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APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS A DIFERENÇA DO DESCARTÁVEL E O REAPROVEITÁVEL Ana Paula Diocleciano Gomes Claudinete Gomes Pereira Edlene Assis Ferreira Gustavo Henrique Amorim da Cruz Hudson Alessander RESUMO: A fome está presente como um aspecto chave da extrema desigualdade social. Estimase que 30% da produção mundial de alimentos sejam desperdiçados devidos às falhas no sistema de colheita, transporte, armazenagem e comercialização. Na tentativa de suprir a necessidade do consumo de nutrientes e reduzir a insegurança alimentar do Estado, foi idealizado um projeto gráfico cujo une a conscientização alimentar através de campanhas publicitárias, leva o conhecimento do aproveitamento integral dos alimentos através de cursos de culinária alternativa, cujo se aproveita partes de alimentos eu comumente teria como destino final, o lixo e para dar sustentabilidade ao projeto, elaborouse um produto para comercialização: um biscoito sustentável, oriundo da farinha do sabugo de milho. PALAVRASCHAVES: Insegurança alimentar. Fome. Sabugo de milho. Culinária alternativa. Reaproveitamento de alimentos. ABSTRACT: The hunger is present as a key aspect of extreme social inequality. It is estimated that 30% of global food production is wasted due to failures in the system for collection, transportation, storage and marketing. In an attempt to meet the need of the nutrient intake and reduce food insecurity of the state, was designed a graphic design which unites food awareness through publicity campaigns, takes full advantage of the knowledge of food through cooking courses alternative, which is profit share of food I usually have as their final destination, the garbage and give sustainability to the project, elaborated a product for marketing: a sustainable biscuit, flour derived from corncob. KEY WORDS: food insecurity. Hunger. Corncob. Cooking alternative. Reuse of food.
1. INTRODUÇÃO
A fome está presente como um aspecto chave da extrema desigualdade social, porém não é apenas este que impede o desenvolvimento humano. A precariedade da educação, da saúde pública, do saneamento básico e da habitação reflete talvez a falta de vontade política para amenizar ou até erradicar a fome. Segundo Herbert de Souza, a fome é a exclusão da terra, da renda, do emprego, do salário, da vida e da cidadania. Quando uma pessoa chega a não ter o que comer é porque tudo o mais lhe foi negado. É uma espécie de cerceamento moderno ou exílio. A morte em vida. O exílio da Terra. A alma da fome é política. (apud. BADAWI, 2006) De acordo com a FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação em sua publicação “O Estado de Insegurança Alimentar no mundo em 2011, a cada cinco segundos uma criança morre de fome no mundo. Já no Brasil, apesar da insegurança alimentar cair de 34,9% para 30,2%, ainda temos 65,6 milhões de pessoas em estado de insegurança alimentar em 17,7 milhões de domicílios. No Rio Grande do Norte, 47,1% da população encontra nesta situação. (IBGE, 2009) Dados divulgados pelo instituto Akatu atestam que o desperdício de comida no Brasil chega a ¼ do PIB que seria suficiente para alimentar oito milhões de famílias. O desperdício não está apenas associado às sobras de alimentos já produzidos, mas encontrase desde o processo de colheita até a comercialização. Cerca de 20% da produção de alimentos é perdida devido às péssimas condições das estradas, maquinários inadequados e o desconhecimento técnico no manuseio póscolheita. Além disso, a logística precária faz que, muitas vezes, produtos de consumo imediato sejam perdidos por ficarem à espera por dias ou, às vezes, semanas, por falta de espaço ou funcionários. A forma mais comum de desperdício caseiro é a má utilização dos alimentos devido a falta de conhecimento do uso integral dos alimentos até mesmo preconceito por considerar lixo as sobra de alimentos. No Brasil, cerca de 70 mil toneladas de alimentos são jogados diariamente no lixo, sabendose que 60% do lixo produzido no Brasil é orgânico e boa parte poderia ser aproveitado sendo assim considerado o País do desperdício. Para combater o desperdício é importante a utilização integral do alimento,
utilizando cascas, talos e folhas, pois além de diminuir gastos, melhora a qualidade nutricional dos alimentos consumidos. Além disso, é necessário despirse dos preconceitos que tipo de alimentação é destinado apenas para população de baixa renda. De acordo com dados da FAO (2009) a fome e o desperdício de alimentos mostramse como os dois dos mais relevantes problemas que o Brasil enfrenta, constituindose em um dos maiores paradoxos do país, já que produz 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população. São dados alarmantes que deveriam ser propagados a fim de conscientizar a população e com isso reverter esta realidade. Na tentativa de suprir a necessidade do consumo de nutrientes, reduzir a insegurança alimentar o RN e conscientizar a população sobre o desperdício alimentar, idealizouse um projeto gráfico que se divide em três partes: ● Campanha de conscientização alimentar ● Apostila para o Curso de Culinária Alternativa ● Criação de produto para comercialização (biscoito da farinha do sabugo
de milho). Nosso objetivo principal é apresentar uma proposta que amplie a discussão sobre a construção de uma política de segurança alimentar e nutricional, especificamente a conscientização da importância das fibras, vitaminas e minerais na alimentação assim com a utilização integral dos alimentos por meio de peças gráficas informativas, levar o conhecimento sobre o aproveitamento integral de alimentos através do curso de cozinha integral de alimentos através do curso de cozinha alternativa e distribuição de apostilas com receitas e desenvolvimento de embalagem sustentável para a comercialização do biscoito. Para dar embasamento científico ao artigo, foram feitas pesquisas científicas, visitas técnicas a locais, como Canudos em CearamirimRN, que já adotaram esta prática, análise nutricional do biscoito e testes de prova.
2. DESENVOLVIMENTO
O milho Zea Mays é o cereal mais amplamente disseminado por todo mundo. O grão de milho já era utilizado pelo humano desde o período précolombiano, na arte e na religião e estava ligado às atividades diárias, porém o sabugo, que equivale a 70% da
espiga, sempre foi destinado à alimentação animal. Rico em fibra e fonte de nutrientes e sais minerais, o sabugo de milho é indicado para quem tem constipação intestinal e pode ser utilizado como substituto parcial da farinha de trigo em receitas de bolos, biscoitos e massas em geral. Os biscoitos de farinha de sabugo de milho apresentam grande aceitação por parte da população, principalmente entre as crianças, além de ter longa vida, pois bem acondicionados, podem ser consumidos em até seis meses. 3. MATERIAL E MÉTODO:
O milho foi adquirido no comércio de ParnamirimRN. A fabricação dos biscoitos foi realizada pela gastrônoma Marilene Assis da Costa Ferreira. O milho utilizado teve massa quantificada, consistindo em 2,684 kg milho com espiga. Após a determinação da massa, debulhouse o milho e pesouse o sabugo, totalizando 2,013 kg de sabugo úmido. Em seguida foi feita a higienização, cortouse em pequenos pedaços, espalhado em uma bandeja, e posto no forno por uma hora em forno médio. Depois da secagem, foi feita a pesagem que determinou peso 1,598 kg. Após a pesagem, triturouse em forrageira da marca GARTHEN GT2000 LDF, o sabugo de milho e
peneirouse para obter a farinha.
Tabela 1 – Formulação do biscoito sabor canela Quant. Descrição 900g Farinha de trigo 400g Farinha de sabugo de milho 300g Açúcar 03 Ovos 250g Margarina 20g Canela em pó Tabela 2 – Formulação do biscoito sabor limão Quant. Descrição 900g Farinha de trigo 400g Farinha de sabugo de milho 300g Açúcar 03 Ovos 250g Margarina 30g Raspa de limão
Com a formação de uma massa homogênea, foi aberta a massa, cortada, posta em forma de alumínio e assada por aproximadamente 10 minutos em forno a 180°C. 4. PROJETO GRÁFICO
Após pesquisas sobre desperdício alimentar, e tendo visto que o aproveitamento integral de alimentos é uma das principais ferramentas para a amenização da fome, criouse um projeto gráfico que suprisse a necessidade de transmitir informação e fixar a ideia de que é possível aproveitar integralmente os alimentos, utilizando: Cartazes, outdoors, backlight; Folheto explicativo; Apostila para o curso de cozinha alternativa. Além de elaborar um produto vendável para dar sustentabilidade ao projeto, composto de criações de: Logomarca, Mascote, Embalagem e Cartaz publicitário. CARTAZES, OUTDOORS E BACKLIGHTS Para a criação dos cartazes, utilizouse a mesma linguagem dos outdoors e backlights cuja palavra de ordem é agilidade. Devido ao ritmo frenético do trânsito, têmse aproximadamente oito segundos para atrair a atenção do consumidor. “Outdoor serve para marcar nome, despertar interesse, fazer o consumidor comprar depois, não aquele momento.” (CESAR, 2006, p.54). Utilizaramse imagens agradáveis como frutas, legumes e verduras frescas, na intenção de mostrar que o desperdício começa antes de se tornar lixo. FOLHETOS INFORMATIVOS: Mantevese o layout dos cartazes e outdoors interligados, com a finalidade de se manter uma unidade e criar uma identidade visual, além de dispor as informações adicionais em todo lado direito por possuir maior notoriedade e em tópicos para que seja sucinto e agradável. APOSTILA: É a parte do projeto que se encontra a parte mais específica sobre o aproveitamento integral de alimentos. Para suprir a necessidade de informações sobre o assunto, elaborouse um curso de cozinha alternativa, ministradas em comunidades carentes e com distribuição gratuita de apostilas com receitas, contendo informações
financeiras e dispostas como sugestão de cardápio, diagramado de forma básica, com alinhamento justificado, fonte Dotum e impresso em papel reciclado. Para a capa, utilizou imagens de pratos ensinados na própria apostila. EMBALAGEM: Inicialmente a embalagem é desenvolvida para transportar e proteger produtos, porém vem se destacando como uma importante ferramenta de marketing e um diferencial do produto. “É um dos fatores bastante relevantes que leva à venda e o consumo tanto de um produto industrial quanto de um artesanal” (ACIOLY at al., 2010) Apesar de pouco discutido, o design social, visa discutir muito além dos impactos ambientais. Segundo Papanek em seu livro Design for the real World, o desenvolvimento de um design não para o mercado e sim para o indivíduo, para comunidade e incentiva aos designers ir a países subdesenvolvidos para aperfeiçoar produtos no intuito de satisfazer as necessidades locais. Por se tratar de um produto social, decidiuse uma embalagem artesanal de papel, remetendo aos antigos pacotes de biscoito para a comercialização do produto tem como orientação o design sustentável, que tem como objetivo, diminuir o impacto ambiental de produtos e embalagens. É o processo mais abrangente e complexo que contempla que o produto seja economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente equitativo. O design deve satisfazer as necessidades humanas básicas de toda sociedade. Pode incluir uma visão mais ampla de atendimento as comunidades menos favorecidas. (PAZMINO, 2007 apud QUARTIM, 2010) LOGOMARCA E MASCOTE: Devido ao público alvo que se deseja atingir, as crianças, a tipografia foi escolhida por ser usada em revistas de HQ. “A logomarca é o símbolo maior de identidade do cliente (...). É o que assina, o que representa a qualidade, a competência da empresa.” (CESAR, 2006, p.113) Para não descaracterizar, decidiuse usar o logotipo do cliente para a criação do mascote, humanizandoo a fim de obter a aceitação maior do público infantil. Depois de algumas divergências, foi escolhido o nome Biscoitos Nutri por ser mais adequado para o produto, pequeno, facilitando sua inserção ao
mercado, além remeter a todo significado do projeto por apresentar importantes propriedades nutricionais. As cores utilizadas referemse ao produto tem como origem o milho, e aos sabores propostos. 5. METODOLOGIA
Utilizouse os programas Photoshop CS5, Illustrator CS5, ambos do pacote Adobe. Além do Corel Draw X6 e X5. Para embasamento científico, foram realizadas pesquisas sobre cores, publicidade, direção de arte, influência de escolas do design, como o Pop Art. 6. DISCUSSÃO E RESULTADO
Sobre o biscoito: Observouse que a formulação de biscoito com a adição de farinha de sabugo de milho apresentou saboroso e nutritivo. Foi realizada a análise físicoquímica na formulação os seguintes resultados Tabela 03. Análise FísicoQuímica do biscoito de farinha de sabugo de milho Quantidade por porção
Valor Diário (*)
Valor Energético
142kcal
7%
Carboidratos
17g
6%
Proteínas
4g
55
Gorduras totais
6g
11%
Gorduras
1g
5%
Gordura Trans
0%
Fibra Alimentar
0,5g
2%
Sódio
198mg
8%
(*)
Valores
Diários
de
Referência com base em dieta de 2000kcal.
Os resultados foram satisfatórios, devido a sua aceitação, possibilitando de esse produto ser aceito pelo mercado.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Consideramos que é necessário combater o desperdício alimentar de maneira efetiva e pontual, pois é um dos grandes causadores da fome. Para isso é imprescindível a conscientização alimentar e a disseminação do conhecimento sobre aproveitamento integral de alimentos através de cursos de cozinha alternativa, principalmente em comunidades carentes. O sabugo de milho mostrase uma interessante opção, tanto para indústrias alimentícias que buscam novas matérias primas alternativas para seus produtos quanto pequenos agricultores que almejam o aumento de renda familiar, sendo uma solução inclusive para colheitas que não se desenvolveram como o esperado. Consideramos ainda que o biscoito de farinha de sabugo de milho é um produto extremamente viável, de boa aceitação, bastante nutritivo, indicando a possibilidade de este produto ser aceito pelo mercado. Somente como um design focado no desenvolvimento social e sustentável é que se obterá um resultado viável economicamente, socialmente equitativo e ecologicamente benéfico. 8. REFERÊNCIAS
ZIGLIO, Beatriz Raimundo ET AL. Elaboração de Pães com Adição de Farinha de Sabugo de Milho. Paraná: Revista Ciências Exatas e Naturais. Vol.9 n°1, Jan/Jun 2007. RIBEIRO, Roberta; FINZER, J.R.D. Desenvolvimento de biscoito tipo Cookie com aproveitamento de farinha de sabugo de milho e casca de banana. Minas Gerais: FAZU em revista, Uberaba, n.7, p. 120124, 2010. IBGE Comunicação Social. Insegurança Alimentar diminui, mas ainda atinge
30,2%
dos
domicílios
brasileiros.
In
Site:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=176 3&id_pagina=1. Disponível em: 25 de maio de 2012. BADAWI, Camila. Aproveitamento integral de alimentos – Melhor sobrar
do
que
faltar?.
São
Paulo:
2006
In
Site
http://www.nutrociencia.com.br/textos_mostra.asp?vid=543&cid=5 Disponível em 15 de maio de 2012. CESAR, Newton. Direção de Arte em Propaganda Posfácio de Gabriel Zell meister, Vicepresidente e Diretor de Criação da W/Brasil. 9.ed. SENAC. Brasília, 2006. PASQUIM, Elisa. Design Sustentável ou Eco design?. In Site: http://embalagemsustentavel.com.br/2010/10/21/designsustentavelecodesign/ Disponível em 25 de maio de 2012. ACIOLY, Angélica de S. G. ET AL. Ecodesign e Embalagens Artesanais: uma
experiência
com
foco
na
geração
de
renda.
In
Site:
http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/67008.pdf Disponível em 25 de maio de 2012.
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