Aplicação De Silício Foliar Em Batata: Manejo De Doenças

June 15, 2017 | Autor: Fernando Juliatti | Categoria: Experimental Design, Potato, Disease Management
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Aplicação de silício foliar em batata: manejo de doenças Carlos Ribeiro Rodrigues1; José Magno Queiroz Luz2; Fernando César Juliatti3; Tatiana Michlovská Rodrigues4; Felipe Campos Figueiredo5 1,2,3,4

Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG) (Av. Amazonas s/n Bloco 4C Sala 127, B. Umuarama, Uberlândia/MG – 38401-444) [email protected]; 5 Universidade Federal de Lavras (UFLA), Departamento de Ciência do Solo (DCS) (C.P. 3037 Campus Universitário, Lavras/MG, 37200-000) [email protected].

ABSTRACT Silicon foliar spray in potato: diseases management This study aimed to evaluate the effect of silicon doses and fungicides on the diseases management in potato. The experiment was accomplished in field in the municipal district of Serra do Salite/MG. The potato cv. Atlantic it was cultivated of January to May of 2007. The experimental design is in randomized blocks in a 4 x 3 factorial scheme with four silicon doses (0; 0,25; 0,50 and 1,00% in the application calda) and three fungicides doses (100; 75 and 50% of the dose recommended by the makers). The evolution of the severity of the requeima was evaluated by AACPD and the severity of canela preta and sarna da batata and incidence of sarna da batata through. There was interaction between the silicon and fungicides doses. The dose of 0,5% of silicon in the application with 75% of the fungicide doses provided the best results in relation to the evolution of the requeima and severity of the sarna da batata. However it is necessary more studies in the future for best to illuminate those interactions and in that level is happening, if it is in the application water or in the plants.

INTRODUÇÃO O manejo de doenças vem passando por mudanças de filosofia no campo, com base no manejo correto de fertilizantes e nutrição das plantas. O uso correto de alguns nutrientes como o Silício (Si) considerado essencial para as plantas por alguns autores (Epstein & Bloom, 2006) e benéfico para outros (Marschner, 1995; Korndorfer, 2006) vem proporcionado resultados positivos no que diz respeito ao manejo alternativo de pragas e doenças. Segundo Epestein & Bloom (2006) o Si auxilia controle alternativa de doenças através de dois mecanismos, físico e bioquímico. O mecanismo físico já é bem esclarecido pela literatura onde a deposição de sílica em superfície dificulta o processo de infecção do fitopatogeno. O mecanismo bioquímico ainda não é bem elucidado os processos, no entanto plantas adubadas com Si apresentam maiores concentrações de compostos naturais de defesa como os compostos fenólicos. A forma de fornecimento de Si para as plantas vem sendo estudada recentemente a partir da liberação do uso do silicato de potássio como fertilizante. Até então o Si era fornecido para as plantas somente via uso de escórias de siderurgia na forma de silicatos de cálcio e magnésio, os quais são fontes de baixíssima solubilidade em água e dependendo da origem podem apresentar traços de metais pesados. O silicato de potássio é originário da fusão em alta temperatura e pressão da sílica (quartzo finamente moído) com hidróxido de potássio e, ou, carbonato de potássio. No mercado existem diferentes silicatos de potássio com diferentes garantias de potássio (K) e Si, no entanto, de maneira geral, são produtos totalmente solúveis em água de alto pH (12), densos (d = 1,4 g cm-3) com teores médios de K2O de 10 a 15% e Si de 10 a 12,2%. Os silicatos de potássio vendo sendo estudados com o objetivo, não só de nutrir as plantas, mas também de favorecer controle alternativo de doenças e vários trabalhos tem sido relatados com

aplicação em soja para manejo da ferrugem asiática (Pakospora pachyrhizi) e no cafeeiro para manejo de ferrugem e cercospora. Nesse sentido o presente projeto teve como objetivo avaliar o efeito da aplicação de doses de Si foliar e de fungicidas sobre a severidade de requeima, canela preta e sarna e suas correlações com os teores de Si foliar. METODOLOGIA O experimento foi realizado em campo, na Fazenda Montesa Agropecuária Ltda, localizada no município de Serra do Salitre-MG. As plantas foram cultivadas de janeiro a maio de 2007. O delineamento experimental foi o em blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 3 sendo, quatro doses de Silicato de Potássio – K2SiO3 (0; 0,25; 0,50 e 1,00 % de K2SiO3 na calda) e 3 doses dos fungicidas (100; 75 e 50% da dose recomendada pelos fabricantes), com quatro blocos. A batata semente cv. Atlatic foi semeada em 15/01/2007 com espaçamento de 0,8 m entre linha e o espaçamento entre plantas com 0,2. Logo após emergência foi realizada a amontoa com sulcadores e 30 dias após a semeadura foram realizadas as primeiras aplicações. Foi utilizado o volume de calda de 400 L ha-1. Como fonte de Si foi utilizada solução verdadeira de Silicato de Potássio – K2SiO3 (12,2% v/v de Si e 15% v/v de K2O, densidade igual 1,4 g cm-3). A coleta de folhas para análise química de tecido para a determinação dos teores foliares de Si, segundo metodologia descrita por Korndorfer et al. (2004) foi realizada 55 dias após a semeadura. Aos 75 dias após a semeadura foi iniciada as leituras de severidade de requeima, ou seja, porcentagem de área foliar atacada pela doença. Foram realizadas quatro leituras até o final. No dia da colheita foi estimada a severidade da doença canela preta (porcentagem de plantas atacadas por parcela) e após a colheita da batata foi estimada a incidência e severidade da sarna da batata. Os dados de evolução da severidade de requeima foram avaliados através da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD), conforme formula: AACPD = ∑ [(Y 1 − Y 2) / 2] − ∑ (t1 − t 2) , onde y refere-se aos valos de severidade da doença no tempo 1, 2, n. e t1-t2 o intervalo de tempo das duas avaliações sucessivas (Benelli et al, 2004). As variáveis foram submetidas à análise de variância e regressão em função das doses de Si, pelo teste de média (Scott Knott 5%) para as doses dos fungicidas e Si. RESULTADOS E DISCUSSÃO A AACPD para requeima foi influenciada significativamente pelas doses e silício e pela interação doses de silício vs. doses dos fungicidas. A severidade de sarna na batata, número de lesões por tubérculo, também foi influenciada pelas doses de Si. A severidade de canela preta e a incidência de sarna, % de tubérculos com lesões, não sofreram alteração significativa com as fontes de variação estudadas. De maneira geral, não foi observado nenhum ajuste estatisticamente significativo para as regressões das variáveis estudadas em função das doses foliares de Si. Com isso, como foi observada diferenças, foi utilizado o teste de Scott Knott para avaliação do efeito das doses de Si. Assim, a Tabela 1 apresenta os dados de efeito das doses de Si e Fungicida sobre a AACP de requeima e a severidade de sarna, as quais apresentaram alterações significativas com as fontes de variação estudadas.

TABELA 1. Efeito das doses de Si e fungicidas sobre a AACP de requeima e severidade de sarna. Doses Fungicidas Doses Si (% na calda) (% do recomendado) 0 0,25 0,50 1,00 AACP de requeima 100 124,00 a A 128,87 a A 198,75 b B 176,87 a A 75 141,75 a A 200,62 b B 93,37 a A 149,37 a A 50 189,12 b B 143,75 a A 94,75 a A 231,25 b B média 118,30 a 157,75 b 128,95 a 185,83 b CV = 27,04%

fcSi = 6,94**

100 75 50 média

2,02 2,75 2,07 2,28 a

CV = 31,56%

fcSi = 2,99*

fcFung. = 0,77ns

Severidade sarna 2,02 1,87 1,77 1,89 a

fcFung. = 2,50ns

fcSi*Fung. = 6,04**

fcBloco = 0,02ns

1,50 2,00 1,22 1,58 b

2,35 1,67 1,42 1,82 a

fcSi*Fung. = 1,27ns

fcBloco = 0,70ns

Independende das doses de dos fungicidas, foi observado aumento da AACP de requeima com o aumento das doses de Si foliar. Esses resultados são opostos aos observados pela maioria dos autores que observam redução da doença com a aplicação de Si (Epstein & Bloom, 2006). No entanto, Rodrigues et al (2007) avaliando o efeito da aplicação de Si foliar sobre a ferrugem asiática na soja, observou que a aplicação de Si em plantas dificilmente reduzirá a severidade da doença, sendo esse efeito esperado somente para fungicidas, resultado que corrobora com o observado. Os autores concluíram, em avaliação minuciosa, que o Si, devido à deposição sobre a superfície das folhas formando uma barreira protetora, reduzia a incidência da doença. Ou seja, o Si dificulta o início do processo de infecção que é a penetração do fungo no tecido vegetal. Após esse ocorrer, somente com a aplicação de fungicidas espera-se resultado. Sendo assim, pode-se afirmar que para os presentes resultados que o Si não ter tido nenhum efeito direto sobre a requeima. No entanto, se avaliar o efeito das doses de Si com redução nas doses dos fungicidas conforme recomendação do fabricante, observa-se efeito com grande variação e sem comportamento definido (Tabela 1). De maneira geral, pode-se afirmar que a redução das doses dos fungicidas reduz-se a severidade de requeima, efeito esse não esperado. Contudo, como a quantidade de fungicida aplicada na batata é muito grande, possa haver a possibilidade de a planta estar passando por processo de intoxicação, no entanto esse não apresenta sintomas visíveis, e somente metabólicos que somente são refletidos na produção. Ou seja, a planta pode estar gastando energia para a metabolização do excesso dos fungicidas reduzindo a energia destinada ao enchimento dos tubérculos. Essas afirmativas são apenas suposições que ainda devem ser estudadas com mais detalhes. Outro efeito que possa estar ocorrendo é a interação entre os fungicidas e o silício, na calda de aplicação e, ou, na planta. Os produtos foram aplicados na mesma calda e pode estar ocorrendo alguma interação entre os compostos na calda e, ou, na planta que favoreça o controle da requeima, como é observado pelos menores valores de AACPD com a aplicação de 0,5 de Si na calda de aplicação com 75 e 50% das doses dos fungicidas recomendados. Comparando com o tratamento padrão do produtor, 100% das doses dos fungicidas e 0 de Si, observa-se que houve redução do progresso da requeima. Essa interação deve ser estudada com mais detalhes em futuros estudos multidisciplinares entre fitopatologia vs. nutrição mineral de plantas, pois os mesmos efeitos dessa interação foram observados para o controle da ferrugem asiática na soja (Rodrigues et al., 2007) e controle de ferrugem, cercospora, phoma e ascochita no cafeeiro (Figueiredo & Rodrigues, 2007).

Em relação a sarna da batata observa-se que a aplicação foliar de Si reduziu a severidade da sarna da batata, sendo o tratamento que obteve os melhores resultado foi com a aplicação de 0,5% de Si na calda de aplicação. CONCLUSÃO Com os resultados obtidos pode-se concluir que a aplicação de Si pode auxiliar no controle de requeima e sarna da batata, no entanto, há interação desse nutriente com os fungicidas e que deve ser melhor avaliado em futuros trabalhos.

LITERATURA CITADA BENELLI, A.I.H.; DENERDIN, N.D.; FORCELINI, C.A.; DUARTE, V. Reação de cultivares de batata à podridão mole causada por Pectobacterium carotovorum subsp. atrosepticum, por P. carotovorum subsp. carotovorum e por P. chrysanthemi. Fitopatologia Brasileira, v.29, n.2, mar-abr, p.155-159. 2004 MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2.ed. New York: Academic Press, 1995. 887p Deren et al. [4](1994) KORNDORFER, G.H. 2006. Elementos benéficos. In: FERNANDES, M.S. (Ed.) Nutrição Mineral de Plantas. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. p.356-374. EPSTEIN, E. & BLOMM, A.J. 2006. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. 2 ed. Londrina, Editora Planta, 403p. RODRIGUES, C.R.; FIGUEIREDO, F.C.; RODRIGUES, T.M. 2007. Fungicida com silício: controle eficiente da ferrugem da soja. Revista Campo & Negócio, 48:50-54. FIGUEIREDO, F.C. & RODRIGUES, C.R. 2007. Silício líquido solúvel: a sinergia entre a nutrição e defesa de plantas. Revista Campo & Negócio, 47:12-15.

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