Arithmetica Probabilitas

July 11, 2017 | Autor: H.m. De Oliveira | Categoria: Statistics, Probability and statistics
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Arithmetica Probabilitas H.M. de Oliveira, R.J. de Sobral Cintra, R.M. Campello de Souza Universidade Federal de Pernambuco, UFPE

Este trabalho caminha da direção de uma “aritmetização” da teoria de probabilidades. A idéia é explorar a relação entre a função zeta de Riemann e a medida de conjuntos de inteiros. Mostra-se que qualquer subconjunto dos números naturais é mensurável. Interpretações para a medida introduzida são mostradas, assim como propriedades interessantes. Em particular, visando aproximar esta teoria com implementações práticas (tipo Eletrônica), estabelece-se os rudimentos de uma teoria para circuitos geradores de conjuntos. 1

INTRODUÇÃO A Teoria da medida: ferramenta decisiva em Matemática e Estatística. Medida de Lebesgue => grande avanço na teoria da integração. Embora a potência da análise real seja incontestável, há um incontável número de situações nas quais a teoria dos números é imprescindível.

 O domínio dos computadores digitais é limitado ao anel de racionais diádicos.  A observação direta do mundo físico produz apenas números exatamente como os que os computadores digitais podem usar.

2

Leopold Kronecker e o “infinito completo”:

>

Ele propunha a “aritmetização” da matemática, assegurando:

“E se eu não for capaz de fazê-lo, será realizado pelos que me seguirão”.

Vale a citação mais conhecida de Kronecker: "God created the integers, all else is the work of man.”

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Como aproximar a teoria dos números e probabilidade?

Esta ligação foi objeto de fascinação de matemáticos como

Hardy, Littlewood, Erdös, Kac e Pólya,

para citar alguns ou modernamente, Golomb e Chaitin, por exemplo.

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Considere os inteiros divisíveis por ambos p e q (primos). Ser divisível por p e q equivale a ser divisível por p.q e conseqüentemente a densidade deste novo conjunto é 1/p.q. Ora, 1/p.q=(1/p).(1/q) e isto pode ser interpretado dizendo que os eventos “ser divisível por p” e “ser divisível por q” são independentes. Isto se verifica para todos os primos, daí de forma burlesca e não rigorosa, os números primos estão envolvidos com probabilidades! Esta observação simplória, beirando o trivial, é o ponto de partida de um novo desenvolvimento que pode ligar a teoria dos números com a teoria da probabilidade. [KAC, 1959]

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Seja Ω:= o conjunto dos números naturais, um espaço amostral, munido de uma densidade de probabilidade uniforme sobre todos os elementos de . O conjunto das partes A=P( ) forma uma álgebra (σ-álgebra) com relação a união e complementos entre conjuntos. Conjuntos possíveis da álgebra incluem, por exemplo, A0:= ∅, A1:={1,2,3,...}, A2:={1,3,5,7,...}, A3:={1,2,3} A4:={1,2,3,5,8,13,21...} A5:={2,3,5,7,11,13,17,19,23,...}(conjunto dos primos), A6:= {5,7,10,12,15,17,20,...}={5n ou floor  10n2+ 5  , n∈ } A7:= { ceil 3n2+ 1  , n>1}, etc. 6

A medida de probabilidade µ definida sobre esta estrutura permite construir um espaço de probabilidades ( ,P( ),µ). A “Aritmetização” de Medidas Físicas Medições sobre o conjunto dos reais requerem infinitamente muitos bits para especificar sua expansão binária.

 O conjunto L de valores medidos de uma dada variável física tem sempre precisão limitada.

 A menor discriminação possível é referida como um quantum.

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Se o quantum Q é um número racional, então (∃k) inteiro positivo tal que k.Q é um inteiro e o conjunto k.L⊂ .

Exemplo: tensões medidas entre 0 e 5V com quantum de 0,5V; possíveis resultados são L={0, 0,5, 1.0, 1.5,...,4.5, 5.0}. Neste exemplo, 2L é subconjunto de . Há duas facetas para encarar medições no “mundo físico”:  Ou os números reais ocorrem na natureza, mas não se consegue obter medidas com exatidão ilimitada (incerteza inerente).  Ou a escolha da precisão especifica tudo o que se precisa conhecer, pois embora a medição possa não incorporar incerteza, há limitação na complexidade da medição.

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Definição de Medida sobre Conjunto de Inteiros. Definição 1. ∀A ∈ P( ), subconjunto enumerável dos naturais (finito ou não), seja ∑

lim

1

n∈ A n ∞ 1

µ s ( A) := µ ( A ) : µ ( A ) = s ∀A ∈ , em que s →1 + ∑

n =1n

s



=

1

n∈ A n

s

ζ ( s) , s>1.

s

ζ(.) denota a função zeta de Riemann. A necessidade de incluir s>1 advém da não convergência da série harmônica. Note que para s=0, a medida poderia ser usada para conjuntos enumeráveis A⊆{1,2,3,...,N}:= T de cardinalidade finita, resultando na clássica interpretação

∑1

µ 0 ( A) =

n∈ A T

∑1

=

|| A || T

.

|| N ||

n∈1

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O espaço definido pela tripla é um espaço de probabilidades de Kolmogorov. Os axiomas A2 ( µ ( A) ≥ 0 ) e A3 ( µ (Ω) =µ( )=1) são prontamente verificados.

A medida é aditiva (A4), i.e., para conjuntos disjuntos A ∩ B = ∅ , tem-se



µ ( A ∪ B) = µ ( A) + µ ( B) , pois

1



1



1

n s = n∈ A n s + n∈B n s ζ ( s) ζ ( s) ζ ( s) .

n∈ A∪ B

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Algumas Conseqüências Triviais. i) µ (∅) = 0 , pois µ (∅ ∪ N ) = 1 . ii) monotonicidade – ∀A ⊂ B ⇒ µ ( A) ≤ µ ( B ) . iii) µ ( B − A) = µ ( B) − µ ( A ∩ B) c iv) µ ( A ) = µ ( N − A) = µ ( N ) − µ ( N ∩ A) = 1 − µ ( A) .

Propriedade 1. Todo subconjunto próprio A⊂ com número finito de elementos, ||A||1, n∑ s ∈A n



1 ∑ = K
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