Apresentação do Livro “Amores da Minha Vida” de João Melo.

July 15, 2017 | Autor: Félix Rodrigues | Categoria: Poesía, Poesia
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Apresentação do Livro “Amores da Minha Vida” de João Melo.

Félix Rodrigues Departamento de Ciências Agrárias Universidade dos Açores, Angra do Heroísmo

Trata-se de um livro de poemas da coleção “Prazeres Poéticos” da Chiado Editora. É um livro Terceirense, como o João Melo, que percorre a ilha graficamente, em paisagens e imagens estilizadas, com palavras de amor. Se quisermos ler os poemas de “Amores da Minha Vida” como “amor”, “desejo” ou “paixão”, encontraremos versos, que pela sua candura, pelos sentimentos que expressam e pela simplicidade da linguagem usada, percebemos que se trata efetivamente de amor, pois, se se quer alguém, e não sabe porquê, isso costuma ser amor. Diz João Melo: “Tudo começou quando houve a aparição… Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

Uma luz intensa vinda do céu! Foi a primeira vez.” Esses versos traduzem o milagre do amor, não forçosamente de uma mulher física mas de uma realidade sentimental que lhe é imposta como um desígnio Divino. Essa metafísica descrita nos versos anteriores também pode ser a ilha, que se impõe ao autor como um cativeiro da criação, a que se habituou e que de tanto estar, se apaixonou. Porque não pode um homem apaixonar-se por uma lha? A influência do ambiente nas nossas perceções, nos nossos sentimentos, torna-nos um ser físico vulnerável à sua luz, à sua cor, aos seus cheiros, ao mar que a rodeia, e, obviamente, à cultura, vista como as transformações que esse o ambiente opera sobre cada um de nós. A ilha está sempre presente nos “Amores da minha vida”, pelo que se deduz, que noutro lugar ou noutro tempo, o Amor seria ilustrado, poeticamente, de forma muito diferente. “Um dia, Deus decidiu criar uma ilha chamada Terceira, habitada por gente corajosa, aventureira e que nunca deixava de ir à luta, de acordo com os seus valores e ideais.” ……… “– Ela terá uma floresta verde, da cor da Esperança, para que todos aqueles que se amam, estejam vivos de esperança de se unirem um dia – pensou Deus.” Chamemos a esses versos a alegoria da criação do Amor, num jardim que não é o Éden Bíblico, mas numa ilha onde o autor vê a criação, o engano e desenganos do coração, atraiçoado por maçãs nas mãos das suas musas. E a ilha, ou mulher, é tão cativante e sedutora, e tal como em Saint-Exupéry, o autor quer ser cativado, mas com tal intensidade que a sua vida nada vale, se não estiver cativa. Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

“Só quero que não te esqueças disto: se algum dia estiveres em perigo de vida e eu souber disso, por acaso, correrei para os teus braços e darei a minha vida para salvar-te!...”

Será a ilha, ou a desejada aquela que tem: “..um Eterno florir, Para que todas as gerações vindouras olhem para trás e vejam, com atenção, quanta era a sua beleza lendária?”

São conceitos de sustentabilidade que estão por detrás destes versos. Ou se quer uma ilha e cultura sustentável, ou se quer garantir um amor perpétuo. Assim, o amor sempre foi, e há-de ser, eterno. A eternidade e o amor, nos versos de Camões é uma sujeição: “Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos A diversas vontades! Quando lerdes Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são e não defeitos; E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos.”

Poetiza João Melo outra sujeição ao amor:

“Tentei esquecer-te, minha Sereia Mas as recordações de ti foram mais fortes! Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

Estou preso na infindável areia. Não quero provocar mais “mortes”.”

Os amores de João Melo são: “Ingenuidades que consomem. Vontades que cedem.” São versos que talvez possam traduzir o mesmo sentir de Álvaro de Campos (Heterónimo de Fernando Pessoa) quando declara que: “Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.” O ridículo é o irracional do amor, o dilema de querer sofrer e libertar-se, de que querer sentir e anestesiar-se, de querer ganhar sabendo que se perderá: “Não mandamos no nosso coração. Quando damos por isso, já o sentimento é desmesurado! Quanto mais o reprimimos, mais ele sai reforçado! É como se ele gostasse que nós mantivéssemos esta expectativa inútil…”

Para o autor o amor é multifacetado, físico, metafísico, por vezes esmagador

“Um Buraco negro de dilemas… Atrai-nos E depois puxa-nos o tapete…” Eu diria que nos esmaga, aperta-nos, baralha-nos, tornar-nos lerdos os movimentos, porque mesmo esbracejando, temos a noção do incontrolável. Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

Dizem, e o João Melo aproveita para o reafirmar que: “Os escorpiões vivem paixões intensas!” Este não é um conjunto de aparentes palavras vãs, ou de enaltecer a astrologia. Percebese, nos “Amores da minha vida” que autor prefere: Morrer com a sua picada, Do que ferir a pessoa amada. Escreve: “Pareço um lamechas. Ridículo. Doente.

Mas, afinal: “Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas.” (Fernando Pessoa) A angústia amorosa do autor sente-se quando: “Perdi Sofri Confundi Entorpeci Enfraqueci Fugi” A Angústia “é um nó muito bem apertado no meio do sossego.” mesmo que se afirme que: “Estava em quarentena, Em isolamento, Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

……..” Ou quando nos encontramos: “…………….. Na nossa casca do ovo. Na nossa cúpula redonda. ………”

Para o autor o amor e a esperança, a certeza e a incerteza andam de braços dados.

“Há esperança que o determinado se torne indeterminado.” Contradigo-o. Não há esperança, há certeza.

“Há esperança que o certo se torne incerto.” Contradigo-o novamente: Nada há mais certo do que o incerto. “Não se pode ficar apenas pela teoria.” E porque não apenas a teoria? Sem teoria, não haveria amor, pois no início desse sentimento, o amor é platónico, se o não for, não é virtuoso, não é poetizável. O amor é, tal como menciona o autor: “Paciente, em qualquer lugar, a qualquer hora.”

Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

Link para o livro de João Melo : https://www.chiadoeditora.com/livraria/amores-daminha-vida

Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 13 de junho de 2015.

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