As perdas da frota mercante portuguesa durante a Grande Guerra

June 4, 2017 | Autor: Paulo Costa | Categoria: First World War, Submarine Warfare (First World War), Portugal (History), Merchant Navy
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História e Literatura

As perdas da frota mercante portuguesa durante a Primeira Grande Guerra PAULO COSTA Universidade Aberta

1 Introdução A assinatura do armistício a 11 de Novembro de 1918 traz consigo a interrupção dos combates, e anuncia o final da Primeira Grande Guerra. É o momento das potências beligerantes começarem a reformular os seus objectivos, até então ditados pelo esforço de guerra, dando agora prioridade à necessária reconstrução das nações envolvidas no conflito. Em todas as nações são criadas comissões que têm por missão discriminar as perdas causadas pela guerra, para que de seguida se tente atribuir-lhes um valor pecuniário. Caberá aos Estados derrotados, indemnizar os vencedores por todas as perdas e danos reclamados pelos segundos. É neste contexto que também Portugal vai elaborar, entre outras, uma relação das perdas da sua frota mercante, perdas essas ocorridas em resultado de acções directas de guerra. Nomeada a delegação portuguesa à Conferência de Paz, esta terá que, num período de tempo claramente curto, apurar quais os navios portugueses por cujo afundamento se deverá responsabilizar o inimigo, e exigir compensação financeira. É essa relação, elaborada nos primeiros meses da Conferência de Paz, que se propõe como base de partida para o trabalho apresentado neste artigo.

2 A Conferência de Paz de 1918-1919 e a relação de navios perdidos Quando em Janeiro de 1919 a delegação portuguesa à Conferência de Paz se desloca a Paris, para participar nas negociações que dão origem ao Tratado de Versailles, e à criação da Sociedade das Nações, dois pontos principais ocupavam a sua linha de negociação: a questão colonial e a questão das reparações e compensações pelo esforço de guerra. Portugal vai coligir todas as perdas e danos que tiveram lugar como consequência da participação na Primeira Grande Guerra, entre elas as perdas da frota mercante. Com o início da Conferência, surgem outros aspectos de reconhecida importância, nomeadamente a efectiva participação de Portugal nos debates das várias comissões. Considerado “pequena potência”, Portugal vai argumentar pela defesa do que crê serem 224

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

os seus direitos de participação nas negociações, enquanto Nação que combateu na Primeira Grande Guerra entre os demais aliados. A questão colonial é aquela que, sem sombra de dúvida, vai ser a grande prioridade portuguesa durante a Conferência. O receio de uma reorganização dos territórios africanos no pós-guerra, que pudesse resultar na perda das colónias, ou apenas mesmo de algumas áreas fronteiriças, menores mas ainda assim significativas, é seguramente a grande preocupação da delegação portuguesa. Com o decorrer da Conferência, surgem outras questões relevantes, como sejam as diferenças entre as concepções jurídicas dos vários Estados. Diferenças estas que levam inclusive a que sejam postas em causa as pretensões portuguesas quanto às reparações de guerra. A participação de Portugal na Comissão de Reparações chega mesmo a ser questionada pelo próprio secretariado da Conferência, que afirma não ter Portugal qualquer reclamação a fazer. É então à luz das diferentes concepções jurídicas que, enquanto se questionam os termos legais em que foi efectuada a requisição dos navios alemães surtos em portos portugueses, e principalmente a dos dois navios austro-húngaros, para que se decida da sua legítima propriedade e, consequentemente, das eventuais respectivas indeminizações1, ao mesmo tempo se inicia a discussão sobre o que são danos e perdas de guerra susceptíveis de serem indemnizados. A delegação americana propõe que a Alemanha só tenha que pagar por danos directos causados à população civil através de acções de guerra realizadas por terra, mar e ar2. São mencionados os bombardeamentos do Funchal, São Miguel, e mesmo de Aveiro, mas, ainda assim, trata-se de valores absolutamente insignificantes, se comparados com as totais pretensões portuguesas. A posição portuguesa é de que para as reparações e compensações pelo esforço de guerra deverão ser levadas em conta, além de todos os custos relacionados com a mobilização militar e a sua manutenção no teatro de operações, todas as dificuldades que a população civil enfrentou como consequência da entrada de Portugal no conflito. Portugal considera-se então um dos países mais pobres da Europa, situação agravada pela guerra, e que se não for compensado pelos danos sofridos, se encontrará numa situação económica insustentável. Entre as dificuldades elencadas pela delegação portuguesa figuram essencialmente aspectos económicos, como a subida de preços de géneros alimentícios, a mobilização para a guerra de indivíduos de distintas áreas profissionais, com prejuízo da produção 1 Portugal requisitou 70 navios Alemães, e 2 Austro-húngaros, que passaram a integrar a frota mercante e a navegar com pavilhão português. 2 Acta nº27 – Sessão de 26 de Fevereiro de 1919 da Delegação portuguesa na Conferência de Paz 1918-1919.

História e Literatura dessas áreas, bem como seu reflexo na economia nacional, a morte de parte considerável destes indivíduos, e ainda todo o tipo de privações que a população possa ter suportado, que tenham inclusive originado pedidos de empréstimos pessoais, agravados por juros3. Sabemos hoje que a posição portuguesa não foi bem compreendida pelos seus aliados, nomeadamente pela Inglaterra. Relativamente à questão das reparações e compensações pelo esforço de guerra, ponto onde se enquadra a relação das perdas da frota mercante, é notório através da leitura da actas a demora que a delegação portuguesa foi tendo em apresentar uma listagem definitiva, bem como em consubstanciar essa mesma listagem. Na segunda sessão da delegação, em Novembro de 1918 e ainda em Portugal, constitui-se uma subcomissão de navegação, com o objectivo de analisar a indemnização a pedir por torpedeamentos e assuntos relacionados4. Imediatamente no dia seguinte, em nova sessão, são já apresentados “alguns elementos” sobre a tonelagem perdida, mas na acta da sessão de dia 2 de Dezembro podemos ler que foram presentes os documentos “sobre navios apresados e afundados, que puderam ser obtidos”, nota esta que nos leva a presumir estar à partida perante escassa documentação, ou, pelo menos, que ainda não se pôde obter toda a documentação necessária. A partir desta data, todas as menções às listagens de perdas sugerem dificuldade em obter dados precisos: em finais de Janeiro de 1919, o Dr. Santos Viegas, delegado técnico à Conferência, “apresenta a avaliação dos prejuízos de guerra com os elementos de que actualmente dispõe”. Alguns dias mais tarde, na sessão de 7 de Fevereiro, lamenta-se que a questão das perdas directas não possa ser tratada com a rapidez desejada, pois o capítulo das reclamações “por falta de documentos, está incompleto”. Na sessão de 26 de Fevereiro dá-se conhecimento que na subcomissão da avaliação dos encargos de guerra foi entregue um questionário, com o fim de apurar as quantias que cada aliado reclama como reparação, e para o qual se pedia resposta imediata. Portugal responde que pode apresentar uma “avaliação sumária”. Até Março de 1919 nada nas actas nos indicia que os dados referentes à elaboração da relação de embarcações perdidas por torpedeamento tenha atingido uma conclusão definitiva e plenamente satisfatória, sendo por essa altura que, na acta da sessão de dia 13, o Dr. Santos Viegas menciona a necessidade de se deslocar a Lisboa para obter valores definitivos das avaliações. Considerando ainda a dificuldade em coligir, durante a Conferência, dados dispersos pelas várias capitanias nos três anos precedentes, não será surpreendente encontrar lapsos na relação de navios então elaborada: a delegação elabora duas listagens – uma alfabé3

Idem.

Acta nº2 – Sessão de 28 de Novembro de 1918 da Delegação portuguesa na Conferência de Paz 1918-1919.

4

tica e outra de tonelagem – que apresentam entre si uma discrepância de 6 embarcações. Ao mesmo tempo, comparando o valor apresentado para as embarcações da frota mercante perdidas, com o valor de todas as outras reparações e compensações pelo esforço de guerra que Portugal reclamava, e sendo este segundo significativamente mais elevado, arrisca-se opinar que terá sido prioritária a sustentação do segundo5. Se no que toca à questão colonial a sua discussão está sempre presente nas actas, merecendo uma atenção já prevista por parte da delegação portuguesa, a questão das concepções jurídicas que deverão enquadrar as reparações e compensações pelo esforço de guerra, constitui o aspecto inesperado que vem ocupar a delegação portuguesa. A delegação vê-se na contingência de ter que convencer os aliados da justiça das pretensões de Portugal, perturbando assim as prioridades e directrizes diplomáticas iniciais, enquanto, ao mesmo tempo, tem de apresentar e justificar os valores reclamados. Até ao final da Conferência, a decepção da delegação portuguesa perante o frustrar das suas intenções é visível nas actas.

3 Proposta de objectivos É com base nas duas listas elaboradas durante a Conferência de Paz, que o presente artigo propõe uma nova análise das perdas da marinha mercante portuguesa durante a Primeira Grande Guerra. Se, como demonstrado acima, o desenrolar das conversações da Conferência de Paz não só dispersaram a delegação portuguesa do que eram os seus objectivos iniciais, como se revestiram de um carácter de urgência que condicionou o rigor da informação recolhida, ainda assim, os dados coligidos relativamente às embarcações afundadas constituem uma base inicial de trabalho que se julga válida. A relação com nome de embarcação, tipologia, material e ano de construção, tonelagem bruta, e, finalmente, data e motivo da perda, compila um conjunto de informação que, se cruzado com outras fontes, permitirá obter hoje uma relação de perdas muito mais próxima do real, do que a conseguida em 1919 pela delegação e pela subcomissão de navegação. Em 1919, elaborar a lista dos navios portugueses perdidos em resultado de acções directas de guerra teve como fim apurar o valor das indemnizações que Portugal reclamou. Hoje em dia, tentar reconstruir esse mesmo rol de embarcações, servirá dois propósitos distintos: primeiro, através de uma abordagem historiográfica dos afundamentos, conhecer mais pormenorizadamente o papel viNuma avaliação datada de 25 de Fevereiro de 1919, a rubrica relativa aos navios é de 2.476.500 libras esterlinas, num valor total de 124.567.400. AHM 5

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

225

vido pela frota mercante portuguesa na Primeira Grande Guerra. Segundo, sabendo qual foi o destino dessas embarcações, partir para uma tentativa de localização, identificação e consequente valorização do Património Cultural Subaquático. O presente artigo pretende contribuir para a persecução desses dois objectivos, bem como propor e comentar algumas fontes.

4 Enunciado de fontes e alguns comentários As fontes propostas resultam essencialmente da experiência do autor durante as pesquisas levadas a cabo no último ano. Se algumas fontes podem parecer óbvias, e a sua menção supérflua, por vezes a localização de certos conjuntos de documentos, supostamente existentes, revelou-se difícil. Noutros casos não se conseguiram localizar pelo respectiva quota, sendo de suspeitar que nunca foram consultados, ou estão há muito em parte incerta. Relativamente aos arquivos históricos, pastas temáticas foram sujeitas a pedido de desclassificação, pois a sua consulta ainda se encontrava interdita, presumindo-se que até então ninguém os tenha tentado consultar. Reconhece-se, no entanto, que tal facto também se poderá dever a, muito simplesmente, esta temática não ter interessado até agora a nenhum outro investigador.

4.1 As listas As listas de embarcações afundadas já elaboradas, são o ponto de partida fundamental para a investigação do tema (Quadro 1). Nº

Lista

Ano

Qt. Embarcações

1

Conferência de Paz Alfabética

1919

103

2

Conferência de Paz Tonelagem

3

Administração Pública

4

Anais do Clube Militar Naval

Obs.

97

a) Não coincide com a lista 3.

1918

97

b) Não coincide com a lista 2.

1937 a 39

93

1919

Quadro 1

Sem elas, a investigação estaria certamente numa fase mais incipiente. Foram identificadas quatro listas, que, pela sua origem, se crê conterem informação válida para ser usada como ponto de partida, mas, sublinhe-se, em todas essas listas existem dados para os quais não foi encontrada até agora qualquer sustentação. As duas listas elaboradas durante a Conferência de Paz são aquelas que constituem o resultado oficial do trabalho levado a cabo pela delegação portuguesa, e com base nas quais Portugal justifica as indemnizações, pelo que faz todo o sentido sejam não só consideradas, como sejam a referência principal. A primeira dessas duas listas, a Nº1, menciona todas as embarcações afundadas, por ordem alfabética de nomes, complementando essa informação com o valor da tonelagem bruta, reduzida à unidade, o material de construção da embarcação (madeira, compósito, aço ou ferro), e a natureza da propulsão (vela, motor ou remos). Pelo seu valor comparativo, optou-se por incluir a lista Nº1 no presente artigo (Quadro 2), elaborada em Francês, tal como se encontra na documentação da delegação portuguesa ao Congresso de Paz. 226

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

Uma nota de atenção para a preocupação em distinguir as embarcações com nomes iguais, bem como para o aspecto de locomoção da escuna Três Macs – Motor. Quanto à embarcação Emilia Iª, a sua tonelagem é desconhecida, talvez por se tratar de uma canoa de pesca. Talvez pela mesma razão, não foi colocada por ordem alfabética, mas sim no fim da lista. A segunda dessas listas, a Nº2, menciona todas as embarcações afundadas, desta feita por ordem decrescente de tonelagem, reduzida à unidade. Não especifica se se trata de tonelagem bruta ou não, mas, comparando com a primeira lista, confirma tratar-se dos mesmos valores. A informação é complementada com a tipologia da embarcação (vapor, lugre, patacho, etc), a data da perda, a data da construção e a causa da perda (torpedeamento e explosão de mina). A primeira evidência na comparação destas duas listas é a discrepância de 6 embarcações entre uma e outra. Esta diferença resulta do modo como são apresentadas as presumíveis perdas resultantes dos ataques ao Funchal, pelo U83 em Dezembro de 1916 e pelo U155 em Dezembro de 1917. Além desta diferença, encontra-se em ambas as listas a dupla inserção da embarcação Gomizianes da Graça Odemira, que consta também apenas como Odemira, erro detectado posteriormente. Aliás, este iate surge nas fontes com cinco grafias distintas: Gomezianes, Gomesianes, Gomeseines, Gomes Eanes e Gomes Heanes. De notar também como, entre as causas da perda, só se distingue entre torpedeamento e explosão de mina, quando é sobejamente sabido que grande parte das embarcações foram afundadas a tiro de canhão, e através do colocar de cargas explosivas a bordo, o que implicou a sua abordagem por marinheiros inimigos. A terceira lista, a Nº3, é apresentada publicamente sob forma de um pequeno boletim, publicado pela Imprensa Nacional, com data de 1918, mas onde já se alude ao decorrer da Conferência de Paz. É assinada por Carneiro de Moura que, sendo director geral da Admistração Pública, terá tido acesso aos dados oficiais enviados à delegação portuguesa. Aliás, na documentação da delegação encontram-se pedidos de informação dirigidos à Administração Pública. Carneiro de Moura opta por um critério diferente, e agrupa os nomes das embarcações perdidas por navios de guerra, navios mercantes, navios ex-alemães fretados à Inglaterra e navios ex-alemães explorados por Portugal. Lista somente nome, tipologia da embarcação (vapor, lugre, patacho, etc), e tonelagem bruta reduzida à centésima. Só menciona datas e causa de afundamento dos navios de guerra; o Augusto de Castilho (ex-Elite) e o Roberto Ivens (ex-Lordelo), e apenas causa de afundamento aos navios ex-alemães; Encalhado, torpedeado, abalroado e afundado. Apesar de esta terceira lista também enumerar um total de 97 nomes, tal como a lista Nº2, estes nomes não são coincidentes. Carneiro de Moura menciona 8 embarcações que não constam na lista Nº2: Alemtejo, Belêm, Cávado, Ilha do Fogo, Mira, Pôrto Santo, Santa Maria e Setúbal6. Na lista Nº2 encontramos outros 8 nomes que não constam da lista Nº3: Aida, Argus, Emilia 1ª, Maria, Prateado, Republica, Restaurado e Sofia. Também Carneiro de Moura duplica a inserção do iate Gomizianes da Graça Odemira.

Nas transcrições dos nomes das embarcações é respeitada a grafia que consta nas fontes.

6

Jaime do Inso apresenta uma lista menor, com o nome de 93 embarcações, que será talvez a mais comum de encontrar em várias fontes secundárias. Delegation Portugaise – Congres de La Paix Liste Des Navires Portugais Coulés Par L’enemi Paris 23 Février 1920 Noms.

G.R.T.

Matériel de construction

Nature du moteur

248

Bois

Voilier

30

Douro

31

Elector

135





32

Emilia

1041

Composite

Voilier

33

Espinho

740

Acier

Vapeur

34

Foz Do Douro

1677





35

Gaia

278

Bois

Voilier

36

Gamo

315





37

Germano

236

Fer

Vapeur

38

Gloria

120

Bois

Voilier

39

Gomizianes da Graça Odemira

33





40

Guadiana

326





41

Graciosa

2276

Fer



42

Henriques

202

Bois



43

Horta

3472

Acier



Humberto

274

Bois

Voilier

Acier

Vapeur

G.R.T.

Matériel de construction

Nature du moteur

44 45

Leça

1911

1

Açor

183

Bois

Voilier

46

Leixões

3245





2

Açoriano

312





47

Lidia

302

Bois

Voilier

3

Aida

93





48

26



Vapeur

4

Alice

42

Composite

Vapeur

Ligeiro (Rebocador)

5

Ambaca

2868

Acier



49

Ligeiro (Lugre)

281



Voilier

6

Anfitrite

179

Bois

Voilier

50

Lima

108





7

Angola

4770

Acier

Vapeur

51

Lina

670





8

A Portuguesa

107

Bois

Voilier

52

Leonor

201

Acier

Vapeur

9

Augusto Castilho

513

Fer

Vapeur

53

Loanda

141

Bois

Voilier

10

Argo

1665



Voilier

54

Madeira

4792

Acier

Vapeur

11

Argus

23

Acier

Vapeur

55

Maria

120

Bois

Voilier

12

Atlantico

336

Bois

Voilier

56

Maria Alice

110





13

Aveiro

2209

Acier

Vapeur

57

Maria José

160





14

Barreiro

1738





58

Minho

178





15

Beira Alta

101

Bois

Voilier

59

Neptuno

178



Vapeur

16

Berlengas

3548

Acier

Vapeur

60

Norte

272

Fer



17

Berta

107

Bois

Voilier

61

Odemira

33

Bois

Voilier

18

Boa Vista

3666

Acier

Vapeur

62

O Libertador

204

Acier

Vapeur

19

Brava

3184





63

Ovar

1650





20

Brizela

330

Bois

Voilier

64

Ponta Delgada

3381





21

Cabo Verde

2220

Acier

Vapeur

65

Porto

1128



Voilier

22

Caminha

2763

Acier



66

Prateado

24

Bois



23

Casa Blanca

31

Bois

Voilier

67

Primeira Flor de Abril

21





24

Cascais

835

Acier

Vapeur

68

Republica

108





25

Cazengo

3009





69

Rio Ave

162





26

Cisne

623





70

Rio Cavado

301





27

Correio de Sines

32

Bois

Voilier

71

Rio Mondego

734





28

Damão

5668

Acier

Vapeur

72

Restaurado

136





29

Diu

5556





73

Restaurador

19





74

Rita 2ª

19





75

Roberto Ivens

281

Fer

Vapeur

76

Sado

196

Bois

Voilier

INSO, Jaime Correia do – A Marinha Portuguesa na Grande Guerra. [S.l.]: Edições Culturais da Marinha, 2006. P.11. 7

8

Noms.

Idem. P.171

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

História e Literatura

A listagem Nº4, que surge na revista «Anais do Clube Militar Naval», pela mão do Capitão-de-Fragata Jaime do Inso, data dos anos de 1937 a 1939. Segundo o próprio Jaime do Inso, os textos onde a listagem se insere foram originalmente redigidos para publicação na obra «Portugal na Grande Guerra», mas não terão sido aproveitados na íntegra, justificando assim a sua divulgação nos «Anais». Na introdução, Jaime do Inso lamenta que a documentação do Ministério da Marinha relativa à Primeira Grande Guerra não se encontre devidamente arquivada, dificultando o que chama “os estudos históricos”7. Afirma ainda que, se encontrar documentação que traga luz sobre as acções da marinha de guerra é tarefa difícil, a dificuldade em encontrar informação relativamente à marinha mercante “excede todas as expectativas”8.

227

Noms.

G.R.T.

Matériel de construction

Nature du moteur

77

Sagres

2986

Acier

Vapeur

78

Stª.maria (Lugre Escuna)

204

Bois

Voilier

79

Stª Maria (Chalupa)

56





80

Senhora da Conceição

217





81

Senhora do Rosario

18





82

Serra Do Gerez

256

Acier

Vapeur

83

S. Nicolau

2679

Acier



84

Sofia

163

Bois

Voilier

85

Tejo

201





86

Terra Nova

303





87

Trafaria

1744

Acier

Vapeur

88

Três Macs

130



Moteur

89

Trombetas

235

Bois

Voilier

90

Tungue

8021

Acier

Vapeur

91

Valadares 2º

76

Bois

Voilier

92

Veloz

139





93

Venturoso

291





94

Viajante

377





95

Vila Franca

46

Acier

Vapeur

96

Vouga

96

Bois

Voilier

97

Emilia 1ª

?





98

Lighter (Ports Madeira)

36





103

5 Embarcações Madeira

6

Bois

Rames

e consulados portugueses no estrangeiro permite-nos obter informação acerca do repatriamento dos náufragos, por vezes com dados muito claros sobre o local e as condições do afundamento. O terceiro arquivo mais consultado no âmbito desta investigação é o Deutsches Uboot Museum Archive. Situado em Cuxhaven-Altenbruch, na Alemanha, possui no seu espólio as cópias micro-filmadas dos diários de guerra (Kriegstagebuch, ou KTB) dos submarinos, que sobreviveram à Primeira Grande Guerra (Fig.2 e 3), além de documentação variada da Marinha Imperial Alemã. Esta importantíssima informação, que em 1919 não esteve ao dispor da delegação portuguesa à Conferência de Paz, permite hoje ao investigador conhecer o “outro lado da história”, como ficou registado por aqueles que o viveram. A consulta do diário de guerra dos submarinos dá-nos a conhecer, relativamente aos navios por estes afundados, a data do afundamento, coordenadas aproximadas do local, e eventualmente nome, nacionalidade e carga do navio, caso o ataque se dê navegando à superfície e a tiro de peça, como foi o caso da maioria dos afundamentos de navios portugueses.

Quadro 2

4.2 Os arquivos Na procura e recolha de informação destinada a apurar factos sobre as perdas da marinha mercante portuguesa na Primeira Grande Guerra, três arquivos se revelaram possuidores de documentação fundamental.

Figura 2

Entre eles, o Arquivo Histórico da Marinha ocupa incontornável lugar de relevo. Possuindo no seu acervo documentação relativa a diferentes áreas de actividade marítima sob administração da Marinha, desde o registo e licenças de embarcações, aos relatórios de ocorrências e protestos de mar, a consulta da documentação resultante do quotidiano das capitanias é indispensável para o investigador interessado na história náutica. Acerca da Primeira Grande Guerra, os núcleos documentais da Majoria Geral da Armada, do Ministério da Marinha e da Marinha Mercante são de consulta obrigatória, tanto para informação do âmbito militar, como civil. O Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros possui a documentação da delegação portuguesa na Conferência de Paz. A informação coligida pela delegação, relativamente à questão das reparações e compensações pelo esforço de guerra, entre elas as perdas da frota mercante, encontra-se aqui. Nesta documentação encontram-se dados fornecidos pelas seguradoras dos navios. A correspondência das várias embaixadas 228

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

Figura 3

História e Literatura

O Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças possui os processos de atribuição de pensões de sangue a familiares de indivíduos que morreram na guerra, como é o caso de alguns dos elementos da marinha mercante. Uma outra instituição possui um espólio documental muito interessante, mas que se encontra parcialmente disperso, e não inventariado. É o Instituto de Socorros a Náufragos. O seu livro de Registo de Salvamento e de Resoluções Tomadas, para o período de Setembro de 1915 a 22 Dezembro 1945, é uma peça chave para o estudo dos naufrágios em Portugal. (Fig.4)

Figura 5 Fotografia do autor.

Figura 4 Fotografia do autor.

4.3 Outras fontes Outra fonte muito interessante para a pesquisa de embarcações naufragadas, é o anuário «Lista dos Navios da Marinha Portuguesa», publicado anualmente pela Direcção Geral da Marinha. Esta publicação inclui os navios portugueses naufragados, bem como os navios estrangeiros naufragados em águas territoriais portuguesas. Infelizmente a sua publicação foi interrompida entre 1918 e 1921, pelo que não é possível coligir informação relativa a todas as perdas ocorridas em contexto de Primeira Grande Guerra. A consulta da imprensa nacional, regional e estrangeira é imprescindível. São inúmeras as notícias acerca de perdas de navios, com referências a datas e localizações de afundamentos. Por vezes é na imprensa que surgem primeiro as descrições de episódios como o destino dos náufragos, as vivências passadas nas baleeiras, ou os portos onde desembarcaram, bem como relações de nomes de tripulantes, eventuais mortes, e respectivos postos. A revista periódica «O Século Ilustrado» é uma referência incontornável. Vários números fazem alusão às acções da Armada no combate aos submarinos, e às perdas da marinha mercante. Nas publicações especializadas é possível encontrar estas mesmas narrativas, com mais pormenores, mas também arriscando um estilo literário que poderá não corresponder ao rigor factual. A revista «Neptuno», órgão do sindicato dos oficiais da Marinha Mercante (Fig.5), de periodicidade mensal, publicou a partir de 1925 narrativas dos afundamentos de alguns dos navios perdidos da frota mercante, numa rubrica intitulada «Fragmentos históricos da nossa Marinha Mercante durante a Grande Guerra» e que se prolongou por vários anos. Infelizmente esta publicação também constitui exemplo de fonte que se encontra catalogada, mas não disponível. Há data em que se escreve este artigo, as «Neptuno» existentes no catálogo da Biblioteca Nacional não foram localizadas.

A Revista da Armada também é uma referência dentro da temática náutica. Por último, as monografias e as edições de autor, muita vezes de tiragem reduzida e distribuição local, surpreendem pela informação contida, e pelas pistas que sugerem. O livro de Costa Júnior, «Ao Serviço da Pátria – A Marinha Mercante Portuguesa na Primeira Grande Guerra», editado em 1944 pela Editora Marítimo Colonial, é a única obra encontrada exclusivamente dedicada a este tema. Com uma narrativa exaltada e fantasiosa, o autor terá escutado os episódios que nos transmite, directamente dos intervenientes. A obra contém algumas fotografias interessantes, cuja origem não nos é revelada. Costa Júnior apresenta ainda uma lista de perdas com 91 nomes. Menção ainda a pequenas edições como «Sete Séculos no Mar – A construção de embarcações», de José Eduardo Sousa Felgueiras, editado pelo Centro Marítimo de Esposende, o «Naufrágios e outros acidentes náuticos em Portugal a Norte da Figueira da Foz», de Rodrigo Soares de Moura, editado pelo Clube de Actividades Subaquáticas de Paredes, e ainda «100 anos de naufrágios na costa da Nazaré de 1860 a1979», de José Soares, editado pela Câmara Municipal da Nazaré. Embora com informação sucinta, encaminham muitas vezes para a imprensa regional.

5 Lista de perdas da frota mercante portuguesa A lista de nomes de embarcações perdidas proposta (Quadro 3) é resultante da análise e comparação das fontes descritas no ponto 4. Sendo impossível, no espaço deste artigo, enumerar e comentar todas as alusões encontradas a cada uma das 90 embarcações, dá-se uma breve explicação dos critérios usados, comentando alguns casos mais notáveis. As embarcações foram ordenadas pela cronologia dos afundamentos, por ser o critério que se crê fazer mais sentido. Menciona-se MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

229

a tipologia da embarcação, bem como a tonelagem bruta, sendo esta a apresentada pela delegação portuguesa. Por último, a área provável onde se terá perdido. Na tipologia, relativamente aos vapores, menciona-se quais os fretados à Inglaterra, todos eles navios ex-alemães. O que se tem procurado concretizar é criar uma ficha da embarcação, compilando num mesmo conjunto toda a informação encontrada relativamente a essa mesma embarcação. A informação pouco clara e, nalguns casos, mesmo contraditória, leva a que este seja um processo lento, e sujeito a constantes revisões e correcções, pelo que não se considera a lista proposta como definitiva. Na lista proposta no presente artigo, optou-se por não considerar todas aquelas embarcações sobre as quais a informação existente sugere pouca coerência, e sobre cuja veracidade ainda não se conseguiu concluir de modo satisfatório. Assim, não se considerou nesta listagem 3 embarcações cujo afundamento os registos alemães reclamam, mas sobre as quais nunca se encontrou qualquer menção, por mais vaga que fosse, nas fontes portuguesas. Do mesmo modo não são consideradas outras embarcações, pretensamente afundadas por submarinos alemães, mas em datas e áreas onde, de acordo com a informação existente, os submarinos nunca terão estado. Não foi esquecido que, perdendo-se um submarino com toda a tripulação durante uma patrulha, dificilmente podemos ter certezas quanto às embarcações por si afundadas até aí, principalmente se destas embarcações também não houver sobreviventes. Ao mesmo tempo, ninguém pode garantir que um submarino não tenha, por algum motivo, abandonado a área onde deveria estar em missão, e se venha a perder a muitas milhas desse local. O vapor Alentejo, ex-Uckermark, cargueiro alemão requisitado e fretado à Inglaterra, é exemplo de um navio que desde muito cedo foi considerado afundado por acção de um submarino alemão, constando mesmo na lista Nº3, e é talvez um dos navios sobre os quais mais correspondência encontramos na documentação da delegação. Antes de elaborar a lista final, a delegação apurou ter-se este navio perdido por encalhe, pelo que não se encontra listado como perda. O lugre Terra Nova, perdido a 17 de Agosto de 1917, na Latitude de Aveiro, é exemplo de uma embarcação com vastas referências documentais, mas cujo afundamento por acção de submarino inimigo levanta dúvidas. A comparação entre as declarações lavradas no protesto de mar do comandante, se comparadas com as declarações dos restantes membros da tripulação, apresentam várias incongruências desconcertantes, quase sugerindo uma farsa. Ao mesmo tempo, ainda não se encontrou menção a submarinos alemães na mesma área e na mesma data. A delegação considerou-o uma perda de guerra. Pelo variado espólio documental acerca deste incidente, ele está incluído na lista de perdas proposta (Quadro 3) embora com reservas. A delegação lista também o lugre Douro e o vapor Cisne, ambos afundados em 1915, antes da entrada de Portugal na Primeira Grande Guerra, sem qualquer tipo de documentação que o sustente. Estes dois navios não constam por ora da lista de perdas proposta. Por tudo o exposto supra, não se pode deixar de sublinhar mais uma vez a morosidade de uma investigação deste tipo, bem como lembrar que, seguramente, restarão sempre algumas embarcações cuja causa de desaparecimento será impossível conhecer, não se podendo garantir que tenham sido afundadas numa acção de guerra. Quanto à menção na lista final de perdas da frota mercante portuguesa dos dois navios caça-minas, o Roberto Ivens e o Augusto de 230

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

Castilho, a sua inclusão merece um comentário adicional, já que se poderia apontar serem navios artilhados, ao serviço da Armada e empenhados em missões de combate, fazendo pouco ou nenhum sentido incluí-los numa lista de embarcações da frota mercante. Entre Abril e Junho de 1916, a Armada requisitou a armadores portugueses 11 arrastões, juntamente com a sua tripulação civil. De entre eles, 3 foram artilhados e receberam missões de patrulha de alto mar e de escolta de comboios. Os restantes 8 foram empenhados no serviço de detecção e remoção de minas, a que na gíria naval se chama rocega. O arrastão de pesca longínqua Elite, propriedade da Parceria Geral de Pescarias, Lda., foi rebaptizado Augusto de Castilho, e pertenceu ao primeiro grupo, e o arrastão de pesca longínqua Lordelo, propriedade da Empresa Portuense de Pescarias, Lda., rebaptizado Roberto Ivens, pertenceu ao segundo. Durante os anos da guerra, ambos os navios continuam a ser listados pelos seus nomes civis no anuário “Lista dos navios da Marinha Portuguesa”, que inclui tanto as embarcações de comércio como as de pesca, além das militares. Nenhum deles é listado entre os navios da Armada. Ao mesmo tempo, a partir de Agosto de 1916, os seus movimentos em missões passam a constar de outra publicação, a Ordem da Armada, onde são referidos pelo seu nome militar, entre os demais navios de guerra. Esta situação ambígua vai manter-se até ao final do conflito, como se de navios distintos se tratasse. Presumimos que por serem originários da frota mercante, e por nunca terem sido abatidos, a delegação os tenha considerado como perda. Ambos constam na lista do Quadro 2.

6 Embarcações perdidas em águas territoriais portuguesas Das 90 embarcações até agora listadas, 43 terão sido perdidas em águas territoriais portuguesas, ou em trânsito entre águas territoriais portuguesas, ou seja, entre a Madeira ou os Açores, e entre estes e Portugal Continental. Optou-se por agrupar as 43 embarcações por áreas definidas pelos Departamentos Marítimos actuais em que, segundo a informação disponível, as mesmas tenham sido atacadas e afundadas (Quadro 4). Para os seus nomes, relacione-se a partir da consulta da coluna «Área de perda estimada» (Quadro 3). Sabemos que algumas foram atacadas distantes da costa, mas outras foram afundadas à vista de terra. No Departamento Marítimo do Norte, terão sido atacadas e afundadas 7 embarcações, entre a foz do Rio Minho e o Cabo Mondego. Seis de madeira e uma de ferro. No Departamento Marítimo do Centro, entre o Cabo Mondego e o Cabo de Sines, foram atacadas e afundadas 19 embarcações. Quinze de madeira, duas de aço, uma de ferro, e uma de que ainda se desconhece o material de construção. No Departamento Marítimo do Sul, entre o Cabo de Sines e a foz do Guadiana, foram afundadas e atacadas apenas quatro embarcações. Uma de madeira e três de aço. Nos Departamentos Marítimos da Madeira e dos Açores, a localização é mais difícil, pois na quase totalidade das vezes, os arquipélagos são apenas uma referência. No caso da Ilha da Madeira, as cinco embarcações eram de madeira. As descrições mencionam “a 250 milhas a norte da Madeira” para o lugre Açoriano, ou “a 180 milhas de Porto Santo” para a barca Via-

Data

Nome da embarcação

Tipo

Ton. Bruta

Área da perda estimada

1 2 3

16-Nov-1916 17-Nov-1916 9-Dez-1916

San Nicolao Emilia Brizella

Vapor ex-Alemão fretado Ing. Barca Lugre

2697 1159 282

4

14-Dez-1916

Leça

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

1911

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

17-Dez-1916 3-Jan-1917 22-Jan-1917 28-Jan-1917 17-Fev-1917 17-Fev-1917 5-Mar-1917 10-Mar-1917 17-Mar-1917 17-Mar-1917 17-Mar-1917 17-Mar-1917 23-Mar-1917

Cascais Valladares Minho Foz do Douro Emilia 1ª Lima Guadiana Angola Primeira Flor de Abril Restaurador Santa Rita Segunda Senhora do Rosário Argo

Vapor ex-Alemão fretado Ing. Chalupa Lugre Vapor ex-alemão Canoa de pesca Palhabote Lugre Vapor Caíque Caíque Caíque Caíque Galera

835 124 179 1677 25 108 326 4297 20 25 27 22 1563

18

7-Abr-1917

Caminha

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

2763

Golfo da Biscaia, a W da Foz do Gironda

19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33

14-Abr-1917 16-Abr-1917 19-Abr-1917 1-Mai-1917 14-Mai-1917 9-Jun-1917 10-Jun-1917 10-Jun-1917 15-Jun-1917 24-Jun-1917 13-Jul-1917 26-Jul-1917 26-Jul-1917 26-Jul-1917 8-Ago-1917

Tres Macs Sagres Senhora da Conceição Barreiro Tejo Amphitrite Ligeiro Santa Maria Espinho Cabo Verde Loanda Bertha Roberto Ivens Venturoso Berlengas

Escuna Vapor ex-Alemão fretado Ing. Escuna Vapor ex-alemão Lugre Lugre Lugre Lugre-escuna Vapor ex-Alemão fretado Ing. Vapor Iate Iate Vapor Lugre Vapor ex-Alemão fretado Ing.

163 2986 206 1738 201 179 285 303 740 2220 141 107 281 420 3548

Ao largo de Cádiz No Mediterrâneo Ao largo de Finisterra Ao largo de Finisterra Valencia, Espanha Cabo Prior, Galiza Costa de Viana Berlengas Cabo de São Vicente, Algarve Cabo Vilán, Galiza Mar do Cabo da Roca Póvoa do varzim Espichel Póvoa do Varzim Golfo da Biscaia

34

17-Ago-1917

Açor

Iate

183

Entre o Cabo de São Vicente e Portimão

35 36 37

25-Ago-1917 7-Set-1917 13-Set-1917

Ovar Casablanca Correio De Sines

Vapor ex-alemão Iate Iate

1650 31 32

Atlântico Larache, Marrocos Cabo de Sines

38

13-Set-1917

Gomezianes da Graça Odemira

Iate

39 40 41 42 43 44 45

14-Set-1917 2-Out-1917 2-Out-1917 13-Out-1917 23-Nov-1917 27-Nov-1917 3-Dez-1917

Sado Trafaria Viajante Diu Trombetas Tungue Henriques

Lugre Vapor ex-alemão Barca Vapor ex-Alemão fretado Ing. Lugre Vapor ex-Alemão fretado Ing. Lugre

196 1744 377 5556 235 8021 237

Cabo de Sines Cabo Ortegal, Coruña 180 milhas de Porto Santo Canal de St.George Mar dos Açores Mar de Port Said, Egipto Mar do Norte, Noruega

46

11-Dez-1917

A Portuguesa

Chalupa

107

Leixões

47 48 49 50 51

11-Dez-1917 11-Dez-1917 17-Dez-1917 21-Dez-1917 26-Dez-1917

Argus Ligeiro Açoriano Boa Vista Lidia

Traineira Rebocador a vapor Lugre Vapor ex-alemão Lugre

100 25 312 3667 302

Vila do Conde Leixões A 250 m a Norte da Madeira De Bordeaux para Cardiff Faial

32

História e Literatura

Lista de perdas da frota mercante portuguesa na Primeira Grande Guerra

Canal da Mancha Sul das Canárias Costa de Portugal Golfo da Biscaia, 15 m de St.Nazaire Golfo da Biscaia Farilhões Mar da Irlanda Cabo Finisterra Mar do Cabo Espichel Mar do Cabo Espichel Sul da Irlanda Costa Sul de Inglaterra A 15 m do Cabo da Roca A 15 m do Cabo da Roca A 15 m do Cabo da Roca A 15 m do Cabo da Roca Cabo Ortegal, Coruña

Cabo de Sines

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

231

Data

Nome da embarcação

Ton. Bruta

Área da perda estimada

52

26-Jan-1918

Germano

Vapor de pesca

236

A 30 m a W do Cabo Mondego, Figueira da Foz

53

26-Jan-1918

Serra Do Gerez

Vapor de pesca

257

Nazaré

54

28-Jan-1918

Neptuno

Vapor

321

Entre Lx e Madeira

55

23-Fev-1918

Humberto

Lugre

274

Costa de Espanha, Mediterrâneo

56

6-Mar-1918

Elector

Palhabote

134

?

57

25-Mar-1918

Rio Ave

Iate

179

Entre Madeira e Açores

58

26-Mar-1918

Beira Alta

Chalupa

101

Madeira

59

29-Mar-1918

Porto Santo

Vapor

2801

Mar da Grécia

60

9-Abr-1918

Aveiro

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

2209

Mar de Malta

61

23-Abr-1918

Restaurado

Iate

136

Ericeira

62

24-Abr-1918

Leonor

Vapor

166

Sul do Cabo São Vicente

63

28-Abr-1918

Damão

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

5668

Mar de Liverpool

64

8-Jul-1918

Horta

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

3472

A 30 m a E de Malta

65

13-Jul-1918

Ponta Delgada

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

3381

A 50 milhas de Oran, Argélia

66

14-Jul-1918

Maria José

Lugre

185

Costa Sul de Inglaterra

67

27-Jul-1918

Porto

Barca

1079

Mar das Bermudas

68

3-Ago-1918

Vouga

Iate

96

Golfo da Biscaia

69

20-Ago-1918

Magalhães Lima

Vapor de pesca

196

Mar da Nazaré

70

22-Ago-1918

Maria Luiza

Lugre

148

Entre a Madeira e Marrocos

71

24-Ago-1918

Graciosa

Galera ex-Alemã

2276

Ao N da Escócia

72

27-Ago-1918

Gloria

Iate

120

30 m NW Porto Santo

73

31-Ago-1918

Gamo

Lugre

343

Mar dos Açores

74

31-Ago-1918

Norte

Vapor de pesca

254

A 26 m de Mogador, Marrocos

75

1-Set-1918

Libertador

Vapor de pesca

185

A Sul de São Vicente

76

3-Set-1918

Brava

Vapor ex-alemão

3184

Mar de Cardiff, Inglaterra

77

4-Set-1918

Santa Maria

Chalupa

48

Cabo Rendido, Torres Vedras

79

4-Set-1918

Batelão Nº P-434-C

Batelão

300

Espichel

80

4-Set-1918

Villa Franca

Rebocador a vapor

46

Espichel

81

5-Set-1918

Rio Mondego

Lugre

733

A 25 milhas de Bristol

82

7-Set-1918

Sophia

Palhabote

162

Terra Nova

83

12-Set-1918

Leixões

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

3245

Mar da América do Norte

84

22-Set-1918

Gaia

Lugre

278

Mar de São Miguel

85

30-Set-1918

Atlantico

Lugre

319

A 60 m de Paysance, Canal de Bristol

86

2-Out-1918

Rio Cavado

Lugre

301

Golfo da Biscaia

87

7-Out-1918

Madeira

Vapor ex-Alemão fretado Ing.

4792

Costa da Sardenha

88

8-Out-1918

Cazengo

Vapor

3009

Arcachon, Golfo da Biscaia

89

14-Out-1918

Augusto de Castilho

Vapor

487

Açores

90

19-Out-1918

Aida

Chalupa

93

?

90

Tungue

8021

Acier

Vapeur

91

Valadares 2º

76

Bois

Voilier

92

Veloz

139





93

Venturoso

291





94

Viajante

377





95

Vila Franca

46

Acier

Vapeur

96

Vouga

96

Bois

Voilier

97

Emilia 1ª

?





98

Lighter (Ports Madeira)

36





103

5 Embarcações Madeira

6

Bois

Quadro 3

232

Tipo

MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

Rames

Por último, existem ainda três embarcações de madeira cuja área onde se perderam é por enquanto desconhecida, apesar de as fontes indicarem “Costa de Portugal” e “Entre madeira e Açores”. Apesar de se pretender contribuir para a localização, identificação e consequente valorização do Património Cultural Subaquático, é com grande cautela e sobriedade que se aborda esse objectivo. Sabendo que a maior parte destas embarcações eram de madeira, e que foram afundadas por meio de tiros de artilharia, ou de cargas explosivas, as possibilidades reais de encontrar os seus cascos não dão lugar a grandes expectativas. Ao mesmo tempo, parte destes afundamentos deram-se em zonas onde a profundidade do mar atinge cotas consideráveis, o que dificulta qualquer trabalho de busca. No entanto, 8 destas embarcações possuem casco de ferro ou aço, pelo que não está absolutamente posta de parte a sua eventual localização. O rebocador Villa Franca, e o batelão P-434-C que este rebocava, poderão constituir projecto de investigação do autor a partir de 2015. Também durante o Verão do corrente ano foram comunicados pretensos avistamentos de destroços de madeira na área do Cabo de Sines, por parte de elementos locais. Do mesmo modo, também neste caso se poderá dar inicio a uma investigação.

é expectável que novos dados venham futuramente a alterar a lista agora apresentada.

História e Literatura

jante. As descrições relativas aos Açores, onde se afundaram outras cinco embarcações, quatro de madeira e uma de ferro, são igualmente vagas. Apenas para o lugre Lidia encontramos uma menção especifica ao Faial. Para as restantes embarcações as descrições apontam simplesmente “Mar dos Açores” e “Mar de São Miguel”. A embarcação de ferro perdida é o patrulha de alto mar Augusto de Castilho.

Relativamente ao Património Cultural Subaquático, a legislação actualmente em vigor recomenda a sua inventariação e estudo, bem como subsequente divulgação, pelo que os dados apresentados neste artigo concorrem inteiramente para esse propósito. Ao mesmo tempo, acredita-se que as fontes agora divulgadas possam desde já ser úteis a todos aqueles que pretendem trabalhar esta temática. Se a informação discutida no presente artigo contribuir para que outros investigadores cheguem mais longe na prossecução dos seus trabalhos, o autor já se congratulará.

Bibliografia CRUZ, Duarte Ivo – Estratégia Portuguesa na Conferência de Paz 1918-1919 – As actas da delegação portuguesa. Lisboa: Fundação Luso-Americana, 2009. INSO, Jaime Correia do – A Marinha Portuguesa na Grande Guerra. [S.l.]: Edições Culturais da Marinha, 2006. MARINHA, Direcção Geral da - Lista dos Navios da Marinha Portuguesa referida a 1 de Janeiro de 1918. Lisboa: Imprensa Nacional, 1919. MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e combates da Marinha Portuguesa Volume VIII – 1808-1975. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1997. MOURA, Carneiro de – Depois da Guerra – Portugal e o Tratado de Paz. [S.l.]:Imprensa Nacional, 1918. SANTOS, José Ferreira dos – Navios da Armada Portuguesa na Grande Guerra. Lisboa: Academia de Marinha, 2008.

Fontes documentais Arquivo Histórico-Diplomático do MNE Comissão Executiva dos Tratados de Paz Processos relativos a prejuízos sofridos no mar – 3ºPiso |M-116| A-6 Processos relativos a perdas de navios - 3ºPiso |M-115| A-6

Arquivo Histórico da Marinha Núcleo 344 Documentos Diversos Ministério da Marinha 1912-1921 3-VIII-8-5/6 Ordens da Armada Quadro 4

7 Final Como por várias vezes se afirmou, o trabalho apresentado neste artigo não pretende ser conclusivo. Este ponto 7 introduz o final do artigo e não a conclusão do trabalho.

Deutsches Uboot Museum Archive Cuxhaven-Altenbruch Diários de guerra (Kriegstagebuch ou KTB) referenciados pelo tipo e nº do respectivo submarino

Instituto de Socorros a Náufragos Registo de salvamento e de resoluções tomadas – Setembro de 1915 a 22 Dezembro 1945

Aproximando-se o centenário da entrada de Portugal na Primeira Grande Guerra, julga-se que os resultados apresentados neste artigo, ainda que de forma preliminar, possam já contribuir, de modo consistente, para um maior conhecimento de quais foram as perdas reais da marinha mercante portuguesa durante o conflito. O processo de investigação de fontes, compilação e comparação de informação, descrito no ponto 5, continua a decorrer, pelo que MAR: UMA ONDA DE PROGRESSO

233

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