Articulação Semiótica e Multiplicidade de Códigos Circunstanciais no Universo de Ocorrências

October 14, 2017 | Autor: Biw Cg | Categoria: Cultural Semiotics, Information Theory and coding
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Articulação Semiótica e Multiplicidade de Códigos Circunstanciais no Universo de Ocorrências Esse ensaio fará o discernimento dos padrões de ocorrência, em um contexto generalizado dentro de um grupo específico de atuação, objetivando verificar e corroborar com a multiplicidade de códigos gerados no universo de ocorrências de “semiose ilimitada (U. Eco)”, no contexto da atual globalização e inúmeros processos decorrentes, no âmbito dos condicionamentos culturais inerentes ao desenvolvimento tecnológico e disponibilização informacional na sociedade mundial globalizada. Conforme apontado, será feita uma generalização de padrões dentro de um grupo específico, no caso o das relações de construção e atividade nas hiper-realidades da mass media, ou seja, perfis de atuação na articulação semiótica, no sentido de produção de códigos e eventos em suas particularidades nos âmbitos do “real” e do “virtual”. Uma primeira orientação de sentido está na filtragem (conceitos denotados e conotados) entre os sememas (U.Eco) relativos aos termos “código”, “evento”, “manifestação” e “ocorrência”. A filtragem se dá com o propósito de explicitar algo já inerente aos processos do desenvolvimento sociocultural ao longo da história, que ocorrendo em estreita relação ao próprio desenvolvimento tecnológico, manifesta-se em diferentes níveis de atuação consciente e não consciente de produção de códigos em eventos arbitrários, que podem caracterizar-se enquanto ocorrências isoladas ou manifestações de ordem social. Pois bem, uma vez discernido um padrão dentro de um universo de ocorrências arbitrárias, temos um código. O entendimento dos processos de formação de códigos torna-se indispensável para relacionarmos as inúmeras particularidades inerentes a transmissão de informação no processo comunicativo, e nesse ponto convém salientar que se pretende mesmo diferenciar (de modo generalizado) a comunicação humana racional da comunicação entre os animais, tangendo situações limites que inicialmente passaram a nos diferenciar em termos de construção de padrões avançados de significação, códigos estruturados a partir de unidades de transmissão primárias. Em outras palavras, o que pretendemos é, dentro de uma situação real da convivência natural, que envolve, portanto, um infinito conjunto de ocorrências “arbitrárias”, quais aspectos passam inicialmente a constituir o ser humano como um ser cultural, capaz de desenvolver e aplicar códigos mais avançados em termos de construção lógica de sentidos. Segundo U. Eco em “As Formas do Conteúdo”: “(...) se o limiar inferior da Semiótica era representado pelo limite entre sinal e sentido, já o limiar superior é representado pelo limite entre os fenômenos culturais, que são sem sombra de dúvida “signos” (exemplo: as palavras) e os fenômenos culturais que parecem ter outras funções que não a comunicacional (exemplo: um automóvel serve para transportar, não para comunicar).” (pág. 4)

Por exemplo, um animal de estimação (pet), ao relacionar-se com seu dono, demonstrará uma série de evidências de um “raciocínio lógico” específico, muitas vezes generalizado enquanto instinto, através do qual passará a realizar uma série de ações padronizadas a partir de estímulos da convivência com seu dono. Poderá realizar coisas como “sair” ou “entrar”, “parar”, saberá através de tal instinto encontrar comida no lugar de costume, dormir sempre no mesmo lugar se assim for conduzido a agir, etc. Uma série de características levaram determinadas espécies a se tornarem mais comumente domesticáveis, enquanto outras passaram a servir de alimento ou ainda permanecem em sua natureza selvagem. Inúmeros fatores colaboram para a domesticação ou não de certas espécies, e além disso sabe-se que a adaptação de uma espécie, inclusive com notáveis modificações em seu organismo, ocorre de maneira relativamente rápida. O que nos interessa aqui é entender, mesmo que superficialmente, em que momento um ser passa a transitar da emissão de um sinal como reação a um estímulo, utilizando o que denominamos instinto, e passa a ser capaz de construir sentidos, ou seja, premeditar ainda que primariamente, a sua ação, objetivando algo. Costuma-se utilizar o exemplo das ferramentas de pedra lascada, ou seja, um momento na pré-história em que o homem primitivo passa a construir ferramentas para realizar atos como caça, pesca, ou ainda produzir fogo e utensílios. Fato é que essa transição primária ocorre de maneira obviamente interligada ao instinto, isso é, motivada inicialmente a partir de ações realizadas digamos em âmbito de “irracionalidade”. Seguindo essa linha de pensamento, um longo período separa esse primeiro momento do homo sapiens e um período de formação de comunidades e ainda de estruturação de sistemas de escrita. A própria convivência pacífica ou não com animais, também em termos de domesticação, ocorre bem antes da escrita, e por isso passa a influenciar de modo direto as manifestações sociais e cotidianas como as ideológicas e religiosas, ainda que primárias. O que isso quer dizer? Basicamente, que existem fortes laços entre o instinto e a razão, no mesmo sentido em que discute-se por exemplo a aleatoriedade na atribuição de significantes nos diferentes idiomas e como isso demonstra o modo de entendimento do universo e ocorrência comunicacional entre os povos. Entender tais aspectos é essencial para compreendermos em que âmbito sinal e sentido relacionam-se, em suas particularidades de ocorrência / manifestação, bem como a ligação entre razão e instinto, implicando no fato de que a razão está interligada ao instinto e passa pela sua influência de realização.

Um apontamento significativo está na concepção dos conceitos de “conotativo” e “denotativo”, de onde podemos identificar com maior precisão o momento de diferenciação entre a produção de um sinal, entendida enquanto comunicação imediata, contínua, ou seja, transmissão de sinais dentro de uma comunidade, e a caracterização dessa ocorrência enquanto código de uma população. Utilizando conceitos da linguística e da própria semiótica, verificaremos que há uma transição entre conotativo e denotativo, no sentido de que “conotação” diz respeito a um grupo de significados ou conceitos “atribuídos” ou “atuantes”, indiretamente associados a um termo, enquanto que “denotação” diz respeito ao significado direto, primeiramente atribuído e

convencionado a um termo em determinada língua. Distinguir-se-ão assim os níveis de ocorrência de um sinal, desde um nível mais universal, primário, que pode assim relacionar-se aos conceitos conotativos implícitos, que na verdade tornam-se implícitos por assim dizer apenas no momento em que o homem assim o define, mas que certamente tangem um momento diferente da codificação, certamente mais animal no âmbito dos instintos e impressões e menos racional no âmbito da própria racionalidade enquanto construção de faculdades de pensamento “estático” ou estatizado, por estar mais próxima da ocorrência do código enquanto movimento, ou seja, de sua utilização não estática e sujeita a impressões e estímulos momentâneos, bem como costumes e convenções sociais. Pelo fato de tornarem-se analisáveis apenas no momento em que são processados por uma faculdade do conhecimento humano, exatamente pelo fato de assim se estruturarem enquanto unidade cultural, tais sinais são característicos da codificação do pensamento humano, mas possuem relações diretas e indiretas com o pensamento animal “irracional”, interligados temporalmente em uma linha evolutiva das espécies. Nesse sentido, de associação entre codificação de ocorrências arbitrárias em eventos isolados e manifestações, na passagem de níveis de sinal, podemos verificar na semiótica a existência dos lexemas, que são os significados diretamente atribuídos, ou seja, o conceito dos termos de uma língua, e sua relação com as conotações, interligadas ao contexto em que são utilizadas, a um sentido mais amplo, universal, intrínseco a fatores como instinto, costume ou exaltação, utilizados na comunicação com fins ideológicos explícitos ou implícitos. A correlação entre o lexema, próprio da denotação direta de uma língua e mais próxima de uma codificação estática, dos termos e conceitos denotados, e o semema, está exatamente na interação de todas as unidades culturais reportadas pelos lexemas (termos e denotações), e de suas conotações atribuídas. O semema é portanto a união entre o lexema e um grupo mais vasto de significações, que tangem majoritariamente os “conotata”, e indubitavelmente envolve uma série de ocorrências de códigos circunstanciais, influenciados pelo contexto, por fatores como motivação, instinto, relativos também a determinada ( aparente ou não) arbitrariedade e a fatores externos circunstancias de seu uso. Podemos dizer que, por objetivar abranger todo o processo de emissão de sinais, codificação e produção de sentidos, envolvendo também os limites e estímulos naturais, o semema, organizado e manipulável através de constantes relações entre seus ramos, torna possível a análise e manipulação de todo o “Universo Semântico Global” a partir do momento em que engloba nele um grupo vasto de codificação no universo de ocorrências, que por sua vez progredindo a cada momento torna cada vez mais amplo o processo de “semiose ilimitada”. O “Modelo Semântico Reformulado” (MSR) torna mais nítidas uma série de ocorrências e relacionamentos já atuantes, decorrentes sobretudo dos últimos acontecimentos em termos de evolução tecnológica do pensamento humano, desde as revoluções industriais e crescentemente materializada em manifestações nas chamadas expressões da “cultura de massa”, vinculadas pela imprensa histórica, mass media. Tais ocorrências seriam novas ligações entre sememas no Universo Semântico e de ocorrências.

Bibliografia Eco, Umberto. Tratado Geral de Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 3° Edição, 1997. Eco. Umberto. As Formas do Conteúdo. São Paulo: Editora Perspectiva, 3° Edição, 1999.

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