Análise Semiótica

José Augusto de Oliveira Godoy AM2BAV
"Quais a principais características da análise da autora sobre a obra interior vermelho¿"
A autora começa a análise da obra Interior Vermelho de Matisse convidando a um olhar aprofundado do quadro, deixar-se impregnar por ele. Após essa experiência começa a análise pelo fundamento do signo defendendo que a pintura é um signo, "algo que representa algo sendo capaz de produzir efeitos interpretativos". Nesse primeiro momento, retêm-se especialmente no que tange a cor, o fato de ela ser pura, chapada, vibrante entre outros adjetivos o que resulta nos quali-signos da obra analisada.
O fato de não estarmos diante do quadro mesmo e sim de uma reprodução do mesmo é alertado pela autora, dizendo que se estivessemos diante do quadro real, o sin-signo seria sua realidade particular de um quadro singular, levando em conta suas dimensões e o espaço em que ocupa. O sin-signo pertence à classe das pinturas, e mais especificamente à pintura a óleo, enquadrando-se na classe de pinturas modernos, no gênero fauvista, na tradição das naturezas-mortas e em um certo padrão de pinturas retangulares e verticais. O quadro é um exemplar das leis que nele se corporificam.
A grande quantidade de quali-signos presentes na obra, não seriam capaz de representar, em si mesma, nada fora dela se os traços, as linhas, os contrastes e as cores não sugerissem. As imagens presentes na tela, poderiam existir e serem percebidas fora dela, como a mesa, o vaso, as maçãs entre outras imagens. Reduzidas ao traço mínimo necessário para terem o poder de referência, para funcionarem como imagens no sentido peirceano do termo. Signos que representam seus objetos por apresentarem semelhanças de aparência com eles.
No aspecto indicial a autora atenta para dois níveis: a indexicalidade interna à própria composição e a indexicalidade, o poder indicativo das imagens. No nível interno, o quadro ou algo similar indicia que se trata de uma parede. O vaso sobre a mesa indicia que aí se tem uma mesa. E ainda como indexicalidade interna tem-se a relação da pintura com o seu título, este funciona como um índice da pertença do quadro a uma série realizada pelo pintor.
No nível da indexicalidade externa as figuras sinalizam uma sala (interior), com aquilo que lhe é próprio: mesa, vaso, parede, porta entre outros. As cores indicam o período diurno, as flores a estação do ano etc.
No aspecto icônico, o objeto imediato dessa pintura define-se pelo modo com que Matisse reinterpretou os temas dos interiores e da natureza-morta.
No aspecto indicial, o objeto imediato está no poder de referencialidade das imagens. A autora chama a atenção para uma luta existente nessa pintura ente a ambiguidade icônica e a referencialidade indicial, resultando em um equilíbrio de ambas.
No aspecto simbólico, o objeto imediato diz respeito aos padrões pictóricos pertencentes à arte moderna e dos quais o artista fez uso.
O objeto dinâmico, por sua vez, é aquilo a que a imagem se reporta.
Nesse momento, a autora parte para os interpretantes, tratando dos seus quatro níveis: Interpretante imediato, interpretante dinâmico, interpretante lógico e interpretante final.
O interpretante imediato são todos os efeitos que o signo está apto a produzir sobre no momento que encontrar um intérprete.
Já o interpretante dinâmico dependerá dos hábitos associativos que o interpretante acionará dependendo, assim, do repertório do intérprete e da experiência colateral que esse intérprete já teve com o campo contextual signo, depende dos conhecimentos históricos e culturais presentes no intérprete.
No nível do interpretante lógico, essa pintura foi feita para ser vista por quem conhece arte e, particularmente, história da arte moderna. Na ausência desse conhecimento, o interpretante poderá ficar apenas no nível do interpretante emocional.
O interpretante final, diz a autora, é um interpretante aberto, fica toda a admiração e gratificação ao olhar que essa pintura ainda poderá despertar no futuro.