Arquitetura art nouveau na Paraíba: preenchendo lacunas de documentação em história da arquitetura. GOLDFARB, Marina. (1); NASLAVSKY, Guilah (2)

June 6, 2017 | Autor: Marina Goldfarb | Categoria: Art Nouveau, Arquitetura Brasileira, Paraíba, Historiografia Da Arquitetura, art nouveau no Brasil
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ARQUITETURA ART NOUVEAU NA PARAÍBA: PREENCHENDO LACUNAS DE DOCUMENTAÇÃO EM HISTÓRIA DA ARQUITETURA

GOLDFARB, MARINA. (1); NASLAVSKY, GUILAH (2) 1. Universidade Federal da Paraíba. Departamento de Arquitetura Av. Gov. Argemiro de Figueiredo.2149,apto 101.Bessa. João Pessoa, PB. CEP: 58037-030 [email protected] 2. Universidade Federal de Pernambuco. Departamento de Arquitetura e Urbanismo R. Irmã Maria David. 200/102. Casa Forte. Recife, PE. CEP: 52061-070 [email protected]

RESUMO Esse texto discute a importância da pesquisa em fontes primárias para o preenchimento de lacunas de documentação da história da arquitetura e urbanismo modernos. Partiu da percepção de um conjunto de edifícios significativos com traços de arquitetura art nouveau na cidade de João Pessoa, principalmente na Rua das Trincheiras. A partir desse conhecimento, uma pesquisa de fontes documentais foi realizada, tanto em artigos de revistas do período de difusão do citado movimento pelo Brasil, como em plantas de arquitetura de edificações construídas no início do século XX (até a década de 1930). Tal investigação teve intenção de documentar e aprofundar os conhecimentos sobre os antecedentes da Arquitetura Moderna no Nordeste brasileiro, cujos estudos se tratando do art nouveau podem ser considerados como um ponto obscuro no movimento moderno que ainda devemos desvendar, já que a historiografia da arquitetura moderna brasileira dedicou-se à outras origens do movimento moderno brasileiro (MOTTA, 1965). Flávio Motta (1985) também afirma que esse movimento artístico ainda é pouco lembrado na pesquisa histórica da arquitetura brasileira, além disso, discorre sobre a necessidade de maiores estudos sobre o tema “cabe ainda refletir o significado de ´l´Art Nouveau` e suas implicações anti-acadêmicas ou modernistas (....)”. Assim, seja do ponto de vista da carência de estudos documentais historiográficos seja devido a sua escassez de exemplares remanescentes, ou ainda devido a seu combate por parte dos modernistas da primeira geração, essa manifestação ficou esquecida. Fora do eixo Rio- São Paulo são raros os estudos acadêmicos sobre o tema. Desprezado pelos modernistas da primeira geração e ainda não revisado devidamente pela historiografia nacional, essa manifestação permanece ainda carente de documentação e revisão historiográfica para futuras atitudes mais enfáticas no campo da preservação do patrimônio. Sendo assim, pretendeu-se elaborar um documento final sobre a arquitetura do movimento art nouveau na Paraíba, visando rever a historiografia sobre o tema e preencher lacunas de documentação e obras ainda não reconhecidas pela crítica, com intuito de subsidiar futuras ações no campo da preservação do patrimônio arquitetônico do estado. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica sobre o tema, pesquisa documental em arquivos; pesquisa de campo; catalogação e sistematização das informações obtidas; análise dos resultados; seleção das obras (segundo suas qualidades

arquitetônicas); adoção de critérios de análise das obras escolhidas, com pontuação conforme a quantidade de características pertencentes ao art nouveau que possuíssem; e por fim a redação do documento final. A pesquisa na coleção da revista Era Nova (encontrada no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba), que foi publicada de 1920 a 1925, período de difusão do art nouveau, evidenciou a difusão desse movimento na arquitetura local, e que também se expressou em outras artes e ofícios, como o design gráfico, tipografia e mobiliário, mostrando o ideal de síntese das artes prezado pelo movimento. Em 1923, a revista passou por uma reforma com a intenção se “modernizar e fazer jus ao nome”, e a partir daí aparecem em suas páginas linhas sinuosas e onduladas contornando fotografias ou como figura de fundo, gravuras femininas envoltas em flores entre outros motivos característicos. Através desse levantamento podemos constatar que embora pouco conhecida, essa produção foi representativa da vontade de modernidade que estava presente na cidade de João Pessoa naquela época. Foram identificados dois pólos principais de concentração da arquitetura art nouveau no estado da Paraíba, que representam momentos distintos de sua difusão pelo estado. Em João Pessoa se verificou a vertente orgânica do movimento, encontrada principalmente em residências de famílias abastadas, expresso em elementos, como esquadrias de formatos não convencionais, aberturas curvas, gradis retorcidos, e plantas baixas que começam a quebrar com a rigidez tradicional e apresentar reentrâncias e saliências, que se refletem em seu volume, proporcionando uma dinamicidade, que por vezes é complementada com diferentes alturas de coberta. O outro pólo foi na cidade de Rio Tinto onde as construções de tijolo aparentes sofrem influência da vertente geométrica do art nouveau, especificamente da arquitetura de Henrik Berlage, e já mostra uma arquitetura mais funcional que prenuncia o movimento moderno.

Palavras-chave: Arquitetura brasileira. Historiografia. Paraíba.

1. INTRODUÇÃO Este texto discute a importância da pesquisa em fontes primárias para o preenchimento de lacunas de documentação da história da arquitetura e urbanismo modernos. Com esta finalidade, investiga o hiato na historiografia dominante entre as manifestações arquitetônicas pertencentes ao ecletismo e a arquitetura moderna, buscando rever o papel do art nouveau no Brasil, e no caso específico do estado da Paraíba, como estilo de transição para o movimento moderno. Com o reconhecimento de um conjunto de edifícios significativos com traços de arquitetura art nouveau na cidade de João Pessoa, principalmente na Rua das Trincheiras, percebeu-se a necessidade de se estudar tal movimento artístico. Sendo assim, uma busca por fontes documentais foi realizada, tanto em artigos de revistas do período de difusão do citado movimento pelo Brasil, como em plantas de arquitetura de edificações construídas no início do século XX (até a década de 1930) em João Pessoa. Esta pesquisa teve intenção de documentar e aprofundar os conhecimentos sobre os antecedentes da Arquitetura Moderna no Nordeste brasileiro, cujos estudos se tratando do art nouveau podem ser considerados como um ponto obscuro no movimento moderno que ainda devemos desvendar, já que a historiografia da arquitetura moderna brasileira dedicou-se a outras origens do movimento moderno no país (MOTTA, 1965). No Brasil, a ocorrência do art nouveau foi documentada pelo trabalho pioneiro de Motta (1950, 1953, 1957) sobre o período da Primeira República e tem razoável influência na historiografia da arquitetura brasileira na década de 60, portanto os trabalhos de Amaral, Lemos, Reis Filho e Bruand são devedores desse autor e fundamentais para a compreensão da manifestação do estilo no Brasil. (RIBEIRO, 2010). No entanto, a ocorrência desse estilo fora do eixo Rio-São Paulo ainda foi pouco documentada. O próprio Motta (1983) afirma que “Como se estabeleceram e se difundiram essas realizações, no Brasil, é fenômeno que exige estudos mais elaborados e sintéticos. Não raro conseguimos identificar alguns elementos ornamentais em edifícios situados nos mais variados pontos do país, às vezes, é um dado que adere ao ecletismo, onde os estilos se misturam, especialmente com o “neogótico” ou “neobarroco”. Talvez não passe de um procedimento transmitido por mestres-de-obras, pelos construtores, pelos arquitetos. Estes recolhiam sugestões nas revistas, seguindo normas do ensino artístico, ou ainda pelo contato com exemplares originais, cheios de motivações inovadoras. (MOTTA, 1983:454). Sobre o estudo da manifestação do art nouveau pelo nordeste brasileiro, só foi encontrado o trabalho pioneiro resultante da dissertação de mestrado de PEREIRA FILHO (2007). Análise do Art Nouveau no Estado de Pernambuco (1870-1939), que trata da ocorrência do movimento artístico em Pernambucoi. A pesquisa apresentada neste artigo foi iniciada em 2009 no âmbito do PIBIC na UFPB, abordando as manifestações do movimento art nouveau na Paraíba.

2. ANTECEDENTES DO MODERNO: O CASO DO ART NOUVEAU O art nouveau foi um movimento surgido na Europa na última década do século XIX, em reação ao ecletismo e o historicismo acadêmico que estavam em voga na época e à desvalorização que ocorria em determinados setores da arte, devido à chegada da era industrial. Foi um fenômeno essencialmente urbano e cosmopolita que se desenvolveu, sobretudo na Europa, mas tem expressões nas Américas e em vários países da cultura ocidental, entre a última década do século XIX e a primeira guerra mundial (ARGAN, 2006). Surgiu como uma pesquisa inovadora e livre, uma tentativa de encontrar um estilo que realmente pertencesse à sua época (BRUAND, 2003) e procurava uma síntese entre diferentes manifestações artísticas, como pintura, escultura, arquitetura, decoração, design de mobiliário, design gráfico, até joalharia e vestuário.

No Brasil, o art nouveau chegou no início do século XX, esvaziado de seus ideais, pois a industrialização no país ainda era incipiente, seus princípios perdiam-se na incapacidade de relacionar a técnica com os aspectos formais da arquitetura (BRUAND, 2003). Dessa maneira, desenvolveu-se como expressão do desejo da burguesia em adequar-se a moda européia e teve uma maior popularidade principalmente na decoração de interiores e elementos arquitetônicos de ferro forjado. Aqui, uma das cidades em que este movimento teve maior expressão foi São Paulo, por causa do capital acumulado com a cafeicultura e da relação dos senhores do café com a Europa por meio de viagens e leituras de revistas. Tal manifestação é retratada na matéria escrita por MOTTA (1953), São Paulo e o art nouveau, publicada na décima edição da revista Habitat. Nela, o autor defende que o art nouveau representa um período sugestivo de nossa tradição artística, por que foi um estilo que assinalou o primeiro movimento de libertação das soluções neo-góticas, neo-renascentistas e neo-coloniais que proliferavam na época. Cita o art nouveau como uma etapa necessária no desenvolvimento da nossa arquitetura, que atingiu com o modernismo, a verdadeira consagração no plano internacional. Também mostra a necessidade de se preservar esta arquitetura: “Os exemplares do art nouveau, por exemplo, estão condenados à desaparecer dentro de poucos anos”, “(...) o Patrimônio deveria tombar (garantir) alguns exemplares mais interessantes, já que não pode evitar que a maioria seja tragada pela avalanche imobiliária”. Na primeira edição da revista Habitat, MOTTA (1950) já havia trazido esta preocupação na matéria Um museu do estilo floreal em São Paulo, que propõe a transformação de uma residência que seria demolida em um museu. Em trabalho publicado recentemente, RIBEIRO (2010), faz uma revisão sobre o trabalho de Motta, Contribuição ao estudo do art nouveau no Brasil (1965), que aprofunda o estudo do tema do art nouveau em suas relações com o surgimento do movimento moderno. Para a autora, frente a posições de desvalorização do período republicano e especificamente do art nouveau, Motta irá propor o caminho da revisão histórica. De fato, como afirma Ribeiro (2010), o art nouveau foi compreendido pelos modernistas da primeira geração como mais um estilo historicista, pertencente a um momento anterior a ser rejeitado, o período republicano. A versão historiográfica dominante, que segue o discurso de Lucio Costa, um de seus protagonistas, prega a influência da arquitetura colonial na arquitetura moderna brasileira, pela sua adaptação climática, racionalidade construtiva e autenticidade barroca, tendo em nada contribuído as manifestações posteriores como o ecletismo e o art nouveau para o desenvolvimento da arquitetura moderna. Tais afirmações podem ser identificadas no seguinte trecho de COSTA (1951) “(...) os fatos relacionados com a arquitetura no Brasil nos últimos cinqüenta anos, não se apresentam concatenados num processo lógico de sentido evolutivo; assinalam apenas uma sucessão desconexa de episódios contraditórios, justapostos ou simultâneos, mas sempre destituídos de maior significação, e como tal, não constituindo, de modo algum, estágios reparatórios para o que haveria de ocorrer”.ii Para Motta, “Além do ‘neocolonial’, que Victor Dubugras chamava de tradicional brasileiro, com seu retorno às origens ibero-americanas, aparece também outra reação diante do art nouveau. Era a ‘arte rústica’, conforme as apreciações de Veiga Miranda: “Mas a preocupação com o que quisemos, o atabalhoado que pusemos na sua criação, foi dar a esse escolho em que naufragamos – o Modern Style... É evidente que a arte rústica não ficará nos delineamentos primitivos dos amadores aldeãos. O artista que tiver apanhado a sua forma geral, a ornamentará à sua fantasia. Será bela e lógica sumptuosa e simples, bastando porém, ser sólida e agradável... Já houve no Brasil um começo de guerra ao Art-Nouveau”. iii Percebemos então, que ainda hoje, como ressalta Motta (1983), esse movimento artístico ainda é pouco lembrado na pesquisa histórica da arquitetura brasileira, que também discorre sobre a

necessidade de maiores estudos sobre o tema “cabe ainda refletir o significado de ´l´Art Nouveau` e suas implicações anti-acadêmicas ou modernistas (....)”. Assim, seja do ponto de vista da carência de estudos documentais historiográficos, seja devido a sua escassez de exemplares remanescentes, ou ainda devido a seu combate por parte dos modernistas da primeira geração, essa manifestação ficou esquecida. Fora do eixo Rio- São Paulo são raros os estudos acadêmicos sobre o tema. Desprezado pelos modernistas da primeira geração e ainda não revisado devidamente pela historiografia nacional, essa manifestação permanece carente de documentação e revisão historiográfica para futuras atitudes mais enfáticas no campo da preservação do patrimônio.

3. O ART NOUVEAU NA PARAÍBA Na Paraíba, o art nouveau também foi pouco documentado e até então não haviam estudos sobre a influência deste estilo em suas construções. Com esta pesquisa, pretende-se atenuar essa lacuna e auxiliar as iniciativas de preservação do patrimônio arquitetônico do estado. Esse artigo pretende demonstrar em que aspectos essas manifestações no estado da Paraíba apontam para uma modernização da arquitetura que ainda longe do que viria a ser o moderno propriamente dito dos anos 30 podem sim evidenciar um anseio de modernidade. Na Paraíba, é possível que tenham tido influências na renovação do gosto, o que os estudos mais aprofundados poderão detectar. Motta (1953), mais uma vez na matéria sobre o art nouveau em São Paulo da revista Habitat, reconhece que o maior mérito do art nouveau foi romper com as fórmulas do historicismo acadêmico: “(...) o que nós procuramos foi um estilo de transição, entre o historicismo e o modernismo; foi um movimento que incentivou as faculdades inventivas individuais, estimulou o artesanato e as artes aplicadas, mas não compreendeu com exatidão as verdadeiras possibilidades da máquina como instrumento de cultura. O seu grande mérito constituiu em chamar a atenção sobre as artes aplicadas e romper com as fórmulas cansadas”. Embora o texto se refira ao movimento em São Paulo podemos aplicá-lo para explicar como aconteceu a difusão do art nouveau por todo país, inclusive na Paraíba, onde pretendemos documentar a ocorrência da manifestação arquitetônica e evidenciar a sua importância como patrimônio. Esta pesquisa identificou que a Paraíba possui exemplares das duas vertentes do movimento art nouveau citadas por DE FUSCO (1981), a orgânica e a geométrica. BRUAND (2003:52), explica que essa diversidade faz parte da expressão do art nouveau no Brasil, onde o movimento se manifesta de maneiras diferenciadas segundo as regiões e segundo a personalidade e a formação dos arquitetos que o introduziram ou o adotaram. Além da arquitetura, o art nouveau também se expressou na Paraíba por meio do design gráfico, da tipografia e do mobiliário, como mostra as imagens da revista Era nova (Figura 01), cuja coleção (encontrada no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba) que vai de 1920 a 1925 foi pesquisada por tratar do período de difusão do movimento. Em 1923, a revista passou por uma reforma com a intenção se modernizar e fazer jus ao nome, e a partir daí aparecem em suas páginas linhas sinuosas e onduladas contornando fotografias ou como figura de fundo, gravuras femininas envoltas em flores entre outros motivos característicos. Nas propagandas da loja de móveis Casa Navarro, se pode observar influência do art nouveau no mobiliário que trazia linhas curvas.

Figura 01: Imagens de várias edições da revista Era Nova, onde se percebe a influência art nouveau na capa da revista, em gravuras no seu interior , como plano de fundo e no mobiliário da propaganda da loja Casa Navarro. Fonte: REVISTA ERA NOVA. Coleção das revistas referentes ao período Jan/Dez de 1920 a 1925, acervo IHGP. João Pessoa.

Na arquitetura, a vertente orgânica teve seu maior desenvolvimento em João Pessoa, capital do estado, onde seis edificações foram escolhidas para um estudo mais detalhado. Uma concentração de construções com elementos art nouveau foi encontrada na Rua das Trincheiras. Possivelmente, essa difusão do movimento se expressou nessa rua por esta ter sido no início do século XX uma das áreas residenciais mais valorizadas da cidade, reduto da elite paraibana, cuja riqueza refletiu-se na arquitetura de suas mansões. Em toda a extensão da Rua das Trincheiras (se inicia logo após a Praça Venâncio Neiva, até a Avenida 12 de Outubro) foram encontradas dezoito edificações que apresentam algum elemento característico do art nouveau. Os elementos identificados foram as janelas tripartidas/ interrompidas, gradis de linhas curvas, ornamentos naturalistas, janelas verticais, vitrais com desenhos curvos, aberturas curvas e adorno em forma de rosto feminino. Entretanto, grande parte dessas só possui um ou outro detalhe relacionado ao movimento. Deste conjunto, três edificações foram selecionadas para a análise citada acima, por reunirem um maior número de traços relacionados ao art nouveau, e até mesmo demonstrar um desejo de expressar uma arquitetura nova. Essas construções da Rua das Trincheiras são: casarão que funciona como anexo da Câmara Municipal de João Pessoa; edificação número 288, que atualmente comporta a Creche Maria da Luz e o casarão número 81. A primeira construção (Figura 02) surpreende pelas janelas de formatos inusitados em sua fachada frontal, pela abertura curva (como um círculo achatado) que marca a entrada no terraço, presença de vitrais nas portas e janelas (inclusive em seu interior), gradil de ferro de formas curvas, pela escadaria que dá acesso ao andar superior, em madeira, com guarda-corpo entalhado com flores e

motivos circulares que aparecem no gradil de ferro do exterior, as janelas bastante estreitas e compridas de sua fachada lateral, e sua fachada dos fundos, que ao contrário da frontal, que possui frisos e decoração floral em relevo, não possui ornamentos, e mostra um jogo com recortes e curvas semicirculares, que prenuncia o proto-modernismo, e faz lembrar uma das primeiras obras do mestre da arquitetura moderna Le Corbusier, a Villa Schwob.

Figura 02: Casarão que funciona como anexo da Câmara Municipal de João Pessoa, Rua das Trincheiras s/n. Fachada frontal, fachada dos fundos e escada no interior. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2009.

A edificação número 288 (Figura 03) apresenta na sua fachada principal um volume semicircular central que avança, e é ladeado por escadarias curvas.

Figura 03: Edificação número 288, Rua das Trincheiras. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2009.

Neste volume, está uma grande janela tripartida curva, com guarda-corpo em ferro retorcido, e vitrais coloridos de linhas sinuosas que são bem característicos do movimento estudado, assim como os detalhes decorativos naturalistas que também adornam essa fachada. O casarão número 81 (Figura 04), está em péssimo estado de conservação, em processo de ruínas, e parte de sua fachada fica escondida por um muro construído posteriormente, não sendo possível ter acesso ao seu interior. Apesar disso, ainda se percebe sua volumetria autêntica para a época, e que se confirmou ao encontrar desenhos da fachada, planta baixa do projeto original e uma fotografia, no Trabalho Final de Graduação do CAU/UFPB intitulado Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico de João Pessoa: um pré-inventário (MOURA, MOURA & PORDEUS, 1985). Seu projeto de é de 1924, e se refere à Casa para o Sr. Hermillo Cunha. Sua fachada principal não se desenvolve num único plano, já que sua planta apresenta reentrâncias e saliências. Nela podemos encontrar uma escada semicircular que leva à entrada, ornamentos naturalistas, e uma janela tripartida curva.

Figura 04: O casarão número 81, Rua das Trincheiras. Estado atual e fotografia tirada em 1985. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2009; MOURA, MOURA & PORDEUS, 1985.

Além das edificações na Rua das Trincheiras, foram selecionadas mais três: O imóvel número 348 da Avenida João Machado; a Estação Elevatória de Esgotos – E2 e o sobrado onde residiu João Pessoa. O imóvel número 348 da Avenida João Machado (Figura 05) abriga desde 1980 o IPHAEP, mas foi construído no início da década de 1920 para servir de residência à família do jornalista e folclorista José Rodrigues de Carvalho (MOURA, MOURA & PORDEUS, 1985). Em sua arquitetura se esboça uma influência da Secessão Vienense, devido às paredes lisas vazadas por estreitas janelas retangulares, próximas umas das outras e a predominância da linha reta, com o emprego de arcos e curvas só em locais estratégicos. Em suas fachadas aparecem janelas tripartidas curvas, com vitrais coloridos que aparecem nestas e nas janelas retangulares, com desenhos curvos e em portas do interior da edificação. Seu volume é movimentado com reentrâncias e saliências que também possuem diferentes alturas dando uma dinamicidade ao conjunto. Por ser um imóvel de esquina possui um gradil de ferro em sua fachada lateral, que é bem trabalhado com linhas sinuosas, uma característica recorrente do art nouveau.

Figura 05: Imóvel número 348 da Avenida João Machado. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2009.

A Estação Elevatória de Esgotos (Figura 06) se localiza na Praça Álvaro Machado, 74. Como consta na Revista Era Nova, estava em construção em Janeiro de 1925 (ERA NOVA, 1925). Embora seja uma edificação de pequeno porte, foi escolhida para estudo por ter uma planta em forma oval, e em sua extensão aparecem janelas estreitas e compridas, além de ornamentos florais. Observa-se também quatro pequenas “torres” que lembram as da Estação Mayrink (1906), obra de Dubugras, arquiteto que projetou várias edificações art nouveau em São Paulo.

Figura 06: Estação Elevatória de Esgotos, Praça Álvaro Machado, 74. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2010.

O sobrado onde residiu João Pessoa (Figura 07), se localiza na Praça da Independência, número 92. Sua construção data de meados da década de 1920, já que é publicada uma fotografia desse imóvel na edição de Outubro de 1925 da Revista Era Nova, onde se nota que ainda se encontrava em fase de acabamento (ERA NOVA, 1925).

Figura 07: Sobrado onde residiu João Pessoa, Praça da Independência, número 92. Fotografia de sua fachada frontal publicada em 1925 na Revista Era Nova e fotos atuais de suas fachadas laterais. Fonte: REVISTA ERA NOVA, 1925; Acervo da pesquisadora, 2010.

De acordo o projeto original (Figura 08), essa edificação se trata de um projeto do engenheiro Souto Barcelos, para uma residência para o Sr. Tranquilino Monteiro. Era uma das melhores residências da cidade na época, mas quando seu proprietário entrou em decadência, foi obrigado a alugá-la em 1929, período que o Palácio do Governo estava passando por reformas, sendo por isso, alugada para servir de moradia ao Presidente João Pessoa, que aí permaneceu até ser assassinado a Julho de 1930, em Recife. (MOURA, MOURA & PORDEUS, 1985).

Figura 08: Fotografias do projeto original, fachada principal e planta baixa do primeiro pavimento. Fonte: Acervo IPHAEP.

Suas características do art nouveau que foram identificadas são: aberturas curvas em sua fachada principal (como um círculo deformado que emoldura o terraço e um semicírculo na varanda do andar superior), ornamentos naturalistas (inclusive em seu interior, onde podemos encontrar peixes e cajus entalhados no forro de madeira da sala de jantar), vitrais coloridos com composição geométrica, moldura de forma não convencional nas janelas, escada em madeira que dá acesso ao pavimento superior, com guarda-corpo de perfil delicado, que faz recordar a escada da residência Álvares Penteado (São Paulo, 1906), projeto de Karl Ekman considerada obra paradigmática do art nouveau no Brasil. Tendo em vista o que foi analisado nas edificações escolhidas, verifica-se que possuem características em comum. A implantação acontece solta dos limites do lote, sendo conseqüência do conhecimento que os ambientes devem possuir luz natural e ventilação, como mostra a matéria “A nossa urbs e o modernismo” da Revista Era Nova de Março de 1921, relatando que se deveria construir “sem os salões interiores que não recebam luz direta (...)”, “O isolamento das residências impõem-se de um modo absoluto”.

O uso original das construções, exceto da Estação Elevatória de Esgotos, era residencial, e comportavam famílias abastadas, que eram capazes de financiar o uso de vitrais, gradis elaborados, entre outros elementos pouco comuns na cidade. Estes podiam ser até mesmo importados de outras regiões. Os imóveis se situam em locais que representam eixos de expansão da cidade no início do século XX (exceto a Estação Elevatória de Esgotos, que fica no Bairro Varadouro, um dos mais antigos de João Pessoa), a Rua das Trincheiras, eixo de expansão ao Sul, que passa a ter importância no final do século XIX; a Avenida João Machado, que foi aberta na primeira década do século XX; e a Praça da Independência que representa o início da expansão da cidade em direção Leste. Os elementos característicos do art nouveau mais recorrente nas edificações analisadas em João Pessoa foram os ornamentos naturalistas, que apareciam em forma de flores e folhas de argamassa ressaltando alguns pontos das fachadas, em torno das esquadrias e como decoração do guarda-corpo da escada; as janelas tripartidas curvas, que possuíam vitrais coloridos, janelas estreitas e compridas próximas umas das outras e plantas baixas que começam a quebrar com a rigidez tradicional e apresentar reentrâncias e saliências, que se refletem em seu volume, proporcionando uma dinamicidade, que por vezes é complementada com diferentes alturas de coberta. Um núcleo de arquitetura com influências da vertente geométrica do art nouveau foi encontrado na cidade de Rio Tinto. Essa cidade teve sua formação devido à instalação de uma indústria têxtil em sua localidade, a Companhia de Tecidos Rio Tinto. O projeto para a fábrica ocorre a partir de 1917, quando Frederico João Lundgren, um dos filhos do comerciante e industrial sueco Herman Theodor Lundgren (fundador da Companhia de Tecidos Paulista, instalada em Paulista, Pernambuco), compra 660 km² de terras pertencentes à antiga Vila da Preguiça, distante 6 km da cidade de Mamanguape, cujas terras faziam parte, e a 50 km da capital do Estado (PANET et al., 2002). Essa área era afastada de outros núcleos urbanos e permitia o funcionamento da fábrica de forma independente. Em 1918 se inicia a implantação da indústria. Com a construção da Olaria Rio Tinto, que produzia tijolos e telhas, vão construindo as edificações da cidade que atenderia à indústria. Também foram construídos equipamentos comunitários, como escolas, igreja, cinema, clubes recreativos, armazéns, delegacia, hospital, padaria. Possuía ainda um porto, serraria, oficina mecânica, fundição, usina termo elétrica e ferrovia privada. Em 24 de outubro de 1924 foi inaugurado o conjunto habitacional para os operários, e a fábrica teve sua inauguração em 27 de dezembro do mesmo ano (RODRIGUES, 2008:99). Mesmo com a falência e encerramento das atividades da fábrica em 1983, a cidade de Rio Tinto ainda mantêm seu desenho urbano original e abriga todas as suas instalações do núcleo inicial com pouquíssimas alterações, apesar do estado de conservação precário em que muitas se encontram. Suas construções de uso coletivo são todas em tijolos vermelhos aparentes, que proporcionam grande unidade formal entre elas. Além das edificações coletivas e da fabrica, também foram usados tijolos aparentes em alguns chalés dos funcionários mais importantes e no casarão onde residiam os Lundgren (conhecido como Palacete dos Lundgren), demonstrando uma hierarquia em relação às edificações dos operários, que eram pintadas com cal. A arquitetura de tais construções não se diferenciam somente pelo uso dos tijolos à vista. Enquanto as casas operárias se assemelham com as da arquitetura colonial brasileira (geminadas, porta e janela e telhado de duas águas) as construções de uso coletivo possuem características da arquitetura européia, resultando em construções bem diversas das de outras cidades da Paraíba. A maneira em que o tijolo é trabalhado lembra a que o arquiteto holandês do art nouveau Henrik Petrus Berlage emprega em suas obras. Influenciado pelo racionalismo estrutural proposto por Viollet-le-Duc, Berlage defende a primazia dos espaços e o uso dos tijolos expostos em seus escritos “Ante todo, la pared debe ser mostrada desnuda com toda su pristina belleza, y todo lo que se fije em ella debe ser eliminado como estorbo” (FRAMPTON, 1983:71). Invés de cobrir a parede e enfeitá-la com ornamentos diversos, Berlage deixava com os tijolos expostos, cuja textura e configuração ressaltando os

elementos utilitários e reforçando a estrutura resultava no efeito decorativo de suas edificações. Em Rio Tinto, foi identificado um uso semelhante do tijolo em suas edificações coletivas, as quais se destacam por sua arquitetura a Igreja Santa Rita de Cássia, o Cinema Órion e o antigo Clube Regina. Essa influência de uma vertente geométrica do art nouveau na cidade pode ter sido herdada pelos vários funcionários estrangeiros que foram contratados pela fábrica, como o construtor alemão Guilherme Jacob que ocupou o cargo de Chefe de Obras da Companhia de Tecidos Rio Tinto (FERNANDES, 1971:89). A Igreja Santa Rita de Cássia (Figura 09) teve sua construção iniciada em 1923, mas só no início da década de 1940 que foi expandida e tomou as feições definitivas. Simétrica, possui uma alta torre, e janelas pontiagudas estreitas e compridas, que acentuam a verticalidade da construção. Apresenta uma cuidadosa decoração em tijolos em alto relevo, inclusive duas figuras que segundo moradores representam símbolos nazistasiv, e também tijolos espiralados, tanto no seu exterior, quanto no interior. Além do uso de tijolos aparentes, sua arquitetura com inspiração medieval recorda uma das obras de maior importância de Berlage (embora em proporções bem menores), a Bolsa de Amsterdã (construída entre 1896 e 1897), por sua torre e janelas compridas. Foi implantada em local de destaque da cidade, em frente à praça central, e atualmente só é aberta para celebrações especiais.

Figura 09: Igreja Santa Rita de Cássia, fachada principal, detalhe de janela e interior. Fonte: Acervo da pesquisadora. Disponível em: .

O Cinema Órion (Figura 10), inaugurado em 1944, ainda está em bom estado de conservação e é usado como casa de shows e festas. Sua coberta sustentada por tesouras de concreto que vencem um vão com cerca de 36 metros era inovadora na região.

Figura 10 - Cinema Órion, imagem atual e na década de 1960. Fonte: Fonte: Acervo da pesquisadora, 2010. Disponível em: .

Esse era um dos poucos cinemas do interior do nordeste, e contava com 2300 lugares, em seus 2000 m². Sua fachada é constituída por um grande frontão triangular que foge às proporções clássicas, marquises, frisos e detalhes em tijolos, aberturas retangulares não simétricas e elementos escalonados.

A edificação pertencente ao antigo clube Regina (Figura 11) abriga o Centro de Referência da Assistência Social. Seus elementos de destaque, além do trabalho com tijolos aparentes que aparece nos outros edifícios públicos, são as platibandas curvas e elementos vazados de formas de grafismos interessantes.

Figura 11 – Antigo Clube Regina, com detalhe dos elementos vazados. Fonte: Fonte: Acervo da pesquisadora, 2010.

Os Galpões das oficinas de manutenção e fundição (Figura 12) também têm arquitetura peculiar para a região, diferente das edificações citadas anteriormente, estas não são em tijolos aparentes, são rebocadas e pintadas com cal. Sua estrutura interna é em concreto armado e sua fachada apresenta ornamentos geométricos em baixo relevo, aberturas retangulares encimadas por óculos. Sua fachada lembra a fachada principal do edifício da Escola de Artes Aplicadas de Weimar (1904), projeto de Henry van de Velde, um dos arquitetos mais importantes do movimento art nouveau.

Figura 12: Galpões das oficinas de manutenção e fundição e a Escola de Artes Aplicadas de Weimar. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2010. Disponível em:

As instalações fabris são construídas em tijolo aparente vermelho, assim como as demais edificações públicas e de maior importância da cidade. São compostas pelo depósito de algodão, fiação, tecelagem, acabamento, escritórios, casa de força, almoxarifados, descaroçador e prensa de algodão, beneficiamento de algodão, depósitos de resíduos, reservatório de água e chaminés, num total de 64.209 m². Sua arquitetura, baseada na funcionalidade e economia como em outras fábricas do período, apresenta, no entanto, detalhes decorativos em tijolo, ressaltando os elementos estruturais, e as aberturas, com frisos e detalhes em alto-relevo. São encontrados galpões com cobertas de quatro águas (quando possuem lanternim) ou duas águas. Alguns possuem platibandas semicirculares, que nos dão a idéia de falsas abóbadas. Curiosamente encontramos estruturas de sustentação das cobertas em três matérias diferentes, com tesouras de madeiras, mais comuns na época, tesouras metálicas e tesouras em concreto armado. Telhas planas, não encontradas em nenhuma outra construção do estado aparecem em alguns galpões e outros são cobertos por telhas canal. As esquadrias são retangulares e ritmadas e aparecem com emolduradas por tijolos dispostos em posição invertida, e também encontramos óculos em vários galpões. Esse conjunto de edificações possui características únicas no estado, que fortalecem a identidade de Rio Tinto que já foi conhecida como a “mais européia das cidades paraibanas”. Mostram uma

arquitetura baseada na racionalidade construtiva, onde quando aparecem ornamentos estes são reduzidos a linhas e escalonamentos feitos com o próprio material de construção- o tijolo aparente.

4. CONCLUSÃO Ao pesquisar a difusão do movimento art nouveau na arquitetura paraibana, percebeu-se primeiramente, como são escassos os estudos sobre a expressão do art nouveau no Brasil como um todo. Verificou-se que isso se deve à desvalorização de sua manifestação pelos arquitetos da primeira geração modernista, que relacionaram a arquitetura moderna brasileira à colonial, onde estaria a verdadeira tradição construtiva do país. Dessa maneira, surge uma lacuna na historiografia da arquitetura local, que salta o período republicano. Buscando um sentido de continuidade às manifestações arquitetônicas rumo ao movimento moderno Flávio MOTTA resgata o art nouveau, visto por ele como estilo de transição para o modernismo, como foi observado em suas matérias para as edições 01 (1950) e 10 (1953) da revista Habitat. Na Paraíba, além da arquitetura, o art nouveau também se expressou por meio de ilustrações, do design gráfico, da tipografia e do mobiliário, como mostra as imagens da revista Era nova (1920-1925), que retrata o anseio de modernidade da sociedade local na época de difusão do movimento. Na arquitetura, o art nouveau se manifestou de diferentes formas, de acordo com seu local de desenvolvimento. Foram identificados dois pólos de concentração de sua manifestação, um em João Pessoa, e outro em Rio Tinto. Estes representam momentos distintos da difusão do citado movimento pelo estado. Em João Pessoa, verificou-se a presença da vertente orgânica do art nouveau em edificações em sua maioria ainda pertencentes ao estilo eclético. Embora não adotassem integralmente o art nouveau, incorporam muitos elementos desse movimento. Nelas se percebe uma vontade de expressar algo novo, por meio de esquadrias de formatos não convencionais, aberturas curvas, gradis retorcidos, e na volumetria que vai abandonando a simetria e surgem saliências e reentrâncias. Não houve incorporação de novas técnicas e materiais construtivos em relação a outras edificações ecléticas que não possuem traços art nouveau, talvez pelas condições próprias da cidade de João Pessoa, que no período ainda não tinha se industrializado, e possivelmente não possuía mão-de-obra especializada nas novidades que surgiam nesse meio, ao contrário do que aconteceu na Europa. Esvaziado de seus princípios, se constata que a adoção das características do art nouveau ocorreu por modismo, devido ao interesse da classe social alta estar atualizada em relação às realizações européias. Rio Tinto, cidade que recebeu influência na arquitetura de imigrantes alemães e de outras nacionalidades européias, representa um momento posterior da manifestação do art nouveau no estado. Com características da vertente geométrica desse movimento, já elimina os adornos e dá ênfase aos materiais construtivos, com forte influência da arquitetura de Henrik Petrus Berlage, na maneira em que o tijolo aparente é empregado nas edificações de uso coletivo. Já demonstra uma busca pela funcionalidade, e faz uso de estruturas de concreto armado, prenunciando dessa maneira, premissas do movimento moderno, no que se refere à técnica e racionalidade. Por fim, foi constatado que na Paraíba o movimento art nouveau se expressou, embora com menor intensidade, como nas grandes cidades brasileiras, buscando seguir uma moda européia. Aqui, o movimento também não foi valorizado, sendo encontradas várias edificações com influências desse movimento já em ruínas, sem ter sido encontrado estudos anteriores de documentação da manifestação do art nouveau pelo estado. Aqui também, sua maior importância, como MOTTA ressaltou em suas matérias, se dá justamente na procura de uma nova linguangem, que se desvencilha do historicismo.

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Embora reconheçamos o mérito do estudo pioneiro, entendemos que essa pesquisa ficou no âmbito do conhecimento de arqueologia e história, sem contudo abordar a ocorrência sob um viés no campo da história da arquitetura. ii COSTA, L. Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. In: XAVIER, Alberto [org] Apud RIBERO, 2010. iii

Miranda Veiga, Arte rústica, Iris, São Paulo. Tipografia Andrade & Mello, v.1, p.187-92, 1905.

O Jornal do Commercio (Recife, 20.11.2000) trouxe uma matéria intitulada “Lembranças do nazismo na Paraíba” que se refere à esses adornos em tijolo na igreja Santa Rita de Cássia. Disponível em: < http://www2.uol.com.br/JC/_2000/2011/cp2011_1.htm>. iv

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