero. Como conclusão da pesquisa, foi possível constatar que as imagens constituem significativa fonte de informações para mapeamento de recursos minerais, uso e ocupação do território, assim como para analise ambiental, desmatamento, alteração do relevo e até poluição das águas.

Palavras-chave:

CBERS-2B.

Sensoriamento

Remoto.

Recursos

Minerais.

Região

Metropolitana de Belo Horizonte.

Abstract

The objective is to analyze the potential of CBERS-2B satellite data to map classes of land use and occupation, and especially, evaluation of mineral resources. To achieve the objective, it was analyzed images compositions from the high resolution sensor Charged Couple Device (CCD) and panchromatic High Resolution Camera (HRC) from CBERS-2B satellite to 1

Geógrafo, Gestor Ambiental na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD). E-mail: [email protected]

identify the superficial evidence of the possible occurrence of mineral resources. The study area covers the Metropolitan Area of Belo Horizonte (RMBH) and the northern portion of the Quadrilátero Ferrífero (Iron Quadrangle). The conclusion of the research, is that the images constitute a significant source of information for mapping of mineral resources, use and occupation of the territory, as well as environmental analysis, logging, landscape changes and even water pollution.

Keywords: CBERS-2B. Remote Sensing. Mineral Resources. Metropolitan Area of Belo Horizonte. RMBH.

1- INTRODUÇÃO

A parceria entre os governos chinês e brasileiro para o programa denominado ChinaBrazil Earth Resources Satellite – Satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), iniciado em Julho de 1988 com um acordo de parceria envolvendo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST) resultou no lançamento do terceiro satélite CBERS-2B em 2007. Ambos os governos decidiram expandir o acordo e incluir outros dois satélites da mesma categoria, os satélites CBERS-3 e 4, como uma segunda etapa da parceria sino-brasileira. O satélite CBERS-2B foi configurado para captar feições da superfície terrestre através de três sistemas ópticos: a câmara CCD, o Imageador de Amplo Campo de Visada (WFI) - Wide Field Imager, e a Câmera Pancromática HRC que substitui o Imageador por Varredura de Média Resolução (IRMSS) - Infrared Multispectral Scanner – instalado nos satélites anteriores. As imagens podem ser obtidas gratuitamente mediante cadastro na página eletrônica do INPE2. Suas imagens podem ser usadas em diferentes campos de atuação como o controle do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal, o monitoramento de recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano, uso e ocupação do solo, ensino e educação. Dentre as diversas possibilidades de aplicação dos dados deste satélite, destaca-se o mapeamento de cobertura da terra, de diferentes ecossistemas e em escalas distintas. A área de estudo deste trabalho abrange a Região Metropolitana de Belo Horizonte incluindo a porção norte do Quadrilátero Ferrífero. Nos resultados são apresentadas imagens que abrangem os municípios de Belo horizonte, Contagem, Pedro Leopoldo, Nova Lima, 2

www.dgi.inpe.br

entre outros. O objetivo principal é analisar o potencial dos dados do satélite CBERS-2B para mapeamento e o levantamento de recursos minerais, e complementarmente, de classes representativas de uso e ocupação da terra, como o crescimento da área urbana metropolitana. O trabalho consiste em analisar composições de imagens dos sensores CCD e HRC e identificar os indícios superficiais da possível ocorrência de recursos minerais.

2- METODOLOGIA

A primeira parte do trabalho consistiu na preparação dos dados com levantamento de informações básicas da área de estudo, os mapas de Geomorfologia, Geologia e malha Municipal de Minas Gerais, assim como aquisição do pacote de imagens composto pelas 5 bandas do sensor CCD do satélite CBERS-2B, coletadas em 10/07/2009, na orbita 152 e ponto 122. Em seguida foram criados banco de dados com gerenciador Dbase, projeto no Sistema de Projeção UTM, Zona 23 e Datum SAD69, com Retângulo Envolvente X1: 546460; X2: 683600; Y1: 7757280; Y2: 7880060. O tratamento das imagens digitais foi feito no software SPRING 5.0 do INPE. Na segunda fase foi feito pré-processamento, com realce das imagens aumentando o contraste espectral utilizando a opção de transformação “Linear”. Foram feitas três composições coloridas sintéticas, utilizadas para a identificação de ocorrências minerais: R4G2B3, R3G4B1 e R3G2B1. Para a interpretação das imagens foram utilizados elementos de interpretação, chamados também de “Chaves de Interpretação”. A partir deles se extraíram informações de objetos, áreas ou fenômenos representados e que se referem a sua forma, tamanho e textura, que variam em função da escala; a cor, a tonalidade, que é o brilho ou reflectância dos alvos; e o padrão, que pode ser entendido como a organização dos objetos da cena (FITZ, 2008). Para o processamento dos dados foi utilizado equipamento Dell Inspiron 1525, Intel Core 2 Duo 2.0 GHz, 3GB memória e HD 150GB. Além do software SPRING, foi utilizado para elaboração dos mapas o ArcGIS 9.3 da ESRI.

3- CARACTERÍSTICAS DO SATÉLITE CBERS-2B

A órbita do CBERS-2B é heliossíncrona a uma altitude de 778 km (Figura 1), perfazendo aproximadamente 14 revoluções por dia. Nesta órbita, o satélite cruza o Equador

sempre na mesma hora local, permitindo assim as mesmas condições de iluminação solar de imagens tomadas em dias diferentes.

Figura 1: Órbita e projeto do satélite. Fonte: INPE, 2009.

A cada ciclo de 26 dias, todo o território brasileiro é coberto pela CCD, que tem largura da faixa de imageamento de 113 km, mas apenas uma parte é coberta pela HRC, com 27 km. Portanto, são necessários cerca de cinco ciclos de imageamento para que a faixa da lente CCD seja completamente coberta pela faixa da HRC. Já com a câmera WFI, que consegue imagear uma faixa de 890 km de largura, o tempo necessário para uma cobertura global são cinco dias. A CCD fornece imagens com uma resolução espacial de 20 metros. Esta câmera tem capacidade de orientar seu campo de visada dentro de uma faixa de 32 graus, possibilitando a obtenção de imagens estereoscópicas. Além disso, qualquer fenômeno detectado pelo WFI pode ser focalizado pela lente CCD para estudos mais detalhados, no máximo a cada três dias. A Câmera CCD opera em 5 faixas espectrais incluindo uma pancromática de 0,51 a 0,73 µm. As duas faixas espectrais do WFI são também empregadas na câmera CCD para permitir a combinação dos dados obtidos pelas duas câmeras. (INPE, 2009). características técnicas da câmera CCD estão no Quadro 1, a seguir: Características da Câmera Imageadora de Alta Resolução CCD 0,45 - 0,52 µm (azul) Banda 1 0,52 - 0,59 µm (verde) Banda 2 Bandas espectrais

0,63 - 0,69 µm (vermelho) Banda 3 0,77 - 0,89 µm (infravermelho próximo) Banda 4

As

0,51 - 0,73 µm (pan) Banda 5 Campo de Visada

8,3º

Resolução espacial

20 x 20 m

Largura da faixa imageada

113 km

Capacidade de apontamento do espelho ±32º 26 dias com visada vertical

Resolução temporal

(3 dias com visada lateral)

Frequência da portadora de RF

8103 MHz e 8321 MHz

Taxa de dados da imagem

2 x 53 Mbit/s

Potência Efetiva Isotrópica Irradiada

43 dBm

Quadro 1: Características da CCD. Fonte: INPE, 2009.

O potencial de aplicação de um dado sensor é estabelecido em função de suas características de resolução espacial, resolução temporal, e características espectrais e radiométricas (MOREIRA, 2001). De acordo com dados do INPE, a câmera CCD, por possuir boa resolução espacial, em quatro bandas espectrais, mais uma pancromática, presta-se à observação de fenômenos ou objetos cujo detalhamento seja importante. Por possuir um campo de visada de 120 km, auxilia nos estudos municipais ou regionais. Dada a sua freqüência temporal de 26 dias, pode servir de suporte na análise de fenômenos que tenham duração compatível com esta resolução temporal, mas que pode ser melhorada, pois a CCD tem capacidade de visada lateral. Suas bandas estão situadas na faixa espectral do visível e do infravermelho próximo, o que permite bons contrastes entre vegetação e outros tipos de objetos. Destacam-se como aplicações potenciais da CCD (INPE 2009): a observação e identificação de áreas de florestas, desmatamento em unidades de conservação, florestas nativas ou plantadas, sinais de queimadas recentes; identificação de campos agrícolas, quantificação de áreas, monitoramento do desenvolvimento e da expansão agrícola, quantificação de pivôs centrais. Identificação de anomalias antrópicas ao longo de cursos d´água, reservatórios, análise de eventos episódicos naturais compatíveis com a resolução da câmera, mapeamento de uso do solo, expansão urbana; identificação de limites continente-

água, estudos e gerenciamento costeiros, monitoramento de reservatórios. É possível a análise cartográfica a partir da obtenção de pares estereoscópicos dada a sua característica de permitir visadas laterais. Apoio a levantamentos pedológicos e geológicos, especialmente recursos minerais; geração de material de apoio a atividades educacionais em geografia, meio ambiente e outras disciplinas. A câmera HRC opera numa única faixa espectral que cobre o visível e parte do infravermelho próximo e está presente apenas no CBERS-2B. Produz imagens de uma faixa de 27 km de largura com uma resolução de 2,7 metros, que permite a observação com grande detalhamento dos objetos da superfície. As características técnicas da câmera HRC estão no Quadro 2, a seguir:

Características da Câmera Pancromática de Alta Resolução - HRC Banda espectral

0,50 - 0,80 µm (pancromática)

Campo de Visada

2,1º

Resolução espacial

2,7 x 2,7 m

Largura da faixa imageada

27 km (nadir)

Resolução temporal

30 dias na operação proposta

Taxa de dados da imagem

432 Mbit/s (antes da compressão)

Quantização

8 bits Quadro 2: Características da HRC Fonte: INPE, 2009.

4- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é a terceira maior aglomeração urbana do Brasil, com uma população de 5.413.627 habitantes, de acordo com Censo 2010 (IBGE, 2010). Seu Produto Interno Bruto (PIB) somava em 2005 cerca de 62,3 bilhões de reais dos quais, aproximadamente, 45% pertenciam à cidade de Belo Horizonte. Os setores de comércio e serviços são muito importantes, sendo fortemente concentrados na capital. No setor industrial, o destaque fica por conta dos ramos metalúrgico, automobilístico,

petroquímico e alimentício. A presença do Quadrilátero Ferrífero na RMBH garante uma participação importante da indústria extrativista mineral no PIB metropolitano (IBGE, 2010). As imagens a seguir mostram a área de estudo numa composição em cor natural (Figura 2), a localização no Estado de Minas Gerais e os 34 municípios integrantes da Região Metropolitana (Mapa 1).

Figura 2: Imagem sintética R3G2B1. Fonte: INPE, 2009.

Mapa 1: Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Quanto ao meio físico na RMBH, as estruturas geológicas representam papel importante na delineação dos principais compartimentos do relevo regional. É marcante a fisionomia formada pelo processo de incisão da drenagem dos Rios Paraopeba e Velhas, gerando formas de dissecação fluvial com cristas nas áreas mais elevadas e colinas policonvexas nas regiões rebaixadas, além de superfícies de aplainamento. A compartimentação geomorfológica identifica três conjuntos morfoestruturais: Quadrilátero Ferrífero, Depressão de Belo Horizonte e Bacia Sedimentar do Bambuí, sendo

que os dois últimos são subdivisão da Depressão Sanfranciscana (BOAVENTURA; PASSBURG; CUNHA, 1985), conforme demonstrado no Mapa 2.

Mapa 2: Geomorfologia e localização dos municípios da RMBH.

Fonte: CETEC, 1982.

A caracterização dos Domínios Geológicos, a seguir, utiliza a codificação feita no Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, publicado em 2003 pela antiga Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG) - hoje Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG). O recorte está no mapa 3.

Mapa 3: Geológico do Estado de MG, 1: 1.000.000 Fonte: COMIG, 2003.

O Quadrilátero Ferrífero (PP1 e PP2, cinza) ocupa a porção sul da área de estudo com topos e seções intermontanas apresentando vestígios de antigas superfícies aplainadas preservadas por crostas lateríticas resistentes, como as vistas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, e por camadas de rochas duras como itabiritos e quartzitos. Estão presentes linhas de cristas ravinadas no sentido SO-NE, escarpas erosivas e hogback3 em todo front da Serra 3

Crista isoclinal, similar às cuestas, sustentada por camadas mais resistentes à erosão e que mergulham com ângulos superiores a 30º, de modo que o gradiente topográfico seja aproximadamente igual dos dois lados da

do Curral. A vegetação apresenta fragmentos de Mata Atlântica, como a Mata do Jambreiro, presença de campo rupestre sobre os litossolos e afloramentos, capoeiras, campos e mata de galeria como na Serra da Piedade (CARVALHO; SOARES 1985). Depressão Belo Horizonte (A3bh, rosa), zona de colinas no contato entre maciço antigo e bacia sedimentar, ocupa a porção centro-oeste e noroeste da RMBH. O relevo esculpido sobre rochas félsicas, como granitos, gnaisses e migmatitos, apresenta declividades mais suaves, com colinas côncavo-convexas de topos aplainados e vales encaixados e de fundo chato, com padrões de drenagem muito diferentes dos encontrados no Quadrilátero. A vegetação mais presente é de cerrado, campo e mata galeria. A Área de Proteção Especial Vargem das Flores é importante reserva florestal ainda existente. A Bacia sedimentar Bambuí (NP2bp/sl, azul) ocupa a porção norte da RMBH, onde as formas cársticas predominam sobre as rochas do Grupo Bambuí (calcários, dolomitos, ardósias, pelítos e siltítos). Ocorre frequentemente superfície ondulada em depressão, interfluvios tabulares, formas cársticas com grupamento de mesas, vales cegos, dolinas, uvalas e grutas evoluídas por processos de dissolução e dissecação de calcários. A vegetação endêmica no carste é a mata seca, que ocorre sobre os afloramentos de calcário, como a Mata da Lapinha. Há também cerrado, campo cerrado e campo limpo (CARVALHO; SOARES 1985). O clima da Região Metropolitana é o Tropical do Brasil Central com regime pluviométrico tipo Semi-úmido, com 4 a 5 meses secos, e regime térmico variando do Mesotérmico brando, no interior do Quadrilátero Ferrífero, a Subquente, na Depressão Sanfranciscana (GONÇALVES; MONTE; CÂMARA, 1997).

5- RECURSOS MINERAIS

A RMBH tem importância destacada quanto à presença de recursos minerais. Boa parte do desenvolvimento econômico da região se dá em função da exploração de minério de ferro, ouro e calcário. Tendo como base a compartimentação geomorfológica descrita acima, pode-se estabelecer uma divisão em cinco domínios minerários (OLIVEIRA et al., 1985): 

Domínio aurífero: o ouro ocorre no Grupo Nova Lima (A34rn) e

principalmente nos municípios de Nova Lima, Rio Acima e Caeté. O Ouro e os sulfetos são de ocorrência subterrânea, abaixo da zona intemperizada superficial. crista, mas com o lado do mergulho da camada, coincidente com a superfície topográfica, apresentando-se mais plano e liso que o lado oposto.



Domínio ferrífero: ocupa a extensão da Serra do Curral, do Itabirito e da

Moeda. É a região do Grupo Itabira (PP1mi) com ocorrências de manganês e bauxita secundariamente. As jazidas de ferro são de ocorrência superficial por causa do intemperismo e lixiviação necessários para o enriquecimento mineral, e também causa da formação das crostas de canga de recobrem a região. 

Domínio calcário: os calcários, dolomitos e caulim ocorrem no Grupo Bambuí

(NP2bp/sl) e principalmente em Pedro Leopoldo, Lagoa Santa e Vespasiano. Cimento, cal, corretivo agrícola e, secundariamente, britas são os produtos mais demandados. É uma zona frágil em função da solubilidade das rochas e a consequente formação de grutas e dolinas. 

Domínio dos granitóides: ocorre no compartimento da Depressão Belo

Horizonte (A3bh), que é o de maior densidade demográfica, sendo este o maior complicador da exploração com a expansão urbana avançando próximo às pedreiras. Outra dificuldade é a cobertura das jazidas por espesso manto de intemperismo com poucas zonas de afloramentos. A brita de gnaisse é o produto mais demandado, mas também as pedras de mão, granitos e areia industrial. 

Domínio dos aluviões (NQd, ENf, Qa, amarelo): embora de maior ocorrência

na porção norte da RMBH, areia, cascalho e argilas são encontrados em todos os compartimentos geomorfológicos. A exploração ocorre nas planícies e terraços aluviais ou nas calhas dos rios diretamente. São materiais de emprego na construção civil e muito demandados em função do mercado crescente.

6- RESULTADOS OBTIDOS

O ganho técnico e cientifico proporcionado pela ferramenta de sensoriamento remoto é muito importante, principalmente quanto às diferentes possibilidades de composições de imagens, com diversas bandas espectrais, que permite a diferenciação de alvos da superfície que numa fotografia aérea poderiam parecer pouco distintos. A composição R4G2B3 (Figura 3) mostra mais claramente os limites entre solo e a água, com a vegetação mais discriminada, aparecendo em tonalidades vermelha. As manchas de solo exposto em tons azul e violeta, assim como a área urbana. A Figura 4 mostra a mesma area com mais realce.

Figura 3: Imagem sintética R4G2B3. Fonte: INPE.

Figura 4: Imagem sintética R3G4B1, com mais realce. Fonte: INPE.

Nos três compartimentos descritos foram identificados elementos que caracterizam as potenciais ocorrências minerais. Nas serras que delimitam o Quadrilátero Ferrífero e que se destaca pelas formas lineares, a cor (atribuída à banda 3) vermelha escura é dada pela menor refletância

de

energia

eletromagnética

pelas

concentrações

de

oxido

de

ferro

(FLORENZANO, 2002), seja em afloramentos da Formação Itabirito Cauê ou em crostas lateríticas, que hoje também são lavradas com viabilidade econômica. No Domínio Aurífero, na porção nordeste do Quadrilátero, circulado na figura 5, o relevo dissecado, como pode ser percebido a partir da textura rugosa na imagem, foi esculpido nas rochas pelíticas do Grupo Nova Lima. Esta morfologia entalhada sobre litologia metassedimentar pode indicar a ocorrência de ouro, depositado no pretérito nos antigos sedimentos, como os encontrados nos aluviões da região de Ouro Preto.

Domínio Aurífero

Domínio Ferrífero

Figura 5: Composição R3G4B1 Fonte: INPE.

No Domínio calcário, as formas típicas do carste denunciam as rochas da Formação Sete Lagoas (NP2sl), e que acompanham o eixo da estrada MG-424 de orientação NO-SE, sentido Matozinhos até Vespasiano. As feições de depressão cárstica presentes na superfície

(Figura 6) são resultantes da ação intempérica em subsuperficie, e também associados à estrutura geológica e aos sistemas de cavernas. A partir das imagens, é possível descrever a morfologia e padrões exocársticos da evolução do relevo. O padrão de distribuição e a freqüência das formas circulares das dolinas e depressões cársticas, comumente preenchidas com água, associadas à textura rugosa envolta por áreas lisas, também é facilmente percebida nas imagens. Alguns dos lagos formados justificam os nomes das cidades de Lagoa Santa e Sete Lagoas.

Domínio Cárstico

Aeroporto Confins

Figura 6: Composição R3G4B1 Fonte: INPE.

No domínio dos granitóides, a imagem pancromática do sensor HRC possibilita identificar a urbanização em torno das pedreiras. O primeiro recorte fica em Contagem, próximo a estrada de Esmeraldas/Nova Contagem (Figura 7). O segundo em Betim, nas

margens da represa de Vargem das Flores (Figura 8) e a terceira no bairro Pereiras em Ribeirão das Neves, próximo a Pampulha (Figura 9).

Figura 7 Fonte: INPE.

Figura 8 Fonte: INPE.

Figura 9 Fonte: INPE.

Nestas imagens, além da textura rugosa do relevo de colinas, elaborado sobre gnaisses e granitóides, ocorre a maior reflectância destas rochas ricas em sílica (quartzo e feldspato).

As imagens puderam ser geradas na escala 1:10.000 devido a boa resolução espacial de 2,4 metros do sensor HRC. O arruamento e as casas próximos as minas podem ser visualizados com nitidez.

7- CONCLUSÃO

Imagens de satélite que cobrem extensas áreas, como os 113 km de largura da faixa de imageamento do CBERS (mais de 12 mil km2), proporcionam uma visão de conjunto da paisagem muito interessante para estudos ambientais e geológicos regionais. Geralmente as rochas félsicas, silicatadas, apresentam alta refletância, e as máficas, ricas em ferro e magnésio, são de baixa refletância (IBGE, 2001). Determinados elementos de interpretação como tonalidade/cor, padrão e textura, apresentados nas imagens, auxiliam a identificar locais com potencial de ocorrência de recursos minerais. Isto significa economia de tempo e custo, além de menor impacto ambiental na etapa de pesquisa mineral, por diminuir a quantidade de furos de sondagens que envolvem a prospecção (FLORENZANO, 2002). Ficou comprovado que a utilização das imagens do satélite CBERS 2B, associadas ao mapeamento geológico e geomorfológico, constituem significativa fonte de informações para esta etapa da pesquisa e para o dimensionamento das jazidas minerais. Além disso, as imagens também se mostraram úteis para a avaliação do uso e ocupação da terra, dos impactos ambientais, inclusive os resultantes da própria atividade de mineração, e também para mapear áreas de desmatamento, erosão, assoreamento, alteração do relevo e até poluição das águas são possíveis de serem identificados com as ferramentas de sensoriamento remoto.

8- REFERÊNCIAS

BOAVENTURA, Ricardo Soares; PASSABURG, Dominique Kathrine; CUNHA, Délio Araújo. Síntese geomorfológica da RMBH. In: SIMPÓSIO SITUAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE MG, 1985, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Instituto de Geociências da UFMG, 1985. p. 59-65.

CARVALHO, Isis Rodrigues; SOARES, Márcia Melo. Áreas verdes da RMBH: Novas Proposições. In: SIMPÓSIO SITUAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE - MG, 1985, Belo Horizonte.

Anais... Belo Horizonte: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Instituto de Geociências da UFMG, 1985. p. 323-335.

CENTRO TECNOLOGICO DE MINAS GERAIS. Mapa Geomorfologia do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: 1982. 1 mapa, color. Escala 1:1.000.000.

COMPANHIA MINERADORA DE MINAS GERAIS: Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2003. 1 mapa, color. Escala 1: 1.000.000.

FITZ, Paulo R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo, Oficina de Textos, 2008.

FLORENZANO, Teresa G. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo, Oficina de Textos, 2002.

GONÇALVES, Celso da Silva; MONTE, Icléa Gomes; CÂMARA, Nelly Lamarão. Clima. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ESTATÍSTICA. Recursos Naturais e Meio Ambiente: Uma visão do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. p. 191-196.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA: Censo Demografico 2010.

Rio

de

Janeiro,

2010.

Disponível

em

http://www.ibge.gov.br/

home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm. Acesso em 26 mar. 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ESTATÍSTICA. Introdução ao processamento digital de imagens. Rio de Janeiro: IBGE, 2001. p. 37-38.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Satélite sino-brasileiro de recursos terrestres. São José dos Campos: Disponível em: http://www.cbers.inpe.br/. Acesso em: 26 mar. 2015.

MINAS GERAIS. Malha municipal. Disponível em http://www.ide.ufv.br/geominas/. Acesso em 26 mar. 2015.

MOREIRA, M. A; Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicações. 2 ed. São Jose dos Campos: INPE, 2001.

OLIVEIRA, Luiz Felipe Quaresma de et al. A mineração na região metropolitana de Belo Horizonte. In: SIMPÓSIO SITUAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE - MG, 1985, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Instituto de Geociências da UFMG, 1985. p. 141-166.

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