Análise geológica de galeria para Mn e de voçorocas no Alto do Maranhão_Congonhas_MG_Brasil

September 28, 2017 | Autor: Ulisses Cyrino Penha | Categoria: Arqueologia
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LAUDO GEOLÓGICO SOBRE A ORIGEM DA GALERIA E DAS VOÇOROCAS DO ALTO MARANHÃO, MUNICÍPIO DE CONGONHAS-MG
Geólogo Ulisses Cyrino Penha, PhD
CREA PR 12.197-D

OBJETIVOS
O presente laudo geológico tem por objetivo explicar a origem de uma galeria encontrada entre as estacas 175 e 185 do Contorno 1 (Joaquim Murtinho e Alto Maranhão) da rodovia MGT-383, que fará a ligação entre a BR-040 e as cidades de Jeceaba e São Brás do Suaçuí, bem como a gênese das voçorocas existentes nas imediações. Esta galeria está localizada na vertente esquerda do córrego Potreiro, nas proximidades do distrito de Alto Maranhão, município de Congonhas, Minas Gerais (Fig. 1).

BREVE HISTÓRICO DA QUESTÃO DA GALERIA
Durante a abertura de um trecho da rodovia MGT-383 em 18 de maio de 2012, o rebaixamento de uma vertente com perfil convexo e forte declividade, situada na margem esquerda do córrego Potreiro (entre estacas 175 e 185), as obras de terraplenagem rebaixaram o terreno mais de 10 metros, tendo sido encontrada uma galeria próximo à estaca 180, cuja extensão é de 68,51 metros (Anexo 2). A notícia do achado da galeria foi levada por um morador de Alto Maranhão ao COMUPHCAC-Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Congonhas, que por sua vez comunicou o fato ao Ministério Público.
Na ocasião, durante visita ao local, o responsável pelo Patrimônio daquele município levantou a hipótese de a origem da referida galeria, bem como das voçorocas das imediações, resultarem de atividades de garimpo de ouro nos séculos XVII ou XVIII. A suposta garimpagem também explicaria a nucleação de Alto Maranhão, incluindo a construção de duas igrejas barrocas, uma delas hoje inexistente. A idade deste distrito é anterior à da atual sede do município a que pertence, Congonhas.



Lavra de manganês abandonadaLavra de manganês abandonadaGaleria Galeria Voçoroca da plataforma Voçoroca da plataforma Alto MaranhãoAlto Maranhão
Lavra de manganês abandonada
Lavra de manganês abandonada
Galeria
Galeria
Voçoroca da plataforma
Voçoroca da plataforma
Alto Maranhão
Alto Maranhão
Figura 1. Visão geral da área em estudo, com distrito do Alto Maranhão, rede de voçorocas instaladas ao norte do eixo do projeto da MGT-383. A galeria foi encontrada durante rebaixamento do leito da rodovia. Fonte: Google Earth, junho/2012.

GEOLOGIA REGIONAL
O Quadrilátero Ferrífero, importante distrito mineral brasileiro por seus depósitos e minas de minério de ferro, de ouro, de manganês, de bauxita e de dolomito, foi mapeado em escala de 1:50.000 desde os trabalhos do convênio do USGS-United States Geological Society e DNPM-Departamento Nacional da Produção Mineral, coordenados pelo Door (1969).



Figura 2. Mapa de articulação das cartas topográficas do IBGE para o Quadrilátero Ferrífero. A área em estudo se encontra ao sul dos terrenos geológicos com potencial metalogético para ouro, ferro, bauxita e dolomito.

A região em estudo situa-se no setor centro-sudoeste do Quadrilátero Ferrífero e é constituída por quatro conjuntos rochosos, denominados em geologia unidades estratigráficas: complexos metamórficos, cujos gnaisses bandados, anfibolitos e granitos têm idade superior a 2,8 bilhões de anos (B.a.); Supergrupo Nova Lima, com filitos, xistos, quartzitos, rochas metavulcânicas e formações ferríferas datadas em 2,8 B.a.; Supergrupo Minas, do Paleoproterozóico, cujas rochas têm idades que oscilam de 2,6 a 2,4 bilhões de anos; e a Suíte Alto Maranhão, de idade riaciana, com 2,13 bilhões de anos (Noce 1995). As rochas desta suíte são ígneas intrusivas, principalmente tonalitos e granodioritos, que se cristalizaram gerando massas batolíticas, isto é, de volumes consideráveis, em meio aos complexos metamórficos e às rochas do Supergrupo Rio das Velhas (Endo 2003, Lobato 2005).

A região situada entre o distrito Alto Maranhão e a cidade de São Brás do Suaçuí está inteiramente constituída pela Suíte Alto Maranhão, que além dos tonalitos e granodioritos compreende raros corpos de quartzito, esteatitos, talco xistos e de rochas portadoras de silicatos manganesíferos, conforme Folha Geológica de Congonhas (Lobato op. cit.). O trabalho de mapeamento geológico e litogeoquímico mais detalhado feito no entorno do distrito de Alto Maranhão é o de Martins (2008).


Figura 3. Contexto geológico da região de Congonhas (Dorr 1969, Almeida et al. 2003; In Endo 2003). Principais unidades: complexos metamórficos (em branco), Supergrupo Nova Lima (em verde), Supergrupo Minas (em cinza e roxo). A área em vermelho a leste do meridiano 44ºW corresponde à Suíte Alto Maranhão.

A região situada entre o distrito Alto Maranhão e a cidade de São Brás do Suaçuí está inteiramente constituída pelo mencionado Tonalito Alto Maranhão, que inclui rochas como tonalitos, granodioritos e migmatitos, com raros corpos de quartzito, esteatitos, talco xistos e de rochas portadoras de silicatos manganesíferos, conforme Folha Geológica de Congonhas (Lobato op. cit.). O mapeamento geológico e litogeoquímica mais detalhado feito no entorno do distrito de Alto Maranhão é o de Martins (2008).

Embora situadas no Quadrilátero Ferrífero, cujo potencial mineral em ferro, ouro, bauxita e manganês é notável, vale salientar que as rochas intrusivas da Suíte Alto Maranhão não apresentam potencial para conter jazidas de bens minerais metálicos. O seu potencial se restringe a jazidas de produtos para a construção civil como brita, pedras para fundação e rochas ornamentais.


GEOMORFOLOGIA DA ÁREA

Foram efetuadas a fotointerpretação e análise espacial dos cursos d'água da região compreendida entre Congonhas, Gajé, São Brás do Suaçuí e Jeceaba. A fotointerpretação se baseou em fotos em escala de 1:30.000 e a análise de drenagens foi feita com base na hidrografia da carta topográfica do IBGE SF-23-X-A-VI-1 ou Conselheiro Lafaiete. Concluiu-se que a densidade de drenagens é elevada e que as mesmas configuram dois padrões básicos, o subretangular e, localmente, o radial (Mapa 1). Os segmentos retilíneos ou próximos disso denotam que as direções dos vales correspondem preferencialmente às orientações dos planos de fratura, de foliação ou de falhas que secionam o maciço rochoso (mosaicos de fotos números 2 e 4). As drenagens podem ser divididas segundo seus tamanhos em:


JECEABA 6 kmSÃO BRÁS DO SUAÇUÍ 6 kmCONGONHAS 1 kmcór. Pequeririo Pequericór. Bombaçacór. Monjoloscór. do Matosorio ParaopebaSta QuitériaALTO MARANHÃOPequeriGajéJoaquim Murtinhocór. Potreirocór. dos Freitasrio Maranhão galeriaJECEABA 6 kmSÃO BRÁS DO SUAÇUÍ 6 kmCONGONHAS 1 kmcór. Pequeririo Pequericór. Bombaçacór. Monjoloscór. do Matosorio ParaopebaSta QuitériaALTO MARANHÃOPequeriGajéJoaquim Murtinhocór. Potreirocór. dos Freitasrio Maranhão galeria
JECEABA
6 km




SÃO BRÁS DO SUAÇUÍ
6 km


CONGONHAS
1 km
cór. Pequeri
rio Pequeri
cór. Bombaça
cór. Monjolos
cór. do Matoso
rio Paraopeba
Sta Quitéria
ALTO MARANHÃO





Pequeri
Gajé
Joaquim Murtinho

cór. Potreiro
cór. dos Freitas
rio Maranhão
galeria
JECEABA
6 km




SÃO BRÁS DO SUAÇUÍ
6 km


CONGONHAS
1 km
cór. Pequeri
rio Pequeri
cór. Bombaça
cór. Monjolos
cór. do Matoso
rio Paraopeba
Sta Quitéria
ALTO MARANHÃO





Pequeri
Gajé
Joaquim Murtinho

cór. Potreiro
cór. dos Freitas
rio Maranhão
galeria








cór. Vargem da Pedracór. Vargem da Pedra
cór. Vargem da Pedra
cór. Vargem da Pedra













Mapa 1. Rede de drenagens compreendidas entre Congonhas, Gajé, São Brás do Suaçuí e Jeceaba. Traçado feito a partir da Folha IBGE SF-23-X-A-VI-1

Drenagens maiores com expressivos – acima de 10 km de comprimento – trechos meandrantes percorrendo em vales de 300 a 500 metros de largura: rios Alto Maranhão e Pequeri (direção geral norte-sul a noroeste), rio Paraopeba (nordeste a norte-sul) e ribeirão Bananeiras (norte-sul).
Drenagens de porte mediano, entre 3 a 6 km, com raros meandros, retilíneos a subretilíneos, com vales encaixados preferencialmente na direção norte-sul com variações de 20º para noroeste ou para nordeste: córregos dos Monjolos, do Potreiro, Três Barras, dos Freitas, do Pequeri, do Matoso, da Lagoinha, do Mato Dentro, do Caeté e da Camassa. Raros são retilíneos segundo a franca direção nordeste, como os córregos Veloso-Paraopebinha e alguns segmentos do córrego Três Barras.

As cristas, isto é, os segmentos do terreno sobrelevados em relação às vizinhanças, orientam-se segundo noroeste, nordeste e norte-sul, repetindo as principais direções dos trechos retilíneos das drenagens. Este quadro de direções estruturais é útil para o entendimento da origem das voçorocas, posto que as direções acima citadas coincidem em boa parte com as estruturais planares mensuradas nas rochas da área (item 5) e com os eixos das voçorocas e de suas ramificações laterais (item 7).

Em termos de morfologia do terreno, a área da galeria se insere na porção sul de um divisor de águas dos córregos dos Monjolos, ao sul, e Vargem da Pedra, ao norte, ambos afluentes da margem esquerda do rio Maranhão (Mapa 1). Tanto na encosta específica da galeria quanto naquelas voltadas para leste, norte e oeste do referido divisor de águas, as superfícies de relevo apresentam perfil convexo e de alta declividade. A análise de drenagem deste divisor é do tipo radial, comum em terrenos geológicos sustentados por rochas ígneas intrusivas profundas, caso dos tonalitos do Alto Maranhão. As três voçorocas que confluem no terço final do córrego dos Monjolos apresentam vales de fundo colmatado e brejoso (Malta 2012).


GEOLOGIA DA ÁREA
Os cortes em encostas efetuados pela obras na região foram úteis para se compreender a natureza e as estruturas tectônicas das rochas, mesmo apresentando-se intemperizadas. Para esta compreensão ser acurada e permitir avaliar o potencial aurífero do tonalito Alto Maranhão e das rochas a ele associadas, foram estudados (1) os cortes em encostas das imediações do trecho embargado, (2) os cortes entre o distrito de Alto Maranhão até o vale do rio Paraopeba, e (2) a área com ocorrência de manganês ao sul do córregos do Potreiro e Monjolos.
De uma forma simplificada, pode-se dizer que quando ocorreram as intrusões, entre 2,3 e 2,1 bilhões de anos, das rochas ígneas reunidas na designação de Suíte Alto Maranhão (com predomínio do tonalito arroxeado), já existiam na região anfibolitos bandados (ocres) com corpos irregulares quartzo-manganesíferos (negros). A derradeira fase destas intrusões é representada pela geração de rochas aplíticas (brancas), pois estas cortam anfibolitos, tonalitos e corpos de quartzo com óxidos de manganês (mosaicos de fotos 1 e 2).
Durante e após estas intrusões, as rochas foram submetidas a condições de pressão e temperatura que provocaram a reorientação dos seus constituintes minerais (quartzos, feldspatos, micas, anfibólios), gerando o que se denomina planos de foliação. Além destes planos, outras estruturas como fraturas, dobras e falhas foram criadas pelos esforços tectônicos que se associaram às condições reinantes de elevadas pressões e temperaturas (mosaicos de fotos 2, 3 e 4).
Além das estruturas planares mencionadas, que instabilizam o maciço rochoso, vale lembrar que a diversidade litológica da área, e da região, também contribuem para nuclear movimentos de material (solo e rocha intemperizada), pois cada rocha tem comportamento geomecânico e permo-porosidade distintos.
Veios de quartzo ricos em manganêsCorpos aplíticos brancosVeios de quartzo ricos em manganêsCorpos aplíticos brancos
Veios de quartzo ricos em manganês
Corpos aplíticos brancos
Veios de quartzo ricos em manganês
Corpos aplíticos brancos








Mosaico 1 de fotos. As rochas de cor ocre e vermelha são anfibolitos bandados. Os tonalitos, arroxeados, intrudiram os anfibolitos e foram cortados posteriormente por corpos de aplito. Exceto a foto inferior esquerda, todas são da área da galeria.






Falha geológicaFalha geológica
Falha geológica
Falha geológica


Mosaico 2 de fotos. Esquerda: tonalito cortado por veio de quartzo leitoso. Ao meio: planos de falha ou slicken sides em tonalito da Trincheira B. Direita: corte em encosta expondo falha que seciona veio de quartzo com manganês. Exceto a foto da esquerda, as demais são da área da galeria.











Mosaico 3 de fotos. Corte em encosta a 10 metros do final da galeria. Contato de anfibolito bandado (rocha ocre à esquerda da foto inferior) com tonalito arroxeado. Na porção central do tonalito ocorre veio quartzo-manganesífero.











Mosaico 4 de fotos. Cortes em encostas expondo dobras e falhas afetando os anfibolitos (ocres), os tonalitos (arroxeados) e os aplitos (brancos). As fotos inferiores são do entorno da área da galeria.


OS CORPOS DE MINÉRIO DE MANGANÊS DA ÁREA E ENTORNO
Exceção feita aos produtos da pedreira da empresa PRECAL – pedra e brita para construção civi9l e estradas –, situada a nordeste de Alto Maranhão, o único bem mineral da área é o manganês. Os afloramentos in situ deste minério ocorrem ao sul do córrego dos Monjolos, em área da Monjolos Mineração de Manganês Ltda, cujo processo no DNPM-Departamento Nacional de Produção Mineral é o de número 831141/1985 (Mosaico 6 de fotos). Afloramentos são também comuns muito próximos à galeria (Foto 1).
No último caso citado, a crista da encosta cortada imediatamente a leste do término da galeria é sustentada por afloramentos e matacões de minério manganesífero (Foto 1). Os matacões são negros, submétricos, muito densos e com teores moderados de manganês (Mosaico de fotos 5, Tabela 2).
Final da galeriaFinal da galeria
Final da galeria
Final da galeria








Foto 1. Corte em encosta situada 10-15 metros a leste do final da galeria. O tonalito arroxeado contém corpos irregulares compostos por veios de quartzo ricos em óxidos de manganês (manchas marrons).

As espessuras dos corpos de manganês variam da casa do decímetro a alguns metros, e sua continuidade lateral é restrita a poucos metros, gerando corpos com formados irregulares como veios, bolsões e lentes. O manganês está muito frequentemente associado a veios de quartzo, sendo provável que seu teor moderado seja devido ao enriquecimento supergênico, causado pela ação das águas de chuva. Estas percolam as rochas ao longo de milhões de anos, dissolvendo e transportando o manganês que está presente em baixos teores no tonalito e anfibolito, para em seguida precipitá-lo nas fraturas e superfícies externas dos veios de quartzo. Como é comum o quartzo ocorrer sob forma de bolsões e lentes irregulares, isso explica a geometria do minério de manganês. Os corpos de minério de manganês estão orientados segundo N30E/45SE.
As rochas onde os corpos de manganês se encaixam preferencialmente, os tonalitos arroxeados e anfibolitos ocres, estão foliadas segundo as direções N5E/60SE e N5-20W/50-70NE. Planos de falhas são comuns conforme N40W/75NE e N55W/75SW (mosaicos de fotos números 2 e 4).
Existe ainda manganês em blocos capeando o solo, na forma de colúvio (material transportado), ocorrendo de forma esparsa e comumente associado a blocos de veios de quartzo. Isto é observado nas médias encostas e nos cortes erosivos do flanco leste da Voçoroca da Plataforma (Fig. 1).








Mosaico 5 de fotos. Corte na encosta (fotos superiores) imediatamente a leste do final da galeria. Notar associação do manganês (negro) com quartzo (branco) na foto inferior esquerda. Matacão submétrico de manganês de alto teor na crista da encosta supracitada.

Conforme mencionado, ao sul do córrego dos Monjolos há corpos aflorantes de minério de manganês, relevantes para o presente estudo para efeito de sua comparação com o minério já descrito na encosta secionada pela obra da rodovia MGT-383. A rocha encaixante do minério em ambos os casos é o tonalito, e o minério ocorre associado a massas quartzosas (veios e bolsões).
Julgou-se importante registrar três relatos orais de antigos moradores da região, relativos a atividades minerárias de manganês. O Sr. Antônio, 70 anos, que reside na margem da BR-383, nas proximidades da estrada de acesso à obra de drenagem da estaca 130, mencionou que em sua adolescência já se lavrava manganês, e que o minério ia de montaria para Congonhas. O Sr. Pedro Marques, de 83 anos, morador das imediações das estacas 315 e 322 da nova MGT-383, confirmou a mineração de manganês, retrocedendo-a à época em que era menino.
Contudo, o relato do Sr. José Raimundo Lobo, 84 anos e residente vários quilômetros ao sul da mina a céu aberto supracitada , foi o mais esclarecedor, ao contar que a partir dos seus 20 anos trabalhara ao sul do córrego dos Monjolos, abrindo galerias de acesso e lavando manganês, e que antes desta data seu pai já trabalhara no local; que o minério seguia em lombo de burro para Gajé; e que, por não haver arame farpado naqueles tempos, as divisões entre propriedades rurais se fazia mediante a escavação de longas

valas, com largura média de 2 metros no topo e altura mínima de 1 metro, dimensões suficientes para impedir passagem do gado de uma propriedade à outra. Salientou também que tais valas eram constantemente preenchidas por água de chuva, e que desmoronamentos ao longo das valas eram comuns, fazendo descer grandes volumes de solo e rocha podre, as voçorocas.









Mosaico 6 de fotos. Afloramento (fotos superiores) e blocos de minério de manganês do tipo oxidado na encosta ao sul do córrego dos Monjolos. É comum a associação do minério com veios de quartzo.

A mineração de manganês praticada de forma rudimentar na área há pelo menos 80 anos, conforme relatos mencionados, não pode ter seu início recuado para antes de 1898, pois a primeira usina de ferro-ligas de manganês no Quadrilátero Ferrífero foi a Usina Wigg, no distrito de São Julião, atual Miguel de Burnier, pertencente ao município de Ouro Preto (Lloyd 1913:330-331, In Baeta & Piló 2011). O manganês de Miguel Burnier escreveu o primeiro capítulo da exploração em larga escala de um mineral industrial no Brasil, exportado pela empresa do Comendador Carlos da Costa Wigg, a Usina Esperança (Baeta & Piló op. cit.). É provável que o manganês das imediações de Alto Maranhão alimentasse a usina citada, contudo não se pode recuar sua existência ao início do povoamento do Alto Maranhão, antigo Arraial do Redondo, pois o mesmo data de 1718 (IBGE 2008).

A FORMAÇÃO DAS VOÇOROCAS
Para efeito didático, a caracterização e a gênese do conjunto de voçorocas que ocorrem ao norte do córrego Potreiro serão abordadas por setores, tendo sido aqui denominadas Voçoroca do Alto Maranhão, Voçoroca do Potreiro e Voçoroca da Plataforma (Fig. 1).



Voçoroca da plataforma (Foto 4)Voçoroca do Alto Maranhão (Foto 2)Voçoroca do Potreiro(Foto 3)Pasto abandonadoAlto MaranhãoLavra abandonada de manganêsVoçoroca da plataforma (Foto 4)Voçoroca do Alto Maranhão (Foto 2)Voçoroca do Potreiro(Foto 3)Pasto abandonadoAlto MaranhãoLavra abandonada de manganês
Voçoroca da plataforma (Foto 4)
Voçoroca do Alto Maranhão (Foto 2)
Voçoroca do Potreiro
(Foto 3)
Pasto abandonado
Alto Maranhão
Lavra abandonada de manganês
Voçoroca da plataforma (Foto 4)
Voçoroca do Alto Maranhão (Foto 2)
Voçoroca do Potreiro
(Foto 3)
Pasto abandonado
Alto Maranhão
Lavra abandonada de manganês





Galeria Galeria
Galeria
Galeria







Figura 4. Localização das voçorocas com nomes atribuídos neste relatório. Fonte: Google Earth, junho/2012.


7.1 VOÇOROCA DO ALTO MARANHÃO
A Voçoroca do Alto Maranhão, situada ao sul do distrito de mesmo nome (canto superior esquerdo da figuras 1 e 4), apresenta contorno irregular, está instalada na zona de cabeceiras do córrego Potreiro e, como conjunto, tem direção geral oeste-noroeste. Os alvéolos ou ramificações constituintes da voçoroca têm eixos maiores orientados segundo norte-sul e, em menor frequência, conforme nordeste.
Ela tem como principal rocha constituinte de suas encosta, colapsadas pelo processo erosivo, o tonalito arroxeado, localmente com corpos de anfibolito e alguns veios de quartzo. Aos veios podem associar-se tanto estreitas intrusões aplíticas esbranquiçadas, caulinizadas, como películas de óxidos de manganês em fraturas.
Foram mensuradas fraturas com orientações segundo N80E, N20E, N40E e N65W, todas subverticais, e foliações conforme N10E/80SE e N10W/80NE. Esta predominância de atitudes subverticais é responsável pelos altos ângulos das encostas, correspondendo a planos de fraqueza que, associados à porosidade do mesmo, o desestabilizam em períodos de chuvas intensas.
A porção basal da voçoroca é plana e consiste em um vale colmatado, assoreado desde as cabeceiras, estando grandemente ocupada por vegetação de várzea (Equisetum, poáceas e compostas). As encostas da voçoroca e suas ramificações comumente têm samambaias (pteridófitas) adaptadas a água escassa, não sendo raro estarem isentas de vegetação. As principais espécies arbustivas são cajuzinho-do-campo e quaresmeirinhas (melastomatácea), enquanto que as árvores são raras e de pequeno porte, como barbatimão e outras fabáceas, nunca excedendo 15 cm de diâmetro (mosaico 7 de fotos), à exceção de um trecho lateral ao córrego Potreiro, onde há uma faixa estreita de fabáceas com até 20 cm de diâmetro.
A encosta não erodida da voçoroca está ocupada por pastagem abandonada, com abundante Brachiaria sendo substituída por arbustos do cerrado.

Foto 2. Visão geral da porção das cabeceiras da Voçoroca do Alto Maranhão. Notar vale colmatado (assoreado) e ausência devegetação arbórea, caracterizando uma ocupação sub-recente. Visão para norte.










Mosaico 7. Voçoroca do Alto Maranhão, cuja rocha predominante é o tonalito arroxeado. Notar vegetação de várzea de pequeno porte e a quase inexistência de árvores nas encostas, onde predominam samambaias xerofíticas.

Na porção mais proximal da voçoroca, à beira de um bar na saída sul de Alto Maranhão, não afloram veios de quartzo, somente regolito de tonalito.
Contudo, nas coordenadas 619.838E x 7.724.917S foram detectados veios associados a aplitos estreitos que, por sua vez, estão encaixados no tonalito (amostra Gn3 da Tabela 2), coletados para análise de ouro no laboratório da SGS Geosol, em Vespasiano (amostras Qz4, Qz5 e Qz6 da Tabela 2). Suas espessuras nunca atingem um metro e suas extensões não alcançam, individualmente, 5 metros. As orientações mais comuns dos veios são N50W/55NW, N70E/45SE e N85W/70SW. O manganês é pouco comum e restrito a superfícies de fratura dos veios (Mosaico 8). Todas as amostras citadas acusaram quantidades abaixo do limite de detecção analítico para ouro, ou seja,
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